aula - o que é poder - michel foucault
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“Na sociedade, há milhares e milhares de
relações de poder e, por conseguinte,
relações de forças de pequenos
enfrentamentos, microlutas, de algummodo. Se é verdade que essas pequenas
relações de poder são com frequência
comandadas, induzidas do alto pelos
grandes poderes do Estado ou pelasgrandes dominações de classe, é preciso
ainda dizer que, em sentido inverso, umadominação de classe ou uma estrutura de
Estado só pode funcionar se há, na base,
essas pequenas relações de poder. O que
seria o poder do Estado, aquele queimpõe, por exemplo, o serviço militar, se
não houvesse, em torno de cada indivíduo,
todo um feixe de relações de poder que o
liga a seus pais, a seu patrão, a seuprofessor — àquele que sabe, àquele que
lhe enfiou na cabeça tal ou tal ideia?”(FOUCAULT, Michel. “Poder e Saber” – entrevista com S. Hasumi, 1977, in Ditos e
Escritos, Vol. IV. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2006, pp.231-232
Michel Foucault - 1926 – 1984 - França
Seguindo os passos de Foucault, aprendemos que: →Opoder se exerce! → as relações de poder não estão emposição de superestrutura, com um simples papel deproibição ou de recondução; possuem, lá, onde atuam umpapel diretamente produtor. –→que o poder vem de baixo.→não há poder que se exerça sem uma série de miras eobjetivos. O poder é intencional e não subjetivo. Isso não querdizer que provém de uma determinada pessoa, de umindivíduo.
Lembre-se de que estamos no âmbito das relações de podere não de um poder central. →onde há poder há resistência.Nenhum poder se manteria sem uma multiplicidade deresistências. E a resistência também não nasce de um fococentral revolucionário
A antiga era que o poder tem um
centro e vem de cima.
A que apresentamos hoje, para você,
mostra que o poder é múltiplo, está
em todos os lugares, é reversível
.Pode haver resistência e conflito.
“Os focos de resistência disseminam-se com mais ou
menos densidade no tempo e no espaço, às vezes
provocando o levante de grupos ou indivíduos de
maneira definitiva, inflamando certos pontos de corpo,
certos momentos da vida, certos tipos de
comportamento.” (FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade 1, A
Vontade de Saber. Rio de Janeiro: Graal, 1987. p. 88-97.
Questão 01- Cite pelo menos duasdiferenças entre a concepção de poderpara Foucault e a concepção maistradicional de poder.________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Questão 02- Em junho de 2013, as ruas das principaiscidades brasileiras foram tomadas pela população, emsua maioria, jovens, em uma grande mobilização popular.O protesto foi, inicialmente, contra o aumento daspassagens de ônibus. Mas o levante popular trouxeoutras importantes reinvindicações da sociedadebrasileira. As novas tecnologias exerceram um papelfundamental no movimento que alguns chamam de aPrimavera Brasileira, em comparação à primavera árabeque derrubou governos ditatoriais no oriente. Comenteessa afirmação à luz da concepção de poder da aula dehoje.________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Questão 03-(FGV) A imagem que nos foi transmitida dopovo brasileiro como submisso, ignorante e fanático éuma construção recente das minorias dirigentes e deseus intelectuais. (...) É necessário se aproximar do povocomum com um mínimo de realismo. Ele não pediulicença às elites para lutar por seus direitos e mostrar sermais consciente mais politizado e mais agressivo do queas minorias esclarecidas gostariam. (Aquino, R.et.al.BRASIL: uma história popular. Rio de Janeiro: Record 2003)
De acordo com o trecho é possível afirmar que:
a) Somente as minorias são submissas. b) A elite intelectual ajuda a desfazer a imagem do brasileiro
como submisso. C) O brasileiro não é submisso, a má qualidade da educação
leva à ignorância. d) O povo comum é submisso diferente da minoria intelectual
que o dirige e) A imagem do brasileiro como submisso é falsa