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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL Artur Spat Ruviaro ESTUDO DA INFLUÊNCIA DO TEOR DE FINOS DOS AGREGADOS RECICLADOS MISTOS NAS PROPRIEDADES DAS ARGAMASSAS DE REVESTIMENTO MOLDADAS COM DIFERENTES TIPOS DE CIMENTO Santa Maria, RS 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE TECNOLOGIA

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

Artur Spat Ruviaro

ESTUDO DA INFLUÊNCIA DO TEOR DE FINOS DOS AGREGADOS

RECICLADOS MISTOS NAS PROPRIEDADES DAS ARGAMASSAS DE

REVESTIMENTO MOLDADAS COM DIFERENTES TIPOS DE

CIMENTO

Santa Maria, RS

2017

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Artur Spat Ruviaro

ESTUDO DA INFLUÊNCIA DO TEOR DE FINOS DOS AGREGADOS

RECICLADOS MISTOS NAS PROPRIEDADES DAS ARGAMASSAS DE

REVESTIMENTO MOLDADAS COM DIFERENTES TIPOS DE CIMENTO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

Curso de Engenharia Civil da Universidade Federal

de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial

para obtenção do título de Engenheiro Civil.

Orientador: Antônio Luiz Guerra Gastaldini

Santa Maria, RS

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2017

Artur Spat Ruviaro

ESTUDO DA INFLUÊNCIA DO TEOR DE FINOS DOS AGREGADOS

RECICLADOS MISTOS NAS PROPRIEDADES DAS ARGAMASSAS DE

REVESTIMENTO MOLDADAS COM DIFERENTES TIPOS DE CIMENTO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

Curso de Engenharia Civil da Universidade Federal

de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial

para obtenção do título de Engenheiro Civil.

Aprovado em 12 de julho de 2017:

____________________________________

Antônio Luiz Guerra Gastaldini, Prof. Dr. (UFSM)

(Presidente/Orientador)

___________________________________ André Lübeck, Prof. Dr. (UFSM)

___________________________________ Rogério Cattelan Antocheves de Lima, Prof. Dr. (UFSM)

Santa Maria, RS

2017

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RESUMO

ESTUDO DA INFLUÊNCIA DO TEOR DE FINOS DOS AGREGADOS

RECICLADOS MISTOS NAS PROPRIEDADES DAS ARGAMASSAS DE

REVESTIMENTO MOLDADAS COM DIFERENTES TIPOS DE CIMENTO

AUTOR: Artur Spat Ruviaro

ORIENTADOR: Antônio Luiz Guerra Gastaldini

A exploração de recursos naturais sem preocupação com os impactos ambientais ao longo da

história da humanidade, acabou por despertar indícios de que a natureza não chegaria à ruína.

Atualmente o aquecimento global fez com que a questão ambiental fosse mais discutida em

diversas áreas de conhecimento. Um dos setores responsáveis pela exploração de matéria

prima e geração de grandes volumes de resíduos é a construção civil, que com o novo olhar

para o meio ambiente, tem buscado novas tecnologias e maneiras de reduzir o desperdício de

materiais. Aliado a isso, a reciclagem dos resíduos de construção e demolição (RCD) assume

grande importância, uma vez que permite que o material seja reutilizado na construção civil.

Desde a década de 80, pesquisas foram realizadas na área de reciclagem de RCD para

reutilização do material em argamassas de revestimento. Visou-se colaborar com o estudo

desta área substituindo parcialmente o agregado miúdo natural por agregado miúdo com

origem de RCD, estudando a influência deste material em argamassas de revestimento

moldadas com diferentes tipos de cimento. Os resíduos reciclados mistos são muito

heterogêneos, comprovado nesta pesquisa por análise gravimétrica das amostras de resíduos.

Alguns autores atribuem algumas características das argamassas com agregado reciclado,

como a retração, à excessiva quantidade de finos. No entanto, ao produzir argamassas com

agregado reciclado peneirado percebeu-se que elas também têm maior retração que a

argamassa com agregado natural, evidenciando que essa propriedade está ligada à composição

dos agregados reciclados, não só a sua finura. Concluiu-se que a incorporação de agregados

reciclados em argamassas para substituir agregados convencionais (areia) em pequenas

proporções pode melhorar as suas propriedades. Essa incorporação de agregados reciclados

mistos nas argamassas demonstrou ser uma possível solução para a minimização de impactos

ambientais, com grande potencial para uso na indústria da construção uma vez que quase à

totalidade das argamassas estudadas neste trabalho tiveram bom desempenho se comparadas

às argamassas de referência. Entre as argamassas avaliadas neste trabalho, todas poderão ser

utilizadas para revestimentos internos e apenas uma delas foi descartada para uso em

revestimentos externos. Ficou comprovado, que argamassas com agregado reciclado britado

necessitam de mais água que as argamassas com agregado reciclado britado e peneirado em

sua confecção, o que já era esperado, devido à maior superfície específica dos agregados com

finos. No ensaio de potencial de aderência à tração em substratos padrão, todas as argamassas

tiveram ruptura na argamassa, enquanto que um dos traços teve ruptura superficial. Percebe-

se, que mesmo com dois tipos de resíduos e cimentos, as argamassas apresentaram

comportamentos semelhantes nas propriedades do estado fresco. No estado endurecido, as

argamassas com finos apresentaram maior retração livre e maior variação de massa que as

argamassas sem finos. A recomendação de se ter baixo módulo de elasticidade em argamassas

para evitar fissuras de retração por secagem não foi isoladamente determinante na fissuração

dos revestimentos, já que a argamassa de referência (REF-E) apresentou maior módulo que a

argamassa 30% CF-E e não fissurou.

Palavras-chave: Agregado reciclado misto. Argamassa de revestimento. Resíduo de

Construção e Demolição.

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ABSTRACT

STUDY OF INFLUENCE OF FINE CONTENT OF MIXED RECYCLED

AGGREGATES IN COATING MORTAR PROPERTIES SHAPED WITH

DIFFERENT TYPES OF CEMENT

AUTHOR: Artur Spat Ruviaro

ADVISOR: Antônio Luiz Guerra Gastaldini

The exploration of natural resources without concern about environmental impacts in history

of humanity generate evidences that nature will get to ruin. Nowadays, the global warming

turned the environmental cause more discussed in many areas of knowledge. One of the

sectors responsible to explore raw material and generation of big amount of waste is the civil

construction, that searches new technologies to reduce the waste of materials. The recycling

of construction waste allows the material to be used again in civil construction. Since 1980,

many researches were made in the area of recycling of construction waste to use in coating

mortar. Aiming to collaborate with these researches, with partial substitution of natural

aggregate by mixed recycled aggregate, studying the influence of this material in coating

mortar shaped with different types of cement. The mixed recycled waste is heterogeneous,

proved in this study by gravimetric analysis. Some authors attributes characteristics of mortar

with recycled aggregate as retraction to high fine content. But, producing mortar with

recycled aggregate sifted, was noticed that they also has more retraction that mortar with

natural aggregate, what shows that this property is connected to the composition of the

aggregate and not only the fine content. Was conclude that the use of recycled aggregate in

mortar substituting conventional aggregate as sand in little proportion, can improve them

properties. The use of mixed recycled aggregate proved to be a possible solution to minimize

the environmental impacts, with great potential to use in industry, once that almost all of the

samples had great performance when compared to the reference mortar. All of the samples of

this study could be use as internal coating mortar, and only one of them was not approved to

use in external coating mortar. Was proved that mortar with crushed recycled aggregate needs

more water that mortar with crushed and sifted recycled aggregate, what was expected due to

the bigger specific surface of fine content. On the potential adherence test to traction in

pattern substratum, all of the samples had rupture, meanwhile one of them had surface

rupture. Was noticed that even with two types of waste and cement, the mortar presents

similar results in fresh properties. In hardened properties, the mortar with more fine content

presented more free retraction and more mass variation that mortar without fine content. The

recommendation to use lower elasticity modulus in mortar to avoid retraction cracking by

drying was not the only determinate factor in cracking of coating, once that the reference

(REF-E) sample presented higher modulus than mortar with 30% CF-E and did not crack.

Keywords: Mixed recycled aggregates. Coating mortar. Waste from construction and

demolition.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Quantidade de resíduos per capita diário no mundo ............................................... 14

Figura 2 - Série histórica de resíduos coletados no Brasil ....................................................... 15

Figura 3 - Agregado reciclado gerado a partir do RCD no Brasil ........................................... 16

Figura 4 - Fluxograma da reciclagem de RCD em algumas usinas do Brasil ......................... 17

Figura 5 - Equipamentos da GR 2 (a) britador (b) esteira transportadora ............................... 19

Figura 6 - Camadas que compõem os sistemas de revestimento, onde (a) revestimento com

emboço + reboco + pintura (b) camada única+ pintura (c) revestimento monocamada .......... 23

Figura 7 - Variabilidade dos agregados reciclados na Central de Ribeirão Preto .................... 29

Figura 8 - Condições de aplicação das argamassas .................................................................. 35

Figura 9 - Amostras 1 e 2 antes da separação manual ............................................................. 47

Figura 10 - Amostras 1 e 2 após separação manual ................................................................. 47

Figura 11 - Comparação entre percentuais médios desta pesquisa e Oliveira (2015) ............. 49

Figura 12 - (a) britador tipo mandíbula utilizado; (b) material resultante do processo ........... 50

Figura 13 - Curvas granulométricas da areia e do RCD britado .............................................. 50

Figura 14 - Curvas granulométricas da areia e do RCD britado Oliveira (2015) .................... 51

Figura 15 - a) argamassadeira utilizada; b) detalhes do modelo da argamassadeira ............... 53

Figura 16 - Ensaio de índice de consistência (a) equipamentos utilizados (b) medição do

espalhamento com o paquímetro. ............................................................................................. 54

Figura 17 - Funil Buchner, equipamento utilizado no ensaio de retenção de água ................. 55

Figura 18 - Ensaio de retenção de água (a) prato com filtro (b) golpes na argamassa (c)

argamassa rasada ...................................................................................................................... 56

Figura 19 - Ensaio de densidade aparente e teor de ar incorporado (a) recipiente cilíndrico (b)

golpeamento com a espátula (c) pesagem da argamassa ......................................................... 57

Figura 20 - Ensaio de resistência à tração na flexão - (a) corpos de prova; (b) ruptura à tração

na flexão ................................................................................................................................... 59

Figura 21 - Ensaio de resistência à compressão axial - (a) metades (b) ruptura à compressão

axial .......................................................................................................................................... 60

Figura 22 - Moldagem das argamassas sobre substratos de concreto - (a) substrato padrão (b)

primeira camada de argamassa (c) segunda camada de argamassa ......................................... 61

Figura 23 - Argamassa rasada sobre o substrato padrão .......................................................... 61

Figura 24 - Ensaio de potencial de aderência à tração – (a) furação dos corpos de prova (b)

arrancamento com dinamômetro .............................................................................................. 62

Figura 25 - Ensaio de variação dimensional – (a) molde com pinos (b) moldagem (c) câmara

climatizada ............................................................................................................................... 64

Figura 26 - Relógio comparador de comprimento ................................................................... 64

Figura 27 - Ensaio de densidade aparente no estado endurecido - (a) medição com o

paquímetro (b) pesagem ........................................................................................................... 66

Figura 28 - Ensaio de módulo de elasticidade dinâmico - (a) regulagem com barra de

referência (b) ensaio na argamassa .......................................................................................... 67

Figura 29 - Ensaio de absorção de água por capilaridade (a) lixamento dos cps (b) altura de

5mm de água (c) cps em contato com a água .......................................................................... 68

Figura 30 - Corpos de prova após o ensaio de absorção por capilaridade ............................... 69

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Figura 31 - Cronograma de execução das camadas de revestimento ....................................... 70

Figura 32 - Execução das argamassas (a) parede executada com tijolo cerâmico (b) painéis

chapiscados (c) revestimento executado .................................................................................. 70

Figura 33 - Tubo de Karsten ..................................................................................................... 71

Figura 34 - RCD britado, peneirado e passante ........................................................................ 74

Figura 35 - Relação água/cimento e índice de consistência ..................................................... 77

Figura 36 - Retenção de água das argamassas .......................................................................... 78

Figura 37 - Densidade de massa no estado fresco .................................................................... 80

Figura 38 - Teor de ar incorporado das argamassas ................................................................. 81

Figura 39 - Resistência à tração na flexão 7, 14 e 28 dias ........................................................ 83

Figura 40 - Resistência à tração na flexão aos 28 dias ............................................................. 84

Figura 41 - Resistência à compressão axial aos 7, 14 e 28 dias ............................................... 85

Figura 42 - Resistência à compressão axial aos 28dias ............................................................ 86

Figura 43 - Argamassas produzidas: todas sem fissuras .......................................................... 87

Figura 44 - Resistência potencial de aderência à tração ........................................................... 88

Figura 45 - Retração das argamassas 1, 7 e 28 dias ................................................................. 89

Figura 46 - Variação de massa 1d, 7d e 28d ............................................................................. 90

Figura 47 - Densidade de massa no estado endurecido ............................................................ 91

Figura 48 - Médias do módulo de elasticidade dinâmico aos 28 dias ...................................... 92

Figura 49 - Absorção de água ................................................................................................... 93

Figura 50 - Coeficiente de capilaridade .................................................................................... 94

Figura 51 - Argamassa referência, SF e CF logo após o desempeno ....................................... 95

Figura 52 - Formas de ruptura no ensaio de potencial de aderência à tração ........................... 97

Figura 53 - Argamassa de referência, rupturas predominantes do tipo D e E .......................... 98

Figura 54 - Argamassa SF-Z rupturas predominantes do tipo D e E ....................................... 99

Figura 55 - Argamassa CF-Z, todas as rupturas do tipo D e E ................................................. 99

Figura 56 - Tipos de rupturas nas argamassas produzidas por Oliveira (2015) ..................... 100

Figura 57 - Representação gráfica das leituras médias no Método do Cachimbo nos

revestimentos ensaiados ......................................................................................................... 102

Figura 58 - Representação gráfica das leituras médias no Método do Cachimbo nos

revestimentos ensaiados até o período de 30 minutos ............................................................ 103

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Resíduos de construção e demolição separados por classes ................................... 13

Tabela 2 - Tipos de argamassa conforme o uso ....................................................................... 22

Tabela 3 - Espessuras admissíveis de revestimentos internos e externos ................................ 24

Tabela 4 - Tipos e constituição dos cimentos Portland normatizados no Brasil ...................... 26

Tabela 5 - Cal hidratada para construção – exigências químicas ............................................ 27

Tabela 6 - Classificação dos agregados e usos ........................................................................ 27

Tabela 7 - Uso de RCD em concreto sem função estrutural .................................................... 30

Tabela 8 - Forma dos grãos ...................................................................................................... 32

Tabela 9 - Absorção de água de alguns materiais processados como agregados miúdos ........ 33

Tabela 10 - Propriedades utilizadas na classificação das argamassas ..................................... 34

Tabela 11 - Características físicas e mecânicas do CP II Z - 3 ................................................ 44

Tabela 12 - Características físicas e mecânicas do CP II E - 32 .............................................. 44

Tabela 13 - Características da cal hidratada especial CH-II .................................................... 44

Tabela 14 - Características físicas dos agregados natural e reciclado ..................................... 45

Tabela 15 - Características físicas dos agregados natural e reciclado de Oliveira (2015) ....... 46

Tabela 16 - Composição gravimétrica do RCD ....................................................................... 48

Tabela 17 - Composição gravimétrica do RCD de Oliveira (2015) ........................................ 48

Tabela 18 - Argamassas de revestimento produzidas .............................................................. 52

Tabela 19 - Características dos agregados ............................................................................... 74

Tabela 20 - Teor de finos para as argamassas .......................................................................... 74

Tabela 21 - Influência do teor de finos da mistura seca na plasticidade das argamassas ........ 75

Tabela 22 - Argamassas produzidas......................................................................................... 76

Tabela 23 - Resumo das propriedades das argamassas no estado fresco ................................. 76

Tabela 24 - Relação água/cimento e médias de Índice de consistência ................................... 77

Tabela 25 - Densidade de massa e teor de ar incorporado ....................................................... 79

Tabela 26 - Classificação das argamassas quanto à densidade de massa ................................ 80

Tabela 27 - Resumo das propriedades das argamassas no estado endurecido ......................... 82

Tabela 28 - Médias de resistência à tração na flexão ............................................................... 83

Tabela 29 - Médias de resistência à compressão axial (MPa) ................................................. 85

Tabela 30 - Valores médios da resistência potencial de aderência à tração aos 28 dias .......... 87

Tabela 31 - Médias da variação dimensional e variação de massa, 1, 7 e 28 dias ................... 89

Tabela 32 - Valores médios de módulo de elasticidade dinâmico (MPa) ................................ 92

Tabela 33 - Médias de Absorção de água (g/cm³) ................................................................... 93

Tabela 34 - Médias Coeficiente de capilaridade (g/dm².min1/2

) .............................................. 94

Tabela 35 - Resultados de potencial de aderência à tração Oliveira (2015) ............................ 96

Tabela 36 - Resultados de potencial de aderência à tração ...................................................... 97

Tabela 37 - Leituras médias Método do Cachimbo ............................................................... 101

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 11

1.1 OBJETIVOS GERAIS ..................................................................................... 12

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................... 12

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................... 13

2.1. RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO........................................ 13

2.1.1. Definição e classificação ................................................................................. 13

2.1.2. Panorama quantitativo de RCD .................................................................... 13

2.1.3. RCD no Brasil ................................................................................................. 15

2.1.4. RCD em Santa Maria ..................................................................................... 18

2.1.5. Agregados gerados a partir de RCD ............................................................ 20

2.2. ARGAMASSAS DE REVESTIMENTO ......................................................... 21

2.2.1. Definições e usos ............................................................................................. 21

2.2.2. Sistemas de revestimento ............................................................................... 22

2.2.3. Funções dos sistemas de revestimento .......................................................... 24

2.2.4. Propriedades dos materiais constituintes ..................................................... 25

2.2.5. Agregados reciclados ...................................................................................... 28

2.2.6. Influência de propriedades dos agregados reciclados nas propriedades das

argamassas .................................................................................................................... 31

2.2.7. Propriedades das argamassas........................................................................ 34

2.2.8. Influência do teor de finos em propriedades das argamassas .................... 40

3 METODOLOGIA .......................................................................................... 43

3.1. DEFINIÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS EMPREGADOS NAS

ARGAMASSAS ............................................................................................................. 43

3.1.1. Cimento ........................................................................................................... 43

3.1.2. Cal .................................................................................................................... 44

3.1.3. Água ................................................................................................................. 45

3.1.4. Agregados ........................................................................................................ 45

3.2 PREPARO DOS AGREGADOS RECICLADOS ........................................... 46

3.3 PREPARO DAS ARGAMASSAS A SEREM ESTUDADAS ........................ 51

3.3.1 Método de mistura das argamassas .............................................................. 52

3.4 ENSAIOS REALIZADOS ............................................................................... 53

3.4.1 Ensaios para análise das propriedades das argamassas no estado fresco . 54

3.4.2 Ensaios para análise das propriedades das argamassas no estado endurecido

58

4 RESULTADOS ............................................................................................... 73

4.1 CARACTERIZAÇÃO E TEOR DE FINOS DOS AGREGADOS ................. 73

4.2 ARGAMASSAS PRODUZIDAS .................................................................... 75

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4.3 CARACTERIZAÇÃO DE ARGAMASSAS NO ESTADO FRESCO ............ 76

4.3.1 Índice de consistência e teor de água ............................................................ 76

4.3.2 Retenção de água ............................................................................................ 78

4.3.3 Densidade de massa no estado fresco e teor de ar incorporado ................. 79

4.4 CARACTERIZAÇÃO DAS ARGAMASSAS NO ESTADO ENDURECIDO82

4.4.1 Resistência à tração na flexão ........................................................................ 82

4.4.2 Resistência à compressão axial ...................................................................... 84

4.4.3 Resistência potencial de aderência à tração ................................................. 86

4.4.4 Variação dimensional e variação de massa .................................................. 88

4.4.5 Densidade aparente no estado endurecido ................................................... 91

4.4.6 Módulo de elasticidade dinâmico .................................................................. 92

4.4.7 Absorção e coeficiente de capilaridade ......................................................... 93

4.5 AVALIAÇÃO COMPLEMENTAR DE ARGAMASSAS COMPONDO UM

SISTEMA DE REVESTIMENTO.................................................................................. 94

4.5.1 Quanto ao potencial de aderência à tração .................................................. 96

4.5.2 Quanto à fissuração ...................................................................................... 100

4.5.3 Quanto à permeabilidade ............................................................................. 100

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 105

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 108

APÊNDICE ................................................................................................................... 114

APÊNDICE A - Caracterização dos agregados ............................................................ 115

APÊNDICE B - Dados e resultados dos ensaios de argamassa no estado fresco ......... 117

APÊNDICE C - Dados e resultados dos ensaios de argamassa no estado endurecido . 118

APÊNDICE D – Avaliação de argamassas em um sistema de revestimento ............... 125

ANEXO. ........................................................................................................................ 130

ANEXO A - Caracterização dos agregados .................................................................. 131

ANEXO B - Dados e resultados dos ensaios de argamassa no estado fresco ............... 132

ANEXO C - Dados e resultados dos ensaios de argamassa no estado endurecido ....... 133

ANEXO D – Avaliação de argamassas em um sistema de revestimento ..................... 139

ANEXO E - Classificação das argamassas ................................................................... 144

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11

1 INTRODUÇÃO

A exploração contínua de recursos naturais, sem preocupação dos impactos no

ecossistema acontece ao longo da história da humanidade. Recursos naturais eram

considerados inesgotáveis e a preservação da natureza era vista como contrária ao

desenvolvimento. Além disso, resíduos gerados eram descartados em aterros irregulares.

Recentemente, a percepção de que isso poderia levar a natureza à ruína, a qual já

existem indícios como o aquecimento global, desertificação e outros, fez com que a questão

ambiental fosse mais discutida em várias áreas de conhecimento. Assim, a construção civil,

mesmo que importante para o desenvolvimento econômico, também é responsável por

problemas ambientais relacionados à extração de matérias primas e geração de grande volume

de resíduos em construções e demolições.

Com o novo olhar para a questão ambiental, a busca de melhora da qualidade de

produtos, reciclagem de resíduos e redução de desperdício passaram a ser preocupações. Essa

preocupação faz com que inovações sejam mais procuradas, se intensificando no setor de

construção civil. Aliado a isso, a reciclagem de resíduos de construção e demolição surgem

como alternativa de material para aplicação na construção civil.

A partir da década de 80, com o estudo precursor de Pinto (1986), diversas pesquisas

foram realizadas na área de reciclagem de RCD, com uso em argamassas de assentamento de

alvenarias e de revestimento de paredes e tetos. Mesmo que com trinta anos de pesquisa,

pouco se tem da reciclagem e reutilização de resíduos na prática.

Um dos principais fatores que dificultam o uso de RCD reciclado são as características

do agregado final, uma vez que apresenta elevado teor de finos, forma e textura que

beneficiam o surgimento de fissuração. Além disso, a heterogeneidade do material também

tem influência. Outro fator é que não há especificação de norma para cada propriedade de

argamassas, o que dificulta o uso de novos materiais.

Com base nisso, esse trabalho busca contribuir para o avanço no estudo de agregados

reciclados e o comportamento de argamassas com o uso destes materiais. Utilizando o resíduo

da forma que sai das fontes geradoras e, transformando-o em agregado miúdo, substituiu-se

parcialmente o agregado miúdo natural por agregado reciclado, e se avaliou a influência do

material reciclado em propriedades de argamassas de revestimento moldadas com diferentes

tipos de agregados e cimentos.

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1.1 OBJETIVOS GERAIS

O objetivo principal deste trabalho é avaliar a influência do teor de finos de diferentes

agregados reciclados mistos nas propriedades das argamassas moldadas com diferentes tipos

de cimento para propor a utilização desse material em substituição parcial ao agregado

natural, nas argamassas de revestimento.

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Verificar o desempenho de argamassas ao integrar um sistema de revestimento;

Verificar a influência de diferentes tipos de cimento nas propriedades das argamassas

no estado fresco e endurecido;

Verificar a influência dos finos provenientes de diferentes tipos de agregados

reciclados na fissuração das argamassas;

Verificar a influência da natureza do agregado reciclado em propriedades das

argamassas no estado fresco e endurecido.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO

2.1.1. Definição e classificação

Segundo a Resolução nº 307 do CONAMA, publicada em 2002, os resíduos da

construção civil são aqueles advindos de construções, reparos, reformas e demolições de

obras, e os resultantes de escavação e preparação de terrenos. Comumente, são denominados

entulhos de obra e podem ser materiais como blocos cerâmicos, concreto, rochas, solos,

metais, resinas, colas, tintas, madeiras, argamassa, gesso, pavimento asfáltico, vidros,

tubulações, etc. Esta mesma resolução, alterada em 2012, pela Resolução 448, definiu os

resíduos de construção e demolição classificando nas classes conforme a Tabela 1.

Tabela 1 - Resíduos de construção e demolição separados por classes

Classes dos Resíduos de Construção e Demolição

CLASSE A

São os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como:

a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras

de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem.

b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes

cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento, etc.), argamassa e

concreto;

c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto

(blocos, tubos, meios-fios, etc.) produzidas nos canteiros de obras.

CLASSE B

São os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como plásticos, papel,

papelão, metais, vidros, madeiras e gesso.

CLASSE C

São os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações

economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem ou recuperação.

CLASSE D

São resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como tintas,

solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais à saúde oriundos

de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e

outros, bem como telhas e demais objetos e materiais que contenham amianto ou

outros produtos nocivos à saúde.

Fonte: CONAMA (2012).

2.1.2. Panorama quantitativo de RCD

Em 2013, foi publicado pelo Banco Mundial um estudo sobre a produção e gestão de

resíduos sólidos urbanos no mundo, com o título What a Waste. Segundo este relatório, no

ano de 2013 foram produzidos 1,2kg de resíduos sólidos por dia por habitante. Com base

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neste relatório, a revista americana The Economist publicou a Figura 1, que ilustra a

quantidade de lixo per capita produzido diariamente no mundo.

Figura 1 - Quantidade de resíduos per capita diário no mundo

Fonte: www.economist.com.

Os Estados Unidos produzem mais de 2,5Kg de resíduos por habitante diariamente,

mesmo valor apresentado pela Noruega. A Itália chega a 2,23kg por habitante diariamente, o

que considerando apenas a população urbana, chega a 89 mil toneladas de resíduos por dia.

O Banco Mundial afirma que os dados de disposição de resíduos são muito difíceis de

coletar, e não há um padrão de classificação, o que torna complicado comparar números entre

países, impossibilitando um panorama global do setor.

No Brasil, o Panorama dos Resíduos Sólidos divulgado pela Associação Brasileira de

Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE), em análise feita dos últimos

anos, é possível verificar um crescimento do total de resíduos coletados. No ano de 2011, os

Resíduos e Construção e Demolição representavam 33,77% do total de resíduos coletados,

num montante de 33,24 milhões de toneladas coletadas. Até 2014, o percentual de RCD do

total de resíduos subiu, até representar 38,42% do total. Em 2015, ocorreu uma leve redução,

fechando em 38,28%.

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Mesmo com a queda de 2014 para 2015, a quantidade de RCD coletada desde 2011

aumentou durante todos os anos, fechando 2015 com 45,16 milhões de toneladas coletadas. A

quantidade total de resíduos também cresceu continuamente, chegando em 2015 com cerca de

118 milhões de toneladas coletadas. Os dados são representados na Figura 2.

Figura 2 - Série histórica de resíduos coletados no Brasil

Fonte: Adaptado de dados da ABRELPE.

Apesar dos valores serem muito altos, sabe-se que na realidade, são muito maiores,

uma vez que os valores apresentados pela ABRELPE apenas condizem com a parcela de RCD

gerada por obras públicas e coletadas de vias públicas. Isto é, as demais obras que dão outro

destino para seus resíduos não são contabilizadas.

2.1.3. RCD no Brasil

De acordo com Miranda et al. (2009), no Brasil, a primeira pesquisa científica com o

uso de agregados reciclados de resíduos de construção civil em argamassas foi realizada em

1986, por Pinto. Já em 1991, surgiu na cidade de São Paulo/SP a primeira usina de reciclagem

do país.

A primeira ação efetiva legal de proteção ao meio ambiente com relação a resíduos,

aconteceu em 2002, com a resolução CONAMA 307. Nesta resolução, definiu-se que grandes

geradores de resíduos são obrigados a implantar um plano de gestão de RCD, visando uma

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destinação ambientalmente correta dos resíduos. Isso acabou incentivando a reciclagem e

novas normas técnicas foram publicadas pela ABNT em 2004.

Segundo Miranda et al. (2009), depois da resolução CONAMA 307, em 2002, a

quantidade de usinas de reciclagem aumentou significativamente. Enquanto até 2002 existiam

16 usinas, com até três usinas sendo inauguradas por ano, em 2009 já se contabilizava 47

usinas, representando uma taxa de crescimento de três a nove usinas instaladas por ano. Os

autores constataram que, embora todas as usinas estivessem reciclando RCD em sua

capacidade nominal, somente 3,6% do RCD gerado estava sendo reciclado para uso como

agregados, conforme ilustra a Figura 3.

Figura 3 - Agregado reciclado gerado a partir do RCD no Brasil

Fonte: Miranda et al. (2009).

Em 2010, um novo marco para a área de resíduos de construção aconteceu, com o

desenvolvimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Com o crescimento deste

setor, surgiu a necessidade de empresas recicladoras mobilizarem os governos e a sociedade

para a problemática do descarte de RCD, criando um representante para o aperfeiçoamento de

projetos, leis e programas voltados para a área. Assim, surgiu a Associação Brasileira para a

Reciclagem de Resíduos de Construção Civil e Demolição (ABRECON).

Em 2013, a ABRECON divulgou um relatório onde constatou que a taxa de

crescimento chegou a 10,6 usinas novas por ano, o que indica que o setor de reciclagem de

RCD está em expansão. Nesta pesquisa, foram caracterizadas 112 usinas, das 310 existentes

no país. Estas, em sua maioria, privadas, com número de funcionários entre cinco e vinte, e

com utilização de britador de mandíbulas. Em média, trabalham na faixa de 47% da sua

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capacidade máxima devido a paradas de produção, baixa saída de agregado reciclado ou falta

de matéria prima.

Em geral, as usinas de reciclagem de RCD brasileiras utilizam apenas os

equipamentos básicos: um britador (de martelo ou mandíbula), uma esteira transportadora e

uma ou mais peneiras. Com esses equipamentos, o RCD reciclado já pode ser utilizado como

sub-base de pavimentos, no entanto, para produção de areia para argamassas, pode não ser

suficiente, caso o objetivo seja obter um processo rentável e com qualidade garantida.

Segundo Angulo (2005), as atividades de britagem, peneiramento e lavagem são uma

forma de se reciclar a fração inorgânica não metálica dos RCD, sendo a reciclagem como um

todo, algo bem mais complexo, inclusive com a necessidade de outros equipamentos. O autor

relata que algumas usinas classificam a fração mineral do RCD conforme a coloração,

normalmente quando feita a separação desde a chegada do material, passando por catação

manual, de acordo com as cores cinza (quando predominantes componentes de indústria

cimentícia) ou vermelho (quando predominantes componentes de natureza cerâmica). Outras

usinas classificam conforme britagem e peneiramento, de acordo com a fração graúda,

intermediária ou fina (Figura 4). Miranda (2009) cita que a maioria das usinas no Brasil não

possui equipamentos suficientes que garantam a qualidade dos agregados reciclados, e, por

este motivo, não os produz.

Figura 4 - Fluxograma da reciclagem de RCD em algumas usinas do Brasil

Fonte: Adaptado de Angulo (2005).

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A PNRS é de suma importância para possibilitar o avanço do Brasil no combate aos

problemas ambientais, sociais e econômicos provocados pelo mau manejo de resíduos sólidos

pois prevê a redução de geração de resíduos, institui responsabilidade compartilhada de

geradores de resíduos, cria metas importantes para a eliminação de lixões e institui

instrumentos de planejamento em todos os âmbitos.

Segundo a PNRS, até agosto de 2014, as prefeituras do país deveriam apresentar um

plano de gestão de resíduos sólidos e colocá-lo em operação. Até o momento, isto não

aconteceu em algumas cidades na região central do Rio Grande do Sul. A reciclagem RCD

tem se desenvolvido significativamente no Brasil, porém ainda utiliza um sistema simples, de

forma que o controle de qualidade seja mais barato. Em geral, não existem equipamentos de

separação como tanques de flutuação ou por injeção de ar. Muitas empresas nem mesmo

realizam britagem secundária, ou qualquer peneiramento, como é o caso da GR2, única

empresa de reciclagem da cidade de Santa Maria.

2.1.4. RCD em Santa Maria

A região central do Rio Grande do Sul abrange 34 municípios, localizada numa

depressão com presença de colinas, com economia baseada no comércio e indústria da

construção civil. Região onde localiza-se Santa Maria, com população de 261031 habitantes

(95% na zona urbana), segundo o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística, com área total de 1778,129km².

Piovezan (2007) relata que a cidade de Santa Maria no ano de 2004 descartava um

volume médio mensal de RDC de 3184m³, o equivalente a 127 toneladas por dia. Hengen

(2012) constata que mais de 50% dos resíduos produzidos na cidade eram descartados de

maneira irregular. Neto (2005) diz que a disposição irregular de RCD pode acarretar muitos

problemas e que o primeiro passo para a elaboração e implementação de planos de gestão de

resíduos é diagnosticar a atual situação do município.

A resolução 307 do CONAMA, de 2002, cita que prefeituras ficam proibidas de

receber RCD em aterros sanitários. A disposição desses resíduos deve ser feita em aterros

especiais que, preferencialmente, realizem a reciclagem desses materiais. Segundo Delongui

et al. (2011), entre os 34 municípios que compõem a região central do estado, apenas a cidade

de Santa Maria possui uma área destinada à disposição final de RCD, com atributo legal para

reciclagem e transporte de RCD, situação mantida atualmente.

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Piovezan (2007) identificou áreas com descarte ilegal de resíduos na cidade de Santa

Maria, gerados provavelmente de construções informais, com transporte alternativo e sem

atributo legal. A partir do trabalho do autor, originou-se uma usina de reciclagem na cidade.

Hengen (2012) identificou seis empresas de tele-entulho na cidade de Santa Maria, no

entanto, apenas uma possuía atributo legal para transporte e deposição de resíduos, além de

área de transbordo e triagem, com atributo legal para reciclagem de RCD.

A empresa existente é privada, suas condições operacionais são simples, com poucos

equipamentos, possuindo um britador, uma esteira transportadora onde são realizadas

separações manuais e um equipamento simples de separação magnética. A licença da empresa

abrange as classes A, B, C e D, porém, não há demanda na cidade para a classe D. Assim, a

empresa recicla materiais de classes A e B e recebe materiais da classe C. Os resíduos são

retirados das obras por caminhões caçamba, levados até a usina, despejados na área de

triagem e separados manualmente. O material classificado como RCD passa pelo britador,

seguindo para a esteira (onde acontece nova separação manual), e por fim, passa por

separação magnética (Figura 5). Após, o material é misturado ao já britado, fica ao ar livre e

logo é encaminhado a alguma obra de pavimentação, para uso em sub-base.

Figura 5 - Equipamentos da GR 2 (a) britador (b) esteira transportadora

a) b)

Fonte: Oliveira(2015).

Conforme relatado por Oliveira(2015), o material apresenta 40% de cerâmica

vermelha, 25% de argamassas, 20% de concreto e rochas, 10% de cerâmica e 5% de outros

materiais. Segundo o proprietário, a prefeitura atua indiretamente, exigindo comprovação de

documentação de gerenciamento de resíduos como condição a liberação de alvarás e habite-

se. O mesmo diz que em torno de 30% das obras da cidade de Santa Maria enviam seus

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resíduos para a usina. As demais acabam levando para locais clandestinos ou áreas próprias,

de qualquer modo, sem o atributo legal para tal. O material que sai da empresa é utilizado

apenas como sub-base de pavimentos, uma vez que muitas empresas desconhecem a

economia gerada com a utilização de RCD ou ainda são resistentes ao uso de materiais

alternativos.

Miranda et al. (2009) consideram que a gestão de RCD por parte das construtoras só

ocorrerá mediante a cobrança por parte dos órgãos municipais, condicionando o

licenciamento da obra à elaboração de projetos de gerenciamento de resíduos. Além disso, os

autores acreditam que é necessária a conscientização dos funcionários quanto ao desperdício

para auxílio na redução de geração de RCD no canteiro. A empresa concorda que a adequada

gestão de resíduos depende da iniciativa das construtoras e colaboração dos funcionários,

aproveitando ao máximo os materiais da obra, com descarte consciente, de forma a não

misturas classes de resíduos.

Oliveira (2015) observa que a usina de Santa Maria necessita de maior controle de

qualidade do RCD, uma vez que foi observada heterogeneidade e necessidade de agregar

tecnologia ao processamento, possibilitando oferecer novos materiais como agregado miúdo

reciclado para argamassas.

2.1.5. Agregados gerados a partir de RCD

A resolução 307 do CONAMA, de 2002, define agregado reciclado como um material

granular advindo do beneficiamento de resíduos de construção que contenham características

técnicas para aplicação em obras de edificação, infraestruturas, aterros sanitários ou outros.

Segundo Santana et al. (2001), desde a década de 80 subprodutos de carvão e cinzas

volantes são utilizados em cimento Portland, reaproveitando resíduos de construção civil.

Comumente, utiliza-se RCD em sub-bases de pavimentos ou como agregados reciclados em

concreto sem função estrutural, ambas atividades já normatizadas. Algumas usinas brasileiras

já produzem areia reciclada, porém ainda não há norma vigente para a utilização deste

material em argamassas.

A Associação Brasileira para Reciclagem de RCD (ABRECON) diz que, em cidades

como São Paulo, o agregado reciclado é classificado em granulometrias de areia, pedrisco,

brita, bica e rachão. A fração fina de material obtido da britagem ou moagem do entulho,

dependendo das características, pode ser empregado em argamassas. A NBR 15116 (ABNT,

2004) faz a classificação de agregados quanto à sua origem, agregado reciclado de concreto

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(ARC), com teor de fragmentos à base de cimento e rochas superior à 90%; e agregado

reciclado misto (ARM), com teor inferior à 90%. Na prática, essa classificação é muito difícil

de ser controlada, uma vez que o material tem volume muito grande.

Santana et al. (2001) afirmam que a principal diferença entre os agregados reciclados

no canteiro de obras ou usina é que, no canteiro, a separação de materiais é mais fácil, uma

vez que serão reciclados de acordo com a execução da obra. Isto é, na fase estrutural, separar

os resíduos de concreto, na fase de acabamentos, separar resíduos de argamassa, e assim por

diante, de modo que o agregado reciclado tenha composição mais homogênea. Já o agregado

reciclado em usina, tem origem de diversas obras, portanto, é constituído de vários tipos de

materiais, assim, a separação agrega custo ao processo, podendo tornar inviável a reciclagem.

Nesse caso, deve-se buscar aplicações que possibilitem utilizar o material com origem

heterogênea.

Cabral (2007) explica que a cerâmica vermelha, argamassas e concretos representam

mais de 70% de todo resíduo de construção e demolição, em todas as cidades do país de onde

se tem dados de caracterização desses resíduos. O agregado reciclado, portanto, devido à sua

origem, é definido como um material heterogêneo. A composição varia de uma região para

outra ou mesmo na própria recicladora. Isso acontece porque o resíduo é produzido em um

setor que envolve muita variedade técnicas, métodos e materiais.

No caso da empresa fornecedora do RCD deste estudo, a GR2, o material resultante de

reciclagem é misto, com diversas fases presentes, como argamassa, tijolos, blocos cerâmicos,

concreto e rochas. Para utilizar os agregados reciclados, Mehta e Monteiro (2008) consideram

importante conhecer características como porosidade, composição granulométrica, absorção

de água, forma e textura superficial de partículas, resistência à compressão, módulo de

elasticidade e os tipos de substâncias deletérias existentes.

2.2. ARGAMASSAS DE REVESTIMENTO

2.2.1. Definições e usos

Segundo a NBR 13281 (ABNT, 2005), argamassa é uma mistura homogênea formada

por aglomerantes de origem mineral, agregados miúdos e água, numa proporção adequada,

podendo conter aditivos ou adições, capazes de aderir e endurecer, com possibilidade de

dosagem em obra ou comercializada por indústria.

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A literatura classifica argamassas de várias formas, pela utilização, tipos de

aglomerantes, traço ou outras. A Tabela 2 sintetiza a classificação da NBR 13281 (ABNT,

2005).

Tabela 2 - Tipos de argamassa conforme o uso

Argamassas Usos

Assentamento - em alvenaria de vedação: indicada para ligação de componentes de vedação no

assentamento em alvenaria com função de vedação;

- em alvenaria estrutural: indicada para ligação de componentes de vedação no assentamento

em alvenaria com função estrutural;

- para complementação de alvenaria (encunhamento): indicada para o fechamento da

alvenaria de vedação, após a ultima fiada da alvenaria;

Revestimentos

de paredes e

tetos

- revestimento interno: indicada para revestimento de ambientes internos da edificação. É

caracterizada como camada de regularização;

- revestimento externo: indicada para revestimentos de fachadas, muros e outros elementos

que estão em contato com o ambiente externo. É caracterizada como camada de

regularização;

Uso geral indicadas tanto para o assentamento de alvenaria sem função estrutural como para

revestimento de paredes e tetos internos e externos;

Reboco também conhecida como massa fina, é indicada para o cobrimento do emboço, resulta numa

superfície fina;

Decorativa em

camada fina

indicada para revestimentos decorativos, com a finalidade de acabamento;

Decorativa em

monocamada

indicada para revestimentos de fachadas, muros e outros elementos em contato com o meio

externo, tem a finalidade de acabamento com fins decorativos.

Fonte: NBR 13281 (ABNT, 2005)

2.2.2. Sistemas de revestimento

Segundo a NBR 13529 (ABNT, 2013), os elementos que compõem os sistemas de

revestimento são definidos como:

• Base ou substrato: parede ou teto formados por material inorgânico, não

metálico, sobre os quais é aplicado o revestimento;

• Revestimento de argamassa: cobrimento de uma superfície com uma ou mais

camadas superpostas de argamassa (Figura 6), apto a receber acabamento decorativo ou se

constituir em acabamento final.

A mesma norma define em relação à função de cada camada de argamassa nos

revestimentos:

• Chapisco: camada de preparação da base, aplicada de forma contínua ou

descontínua, a fim de uniformizar a superfície quanto à absorção e melhorar a aderência do

revestimento;

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• Emboço: camada de revestimento feita para cobrir e regularizar a superfície do

chapisco ou base, propiciando uma superfície que possa receber outra camada de revestimento

decorativo ou reboco ou que se constitua no acabamento final;

• Reboco: camada de revestimento utilizada para cobrir o emboço, de modo que

a superfície possa receber o revestimento decorativo ou que se constitua de acabamento final.

Figura 6 - Camadas que compõem os sistemas de revestimento, onde (a) revestimento com

emboço + reboco + pintura (b) camada única+ pintura (c) revestimento monocamada

a) b) c)

Fonte: Carasek (2007).

O substrato é a base para aplicação de camadas de revestimento. Geralmente, as mais

comuns são bases de alvenaria cerâmica ou de concreto. Os substratos, especialmente aqueles

em que não é aplicada camada de chapisco, exercem grande influência na performance final

de revestimentos.

O chapisco é uma camada de preparação de base para que proporcione melhor

aderência da argamassa ao substrato. Muitas vezes, a superfície do bloco, seja cerâmico ou de

concreto, não propicia a aderência por baixa rugosidade ou baixa/elevada absorção capilar.

Assim, aplica-se o chapisco para obter superfície de contato maior e uniformizar a absorção.

O chapisco pode ser executado por vários métodos, comumente, tem-se chapisco

convencional e rolado. O chapisco convencional, mais utilizado na cidade de Santa Maria, é

criado com traço 1:3 (cimento: areia grossa, em volume). Executa-se lançando com a colher

de pedreiro vigorosamente sobre a base, garantindo rugosidade.

Miranda (2000) estudou a aplicação de chapisco, constatando que é muito útil na

redução de fissuras das argamassas com agregados reciclados, chegando até a impedir

totalmente o surgimento. Tal efeito foi atribuído à elevação da resistência de aderência ao

cisalhamento do revestimento.

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O emboço, quando não realizado o revestimento de camada única, é uma camada

intermediária que permite a regularização da base. Acaba adquirindo a maior espessura entre

as camadas que compõem o revestimento. Na maioria dos casos é formado por uma mistura

de areia, cimento e cal, atuando como base para aplicação de reboco, promovendo boa

ancoragem, garantindo boa aderência entre as camadas.

O reboco é a camada do revestimento com a função de promover o acabamento da

superfície. Deve possuir espessura fina, promovendo uma superfície adequada para receber ou

se constituir como acabamento final. Geralmente, aplicado com o uso de desempenadeiras

com movimentos circulares.

A Tabela 3 estabelece as espessuras de revestimento interno e externo de paredes e

tetos.

Tabela 3 - Espessuras admissíveis de revestimentos internos e externos

Revestimento Espessura [e] (mm)

Parede interna 5 ≤ e ≤ 20

Parede externa 20 ≤ e ≤ 30

Teto interno e externo e ≤ 20

Fonte: NBR 13749, (ABNT, 2013).

2.2.3. Funções dos sistemas de revestimento

Segundo Oliveira (2015), é de consenso entre vários autores como Bauer, Barros,

Bonin, Carasek e Masuero, que os sistemas de revestimento possuem desempenho. Isto é,

além das características das argamassas, é preciso analisar o sistema como um todo. Cincotto

et al. (1995) citam que o desempenho de argamassas de revestimento é afetado por efeitos das

condições de exposição e ação dos usuários. Podem ser extrínsecos, quando associados à

solicitação externa sobre o sistema, por exemplo, a temperatura, chuvas, ventos; e intrínsecos,

quando associados às propriedades dos materiais.

Basicamente, os revestimentos devem proteger a alvenaria e a estrutura contra a ação

do intemperismo e integrar o sistema de vedação dos edifícios, contribuindo com diversas

funções, como isolamento térmico e acústico, estanqueidade, resistência ao fogo, a desgastes

e abalos superficiais. Carasek (2007) diz ainda que para atender um sistema de revestimento,

algumas propriedades são imprescindíveis para o bom desempenho das argamassas no estado

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fresco, como a trabalhabilidade, consistência, plasticidade, entre outras. No estado

endurecido, devem possuir baixa retração e permeabilidade, aderência adequada, capacidade

de absorves deformações e resistência mecânica. Bauer (2005) concorda, dizendo que para

garantir um bom desempenho dos sistemas de revestimentos, é de suma importância que

cumpram funções desde a proteção de alvenaria até as funções de natureza estética.

2.2.4. Propriedades dos materiais constituintes

Bauer (2005) cita que o estudo de materiais que constituem as argamassas e as suas

funções se justifica pela falta de regras claras de especificação de materiais, que na maioria

das vezes ocorre empiricamente, baseados em experiências profissionais, resultando em um

índice crescente de patologias nos revestimentos. Os principais materiais que constituem um

sistema de revestimento de argamassa tradicional são cimento, cal, agregado miúdo (areia) e

água.

2.2.4.1. Aglomerantes

a) Cimento

A NBR 5732 (ABNT, 1991) define cimento Portland comum como um aglomerante

hidráulico que é obtido a partir da moagem de clínquer Portland, ao qual se adiciona, durante

a operação, uma quantidade de uma ou mais formas de sulfato de cálcio. Durante a moagem, é

permitido adicionar materiais pozolânicos, escórias granuladas de alto-forno e/ou materiais

carbonáticos à mistura (Tabela 4).

Selmo (1991) cita que os aglomerantes precisam ter finura adequada (por motivos de

trabalhabilidade e retenção de água) e resistência mecânica baixa a média (pois revestimentos

comuns com alta resistência à tração geralmente têm maior módulo de elasticidade e baixa

capacidade de deformação).

A pega do cimento é importante pois está relacionada ao desenvolvimento de reações

de hidratação do cimento, após o contato com a água. É caracterizada pelo enrijecimento

progressivo da pasta de cimento até o completo endurecimento. Bauer (2005) explica que o

período de utilização deve ser relacionado ao tempo de pega, especialmente em operações de

reaproveitamento de grandes quantidades de argamassa durante a aplicação do revestimento,

para evitar perda de desempenho da argamassa.

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Tabela 4 - Tipos e constituição dos cimentos Portland normatizados no Brasil

Tipo de cimento

Portland Sigla

Composição (% de massa)

Norma

ABNT Clínquer

+ gesso

Escória

(sigla E)

Pozolana

(sigla Z)

Mat.

Carbonático

(sigla F)

Comum CP I

CP I – S

100%

95 a 100%

0%

1 a 5%

NBR

5732

Composto

CP II – E

CP II – Z

CP II – F

56 a 94%

76 a 94%

90 a 94%

6 a 34%

0%

0%

0%

6 a 14%

0%

0 a 10%

0 a 10%

6 a 10%

NBR

11578

Alto Forno CP III 25 a 65% 35 a 70% 0% 0 a 5% NBR

5735

Pozolânico CP IV 50 a 85% 0% 15 a 50% 0 a 5% NBR

5736

Alta resistência

inicial CP V – ARI 95 a 100% 0% 0% 0 a 5%

NBR

5733

Fonte: ABCP (2010).

b) Cal

A cal é um aglomerando que pode ser obtido pela calcinação de calcários (CaCO3) ou

dolomíticos (CaCO3 + MgCO3) por meio de reações químicas de decomposição térmica. Ao

ser hidratada, esta cal, forma a cal hidratada. O endurecimento acontece por meio de reação

química de transformação da cal em carbonato de cálcio, pelo processo de carbonatação

(fixação de gás carbônico presente no ar).

Segundo Bauer (2000), a cal hidratada tem algumas vantagens sobre a cal virgem, por

exemplo a facilidade de manuseio, transporte e armazenamento. Além disso, é um produto

seco, pronto para utilização, mais fácil de misturar nas argamassas.

Cincotto et al. (1995) ressaltam que a cal é um aglomerante que confere plasticidade

às pastas e argamassas no estado fresco, o que permite mais deformações no estado

endurecido, sem ocorrência de fissuração. Carasek (2007) cita que argamassas no estado

fresco com cal, apresentam melhor preenchimento dos vazios do substrato, pois tem maior

trabalhabilidade e plasticidade. Consequentemente, quanto endurecidas, há menos

aparecimento de fissuras, pois se tem menor retração hidráulica durante a cura ou pela

movimentação térmica dos componentes.

Barbosa (2013) diz que, as principais propriedades a serem analisadas para

determinação da qualidade da cal, são a sua composição química e finura. Ainda, a quantidade

de óxidos existes na cal (Tabela 5) demonstra o grau de pureza, enquanto teores de anidrido

carbônico e resíduo insolúvel demonstra o nível de impureza.

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Tabela 5 - Cal hidratada para construção – exigências químicas

Requisitos Critérios Limite

CH I CH II CH III

Anidirido

carbônico

Na fábrica ≤ 5% ≤ 5% ≤ 13%

No depósito ≤ 7% ≤ 7% ≤ 15%

Óxidos de cálcio e de magnésio não

hidratados (CaO + MgO) ≤ 10% ≤ 15% ≤ 15%

Óxidos totais na base de não voláteis

(CaO + MgO) ≥ 90% ≥ 88% ≥ 88%

Fonte: NBR 6453 (ABNT, 2003)

2.2.4.2. Agregados

O agregado miúdo possui importante função no desempenho de argamassas quanto à

resistência mecânica, retração e módulo de deformação, uma vez que é o material de maior

proporção na composição. A areia natural é o tipo de agregado miúdo mais utilizado e

minimiza efeitos de retração e pode reduzir o custo, visto que tem valor bem inferior ao do

aglomerante.

Bauer e Sousa (2005) indicam para a escolha adequada de agregados, deve-se atentar

para que o material não tenha matéria orgânica ou impurezas que possam provocar patologias

nas argamassas. Ainda, o módulo de finura é um parâmetro importante para a classificação

em argamassa fina, média ou grossa (Tabela 6).

Tabela 6 - Classificação dos agregados e usos

Classificação quanto ao módulo de finura

(Bauer e Souza, 2005)

Indicação de uso

(Carneiro 1993)

Areia Módulo de finura

Grossa MF > 3,00 Chapisco

Média 2,00 ≤ MF ≤ 3,00 Emboço

Fina MF < 2,00 Reboco

Média+ Fina Massa única

Fonte: Oliveira (2015).

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Os agregados podem ser naturais, quando se encontram em forma particulada na

natureza (areia), ou artificiais, quando produzidos por algum processo industrial. Miranda

(2000) diz que os agregados reciclados podem ou não obedecer aos limites de agregados

miúdos, sendo as partículas compreendidas entre 4,75mm e 75µm, uma vez que são

provenientes de vários tipos de materiais, de diferentes etapas da obra. Assim, dependendo

dos finos em sua composição, pode ser considerado uma mistura de agregado miúdo com

adição plastificante (materiais cuja função principal é contribuir para a coesão e plasticidade

das argamassas).

Em 1997, Levy observou que diferentes propriedades de argamassas podem ser

obtidas de acordo com o material utilizado como agregado reciclado. Isto se deve às

características físicas e químicas de cada material. As propriedades mecânicas de argamassas

também podem ser alteradas pelas impurezas que possam existir no entulho de construção.

2.2.5. Agregados reciclados

Ao trabalhar com agregados reciclados, deve-se atentar para variáveis que, no caso de

uso de agregados naturais, não influenciariam. A produção de argamassas com agregados

reciclados pode sofrer com a variabilidade, contaminação e elevado teor de finos dos

agregados.

2.2.5.1. Variabilidade

Segundo Santana et al. (2001), como existe variabilidade na composição do RCD, que

é influenciada pela localização da obra, época do ano, tipo de obra, entre outros, esta

variabilidade se reflete nos agregados reciclados. Isto influencia em características de forma,

textura, massa específica e absorção de água dos agregados. Dal Molin et al. (2009) destaca

que a variabilidade de composição dos agregados reciclados é uma das barreiras para difusão

do seu uso como alternativa na confecção de concretos.

Miranda (2000) destaca que a heterogeneidade é uma das principais dificuldades de

utilização do entulho reciclado, para concretos e argamassas. No entanto, não estão

quantificados limites para variação mineralógica ou granulométrica do agregado reciclado

para emprego em argamassas de construção. Assim, Zordan (1997) representou a

variabilidade de composição em função do período de coleta, para a Central de Moagem de

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Ribeirão Preto. Conforme a Figura 7, observa-se que cerâmicas e pedra variaram mais de 10%

em uma mesma central, em quatro meses.

Figura 7 - Variabilidade dos agregados reciclados na Central de Ribeirão Preto

Fonte: Zordan (1997).

A utilização de agregados reciclados implica na consideração da variabilidade da

composição, que pode influenciar a granulometria, forma e textura dos grãos, absorção de

água, e, por consequência, a retenção de água, permeabilidade, resistência mecânica, entre

outras propriedades de argamassas. Angulo (2000) aponta a formação de pilhas de

homogeneização como medida para variabilidade dos agregados reciclados.

2.2.5.2. Contaminação e impurezas

Ainda, o resíduo da construção é sujeito a contaminação, o que pode inviabilizar sua

reciclagem. Isso pode ser evitado com técnicas racionais de construção e demolição. É

necessário cuidado em relação a materiais contaminantes, uma vez que a remoção destes após

a britagem é muito difícil, o que acarreta em efeitos negativos às argamassas.

Lima (1999) define os materiais não inertes como cloretos, sulfatos, matéria orgânica,

produtos industrializados leves, entre outros, como contaminantes de materiais reciclados.

Miranda e Selmo (2003) citam que os principais contaminantes de areia reciclada são

materiais pulverulentos, matéria orgânica e presença de gesso. Este tipo de contaminação

pode ser combatido pela seleção prévia do RCD. Para os autores, a contaminação de gesso e

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seus limites de aceitação, na forma de sulfatos, são os mais preocupantes. Os efeitos do gesso

em argamassas podem ser amenizados com o uso de cimentos mais resistentes a sulfatos

como o CP III e o CP IV. As impurezas têm limites admissíveis de acordo com o uso para o

agregado reciclado. A NBR 15116 (ABNT, 2004) apresenta os valores para uso em concreto

sem função estrutural (Tabela 7).

Tabela 7 - Uso de RCD em concreto sem função estrutural

Propriedades

Agregado reciclado classe A Normas de ensaios

ARC ARM

Graúdo Miúdo Graúdo Miúdo Agregado

graúdo Agregado

miúdo

Teor de fragmentos à base de cimento e rochas (%)

≥ 90 - <90 - Anexo A

NBR 15116 -

Absorção de água (%) ≤ 7 ≤ 12 ≤ 12 ≤ 17 ABNT NBR

NM 53 ABNT NBR

NM 30

Contaminantes – teores máximos

em relação à massa do agregado

reciclado (%)

Cloretos 1 ABNT NBR 9917

Sulfatos 1 ABNT NBR 9917

Materiais não minerais

2 Anexo A

NBR 15116 Anexo B

NBR15116

Torrões de argila 2 ABNT NBR 7218

Teor total máximo de

contaminantes 3 -

Teor de material passante na malha 75 µm (%)

≤ 10 ≤ 15 ≤ 10 ≤ 20 ABNT NBR NM 46

Para efeitos desta Norma, são exemplos de materiais não minerais: madeira, plástico, betume, materiais carbonizados, vidros e vidrados cerâmicos.

Fonte: ABNT (2004).

Levy (1997) diz que pequenas quantidades de aço ou pedaços de arame podem causas

manchas ou pequenos danos à superfície do concreto, especialmente se existentes cloretos. A

remoção destes metais pode ser feita por separação magnética, antes do seu beneficiamento,

de modo a evitar danos aos equipamentos de britagem. Hansen (1992) salienta que o teor de

vidro contido no RCD deve ser limitado, uma vez que pode ocasional reações álcali-sílica,

quando em contato com cimento e umidade, mesmo que o cimento utilizado seja de baixo teor

de álcalis.

2.2.5.3. Teor de material pulverulento

A NBR 15116 (ABNT, 2004) limita em 20% o teor de finos (material <75 μm) nos

agregados reciclados mistos, quando a utilização for para concreto sem função estrutural. No

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entanto, para argamassas, não há requisitos na norma. A norma europeia EM 13139 (2002)

limita em 5% o teor de finos (material <63 μm) para o uso em argamassas de revestimento,

para qualquer tipo de agregado (natural, artificial ou reciclado). Miranda e Selmo (2003)

constataram que a presença de finos menores a 75μm podem ocasionar fissuras, diminuição

de aderência e outros tipos de redução de desempenho.

2.2.6. Influência de propriedades dos agregados reciclados nas propriedades das

argamassas

2.2.6.1. Granulometria e teor de finos

A granulometria de agregados influencia na trabalhabilidade, resistência mecânica,

absorção de água, permeabilidade e consumo de aglomerantes. Segundo Barbosa (2013), a

composição granulométrica pode alterar a ductilidade e resistência mecânica de argamassas,

pois pode promover a existência de vazios entre os grãos, aumentando o consumo de cimento

e produzir compostos de alta porosidade, como em granulometrias uniformes. O

empacotamento de partículas pode ser maximizado pela correta seleção de diâmetros e

quantidades, de forma que os espaços vazios sejam preenchidos. Deve-se atentar para a

morfologia das partículas, uma vez que podem variar em diferentes materiais como areia de

rio (arrendondada) e rocha britada (irregular). O mesmo ocorre para areia de rio e agregado

reciclado.

Nascimento (2007) diferencia os tipos de areias recicladas para aplicações não

estruturais em areia reciclada com finos, que é artificial, obtida pelo beneficiamento de RCD,

classe A, ou concretos e argamassas de cimento Portland ou mistos com cerâmica, em

processo de separação via seca, tendo partículas passantes na peneira de abertura 4,75mm,

também pode ser chamada de areia reciclada não lavada; e areia reciclada lavada, que tem as

mesmas características da areia reciclada não lavada, porém, pode ser passante na peneira de

abertura menor ou igual a 4,75mm e é resultante de processo de classificação via úmida, para

que haja remoção de finos inferiores a 75μm.

Miranda (2000) verificou em uma central de reciclagem no Brasil que os teores de

finos (material <75μm) alcançaram até 30% da massa total. Duailibe (2008) diz que ao usar

em argamassas agregados reciclados com fração mais fina, tem-se maior superfície específica,

o que acarreta maior necessidade de água na mistura, formando materiais com poros menores

e maior potencial de sucção.

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2.2.6.2. Forma e textura superficial dos grãos

A forma dos grãos, segundo Mehta e Monteiro (2008), se refere às características

geométricas do agregado, podendo ser arredondadas, angulosas, achatadas ou alongadas. Já a

textura superficial se relaciona com a superfície do agregado, sendo lisa ou áspera, baseada

em avaliação visual. A forma e textura têm maior influência nas propriedades da argamassa

no estado fresco que no estado endurecido.

Barbosa (2013) afirma que a forma e textura de partículas dos agregados influenciam

nas propriedades que depende da quantidade de água de amassamento empregada em

argamassas. Partículas com textura áspera ou de forma angulosa ou alongada, requerem mais

pasta de cimento, aumentando o custo do produto final. Ainda, há aumento na aderência,

devido a textura áspera, relacionado ao efeito de forças físico-químicas e com o efeito de

intertravamento mecânico entre agregado e pasta.

Angulo (2000) relata que agregados reciclados em geral são mais angulares,

irregulares, de superfície porosa e textura áspera que os naturais. No entanto, essas

características variam dependendo da composição do resíduo e equipamento de britagem. A

Tabela 8 mostra diferenças entre formas de grãos presentes em agregados naturais e

reciclados.

Tabela 8 - Forma dos grãos

AGREGADOS

FORMA DOS GRÃOS

Esfericidade Arredondamento

Areia Natural 0,9/0,7 0,7/0,5

Bloco cerâmico 0,5/0,3 0,5/0,3

Tijolo 0,7/0,5 0,7/0,5

Bloco de concreto 0,9/0,7 0,7/0,5

Fonte: Adaptado de Hamassaki et al. (1996).

2.2.6.3. Massa específica e massa unitária

A porosidade do material influencia diretamente na massa específica, enquanto a

massa unitária também é influenciada pela distribuição de tamanho e forma dos grãos. A

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massa específica e a unitária são diferentes para agregados reciclados pela composição do

agregado.

Conforme Lima (1999), a massa unitária e específica de agregados reciclados tende a

ser menos que a encontrada para agregados naturais. Isso reflete nas massas específicas de

argamassas e concretos elaborados com o material. Além disso, agregados reciclados de

concreto apresentam massa específica maior que os provenientes de alvenaria.

A massa unitária considera os vazios existentes e é muito importante na dosagem de

argamassas, para que seja feita a conversão do traço em massa para em volume, comumente

utilizado na produção de argamassas em obra.

2.2.6.4. Absorção de água

Carneiro et al. (2001) afirmam que agregados reciclados apresentam maior absorção

de água que o agregado natural. Isso se deve a grande porosidade e maior quantidade de finos.

Lima (1999) diz que a absorção do agregado reciclado é diretamente proporcional à

porosidade dos componentes do RCD, uma vez que os agregados reciclados de alvenaria e

argamassa tem taxas de absorção em torno de 15%, enquanto agregados reciclados de

concreto, ficam na faixa de 10%.

Segundo Leite (2001), caso a absorção não seja considerada, a trabalhabilidade do

material reduz, deixando o concreto muito seco, necessitando de mais água. Isso implica na

redução de resistência mecânica ou aumento do consumo de cimento, que eleva o custo. Da

mesma forma, ocorre para argamassas.

Angulo (2000) afirma que o efeito da relação água/cimento é relacionada à dimensão

das partículas, isto é, quanto menor a dimensão das partículas, maior o efeito, tendendo a

aumentar a absorção de água em relações água/cimento maiores. Em agregados graúdos, este

efeito é desprezível. Quanto menor a dimensão da partícula, maior a quantidade de argamassa

aderida ao grão. A Tabela 9 ilustra a absorção de água de alguns materiais quando

transformados em agregado miúdo.

Tabela 9 - Absorção de água de alguns materiais processados como agregados miúdos

Absorção de água

Material Areia Natural Bloco cerâmico Tijolo Bloco de concreto

Absorção 0,7% 9,6% 17,4% 5,6%

Fonte: Adaptado de Hamassaki et al. (1996)

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2.2.7. Propriedades das argamassas

Segundo Sousa e Bauer (2002), a compreensão das propriedades de argamassas no

estado fresco é importante para a indústria da construção pois esses materiais são

normalmente aplicados em sua forma plástica, o que se torna complexo para o meio técnico,

levando em consideração o universo dos materiais, técnicas de transporte e aplicação e tipos

de substrato disponíveis.

Silva e Bauer (2009) afirmam que as solicitações às quais o revestimento está

submetido são variações térmicas, ações de vento e umidade, carregamentos estáticos e

dinâmicos, deformações diferenciais, peso próprio, abrasão e impactos. Por este motivo,

entender as propriedades físico-mecânicas das argamassas é necessária para a especificação

que mais atenda às necessidades, tendo em vista a qualidade e durabilidade.

A classificação das argamassas conforme suas características e propriedades é feita

segundo a NBR 13281 (ABNT, 2005), e se encontra no ANEXO E. No entanto, esse texto

normativo não informa sobre a adequação do emprego de determinada argamassa para

determinada condição de serviço. Nakakura e Cincotto (2004) afirmam que a classificação de

propriedades é baseada na classificação francesa, denominada MERUC (Centre Scientifique

et Technique du Batiment, 1993). A Tabela 10 mostra as principais propriedades de

argamassas para a norma brasileira e francesa.

Tabela 10 - Propriedades utilizadas na classificação das argamassas

Norma Brasileira (NBR 13281) Norma Francesa (MERUC)

a) Resistência à compressão a) M - densidade de massa aparente no estado

endurecido (kg/m³)

b) resistência à tração b) E - módulo de deformação (MPa)

c) densidade de massa no estado fresco c) R - resistência à tração na flexão (MPa)

d) densidade de massa no estado endurecido d) U - retenção de água no estado fresco (%)

e) capilaridade e) C - coeficiente de capilaridade (g/dm². min1/2

)

f) retenção de água

g) resistência de aderência

Fonte: Oliveira (2015).

2.2.7.1. Índice de consistência e percentual de água

Segundo Carasek (2007), consistência é a propriedade das argamassas que, quando

sob ação de cargas, possui maior ou menor facilidade de se deformar, enquanto a plasticidade

é a propriedade pela qual a argamassa tende a se conservar deformada, após cessas as tensões.

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A consistência é definida por um índice e é relacionada à trabalhabilidade, uma das mais

relevantes propriedades de argamassas em estado fresco, é o que determina a facilidade em

que pode ser misturada, lançada, adensada e acabada.

Cincotto (1995) cita que a trabalhabilidade pode ser influenciada pela granulometria,

módulo de finura, forma dos grãos, teor de aglomerantes e utilização de cal. Está associada

com a plasticidade, retenção e exsudação de água, coesão interna, tixotropia, adesão e massa

específica. A consistência é associada a essas propriedades de mesma forma, e por isso, é

utilizada como medida de trabalhabilidade.

Para Bahia e Sabbatini (2002), uma argamassa de revestimentos é trabalhável quando

a colher de pedreiro consegue penetrar facilmente, não é fluida, é coesa durante transporte e

não adere a colher de pedreiro, de forma que ao ser lançada, distribui-se facilmente. Segundo

Bauer (2005), a execução de revestimentos exige plasticidade, para que se deforme sobre a

superfície do substrato quando lançada e aplicada; fluidez, para que envolva a rugosidade do

substrato; e retenção de água, para que mantenha trabalhabilidade (Figura 8).

Figura 8 - Condições de aplicação das argamassas

Fonte: Bauer (2005).

2.2.7.2. Retenção de água

Bahia e Sabbatini (2008) definem a retenção como a capacidade que a argamassa tem

de reter a água de amassamento contra sucção da base ou evaporação. Ainda, dizem que a

retenção permite que reações de endurecimento da argamassa se tornem gradativas, o que

promove hidratação do cimento e ganho de resistência.

Cincotto (1985) diz que a capacidade de retenção de água de uma argamassa varia

com o potencial de sucção da superfície aplicada. O aumento da retenção pode ser alcançado

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aumentando os materiais de grande área específica ou emprego de aditivos que impeçam a

rápida perda de água.

Ainda, segundo a mesma fonte, caso não ocorra retenção adequada pela argamassa, a

absorção excessiva de água pela superfície o expande, o que aumenta o potencial de retração

na secagem. Assim, pode ocorrer redução na resistência de aderência, ficando mais rígida

quando endurecida, o que implica menor capacidade de absorção de deformações. A

argamassa perde resistência, e então, a durabilidade e estanqueidade ficam comprometidas.

Carasek (2007) afirma que a retenção de água pode interferir também no tempo de

aplicação, regularização e desempeno. No estado endurecido, a retenção afeta condições de

hidratação do cimento e carbonatação da cal, responsáveis pela evolução do endurecimento da

argamassa. Como a retenção interfere na velocidade de evaporação da água de amassamento,

influi na retração por secagem. Resende (2004) comenta que a retenção de água em torno de

85% é importante para o ganho de resistência e aderência, que ocorre devido ao

endurecimento adequado da argamassa.

2.2.7.3. Densidade de massa e teor de ar incorporado

A massa específica aparente, também denominada densidade de massa, é definida

como a relação entre massa e volume do material, o que inclui os vazios a determinada

temperatura. Esses vazios contêm ar aprisionado ou espaços, deixados pela evaporação do

excesso de água de amassamento. Nakakura e Cincotto (2004) afirmam que o teor de ar

incorporado interfere diretamente na resistência a compressão.

Bahia e Sabbatini (2008) afirmam que um alto teor de ar pode prejudicar a resistência

e aderência da argamassa, pelo grande número de vazios. Segundo Nakakura e Cincotto

(2004), o teor de ar incorporado é a quantidade de ar que fica aprisionado no estado fresco, e

tem influência direta com a densidade de massa relativa da argamassa nos estados frescos e

endurecido, uma vez que o ar possui densidade menor que a argamassa e ocupa uma fração de

sua massa.

A NBR 13276 (ABNT, 2005) fixa quatro minutos de tempo de mistura. Tempo

considerado adequado para argamassas mistas, uma vez que a incorporação de ar é igual ou

muito parecida do teor incorporado em obra.

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2.2.7.4. Resistência à tração na flexão e resistência à compressão

Para Cincotto (1985) a resistência à compressão de argamassas tem início com o

endurecimento, aumentando continuamente com o tempo, e traduz o grau de hidratação da

argamassa. Ainda, enfatiza que apenas valores de resistência não são suficientes para

determinar a eficiência da argamassa. Carneiro (1993) cita que quanto menor a porosidade da

argamassa, maior a resistência mecânica. Isto é, quanto menor o teor de ar incorporado,

menor a resistência.

Segundo Carasek (2007), resistência mecânica é a propriedade dos revestimentos

possuírem um estado de consolidação interna que seja capaz de suportar esforços de diversas

origens e que se refletem por tensões simultâneas de tração, compressão e cisalhamento.

Bahia e Sabbatini (2008) afirmam que a resistência dependa da natureza dos agregados

e aglomerantes da argamassa e da técnica de execução. Ainda, dizem que a resistência

mecânica se eleva com a redução do agregado na argamassa e varia inversamente com a

relação água/cimento. Barbosa (2013) cita que há influência da temperatura e umidade na

vida útil das argamassas.

2.2.7.5. Resistência potencial de aderência à tração

A aderência exerce grande influência na qualidade final do revestimento executado.

De acordo com Maciel et al. (1998) a aderência é a capacidade do revestimento se manter fixo

ao substrato, resistindo às tensões que surgem na interface. Cincotto (1995) afirma que a

aderência da argamassa é propriedade mais relevantes ao se analisar um sistema de

revestimento. Bahia e Sabbatini (2008) citam que a aderência depende das propriedades da

argamassa no estado fresco, execução, natureza e características da base e limpeza superficial.

Selmo (1989) afirma que a avaliação de aderência de revestimentos em argamassa

pode ter muitas finalidades como comparar composições ou traços, controlar execução de

serviços ou realizar diagnósticos de revestimentos com patologias. Carasek (2007) aponta que

entre os fatores que exercem influência na aderência sobre bases porosas, estão características

das argamassas (reologia, adesão inicial e retenção de água), do substrato (sucção de água,

rugosidade e porosidade), condições climáticas e forma de execução.

Gonçalves (2004) afirma que a variabilidade dos resultados num ensaio de aderência à

tração é alta, pois existem muitas variáveis. Segundo a NBR 13528 (ABNT, 2010) o

lançamento da argamassa no substrato interfere no comportamento do revestimento,

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especialmente no que se refere à aderência. Ainda, as projeções mecânicas podem apresentar

valores de resistência de aderência maiores e coeficiente de variação menores em relação a

projeção manual, uma vez que a projeção mecânica possibilita maior superfície de contato e

compacidade, o que reduz a porosidade e permeabilidade.

2.2.7.6. Variação dimensional

Para Kopschitz et al. (1997) a retração ocorre em argamassas nas primeiras idades, do

ponto de vista da variação dimensional. Isso acontece pela perda de água da argamassa para o

ambiente e para a base. Cincotto et al. (1995) afirma que a argamassa endurecida, quando

exposta a um ambiente de umidade baixa, tende a perder água para o ambiente, contraindo-se

pela aproximação das paredes dos poros capilares pela saída de água, este fenômeno é

conhecido por retração hidráulica.

Fiorito (2009) cita que a o endurecimento de revestimentos está aliado a uma

diminuição de volume, seja pela perda de água por evaporação ou devido a relações de

hidratação. Ainda, a retração evolui durante a pega e após o endurecimento, em exposição ao

ar em condições normais. A retração que ocorre com a argamassa ainda fresca é relacionada a

saída de água da mistura.

Mehta e Monteiro (2008) afirmam que na argamassa endurecida, após a saída de água

presente nos vazios capilares, a retração ocorre pela perda de água adsorvida, ou seja, perda

que está aderida à parede dos vazios capilares da pasta. Já nas primeiras horas ocorre o

aparecimento de esforços de tração e, por consequência, um estado de tensões interno. Em

corpos de prova não aplicados a nenhum tipo de base, o agregado se torna responsável pela

restrição. Em argamassas aplicadas em tijolos e concreto, a restrição da retração pode ocorrer

pela aderência da argamassa à base. Ainda, a retração por secagem é reversível, enquanto que

a argamassa endurecida por se movimentar quando sujeita à molhagem.

Fiorito (2009) cita que a espessura de emboços e revestimentos são limitados pela sua

retração. Argamassas ricas e espessas estão mais sujeitas a fissuras, enquanto argamassas

mais plásticas, estão menos sujeitas.

2.2.7.7. Módulo de elasticidade dinâmico

O módulo de elasticidade é uma propriedade de grande importância para argamassas,

uma vez que avalia a resistência do material quanto à deformação elástica. O desempenho de

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uma argamassa está diretamente ligado à capacidade de absorver deformações, medidas pelo

módulo de elasticidade. Silva e Campiteli (2008) afirmam que o módulo de elasticidade é

relacionado ao comportamento elástico no revestimento. A rigidez de um revestimento está

ligada a patologias, especialmente, a fissuras. Fiorito (2009) enfatiza que revestimentos são

constituída de camadas de materiais diferentes, intimamente ligadas, de modo que a

deformação em uma delas, resultará em todo o conjunto.

A passagem de uma onda ultrassônica por um sólido baseia-se no princípio da

propagação das ondas elásticas, segundo a qual a velocidade de propagação (v) depende das

propriedades elásticas do meio e está relacionada com o módulo de elasticidade dinâmico.

Cicotto et al. (1995) afirmam que elasticidade é a capacidade do material se deformar

conforme imposição de solicitações e retornar às suas dimensões iniciais quando cessadas as

solicitações impostas. Silva (2011) afirma que quanto menor o módulo de deformação da

argamassa (menor teor de cimento), maior sua deformabilidade, e maior a capacidade de

absorver deformações. Assim, Nakakura e Cincotto (2004) consideram que o módulo de

deformação é uma das mais importantes características a serem exigidas das argamassas, uma

vez que auxilia na estanqueidade da edificação.

2.2.7.8. Absorção de água por capilaridade

A passagem de água no estado líquido ou gasoso através da argamassa endurecida é

denominada permeabilidade. Quanto mais interligados os poros capilares, maior e mais rápida

será a absorção capilar, fenômeno que retém água nos poros capilares do material cimentício.

Barbosa (2013) afirma que essa característica é importante, pois permite a adequada

hidratação do cimento e endurecimento gradativo. Segundo Nakakura e Cincotto (2004), se a

porosidade for elevada, com interligação dos poros, eles contribuem para o deslocamento de

fluidos, de modo que a permeabilidade pode ser alta. Assim, se os poros forem descontínuos

ou ineficazes, a permeabilidade será baixa, mesmo com porosidade alta.

De acordo com Mehta e Monteiro (2008), a água tem capacidade para criar e degradar

materiais naturais e artificiais, como o concreto e a argamassa, sendo esse um fator essencial

por trás da maioria dos problemas de durabilidade das matrizes cimentícias, já que a água é

um agente de transporte para íons agressivos. Por isso, é importante definir a absorção da

argamassa para conferir a sua durabilidade, levando-se em consideração que valores baixos de

absorção sugerem argamassas melhores.

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2.2.8. Influência do teor de finos em propriedades das argamassas

A definição das dimensões para especificação de material fino varia na literatura,

porém, em geral os limites estão próximos de 75μm. Nascimento (2007) denomina que

partículas abaixo de 75μm, removidas pela lavagem do material reciclado, como “finos”. Isso

se deve pelas características como grande área específica e efeito coesivo desse material. Este

trabalho assim como o de Oliveira (2015) utilizou o mesmo termo, no entanto, a remoção das

partículas foi realizada por peneiramento a seco, evitando a formação de lodo, desperdício de

água e possibilitando a utilização do material passante em outras aplicações.

Miranda (2005) destaca como um problema de areias recicladas o fato de em geral

apresentarem teor de finos menor que 0,075mm e absorção de água elevados, influenciando

nas propriedades do estado fresco e endurecido das argamassas, assim como desempenho dos

revestimentos, especialmente quanto a fissuras, permeabilidade e aderência. Westerhol et al.

(2008) mostraram que as propriedades e quantidade de agregado fino influenciam muito no

consumo de água e na trabalhabilidade da argamassa. Ainda, grandes quantidades de finos

podem alterar o módulo de elasticidade da argamassa.

Silva et al. (2009) garantem que a fissuração é a patologia de maior incidência em

revestimentos de argamassa. A retração no estado fresco de uma argamassa é resultado de

contração volumétrica por perda de água, e é uma das principais causas da fissuração nas

primeiras horas do revestimento. Oliveira e Cabral (2011) afirmam que a incorporação de

agregado reciclado exige maior presença de água para atingir a consistência desejada, pela

quantidade de partículas finas existentes.

Para Silva et al. (2010) afirma que a retenção de água elevada em argamassas com

RCD é favorável para a absorção rápida por parte do substrato e evaporação, assim, evita a

hidratação completa do cimento, fazendo com que parte deste, funcione como filler.

Miranda (2000) sugere, para a reciclagem de entulho em usinas visando à produção de

argamassas, que se faça um controle da granulometria do entulho entre as dimensões de

2,4mm até 0,15mm, descartando o material passante nessa abertura de malha e utilizando

outro tipo de material como plastificante. Lima (1999) e Oliveira (2015) constataram em suas

pesquisas a superioridade na resistência mecânica por parte de argamassas com agregados

reciclados em relação as com agregado natural. Lima (1999) atribui esse comportamento à

pozolanicidade e ao efeito filler dos finos do agregado reciclado, contribuindo para a melhoria

das propriedades mecânicas das argamassas. Já Oliveira (2015) acredita que seja pela

composição dos finos.

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2.2.8.1. Influência do teor de finos na fissuração das argamassas

A fissuração é um dos mais frequentes problemas de argamassas. Cincotto (1997)

afirma que a fissuração e o deslocamento são os problemas mais frequentes no país. Bahia e

Sabbatini (2008) concordam que fissuras e trincas estão entre as principais patologias,

juntamente ao descolamento e manchas de umidade.

Silva e Bauer (2009) destacam a falta de controle de qualidade e técnicas de aplicação

como refletores do índice de manifestações de patologias relacionadas à materiais e execução

de revestimento. A NBR 13749 (ABNT, 2013) cita que as causas de fissuras podem ser

retração da argamassa, excesso de finos ou excesso de desempenamento.

Miranda (2000) constatou que o teor de finos e a execução influenciam na fissuração

de revestimentos de argamassa. O limite máximo de finos <75μm, para evitar fissuração, deve

ser 25%. Miranda e Selmo (2003) concluem que os revestimentos de argamassa feitos com

agregado reciclado podem fissurar mais, pela presença de material cerâmico, e ao elevado teor

de finos. Cincotto (1995) destaca que a ocorrência de fissuras num revestimento de argamassa

decorre da elasticidade e das resistências à tração inadequadas diante das tensões de tração

resultantes da retração por secagem, retração térmica ou ações externas ao revestimento.

Miranda (2000) sugere a fixação de um tempo de moagem para redução do risco de

fissuração. Ainda, recomenda que seja feita uma mistura prévia de todo o material reciclado

antes de sua utilização, produzindo assim argamassas com mais homogeneidade. O mesmo

autor afirma que as fissuras podem surgir na fase plástica ou endurecida.

Kovler e Frostig (1998) concluíram que a melhor forma de reduzir os riscos de

fissuração é pela redução do módulo de elasticidade e da redução da deformação por retração.

Sabbatini (1985) ressalta que o revestimento pode ou não ter a capacidade de resistir

aos esforços a que é submetido e, quando não resiste muitas vezes, ocorre a fissuração. Entre

as alternativas para reduzir a fissuração, o autor indica:

aglomerantes de baixa a média reatividade, pois, nos revestimentos endurecidos, a

resistência à tração, sendo elevada, diminui sua capacidade de deformação;

agregados de granulometria contínua e com o teor adequado de finos, uma vez que o

excesso destes irá aumentar o consumo de água de amassamento e, com isso, induzir a

uma maior retração de secagem do revestimento. A recomendação da granulometria

contínua deve-se ao fato de que, gerando um menor volume de vazios no agregado,

menor será o volume de pasta e, por consequência, menor a retração;

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técnica de execução seja levada em conta, porque ela estabelece o grau de

compactação do revestimento e os momentos de sarrafeamento e desempeno.

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3 METODOLOGIA

Para o desenvolvimento das etapas da pesquisa, foi utilizada a infraestrutura dos

laboratórios do LMCC (Laboratório de Materiais de Construção Civil), da Universidade

Federal de Santa Maria. Os ensaios de laboratório foram conduzidos de forma a investigar a

influência do teor de substituição de agregado natural por reciclado misto e do teor de finos de

diferentes agregados nas propriedades das argamassas moldadas com diferentes tipos de

cimento.

O procedimento experimental foi realizado nas seguintes etapas:

Definição e caracterização dos materiais;

Preparo dos agregados reciclados;

Definição das argamassas;

Análise das propriedades das argamassas no estado fresco;

Análise das propriedades das argamassas no estado endurecido;

Análise de propriedades higrotérmicas;

Análise da influência do teor de finos na argamassa compondo um sistema de

revestimento.

Como o intuito dessa pesquisa é avaliar influência do teor de finos dos agregados

reciclados mistos nas propriedades das argamassas moldadas com diferentes tipos de cimento,

forão utilizados para essa comparação os resultados obtidos por Oliveira (2015), que utilizou

o Cimento Portland composto com escória de alto forno – CP II E – 32. Nessa pesquisa se

utilizou Cimento Portland composto com pozolana – CP II Z – 32. Portanto, também foram

apresentadas as principais características dos materiais utilizados por Oliveira (2015), bem

como sua metodologia.

3.1. DEFINIÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS EMPREGADOS NAS

ARGAMASSAS

3.1.1. Cimento

O cimento utilizado no experimento foi o Cimento Portland composto com pozolana –

CP II Z – 32, cujas características estão apresentadas na Tabela 11, em conformidade com os

valores mínimos normatizados pela NBR 11578 (2014).

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Tabela 11 - Características físicas e mecânicas do CP II Z – 32

Características físicas e mecânicas

Ensaio Valores

Massa específica (kg/dm³) 3,08 NBR NM 23/2001

Massa unitária (kg/dm³) 1,20

Resistência 3 dias (MPa) 20,85 (NBR11578) ≥ 10

Resistência 7 dias (MPa) 28,34 (NBR11578) ≥ 20

Resistência 28 dias (MPa) 32,09 (NBR11578) ≥ 32

As características apresentadas por Oliveira (2015) para o CP II E – 32 estão

apresentados na Tabela 12.

Tabela 12 - Características físicas e mecânicas do CP II E - 32

Características físicas e mecânicas

Ensaio Valores

Massa específica (kg/dm³) 3,01 NBR NM 23/2001

Massa unitária (kg/dm³) 1,00 -

Resistência 3 dias (MPa) 23,9 (NBR11578) ≥ 10

Resistência 7 dias (MPa) 31,5 (NBR11578) ≥ 20

Resistência 28 dias (MPa) 41,3 (NBR11578) ≥ 32

3.1.2. Cal

Foi utilizada a cal hidratada especial CH-II. É uma cal dolomítica com altos teores de

cálcio e magnésio e foi obtida através da calcinação do calcário em fornos com temperaturas

entre 900°C e 1000°C. As características fornecidas pelo fabricante estão apresentadas na

Tabela 13, em conformidade com a NBR 7175 (2011).

Tabela 13 - Características da cal hidratada especial CH-II

Características da Cal Hidratada Especial CH II

Valores Limites de norma (%)

Umidade (%) 0,60

#200 (%) 6,77 ≤ 15

Massa unitária g/cm³ 0,59

Capacidade de

incorporação de areia 1,00:4,80

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3.1.3. Água

A água utilizada na moldagem dos corpos de prova foi proveniente da rede de

abastecimento, fornecida pela CORSAN.

3.1.4. Agregados

Nesta pesquisa, foram utilizados dois tipos de agregados: o agregado natural e o

agregado reciclado de RCD.

Agregado natural: O agregado natural trata-se de um material obtido através da

extração em leito de rio, encontrada na região de Santa Maria/RS, previamente lavado

e seco em estufa a 105 - 110ºC;

Agregado reciclado (RCD): O Resíduo de construção e demolição a ser utilizado foi

proveniente da reciclagem da parte mineral do RCD (proveniente de tijolos, blocos

cerâmicos, telhas, argamassas endurecidas, resíduos de concreto, rochas e piso

cerâmico), fornecido pela empresa GR 2, empresa de gestão de resíduos de Santa

Maria. Foi previamente lavado, seco em estufa a 105 - 110ºC e usado em duas formas:

somente britado / britado e peneirado a seco. Ver Tabelas 14 e 15.

Tabela 14 - Características físicas dos agregados natural e reciclado

Ensaios realizados

Unidade

Norma

Resultado médio

Areia natural Areia reciclada britada

Módulo de finura - NM 248/2003 2,10 2,10

Diâmetro Máx. (mm) NM 248/2003 1,2 4,75

Massa unitária (g/cm³) NM 45/2006 1,60 1,47

Massa específica (g/cm³) NM 52/2009 2,64 2,58

Teor de material

pulverulento % NM 46/ 2003 0,6 9,60

Impurezas orgânicas - NM 49/2001

Coloração mais clara que a solução padrão

Coloração mais clara que a solução padrão

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Tabela 15 - Características físicas dos agregados natural e reciclado de Oliveira (2015)

Ensaios realizados

Unidade

Norma

Resultado médio

Areia natural Areia reciclada

britada

Módulo de finura - NM 248/2003 1,96 2,21

Diâmetro Máx. (mm) NM 248/2003 2,36 4,75

Massa unitária (g/cm³) NM 45/2006 1,70 1,41

Massa específica (g/cm³) NM 52/2009 2,66 2,51

Teor de material

pulverulento % NM 46/ 2003 0,3 24,9

Impurezas orgânicas - NM 49/2001

Coloração mais

clara que a

solução padrão

Coloração mais

clara que a

solução padrão

3.2 PREPARO DOS AGREGADOS RECICLADOS

Na primeira parte da pesquisa, foi realizada a caracterização dos materiais referente às

suas propriedades físicas, com a finalidade de verificar a composição granular do agregado

gerado a partir do resíduo de construção e do agregado natural com o intuito de deixar os

agregados com granulometria semelhante. As propriedades físicas avaliadas foram a

granulometria, o teor de material pulverulento, a massa específica e a massa unitária. A

metodologia de preparação do agregado reciclado utilizada para essa pesquisa foi baseada na

utilizada por Oliveira (2015).

O material utilizado foi proveniente de uma mesma carga de 3m³ de resíduos,

fornecida pela usina de Santa Maria. Após passar pelo processo de reciclagem e separação, o

material foi levado pela usina de reciclagem, em um caminhão caçamba e depositado próximo

ao Laboratório de Materiais de Construção Civil (LMCC) da Universidade Federal de Santa

Maria (UFSM). Os resíduos de construção e demolição são mistos, tendo em vista que a

empresa não possui equipamentos de separação, tampouco separação manual, apresentando,

como materiais principais, cerâmica, argamassas e concretos.

Para a caracterização do material a ser utilizado nesta pesquisa, foram selecionadas

duas amostras retiradas de diferentes locais da carga total, e determinada a sua composição

gravimétrica, metodologia semelhante à adotada por Malta et al. (2013), por Lima e Cabral

(2013) e Oliveira (2015).

Cada amostra, após ser lavada e seca em estufa, foi pesada, contendo

aproximadamente 25 kg (Figura 9) e passou por um processo de triagem, que consistia na

simples averiguação visual e retirada de materiais provenientes de classe B, tais como

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madeira, vidro, metais e plásticos, além de gesso e materiais não caracterizados como RCD.

Foi então realizada a separação manual dos materiais (Figura 10), em que foram pesadas as

frações constituintes e determinada a composição em percentuais. A composição desta

pesquisa é representada na Tabela 16 e os valores encontrados por Oliveira (2015) na Tabela

17.

Figura 9 - Amostras 1 e 2 antes da separação manual

Figura 10 - Amostras 1 e 2 após separação manual

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Tabela 16 - Composição gravimétrica do RCD

Material

Amostra 1 Amostra 2 Média

kg % kg %

Tijolo/ bloco

cerâmico/ telha 5,44 kg 20,22% 4,56kg 18,25% 19,24%

Argamassas

endurecidas 12,08kg 44,91% 11,94kg 47,81% 46,35%

Concretos rochas

e britas 7,44kg 27,66% 6,82kg 27,30% 27,48%

Outros 1,94kg 7,21% 1,66kg 6,64% 6,93%

Total 26,90kg 24,98kg 100%

Tabela 17 - Composição gravimétrica do RCD de Oliveira (2015)

Material

Amostra 1 Amostra 2 Média

kg % kg %

Tijolo/ bloco

cerâmico/ telha 10,26 kg 41% 10,28kg 41,1% 41,1%

Argamassas

endurecidas 7,44 kg 29,7% 6,85kg 27,4% 28,5%

Concretos rochas

e britas 5,14kg 20,56% 5,5kg 22% 21,28%

Outros 2,16kg 8,74% 2,37kg 9,5% 9,12%

Total 25kg 25kg 100%

Na análise gravimétrica, percebe-se que o material de ambas as cargas e pesquisas são

homogêneos, visto que, ao selecionar duas amostras de locais diferentes, obtiveram-se

resultados com percentuais muito semelhantes para cada RCD. Na Figura 11 podem-se

comparar os percentuais médios encontrados pelos dois autores.

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Figura 11 - Comparação entre percentuais médios desta pesquisa e Oliveira (2015)

Devido ao fato de a usina ainda não possuir peneiras, os resíduos vêm com grande

quantidade de solo e presença de alguns materiais não caracterizados como RCD. O material

utilizado, neste estudo, foi inicialmente peneirado em peneira 4,75mm, para a retirada do solo

que pode ser usado para aterros, depois lavado (materiais ainda inteiros), foram retirados

gesso e materiais não classificados como resíduos classe A e, finalmente, foi seco em estufa.

A areia também foi lavada e seca em estufa. Os RCD foram cominuídos em britador tipo

mandíbula, (Figura 12), com abertura pré-definida, através de testes, fixada em uma volta,

aproximando ao máximo à granulometria da areia, depois, homogeneizados, a fim de obter-se

um material com características uniformes para a realização dos ensaios. Oliveira (2015)

fixou a abertura do britador em meia volta, nessa pesquisa optou-se por fixar em uma volta

reduzindo o número de vezes em que o resíduo passa pelo britador, consequentemente,

reduzindo a produção de finos.

Realizou-se o ensaio de composição granulométrica de acordo com a norma da ABNT

NM 248 de 2003 e o RCD ficou dentro do teor aceitável da areia (Figura 13). O material de

Oliveira (2015) também ficou dentro do teor aceitável de utilização (Figura 14). As Tabelas

com os percentuais retidos em cada peneira desta pesquisa e de Oliveira (2015) encontram-se,

respectivamente, no apêndice A e no anexo A. Conforme o esperado, e, já constatado por

outros autores, como Miranda (2000), Ângulo (2005) e Oliveira (2015) notou-se que o RCD

possui um teor elevado de finos, quando comparado ao agregado natural.

19,24

46,35

27,48

6,93

41,1

28,5

21,28

9,12

0

10

20

30

40

50

Tijolo/ bloco cerâmico/

telha

Argamassas endurecidas

Concretos rochas e

britas

Outros

Pe

rce

ntu

ais

dio

s m

ate

riai

s (%

)

Materiais constituintes das amostras

Ruviaro(2017)

Oliveira(2015)

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Figura 12 - (a) britador tipo mandíbula utilizado; (b) material resultante do processo

a) b)

Figura 13 - Curvas granulométricas da areia e do RCD britado

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

9,5 6,3 4,75 2,36 1,2 0,6 0,3 0,15 0

AREIA

UTI_INF

OT_INF

OT_SUP

UTI_SUP

RCD

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Figura 14 - Curvas granulométricas da areia e do RCD britado Oliveira (2015)

3.3 PREPARO DAS ARGAMASSAS ESTUDADAS

Para a realização dos ensaios, foram preparadas três argamassas, sendo uma argamassa

de cal, cimento e agregado miúdo natural, a ser utilizada como referência, uma argamassa

com substituição parcial do agregado natural por agregado reciclado, provenientes de RCD

britado (ARB), em porcentagem de 30% e uma argamassa com substituição parcial da areia

por agregado reciclado, provenientes de RCD britado e peneirado a seco (ARBP), também em

percentual de 30% (Tabela 18). Todas as argamassas foram produzidas com Cimento CP II –

Z 32 e Cal Hidratada Especial CH II.

Nesta pesquisa, foram utilizadas as siglas:

AN para agregado natural;

ARB para agregado reciclado britado;

ARBP para agregado reciclado britado e peneirado;

CF-Z para as argamassas com substituição de 30% de areia por agregado reciclado

britado com utilização de cimento CPII-Z;

SF-Z (sem finos) para as argamassas com substituição de 30% de areia por agregado

reciclado britado peneirado com utilização de cimento CPII-Z.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

9,5 6,3 4,75 2,36 1,2 0,6 0,3 0,15 0

AREIA

UTI_INF

OT_INF

OT_SUP

UTI_SUP

RCD

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Tabela 16 - Argamassas de revestimento produzidas

ARGAMASSAS DE REVESTIMENTO

Nomenclatura

utilizada Descrição

Percentual de agregado (%)

AN ARB

(com finos)

ARBP

(sem finos)

REF-Z Argamassa referência com cimento cal e

areia natural 100 - -

SF-Z Argamassa com 30% de agregado reciclado

britado e peneirado em substituição à areia 70 - 30

CF-Z Argamassa com 30% de agregado reciclado

britado em substituição à areia 70 30 -

As argamassas foram preparadas de acordo com as diretrizes da NBR 13276 (ABNT,

2005), pois a versão atualizada NBR 13276 (ABNT, 2016), não trata mais do preparo,

atualmente a norma vigente é a NBR 16541 (ABNT, 2016) que modificou o processo de

preparação das argamassas. Como o intuito da pesquisa é de comparação de resultados, optou-

se por manter o preparo utilizado por Oliveira (2015) baseado nas diretrizes da NBR 13276

(ABNT, 2005).

Os pesos dos constituintes foram definidos pelo traço 1:2:8 (cimento:cal:agregado

miúdo) e as substituições do agregado natural por agregado reciclado foram feitas em massa,

considerando os coeficientes de inchamento médio de cada material e suas respectivas massas

unitárias (ver apêndice A). Já Oliveira (2015) e Jochem (2012) fizeram as substituições do

agregado natural por agregado reciclado, considerando as diferentes massas específicas dos

materiais.

3.3.1 Método de mistura das argamassas

O procedimento utilizado para a mistura das argamassas foi realizado com base na

pesquisa de Oliveira (2015) com algumas adaptações, de acordo com a sequência a seguir:

Homogeneizar os materiais secos (cal hidratada e areia para a argamassa de referência

e cal hidratada, areia e RCD, para as demais argamassas) em um saco plástico;

Colocar na argamassadeira (Figura 15);

Adicionar 75% da água total em 30 segundos na velocidade lenta;

Seguir batendo a mistura até 4 minutos;

Guardar o material em um saco plástico bem fechado por um período de 16 a 24

horas;

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Decorrido esse tempo, colocar o material na argamassadeira;

Adicionar o cimento e o restante da água (25%);

Misturar em velocidade lenta por 4 minutos;

Deixar a argamassa descansar por 10 minutos (para permitir a absorção do restante da

água adicionada pelos agregados reciclados), colocando-se um pano úmido na

superfície para evitar a perda de água. Com uma espátula misturar todo o material

levemente antes da utilização.

Figura 15 - a) argamassadeira utilizada; b) detalhes do modelo da argamassadeira

a) b)

Considerando-se que o tempo de espera para adicionar o cimento (16h a 24h) faz com

que o agregado absorva água, optou-se por não saturar o material previamente à sua

utilização. Oliveira (2015) utilizou 50% da água no dia anterior, já nessa pesquisa optou-se

por 75% no dia anterior para aumentar a retenção de água na argamassa e melhorar a

hidratação do cimento.

Para preparação das argamassas, foi utilizado misturador mecânico com uma bacia de

aço inoxidável de capacidade de aproximadamente três litros (Figura 15).

3.4 ENSAIOS REALIZADOS

Para que os revestimentos de argamassas possam cumprir suas funções

adequadamente, eles precisam apresentar um conjunto de propriedades específicas, tanto no

estado fresco quanto no estado endurecido. Para avaliar a influência dos finos dos agregados

reciclados provenientes de RCD e do teor de substituição de agregado natural por agregado

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reciclado, foram preparadas as argamassas e analisadas as propriedades no estado fresco:

índice de consistência, densidade de massa, teor de ar incorporado, retenção de água; e no

estado endurecido: resistência à tração na flexão, resistência à compressão axial, resistência

potencial de aderência à tração, densidade aparente no estado endurecido, variação

dimensional e módulo de elasticidade dinâmico e absorção de água por capilaridade. Foi

realizado ainda um ensaio complementar para análise da influência do teor de finos na

argamassa, compondo um sistema de revestimento. Esse sistema de revestimento, foi avaliado

quanto à permeabilidade através do Método do Cachimbo e quanto ao potencial de aderência

à tração. Os ensaios para determinação das propriedades das argamassas foram executados

segundo as normas vigentes.

3.4.1 Ensaios para análise das propriedades das argamassas no estado fresco

3.4.1.1 Índice de consistência e percentual de água

O ensaio foi realizado de acordo com a NBR 13276 (ABNT, 2016) para determinar o

índice de consistência das argamassas a serem utilizadas na realização dos ensaios. As

misturas foram preparadas e aguardou-se 10 minutos para a utilização inicial das mesmas,

para melhor absorção da água. Nesse ensaio, a argamassa preparada preencheu o molde

tronco-cônico, colocado no centro da mesa de consistência (flow-table), representado na

Figura 16. Através desse ensaio, foram determinadas as porcentagens de água para cada traço

de argamassa.

Figura 16 - Ensaio de índice de consistência (a) equipamentos utilizados (b) medição do

espalhamento com o paquímetro.

(a) (b)

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3.4.1.2 Retenção da água

O método para esse ensaio (Figura 18) foi realizado, baseado na norma NBR 13277

(ABNT, 2005), possuindo como aparelhagem um Funil Buchner ligado a uma bomba de

vácuo, ilustrado na Figura 17.

Figura 17 - Funil Buchner, equipamento utilizado no ensaio de retenção de água

A retenção de água foi encontrada através de uma relação entre as massas do conjunto

vazio, conjunto com argamassa, conjunto após sucção e a relação água/argamassa fresca. A

retenção de água foi calculada através das equações:

(1)

Onde:

Ra = retenção de água (%);

ma = massa do conjunto com argamassa (g);

ms = massa do conjunto após sucção (g);

mv = massa do conjunto vazio (g).

AF é representado pela equação 2.

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(2)

Onde:

AF = fator água/ argamassa fresca;

mw = massa total de água acrescentada à mistura (g);

m = soma das massas dos componentes anidros (g).

Figura 18 - Ensaio de retenção de água (a) prato com filtro (b) golpes na argamassa (c)

argamassa rasada

a) b) c)

3.4.1.3 Densidade de massa e teor de ar incorporado

Esse ensaio foi realizado de acordo com as diretrizes da norma NBR 13278 (ABNT,

2005) (Figura 19). O método é baseado na medição da massa de um recipiente, de volume

conhecido, antes e depois da colocação da argamassa a ser analisada.

Com as massas do recipiente vazio e do recipiente com a argamassa ensaiada, as

massas secas e as massas específicas de cada componente da argamassa (inclusive a água) e o

volume do recipiente, calcula-se a densidade de massa da argamassa através da equação 3.

(3)

Onde:

d = massa específica da argamassa (kg/m³);

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mc = massa do recipiente cilíndrico com a argamassa (g);

mv = massa do recipiente cilíndrico vazio (g);

Vr = volume do recipiente cilíndrico (cm³).

Figura 19 - Ensaio de densidade aparente e teor de ar incorporado (a) recipiente cilíndrico (b)

golpeamento com a espátula (c) pesagem da argamassa

(a) (b) (c)

Para calcular o teor de ar incorporado na argamassa, utilizam-se as equações 4 e 5.

(4)

Onde:

A é o teor de ar incorporado na argamassa (%);

d é a massa específica da argamassa no estado fresco (g/cm³);

E dt é representado pela equação 6.

(5)

Onde:

dt é massa específica teórica da argamassa, sem vazios (g/cm³);

mi é a massa de cada componente da argamassa;

i é a massa específica de cada material.

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3.4.2 Ensaios para análise das propriedades das argamassas no estado endurecido

As propriedades da argamassa no estado endurecido se relacionam com as

propriedades do próprio revestimento. O nível de exigência dessas propriedades varia de

acordo com a exposição do revestimento.

Para a realização dos ensaios foram preparadas as argamassas de acordo com a NBR

13276 (ABNT, 2005). Para cada argamassa, foram moldados corpos de prova prismáticos

para ensaios de resistência, módulo de elasticidade e densidade aparente. Para a avaliação da

resistência de aderência, foi realizada a aplicação em placas normalizadas (substrato padrão) e

para a avaliação complementar foi realizada a aplicação em uma parede externa construída no

LMCC.

3.4.2.1 Moldagem dos corpos de prova

Os corpos de prova para os ensaios mecânicos foram moldados conforme a NBR

13279 (ABNT, 2005), com dimensões de 4x4x16cm cada, e foram desmoldados após 48

horas. Já os corpos de prova para o ensaio de variação dimensional, com dimensões de

2,5x2,5x28,5cm cada, foram moldados conforme a NBR 15261 (ABNT, 2005) e desmoldados

também após 48 horas.

Após a moldagem, os corpos de prova permaneceram em ambiente laboratorial com

temperatura e umidade controlada até a desmoldagem. Após, os corpos de prova foram

armazenados em câmara climatizada, com umidade relativa de 60 ± 5% e temperatura de

23±2ºC e permaneceram nesse local até a idade de 28 dias.

3.4.2.2 Resistência à tração na flexão

Após o preparo de cada mistura, foram moldados corpos de prova prismáticos, de

tamanho 4x4x16cm, seguindo a NBR 13279 (ABNT, 2005), nove para cada mistura, três para

cada idade a ser posteriormente ensaiados. (Figura 20). Nesse ensaio, as rupturas dos corpos

de prova prismáticos foram realizadas, nas idades de 7, 14 e 28 dias.

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Figura 20 - Ensaio de resistência à tração na flexão - (a) corpos de prova; (b) ruptura à tração

na flexão

(a) (b)

Ressalta-se que a norma estabelece que nenhum valor individual se afaste mais de

0,3MPa da média, caso isso ocorra, o valor deve ser desconsiderado e deverá ser feita a média

dos outros corpos de prova. Deve haver, no mínimo, dois corpos de prova para o resultado ser

considerado válido. A resistência à tração na flexão é calculada pela equação 6:

(6)

Onde:

Rf = resistência à tração na flexão (MPa);

Ff = carga aplicada verticalmente no centro do prisma (N);

L = distância entre os suportes (mm);

A = área da seção, considerada quadrada 40mm x 40mm (mm2).

3.4.2.3 Resistência à compressão axial

Em conformidade com a norma NBR 13279 (ABNT, 2005), com as metades obtidas

na ruptura à tração, na flexão de cada corpo de prova prismático, totalizando seis corpos de

prova, realizou-se a ruptura à compressão nas mesmas idades ensaiadas à flexão (Figura 21).

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Figura 21 - Ensaio de resistência à compressão axial - (a) metades (b) ruptura à compressão

axial

a) b)

A norma estabelece que nenhum valor individual se afaste mais de 0,5MPa da média.

Caso ocorra, o valor deve ser desconsiderado e deverá ser feita a média dos outros corpos de

prova. Deve haver, no mínimo, quatro corpos de prova para o resultado ser considerado

válido. A resistência à compressão é dada pela Equação 7:

(7)

Onde:

Rc = resistência à compressão (MPa);

Fc = carga máxima aplicada (N).

3.4.2.4 Resistência potencial de aderência à tração: ensaio em substratos padrão

Para verificar a resistência de aderência à tração nas argamassas, foi realizado o ensaio

em conformidade com a NBR 15258 (ABNT, 2005) (Figura 22), cujo revestimento foi

aplicado nos substratos padrões de concreto.

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Figura 22 - Moldagem das argamassas sobre substratos de concreto - (a) substrato padrão (b)

primeira camada de argamassa (c) segunda camada de argamassa

a) b) c)

A argamassa recém-moldada foi aplicada sobre um substrato devidamente limpo, em

duas camadas. A primeira, com aproximadamente 5mm de espessura e a segunda, totalizando

2,5cm (Figura 22). Por fim, a superfície foi rasada com régua metálica para obtenção de um

acabamento uniforme (Figura 23). O ensaio de arrancamento foi realizado aos 28 dias após a

moldagem das argamassas (Figura 24).

Figura 23 - Argamassa rasada sobre o substrato padrão

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Figura 24 - Ensaio de potencial de aderência à tração – (a) furação dos corpos de prova (b)

arrancamento com dinamômetro

a) b)

A resistência potencial de aderência à tração foi determinada por meio da equação 8.

(8)

Onde:

R = resistência potencial de aderência à tração (MPa);

P = carga de ruptura (N);

A = área do corpo de prova (mm²).

O cálculo da resistência potencial média de aderência à tração, expresso com duas

casas decimais, deve ser realizado descartando-se os valores que se afastem ±30% da média.

O ensaio deve ser refeito caso não haja o mínimo de cinco valores válidos.

3.4.2.5 Variação dimensional (retração ou expansão linear) e variação de massa

Esses ensaios foram realizados em conformidade com a NBR 15261 (ABNT, 2005).

Os moldes utilizados, nesse ensaio são de aço e são moldados corpos de prova prismáticos de

2,5cmx2,5cmx28,5 cm com comprimento efetivo de 25cm. O comprimento efetivo é a

medida entre as extremidades internas dos pinos colocados nas extremidades dos corpos de

prova.

A moldagem desse ensaio é realizada em duas camadas, aplicando-se 25 golpes em

cada camada com o soquete. Após a moldagem os moldes com argamassa permaneceram em

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ambiente de laboratório cobertos com plástico filme por 48h. Então foram armazenados em

câmara climatizada, com temperatura de 23±2ºC e umidade de 50±5%.

Os corpos de prova foram pesados e medidos com o relógio comparador (Figura 25),

imediatamente após a desforma, com 1 dia, 7 dias e 28 dias a contar da leitura inicial (Figura

26).

A variação dimensional foi determinada pela equação 9:

(9)

Onde:

εi = variação dimensional;

Li = comprimento nas idades determinadas;

Lo = comprimento inicial.

E variação de massa foi determinada pela equação 10:

(11)

Onde:

Δmi = variação de massa;

mi = massa nas idades determinadas;

mo = massa inicial.

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Figura 25 - Ensaio de variação dimensional – (a) molde com pinos (b) moldagem (c) câmara

climatizada

Figura 26 - Relógio comparador de comprimento

3.4.2.6 Densidade aparente no estado endurecido

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Esse ensaio, realizado em conformidade com a norma NBR 13280 (ABNT, 2005),

obedeceu a estes procedimentos: primeiramente foram moldados e curados três corpos de

prova para cada idade, conforme a NBR 13279 (ABNT, 2005). Aos 28 dias, com o auxílio do

paquímetro, foi determinada a altura, a largura e o comprimento de cada corpo de prova em

duas posições, em centímetros, arredondando ao décimo mais próximo. Depois, determinou-

se a massa em gramas em uma balança com resolução de 0,1g, arredondando ao décimo mais

próximo (Figura 27).

A densidade aparente foi calculada através da relação entre a massa e o volume das

argamassas pelas equações 11 e 12:

(11)

Onde:

d = densidade aparente;

m = massa da argamassa;

v = volume da argamassa.

O volume é encontrado multiplicando-se as três dimensões de cada corpo de prova.

(12)

Onde:

v = volume;

l = largura;

h = altura;

c = comprimento.

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Figura 27 - Ensaio de densidade aparente no estado endurecido - (a) medição com o

paquímetro (b) pesagem

(a) (b)

3.4.2.7 Módulo de elasticidade dinâmico através de propagação de onda ultrassônica

Esse ensaio foi realizado em conformidade com a NBR 15630 (ABNT, 2009), foram

moldados corpos de prova prismáticos, de tamanho 4x4x16cm, seguindo a NBR 13279

(ABNT, 2005), permanecendo em câmara climatizada, com temperatura de 23ºC±2 e umidade

relativa do ar de 60%±5 até a idade de 28 dias. Antes de realizar o ensaio, foi feito o ensaio de

densidade de massa aparente das argamassas.

Nesse ensaio primeiramente se verifica a regulagem do tempo medido no

equipamento, utilizando a barra de referência (de material com tempo conhecido) e é feita a

leitura de tempo que a onda leva para passar pelo corpo de prova (Figura 28). Devem ser

registradas três leituras em cada corpo de prova e considerado o menor valor. Com isso, pode-

se calcular a velocidade de propagação das ondas e o módulo de elasticidade dinâmico

conforme Equações 13 e 14.

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Figura 28 - Ensaio de módulo de elasticidade dinâmico - (a) regulagem com barra de

referência (b) ensaio na argamassa

(a) (b)

(13)

Onde:

V = velocidade de propagação de onda ultra-sônica (mm/µs);

L = distância entre os transdutores (mm);

t = tempo mostrado pelo mostrador digital (µs).

(14)

Onde:

Ed = módulo de elasticidade dinâmico (MPa);

V = velocidade de propagação da onda (mm/µs);

ρ = densidade de massa aparente do corpo de prova (kg/m³);

µ = coeficiente de Poisson = 0,2.

3.4.2.8 Absorção de água por capilaridade e coeficiente de capilaridade

Esse ensaio foi realizado em conformidade com norma NBR 15259 (ABNT, 2005),

conforme Figuras 29 e 30. Foram moldados e curados três corpos de prova para cada idade

conforme a NBR 13279 (ABNT, 2005d), que permaneceram em ambiente de laboratório com

temperatura de 23ºC±2 e umidade relativa do ar de 60%±5 até a idade de 28 dias.

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A absorção de água por capilaridade calculada para cada tempo é expressa em g/cm²,

dividindo a variação de massa pela área da seção transversal do corpo de prova em contato

com a água, de acordo com a equação 16.

(16)

Onde:

At = absorção de água por capilaridade (g/cm³);

mt = massa do CP em cada tempo (g);

mo = massa inicial do corpo de prova (g);

t = tempo = 10min e 90min;

Acp = área do CP = 16 (cm²).

Figura 29 - Ensaio de absorção de água por capilaridade (a) lixamento dos cps (b) altura de

5mm de água (c) cps em contato com a água

(a) (b) (c)

O coeficiente de capilaridade é obtido pela equação 16:

(16)

Onde:

C = coeficiente de capilaridade (g/dm².min1/2

).

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Figura 30 - Corpos de prova após o ensaio de absorção por capilaridade

3.4.3 Ensaio complementar para análise da influência do teor de finos na argamassa

compondo um sistema de revestimento

Após os ensaios de aderência à tração sobre os substratos padrão, optou-se pela

realização do ensaio em um sistema de revestimento, para isso foi construída uma parede de

alvenaria no LMCC, medindo 420cm de largura por 160cm de altura. Foram utilizados tijolos

cerâmicos seis furos, por ser um material comumente utilizado nas cidades do interior do Rio

Grande do Sul, executada em área externa, exposta à chuva, ventos e à insolação direta (de

orientação solar oeste). Para a execução do revestimento, seguiu-se o cronograma em dias,

apresentado na Figura 31, indicado pela NBR 7200 (ABNT, 1998).

Após 14 dias, a parede foi chapiscada com argamassa de cimento e areia no traço 1:3

(cimento: areia grossa), em volume. O chapisco foi curado por três dias antes da execução da

camada de revestimento, para a hidratação dos grãos de cimento.

Optou-se pela realização do chapisco devido aos resultados encontrados por

pesquisadores como Morais e Selmo (1999), e Miranda (2000), que constataram ter o

chapisco assegurado um melhor desempenho do revestimento, diminuindo o número de

fissuras, possivelmente por propiciar uma maior área de contato e uma melhor distribuição

das tensões internas, atuantes no revestimento, desde a sua aplicação.

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Figura 31 - Cronograma de execução das camadas de revestimento

Foram revestidos três painéis, um para cada argamassa ensaiada. Um com a argamassa

de referência REF-Z, um com a argamassa SF-Z e um com a argamassa CF-Z, para

possibilitar a comparação com os resultados de Oliveira (2015). Cada argamassa foi preparada

em betoneira, da mesma forma que as argamassas produzidas na argamassadeira para os

ensaios anteriores. Os agregados e a cal hidratada foram misturados com parte da água (75%)

24 horas antes da sua utilização. A aplicação da argamassa foi realizada após a limpeza da

superfície. A parede foi molhada meia hora antes da execução do revestimento e foram

revestidos os painéis de 96x100cm e espessura de 2,5cm. (Figura 32). O lançamento foi feito

de baixo para cima, logo após, fez-se o sarrafeamento e esperou-se 10 minutos para a

execução do desempeno.

Figura 32 - Execução das argamassas (a) parede executada com tijolo cerâmico (b) painéis

chapiscados (c) revestimento executado

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Decorridos 28 dias, foram realizados os ensaios de: Resistência potencial de aderência

à tração, realizado em conformidade com a NBR 13528 (2010) e permeabilidade a água

líquida pelo método do cachimbo. O ensaio de resistência potencial de aderência à tração foi

realizado em 12 corpos de prova, distribuídos aleatoriamente, espaçados entre si,

contemplando arrancamentos em juntas e tijolos. No ensaio de permeabilidade de água líquida

pelo Método do Cachimbo foram utilizados 5 cachimbos para cada revestimento, adotando

como resultado a média dos três cachimbos com as leituras mais próximas entre eles,

descartando os outros dois resultados.

3.4.3.1 Permeabilidade de água líquida pelo método do cachimbo

O ensaio de permeabilidade a água líquida foi realizado através do Método do

Cachimbo, que consiste em determinar a capacidade de absorção de água de um revestimento

durante um período de tempo, e pode ser realizado in loco ou em laboratório. No Brasil, este

ensaio ainda não é normatizado, mas pode ser executado segundo normas internacionais,

como a NIT No. 140 - Methode a La Pipe (CSTC,1982) e o Test Method No. 11.4 -

Measurement of Water Absorption Under Low Pressure (RILEM,1980).

Utiliza-se o tubo de Karsten para aferição da absorção de água, que possibilita uma

pressão inicial de água de 92 mm e representa uma ação estática de vento com velocidade de

aproximadamente 140 km/h, sendo que a altura da coluna d’água corresponde à pressão

exercida de maneira que 1 mm corresponda a 10 Pa (CARASEK, 2007). A Figura 33 ilustra o

tubo de Karsten que deve ser fixado sobre o revestimento a ser ensaiado.

Figura 33 - Tubo de Karsten

Fonte: CSTC (1982 in HATTGE, 2004).

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Para realização do ensaio são necessários os seguintes aparelhos e materiais: tubo de

Karsten (cachimbo de vidro graduado em décimos de ml com volume de 4 cm³ e em formato

de “L”), material vedante (massa de calafetar, silicone, massa de modelar, etc.), pisseta

plástica, pipeta e cronômetro.

O revestimento a ser ensaiado deve estar limpo e isento de pó para a fixação do tubo

de Karsten (mínimo três tubos). Utiliza-se o material vedante para fixar o tubo que deve ser

pressionado levemente, bem como garantir a vedação dos bordos. Após a secagem do material

de vedação, preenche-se o tubo com água até atingir o nível de 0cm³ com o auxílio da pisseta

plástica e da pipeta. Por conseguinte, se observa a absorção da água efetuando a leitura da

diminuição do nível da água com o auxílio do cronômetro.

A leitura deve ser realizada a cada minuto durante 15 min ou até atingir o nível de

4cm³ conforme determina o CSTC. Para a RILEM, as leituras podem ser efetuadas em 5, 10,

15, 30 e 60min ou até a água atingir o nível de 4cm³, e para ensaio realizado in loco este

tempo pode ser reduzido para 5, 10 e 15min (SERAFIM, 2012).

Para este trabalho, determinou-se a utilização de cinco tubos para cada revestimento

avaliado, os quais foram fixados e vedados com silicone. As leituras foram efetuadas em 5,

10, 15, 30 e 60min ou até a água atingir o nível de 4cm³. Para apresentação dos resultados,

dos cinco tubos, foram assumidos os 3 resultados mais próximos entre eles, descartando os

dois outros resultados.

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4 RESULTADOS

Este capítulo apresenta os resultados obtidos nos ensaios realizados para a

caracterização dos agregados e das propriedades das argamassas no estado fresco e

endurecido, seguindo os procedimentos experimentais descritos no capítulo anterior. Os dados

e os resultados individuais de cada ensaio desta pesquisa estão nos apêndices A, B, C e D. Já

os resultados de Oliveira (2015) estão nos anexos A, B, C, D.

Para facilitar a apresentação dos resultados adotou-se as seguintes siglas:

REF-E: argamassa de referência moldada com cimento Portland CPII-E;

SF-E: argamassa com substituição de 30% do agregado natural por agregado reciclado

misto sem finos moldada com cimento Portland CPII-E;

CF-E: argamassa com substituição de 30% do agregado natural por agregado reciclado

misto com finos moldada com cimento Portland CPII-E;

REF-Z: argamassa de referência moldada com cimento Portland CPII-Z;

SF-Z: argamassa com substituição de 30% do agregado natural por agregado reciclado

sem finos moldada com cimento Portland CPII-Z;

CF-Z: argamassa com substituição de 30% do agregado natural por agregado reciclado

misto com finos moldada com cimento Portland CPII-Z.

4.1 CARACTERIZAÇÃO E TEOR DE FINOS DOS AGREGADOS

Em ensaio de determinação do material fino que passa através da peneira 0,075 mm

por lavagem NM 46 (2003), constatou-se um teor de finos de aproximadamente 9,6% no RCD

e 0,6% na areia. Neste trabalho, conforme já mencionado, visando a avaliar a influência do

teor de finos nas argamassas moldadas com diferentes tipos de cimento, o RCD foi todo

britado, homogeneizado e parte dele foi submetida a peneiramento com peneira 75 µm. O

peneiramento alterou a cor do material (Figura 34) e algumas de suas características. As

características dos três agregados utilizados na produção das argamassas encontram-se na

Tabela 19.

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Figura 34 - RCD britado, peneirado e passante

Tabela 17 - Características dos agregados

Ensaios realizados

Unid

Norma

Resultado médio

Agregado

natural

(AN)

Agregado

reciclado britado

(ARB)

Agregado reciclado

britado e peneirado

(ARBP)

Módulo de finura - NM 248/2003 2,10 2,10 2,10

Dim.Máx.

característica (mm) NM 248/2003 1,20 4,75 4,75

Massa unitária (g/cm³) NM 45/2006 1,60 1,47 1,45

Massa específica (g/cm³) NM 52/2009 2,64 2,58 2,55

Teor de material

pulverulento % NM 46/ 2003 0,6 9,6 0,9

Através da granulometria de cada agregado, do ensaio de determinação de material

pulverulento e das quantidades de materiais secos utilizados para produção das diferentes

argamassas, foi determinado o teor de finos, cujos valores encontrados podem ser observados

na Tabela 20.

Tabela 18 - Teor de finos para as argamassas

Argamassas Teor de finos total

(%)

Teor de finos dos

agregados (%)

REF-E 18 < 1

REF - Z 20 < 1

SF-E 18 < 1

SF - Z 20 < 1

CF-E 24 6

CF - Z 22 3

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75

Os percentuais totais de finos foram obtidos somando a quantidade de agregado

passante na peneira de abertura de malha 75 µm, com a quantidade de cimento e cal,

dividindo esse resultado pela quantidade total de materiais secos usados para produção de

cada argamassa e multiplicando esse valor por 100. Essa metodologia, para determinação do

teor de finos, foi adotada por outros autores, como Bavaresco (2001). Os percentuais de finos

dos agregados foram obtidos dividindo a quantidade de agregado passante na peneira de

abertura de malha 75µm, pela quantidade total de materiais secos usados para produção de

cada argamassa e multiplicando por 100.

Analisando a Tabela 20, percebe-se que todas as argamassas com agregado reciclado

britado peneirado possuem o mesmo teor de finos da argamassa referência, as argamassas

com agregado britado, argamassas CF, possuem maior número de finos.

O percentual total de finos, que tem relação com a plasticidade das argamassas, foi

classificado por Carasek (2007) em plasticidade pobre, média e rica (Tabela 21).

Tabela 19 - Influência do teor de finos da mistura seca na plasticidade das argamassas

Plasticidade % mínima de finos na argamassa

Sem aditivo incorporador de ar Com aditivo incorporador de ar

Pobre (magra) < 15 < 10

Média (plástica) 15 a 25 10 a 20

Rica (gorda) > 25 > 20

Fonte: Adaptado de Carasek (2007).

Quanto à plasticidade, analisando a tabela 21, todas as argamassas produzidas

apresentadas na Tabela 20, classificam-se como plásticas ou médias.

4.2 ARGAMASSAS PRODUZIDAS

As argamassas, para análise das propriedades, foram misturadas conforme 3.3.1. Na

Tabela 22, estão apresentados os dados das argamassas produzidas. As argamassas foram

denominadas de acordo com a presença ou não de finos do agregado, sendo chamadas SF

(sem finos), as argamassas com menos de 1% de finos provenientes dos agregados reciclados,

nas quais o agregado foi britado e peneirado, e CF (com finos), as argamassas com agregado

britado e de acordo com o tipo de cimento, sendo chamadas E argamassas produzidas com o

cimento Portland CPII-E e Z argamassas produzidas com cimento Portland CPII-Z.

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Tabela 20 - Argamassas produzidas

4.3 CARACTERIZAÇÃO DE ARGAMASSAS NO ESTADO FRESCO

A Tabela 23 apresenta, de forma resumida, os valores resultantes dos ensaios

realizados nas argamassas no estado fresco para essa pesquisa e para Oliveira (2015). Na

sequência, são apresentadas as análises desses resultados. As leituras e os dados dos ensaios

encontram-se no apêndice B e os de Oliveira (2015) no Anexo B.

Tabela 21 - Resumo das propriedades das argamassas no estado fresco

4.3.1 Índice de consistência e teor de água

A consistência, conforme já descrito em 2.2.7.1, é a propriedade da argamassa,

relacionada à trabalhabilidade que pode ser definida através de um índice. A trabalhabilidade

é uma das mais relevantes propriedades das argamassas no estado fresco, visto que é a

propriedade da argamassa recém-misturada que determina a facilidade com a qual pode ser

misturada, lançada, adensada e acabada.

Argamassas Traço (massa seca)

(cim: cal: AN: AR) Água/cimento Água /agregados

Teor de água

(%)

Teor de

finos (%)

REF-E 1:1,18:10,32 2,25 0,22 18 18

REF-Z 1:0,98:8,08 1,76 0,22 17,5 20

SF-E 1:1,18:7,22:2,87 2,43 0,24 19,7 18

SF-Z 1:0,98:5,66:2,61 1,95 0,24 19,0 20

CF-E 1:1,18:7,22:2,92 2,48 0,24 20 24

CF-Z 1:0,98:5,66:2,53 2,00 0,24 19,7 22

Argamassas Índice de

consistência

(mm)

Teor de

água (%)

Retenção

de água

(%)

Densidade de

massa no

estado fresco

(kg/m³)

Teor de ar

incorporado

(%)

REF-E 243 18 85 2.006 5,2

REF-Z 240 17,53 93 2.026 4,7

SF-E 243 19,7 87 1.961 4,7

SF-Z 243 19,04 95 1.989 4,6

CF-E 247 20 88 1.946 5,4

CF-Z 242 19,71 96 1977 4,8

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77

O ensaio foi realizado na mesa de consistência “flow table” e o índice de consistência

foi fixado em 240±10. Ao fixar o índice de consistência, têm-se diferentes relações

água/cimento, bem como água/agregados.

As argamassas foram misturadas conforme 3.3.1 e notou-se que quantidade de água,

adicionada à mistura no dia anterior, influencia na consistência da argamassa devido à

absorção do agregado, por isso, optou-se por colocar 75% da água no dia anterior e 25%

juntamente com o cimento, em todas as argamassas produzidas. Os resultados médios obtidos

no ensaio de índice de consistência e a relação água/cimento das argamassas podem ser

observados na Figura 35 e Tabela 24.

Figura 35 - Relação água/cimento e índice de consistência

Tabela 22 - Relação água/cimento e médias de Índice de consistência

REF-E REF-Z SF-E SF-Z CF-E CF-Z

Água/cimento 2,25 1,76 2,43 1,95 2,48 2,00

Índice de consistência

(mm) 243 240 243 243 247 242

Da análise dos resultados do ensaio de consistência, verifica-se que as argamassas com

RCD necessitaram de maior teor de água que a argamassa de referência para alcançar um

mesmo índice de consistência. Quanto aos finos, para alcançar a consistência desejada, as

argamassas com finos precisaram de um pouco mais de água que as argamassas

239

240

241

242

243

244

245

246

247

248

1,5 1,75 2 2,25 2,5 2,75

índ

ice

de

co

nsi

stê

nci

a (m

m)

Relação água/cimento

REF-E

SF-E

CF-E

REF-Z

SF-Z

CF-Z

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correspondentes sem finos. Isso se deve, provavelmente, à maior superfície específica do

material com finos.

Esses resultados estão de acordo com o obtido por Bavaresco (2001, p. 74), que

relatou um maior consumo de água para argamassas com agregado reciclado em relação às

argamassas com agregado natural.

As argamassas moldadas com o cimento CPII-Z apresentaram relações a/c menores

que as argamassas moldadas com CPII-E, isso é decorrente de um consumo maior de cimento

e de menor porcentagem de finos nas argamassas com CPII-Z.

Em uma análise empírica, as argamassas sem finos apresentaram-se um pouco mais

plásticas que as argamassas com finos, embora apresentem índice de consistência semelhante.

Para Oliveira (2015) ocorreu ao contrário, as argamassas com finos apresentaram-se mais

plásticas que as argamassas sem finos. A causa pode ter sido o elevado teor de finos presente

no RCD britado da autora.

4.3.2 Retenção de água

A retenção de água, já definida em 2.2.7.2, é a capacidade da argamassa de reter a

água de amassamento contra a sucção da base ou contra a evaporação e permite que as

reações de endurecimento da argamassa se tornem mais gradativas, promovendo a adequada

hidratação do cimento e consequente ganho de resistência. Os resultados obtidos no ensaio de

retenção de água podem ser observados na Figura 36.

Figura 36 - Retenção de água das argamassas

85

87 88

93

95 96

78

80

82

84

86

88

90

92

94

96

98

REF SF CF

Re

ten

ção

de

águ

a (%

)

Argamassas

CPII-E

CPII-Z

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79

Pela análise da Figura 36 observa-se que todas as argamassas, contendo agregados

reciclados, retêm mais água que a argamassa de referência, sendo considerada alta, de acordo

com a NBR 13281 (1995), somente as argamassas moldadas com CPII-Z. Isso se deve a

quantidade de água maior adicionada no dia anterior para as argamassas com CPII-Z (75%),

pois as argamassas com CPII-E tiveram apenas 50% da água adicionada anteriormente a sua

utilização. As argamassas CF apresentaram maior retenção que as SF. Esse comportamento se

deve a presença dos finos que possuem maior superfície específica. De acordo com a ASTM

C 270-07, todas as argamassas produzidas com entulho reciclado apresentaram uma boa

capacidade de retenção, superior a 75%.

4.3.3 Densidade de massa no estado fresco e teor de ar incorporado

Conforme já definidas em 2.2.7.3, essas duas propriedades interferem em outras

propriedades das argamassas no estado fresco, por exemplo, uma argamassa com menor

densidade de massa e maior teor de ar incorporado, em geral, apresenta melhor

trabalhabilidade. Os resultados médios obtidos nos ensaios de densidade de massa no estado

fresco podem ser observados na Figura 37 e Tabela 18.

Tabela 23 - Densidade de massa e teor de ar incorporado

REF-E REF-Z SF-E SF-Z CF-E CF-Z

Densidade

de massa

(kg/m³)

2.006 2.026 1.961 1.989 1.946 1.977

Teor de ar

(%) 5,2% 4,7% 4,7% 4,6% 5,4% 4,8%

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Figura 37 - Densidade de massa no estado fresco

Na análise da Figura 37, percebe-se que as densidades de massa de todas as

argamassas com agregado reciclado, são menores que a argamassa referência. Isso se dá,

possivelmente devido à menor massa específica do material e relações a/c maiores nas

argamassas com RCD.

Dando sequência à análise, percebe-se que as argamassas moldadas com CPII-Z

possuem densidades de massa superiores as moldadas com CPII-E. Isso se deve, as massas

específicas de todos os materiais utilizados nas moldagens das argamassas com CPII-Z, serem

maiores das moldadas com CPII-E e também a relação água/cimento que é significativamente

menor nas argamassas com cimento Portland composto com pozolana.

Na Tabela 26, é apresentada a classificação das argamassas em leve, normal e pesada,

de acordo com o valor de densidade de massa.

Tabela 24 - Classificação das argamassas quanto à densidade de massa

Argamassa Densidade de massa A

(g/cm³) Principais agregados empregados Usos/ observações

Leve <1,40 Vermiculita, perlita, argila

expandida

Isolamento térmico e

acústico

Normal 2,30 ≤ a ≤ 1,40 Areia de rio (quartzo) e calcário

britado

Aplicações

convencionais

Pesada >2,30 Barita (sulfato de bário) Blindagem e radiação

Fonte: Carasek (2007).

1900 1920 1940 1960 1980 2000 2020 2040

REF

SF

CF

Densidade (Kg/m³)

Arg

amas

sas

CPII-Z

CPII-E

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81

Segundo a classificação de Carasek (2007), todas as argamassas produzidas neste

trabalho são classificadas como argamassas normais, pois as massas específicas ficaram entre

1400 e 2300 kg/m³.

Quanto ao teor de ar incorporado nas argamassas, os resultados médios obtidos nos

ensaios podem ser observados na Figura 38.

Figura 38 - Teor de ar incorporado das argamassas

Pela análise, percebe-se que a presença de finos tem influência no teor de ar

incorporado das argamassas, sendo que as argamassas com agregado reciclado britado

possuem maior teor de ar incorporado que as argamassas com ARBP. Observa-se que as

argamassas moldadas com CPII-Z tiveram pequenas variações nos resultados de teor de ar

incorporado, já as moldadas com cimento Portland composto com escória de alto forno

tiveram variações ligeiramente superiores. Isso se dá, possivelmente, pelo maior consumo de

cal nas argamassas moldadas com CPII-E, já que a cal é um plastificante nas argamassas

elevando o teor de ar incorporado e consequentemente melhorando a trabalhabilidade.

Comparam-se as argamassas CF, observa-se a maior diferença nos valores de teor de ar

incorporado dentre as argamassas produzidas, isso se deve ao elevado teor de finos do RCD

utilizado por Oliveira (2015). Esses finos, provavelmente acabam atuando na argamassa como

um plastificante.

5,2

4,7

5,4

4,7 4,6 4,8

0

1

2

3

4

5

6

REF-E SF CF

Teo

r d

e a

r in

corp

ora

do

(%

)

Argamassas

CPII-E

CPII-Z

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4.4 CARACTERIZAÇÃO DAS ARGAMASSAS NO ESTADO ENDURECIDO

Na Tabela 27, são apresentados, de forma resumida, os resultados médios dos ensaios

realizados nas argamassas no estado endurecido. Na sequência, encontram-se as análises dos

resultados. Os dados dos ensaios, bem como valores individuais e desvios padrão,

estabelecidos pelas normas, encontram-se no apêndice C.

Tabela 25 - Resumo das propriedades das argamassas no estado endurecido

4.4.1 Resistência à tração na flexão

Conforme exposto em 2.2.7.4, a resistência é a propriedade dos revestimentos de

suportarem as ações mecânicas de diferentes naturezas devido à ação superficial, ao impacto e

à contração termo higroscópica.

A resistência à tração na flexão foi determinada de acordo com o prescrito na NBR

13279 (ABNT, 2005). Os valores médios obtidos para cada argamassa podem ser observados

na Figura 39 e na Tabela 28.

Arg. Resistência à

tração na

flexão 28d.

(MPa)

Resistência

à

compressão

28d. (MPa)

Resistência

potencial de

aderência

28d. (MPa)

Variação

dimens.

28d.

(mm/m)

Variação

de massa

28d. (%)

Densidade

aparente no

estado

endurecido

28d. (kg/m³)

Módulo de

elasticidade

dinâmico

28d. (MPa)

Absorção por

capilaridade

90min

(g/cm²)

REF-E 1,3 2,5 0,30 -0,81 -8,25 1945 8404 2,26

REF-Z 2,0 5,9 0,57 -0,87 -9,00 1855 10096 1,16

SF-E 1,3 4,0 0,31 -1,06 -10,54 1865 5644 2,30

SF-Z 1,8 5,0 0,58 -1,15 -9,95 1772 8368 1,29

CF-E 1,2 2,8 0,28 -1,37 -11,89 1891 7844 2,60

CF-Z 1,7 4,5 0,54 -1,46 -10,36 1802 7125 1,39

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83

Figura 39 - Resistência à tração na flexão 7, 14 e 28 dias

Tabela 26 - Médias de resistência à tração na flexão

Idade REF-E REF-Z SF-E SF-Z CF-E CF-Z

7 d 0,8 1,6 0,8 1,3 0,8 1,2

14 d 1,2 1,6 1,0 1,45 0,9 1,4

28 d 1,3 2,0 1,2 1,80 1,2 1,7

Pela análise da Figura 39, percebe-se que todas as argamassas com agregado reciclado

moldadas com CPII-E apresentam resistência à tração na flexão muito semelhantes à

argamassa de referência aos 7 dias. Aos 28 dias, as argamassas “CF” apresentam resistências

menores. Observa-se ainda que todas as argamassas moldadas com CPII-Z apresentam

valores superiores a qualquer argamassa moldada com o CPII-E de resistência à tração na

flexão. Isso se deve a massa unitária do CPII-Z ser maior que a do CPII-E aumentando assim

o consumo de cimento e como consequência, ganho de resistência tanto à tração na flexão,

compressão axial e potencial de aderência à tração.

Ainda analisando a Figura 39, as argamassas moldadas com CPII-E tem ganho de

resistência mais acentuados de 7 a 14 dias e as moldadas com CPII-Z possuem acréscimos de

resistências maiores no intervalo de 14 a 28 dias.

Na Figura 40, apresenta-se os valores médios de resistência à tração na flexão aos 28

dias, comparando as argamassas moldadas com os dois tipos de cimento.

0,7

0,9

1,1

1,3

1,5

1,7

1,9

2,1

7 14 28

Re

sist

ên

cia

à tr

ação

na

fle

xão

(M

pa)

dias

REF-E

REF-Z

SF-E

SF-Z

CF-E

CF-Z

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Figura 40 - Resistência à tração na flexão aos 28 dias

Ao analisar a Figura 40, percebe-se que, as argamassas com agregado reciclado sem

finos apresentaram valores maiores ou iguais às argamassas correspondentes com finos.

Ainda, todas as argamassas com agregados reciclados britados peneirados ou não,

independentes do tipo de cimento apresentaram resistências inferiores às argamassas de

referência.

4.4.2 Resistência à compressão axial

A resistência à compressão axial também foi determinada de acordo com o prescrito

na NBR 13279 (ABNT, 2005). Os valores médios obtidos para cada argamassa podem ser

observados nas Figuras 41 e 42 e na Tabela 29.

1,3 1,2 1,2

2

1,8 1,7

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

1,8

2

2,2

REF SF CF

Re

sist

ên

cia

à tr

ação

na

fle

xão

(M

pa)

28

d

Argamassas

CPII-E

CPII-Z

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85

Figura 41 - Resistência à compressão axial aos 7, 14 e 28 dias

Tabela 27 - Médias de resistência à compressão axial (MPa)

Idade REF-E REF-Z SF-E SF-Z CF-E CF-Z

7 d 2,0 3,8 2,3 3,7 2,5 3,6

14d 2,1 4,4 3,2 3,7 2,6 3,8

28d 2,4 5,9 4,0 5,0 2,8 4,5

Analisando a Figura 41, nota-se que todas as argamassas com agregado reciclado

moldadas com CPII-E possuem maiores valores de resistência à compressão que a argamassa

de referência, esse comportamento se mantém até os 28 dias, mesmo possuindo maior relação

água/cimento e maior porcentagem de finos. Já as argamassas moldadas com CPII-Z

apresentaram comportamento inverso em que o traço REF-Z apresentou resultados maiores

em relação aos traços moldados com agregados reciclados (SF-Z e CF-Z). A ASTM C-270

(1999) fixa o valor mínimo de resistência à compressão em 2,5 MPa. A argamassa REF-E não

alcançou esse valor e todas as demais argamassas tiveram valores superiores.

Miranda, (2000, p. 90), utilizando o traço 1:9 (cimento:agregado), obteve valores entre

2,5 e 4,5 MPa, para traços com substituição parcial da areia por agregado reciclado misto.

Lima e Leite (2012), em seu estudo, utilizando o traço 1:8 (cimento agregado),

observaram um ganho de resistência à compressão quando substituídos 50% de agregado

natural por agregado reciclado misto.

Ao analisar a Figura 42, percebe-se que, em geral, as argamassas com agregado

reciclado sem finos apresentaram valores maiores que as argamassas correspondentes com

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

5

5,5

6

7 14 28

Re

sist

ên

cia

à co

mp

ress

ão a

xial

(M

pa)

dias

REF-E

REF-Z

SF-E

SF-Z

CF-E

CF-Z

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finos. Alguns autores associam a pozolanicidade aos finos presentes nos agregados reciclados,

no entanto, neste trabalho, percebe-se que as argamassas com agregados peneirados atingiram

maiores valores de resistência à compressão axial, que as argamassas com finos. Sendo assim,

acredita-se que a pozolanicidade está mais associada ao tipo de material constituinte dos

agregados reciclados que à finura do material.

Figura 42 - Resistência à compressão axial aos 28dias

4.4.3 Resistência potencial de aderência à tração

Os resultados médios obtidos nos ensaios de resistência potencial de aderência à

tração, realizados em substratos padrão, em conformidade com a NBR 15258 (ABNT, 2005),

podem ser observados na Tabela 30 e na Figura 43.

Após as placas serem rasadas, passados dez minutos da execução, percebeu-se

exsudação da água, formando uma fina película de água sobre as argamassas. Partindo disso,

as argamassas foram novamente rasadas e, após 4 horas, foram envelopadas com saco

plástico, para evitar a rápida perda d’água e permaneceram por dois dias. Após esse

procedimento, foram retiradas dos sacos e colocadas em câmara climatizada, com temperatura

e umidade controlada, para descartar a fissuração devido às variações termo- higrométricas.

2,4

4

2,8

5,9

5

4,5

0

1

2

3

4

5

6

REF SF CF

Re

sist

ên

cia

à co

mp

ress

ão a

xial

(M

pa)

28

d

Argamassas

CPII-E

CPII-Z

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87

Tabela 28 - Valores médios da resistência potencial de aderência à tração aos 28 dias

Argamassa REF-E REF-Z SF-E SF-Z CF-E CF-Z

Resistência (MPa) 0,3 0,57 0,31 0,58 0,28 0,54

Forma de ruptura

predominante A A A A A* A

O resultado final foram placas sem nenhuma fissura (Figura 43), apresentando

resultados satisfatórios em termo de potencial de aderência para uso interno para as

argamassas moldadas com CPII-E e excelentes resultados para uso interno e externo para as

argamassas moldadas com CPII-Z.

Figura 43 - Argamassas produzidas: todas sem fissuras

Na Figura 44, pode-se observar a comparação dos valores médios de potencial de

aderência à tração das argamassas com mesmo percentual de substituição, com teores de finos

diferentes. As linhas tracejadas representam o valor mínimo estabelecido pela NBR 13749

(ABNT, 2013) para revestimentos internos (0,2 MPa) e externos (0,3 MPa).

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Figura 44 - Resistência potencial de aderência à tração

Analisando a forma de ruptura das argamassas, constata-se que todas as argamassas

tiveram ruptura na argamassa, no entanto a argamassa CF-E teve ruptura superficial, além de

ser a única a não atingir o limite mínimo de aceitação para revestimento externo.

Os valores elevados de potencial de aderência à tração para as argamassas com CPII-Z

são devido ao consumo maior de cimento nessas argamassas e não por características e nem

pela quantidade de finos presentes nos agregados reciclados mistos. Essa afirmação pode ser

comprovada pela comparação e análise dos resultados da Figura 44, uma vez que as variações

nos resultados das argamassas moldadas com ambos os cimentos são iguais ou muito

próximas.

Verifica-se, que as argamassas SF tiveram valores superiores de potencial de aderência

à tração se comparadas às argamassas de referência e as CF.

4.4.4 Variação dimensional e variação de massa

O endurecimento dos revestimentos é acompanhado por uma diminuição de volume,

quer devido à perda de água evaporável, quer devido às reações de hidratação. De acordo com

o que foi descrito em 2.2.7.6, a retração, em geral, evolui durante a pega e após o

endurecimento das argamassas, em condições normais de exposição ao ar.

0,3

0,57

0,31

0,58

0,28

0,54

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

0,35

0,4

0,45

0,5

0,55

0,6

0,65

0,7

REF-E REF-Z SF-E SF-Z CF-E CF-Z

Re

sist

ên

cia

de

po

ten

cial

de

ad

erê

nci

a à

traç

ão

(MP

a)

Argamassas

Limite de aceitação

para revestimento

externo

Limite de aceitação

para revestimento

interno

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89

Na Tabela 31 e nas Figuras 45 e 46, são apresentados os resultados médios de variação

dimensional e a variação de massa, obtidos nas idades ensaiadas.

Tabela 29 - Médias da variação dimensional e variação de massa, 1, 7 e 28 dias

0 A 1 DIA 0 A 7 DIAS 0 A 28 DIAS

Argamassa v. dimen.

mm/m

v. massa

%

v. dimen.

mm/m

v. massa

%

v. dimen.

mm/m

v. massa

%

REF-E -0,28 -6,79 -0,72 -8,16 -0,81 -8,25

REF-Z -0,21 -5,67 -0,52 -8,53 -0,87 -9,00

SF-E -0,28 -8,59 -0,98 -10,41 -1,06 -10,54

SF-Z -0,24 -5,90 -0,68 -9,38 -1,15 -9,95

CF-E -0,36 -9,78 -1,19 -11,76 -1,37 -11,89

CF-Z -0,28 -6,03 -0,80 -9,68 -1,46 -10,36

Analisando a Tabela 31 e a Figura 45, constata-se que as argamassas com agregado

reciclado apresentam maior retração que a argamassa referência. Quanto ao teor de finos, as

argamassas CF tiveram uma maior retração em relação às argamassas com o mesmo teor de

agregado reciclado sem finos.

Figura 45 - Retração das argamassas 1, 7 e 28 dias

Comportamentos semelhantes foram encontrados por Vegas et al. (2009, p. 14), que

também obtiveram o mesmo resultado ao substituírem agregado natural por agregado

-1,5 -1,3 -1,1 -0,9 -0,7 -0,5 -0,3 -0,1

REF-E

REF-Z

SF-E

SF-Z

CF-E

CF-Z

Retração das argamassas (mm/m)

Arg

amas

sas

0-28 dias

0-7 dias

0-1 dias

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reciclado de concreto, percebendo, após isso, que a retração livre é maior nas argamassas com

agregado reciclado.

Para Hamassaki et al. (1996, p. 115), essa maior retração nas argamassas recicladas

pode ser atribuída à excessiva quantidade de finos presentes no agregado reciclado. No

entanto, ao utilizar o agregado reciclado peneirado, a retração das argamassas foi, em geral,

maior que com o agregado natural, o que sugere que a retração depende mais das

características do material que dos finos.

Avaliando a Tabela 31 e a Figura 45, as argamassas moldadas com os dois cimentos

tiveram uma pequena retração entre 0 e 1 dia, sendo menor nas com CPII-Z. Já no intervalo

de 1 a 7 dias uma retração maior nas com CPII-E e uma pequena nas com CPII-Z e entre 7 e

28 dias uma retração maior nas com CPII-Z e uma pequena nas com CPII-E. Essa maior

retração nas idades mais avançadas (0 a 28 dias) nas argamassas moldadas com CPII-Z pode

ter sido causada pelo consumo maior de cimento que aumentou às reações de hidratação,

elevando a retração.

Em relação à variação de massa, analisando a Figura 46, conclui-se que todas as

argamassas apresentaram redução de suas massas, sendo as argamassas de referência as que

apresentaram menor perda de massa em todas as idades de ensaio. A variação de massa tem

relação com a retração das argamassas e também com a retenção de água, tendo em vista que,

à medida que as argamassas retraem, perdem massa.

Figura 46 - Variação de massa 1d, 7d e 28d

-12 -11 -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0

REF-E

REF-Z

SF-E

SF-Z

CF-E

CF-Z

Perda de massa (%)

Arg

amas

sas

0-28 dias

0-7 dias

0-1 dias

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91

Diferente da variação dimensional, na variação de massa, a maior perda de massa se

dá no intervalo 0 a 1 dia, provavelmente devido à perda de água e percebe-se também que há

pouca variação entre 7 e 28 dias, indicando a estabilização da massa. Observa-se, que as

argamassas com CPII-Z tiveram uma variação significativa de 0 a 7 dias.

4.4.5 Densidade aparente no estado endurecido

Os resultados médios obtidos nos ensaios de densidade aparente no estado endurecido

podem ser observados na Figura 47.

Figura 47 - Densidade de massa no estado endurecido

Da análise da Figura 47, observa-se que as argamassas de referência são mais densas

que as argamassas com agregados reciclados em sua composição. As argamassas com finos

são mais densas que as argamassas sem finos. Essas observações são justificadas pelas massas

específicas dos materiais, sendo a areia a mais densa, na sequência o RCD britado e por

último o RCD britado e peneirado.

Ainda avaliando a Figura 47, observa-se que as argamassas moldadas com CPII-E

possuem densidades maiores que as argamassas com CPII-Z. Isso se dá, provavelmente, a

maior massa específica da areia que é o material de maior porcentagem na composição das

argamassas, e/ou ainda possuírem um melhor arranjo entre as partículas.

1945

1865 1891

1855

1772

1802

1650

1700

1750

1800

1850

1900

1950

2000

REF SF CF

De

nsi

dad

e d

e m

assa

(kg

/m³)

Argamassas

CPII-E

CPII-Z

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4.4.6 Módulo de elasticidade dinâmico

O módulo de elasticidade é uma propriedade importante para as argamassas, porque

avalia a resistência do material à deformação elástica, ou seja, quanto maior o módulo, maior

a rigidez do material. Os resultados médios obtidos nos ensaios de módulo de elasticidade

dinâmico podem ser observados na Figura 48 e Tabela 32.

Figura 48 - Médias do módulo de elasticidade dinâmico aos 28 dias

Tabela 30 - Valores médios de módulo de elasticidade dinâmico (MPa)

CP REF-E REF-Z SF-E SF-Z CF-E CF-Z

Média 8404 10096 5644 8368 7844 7125

Analisando a Figura 49, verifica-se que os menores valores médios de módulos de

elasticidade dinâmico foram obtidos nas argamassas SF-E 5,6 GPa e CF-Z 7,1 GPa. Menores

módulos de elasticidade dinâmico indicam argamassas mais elásticas e de melhor utilização

(mais difícil fissuração).

Neste trabalho, os finos não foram determinantes no módulo de elasticidade, uma vez

que as argamassas CF e SF moldadas com ambos os cimentos apresentaram comportamentos

diferentes. As SF-Z tiveram decréscimos em relação as CF-Z e as SF-E acréscimos em

relação as CF-E.

8404

5644

7844

10096

8368

7125

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

REF SF CF

du

lo d

e e

last

icid

ade

din

âmic

o

(Mp

a)

Argamassas

CPII-E

CPII-Z

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93

4.4.7 Absorção e coeficiente de capilaridade

A absorção de água por capilaridade, já descrita em 2.2.7.8, é o processo físico pelo

qual o material cimentício retém água nos poros capilares. Quanto mais interligados os poros

capilares, maior e mais rápida será a absorção. A água tem capacidade para degradar materiais

como a argamassa, já que é agente de transporte para íons agressivos. Por isso, é importante

definir a absorção da argamassa para conferir a sua durabilidade. Valores baixos de absorção

sugerem argamassas melhores. Na Figura 49 e Tabela 33, apresentam-se as médias da

absorção de água por capilaridade aos 10 min e 90 min.

Figura 49 - Absorção de água

Tabela 31 - Médias de Absorção de água (g/cm³)

REF-E REF-Z SF-E SF-Z CF-E CF-Z

10min 0,86 0,37 0,92 0,38 1,07 0,45

90min 2,26 1,16 2,3 1,29 2,6 1,39

Analisando a Figura 49, pode-se perceber que, as argamassas com agregado reciclado

possuem uma maior absorção de água que a argamassa de referência e as argamassas

moldadas com CPII-Z apresentaram valores melhores em relação às com CPII-E. Isso se dá,

provavelmente pela maior quantidade de cimento por unidade de volume nessas argamassas

e/ou ainda por uma menor interligação dos poros capilares.

0

0,25

0,5

0,75

1

1,25

1,5

1,75

2

2,25

2,5

2,75

10min 90min

Ab

sorç

ão d

e á

gua

po

r ca

pila

rid

ade

(g/

cm²)

Tempo

REF-E

REF-Z

SF-E

SF-Z

CF-E

CF-Z

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Esses resultados são semelhantes aos encontrados por Pinto (1986, p. 61 a 64), que

observou uma maior absorção dos traços com agregados miúdos reciclados, possivelmente

por uma maior porosidade das partículas do agregado.

Na Figura 50 e na Tabela 34, são apresentadas as médias encontradas para o

coeficiente de capilaridade.

Tabela 32 - Médias Coeficiente de capilaridade (g/dm².min1/2

)

REF-E REF-Z SF-E SF-Z CF-E CF-Z

Média 22,4 12,7 22,0 14,5 24,4 15,0

Figura 50 - Coeficiente de capilaridade

Analisando os resultados, percebe-se que todas as argamassas com ARB (com finos)

possuem coeficientes de capilaridade maiores que as demais argamassas, sendo essa diferença

maior nas argamassas com CPII-E devido ao elevado teor de finos do ARB.

4.5 AVALIAÇÃO COMPLEMENTAR DE ARGAMASSAS COMPONDO UM SISTEMA

DE REVESTIMENTO

Conforme descrito em 3.4.3 foram revestidos três painéis: um com a argamassa de

referência 100% areia natural (REF-Z), um com a argamassa com substituição de 30% do

22,4 22

24,4

12,7

14,5 15

0

5

10

15

20

25

REF SF CF

Co

efi

cie

nte

de

cap

ilaid

ade

(g/

dm

².m

in1

/2 )

Argamassas

CPII-E

CPII-Z

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95

agregado natural por ARBP (SF-Z) e um com a argamassa com substituição de 30% do

agregado natural por ARB (CF-Z), para a análise do comportamento quando utilizadas em um

sistema de revestimento (Figura 51).

Segundo Carasek (1997), o tipo de substrato, o tipo de argamassa e o teor de umidade

do substrato exercem influência na resistência de aderência, contudo o fator individual de

maior influência é o tipo de argamassa. Em seu trabalho, em geral, os substratos secos

resultaram nos mais altos valores de resistência de aderência, tendo tais valores decrescido à

medida que foi aumentado o teor de umidade.

Conforme já descrito em 2.2.7, autores como Miranda (2000) observaram menor

fissuração quando a argamassa foi aplicada com chapisco que quando aplicado sobre o

substrato sem chapisco.

Ainda, segundo a NBR 13529 (ABNT,2013), o chapisco é uma camada de preparo da

base, aplicada de forma contínua ou descontínua, com a finalidade de uniformizar a superfície

quanto à absorção e melhorar a aderência do revestimento. Assim, concluí-se que o chapisco é

importante para melhorar os três requesitos analisados nas argamassas testadas: fissuração,

potencial de aderência à tração e permeabilidade.

Figura 51 - Argamassa referência, SF e CF logo após o desempeno

Sendo assim, neste trabalho, optou-se pela aplicação de chapisco, pela molhagem do

substrato com trincha 30 minutos antes da aplicação, por se tratar de um substrato poroso

(alvenaria de tijolo de seis furos). Vale ressaltar que se optou pelo sarrafeamento precoce com

o intuito de evitar a fissuração. O desempeno foi realizado após 30 minutos do sarrafeamento.

REF-Z SF-Z CF-Z

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4.5.1 Quanto ao potencial de aderência à tração

O ensaio foi realizado de acordo com a NBR 13528 (2010) e as argamassas

apresentaram os valores e tipos de ruptura predominante apresentados na Tabela 36 para essa

pesquisa e para Oliveira (2015) na Tabela 35. Os dados e resultados individuais do ensaio

dessa pesquisa estão apresentados no Apêndice D e os de Oliveira (2015) no Anexo D.

Tabela 33 - Resultados de potencial de aderência à tração Oliveira (2015)

Potencial de aderência à tração (MPa)

CP REF - E SF - E CF - E

Valor Forma de

Ruptura Valor

Forma de

Ruptura Valor

Forma de

Ruptura

1 0,22* 40A 60D 0,43 D >0,37 A

2 0,68 D 0,45 20B 80D 0,49 20D 80E

3 >0,45 A 0,41 B 0,16* D

4 0,85 40A 60D 0,33 30B 70D 0,46 D

5 0,25* D >0,51 A 0,71 B

6 >0,44 A 0,31 D 0,39 D

7 >0,40 A 0,32 D >0,53 A

8 0,54 80A 20D 0,33 70A 30D 0,91 40B 60D

9 0,32 50A 50D 0,18* D 0,62 D

10 0,38 80A 20D 0,78 D 0,41 D

11 >0,42 A 0,43 D 0,76 D

12 0,44 D 0,29* D 0,73 30B 70D

*Valores inferiores ao limite de 0,30MPa, estabelecido pela NBR 13749 (ABNT, 2013) para

argamassas de revestimento externo.

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97

Tabela 34 - Resultados de potencial de aderência à tração

Potencial de aderência à tração (MPa)

CP REF - Z SF - Z CF - Z

Valor Forma de

Ruptura Valor

Forma de

Ruptura Valor

Forma de

Ruptura

1 >0,66 E >0,82 E >0,45 E

2 >0,52 80F 20G >0,41 E >0,47 E

3 >0,56 E 0,21* D >0,59 E

4 0,57 60D 40E 0,46 D 0,14* D

5 0,47 30D 70E >0,20* 15F 85G >0,55 E

6 >0,24* D 0,42 60D 40E >0,42 E

7 >0,31 D 0,42 50D 50E 0,14* D

8 >0,46 D 0,31 50D 50E 0,41 50D 50E

9 0,50 B 0,26* D >0,42 E

10 >0,53 E >0,33 E >0,38 E

11 >0,45 60F 40G >0,56 A >0,61 E

12 >0,22* E >0,47 E >0,60 E

*Valores inferiores ao limite de 0,30MPa, estabelecido pela NBR 13749 (ABNT, 2013) para

argamassas de revestimento externo.

Na Figura 52, são apresentados os tipos de ruptura quando o sistema é composto por

argamassa + chapisco + substrato, conforme a NBR 13528 (ABNT, 2010).

Figura 52 - Formas de ruptura no ensaio de potencial de aderência à tração

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Pela análise das Tabelas 35 e 36 constata-se que, quanto à resistência de aderência à

tração (Ra), todas as argamassas poderiam ser usadas para revestimento interno e externo,

pois os limites mínimos, segundo a NBR 13749 (ABNT, 2013), são de 0,2 MPa para

revestimento interno e 0,30 MPa para revestimento externo. A norma estabelece que o

revestimento é aceito se pelo menos 8 valores forem iguais ou superiores aos limites

indicados.

Quanto à forma de ruptura, a NBR 13528 (ABNT, 2010) determina que quando a

ruptura é na interface substrato/chapisco (B) e chapisco/argamassa (D) o valor da resistência

de aderência é o valor obtido no ensaio. No caso das demais rupturas o valor de aderência não

é determinado e é maior que o valor obtido no ensaio. Nas Figuras 53, 54 e 55 apresentam-se

as argamassas após o arrancamento.

Figura 53 - Argamassa de referência, rupturas predominantes do tipo D e E

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99

Figura 54 - Argamassa SF-Z rupturas predominantes do tipo D e E

Figura 55 - Argamassa CF-Z, todas as rupturas do tipo D e E

Oliveira (2015) em seu sistema de revestimento em que as argamassas foram

moldadas com CPII-E, teve algumas formas diferentes de ruptura no ensaio de potencial de

aderência à tração: rupturas do tipo A e D na argamassa REF-E e nas argamassas SF-E e CF-

E as rupturas predominantes foram do tipo B e D. Independente das características dos

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materiais que compõem a argamassa, os seis traços ensaiados tiveram rupturas na interface

chapisco/argamassa (tipo D). Ver Figura 56.

Figura 56 - Tipos de rupturas nas argamassas produzidas por Oliveira (2015)

4.5.2 Quanto à fissuração

Os três traços de revestimentos moldados com CPII-Z ensaiados, não apresentaram

fissuras, nem superficiais quanto profundas. Já os revestimentos moldados com CPII-E, no

primeiro dia a argamassa CF-E apresentou três pequenas fissuras, finas e superficiais,

distantes entre si, enquanto as outras não apresentaram.

São muitos os fatores intervenientes na fissuração das argamassas quando aplicados a

paredes, a começar pelas condições climáticas do local, insolação, incidência de ventos.

Outros fatores como preparo da base (com ou sem chapisco), molhagem prévia ou aplicação

da argamassa no substrato seco, forma de execução, lançamento, tempo de sarrafeamento e

desempeno também podem ser apontados como causas de fissuração dos revestimentos.

Por ter sido molhado meia hora antes, o conjunto substrato + chapisco pode ter

absorvido parte da água da argamassa e, como a argamassa com finos necessita mais água

para envolver a superfície específica do material fino, isso pode ter gerado pequenas fissuras.

A ausência de fissuras no traço CF-Z pode ter sido causada pelo menor teor de finos nos

agregados se comparado com o traço CF-E.

4.5.3 Quanto à permeabilidade

Para avaliar essa propriedade utilizamos o ensaio do Método do Cachimbo já descrito

em 3.4.3.1. O ensaio foi realizado 28 dias após a execução dos revestimentos. Os cachimbos

foram numerados de 1 a 5 em cada revestimento ensaiado e dispostos de maneira aleatória

sobre o revestimento não foi verificado se eles contemplavam juntas ou blocos (Ver posição e

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101

numeração dos cachimbos nas Figuras 53, 54 e 55). As leituras individuais dos ensaios se

encontram no apêndice D e anexo D (Oliveira 2015).

As juntas de assentamento da alvenaria possuem características diferentes dos blocos,

como estrutura e tamanho dos poros, o que influi nas características de absorção de água do

substrato, principalmente quando o substrato não é tratado. Assim, a utilização do chapisco

ajuda parcialmente na homogeneização, diminuindo as diferenças de absorção entre blocos e

juntas.

Os resultados médios dos ensaios estão representados na Figura 57 e na Tabela 37, em

que no eixo vertical são representados os volumes médios de água absorvidos pelo

revestimento em um determinado período de tempo, indicado no eixo horizontal. O ensaio

termina no tempo em que o volume de 4,0 cm³ é atingido.

Tabela 35 - Leituras médias Método do Cachimbo

Leituras Médias Método do Cachimbo

REF-E REF-Z SF-E SF-Z CF-E CF-Z

Tempo

(min)

Volume

(cm³)

Volume

(cm³)

Volume

(cm³)

Volume

(cm³)

Volume

(cm³)

Volume

(cm³)

5 0,40 0,23 0,50 0,22 0,48 0,37

10 0,80 0,50 0,90 0,43 0,90 0,62

15 1,18 0,70 1,32 0,60 1,30 0,87

30 2,28 1,23 2,60 0,97 2,52 1,50

60 x 2,12 x 1,72 x 2,63

Tmédio

4,00 cm³ 54 min 136 min 48 min 182 min 55 min 101 min

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Figura 57 - Representação gráfica das leituras médias no Método do Cachimbo nos

revestimentos ensaiados

Na Figura 58, para uma melhor análise da permeabilidade nos tempos iniciais de

ensaio, observa-se o comportamento da permeabilidade nos revestimentos até o período de 30

minutos.

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103

Figura 58 - Representação gráfica das leituras médias no Método do Cachimbo nos

revestimentos ensaiados até o período de 30 minutos

Analisando as Figuras 57 e 58 e Tabela 37, observa-se que os revestimentos moldados

com CPII-Z tiveram resultados melhores que os revestimentos moldados com o CPII-E.

Dentre as argamassas com CPII-Z, destaca-se o traço SF-Z, que tem substituição de 30% do

agregado natural por agregado reciclado britado peneirado que obteve a menor

permeabilidade dos 6 revestimentos ensaiados. Já com relação às argamassas moldadas com

CPII-E, elas tiveram comportamentos muito próximos quanto à permeabilidade sendo o traço

CF-E o que apresentou o resultado mais satisfatório.

Nos revestimentos ensaiados por Oliveira (2015), há uma relação entre o potencial de

aderência à tração e a permeabilidade. Quanto menor a permeabilidade do revestimento,

maiores os resultados de aderência desse revestimento. Já nessa pesquisa, em que as

argamassas foram moldadas com CPII-Z não se observou relação com o potencial de

aderência realizado no próprio revestimento, mas sim com os resultados encontrados no

potencial de aderência à tração realizados em substratos padrão. Quanto menor à

permeabilidade, maiores as resistências no ensaio de potencial de aderência à tração nos

substratos padrão.

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Comparando os valores de permeabilidade dos revestimentos moldados com os dois

tipos de cimento, os melhores resultados foram encontrados nas argamassas com CPII-Z,

possivelmente pela menor relação água cimento que reduz a porosidade da argamassa e

também pela menor quantidade de finos nos agregados reciclados utilizados nessas

argamassas.

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105

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho permitiu avaliar não só a influência que os cimentos têm nas

propriedades das argamassas com agregados reciclados britados peneirados ou não como

também à influência de diferentes resíduos e dos finos provenientes exclusivamente dos

agregados reciclados mistos, nas propriedades das argamassas. Oliveira (2015) utilizou o

cimento Portland composto com escória de alto forno (CPII-E) para realização de sua

pesquisa. Para esta pesquisa foi necessário coletar uma nova carga de RCD e prepará-lo para

utilização em argamassas que foram moldadas com cimento Portland composto com pozolana

(CPII-Z). Como já foi mencionado, os resíduos reciclados mistos são muito heterogêneos, isso

foi comprovado no item 4.2 em que é apresentado a análise gravimétrica das amostras das

duas cargas de resíduos utilizados pelos autores. Alguns autores atribuem algumas

características das argamassas com agregado reciclado, como por exemplo, a maior retração, à

excessiva quantidade de finos. No entanto, ao produzir argamassas com agregado reciclado

peneirado percebeu-se que elas também têm uma maior retração que a argamassa com

agregado natural, evidenciando que essa propriedade está ligada à composição dos agregados

reciclados não só a sua finura.

Com base na revisão da literatura, pode concluir-se que a incorporação de agregados

reciclados em argamassas para substituir agregados convencionais (areia) em pequenas

proporções (entre 10% e 30%) pode melhorar as suas propriedades. Essa incorporação de

agregados reciclados mistos nas argamassas demonstrou ser uma possível solução para a

minimização de impactos ambientais, com grande potencial para uso na indústria da

construção uma vez que quase à totalidade das argamassas estudadas neste trabalho tiveram

um bom desempenho se comparadas às argamassas de referência.

Verificou-se também a influência da quantidade e possivelmente composição desses

finos nas propriedades das argamassas, uma vez que se obtiveram bons resultados até mesmo

com um elevado teor de finos nos agregados. O traço CF-E foi o único a não atingir o limite

mínimo de resistência potencial de aderência à tração em substratos padrão para

revestimentos externos. Assim, entre as argamassas avaliadas neste trabalho, todas poderão

ser utilizadas para revestimentos internos e apenas a argamassa CF-E não poderá ser utilizada

em revestimentos externos. As conclusões deste trabalho são referentes ao agregado reciclado

produzido e utilizado nesta pesquisa e na de Oliveira (2015).

As características físicas das partículas da areia reciclada são fatores que influenciam

significativamente nas propriedades das argamassas. A forma e a textura dos agregados de

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RCD reciclados são diferentes dos agregados naturais, tendo em vista que são irregulares,

contêm superfície mais porosa e apresentam textura mais áspera. Sendo assim, as argamassas

com areia reciclada exigiram maior quantidade de água para obter e mesma trabalhabilidade

das argamassas de referência. Essas comprovações, embora tenham apresentado resultados

previsíveis, tornaram mais evidente que as argamassas com ARB necessitam de mais água

que as argamassas com ARBP em sua confecção, o que também já era esperado, devido à

maior superfície específica dos agregados com finos.

Entre as argamassas moldadas com CPII-E e CPII-Z, as com ARB apresentaram

algumas propriedades semelhantes e algumas melhores em relação à argamassa de referência,

como menores módulos de elasticidade dinâmico (SF-E, CF-E, SF-Z e CF-Z), maiores

resistências de aderência (SF-E, SF-Z) e maiores resistências mecânica à compressão axial

(SF-E e CF-E). No ensaio de potencial de aderência à tração em substratos padrão, todas as

argamassas tiveram ruptura na argamassa, enquanto que o traço CF-E teve ruptura superficial.

Ao analisar argamassas compostas por agregado reciclado com a mesma distribuição

granulométrica dos materiais maiores que 0,075mm, com o mesmo traço, relação

água/cimento muito semelhantes e teor de finos diferentes, é possível perceber a influência

exclusiva dos finos do agregado nas propriedades das argamassas.

O teor de material pulverulento no agregado reciclado de Oliveira (2015) é de 25% e

dessa pesquisa 10%, enquanto que, na areia é de 1% para ambos os autores, por isso, optou-se

pelo peneiramento para retirada dos finos para a comparação de argamassas iguais com e sem

finos, provenientes do agregado.

Após a análise dos resultados deste trabalho, percebe-se que mesmo com dois tipos de

resíduos e cimentos as argamassas apresentaram comportamentos semelhantes nas

propriedades do estado fresco. Considerando as argamassas REF, SF e CF, nessa ordem, a

retenção de água aumentou, a densidade de massa diminuiu e o teor de ar incorporado reduziu

nas argamassas SF e nas CF teve um acréscimo superando o traço de referência.

No estado endurecido, as argamassas com finos apresentaram maior retração livre e

maior variação de massa que as argamassas correspondentes sem finos.

A recomendação de se ter baixo módulo de elasticidade em argamassas para evitar o

surgimento de fissuras de retração por secagem não foi isoladamente determinante na

fissuração dos revestimentos, já que a argamassa de referência apresentou maior módulo que

a argamassa 30% CF e não fissurou.

Alguns autores atribuem algumas características das argamassas com agregado

reciclado, como por exemplo, a maior retração, à excessiva quantidade de finos. No entanto,

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107

ao produzir argamassas com agregado reciclado peneirado percebeu-se que elas também têm

uma maior retração que a argamassa com agregado natural, evidenciando que essa

propriedade está ligada à composição dos agregados reciclados não só a sua finura.

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APÊNDICE

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115

APÊNDICE A - Caracterização dos agregados

A.1. Traço utilizado

Traço: 1:2:8 em volume

Cracterísticas físicas dos materiais:

Material Massa unitária kg/dm³ Coef. Inchamento.

Cimento CPII-Z 32 1,2 ---

Cal 0,59 ---

Areia 1,60 1,32

RCD britado peneirado 1,45 1,11

RCD britado não peneirado 1,47 1,16

Para os traços com 30% de substituição de agregado natural por reciclado:

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Granulometria do agregado natural

COMPOSIÇÃO GRANULOMÉTRICA

Peneiras 1ª Determinação 2ª Determinação

% Retida Média % Retida Acumulada nº mm Peso Retido (g) % Retida Peso Retido (g) % Retida

3/8" 9,5 0% 0% 0% 0%

1/4" 6,3 0% 0% 0% 0%

4 4,8 0,5 0% 0,5 0% 0% 0%

8 2,4 4,5 1% 7 1% 1% 1%

16 1,2 24,5 4% 25,5 4% 4% 5%

30 0,6 119 19% 124 20% 20% 25%

50 0,3 354,5 58% 349,5 57% 58% 83%

100 0,15 81 13% 81 13% 13% 96%

Fundo <0,15 26,5 4% 23 4% 4%

TOTAL 610,5 100% 610,5 100% 100% 210%

Diâmetro Maximo: 1,2 Módulo de Finura: 2,10

Granulometria do agregado reciclado britado não peneirado

COMPOSIÇÃO GRANULOMÉTRICA

Peneiras 1ª Determinação 2ª Determinação % Retida

Média

% Retida

Acumulada nº mm Peso Retido

(g) % Retida

Peso Retido

(g) % Retida

3/8" 9,5 0% 0% 0% 0%

1/4" 6,3 0% 0% 0% 0%

4 4,8 0 0% 0 0% 0% 0%

8 2,4 51,78 7% 54,06 8% 7% 7%

16 1,2 105,77 15% 102,09 14% 15% 22%

30 0,6 99,45 14% 96,92 14% 14% 36%

50 0,3 182,49 25% 183,54 26% 26% 61%

100 0,15 164,04 23% 149,62 21% 22% 84%

Fundo <0,15 112,32 16% 122,49 17% 16%

TOTAL 715,85 100% 708,72 100% 100% 210%

Diâmetro Maximo: 4,8 Módulo de Finura: 2,10

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117

APÊNDICE B - Dados e resultados dos ensaios de argamassa no estado fresco

B.2. Índice de Consistência

Índice de consistência – Dados das

leituras com paquímetro

REF-Z SF-Z CF-Z

1 240 244 243

2 242 243 241

3 238 242 242

Média 240 243 242

B.3. Retenção de água

Retenção de água - Dados coletados no ensaio em gramas (g) e resultados

REF-Z SF-Z CF-Z

Prato +

papel-filtro (mv) 595,2 594,96 595,82

Prato + papel-filtro+argamassa (ma) 1870,4 1834,7 1848,4

Após 15 minutos (ms) 1855 1825,5 1839,9

Água adicionada na argamassa (mw) 501 441 488

(m) 2542,5 2515 2562,5

Retenção (%) 93 95 96

B.4. Densidade de massa e teor de ar incorporado

*Volume : 400cm³

*Massa do recipiente vazio: 859,5g

*Massa específica da cal: 2,38 kg/dm³

Densidade de massa e teor de ar

incorporado – Dados do ensaio e

resultados

Ref. 30%SF 30%CF

Leitura

mc (g) 1669,86 1654,99 1650,15

Densidade

de massa

(kg/m³)

2.026 1.989 1.977

Teor de

ar (%) 4,7% 4,6% 4,8%

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APÊNDICE C - Dados e resultados dos ensaios de argamassa no estado endurecido

C.1. Resistência à tração na flexão e compressão axial 7, 14 e 28 dias

Resistência à tração na flexão e a compressão axial

Argamassa: REF-Z 7 dias

CP Leitura

(mm)

Carga

Flexão

(N)

Tensão

(MPa) CP

Carga

Compressão

(N)

Tensão

(MPa)

1 42 630 1,48 1a 5.900 3,69

1b 5.800 3,63

2 46 685 1,60 2a 6.200 3,88

2b 6.200 3,88

3 47 698 1,64 3a 6.400 4,00

3b 6.300 3,94

Média 1,57

3,83

Desvio Absoluto Máximo (MPa) 0,06

0,17

Resistência à tração na flexão e a compressão axial

Argamassa: REF-Z 14 dias

CP Leitura

(mm)

Carga

Flexão

(N)

Tensão

(MPa) CP

Carga

Compressão

(N)

Tensão

(MPa)

1 42 630 1,48 1a 6.600 4,13

1b 6.800 4,25

2 47 698 1,64 2a 7.400 4,63

2b 7.500 4,69

3 48 712 1,67 3a 7.100 4,44

3b 7.300 4,56

Média 1,59

4,45

Desvio Absoluto Máximo (MPa) 0,08

0,24

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119

Resistência à tração na flexão e a compressão axial

Argamassa: REF-Z 28 dias

CP Leitura

(mm)

Carga

Flexão

(N)

Tensão

(MPa) CP

Carga

Compressão

(N)

Tensão

(MPa)

1 61 891 2,09 1a 9.400 5,88

1b 9.600 6,00

2 54 795 1,86 2a 8.800 5,50

2b 9.300 5,81

3 63 918 2,15 3a 9.600 6,00

3b 9.500 5,94

Média 2,03

5,85

Desvio Absoluto Máximo (MPa) 0,12

0,15

Resistência à tração na flexão e a compressão axial

Argamassa: SF-Z 7 dias

CP Leitura

(mm)

Carga

Flexão

(N)

Tensão

(MPa) CP

Carga

Compressão

(N)

Tensão

(MPa)

1 35 534 1,25 1a 5.500 3,44

1b 5.800 3,63

2 36 548 1,28 2a 5.800 3,63

2b 6.000 3,75

3 36 548 1,28 3a 6.100 3,81

3b 6.000 3,75

Média 1,27

3,67

Desvio Absoluto Máximo (MPa) 0,01

0,15

Resistência à tração na flexão e a compressão axial

Argamassa: SF-Z 14 dias

CP Leitura

(mm)

Carga

Flexão

(N)

Tensão

(MPa) CP

Carga

Compressão

(N)

Tensão

(MPa)

1 40 602 1,41 1a 5.900 3,69

1b 5.500 3,44

2 46 685 1,60 2a 6.500 4,06

2b 6.400 4,00

3 38 575 1,35 3a 6.000 3,75

3b 5.500 3,44

Média 1,45

3,73

Desvio Absoluto Máximo (MPa) 0,04

0,33

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Resistência à tração na flexão e a compressão axial

Argamassa: SF-Z 28 dias

CP Leitura

(mm)

Carga

Flexão

(N)

Tensão

(MPa) CP

Carga

Compressão

(N)

Tensão

(MPa)

1 53 781 1,83 1a 7.500 4,69

1b 7.800 4,88

2 51 753 1,77 2a 8.400 5,25

2b 8.600 5,38

3 52 767 1,80 3a 7.600 4,75

3b 8.000 5,00

Média 1,80

4,99

Desvio Absoluto Máximo (MPa) 0,03

0,39

Resistência à tração na flexão e a compressão axial

Argamassa: CF-Z 7 dias

CP Leitura

(mm)

Carga

Flexão

(N)

Tensão

(MPa) CP

Carga

Compressão

(N)

Tensão

(MPa)

1 36 548 1,28 1a 5.600 3,50

1b 5.800 3,63

2 37 561 1,32 2a 5.800 3,63

2b 5.700 3,56

3 31 479 1,12 3a 5.900 3,69

3b 6.100 3,81

Média 1,24

3,64

Desvio Absoluto Máximo (MPa) 0,08

0,18

Resistência à tração na flexão e a compressão axial

Argamassa: CF-Z 14 dias

CP Leitura

(mm)

Carga

Flexão

(N)

Tensão

(MPa) CP

Carga

Compressão

(N)

Tensão

(MPa)

1 42 630 1,48 1a 6.200 3,88

1b 5.900 3,69

2 42 630 1,48 2a 6.400 4,00

2b 6.600 4,13

3 39 589 1,38 3a 5.600 3,50

3b 6.000 3,75

Média 1,44

3,82

Desvio Absoluto Máximo (MPa) 0,03

0,30

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121

Resistência à tração na flexão e a compressão axial

Argamassa: CF-Z 28 dias

CP Leitura

(mm)

Carga

Flexão

(N)

Tensão

(MPa) CP

Carga

Compressão

(N)

Tensão

(MPa)

1 48 712 1,67 1a 7.100 4,44

1b 6.900 4,31

2 47 698 1,64 2a 7.400 4,63

2b 7.500 4,69

3 50 740 1,73 3a 7.400 4,63

3b 7.300 4,56

Média 1,68

4,54

Desvio Absoluto Máximo (MPa) 0,05

0,15

C.2. Potencial de aderência à tração em substratos padrão

Resistência potencial de aderência à tração - Ensaio de arrancamento

Argamassa: REF-Z

CP CARGA

(N) D (mm)

SEÇÃO

(mm²)

TENSÃO

(MPa)

FORMA DE RUPTURA ESPESSURA

S S/A A F

1 1304 50 1963,5 0,66

100

22

2 1218 50 1963,5 0,62

100*

22

3 1030 50 1963,5 0,52

100*

21

4 848 50 1963,5 0,43

100*

21

5 1434 50 1963,5 0,73

100

21

6 1147 50 1963,5 0,58

100*

22

7 957 50 1963,5 0,49

100

23

8 1045 50 1963,5 0,53

100

22

9 898 50 1963,5 0,46

100

20

10 1318 50 1963,5 0,67

100

22

MÉDIA

0,57

S é a ruptura no substrato - S/A é a ruptura na interface substrato argamassa - A é a ruptura na argamassa

F é a falha na colagem da peça metálica - * ruptura na argamassa superficial

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Resistência potencial de aderência à tração - Ensaio de arrancamento

Argamassa: SF-Z

CP CARGA

(N) D (mm)

SEÇÃO

(mm²)

TENSÃO

(MPa)

FORMA DE RUPTURA ESPESSURA

S S/A A F

1 1390 50 1963,5 0,71

100

20

2 1093 50 1963,5 0,56

100

21

3 1203 50 1963,5 0,61

100

21

4 1184 50 1963,5 0,60

100

21

5 1231 50 1963,5 0,63

100*

22

6 1006 50 1963,5 0,51

100

21

7 1144 50 1963,5 0,58

100

21

8 1040 50 1963,5 0,53

100

20

9 1170 50 1963,5 0,60

100

21

10 984 50 1963,5 0,50

100

22

MÉDIA

0,58

Resistência potencial de aderência à tração - Ensaio de arrancamento

Argamassa: CF-Z

CP CARGA

(N) D (mm)

SEÇÃO

(mm²)

TENSÃO

(MPa)

FORMA DE RUPTURA ESPESSURA

S S/A A F

1 939 50 1963,5 0,48

100

20

2 1256 50 1963,5 0,64

100

20

3 951 50 1963,5 0,48

100

22

4 1245 50 1963,5 0,63

100

20

5 1129 50 1963,5 0,57

100

22

6 1017 50 1963,5 0,52

100

21

7 1012 50 1963,5 0,52

100

21

8 1275 50 1963,5 0,65

100*

21

9 1034 50 1963,5 0,53

100

22

10 818 50 1963,5 0,42

100

22

MÉDIA

0,54

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123

C.3. Densidade aparente no estado endurecido

Argamassa CP Medida 1

(cm)

Medida 2

(cm)

Medida 3

(cm)

Massa

(g)

Densidade

Kg/m³

REF-Z

1 15,64 4,10 4,08 494,5 1892

2 16,16 4,08 4,15 502,8 1838

3 16,16 4,13 4,12 504,2 1834

Média 1855

SF-Z

1 16,13 4,08 4,12 482,2 1778

2 16,18 4,09 4,15 484,3 1765

3 16,09 4,10 4,14 483,5 1772

Média 1772

CF-Z

1 16,14 4,08 4,07 481,3 1795

2 16,18 4,10 4,07 486,5 1800

3 16,21 4,08 4,04 483,3 1810

Média 1802

C.4. Determinação do módulo de elasticidade dinâmico

Módulo de elasticidade dinâmico - Dados do ensaio

CP M (g) L t V

REF-Z

1 494,5 15,64 4,10 4,08 64,8 – 65,5 – 66,0 2,47

2 502,8 16,16 4,08 4,15 67,1 – 66,0 – 65,5 2,44

3 504,2 16,16 4,13 4,12 64,9 – 67,0– 65,4 2,47

SF-Z

1 482,2 16,13 4,08 4,12 70,0 – 69,5 – 71,3 2,30

2 484,3 16,18 4,09 4,15 71,1 – 71,6 – 72,2 2,25

3 483,5 16,09 4,10 4,14 69,0 – 69,7 – 70,9 2,32

CF-Z

1 481,3 16,14 4,08 4,07 79,0 – 79,4 – 78,0 2,05

2 486,5 16,18 4,10 4,07 78,0 – 76,1 – 77,3 2,10

3 483,3 16,21 4,08 4,04 76,6 – 75,0 – 75,5 2,13

Resultados de Módulo de elasticidade dinâmico (MPa)

CP REF-Z SF-Z CF-Z

Cp1 10178 8452 6824

Cp2 9962 8076 7169

Cp3 10147 8575 7381

Média 10096 8368 7125

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C.5. Variação dimensional e variação de massa

Variação dimensional e variação de massa – Resultados

0 A 1 DIA 0 A 7 DIAS 0 A 28 DIAS

Argamassa CP

Variação

dimensional

mm/m

Variação

de massa

%

Variação

dimensional

mm/m

Variação

de massa

%

Variação

dimensional

mm/m

Variação

de massa

%

REF-Z

1 -0,23 -6,01 -0,59 -8,56 -0,92 -8,96

2 -0,25 -5,82 -0,65 -8,66 -0,92 -9,11

3 -0,19 -5,51 -0,44 -8,56 -0,83 -9,06

4 -0,16 -5,33 -0,41 -8,36 -0,80 -8,87

Média -0,21 -5,67 -0,52 -8,53 -0,87 -9,00

SF-Z

1 -0,22 -5,96 -0,67 -9,31 -1,16 -9,82

2 -0,26 -5,92 -0,66 -9,43 -1,13 -10,00

3 -0,28 -5,99 -0,79 -9,47 -1,14 -10,05

4 -0,21 -5,72 -0,60 -9,30 -1,15 -9,92

Média -0,24 -5,90 -0,68 -9,38 -1,15 -9,95

CF-Z

1 -0,23 -5,61 -0,63 -9,50 -1,31 -10,26

2 -0,26 -5,80 -0,81 -9,66 -1,37 -10,37

3 -0,29 -6,00 -0,84 -9,75 -1,57 -10,44

4 -0,34 -6,72 -0,94 -9,83 -1,58 -10,37

Média -0,28 -6,03 -0,80 -9,68 -1,46 -10,36

C.6. Absorção de água por Capilaridade e coeficiente de capilaridade

Absorção de água por Capilaridade e coeficiente de capilaridade - Dados e resultados

Argamassa CP M0 (g) M10 (g) M90 (g) Absorção

10min

Absorção

90min

Coef. De

capilaridade

REF

1 504,50 510,50 522,90 0,38 1,15 12,40

2 506,00 512,20 524,40 0,39 1,15 12,20

3 503,72 509,16 522,53 0,34 1,18 13,37

Média 0,37 1,16 12,7

30% SF

1 482,40 488,80 503,10 0,40 1,29 14,30

2 487,70 494,60 508,70 0,43 1,31 14,10

3 482,76 487,80 502,80 0,32 1,25 15,00

Média 0,38 1,29 14,5

30%CF

1 483,80 490,70 506,20 0,43 1,40 15,50

2 486,20 493,50 508,10 0,46 1,37 14,60

3 485,60 493,00 507,80 0,46 1,39 14,80

Média 0,45 1,39 15,0

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125

APÊNDICE D – Avaliação de argamassas em um sistema de revestimento

D.1. Ensaio de potencial de aderência à tração em argamassa aplicada à parede de

alvenaria

Corte a seco, colando as pastilhas e pastilhas coladas

Ensaio de potencial de aderência e argamassas após o ensaio

Pastilhas com as argamassas REF, SF e CF após o ensaio.

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Dados e resultados do ensaio complementar de potencial de aderência à tração em paredes de

alvenaria

Argamassa REF-Z (28 dias)

Corpo de prova Local do ensaio Carga de ruptura

(N)

Tensão

Ra (MPa)

Forma de ruptura (%)

Nº Esp. d

mm

Área

mm² Bloco Junta A B C D E F G

1 23 50 1963,5 x

1288 >0,66

x

2 23 50 1963,5 x

1014 >0,52

80 20

3 26 50 1963,5

x 1092 >0,56

x

4 25 50 1963,5 x

1119 0,57

60 40

5 25 50 1963,5

x 931 0,47

30 70

6 26 50 1963,5

x 465 >0,24

x

7 25 50 1963,5 x

602 >0,31

x

8 24 50 1963,5

x 899 >0,46

x

9 24 50 1963,5

x 983 0,50

x

10 23 50 1963,5 x

1050 >0,53

x

11 25 50 1963,5

x 877 >0,45

60 40

12 24 50 1963,5 x

434 >0,22

x

Argamassa SF - Z (28 dias)

Corpo de prova Local do ensaio Carga de ruptura

(N)

Tensão

Ra (MPa)

Forma de ruptura (%)

Nº Esp. d

mm

Área

mm² Bloco Junta A B C D E F G

1 22 50 1963,5 x

1608 >0,82

x

2 24 50 1963,5 x

796 >0,41

x

3 25 50 1963,5

x 422 0,21

x

4 24 50 1963,5 x

898 0,46

x

5 28 50 1963,5

x 397 >0,20

15 85

6 27 50 1963,5 x

822 0,42

60 40

7 24 50 1963,5 x

825 0,42

50 50

8 22 50 1963,5

x 615 0,31

50 50

9 24 50 1963,5

x 501 0,26

x

10 22 50 1963,5

x 656 >0,33

x

11 24 50 1963,5 x

1098 >0,56 x

12 23 50 1963,5 x

926 >0,47

x

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127

Argamassa CF-Z – 28 dias

Corpo de prova Local do ensaio

Carga de ruptura

(N)

Tensão

Ra (MPa)

Forma de ruptura (%)

Nº Esp. d

mm

Área

mm² Bloco Junta A B C D E F G

1 22 50 1963,5

x 883 >0,45

x

2 22 50 1963,5

x 925 >0,47

x

3 23 50 1963,5 x

1159 >0,59

x

4 24 50 1963,5

x 267 0,14

x

5 23 50 1963,5 x

1073 >0,55

x

6 23 50 1963,5

x 825 >0,42

x

7 25 50 1963,5 x

280 0,14

x

8 26 50 1963,5

x 811 0,41

50 50

9 28 50 1963,5

x 822 >0,42

x

10 25 50 1963,5 x

754 >0,38

x

11 23 50 1963,5

x 1194 >0,61

x

12 25 50 1963,5 x

1176 >0,60

x

D.2. Permeabilidade a água líquida pelo Método do Cachimbo in loco revestimento

externo

Condições climáticas no momento do ensaio:

Temperatura do ar

(°C)

Temperatura do

revestimento (°C)

Umidade relativa do ar

(%)

Inicial 24,8 19,5 62

Final 23,0 33,1 66

REF - Z SF - Z CF - Z

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Leituras Método do Cachimbo

Revestimento: REF-Z

Cachimbo 3 Cachimbo 4 Cachimbo 5

Tempo Volume Volume Volume

(min) (cm³) (cm³) (cm³)

5 0,25 0,2 0,25

10 0,5 0,5 0,5

15 0,65 0,7 0,75

30 1,2 1,1 1,4

60 2 1,9 2,45

Tmédio

4,00 cm³ 135min 158min 116min

Leituras Método do Cachimbo

Revestimento: SF-Z

Cachimbo 1 Cachimbo 4 Cachimbo 5

Tempo Volume Volume Volume

(min) (cm³) (cm³) (cm³)

5 0,2 0,2 0,25

10 0,4 0,4 0,5

15 0,55 0,6 0,65

30 0,9 1 1

60 1,5 1,8 1,85

Tmédio

4,00 cm³ 215min 170min 160min

Leituras Método do Cachimbo

Revestimento: CF-Z

Cachimbo 1 Cachimbo 2 Cachimbo 3

Tempo Volume Volume Volume

(min) (cm³) (cm³) (cm³)

5 0,4 0,35 0,35

10 0,6 0,6 0,65

15 0,85 0,95 0,8

30 1,5 1,6 1,4

60 2,6 2,9 2,4

Tmédio

4,00 cm³ 103min 90min 109min

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129

Leituras Médias Método do Cachimbo

REF-Z SF-Z CF-Z

Tempo

(min)

Volume

(cm³)

Volume

(cm³)

Volume

(cm³)

5 0,23 0,22 0,37

10 0,50 0,43 0,62

15 0,70 0,60 0,87

30 1,23 0,97 1,50

60 2,12 1,72 2,63

Tmédio

4,00 cm³ 136min 182min 101min

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ANEXO

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131

ANEXO A - Caracterização dos agregados

A.1. Traço utilizado

Traço: 1:2:8 em volume

Vareia úmida = (massa da areia / massa unitária) x Ci (coeficiente de inchamento)

Ci = 1,24 adimensional

8 dm3/1,24 = massa da areia/ massa unitária da areia

8/1,24 = 6,45dm3 então 6,45 x massa unitária (1,6 kg/dm

3) = 10,32kg

Traço em massa: 1: 1,18:10,32

A.2. Composição granulométrica dos agregados

Granulometria do agregado natural

Peneiras 1ª determinação 2ª determinação % retida

média

% retida

acumulada

peso retido % retida peso retido % retida

9,5 0 0,0 0 0,0

6,3 0 0,0 0 0,0

4,75 6,5 0,6 5,8 0,6 1 1

2,36 19,9 2,0 19 1,9 2 3

1,2 41,6 4,1 38,3 3,8 4 7

0,6 156,1 15,5 155,6 15,4 15 22

0,3 472,6 47,1 499,2 49,3 48 70

0,15 242,4 24,1 227,9 22,5 23 93

< 65,1 6,5 65,9 6,5

TOTAL 1004,20 100,0 1011,70 100,0

196

Diâmetro máximo: 2,36 Módulo de finura: 1,96

Granulometria do agregado reciclado

Peneiras 1ª determinação 2ª determinação

% retida

média

% retida

acumulada

peso retido % retida peso retido % retida

9,5 0 0 0

6,3 0 0 0

4,75 0,47 0% 0,35 0% 0% 0

2,36 23 8% 24,19 8% 8% 8

1,2 57,02 19% 51,3 17% 18% 26

0,6 43,9 15% 42,12 14% 14% 41

0,3 66,92 22% 66,14 22% 22% 63

0,15 60,3 20% 60,66 20% 20% 83

< 49,1 16% 51,42 17% 17% -

TOTAL 300,71 100% 296,18 100% 221

Diâmetro máximo: 4,75 Módulo de finura: 2,21

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ANEXO B - Dados e resultados dos ensaios de argamassa no estado fresco

B.2. Índice de Consistência

Índice de consistência – Dados das

leituras com paquímetro

Ref. 30%

SF

30%

CF

1 242 241 250

2 242 243 247

3 245 246 245

Média 243 243 247

B.3. Retenção de água

Retenção de água - Dados coletados no

ensaio em gramas (g) e resultados

Ref. 30%

SF

30%

CF

Prato +

papel-filtro

(mv)

598,1 597,4 598,5

Prato + papel-

filtro

+argamassa

(ma)

1874,6 1847,1 1838,9

Após 15

minutos (ms) 1845,1 1819,6 1816,0

Água

adicionada na

argamassa

(mw)

450

485

495

(m) 2500 2456,2 2456,2

Retenção (%) 85 87 88

B.4. Densidade de massa e teor de ar incorporado

*Volume : 400cm³

*Massa do recipiente vazio: 859,5g

*Massa específica da cal: 2,33 kg/dm³

Densidade de massa e teor de ar

incorporado – Dados do ensaio e

resultados

Ref. 30%SF 30%CF

Leitura

mc (g)

1661,8 1644,1 1637,8

Densidade

de massa

(kg/m³)

2.006 1.961

1.946

Teor de

ar (%)

5,2% 4,7% 5,4%

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133

ANEXO C - Dados e resultados dos ensaios de argamassa no estado endurecido

C.1. Resistência à tração na flexão e compressão axial 7, 14 e 28 dias

Resistência à tração na flexão e a compressão axial

Argamassa: REF 7 dias

CP Leitura

(mm)

Carga

Flexão

(N)

Tensão

(MPa)

CP

Carga

Compressão

(N)

Tensão

(MPa)

1 28 438 1,03 1a 3.300 2,06

1b 3.000 1,88

2 25 397 0,93 2a 3.200 2,00

2b 3.100 1,94

3 27 424 0,99 3a 3.300 2,06

3b 2.900 1,81

Média 1,0 2,0

Desvio Absoluto Máximo (MPa) 0,05 0,15

Resistência à tração na flexão e a compressão axial

Argamassa: REF 14 dias

CP Leitura

(mm)

Carga

Flexão

(N)

Tensão

(MPa)

CP

Carga

Compressão

(N)

Tensão

(MPa)

1 36 548 1,28 1a 3.600 2,25

1b 3.700 2,31

2 35 534 1,25 2a 3.500 2,19

2b 3.900 2,44

3 33 506 1,19 3a 3.400 2,13

3b 4.000 2,50

Média 1,2 2,3

Desvio Absoluto Máximo (MPa) 0,04 0,20

Resistência à tração na flexão e a compressão axial

Argamassa: REF 28dias

CP Leitura

(mm)

Carga

Flexão

(N)

Tensão

(MPa)

CP

Carga

Compressão

(N)

Tensão

(MPa)

1 36 548 1,28 1a 4.000 2,50

1b 4.300 2,69

2 35 534 1,25 2a 3.800 2,38

2b 3.900 2,44

3 35 534 1,25 3a 3.800 2,38

3b 3.900 2,44

Média 1,3 2,5

Desvio Absoluto Máximo (MPa) 0,01 0,32

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Resistência à tração na flexão e a compressão axial

Argamassa: 30%SF 7dias

CP Leitura

(mm)

Carga

Flexão

(N)

Tensão

(MPa)

CP

Carga

Compressão

(N)

Tensão

(MPa)

1 23 369 0,87 1a 3.900 2,44

1b 3.900 2,44

2 21 342 0,80 2a 3.600 2,25

2b 3.600 2,25

3 22 355 0,83 3a 3.600 2,25

3b 3.700 2,31

Média 0,8 2,3

Desvio Absoluto Máximo (MPa) 0,03 0,11

Resistência à tração na flexão e a compressão axial

Argamassa: 30%SF 14dias

CP Leitura

(mm)

Carga

Flexão

(N)

Tensão

(MPa)

CP

Carga

Compressão

(N)

Tensão

(MPa)

1 36 548 1,28 1a 4.800 3,00

1b 5.300 3,31

2 31 479 1,12 2a 5.100 3,19

2b 5.400 3,38

3 38 575 1,35 3a 4.900 3,06

3b 4.900 3,06

Média 1,3 3,2

Desvio Absoluto Máximo (MPa) 0,13 0,17

Resistência à tração na flexão e a compressão axial

Argamassa: 30%SF 28dias

CP Leitura

(mm)

Carga

Flexão

(N)

Tensão

(MPa)

CP

Carga

Compressão

(N)

Tensão

(MPa)

1 35 534 1,25 1a 6.300 3,94

1b 6.000 3,75

2 43 644 1,51 2a 7.000 4,38

2b 6.300 3,94

3 35 534 1,25 3a 6.600 4,13

3b 6.600 4,13

Média 1,3 4,0

Desvio Absoluto Máximo (MPa) 0,17 0,33

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135

Resistência à tração na flexão e a compressão axial

Argamassa: 30%CF 7dias

CP Leitura

(mm)

Carga

Flexão

(N)

Tensão

(MPa)

CP

Carga

Compressão

(N)

Tensão

(MPa)

1 21 342 0,80 1a 4.000 2,50

1b 4.200 2,63

2 19 314 0,74 2a 3.900 2,44

2b 4.100 2,56

3 25 397 0,93 3a 4.300 2,69

3b 3.900 2,44

Média 0,8 2,5

Desvio Absoluto Máximo (MPa) 0,03 0,07

Resistência à tração na flexão e a compressão axial

Argamassa: 30%CF 14dias

CP Leitura

(mm)

Carga

Flexão

(N)

Tensão

(MPa)

CP

Carga

Compressão

(N)

Tensão

(MPa)

1 24 383 0,90 1a 3.800 2,38

1b 4.300 2,69

2 25 397 0,93 2a 3.900 2,44

2b 4.600 2,88

3 20 328 0,77 3a 4.200 2,63

3b 4.500 2,81

Média 0,9 2,6

Desvio Absoluto Máximo (MPa) 0,10 0,26

Resistência à tração na flexão e a compressão axial

Argamassa: 30%CF 28dias

CP Leitura

(mm)

Carga

Flexão

(N)

Tensão

(MPa)

CP

Carga

Compressão

(N)

Tensão

(MPa)

1 34 520 1,22 1a 4.400 2,75

1b 4.500 2,81

2 30 465 1,09 2a 4.500 2,81

2b 4.600 2,88

3 31 479 1,12 3a 4.300 2,69

3b 4.500 2,81

Média 1,1 2,8

Desvio Absoluto Máximo (MPa) 0,08 0,11

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C.2. Potencial de aderência à tração em substratos padrão

Resistência potencial de aderência à tração - Ensaio de arrancamento

Argamassa:REF

CP CARGA D

(mm)

SEÇÃO

(mm²)

TENSÃO

(MPa)

FORMA DE RUPTURA ESPESSURA

S S/A A F

1 525 50 1963,50 0,27 100 22

2 623 50 1963,50 0,32 100 23

3 624 50 1963,50 0,32 100 22

4 530 50 1963,50 0,27 100 23

5 545 50 1963,50 0,28 100 22

6 613 50 1963,50 0,31 100 22

7 684 50 1963,50 0,35 100 23

8 523 50 1963,50 0,27 100 22

9 560 50 1963,50 0,29 100 22

10 677 50 1963,50 0,34 100 22

MÉDIA 0,30

S é a ruptura no substrato - S/A é a ruptura na interface substrato argamassa - A é a ruptura na argamassa

F é a falha na colagem da peça metálica - * ruptura na argamassa superficial

Resistência potencial de aderência à tração - Ensaio de arrancamento

Argamassa: 30% SF

CP CARGA D

(mm)

SEÇÃO

(mm²)

TENSÃO

(MPa)

FORMA DE RUPTURA ESPESSURA

S S/A A F

1 180 50 1963,50 0,09*1

100 22

2 222 50 1963,50 0,11*2

100 23

3 294 50 1963,50 0,15*4

100 22

4 490 50 1963,50 0,25 10 90 23

5 758 50 1963,50 0,39 100 22

6 282 50 1963,50 0,14*3

100 22

7 529 50 1963,50 0,27 50 50 23

8 697 50 1963,50 0,35 100 22

9 698 50 1963,50 0,36 100 22

10 544 50 1963,50 0,28 100 22

MÉDIA 0,31

Resistência potencial de aderência à tração - Ensaio de arrancamento

Argamassa: 30% CF

CP CARGA D

(mm)

SEÇÃO

(mm²)

TENSÃO

(MPa)

FORMA DE RUPTURA ESPESSURA

S S/A A F

1 330 50 1963,50 0,17*2

100 22

2 583 50 1963,50 0,30 100* 23

3 613 50 1963,50 0,31 100* 22

4 587 50 1963,50 0,30 100* 23

5 422 50 1963,50 0,21 100* 22

6 275 50 1963,50 0,14*1

100 22

7 490 50 1963,50 0,25 100* 23

8 684 50 1963,50 0,35 100* 22

9 433 50 1963,50 0,22 100* 22

10 617 50 1963,50 0,31 100* 22

MÉDIA 330 0,28

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137

C.3. Densidade aparente no estado endurecido

Argamassa CP Medida 1

(cm)

Medida 2

(cm)

Medida 3

(cm)

Massa (g) Densidade

Kg/m³

REF 1 15,95 4,1 3,90 496,4g 1946

2 15,95 4,0 4,0 495,3g 1940

3 16,0 3,95 4,0 492,8g 1949

Média 1945

30% SF 1 15,95 4,00 4,00 474,4 1858

2 15,9 4,0 3,9 462,0 1862

3 15,95 4,00 3,95 472,9 1876

Média 1865

30%CF 1 16,0 3,95 3,95 478,7 1893

2 16,15 3,95 4,0 481,6 1887

3 16,05 4,0 3,95 480,3 1894

Média 1891

C.4. Determinação do módulo de elasticidade dinâmico

Módulo de elasticidade dinâmico - Dados do ensaio

CP M (g) L t V

Ref 1 496,4 15,95 4,1 3,90 70 - 71 – 71 2,28

2 495,3 15,95 4,0 4,0 72,8 – 73,1 – 73,1 2,19

3 492,8 16,0 4,0 3,95 76.2 – 76 – 76 2,10

30%SF 1 474,4 15,95 4,0 4,0 86,3 – 86 – 86,2 1,85

2 462,0 15,90 4,0 3,9 88,9 – 88,7 – 88,6 1,79

3 472,9 15,95 4,0 4,0 86,1 – 86,3 – 85,8 1,86

30%CF 1 478,7 16,0 4,0 3,95 75 – 75,1- 75,1 2,13

2 481,6 16,15 3,95 4,0 74 – 74,5 – 74,4 2,18

3 480,3 16,05 4,0 3,95 75,3 – 75,1 – 75,1 2,13

Resultados de Módulo de

elasticidade dinâmico (MPa)

CP Ref. 30%SF 30%CF

Cp1 9104 5723 7729

Cp2 8373 5369 7844

Cp3 7735 5841 7733

Média 8404 5644 7844

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C.5. Variação dimensional e variação de massa

Variação dimensional e variação de massa – Resultados

0 A 1 DIA 0 A 7 DIAS 0 A 28 DIAS

Argamassa CP Variação

dimensional

mm/m

Variação

de massa

%

Variação

dimensional

mm/m

Variação

de massa

%

Variação

dimensional

mm/m

Variação

de massa

%

Ref 1 -0,20 -6,91 -0,60 -8,28 -0,68 -8,36

2 -0,20 -6,92 -0,72 -8,32 -0,84 -8,45

3 -0,32 -6,44 -0,76 -7,80 -0,84 -7,91

4 -0,40 -6,89 -0,80 -8,24 -0,88 -8,32

Média -0,28 -6,79 -0,72 -8,16 -0,81 -8,26

Desvio

A. Max

0,12 -0,35 0,12 -0,36 0,13 -0,35

30%SF 1 -0,28 -7,87 -0,96 -9,56 -1,04 -9,69

2 -0,24 -8,60 -0,96 -10,42 -1,08 -10,57

3 -0,20 -8,86 -0,96 -10,75 -1,04 -10,91

4 -0,40 -9,04 -1,04 -10,90 -1,08 -11,01

Média -0,28 -8,59 -0,98 -10,69 -1,06 -10,54

Desvio

A. Max

0,12 -0,72 0,06 -0,27 -0,02 -0,85

30%CF 1 -0,48 -9,90 -1,40* -11,80 -1,52 -11,93

2 -0,32 -9,87 -1,16 -11,83 -1,32 -11,95

3 -0,32 -9,69 -1,08 -11,76 -1,44 -11,91

4 -0,32 -9,67 -1,12 -11,64 -1,20 -11,77

Média -0,36 -9,78 -1,12 -11,76 -1,37 -11,89

Desvio

A. Max

0,12 0,12 -0,04 -0,12 -0,17 -0,12

C.6. Absorção de água por Capilaridade e coeficiente de capilaridade

Absorção de água por Capilaridade e coeficiente de capilaridade - Dados e resultados

Argamassa CP M0 (g) M10 (g) M90 (g) Absorção

10min

Absorção

90min

Coef. De

capilaridade

REF 1 491,87 505,24 527,50 0,84 2,22 22,3

2 494,48 508,54 530,74 0,87 2,27 22,2

3 496,21 510,32 532,91 0,88 2,29 22,6

Média 0,86 2,26 22,4

30% SF 1 475,75 490 512 0,89 2,3 22

2 476,52 491,1 512,1 0,91 2,2 21

3 489,37 504,7 527,7 0,96 2,4 23

Média 0,92 2,3 22

30%CF 1 486.1 503.6 528,8 1,09 2,67 25,2

2 472.4 489.6 513,7 1,07 2,58 24,1

3 478.5 495.5 519,4 1,06 2,55 23,9

Média 1,07 2,6 24,4

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139

ANEXO D – Avaliação de argamassas em um sistema de revestimento

D.1. Ensaio de potencial de aderência à tração em argamassa aplicada à parede de

alvenaria

Corte a seco, limpeza e pastilhas coladas

Ensaio de potencial de aderência e argamassas após o ensaio

Pastilhas com as argamassas REF, 30% SF e 30%CF após o ensaio.

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Dados e resultados do ensaio complementar de potencial de aderência à tração em paredes de

alvenaria

Argamassa Referência – 28 dias

Corpo de prova Local do ensaio Carga

de

ruptura

(N)

Tensão

Ra

(MPa)

Forma de ruptura (%)

Nº Esp.

d

mm

Área

mm²

Bloco Junta A B C D E F G

1 31 50 1963,5 x 424 0,22 40 60

2 29 50 1963,5 x 1326 0,68 x

3 27 50 1963,5 x 885 >0,45 x

4 28 50 1963,5 x 1665 0,85 40 60

5 29 50 1963,5 x 484 0,25 x

6 29 50 1963,5 x 868 >0,44 x

7 29 50 1963,5 x 791 >0,40 x

8 29 50 1963,5 x 1053 0,54 80 20

9 28 50 1963,5 x 631 0,32 50 50

10 31 50 1963,5 x 752 0,38 80 20

11 31 50 1963,5 x 817 >0,42 x

12 29 50 1963,5 x 862 0,44 x

Argamassa 30%SF – 28 dias

Corpo de prova Local do ensaio Carga

de

ruptura

(N)

Tensão

Ra

(MPa)

Forma de ruptura (%)

Nº Esp.

d

mm

Área

mm²

Bloco Junta A B C D E F G

1 30 50 1963,5 x 849 0,43 x

2 31 50 1963,5 x 893 0,45 20 80

3 29 50 1963,5 x 814 0,41 x

4 30 50 1963,5 x 646 0,33 30 70

5 29 50 1963,5 x 995 >0,51 x

6 31 50 1963,5 x 603 0,31 x

7 27 50 1963,5 x 632 0,32 x

8 30 50 1963,5 x 644 0,33 70 30

9 29 50 1963,5 x 346 0,18 x

10 30 50 1963,5 x 1525 0,78 x

11 30 50 1963,5 x 838 0,43 x

12 29 50 1963,5 x 570 0,29 x

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141

Argamassa 30%CF – 28 dias

Corpo de prova Local do ensaio Carga

de

ruptura

(N)

Tensão

Ra

(MPa)

Forma de ruptura (%)

Nº Esp.

d

mm

Área

mm²

Bloco Junta A B C D E F G

1 32 50 1963,5 x 727 >0,37 x

2 28 50 1963,5 x 963 0,49 20 80

3 27 50 1963,5 x 309 0,16 x

4 27 50 1963,5 x 903 0,46 x

5 28 50 1963,5 x 1389 0,71 x

6 29 50 1963,5 x 763 0,39 x

7 30 50 1963,5 x 1036 >0,53 x

8 30 50 1963,5 x 1788 0,91 40 60

9 30 50 1963,5 x 1218 0,62 x

10 29 50 1963,5 x 810 0,41 x

11 29 50 1963,5 x 1493 0,76 x

12 27 50 1963,5 x 1429 0,73 30 70

D.1. Permeabilidade a água líquida pelo Método do Cachimbo in loco revestimento

interno

Condições climáticas no momento do ensaio:

-Umidade relativa do ar: 65%

-Temperatura do ar: 27,5 °C

-Temperatura do revestimento: 25,8 °C

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Leituras Método do Cachimbo

Revestimento: REF-E

Cachimbo 1 Cachimbo 2 Cachimbo 5

Tempo Volume Volume Volume

(min) (cm³) (cm³) (cm³)

5 0,4 0,4 0,4

10 0,8 0,8 0,8

15 1,2 1,15 1,2

30 2,25 2,25 2,35

60 x x x

Tmédio

4,00 cm³ 57 min 55 min 55 min

Leituras Método do Cachimbo

Revestimento: SF-E

Cachimbo 1 Cachimbo 4 Cachimbo 5

Tempo Volume Volume Volume

(min) (cm³) (cm³) (cm³)

5 0,55 0,5 0,45

10 1 0,9 0,8

15 1,4 1,25 1,3

30 2,65 2,65 2,5

60 x x x

Tmédio

4,00 cm³ 49min 47 min 48min

Leituras Método do Cachimbo

Revestimento: CF-E

Cachimbo 1 Cachimbo 3 Cachimbo 4

Tempo Volume Volume Volume

(min) (cm³) (cm³) (cm³)

5 0,5 0,5 0,45

10 0,85 1 0,85

15 1,25 1,35 1,3

30 2,5 2,55 2,5

60 x x x

Tmédio

4,00 cm³ 55min 55min 55min

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143

Leituras Médias Método do Cachimbo

REF-E SF-E CF-E

Tempo

(min)

Volume

(cm³)

Volume

(cm³)

Volume

(cm³)

5 0,40 0,50 0,48

10 0,80 0,90 0,90

15 1,18 1,32 1,30

30 2,28 2,60 2,52

60 x x x

Tmédio

4,00 cm³ 54 min 48 min 55 min

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ANEXO E - Classificação das argamassas

E.1. Classificação das argamassas de acordo com a NBR 13281 (ABNT, 2005f).

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E.2. Classificação MERUC de acordo com o CSTB (1993)

Fonte: Henz (2009)