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ASSOCIAÇÃO UNIFICADA PIRASSUNUNGUENSE DE ENSINO SUPERIOR FACULDADE DE ENGENHARIA DE AGRIMENSURA DE PIRASSUNGUNA PROJETO DE DESASSOREAMENTO E REUTILIZAÇÃO DO MATERIAL DRAGADO NO CANAL DO MAR PEQUENO NA VILA DE PEDRINHAS EM ILHA COMPRIDA-SP PÉRSIO ALVES DE ALMEIDA Pirassununga – SP 2010

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ASSOCIAÇÃO UNIFICADA PIRASSUNUNGUENSE DE ENSINO

SUPERIOR

FACULDADE DE ENGENHARIA DE AGRIMENSURA DE

PIRASSUNGUNA

PROJETO DE DESASSOREAMENTO E REUTILIZAÇÃO DO

MATERIAL DRAGADO NO CANAL DO MAR PEQUENO NA VILA DE

PEDRINHAS EM ILHA COMPRIDA-SP

PÉRSIO ALVES DE ALMEIDA

Pirassununga – SP

2010

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ASSOCIAÇÃO UNIFICADA PIRASSUNUNGUENSE DE ENSINO

SUPERIOR

FACULDADE DE ENGENHARIA DE AGRIMENSURA DE

PIRASSUNGUNA

PROJETO DE DESASSOREAMENTO E REUTILIZAÇÃO DO

MATERIAL DRAGADO NO CANAL DO MAR PEQUENO NA VILA DE

PEDRINHAS EM ILHA COMPRIDA-SP

PÉRSIO ALVES DE ALMEIDA

Trabalho de conclusão de curso

apresentado como exigência parcial para a

obtenção do título de Engenheiro

Agrimensor, sob orientação do professor

Eng. Dr. André Gustavo Mazzini Buton

Pirassununga – SP

2010

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DEDICATÓRIA

À Jesus Cristo pela benção da vida e pelo cuidado de seus

Anjos nas minhas “quase” intermináveis viagens.

À minha mãe Lourdes e ao meu pai Benedito que puderam

realizar o sonho de ver o filho formado.

Ao meu irmão Adolfo que, de longe ou perto, viveu comigo

muitos momentos desta conquista.

A mim pela realização profissional, pessoal e esforços que

hoje são recompensados.

Em especial à minha Bonita, por cada dia em que esteve

ao meu lado, incentivando e apoiando minha realização

profissional.

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AGRADECIMENTOS

À Deus, por ter me dado forças, ânimo e coragem para prosseguir, apesar das

muitas dificuldades encontradas nessa longa e dura caminhada;

Ao Prof. Dr. André Bufon pela orientação preciosa e por toda contribuição durante o

curso;

Ao Prof. Msc. Antônio Luiz Ferrari, por sua dedicação aos alunos e apoio;

À Dna. Sônia, coração da Faculdade de Engenharia de Agrimensura de

Pirassunguna, mãe de tantos filhos, por sua paciência inesgotável;

À Prefeitura Municipal de Ilha Comprida que, gentilmente, cedeu o material de apoio

necessário para a conclusão desse trabalho;

Ao amigo Márcio Ragni, pela confiança, compreensão e incentivo, a quem devo o

início de tudo;

Aos meus amigos Gilson e Felício, que durante as minhas longas ausências, deram

tudo de si para manter a ordem no Departamento;

Ao meu amigo e conselheiro Prof. José Reinaldo Bertholini, pelas agradáveis horas

de convivência e à sua filha Marita pela força no Abstract;

Ao meu amigo Renê Fernandes e sua família, pela acolhida durante as viagens;

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Aos companheiros de viagem Wild Matera e Alessandro Zaniboni que, apesar de

tantas mudanças, fizeram parte dessa história;

À minha namorada Josiane que nunca mediu esforços e apoio durante esta etapa da

minha vida, a ela o meu amor e admiração.

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I

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS II

LISTA DE TABELAS III

RESUMO IV

ABSTRACT V

1. INTRODUÇÃO 1

2. OBJETIVO 3

3. JUSTIFICATIVA 4

4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 5

4.1. Histórico do Problema 5

4.2. Dragagem 8

4.3. Estabilidade dos depósitos de resíduos dragado s 12

4.4. Aterro 12

5. MATERIAL E MÉTODOS 14

5.1. Área do Estudo 14

5.2. Material 16

5.3. Métodos 17

5.4. Orçamento 21

6. RESULTADOS 22

7. CONCLUSÃO 26

8. REFERÊNCIAS 27

ANEXOS 29

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II

LISTA DE FIGURAS

Páginas

Figura 1. Mapa da Apa de Ilha Comprida 7

Figura 2. Imagem do Município de Ilha Comprida 15

Figura 3. Seção longitudinal da dragagem 18

Figura 4. Foto do canal vista frontal 23

Figura 5. Foto do canal vista lateral esquerdo 23

Figura 6. Foto do canal vista lateral direito 24

Figura 7. Foto do canal vista lateral direito maré baixa 24

Figura 8. Foto do canal vista lateral esquerdo maré baixa 25

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III

LISTA DE TABELAS

Páginas

Tabela 1. Planilha Orçamentária 21

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IV

RESUMO

O município de Ilha Comprida tem sofrido com a precipitação pluviométrica

e conseqüente transbordamento de córregos e rios, o que tem causado uma das

grandes calamidades a que a população desse município está sujeita. Além disso, o

Rio Ribeira de Iguape contribui com o assoreamento do Canal do Mar Pequeno

devido aos sedimentos trazidos através do Valo Grande (braço de ligação entre o

Rio Ribeira e Mar Pequeno). Esse fato, além de prejudicar o embarque e

desembarque de moradores, pescadores e turistas, promove o afloramento dos

sedimentos, o que propicia a formação de mangues e dificulta o acesso. Dessa

maneira, o presente estudo teve por objetivo criar um projeto de desassoreamento

do leito do Canal do Mar Pequeno em frente a Vila de Pedrinhas no município de

Ilha Comprida que reutilize o material dragado para recuperar e aterrar o porto local.

Para tanto, foi realizado um levantamento planialtimétrico do porto e da área a ser

dragada e um levantamento topobatimétrico, o que delimitou a área da jazida e

facilitou a determinação do volume necessário para o aterro do porto e da rampa

para barcos. Com o levantamento topográfico pronto foi possível elaborar um projeto

de muro de arrimo em frente a orla da Vila de Pedrinhas que servirá para confinar os

sedimentos dragados. Também foi projetado uma rampa de acesso às embarcações

e um canal com maior profundidade para facilitar a passagem de embarcações

mesmo com a maré mais baixa. O canal fica em frente ao trapiche local e será em

seção trapezoidal de 10,00m na parte superior por 6,00m de base. Além disso, foi

previsto na base e no talude submerso da seção um travamento com sacos de areia

para manter a durabilidade do canal.

PALAVRAS-CHAVE: Desassoreamento, aterro, dragagem, resíduo sólido.

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V

ABSTRACT

The city of Ilha Comprida has been suffering with the rainfall precipitation

and consequent overflow of streams and rivers, what has been causing one of the

great calamities that the population of this city is subdued to. Besides that, the

Ribeira de Iguape river contributes to the siltation of the Mar Pequeno channel due to

the sediments brought through the Valo Grande (connecting arm between Ribeira

river and Mar Pequeno). This fact, in addition to prejudice the embarkation and

disembarkation of the residents, fishermen and tourists promotes the outcropping of

the sediments, which provides the formation of mangroves and makes the access

difficult. In that way, the present study has as objective to create a project of dredging

of the beds of the Mar Pequeno channel opposite to the Village of Pedrinhas in the

city of Ilha Comprida that will reuse the dredged material to recover and embank the

local port. For that it was made a Planialtimetric data collection of the port and area

to be dredged and a Topobathymetric data collection, what delimited the area of the

mine and facilitated the determination of the volume needed for the embankment of

the port and for the boat ramp. With the topographical data collection ready it was

possible to elaborate a project of a retaining wall in front of the border of the Village

of Pedrinhas that will serve to confine the dredged sediments. It was also projected

an access ramp to the boats and a channel with greater depth to facilitate the

passage of boats even with lower tide. The channel is opposite to the local wharf and

will be in trapezoidal section of 10,00m on the upper part and 6,00m of base. Besides

that, it was predicted on the base and on the underwater slope section a clamping

with sand sacs to maintain the durability of the channel.

KEY-WORDS: Dredging, embankment, Landfill, Solid residues.

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Introdução 1

1. INTRODUÇÃO

O município de Ilha Comprida está localizado no extremo sul do Estado de

São Paulo, vizinho aos municípios de Cananéia e Iguape, está inserido na região

conhecida como Vale do Ribeira. Com uma área territorial equivalente a 186

quilômetros quadrados, a maior extensão do território municipal é de mais de 70

quilômetros, a qual é banhada de um lado pelo Oceano Atlântico e do outro pelo Mar

Pequeno (face lagunar).

A totalidade do território de Ilha Comprida passou a ser protegida por lei

após a criação das Unidades de Conservação: Área de Proteção Ambiental (APA)

de Cananéia-Iguape-Peruíbe, criada em 23/10/84, pelo Decreto Estadual 90.347 e

Decreto Federal 91.892, e APA de Ilha Comprida, criada em 11/03/87, pelo Decreto

Estadual 26.881/30.817, que não permite a movimentação de areia, o que dificulta a

manutenção e o aterro de ruas.

A ilha, de forma estreita e alongada, é dotada de cordões arenosos

alinhados à costa, intercalados por terrenos alagadiços formados pelo afloramento

do lençol freático, que chega a formar até cursos de água de maior porte como o Rio

Candapuí. Por tratar-se de uma área plana, a aproximadamente 3,0 metros do nível

do mar, suas ruas são baixas, o que dificulta a inclinação para projetos de

drenagem.

As enchentes no município de Ilha Comprida provocadas pelo excesso de

precipitação pluviométrica e transbordamento de córregos e rios têm se agravado

nos últimos anos e tornaram-se uma das grandes calamidades a que a população

desse município está sujeita. Essa problemática decorre principalmente do fato da

Ilha ser um grande banco de areia muito próximo ao nível o mar, com ruas em baixo

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Introdução 2

nível, processo desordenado de urbanização e ocupação inadequada de

loteamentos que diminuem a vazão dos córregos e do rio da região.

Além disso, o Rio Ribeira de Iguape vem contribuindo com o assoreamento

do Canal do Mar devido aos sedimentos trazidos através do Valo Grande (braço de

ligação entre o Rio Ribeira e Mar Pequeno), o que promove a formação de bancos

de areia às margens do Canal. Esse fato, além de prejudicar o embarque e

desembarque de moradores, pescadores e turistas, promove o afloramento dos

sedimentos que propicia a formação de mangues e torna o acesso inviável.

De acordo com a literatura, na história da maioria dos portos em estuários há

desenvolvimento populacional e industrial, e devido a isso, os canais de navegação

necessitam de freqüentes dragagens com o intuito de mante-los abertos e viáveis.

(GIBERTONI, 1998).

Essa ação tem sido realizada em outros municípios do país como no Porto

do Rio Grande (RS) onde foi feito o estudo de dragagem da Laguna dos Patos e

manejo do material dragado (TORRES, 2000).

Segundo Torres (2000), um dos usos benéficos do material dragado é o

aproveitamento dos sedimentos como aterro, método muito conhecido e comumente

utilizado. Vale lembrar que, no passado, os sedimentos dragados que não eram

utilizados como aterro iam diretamente ao mar. Entretanto, atualmente, o uso desse

material em aterros tornou-se muito importante pelas seguintes razões:

a) é mais barato reutilizar sedimentos dragados como aterro do que dispo-lo ao

mar;

b) do ponto de vista ambiental, é mais aceitável a utilização deste material em

aterros do que despeja-lo ao mar ou em terra;

c) atualmente, é muito grande a necessidade de construção de aterros em áreas

portuárias, industriais e residenciais.

Nesse sentido, uma maneira para resolver ou minimizar a ação antrópica no

Canal do Mar Pequeno, seria realizar um processo de dragagem que, além de

recuperar o leito do canal e melhorar o acesso às embarcações de pequeno porte,

poderia fornecer material suficiente para ser utilizado na recuperação de portos em

frente às comunidades e até mesmo no aterro de ruas.

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Objetivo 3

2. OBJETIVO

O objetivo deste trabalho foi criar um projeto de desassoreamento do leito do

Canal do Mar Pequeno em frente a Vila de Pedrinhas no município de Ilha Comprida

que reutilize o material dragado para recuperar e aterrar o porto local.

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Justificativa 4

3. JUSTIFICATIVA

O desenvolvimento desse projeto se deu pela necessidade do

desassoreamento do porto de Pedrinhas para viabilizar o acesso de barcos e

turistas que visitam esta comunidade. Trata-se de um projeto viável devido ao seu

baixo custo, uma vez que reutiliza o material dragado para aterro do porto, o que

promoverá o incremento da atividade econômica e turística para a comunidade.

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Revisão Bibliográfica 5

4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.1. Histórico do Problema

Em meados no século 19, o Rio Ribeira de Iguape foi um importante meio de

escoamento de arroz até o porto de Iguape e, em 1827, foi aberto o Valo Grande,

com cerca de 4 metros de largura por 2 quilômetros de extensão, a fim de facilitar o

acesso e torná-lo menos custoso. Após alguns anos, o que era solução, se tornou

um grande problema, com impacto ambiental e social significativos (SANTOS, 2010).

Com a passagem livre do Rio Ribeira através do Valo Grande, os

sedimentos do rio que iam diretamente para o Oceano Atlântico, passaram a se

acumular ao longo canal do Mar Pequeno, assoreando e dificultando a passagem de

embarcações. Devido a esse comprometimento, o que era para ser um sucesso da

época, resultou no fechamento do porto, com prejuízo à economia local, que passou

a sofrer os efeitos do assoreamento e da mistura da água salgada com a doce,

prejudicando diretamente o escoamento da produção de arroz e a pesca (SANTOS,

2010).

Além disso, grandes bancos de areia se formaram e, em casos extremos,

promoveram o afloramento dos sedimentos, culminando na formação de mangues.

Isoladamente, há no município uma Vila denominada Pedrinhas, inserida na

Zona Urbanizada 3 (ZU3) do Decreto Estadual nº 30.817 de Novembro de 1989 da

APA de Ilha Comprida (APA de Ilha Comprida, 1989) (Figura 1). Localizada a 30 km

do marco zero do município sentido sul, é uma comunidade tradicional de

pescadores que vive do turismo e que mais tem sofrido com o assoreamento do Mar

Pequeno, uma vez que, a cada ano, ocorre o aumento do acumulo de sedimentos

em frente a Vila. Isso dificulta a utilização do porto local pelas embarcações,

afetando diretamente moradores e turistas.

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Revisão Bibliográfica 6

Por se tratar de uma comunidade tradicional de pescadores, a necessidade

de dragagem do canal para devolver a mobilidade de embarcações é fundamental

para o equilíbrio econômico local.

Esta região foi separada como modelo para execução do projeto piloto que,

posteriormente, deverá ser implantado em todo o município para regularizar o

sistema de navegação e reutilizar o material dragado para aterros, visando facilitar e

solucionar o problema do assoreamento e a movimentação de areia e a drenagem

da Ilha Comprida.

O projeto piloto leva em consideração a melhoria e a valorização do local o

acesso livre das embarcações e o desenvolvimento sustentável.

Vale ressaltar que esta é uma alternativa técnica, ambiental e

economicamente viável para os danos causados pelo assoreamento do Mar

Pequeno, que reduz o investimento público e viabiliza sua execução. O material

dragado tem a finalidade de aterrar as margens do porto e melhorar a sustentação

do muro de arrimo para contenção da erosão, afim de facilitar o embarque e

desembarque na Vila.

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Revisão Bibliográfica 7

Figura 1. Zoneamento da Área de Proteção Ambiental de Ilha Comprida.

Fonte: Prefeitura Municipal de Ilha Comprida, 2010.

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Revisão Bibliográfica 8

4.2. Dragagem

A dragagem é um processo de movimento mecânico pelo qual são

removidos sedimentos e solos de portos para diversas finalidades como aterros e

limpeza do leito, a fim de facilitar a navegação, desassorear córregos, rios, canais,

etc. Para tanto, é necessário o uso de equipamentos denominados “dragas” que,

nada mais são do que embarcações ou plataformas flutuantes equipadas com

mecanismo que promovem a remoção de sedimentos (GOES FILHO, 2004 e

Compton’s Encyclopedia, 1998).

Os principais objetivos da dragagem são o aprofundamento e alargamento

de canais em rios, portos e baias. Também pode ser realizada na construção de

diques e preparo de fundações de pontes e outras estruturas, além de ser utilizada

para exploração de depósitos minerais, diamantes e recursos marinhos (Compton’s

Encyclopedia, 1998).

Foram encontrados vestígios de trabalho humano com técnicas primitivas de

dragagem em vários locais da Terra e segundo os historiadores, essa é uma arte

muito antiga que mostra sinais de sua existência anterior a Cristo. Acredita-se que

as embarcações eram canoas e que a escavação era feito com auxílio de uma pá

manuseada por uma pessoa. Na Grécia antiga eram construídos canais artificiais

com a finalidade de irrigação e também para interligar corpos d’água, como, por

exemplo, o canal que interligou o Rio Nilo ao Mar Vermelho (BRAY, et al., 1997 e

Compton’s Encyclopedia, 1998).

A dragagem divide-se em dois grupos, a dragagem inicial que forma o canal

artificial com a retirada do sedimento virgem, e as dragagens de manutenção, com a

finalidade de retirar o material sedimentar recente e manter a profundidade do canal

para facilitar a movimentação de embarcações em portos e marinas (BRAY, et al.,

1997). Um terceiro tipo de dragagem, ainda em fase de implantação em vários

países, é a dragagem ambiental que remove os sedimentos contaminados por

compostos orgânicos e inorgânicos, sem a ressuspensão deste contaminantes (GE

Study Report, 1998).

Durante muito tempo todo material tirado no processo de dragagem foi

lançado em locais não apropriados e sem controle sobre o impacto dos sedimentos

ao meio ambiente (GOES FILHO, 2004). Somente em 1972, durante Conferência

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Revisão Bibliográfica 9

em Estocolmo, deram-se origem as regulamentações internacionais de depósito dos

materiais dragados em áreas marítimas (VELLINGA; TIEDO, 1998).

Com a conscientização ambiental sobre a importância da deposição

adequada dos resíduos de dragagem, as autoridades e a opinião pública

perceberam a necessidade de maiores e melhores estudos sobre os impactos que

tais resíduos trariam ao meio ambiente. A partir de então começaram a ser exigidos

estudos químicos, físicos e biológicos com a finalidade de minimizar ao máximo

esses impactos, o que permitiu identificar que esses resíduos de dragagem

poderiam ser reutilizados de várias formas, sendo um importante recurso natural

para aterros (GOES FILHO, 2004).

No entanto, o processo de utilização desses materiais é muito diferente entre

os diversos países. Alguns possuem tratamento e aproveitamento altamente

desenvolvidos e outros ainda em estágio inicial. De maneira geral, a análise desse

problema tem as seguintes etapas: (GOES FILHO, 2004).

- Observação e análise do potencial problema ambiental;

- Levantamento da magnitude do problema e avaliação dos custos de remoção;

- Busca de soluções sustentáveis;

- Projeto detalhado das atividades operacionais;

- Decisão final tomada com a abrangência necessária, objetivando soluções

integradas.

Em geral os serviços de dragagem têm um elevado custo e sua execução

deve ser realizada com um cuidadoso planejamento e, para tanto, é necessário

entender a finalidade da área a ser dragada. Vale ressaltar que o termo dragagem

compreende uma ampla gama de atividades envolvendo a movimentação de

materiais submersos e pode ser classificada como dragagem de aprofundamento ou

de implantação, de manutenção, de remediação ou ambiental e de mineração.

Outro aspecto a ser considerado relaciona-se aos equipamentos de

dragagem a serem utilizados. Podem ser mecânicos, hidráulicos ou pneumáticos.

(ALAD/CBD, 1972)

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Revisão Bibliográfica 10

Equipamentos mecânicos

Caçamba de Mandíbulas (Grab dredges):

Escavadeiras frontais (Dipper dredges):

Retroescavadeiras (Hoes):

Pás de Arrasto (Draglines):

Dragas de Acatruzes (Bucket dredges):

Equipamentos hidráulicos

Dragas Autotranspotadoras de Arrasto (AT)

Dragas de Sucção e Recalque com Desagregador (SR)

Equipamentos pneumáticos

Essas dragas não utilizam desagregadores e promovem a sucção do

material a ser dragado por ar comprimido.

As propriedades físicas

As características físicas do material de uma dragagem são de fundamental

importância para o planejamento do projeto, transporte e disposição final do material

a ser dragado.

Devem-se considerar duas propriedades físicas:

� A forma e composição – avaliação visual e descrição geral dos sedimentos.

� Granulometria – classificação do material dragado.

No Brasil os tamanhos das partículas são classificadas de acordo com a

Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT/NBR 6502/95), referente a análise

granulométrica de solos:

� Bloco de rocha – Fragmentos de rocha transportados ou não, com diâmetro

superior a 1,0 m.

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Revisão Bibliográfica 11

� Matacão – fragmento de rocha transportado ou não, comumente arredondado

por intemperismo ou abrasão, com uma dimensão compreendida entre 200 mm e

1,0 m.

� Pedregulho – solos formados por minerais ou partículas de rocha, com diâmetro

compreendido entre 2,0 e 60,0 mm. Quando arredondados ou semi-

arredondados, são denominados cascalhos ou seixos. Divide-se quanto ao

diâmetro em: pedregulho fino – (2 a 6 mm), pedregulho médio (6 a 20 mm) e

pedregulho grosso (20 a 60 mm).

� Areia – solo não coesivo e não plástico formado por minerais ou partículas de

rochas com diâmetros compreendidos entre 0,06 mm e 2,0 mm. As areias de

acordo com o diâmetro classificam-se em: areia fina (0,06 mm a 0,2 mm), areia

média (0,2 mm a 0,6 mm) e areia grossa (0,6 mm a 2,0 mm).

� Silte – solo que apresenta baixo ou nenhuma plasticidade, baixa resistência

quando seco ao ar. Suas propriedades dominantes são devidas à parte

constituída pela fração silte. É formado por partículas com diâmetros

compreendidos entre 0,002 mm e 0,06 mm.

� Argila – solo de graduação fina constituída por partículas com dimensões

menores que 0,002 mm. Apresentam características marcantes de plasticidade;

quando suficientemente úmido, molda-se facilmente em diferentes formas,

quando seco, apresenta coesão suficiente para construir torrões dificilmente

desagregáveis por pressão dos dedos. Caracteriza-se pela sua plasticidade,

textura e consistência em seu estado e umidade naturais. Estas características

serão vistas na Unidade 4 (plasticidade e consistência dos solos).

Propriedades Químicas

Usualmente adotam-se os seguintes parâmetros: pH, Carbono de cálcio

equivalente, Capacidade de troca de cátions, Salinidade, Potencial Redox (EH),

Oxigênio dissolvido (OD), Demanda bioquímica de oxigênio (DBO), Carbono

orgânico total, Carbono orgânico dissolvido, Nutrientes (compostos de nitrogênio e

fósforo), Taxa Carbono Nitrogênio, Potássio e Contaminantes. (LONG; et al., 1995)

Para regulamentar a disposição desses resíduos, o Conselho Nacional de

Meio Ambiente (CONAMA) aprovou em 25 de março de 2004 a Resolução nº 344

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Revisão Bibliográfica 12

(CONAMA, 2004) que determina os procedimentos mínimos para a avaliação do

material a ser dragado, com o objetivo de gerenciar sua disposição em águas

jurisdicionais brasileiras. Esse procedimento também deve ser submetido às normas

da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB) do Estado de

São Paulo, até que sejam estabelecidos valores orientadores nacionais pelo

CONAMA (CONAMA, 2004).

Os resíduos de dragagem podem ser classificados da seguinte maneira:

(GOES FILHO, 2004)

Classe 0 – Está abaixo do valor alvo e pode ser disposto em terra ou em águas

superficiais.

Classe 1 – Excede o valor alvo, mas se encontra abaixo do valor limite, sendo

permitida a sua disposição.

Classe 2 – Excede o valor limite, mas está abaixo do valor de referência podendo

ser disposto em águas superficiais e em terra.

Classe 3 – Excede o valor limite, mas esta abaixo do valor de intervenção.

Calsse 4 – Excede o valor de intervenção e deve ser mantido isolado em poços

profundos ou em terra, a fim de minimizar qualquer influência ao meio ambiente.

4.3. Estabilidade dos depósitos de resíduos dragado s

As principais causas que afetam a estabilidade do depósito de sedimentos

são a consolidação e a erosão.

A consolidação é causada pelo peso do próprio sedimento dragado nos

casos de capeamento e pela carga da cobertura. Esse processo se dá pela parcela

da água retida nos vazios e que é expelida, diminuindo o volume do material e

aumentando o espaço para novas camadas de sedimentos. Nos sedimentos finos

uma há uma redução de até 50% do volume inicial que é bastante comum após a

consolidação (ROLLINGS; ROLLINGS, 1998).

4.4. Aterro

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Revisão Bibliográfica 13

Aterro é o processo de se depositar terra, entulho, areia, ou outro material

em determinado terreno com altura abaixo do ideal exigido pelo projeto de

construção, para aumentar a altura do greide ou tapar algum buraco ou depressão

(Glossário de termos usados na terraplenagem, 2010).

Para que esse processo possa ser realizado, é necessário a mobilização de

material de uma área para outra. Entretanto, no Município de Ilha Comprida as áreas

de jazidas para a execução de aterro são escassas, uma vez que não há áreas em

cotas elevadas que disponibilizem a retirada do material. Por essa razão, as

atividades criminosas relacionadas ao comércio ilegal de aterros clandestinos são

freqüentes e de difícil fiscalização, o que resulta em sérios riscos ao meio ambiente,

pois o material é retirado de dunas e praias, ou até mesmo de propriedades

particulares, cujos proprietários, normalmente ausentes, são surpreendidos com

escavações em seus terrenos. (Prefeitura Municipal de Ilha Comprida, 2006).

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Material e Métodos 14

5. MATERIAL E MÉTODOS

5.1. Área do Estudo

A área de estudo está compreendida dentro do Município de Ilha Comprida

(Figura 2, ANEXO I), localizada a 30 km do marco zero do município, sentido sul, na

Comunidade denominada Vila das Pedrinhas, inserida na Zona Urbanizada 3 (ZU3)

do decreto da APA de Ilha Comprida, que permite sua ocupação. Trata-se de uma

Vila distante do centro, com população aproximada de 600 pessoas, que vem, a

cada ano, sofrendo com o assoreamento do Mar Pequeno em frente a Vila.

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Figura 2. Imagem do Município de Ilha Comprida

Fonte: Google Earth

Material e Métodos 1

5

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Material e Métodos 16

5.2. Material

Para elaborar o projeto e entender todas as características do local, utilizou-

se equipamento topográfico (estação total), instalado sobre o trapiche local, adotado

como Referencia de Nível (RN), pois desta localização é possível visualizar todos os

pontos levantados.

5.2.1. Equipamento utilizado na Topografia

Estação Total Leica Flexline Série TS02

Medição Angular (Hz, V)

Medição de distância com prisma

Medição de distância sem prisma

Armazenamento de dados / Comunicação

Emissor de luz para Implantações de Obras

Medidor a laser até 400 metros

Coletor de pontos interno

Prisma, Baliza e Trena

5.2.2. Equipamento e Especificação da Draga.

Embarcação tipo catamarã

Convés – 55,00 m2

Pontal – 1,00 m

Boca – 5,50m

Capacidade de carga – 14t

Conjunto de moto bomba

Motor a diesel 250Cv

Bomba de sucção e recalque. de 6”

100 (cem) metros de linha submersa de Ø 6”

50 (cinqüenta) metros de linha de terra de Ø 6”

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Material e Métodos 17

A draga a ser utilizada nesta obra atenderá perfeitamente às condições de

recalque e tem capacidade de produtividade de 80m3/h.

5.3. Métodos

Com os dados da estação processados e a manipulação de programa

específico (AutoCAD), foi elaborado um projeto detalhado da Planta Planialtimétrica

com as curvas de níveis, perfis transversal e longitudinal do local. Também foi

locado no projeto um muro de arrimo de pedra para servir de contenção, sustentar o

aterro dragado e proteger o porto.

Após a obtenção dos dados e identificação do relevo, fez-se necessário a

elaboração de um projeto de seção trapezoidal que retirará do leito do canal

sedimentos suficientes para a passagem de embarcações e, ao mesmo tempo,

propiciará sua reutilização para o aterro da margem. Para a fixação dos sedimentos

no fundo da seção trapezoidal foi projetado um revestimento com sacos de areia

com a finalidade de prolongar a sustentação da seção da área dragada. Além disso,

o projeto prevê rebaixamento de 1 metro da superfície assoreada que fica exposta

com a maré baixa, para impedir o surgimento de mangues que ocorre devido ao

afloramento.

Por se tratar de material arenoso sua dragagem é mais fácil, embora possua

maior quantidade de água na sucção e recalque. O material dragado será conduzido

da base da bomba de sucção e recalcado por um tubo de PVC (Poli Cloreto de

Vinila) de 50 metros de comprimento que será submerso 2 metros, até encontrar a

parede do muro de sustentação dos sedimentos. Após a montagem do equipamento

de dragagem, a motobomba deverá trabalhar no período diurno para diminuir

qualquer risco erosivo.

A seção trapezoidal considerada para este projeto mede 10 metros de boca,

2 metros de profundidade e 6 metros na base, totalizando uma seção de 16 metros

quadrados por 30 metros de comprimento (Figura 3). Desta maneira, determinou-se

o volume de sedimentos a ser dragado e a sua disposição no porto.

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Material e Métodos 18

Figura 3. Seção Longitudinal da Dragagem do Assoreamento.

Fonte: Do autor

Para o preenchimento do aterro do muro de contenção, o tubo de PVC

deverá ser posicionado na cota da base interna do muro, de forma que o material

dragado preencha os espaços de baixo para cima, até atingir a cota de nível

suficiente para igualar a altura do muro.

Para a rampa de barcos serão construídas duas muretas inclinadas da água

até atingir a cota de terreno seco. No espaço interno das muretas será lançado o

material dragado até atingir o nível suficiente para receber a laje de concreto

(ANEXO II).

5.3.1. Recalque do Aterro

O recalque não foi considerado para o cálculo do volume de aterro.

5.3.2. Definição da Jazida e dos Sedimentos Dragados

A definição da jazida foi determinada por ser um ponto estratégico e

problemático para as embarcações e a economia do local.

Por meio desse projeto, novos modelos de dragagens com propósito de

desassoreamento do Mar Pequeno e reutilização do material dragado para aterro

surgirão. Vale ressaltar que a Prefeitura Municipal de Ilha Comprida possui

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Material e Métodos 19

sondagens subaquáticas e levantamento batimétrico realizados na foz do Valo

Grande em frente ao Balneário Marisol (BASENG Engenharia e Construção Ltda).

Esta sondagem foi usada como parâmetro para definição do leito do Mar Pequeno

neste projeto (ANEXO III).

Quanto ao tipo de sedimento existente, foram retiradas amostras de vários

pontos ao redor do local para determinar a granulometria correta e, assim,

identificou-se a presença de areia fina em sua totalidade.

A profundidade máxima de retirada dos sedimentos são 2 metros em relação

a parte aflorada na maré baixa, de modo que fica fácil a mobilidade do tubo de

sucção da moto bomba.

O parâmetro de sondagem adotado foi o realizado pela empresa (BASENG

Engenharia e Construção Ltda) no Mar Pequeno, próximo ao porto da balsa em

frente ao Balneário Marisol em 2005.

Para determinar a área exata do estudo foi realizado o levantamento

Planialtimétrico da Jazida (ANEXO IV), com o aparelho topográfico posicionado nas

seguintes coordenadas georreferenciada: E=216806.514 e N=7244850.096,

localizadas sobre o trapiche. Deste ponto, foi elaborado a topobatimetria da

profundidade do canal.

O desenho “Localização da Jazida” (ANEXO V) mostra o detalhamento do

conjunto de dragagem e aterro da orla. Também foram elaborados perfis

transversais e longitudinais da área (ANEXO VI).

O material será depositado como aterro cuja contenção será feita com

rachão e manta geotextil que permite a saída da água e garante que o material fino

arenoso fique contido. Com o acúmulo dos sedimentos lançados atrás do muro de

arrimo ocorrerá um processo natural de decantação, uma vez que o material

depositado é mais pesado que a água.

O controlador da boca do tubo de recalque deverá mudar de posição assim

que a cota de aterro for atingida. Isso faz com que equipamentos para serviços de

terraplenagem sejam desnecessários.

5.3.3. Localização do aterro

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Material e Métodos 20

O aterro fica ao redor da Orla da Vila de Pedrinhas, em frente ao Mar

Pequeno, e os sedimentos lançados ficarão atrás do muro de contenção e na rampa

de embarque e desembarque de barcos (ANEXO VII).

5.3.4. Construção para armazenamento dos sedimentos

O armazenamento dos sedimentos será feito por meio da construção de um

muro executado com rachão espessura de 0,60 m e altura 2,00 m.

O rachão deverá ser assentado com argamassa na medida 1:2:8 (1 lata de

cimento, 2 latas de cal e 8 latas de areia média) de modo a fixar o muro; sua parte

interna deverá ser revestida de manta geotextil que permitirá a passagem da água e

reterá o material arenoso da dragagem.

5.3.5. Material de remoção da Jazida

De acordo com o desenho “Localização da Jazida” (ANEXO VII), a área da

jazida é de 6.501.22 m2 e, considerando os parâmetros de sondagem que mostram

uma camada de areia de no mínimo 4,00 m de espessura. Pode-se afirmar que o

volume de areia da jazida é superior a 26.000 m3, o que é suficiente para atender a

etapa de aterro na Orla de Pedrinhas. Esta sobra de sedimento a ser dragado

poderá ajudar no aterro de ruas e nas áreas baixas que necessitam de aumento de

cota.

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Material e Métodos 21

5.4. Orçamento

A tabela 1 apresenta o orçamento dos serviços de dragagem, aterro na Orla

da Vila das Pedrinhas, muro de arrimo e rampa de acesso para embarcações.

Tabela 1. Planilha Orçamentária.

Descrição Material / Mão de Obra Valor (R$)

1 Rampa para embarcações 22.000,00

2 Muro de Arrimo – largura 0,60m x 2,00m (Rachão) . 55.000,00

3 Manta geotextil - m2 14.000,00

4 Saco de linhagem 8.100,00

5 Levantamento Planialtimétrico 3.500,00

6 Elaboração de projetos para execução da obra 2.300,00

7 Dragagem

7.1 Custo de Mobilização / Desmobilização da Obra 60.000,00

7.2 Custo Dragagem para 60 dias 285.600,00

Total 450.500,00

O montante necessário para realização da dragagem, aterro do porto e

construção da rampa de acesso aos barcos é irrisório considerando que 600

moradores e mais de 1000 turistas e visitantes serão beneficiados pela obra.

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Resultados 22

6. RESULTADOS

Após a instalação do aparelho e da realização do levantamento

planialtimétrico da margem do porto, foi feita a batimetria do canal e do banco de

areia assoreado. Este levantamento foi fundamental para o projeto e teve que ser

realizado com a maré baixa para facilitar o acesso a todo o local (Figura 7). Com as

cotas do fundo do canal e do assoreamento levantadas, teve-se as informações

necessárias para compreender e desenvolver esse projeto. Por tanto, com a

implantação total do projeto e conseqüente melhora do acesso de barcos ao porto,

aumenta-se o turismo local, minimiza-se a formação de mangues em frente à Vila,

além de melhorar a estética do porto. Em suma, este projeto viabiliza a economia

local e pode ser implantado em outros locais da Ilha.

Segundo BRANDALIZE (2010), o levantamento topográfico divide-se em

levantamento topográfico planimétrico, que representa as feições do terreno no

plano horizontal através de suas coordenadas x e y (bidimensional), e levantamento

topográfico altimétrico que, além de representar as feições do terreno no plano

horizontal, também mostra um plano de referência vertical ou de nível, através das

coordenadas x,y e z (tridimensionais). À junção dos métodos planimétrico e

altimétrico dá-se o nome de Topometria, mais conhecida como Planialtimetria.

“A batimetria é a medição da profundidade dos oceanos, lagos e rios,

através de curvas batimétricas que unem pontos de mesma profundidade e com

equidistâncias verticais (semelhante às curvas de nível obtidas em topografia). Ela

pode ser utilizada para diversas finalidades como o cálculo de volume de uma

represa e desenho de seu leito através de perfis batimétricos”. (ANDOLFATO;

FRANCO, 2009).

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Resultados 23

Figura 4. Foto do assoreamento do Porto de Pedrinhas. Vista frontal.

Fonte: Do autor

Figura 5. Foto do assoreamento do Porto de Pedrinhas. Vista lateral esquerda.

Fonte: Do autor

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Resultados 24

Figura 6. Foto do assoreamento do Porto de Pedrinhas. Vista lateral direita.

Fonte: Do autor

Figura 7. Foto do assoreamento do Porto de Pedrinhas. Vista lateral direita com

maré baixa.

Fonte: Do autor

Forma ção de mangue

Base do Levantamento

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Resultados 25

Figura 8. Foto do assoreamento do Porto de Pedrinhas. Vista lateral esquerda com

maré baixa.

Fonte: Do autor

Local assoreado

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Conclusão 26

7. CONCLUSÃO

Com base nos estudos realizados no presente trabalho, é possível concluir

que o projeto é viável pelo seu baixo custo e por resolver dois problemas locais, o

assoreamento do Mar Pequeno e o aterro do porto, beneficiando a comunidade e a

economia da região. Ademais, a Prefeitura do Município poderá pleitear verba junto

ao FEHIDRO (Fundo Estadual de Recurso Hídricos) para execução da obra.

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Referências 27

8. REFERÊNCIAS

ALAD/CBD. 1972. Dragagem: Bibliografia. Associação Latino-Americana de Dragagem e Companhia Brasileira de Dragagem. ANDOLFATO, S.H.D.; FRANCO, T.C.R. Levantamento topobatimétrico: determinação do volume e leito de uma represa no “Córrego dos Pereiras”. Revista Agrogeoambiental, v.1, n.1, 2009. APA ILHA COMPRIDA. Regulamentação: Decreto n° 30.81 7 de 30 de novembro de 1989. Disponível em: http://www.ambiente.sp.gov.br/apas/ilha_comprida.htm, Acessado em 19/06/2010. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6502. Ensaio de granulometria. Rio de Janeiro: ABNT, 1995. BASENG ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO LTDA, projeto de sondagem subaquática e batimetria realizado para a Prefeitura Municipal de Ilha Comprida. BRANDALIZE, M.C.B. Apostila de Topografia. Disponível em: http://www2.uefs.br/geotec/apostilas.htm, Acessado em: 24/03/2010. BRAY, R.N.; BATES, A.D.; LAND, J.M. 1997. Dredging, a Handbook for Engineers. John Wiley & Son, Inc. Second edition. New York. 434p. Compton’s Interactive Encyclopedia, 1998 Edition. Disponível em: http://www.learningco.com. Acessado em: 12/01/2009. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 344. Disponível em: http://www.mp.sp.gov.br/portal/page/portal/cao_urbanismo_e_meio_ambiente/legislacao/leg_federal/leg_fed_resolucoes/leg_fed_res_conama/res34404.xml. Acessado em 23 de julho de 2009. GE Study Report. 1998. Dredging: Wrong Answer. Disponível em: http://www.hudsonwatch.com/dredging.html, acessado em 20/03/2010. GIBERTONI, C.A.C. A lei de modernização dos portos, 1998. Disponível em: http://www.geocities.com/~ambitojuridico/da0016.html, acessado em 26/03/2010.

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Referências 28

GLOSSARIO DE TERMOS USADOS NA TERRAPLENAGEM. Disponível em http://umarizal.com/glossario, acessado em 26/03/2010. GOES FILHO, HA. Dragagem e gestão dos sedimentos. 2004. 162p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) - Programa de Pós-Graduação de Engenharia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2004. LONG, E.R., MACDONALD, D.D., SMITH, S.L.; CALDER F.D. Incidence of adverse biological effects within ranges of chemical concentrations in marine and estuarine sediments. Environmental Management, v. 19, n. 1, p. 81-97, 1995. Projeto executivo de drenagem da área central do Município de Ilha Comprida (relatório final). Prefeitura Municipal de Ilha Comprida e DRA Consult Engenharia Ltda, 01 de junho de 2006. ROLLINGS, M. E.; ROLLINGS, R. Consolidation and Related Geotechnical Issues at the 1997 New York Dumping Site. In: Proceedings of the 15th World Congress of WEDA, pp 1-16, Las Vegas, Nevada, USA, 1998.

VELLINGA, T. Guide de Gestion des Matériaux de Dragage, Rapport Spécial de la Commisssion Permanente de l´Environment, International Navigation Association (PIANC), Bruxelles, Belgique, 1998. SANTOS, A.R. Valo Grande: uma ferida aberta de enorme carga didática. Disponível em: http://noticias.ambientebrasil.com.br/noticia/?id=31786. Acessado em: 10/03/2010.. TORRES, R.J. Uma Análise Preliminar dos Processos de Dragagem do Porto de Rio Grande, RS. 2000. 179p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Oceânica) – Fundação Universidade Federal do Rio Grande, Rio Grande do Sul, 2000.

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ANEXOS

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ANEXO I. Mapa da Ilha Comprida

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ANEXO II. Projeto da rampa para embarcações.

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ANEXO III. Sondagem realizada em frente ao Balneário Marisol no Mar Pequeno. Fonte: Prefeitura Municipal de Ilha Comprida.

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ANEXO IV. Levantamento Planialtimétrico da Jazida

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ANEXO V. Localização da Jazida

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ANEXO VI. Perfis transversais e longitudinais da área.

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ANEXO VII. Corte transversal do muro de arrimo.