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PROFESSOR

caderno do

1a SRIE

ensino mdio

volume 1 - 2009

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ARTE6/8/2009 14:19:16

Coordenao do Desenvolvimento dos Contedos Programticos e dos Cadernos dos Professores Ghisleine Trigo Silveira AUTORES Cincias Humanas e suas Tecnologias Filosoa: Paulo Miceli, Luiza Christov, Adilton Lus Martins e Ren Jos Trentin Silveira Geograa: Angela Corra da Silva, Jaime Tadeu Oliva, Raul Borges Guimares, Regina Araujo, Regina Clia Bega dos Santos e Srgio Adas Histria: Paulo Miceli, Diego Lpez Silva, Glaydson Jos da Silva, Mnica Lungov Bugelli e Raquel dos Santos Funari Sociologia: Heloisa Helena Teixeira de Souza Martins, Marcelo Santos Masset Lacombe, Melissa de Mattos Pimenta e Stella Christina Schrijnemaekers Cincias da Natureza e suas Tecnologias Biologia: Ghisleine Trigo Silveira, Fabola Bovo Mendona, Felipe Bandoni de Oliveira, Lucilene Aparecida Esperante Limp, Maria Augusta Querubim Rodrigues Pereira, Olga Aguilar Santana, Paulo Roberto da Cunha, Rodrigo Venturoso Mendes da Silveira e Solange Soares de Camargo Cincias: Ghisleine Trigo Silveira, Cristina Leite, Joo Carlos Miguel Tomaz Micheletti Neto, Julio Czar Foschini Lisba, Lucilene Aparecida Esperante Limp, Mara Batistoni e Silva, Maria Augusta Querubim Rodrigues Pereira, Paulo Rogrio Miranda Correia, Renata Alves Ribeiro, Ricardo Rechi Aguiar, Rosana dos Santos Jordo, Simone Jaconetti Ydi e Yassuko Hosoume Fsica: Luis Carlos de Menezes, Sonia Salem, Estevam Rouxinol, Guilherme Brockington, Iv Gurgel, Lus Paulo de Carvalho Piassi, Marcelo de Carvalho Bonetti, Maurcio Pietrocola Pinto de Oliveira, Maxwell Roger da Puricao Siqueira e Yassuko Hosoume Qumica: Denilse Morais Zambom, Fabio Luiz de Souza, Hebe Ribeiro da Cruz Peixoto, Isis Valena de Sousa Santos, Luciane Hiromi Akahoshi, Maria Eunice Ribeiro Marcondes, Maria Fernanda Penteado Lamas e Yvone Mussa Esperidio

Linguagens, Cdigos e suas Tecnologias Arte: Geraldo de Oliveira Suzigan, Gisa Picosque, Jssica Mami Makino, Mirian Celeste Martins e Sayonara Pereira Educao Fsica: Adalberto dos Santos Souza, Jocimar Daolio, Luciana Venncio, Luiz Sanches Neto, Mauro Betti e Srgio Roberto Silveira LEM Ingls: Adriana Ranelli Weigel Borges, Alzira da Silva Shimoura, Lvia de Arajo Donnini Rodrigues, Priscila Mayumi Hayama e Sueli Salles Fidalgo Lngua Portuguesa: Alice Vieira, Dbora Mallet Pezarim de Angelo, Eliane Aparecida de Aguiar, Jos Lus Marques Lpez Landeira e Joo Henrique Nogueira Mateos Matemtica Matemtica: Nlson Jos Machado, Carlos Eduardo de Souza Campos Granja, Jos Luiz Pastore Mello, Roberto Perides Moiss, Rogrio Ferreira da Fonseca, Ruy Csar Pietropaolo e Walter Spinelli Caderno do Gestor Lino de Macedo, Maria Eliza Fini e Zuleika de Felice Murrie Equipe de Produo Coordenao Executiva: Beatriz Scavazza Assessores: Alex Barros, Antonio Carlos de Carvalho, Beatriz Blay, Carla de Meira Leite, Eliane Yambanis, Heloisa Amaral Dias de Oliveira, Jos Carlos Augusto, Luiza Christov, Maria Eloisa Pires Tavares, Paulo Eduardo Mendes, Paulo Roberto da Cunha, Pepita Prata, Renata Elsa Stark, Solange Wagner Locatelli e Vanessa Dias Moretti Equipe Editorial Coordenao Executiva: Angela Sprenger Assessores: Denise Blanes e Luis Mrcio Barbosa Projeto Editorial: Zuleika de Felice Murrie Edio e Produo Editorial: Conexo Editorial, Edies Jogo de Amarelinha, Jairo Souza Design Grco e Occy Design (projeto grco) APOIO FDE Fundao para o Desenvolvimento da Educao CTP, Impresso e Acabamento Imprensa Ocial do Estado de So Paulo

Governador Jos Serra Vice-Governador Alberto Goldman Secretria da Educao Maria Helena Guimares de Castro Secretria-Adjunta Iara Gloria Areias Prado Chefe de Gabinete Fernando Padula Coordenadora de Estudos e Normas Pedaggicas Valria de Souza Coordenador de Ensino da Regio Metropolitana da Grande So Paulo Jos Benedito de Oliveira Coordenadora de Ensino do Interior Aparecida Edna de Matos Presidente da Fundao para o Desenvolvimento da Educao FDE Fbio Bonini Simes de Lima

EXECUO Coordenao Geral Maria Ins Fini Concepo Guiomar Namo de Mello Lino de Macedo Luis Carlos de Menezes Maria Ins Fini Ruy Berger GESTO Fundao Carlos Alberto Vanzolini Presidente do Conselho Curador: Antonio Rafael Namur Muscat Presidente da Diretoria Executiva: Mauro Zilbovicius Diretor de Gesto de Tecnologias aplicadas Educao: Guilherme Ary Plonski Coordenadoras Executivas de Projetos: Beatriz Scavazza e Angela Sprenger COORDENAO TCNICA CENP Coordenadoria de Estudos e Normas Pedaggicas

A Secretaria da Educao do Estado de So Paulo autoriza a reproduo do contedo do material de sua titularidade pelas demais secretarias de educao do pas, desde que mantida a integridade da obra e dos crditos, ressaltando que direitos autorais protegidos* devero ser diretamente negociados com seus prprios titulares, sob pena de infrao aos artigos da Lei n 9.610/98. * Constituem direitos autorais protegidos todas e quaisquer obras de terceiros reproduzidas no material da SEE-SP que no estejam em domnio pblico nos termos do artigo 41 da Lei de Direitos Autorais. Catalogao na Fonte: Centro de Referncia em Educao Mario Covas

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So Paulo (Estado) Secretaria da Educao. Caderno do professor: arte, ensino mdio - 1a srie, volume 1 / Secretaria da Educao; coordenao geral, Maria Ins Fini; equipe, Geraldo de Oliveira Suzigan, Gisa Picosque, Jssica Mami Makino, Mirian Celeste Martins, Sayonara Pereira. So Paulo: SEE, 2009. ISBN 978-85-7849-212-0 1. Arte 2. Ensino Fundamental 3. Estudo e ensino I. Fini, Maria Ins. II. Suzigan, Geraldo de Oliveira. III. Picosque, Gisa. IV. Makino, Jssica Mami. V. Martins, Mirian Celeste. VI. Pereira, Sayonara. VII. Ttulo. CDU: 373.5:7

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Prezado(a) professor(a), Dando continuidade ao trabalho iniciado em 2008 para atender a uma das prioridades da rea de Educao neste governo o ensino de qualidade , encaminhamos a voc o material preparado para o ano letivo de 2009. As orientaes aqui contidas incorporaram as sugestes e ajustes sugeridos pelos professores, advindos da experincia e da implementao da nova proposta em sala de aula no ano passado. Reafirmamos a importncia de seu trabalho. O alcance desta meta concretizado essencialmente na sala de aula, pelo professor e pelos alunos. O Caderno do Professor foi elaborado por competentes especialistas na rea de Educao. Com o contedo organizado por disciplina, oferece orientao para o desenvolvimento das Situaes de Aprendizagem propostas. Esperamos que voc aproveite e implemente as orientaes didticopedaggicas aqui contidas. Estaremos atentos e prontos para esclarecer dvidas ou dificuldades, assim como para promover ajustes ou adaptaes que aumentem a eficcia deste trabalho. Aqui est nosso novo desafio. Com determinao e competncia, certamente iremos venc-lo! Contamos com voc.

Maria Helena Guimares de CastroSecretria da Educao do Estado de So Paulo

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SuMrioSo paulo faz escola uma proposta Curricular para o estado Ficha do Caderno 7 8 5 encontros escritos com professores de arte Arte, cidade e patrimnio cultural 12

Proposio para Sondagem Uma conversa sobre arte, cidade e patrimnio cultural 14 Situao de Aprendizagem 1 Artes visuais Situao de Aprendizagem 2 Msica Situao de Aprendizagem 3 Dana Situao de Aprendizagem 4 Teatro Nutrio Esttica 39 24 28 33 18

Situao de Aprendizagem 5 Conexo com o territrio de processo de criao e mediao cultural 39 Sntese do bimestre e avaliao 41

Recursos para ampliar a perspectiva do professor e do aluno para a compreenso do tema 42 Glossrio 44 46

Artistas e obras

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CurriCulAr pArA o eStAdoPrezado(a) professor(a),

So pAulo FAz eSColA uMA propoStA com muita satisfao que apresento a todos a verso revista dos Cadernos do Professor, parte integrante da Proposta Curricular de 5a a 8a sries do Ensino Fundamental Ciclo II e do Ensino Mdio do Estado de So Paulo. Esta nova verso tambm tem a sua autoria, uma vez que inclui suas sugestes e crticas, apresentadas durante a primeira fase de implantao da proposta. Os Cadernos foram lidos, analisados e aplicados, e a nova verso tem agora a medida das prticas de nossas salas de aula. Sabemos que o material causou excelente impacto na Rede Estadual de Ensino como um todo. No houve discriminao. Crticas e sugestes surgiram, mas em nenhum momento se considerou que os Cadernos no deveriam ser produzidos. Ao contrrio, as indicaes vieram no sentido de aperfeio-los. A Proposta Curricular no foi comunicada como dogma ou aceite sem restrio. Foi vivida nos Cadernos do Professor e compreendida como um texto repleto de significados, mas em construo. Isso provocou ajustes que incorporaram as prticas e consideraram os problemas da implantao, por meio de um intenso dilogo sobre o que estava sendo proposto. Os Cadernos dialogaram com seu pblico-alvo e geraram indicaes preciosas para o processo de ensino-aprendizagem nas escolas e para a Secretaria, que gerencia esse processo. Esta nova verso considera o tempo de discusso, fundamental implantao da Proposta Curricular. Esse tempo foi compreendido como um momento nico, gerador de novos significados e de mudanas de ideias e atitudes. Os ajustes nos Cadernos levaram em conta o apoio a movimentos inovadores, no contexto das escolas, apostando na possibilidade de desenvolvimento da autonomia escolar, com indicaes permanentes sobre a avaliao dos critrios de qualidade da aprendizagem e de seus resultados.

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Sempre oportuno relembrar que os Cadernos espelharam-se, de forma objetiva, na Proposta Curricular, referncia comum a todas as escolas da Rede Estadual, revelando uma maneira indita de relacionar teoria e prtica e integrando as disciplinas e as sries em um projeto interdisciplinar por meio de um enfoque filosfico de Educao que definiu contedos, competncias e habilidades, metodologias, avaliao e recursos didticos. Esta nova verso d continuidade ao projeto poltico-educacional do Governo de So Paulo, para cumprir as 10 metas do Plano Estadual de Educao, e faz parte das aes propostas para a construo de uma escola melhor. O uso dos Cadernos em sala de aula foi um sucesso! Esto de parabns todos os que acreditaram na possibilidade de mudar os rumos da escola pblica, transformando-a em um espao, por excelncia, de aprendizagem. O objetivo dos Cadernos sempre ser apoiar os professores em suas prticas de sala de aula. Posso dizer que esse objetivo foi alcanado, porque os docentes da Rede Pblica do Estado de So Paulo fizeram dos Cadernos um instrumento pedaggico com vida e resultados. Conto mais uma vez com o entusiasmo e a dedicao de todos os professores, para que possamos marcar a Histria da Educao do Estado de So Paulo como sendo este um perodo em que buscamos e conseguimos, com sucesso, reverter o estigma que pesou sobre a escola pblica nos ltimos anos e oferecer educao bsica de qualidade a todas as crianas e jovens de nossa Rede. Para ns, da Secretaria, j possvel antever esse sucesso, que tambm de vocs. Bom ano letivo de trabalho a todos!

Maria ins FiniCoordenadora Geral Projeto So Paulo Faz Escola

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FiCHA do CAdernoCidade, cultura e prticas culturaisnome da disciplina: rea: etapa da educao bsica: Srie: perodo letivo: temas e contedos: Arte Linguagens, Cdigos e suas Tecnologias Ensino Fundamental 1a 1o bimestre de 2009 Arte, cidade e patrimnio cultural

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enControS eSCritoS CoM proFeSSoreS de ArteSo muitos os encontros que ajudam a materializar os escritos deste Caderno do Professor de Arte. So encontros de vrias naturezas: o encontro entre ns, professores autores, gerou conversas que cultivam a necessria abertura para pensar possveis processos educativos em Arte; o encontro, em diferentes momentos e situaes de nossa vida pedaggica, com professores de Arte e suas inquietudes em sala de aula; o encontro com a linguagem da Arte e suas paisagens distintas com olhos que passeiam pelas artes visuais, pela msica, pelo teatro ou pela dana; o encontro com os textos de Gilles Deleuze, que inspiram a concepo do pensamento curricular em Arte imaginado para o andamento da composio deste Caderno. Como pensamento curricular em Arte, s avessas de uma estrutura de organizao de contedos sequenciais para artes visuais, msica, teatro e dana, imaginamos a possibilidade de pensar essas reas de estudo por meio da composio de um mapa que possusse a capacidade de criar um encontro entre as diferentes modalidades artsticas por diferentes ngulos de viso. Num exerccio de pensar sobre a Arte na cultura e pinar do prprio sistema de Arte diferentes ngulos de viso sobre ela, que avistamos e delineamos o mapeamento que chamamos de territrios da Arte, como sendo: f Linguagens artsticas f Processo de criao f Materialidade f Forma-contedo f Mediao cultural f Patrimnio cultural f Saberes estticos e culturais Nesse movimento de dimenso cartogrfica, como seria possvel desenhar um mapa, criando um espao para estes territrios? Qual forma encontrar que fizesse mais visvel a complexidade desse pensamento curricular movido por territrios da Arte? Como traar um desenho sem ncleo central, que pudesse mostrar que o mapa dos territrios oferece mltiplas entradas e direes mveis, com linhas variadas que podem se encontrar com outras linhas, fazendo conexes mltiplas e arranjos heterogneos? Do encontro com a obra Estudo para superfcie e linha, da artista Iole de Freitas, avistamos uma forma. Na obra, superfcies de policarbonato e linhas tubulares se retesam ou se descomprimem em generosos arqueamentos que nos levam a experincias sensoriais de interior e exterior, leve e pesado, contnuo e descontnuo. Essas constantes mutaes sensoriais provocadas pela obra nos do a sensao de uma arquitetura mole, na qual o curso da linha nos pe em movimento, a bailar no espao em superfcies mltiplas. A obra nos faz imaginar. E, por proximidade, o curso da linha nos faz pensar em caminhos, em veredas, numa imaginao fluida que abre passagem ao exerccio de inveno de outra configurao para o curso dessa linha.

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Srgio Arajo

iole de Freitas. Estudo para superfcie e linha, 2005. Instalao. Policarbonato e ao inox, 4,2 x 30,0 x 10,6 m. Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro, RJ.

Linhas para a configurao do Mapa dos territrios da Arte a partir da obra de Iole de Freitas.

Dessa outra configurao que se tornou visvel a imagem do Mapa dos territrios da Arte1 para esta proposta de pensamento curricular em Arte.

paisagens especficas para o estudo das artes visuais, da msica, do teatro ou da dana. Na composio do Caderno do Professor de Arte, cada bimestre tem como nfase de estudo um conceito, um contedo ou um aspecto da Arte que visto em conexo com diferentes territrios. Os caminhos investigativos em sala de aula so lanados por: f proposio para Sondagem traz imagens de obras ou aes expressivas relacionadas ao tema e s linguagens da Arte. A Sondagem possibilita que os aprendizes conversem, a partir de seu repertrio pessoal, sobre os conceitos que sero estudados no bimestre. Ao professor, a escuta da conversa dos alunos possibilita planejar o encaminhamento das Situaes de Aprendizagem sugeridas. f Situaes de Aprendizagem problematizam o conceito, o contedo ou o aspecto da Arte do ponto de vista dos territrios abordados e no contexto particular de cada uma das modalidades artsticas: artes visuais, msica, teatro e dana.

Mapa dos territrios da Arte.

O mapa ajuda a visualizar os territrios da Arte como formas mveis de construo e organizao de outro modo de estudo dessa disciplina no contexto escolar. O mapa, assim, utilizado como um desenho, entre muitos outros possveis, ligado ao conceito de rede, mostrando uma forma no tempo e no espao de caminhar por trilhas que trazem1

Imagem criada por Mirian Celeste Martins e Gisa Picosque, que apresenta a criao e composio do pensamento curricular em Arte para mapeamento de conceitos e contedos direcionados aos segmentos da 5a srie do Ensino Fundamental 2a srie do Ensino Mdio, para a Secretaria da Educao do Estado de So Paulo, em 2007.

Srgio Arajo

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f nutrio esttica diante do tempo de aula no bimestre, da realidade de sua escola, dos interesses de seus alunos e da sua prpria formao, pode ser que uma das linguagens seja privilegiada. Nesse caso, para que os alunos possam se aproximar das demais linguagens, sugerimos a criao de uma Situao de Aprendizagem propondo uma nutrio esttica para explorar as imagens e ideias contidas nas outras proposies apresentadas, trabalhando os conceitos enfocados nas linguagens artsticas no abordadas. Nessa direo, este Caderno oferece potencialidades a ser escolhidas pelo professor para provocar o encontro entre a Arte e seus aprendizes. Encontros que estaro submetidos sua formao, aos momentos em sala de aula e s variaes de repertrio dos aprendizes, e que podem vir a ser ampliados nas diferentes linguagens artsticas. Que as trilhas pelos territrios da Arte aqui indicadas sejam geradoras de caminhadas que encontrem paisagens ainda no vistas, envolvendo professores e aprendizes em processos educativos com desdobramentos instigantes sobre Arte, tal qual o artista quando mergulhado em sua criao. Boa caminhada!

o para a problematizao, abandonando o velho hbito de professor que tudo quer explicar. Antes de dar respostas prontas, melhor compartilhar experincias de problematizao com os aprendizes. f Sair do lugar de professor que transmite um saber sobre Arte, ousando o caminho de um aprendizado permanente no prprio ato de ensinar. Lembrando Virginia Kastrup3, O melhor aprendiz no aquele que aborda o mundo por meio de hbitos cristalizados, mas o que consegue permanecer sempre em processo de aprendizagem. O processo de aprendizagem permanente pode, ento, igualmente ser dito de desaprendizagem permanente. f Praticar a anlise comparativa na leitura de obras de Arte, renunciando quela prtica pedaggica que mostra apenas um nico artista ou obra para a abordagem do contedo. Para isso, o Caderno do Professor traz sempre imagens de diferentes obras de diversos artistas em mltiplas linguagens, que podem ser sempre conectadas a outras. f Privilegiar a construo de conceitos por meio de conexes entre os territrios da Arte, praticando um modo de fazer pedaggico que mova os aprendizes maior proximidade com o pensamento da/sobre Arte em suas diferentes linguagens. f Valorizar a percepo esttica e a imaginao criadora dos aprendizes. Isso significa observar e escutar o que eles fazem, falam, comentam, tanto no fazer artstico como na leitura de imagens, cuidando para no silenciar sua potica pessoal com atividades de releitura ou cpia de obras de arte como fazer artstico. f Investir na formao cultural dos alunos potencializando o repertrio dos aprendizes, seja por meio da sondagem que o investiga, seja pela nutrio esttica que o expande.

notas para processos educativos em Arte: metodologia e estratgiasf Manejar as Situaes de Aprendizagem oferecidas como modos de provocar em sala de aula a experincia com e sobre a Arte, entendendo que experincia aquilo que nos passa, ou que nos toca ou que nos acontece, e, ao passar-nos, nos forma e transforma, como diz Jorge Larrosa2. Isso implica, em sala de aula, deslocar o foco da informa2

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LARROSA, Jorge. Notas sobre a experincia e o saber da experincia. Disponvel em: . Acesso em: 10 dez. 2007. KASTRUP, Virgnia. A inveno de si e do mundo: uma introduo do tempo e do coletivo no estudo da cognio. Belo Horizonte: Autntica, 2007.

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Avaliaoportfolio dos estudantesO conhecido portfolio, prtica comum na Arte, parece ser ainda uma forma interessante de os aprendizes recontextualizarem para si e para o outro (professor e grupo-classe) a investigao dos contedos estudados. Para alm daquelas pastas que apenas guardam trabalhos realizados, o portfolio pode vir a ser um modo de o aprendiz pensar e apresentar seu trajeto de estudo por meio da construo de uma forma visual, como um livro de artista, por exemplo. Nesse sentido, o Caderno do Aluno um registro que faz parte do portfolio. Nele, h espaos para o estudante registrar suas respostas s proposies que so oferecidas no Caderno do Professor, podendo envolver os seguintes itens: f o que penso sobre Arte? aes sobre o repertrio cultural dos alunos. f Ao expressiva aes que desencadeiam o fazer artstico nas diferentes linguagens de acordo com as proposies do Caderno do Professor. f Apreciao aes de leitura de obras de arte nas diferentes linguagens artsticas. f pesquisa de campo aes que orientam o aluno no planejamento, realizao e discusso de pesquisa proposta no Caderno do Professor. f pesquisa individual e/ou em grupo aes que orientam o aluno para aprofundar seu nvel de conhecimento sobre um ou mais assuntos, realizadas individualmente ou em grupo, e relacionadas s proposies do Caderno do Professor. f lio de casa aes que sistematizam o estudo impulsionando a produo do portfolio do aluno, para alm do Caderno, mostrando os caminhos trilhados.

f Voc aprendeu? questes objetivas e/ou abertas para reflexo sobre os contedos trabalhados nas Situaes de Aprendizagem de cada Caderno. f Aprendendo a aprender algumas dicas para o aluno, ampliando possibilidades de aproximao com a Arte. f para saber mais indicaes de livros, sites e filmes. Consideramos o Caderno do Aluno como parte do portfolio, passvel de ser complementado por outros modos de registro que podem gerar uma elaborao criativa, permitindo que o aprendiz d expresso sua aprendizagem, inventando formas para mostrar suas produes artsticas, textos escritos, fotografias de momentos das aulas e pesquisas realizadas. Para o aluno cujas competncias no foram suficientemente alcanadas durante o bimestre, sugerimos propor-lhe uma leitura comentada de dois ou trs portfolios produzidos por colegas, para a reconstruo de seu prprio.

dirio de bordo do professorO registro do percurso vivido no bimestre tambm tem se mostrado uma ferramenta importante para o professor avaliar seu prprio processo de trabalho e buscar novos caminhos para desenvolv-lo. Por isso, sugerimos a elaborao permanente de um dirio de bordo, como um espao reflexivo para tratar das escolhas na abordagem das Situaes de Aprendizagem, das dificuldades encontradas, das adequaes necessrias, das observaes realizadas no desenvolvimento das diferentes proposies. Alm disso, ao final do bimestre, avaliar seu dirio de bordo pode ser um momento importante de reflexo sobre todo o caminho trilhado e de aquecimento e planejamento do novo bimestre.

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Arte, CidAde e pAtriMnio CulturAlCidade. Espao feito, refeito, reinventado constantemente por um sem nmero de traos, linhas, cores, sinais grficos, sons, sotaques, letras, roupas, nmeros, cheiros, frases, massas, volumes, movimentos... Cidade. Lugar onde convivem diferentes culturas, diferentes prticas culturais. Cidade. Espao-lugar que produz, que abriga e faz a circulao de diferentes formas de Arte. Arte urbana. Arte pblica. Arte na rua. Arte da rua. no encontro da Arte como patrimnio cultural da cidade que pensado este Caderno, como modo de olhar com mais ateno a Arte e as prticas culturais no contexto urbano; movendo os jovens do Ensino Mdio inveno de projetos poticos e ao exerccio de mediao cultural como um modo de habitar, uma forma de participar e um jeito de se expressar na plis.

Conhecimentos priorizados

Arte, cidade e patrimnio cultural

Cidade, cultura e prticas culturais no territrio de patrimnio cultural

patrimnio cultural

patrimnio cultural. Obras de arte que habitam a rua, que vivem em museus, obras de arte efmeras que so registradas em diferentes mdias, manifestaes artsticas do povo que so mantidas de gerao em gerao, so bens culturais, materiais e imateriais, que se oferecem ao nosso olhar. O estudo da Arte, tendo

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como vis a ideia de patrimnio cultural na cidade, independentemente do nmero de seus habitantes e de sua histria, oportuniza, neste Caderno, a ampliao do olhar sobre: f heranas culturais; patrimnio cultural imaterial e material; esttica do cotidiano; tradio e ruptura; ligao arte e vida; arte contempornea; f preservao e restauro; polticas culturais; educao patrimonial; f arte pblica; intervenes urbanas; grafite; pichao; monumentos histricos; f paisagem sonora; msicos da rua; videoclipe; msica contempornea; f escola de samba; tambor de crioula; jongo; roda de samba; frevo; forr; dana contempornea; dana popular; f artes circenses; circo tradicional; famlias circenses; circo contemporneo; escolas de circo; palhao clown e a tradio cmica; folia de reis; palhaos de hospital.

processo de criao. Inveno, repertrio pessoal, cultural e procedimentos criativos constroem poticas pessoais, de estudantes e de artistas, nas diferentes linguagens da Arte. Mediao cultural. Aproximao, contato, dilogo e ampliao de repertrio pessoal e cultural por meio de experincias estticas provocadas no campo da arte e da cultura. Neste Caderno, a ligao entre processo de criao e mediao cultural acontece na pesquisa e experimentao por meio de projetos poticos individuais ou colaborativos que intencionam provocar a experincia esttica e o exerccio da mediao cultural como modo de olhar para a plis.

Competncias e habilidadesf Investigar a arte e as prticas culturais como patrimnio cultural no contexto da cultura urbana. f Valorizar o patrimnio cultural, a memria coletiva, os bens simblicos materiais e imateriais. f Operar com imagens, ideias e sentimentos por meio da especificidade dos processos de criao em arte, gerando sua expresso em artes visuais, msica, teatro ou dana. f Operar com esboos de projetos individuais ou colaborativos visando interveno e mediao cultural na escola e na cidade.

Cultura urbana e prticas culturais no territrio de processo de criao e mediao cultural

Processo de criao

mediao cultural

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PROPOSIO PARA SONDAGEM UMA CONVERSA SOBRE ARTE, CIDADE E PATRIMNIO CULTURALNeste bimestre, a juno entre patrimnio cultural, cidade e cultura urbana traz para a sala de aula um olhar antropolgico sobre a Arte. Certamente, seus alunos, como so jovens acima de 15 anos, j possuem mais autonomia e, por isso mesmo, trilham com mais frequncia a cidade ou o bairro onde moram. Pode ser at que eles faam parte de alguma forma de cultura juvenil4, como os straight edges, que tm um modo de vida associado msica punk/ hardcore; os gticos, que tm atrao pelas esculturas dos cemitrios; os grafiteiros, que desenham em muros e paredes da cidade; os japas, que so adeptos da street dance; os manos, da breakdance; os instrumentistas; os de roda de samba; os forrozeiros; os que pertencem a uma escola de samba; os que fazem fanzine; os que jogam capoeira; os que atuam em teatro amador, entre outros. Enfim, como toda cultura, a juvenil constri formas de expresso artstico-esttica, reconstruindo a cultura urbana local num movimento que trafega entre a tradio e a ruptura; entre a reinveno e a herana cultural. confiando e apostando nos jovens, e na produo da cultura juvenil, que trazemos percursos educativos que cercam a cidade e a arte como patrimnio cultural. questes so propostas para mobilizar a escrita de uma carta a um colega da sala de aula. Na escrita da carta, o aluno pode contar ao colega sobre: os artistas que estudou; o que ficou de mais significativo das aulas de Arte e se ele teve aula de artes visuais, dana, msica ou teatro; as exposies que visitou; os espetculos de dana e de teatro aos quais assistiu; se conheceu alguma sala de concerto; se lembra de ter escutado alguma msica nova ou diferente; ou qualquer outra coisa que lembre sobre as aulas de Arte. Nessa escrita, os alunos tambm podem usar desenhos, se quiserem. Finalizada a carta, eles produzem um envelope com desenho, colagem ou letras desenhadas para anunciar o nome do destinatrio e entregam suas cartas. Aps a leitura da carta recebida, os alunos fazem um registro sobre que experincias diferentes eles percebem que o colega viveu. Para o professor, a escuta sobre as experincias vividas uma oportunidade de saber mais sobre o repertrio dos alunos e o que da linguagem da Arte pouco prximo deles, sensibilizando os para os contedos previstos.

proposio ii Movendo a apreciaoEsta uma curadoria educativa que tem como foco prticas culturais urbanas. A ideia promover uma conversa que possa provocar um olhar sobre a Arte na cidade, a fim de aguar os sentidos para a investigao acerca do patrimnio cultural. Para mover a apreciao, proponha aos alunos que se organizem em grupo para conversar sobre as problematizaes que esto no Caderno do Aluno.

proposio i o que penso sobre Arte?Comeo do ano letivo. Para o professor, o encontro com novas turmas. Para os alunos, um novo trajeto, o Ensino Mdio. Neste momento, interessante conversar com eles sobre o que guardam na memria do que conheceram sobre Arte no Ensino Fundamental. No Caderno do Aluno, em O que penso sobre Arte?, algumas4

Para saber mais sobre cultura juvenil: MAGNANI, Jos Guilherme Cantor; SOUZA, Bruna Mantese (Orgs.) Jovens na metrpole: etnografias de circuitos de lazer, encontro e sociabilidade. So Paulo: Terceiro Nome, 2007.

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a) Orquestra dos Msicos das Ruas de So Paulo. Neuropolis. Coordenao: Livio Tragtenberg. So Paulo, SP. b) Street dance. c) Zfrica Brasil. Show de inaugurao do Projeto Vertentes, 2004. Sala Olido, So Paulo, SP. d) Dana de salo. e) Forr. f) Grupo Namakaca, Cafi Otta. Performance no Mercado Municipal de So Paulo, 2007. So Paulo, SP. g) Fefe Talavera. Graffiti, 2007. Grafite. Exposio A Conquista do Espao: novas formas da arte de rua, Sesc Pinheiros, 2007, So Paulo, SP.

a) Adriana Elias/Prefeitura da Cidade de So Paulo. b) Fernando Favoretto. c) Adriana Elias/Prefeitura da Cidade de So Paulo. d) Marcello Casal Jr/Abr. e, f) Acervo das autoras. g) Fefe Talavera.

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A socializao do que vai sendo apreciado e comentado pelos alunos deve ser gil, com apontamentos na lousa para que todos acompanhem o que est sendo falado. O registro dos aspectos observados pelos alunos tambm importante para iniciar seu dirio de bordo, professor. Nele, algumas reflexes so importantes: os alunos tm familiaridade com as prticas culturais presentes nas imagens? Sobre qual prtica cultural desejam saber mais?

parecer estranho restringir a pesquisa s ruas prximas se considerarmos que o bairro ou a cidade podem possuir monumentos importantes para a histria local. O objetivo, entretanto, descobrir aspectos que passam despercebidos no cotidiano, ou que podem parecer insignificantes. O primeiro movimento localizar a escola no mapa e os trajetos que os alunos fazem para chegar at ela. Quais so as ruas prximas que pouco utilizam em seus trajetos? Para essa ao, os grupos podem ser divididos em alunos que pouco se conhecem ou alunos que moram em regies distantes entre si. No mapa das proximidades da escola, os alunos delimitam pequenos trajetos (apenas um quarteiro de uma rua, por exemplo) para ser percorridos a p, com olhos muito atentos, tal qual Jorge Macchi e seus dois parceiros. No Caderno do Aluno, anotaes, registros de sons, gestos, movimentos e palavras dos transeuntes, fotografias (se for vivel) etc. podem trazer para a classe a oportunidade de conversar e aprender sobre a cidade, a cultura e as prticas culturais. Como numa expedio, cada aluno pode tambm ter uma funo especfica, por exemplo: o que registra com fotografias, o que fica atento especialmente a sons, cores, formas, arquitetura, aos movimentos dos transeuntes, ao meio ambiente etc. Funes que no devem ser estanques, mas que alimentem o grupo para que suas observaes sejam mais apuradas. Nessa expedio, a ideia suspender uma atitude natural como se os alunos estivessem em um passeio, transformando a qualidade da ateno que busca o que reconhece, o que j sabe ou j viu, para uma ateno que encontra, que se torna disponvel e aberta a acolher o imprevisvel. Se, na sua realidade, for difcil propor essa expedio em grupo, pode-se propor uma expedio individual no caminho para a escola, mas sempre em um pequeno trecho, para que o aluno fique com a ateno concentrada no que pode parecer insignificante.

proposio iii uma pequena expedio culturalPara aquecer a pequena expedio cultural, podemos partir da apreciao da obra do argentino Jorge Macchi. Este artista provoca a desfamiliarizao do olhar: o cotidiano revisto por um olhar que no torna tudo familiar, j visto. Ao olhar a obra e ler a citao do artista: O que os alunos leem a partir de seus prprios repertrios? Percebem o desenho do vidro sobre o mapa da cidade de Buenos Aires? Depois das primeiras impresses, podemos ampliar com algumas informaes sobre a obra deste artista. Ele colocou uma placa de vidro sobre um mapa de Buenos Aires e a quebrou. O acidente provocado criou caminhos que foram percorridos por ele e por dois colaboradores, a poeta Mara Negroni e o compositor Edgardo Rudnitzky. A experincia vivida resultou na obra Buenos Aires tour, um livro-objeto. Produzido em 2003, apresenta 8 itinerrios com 46 pontos escolhidos. Textos, fotografias e sons subvertem o que esperaramos de um guia, pois inclui o que inesperadamente se encontra nas ruas. A ao inventiva de Macchi, a cuidadosa coleta sensorial e o trabalho expressivo sobre o que foi encontrado alimenta uma nova proposio aos alunos a partir do mapa das proximidades da escola: uma pequena expedio pelas ruas prximas escola. Pode

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Jorge Macchi. Cortesia

Jorge Macchi. Buenos Aires tour, 2003. Livro-objeto (caixa, folhetos, postais, mapa, CD-ROM, selos). Dimenso varivel. 6a Bienal do Mercosul, Porto Alegre, 2007.

[...] apenas ao concentrarmos o olhar sobre algo que parece insignificante que o seu significado csmico e a sua capacidade de desestabilizar expectativas ganham vida.Jorge Macchi. Apud PREZ-BARREIRO, Gabriel. Jorge Macchi: exposio monogrfica. Porto Alegre: Fundao Bienal do Mercosul, 2007. p. 37.

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No retorno sala de aula, para mexer com os contedos da coleta sensorial, o primeiro movimento cerca o prprio ato de pesquisa, de sair a campo com olhos/ouvidos/corpos sensveis, para que cada grupo apresente seus achados. Algumas questes a ser respondidas no Caderno do Aluno podem problematizar o relato e a anlise do que recolheram. Depois que cada grupo apresentar suas anotaes e as respostas individuais s questes propostas, o momento de classificao, agrupando os elementos da coleta sensorial para, em seguida, criar uma cartografia de objetos, sons, falas, arquiteturas etc. Como faz-lo? Sugerimos um mapa expressivo que pode ser realizado de muitas maneiras. Ideias

podem ser levantadas e depois negociadas para a construo do mapa coletivo, ou de um flder, relembrando Macchi, cuja produo remete no para guias de turismo, mas aponta a vida correndo nas ruas. Que ttulo os alunos daro a ele? O mapa ou flder deve ser colado no Caderno, e a anlise de todos os trabalhos pode revelar o repertrio cultural da turma. E voc pode escolher por qual linguagem artstica dar continuidade ao estudo do contedo deste bimestre, que cerca o patrimnio cultural. tempo previsto: 2 a 4 aulas, com possibilidade de desdobramentos.

SITUAO DE APRENDIZAGEM 1 ARTES VISUAISJorge Macchi nos abre a possibilidade de ver o trabalho do artista inserido na experincia de vida. E o pequeno trajeto dos estudantes pelas ruas do bairro pode ter estimulado muitas ideias para seguir adiante em suas pesquisas e em produes artsticas. Entre os possveis focos de estudo, dentro da proposio para este bimestre, sugerimos aprofundar dois conceitos que geram outros: a arte pblica e os monumentos histricos. Como pano de fundo, esto as questes do patrimnio cultural e as polticas culturais que procuram dar acesso aos bens da cultura para todos. te nas cidades, uma manifestao de Arte na rua, mas que tem ganho espao nas galerias, como vimos com a obra de Fefe Talavera, ou mesmo participando de projetos ousados, como o que envolveu os brasileiros Os Gmeos, Nina Pandolfo e Nunca, convidados a grafitar o Castelo de Kelburn, em Ayrshire, na Esccia, construdo no sculo XIII. Em trabalho recente, Alexandre rion transformou em arte urbana a poluio de tneis da cidade de So Paulo. Durante 13 madrugadas de trabalho intenso com dezenas de pedaos de pano, desenhou caveiras limpando as paredes internas do tnel Nove de Julho, por exemplo. So mais de 3 mil delas em 250 metros de extenso. O grafite aponta a liberdade de expresso. No lado ocidental do Muro de Berlim, por exemplo, ele imperava, enquanto que o lado oriental ostentava paredes limpas de qualquer marca. Pichao e grafite tm pontos comuns, mas diferem em relao a uma intencionalidade tambm esttica. O desafio

proposio i Movendo a apreciaoNa pequena expedio cultural, os alunos encontraram pichaes ou grafites? O que dizem das obras dOs gmeos e de Alexandre rion? O grafite, que alguns preferem denominar com o nome de origem (graffiti), muito presen-

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do grafite no pichar lugares proibidos, difceis ou quase inacessveis, mas dialogar com a cidade. Sua origem remonta s paredes das grutas pr-histricas, aos murais da Antiguidade. No sculo XX, os pintores mexicanos Diego Rivera, Jos Clemente Orozco e David Alfaro Siqueiros preocuparam-se com uma Arte que pudesse falar s multides. Na dcada de 1950, Portinari, Di Cavalcanti, Clovis Graciano, entre outros, marcaram a histria da arte brasileira e universal com seus murais. Um passo para o grafite, que tambm sofre influncia da pop art.

Murais e grafites provam que a Arte sempre foi desejosa do contato com o pblico. Sem ele, a obra no se realiza. Entretanto, o termo arte pblica, criado na dcada de 1970, tem sido utilizado para indicar obras que esto fora dos espaos tradicionais de exposio, sendo expostas ou acontecendo em lugares pblicos, em carter transitrio ou perene. Para Teixeira Coelho5, [...] um dos traos necessrios plena caracterizao da arte pblica o fato de oferecer-se como possibilidade de contato direto, fsico, afetual com o pblico. Tambm indica a tendncia da arte contempornea de se voltar para o espao, qualquer que seja ele. Adriana Paiva

os Gmeos. A largaticha equilibrista6. Grafite. Centro de So Paulo, SP.5 6

TEIXEIRA COELHO, Jos. Dicionrio crtico de poltica cultural. So Paulo: Iluminuras, 1999. p. 50. Os Gmeos fazem uma brincadeira lingustica com lagartixa ao escreverem na parede, ou seja, ao incorporarem obra, a grafia largaticha.

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Alexandre rion. Ossrio, 2006. Interveno urbana. Limpeza seletiva da fuligem depositada em tneis de So Paulo, So Paulo, SP.

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Muitos projetos tm sido realizados no sentido de gerar intervenes urbanas. Entre eles, cabe destacar Arte/Cidade, organizado por Nelson Brissac Peixoto, que ocupa reas crticas da cidade com obras de arte desenvolvidas especialmente para aqueles espaos. Destaca-se tambm o projeto Cow parade, que tem percorrido o mundo inteiro. Criado na Sua, em 1998, envolve a comunidade e gera renda para projetos de responsabilidade social. Em 2005, o projeto esteve presente em So Paulo e, em 2007, no Rio de Janeiro, sempre com artistas locais. A land art tambm considerada uma arte pblica, pois uma instalao ou interveno em stios naturais. Dentre os artistas da land art, Christo e Jeanne-Claude formam uma dupla que tem feito as mais divulgadas intervenes pblicas nas paisagens urbanas e rurais, contornando, embrulhando, rodeando ilhas, cobrindo edifcios inteiros, criando novas paisagens em parques. Nem sempre o estudo da Histria da Arte, que tem sido objeto da escola, oferece a oportunidade de olhar a Arte como patrimnio, retirando-a dos perodos e dos ismos em que foi criada, para v-la presente na vida da comunidade. Para levantar essa questo, podemos oferecer a leitura de algumas imagens do patrimnio cultural da cidade onde se situa Casa Garaux

a escola. Como exemplo, oferecemos duas imagens da Estao da Luz. Para o assessor internacional da Unesco, Hugues de Varine-Boham, o patrimnio cultural est dividido em trs grandes categorias de elementos: a natureza e o meio ambiente; o conhecimento, as tcnicas, o saber e o saber fazer; e os bens culturais (objetos, artefatos e construes). sobre esses artefatos que a disciplina Arte poder ampliar o conhecimento dos estudantes, partindo da primeira expedio realizada. Os estudantes conhecem quais so os monumentos e cidades brasileiros considerados patrimnios culturais da humanidade? E na sua cidade? Sabem que h patrimnios materiais e imateriais? Festas, costumes, tradies e outras manifestaes populares e eruditas tambm constituem o patrimnio cultural de uma nao, como a capoeira e o po de queijo, recentemente declarados patrimnios culturais do Brasil. H escolas que j tm uma grande preocupao com o patrimnio cultural. Vrias escolas paulistas esto localizadas em prdios que mostram sua histria, o contexto da poca em que foram criadas. Mas, por mais nova que seja a escola ou a cidade, sempre haver patrimnios culturais a ser preservados. Christian Knepper/Embratur

estao da luz, So Paulo, SP. esquerda, em 1948. direita, vista da estao restaurada. Alm da estao de trem, o prdio abriga o Museu da Lngua Portuguesa, inaugurado em 2006.

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H diferena entre reformar e restaurar? Os alunos podem lembrar de alguns restauros na sua regio? Qual ser a casa mais antiga que encontraram na expedio feita perto da escola? Haver outros prdios na regio? Esculturas nas praas ou nas entradas dos prdios? Murais? Consideram patrimnios culturais ou este conceito est distante para eles? Uma boa questo para a educao patrimonial compreender a diferena entre reforma e restauro, nem sempre clara para o povo da cidade e seus dirigentes. Modernizados por reformas, prdios se descaracterizam sem cuidado, mas muitas obras podem ser lembradas por restauraes recentes. Entre elas, pode-se citar, na cidade de So Paulo: a estao ferroviria da Luz, aberta ao pblico em 1901, que hoje abriga, alm da estao, o Museu da Lngua Portuguesa; e o prdio da atual Estao Pinacoteca, projeto de Ramos de Azevedo, inaugurado em 1875, utilizado pelo Departamento de Ordem Poltica e Social (Dops), de 1949 a 1983, como sede de sees de interrogatrios e torturas durante o perodo da ditadura militar e que, hoje, faz parte de um complexo cultural que tambm envolve a Estao Jlio Prestes, transformada na sede da Orquestra Sinfnica do Estado de So Paulo, com uma das mais modernas e belas salas de concertos do mundo a Sala So Paulo. Outros exemplos de restaurao podem ser aqui lembrados, como a Pinacoteca do Estado, a Catedral da S, o Mercado Municipal da Cantareira, o Centro Cultural Banco do Brasil, entre outros. Muitas cidades do interior e do litoral tambm tm passado por restauraes, como o centro da cidade de Santos. Elas dependem sempre de polticas culturais que valorizem o patrimnio. O que voc e seus alunos podem lembrar em sua regio?7

No s prdios so restaurados, mas tambm obras que continuam a requerer muito cuidado e tcnica. H exemplos recentes, como o caso da restaurao da obra Os bandeirantes, de Henrique Bernardelli, pintada no final do sculo XIX, e que pertence ao acervo do Palcio dos Bandeirantes. A restauradora Adriana Pires encontrou trs personagens que estavam escondidos sob camadas de tinta de restauros anteriores. O processo demorado. A descoberta aconteceu aps oito meses de trabalho, quando apenas 65% da obra havia sido restaurada. Um restauro exige estudo, pacincia e muita pesquisa para que a obra reviva em suas cores e formas. Muitas delas espantaram o mundo, como o teto da Capela Sistina, no Vaticano, pintado por Michelangelo, escurecido pelos anos em que, antes da inveno da luz eltrica, as velas o ilumina vam. Entretanto, nem sempre os restauros so feitos com todo o cuidado que merecem.

proposio ii Ao expressivaInmeras aes expressivas podem ser provocadas a partir da conversa gerada pela apreciao das imagens. Que encomendas voc poderia fazer para eles, fruto dessa conversa? Sugerimos duas aes: f Uma parede especial na escola para grafitar. H muitos procedimentos tcnicos no fazer do grafite. Alguns se utilizam de mscaras (escola vallauriana, ressonncias da obra do artista Alex Vallauri), outros usam a mo livre, como os precursores Keith Haring e Jean-Michel Basquiat7, grafiteiros do metr nova-iorquino que ganharam fama. Mas a inventividade faz criar outros procedimentos. Fefe Talavera, por exemplo, cria seus animais com colagem de letras extradas dos cartazes de rua encontrados com frequncia na cidade de

possvel conhecer mais sobre Basquiat em sua cinebiografia. Todavia, dada a classificao do filme, necessria uma seleo prvia de trechos caso se resolva utiliz-lo no trabalho com os alunos. DVD Basquiat traos de uma vida (Basquiat). Direo: Julian Schnabel. EUA, 1996. 106 min. 18 anos.

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So Paulo. rion, outro exemplo, em vez de colocar tinta, retira a fuligem das paredes internas do tnel usando panos. Alm deles, possvel tambm analisar os desenhos de letras que esto presentes nas pichaes e que se abrem para novas pesquisas pessoais. Os pichos, assinaturas de pichadores ou de grupos, tm sido at alvo de colees. Explorar assinaturas ou fazer experincias com mscaras tambm so algumas possibilidades. Estudos podem ser realizados de modo muito simples, utilizando-se, em vez de spray, o antigo procedimento com tinta a guache, escova de dente e uma peneira, ou mesmo a lateral de uma rgua para que a tinta seja espargida sobre ela. Essas experincias com mscaras podem impulsionar a inveno de desenhos e pinturas que dialoguem com a cidade e que falem de seus anseios e conflitos. Uma pesquisa das temticas presentes pode ser instigante e provocadora. Para onde ela levar esse projeto? f Registros expressivos do patrimnio cultural da cidade. Os alunos conhecem os monumentos histricos? H edifcios tombados? Sabem o que um tombamento? J ouviram falar do Iphan? Talvez poucos saibam da histria de suas construes. Podemos propor que os alunos criem registros expressivos do patrimnio cultural de sua comunidade. Pode ser por meio

de grafites ou, ainda, pela criao de jogos, coleo de postais com fotografias ou desenhos, folhetos semelhantes aos de turismo. Esses registros poderiam mobilizar a comunidade a lutar por sua preservao? Poderamos continuar gerando um projeto de educao patrimonial? Para onde pode seguir esse projeto? Essas so algumas das ideias possveis. Ateno!Depois de finalizadas as proposies de artes visuais, voc pode encaminhar a proposio de Nutrio Esttica, abordando potica pessoal e/ou colaborativa nas demais linguagens, e a proposio de conexes com os territrios de mediao cultural e processos de criao.

tempo previsto: 2 a 5 aulas.

Cidade, cultura e artes visuais no territrio depatrimnio cultural arte pblica; intervenes urbanas; grafite; pichao; monumentos histricos; polticas culturais; educao patrimonial.

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SITUAO DE APRENDIZAGEM 2 MSICAO ambiente sonoro em que vive um compositor interfere diretamente em sua produo musical. A escuta das msicas de uma determinada poca pode nos fazer imaginar as interferncias de sons e rudos que cercavam seus compositores. Esses sons e rudos que se manifestam em um campo de 360 ao redor do ouvinte compem o que Murray Schafer denomina paisagem sonora. O termo uma interpretao da expresso em ingls landscape (paisagem visual) para o que seria o seu equivalente sonoro (soundscape). Para mover a relao entre msica e patrimnio cultural, proposta deste bimestre, comearemos com um exerccio de apreciao sobre a paisagem sonora do ambiente onde vivemos.

proposio ii Ao expressiva: inveno de uma paisagem sonoraPoderamos propor outro modo de escuta de paisagem sonora: um estudo comparativo a partir de um documento histrico uma pintura, um poema, a descrio de um evento, uma fotografia listando todos os sons potenciais contidos neles. Um dos alunos de Schafer apresentou os sons de uma paisagem urbana holandesa do sculo XVI, imaginada a partir da obra A batalha entre o carnaval e a quaresma, de Pieter Brueghel, o Velho. Outro apresentou os sons de uma cidade industrial do norte da Inglaterra do sculo XIX, a partir de um trecho de um romance. Outro, os sons de uma aldeia indgena. Para mover essa interessante ao de escuta expressiva, voc pode utilizar, por exemplo, fotografias de povos indgenas, imagens de obras de arte que apresentam paisagens brasileiras do tempo da colonizao ou de hoje, cenas do metr ou da estao rodoviria. O que voc vai escolher para dar impulso percepo sonora de seus alunos? Essa ao expressiva realizada em grupos com 2 ou 3 alunos, em trs momentos: 1. Aps voc apresentar o material escolhido para provocar a interpretao sonora, algumas questes podem ser desencadeadas: Como soaria a paisagem sonora desse lugar? Haveria som de televisor? De carro? De celular? De pssaros? De folhas de rvores? De usina? De crianas brincando? Quais sons que voc nunca ouviu voc acha que poderia haver nesse lugar? 2. Realizao de um planejamento e roteiro da materializao da paisagem sonora inventada. Quais sons sero ouvidos primeiro? Quais sons se sobrepem? H algum som

proposio i Movendo a apreciao de paisagens sonorasMurray Schafer props a seus alunos que ouvissem diariamente, por dez minutos, os sons ao seu redor. Seus alunos descobriram que podiam classificar os sons produzidos pela natureza, por seres humanos e por engenhocas eltricas ou mecnicas. Voc pode propor a seus alunos o mesmo que Murray Schafer props aos dele. No Caderno do Aluno, em Apreciao, h o espao para que os alunos possam registrar sua paisagem sonora a partir de questes como: O que ouvimos no nosso cotidiano? Quais sons ouvimos nas ruas? Dentro dos nibus? Em casa? Qual a sonoridade do ambiente onde vivemos? Quais sons so agradveis? Quais sons so desagradveis? O que poderia ser feito para diminuir a lista dos sons desagradveis e aumentar a dos sons agradveis? Aps os registros realizados, proponha uma conversa para socializar a escuta e a reflexo sobre a paisagem sonora dos ambientes.

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mais fraco? Para isso, os alunos podem usar todos os materiais presentes ao seu redor: as carteiras, o contedo do estojo, os cadernos, a voz, o prprio corpo. 3. Apresentao da paisagem sonora inventada. Na apresentao de cada grupo, pode-se problematizar a escuta, perguntando: Conseguiram imaginar e reproduzir sonoridades diferentes das atuais? Houve produo de sons inusitados? Quais foram os mais comuns? O Caderno do Aluno traz espao para o registro das impresses sobre a produo da classe.

Sim, mas isso msica? Schafer conta que esta pergunta rendeu dois dias inteiros com seus alunos, tateando uma definio, pois as costumeiras no eram abrangentes. E como nossos alunos definem msica? Eles tambm fariam a mesma pergunta depois de ouvir Beethoven, Wagner, Stravinsky, Varse, um avio a jato? Depois de uma rodada de possveis respostas podemos propor um jogo, dividindo a classe em 5 grupos e escolhendo para cada grupo um dos fragmentos a seguir, tambm reproduzidos no Caderno do Aluno.

proposio iii o que penso sobre msica?Em continuidade leitura das produes dos alunos, pode-se perguntar: Mas isso msica? Murray Schafer (1991) abre o captulo A nova paisagem sonora de seu livro O ouvido pensante com as seguintes questes:Entreouvido no saguo, depois da primeira apresentao da Quinta, de Beethoven: Sim, mas isso msica? Entreouvido no saguo, depois da primeira apresentao do Tristo, de Wagner: Sim, mas isso msica? Entreouvido no saguo, depois da primeira apresentao da Sagrao, de Stravinsky: Sim, mas isso msica? Entreouvido no saguo, depois da primeira apresentao de Pome lectronique, de Varse: Sim, mas isso msica? Um avio a jato arranha o cu sobre a minha cabea, e eu pergunto: Sim, mas isso msica? Talvez o piloto tenha errado de profisso?SCHAFER, Raymond Murray. O ouvido pensante. So Paulo: Fundao Editora da Unesp, 1991. p. 119.

Fragmento 1Escrevi para ele [John Cage] e lhe pedi sua definio de msica. Sua resposta: Msica sons, sons nossa volta, quer estejamos dentro ou fora das salas de concerto. Definir msica meramente como sons teria sido impensvel poucos anos atrs, mas hoje so as definies mais restritas que esto se revelando inaceitveis. Pouco a pouco, no decorrer do sculo XX, todas as definies convencionais de msica vm sendo desacreditadas pelas abundantes atividades dos prprios msicos.SCHAFER, Raymond Murray. O ouvido pensante. So Paulo: Fundao Editora da Unesp, 1991. p. 120.

Fragmento 2Pode ser que os ouvintes no gostem de todos os sons dessa nova msica, e isso tambm ser bom. Pois, juntamente com outras formas de poluio, o esgoto sonoro de nosso ambiente contemporneo no tem precedentes na histria humana.SCHAFER, Raymond Murray. O ouvido pensante. So Paulo: Fundao Editora da Unesp, 1991. p. 123.

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Fragmento 3 chegada a hora, no desenvolvimento da msica, de nos ocuparmos tanto com a preveno dos sons como com sua produo. Observando o songrafo do mundo, o novo educador musical incentivar os sons saudveis vida humana e se enfurecer contra aqueles hostis a ela.SCHAFER, Raymond Murray. O ouvido pensante. So Paulo: Fundao Editora da Unesp, 1991. p. 123.

ma poltico, com um minuto para a sua defesa ou oposio. Rplicas ou trplicas podem ser concedidas com tempo limitado. Essa dinmica pode exercitar a sntese de ideias e a comunicao condensada. Depois das apresentaes, converse a respeito do que perceberam, dos contedos abordados e das opinies decorrentes do jogo. Aps a experincia, no Caderno do Aluno, h um espao para que possam registrar o que pensam agora sobre a pergunta O que msica? Como professor, no seu dirio de bordo, o que voc registra dessa experincia?

Fragmento 4Ser de maior interesse tornar-se membro da International Society for Noise Abatement [Sociedade Internacional para a Diminuio do Rudo] que da Registered Music Teachers Association [Associao dos Professores de Msica Registrados] local.SCHAFER, Raymond Murray. O ouvido pensante. So Paulo: Fundao Editora da Unesp, 1991. p. 123.

proposio iV pesquisa em grupoPara ampliao do repertrio dos alunos sobre a relao entre msica e patrimnio cultural, a ideia encomendar uma Pesquisa em grupo. Para isso, a diviso da sala de aula pode ser feita formando grupos a partir da distribuio de temas. Para que a pesquisa tenha foco, oferecemos alguns temas para investigao. f Bossa nova: o nascimento da MpB em 2008, a bossa nova completou 50 anos. O que os alunos podem descobrir sobre o movimento da bossa nova? Como ela nasceu? Qual o instrumental utilizado? Como era antes, e como hoje? Onde possvel ouvir ao vivo? Qual o espao que tem nos meios de comunicao? Quais os compositores mais representativos? Como a bossa nova contribuiu para a msica brasileira? O que props como mudana? A bossa nova pode ser considerada patrimnio cultural? Por qu? f Frevo em 2007, foi a vez do frevo completar 100 anos. O que seus alunos sabem sobre o frevo? Como ele nasceu? Quais os compositores mais representativos? Como se dana o frevo? Quais so os instrumentos utilizados? Qual a funo do frevo? Nesses 100 anos, a msica mudou ou permaneceu a mesma? E a dana? Onde acontecem as apresentaes?

Fragmento 5Rudo qualquer som indesejado. certo que isso faz de rudo um termo relativo; porm nos d a flexibilidade de que necessitamos quando nos referimos ao som. Num concerto, se o trnsito do lado de fora da sala atrapalha a msica, isso rudo. Porm se, como fez John Cage, as portas so escancaradas e o pblico informado que o trnsito [a poluio sonora] faz parte da textura de uma pea, seus sons deixam de ser rudos.SCHAFER, Raymond Murray. O ouvido pensante. So Paulo: Fundao Editora da Unesp, 1991. p. 138.

A partir da leitura, cada grupo deve apresentar uma defesa ou uma oposio s ideias contidas no texto, como se fosse um progra-

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possvel encontrar notcias nos meios de comunicao sobre os msicos e danarinos ligados ao frevo? Qual seria a paisagem sonora dos grupos musicais que produziam frevo no sculo passado? Os alunos encontram relao entre essa paisagem e o instrumental da poca? E o que acontece com a paisagem sonora e o instrumental dos dias de hoje? Por que o frevo foi escolhido como forma de expresso que pertence ao patrimnio imaterial brasileiro? O que patrimnio imaterial? f restauro de obras musicais O que os alunos podem descobrir sobre restauro de obras musicais? Como se preserva o patrimnio musical de obras das quais no h registros em gravao (fitas, discos, filmes etc.)? Ainda existem discos de 78 RPM, LPs e K7s? H diferena de fidelidade na reproduo do udio nessas diferentes mdias? O que masterizao? H softwares para a restaurao de material sonoro? Com certeza seus alunos devem conhecer e usar alguns dos softwares, principalmente aqueles que transformam faixas de discos ou CDs em arquivos MP3. Mas como respondem s demais questes? Para este tema, a proposta que os alunos pesquisem nas casas de seus pais, parentes e vizinhos para saber da existncia de partituras, discos e gravaes antigas e em que estado de conservao esto. A pesquisa pode se estender para as rdios e escolas, bibliotecas, escolas de msica, igrejas, banda de msica e outros aparelhos culturais. De que ano so? Qual ser a mais antiga encontrada? No caso de discos e de outros suportes de gravao encontrados, h aparelhos para a reproduo do udio? Com as partituras descobertas, podemos propor que usem scanner, para digitalizar as imagens das partituras, e algum software, para melhorar e limpar a imagem. Isso pode ser feito com a ajuda do professor da sala de informtica da escola, se houver um, ou por um professor ou aluno que domine esse tipo de equipamento e de software. Pode ser uma boa contribuio para o patrimnio local.

A produo musical tem o tempo da existncia do ser humano. Muito se perdeu por falta de registro. Inicialmente, tudo se preservava pela transmisso oral. Depois, pelo registro grfico, em partituras que eram lidas e interpretadas pelas pessoas que tinham o privilgio de conhecer a linguagem musical escrita. Como no havia registro sonoro dessas obras feito pelos seus compositores, aos msicos cabia reproduzir o que estava nas partituras, em salas de concerto, teatros, praas, para que o pblico pudesse ouvi-las. A necessidade de ser fiel s partituras era fundamental para que a obra de um compositor pudesse ser ouvida tal como fora concebida. Pouco espao havia para que os msicos pudessem criar e improvisar a partir delas. O compromisso da reproduo fiel era soberano. Na poca do cinema mudo, as projees eram feitas com a presena e participao, ao vivo, de um pianista ou de pequenas orquestras. Enquanto o filme era exibido, os msicos tocavam para a plateia. Era a trilha sonora sendo inventada. H depoimentos de msicos e pessoas contemporneas a esse momento que registram o retorno do pblico vrias vezes para assistir ao mesmo filme, em funo da performance dos msicos que tocavam ao vivo. Em muitas salas de projeo, cada sesso era indita, dependendo dos msicos que participavam. Os resultados dessas performances nunca foram registrados, pois no havia tecnologia para isso. Houve uma grande perda para o patrimnio musical. A partir do incio do sculo XX, com o surgimento do gravador, do disco, do rdio, da televiso, o registro sonoro passou a ser possvel e, hoje, facilitado pela digitalizao. O restauro para a preservao de obras musicais ocorre tanto nas partituras (o trabalho similar ao que se faz com documentos histricos) quanto nas gravaes em cilindros de metal, fitas magnticas de udio e vdeo, materiais cinematogrficos, discos 78 RPM, LPs e compactos simples e duplos. Agora, entram tambm as fitas de vdeo (em vrios forma-

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tos) e os diversos tipos de CD, DVD e HD (hard disk de computadores), alm das redes virtuais que armazenam msicas, como MySpace, Hi5, Gizmo, entre outras. Todas as mdias que registram as obras musicais precisam de um constante trabalho de conservao. Para a apresentao da pesquisa, cada grupo pode montar um PowerPoint, ou at mesmo criar um blog, apresentando o que descobriram para a classe. No Caderno do Aluno, um espao est reservado para que os alunos possam criar uma capa e contracapa de CD ou LP. Na capa, com palavras, colando imagens ou fazendo desenhos coloridos, a ideia mostrar os conceitos que foram mais significativos na sua pesquisa e na pesquisa de seus colegas sobre a relao entre msica e patrimnio cultural. Na contracapa, a proposta inventar nomes de msica inspirados nos conceitos que fazem parte da capa do CD ou LP. Como professor, finalizando o bimestre, o que voc pode escrever em seu dirio de bordo sobre as suas experincias pedaggicas desenvolvidas em msica?

Ateno!Depois de finalizadas as proposies de msica, voc pode encaminhar a proposio de Nutrio Esttica, abordando potica pessoal e/ou colaborativa nas demais linguagens, e a proposio de conexes com os territrios de mediao cultural e processos de criao.

tempo previsto: 3 a 6 aulas.

Cidade, cultura e msica no territrio depatrimnio cultural paisagem sonora; msicos da rua; videoclipe; msica contempornea; patrimnio cultural imaterial e material; preservao; restauro.

SITUAO DE APRENDIZAGEM 3 DANAO patrimnio cultural, conjunto de todos os bens materiais e imateriais, de fundamental importncia para a memria, a identidade, a criatividade dos povos e a riqueza das culturas. Esses bens imateriais, que formam o patrimnio cultural do povo, so os modos especficos de criao que abrangem diversas reas e que determinam as descobertas na Cincia, na Arte e na Tecnologia. Quando se preserva legalmente e na prtica o patrimnio cultural de um povo, conservam-se a memria e a identidade de um pas. Patrimnio significa, etimologicamente, herana paterna, a riqueza comum que os cidados herdaram e que transmitiro de gerao em gerao. Para dar incio investigao sobre a relao entre dana e patrimnio, propomos uma leitura de imagens.

proposio i Movendo a apreciaoCentrando nosso pensamento no recorte das danas realizadas em diferentes regies brasileiras, observaremos que suas temticas no contexto atual trazem cena um patrimnio imaterial artstico-cultural de significativa importncia. Refletem a dinmica da sociedade, que historicamente vem cumprindo um papel de organizao, de espao de manuteno e recriao de tradies herdadas das diferentes etnias que constituem o povo brasileiro. Ao mesmo tempo, expressam um jeito de ser, agir e ver o mundo, simbolizado por meio da linguagem corporal. A dana popular , na maioria das vezes, uma manifestao coletiva que obedece a fatores e influncias encontrados em determinado

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grupo social. Essa manifestao, por sua vez, recebe influncias do entorno onde acontece e se reelabora, cruzando-se com elementos que outras vezes sero relidos e tramados com ele Lilian Santana/Riotur/Embratur

mentos provenientes dos mais variados tipos de dana, formando vocbulos para a dana contempornea. Lilian Santana/Riotur/Embratur Renata Gonalves Antnio Gaudrio/Folha Imagem

A

B

Escola de samba. Wilson Dias/Abr

Mestre-sala e porta-bandeira.

C

D

Tambor de crioula. Antonio Cruz/Abr

Jongo.

E

F

Samba de roda do recncavo baiano.

Frevo.

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As imagens movem um jogo de apreciao sobre manifestaes de danas populares. No Caderno do Aluno, prope-se que os estudantes conversem sobre quais manifestaes de dana popular eles identificam nas imagens e, depois, relacionem a imagem com o nome da manifestao de dana popular. Em continuidade, converse com os alunos sobre quais correspondncias figura/manifestao eles identificaram e volte a problematizar as imagens com as questes presentes no Caderno do Aluno. Em O que penso sobre Arte?, converse acerca de quais manifestaes de dana popular os alunos conhecem e, se algum aluno souber uma dessas danas, incentive-o a apresent-la e, quem sabe, at a ensinar alguns passos para os colegas. Essa conversa permite um mapeamento sobre os conhecimentos dos alunos e, tambm, sobre os conceitos equivocados que talvez tenham a respeito da relao entre dana e patrimnio, apontando, assim, possveis caminhos para investigar. Para isso, oferecemos algumas proposies que podem contribuir para a ampliao do conhecimento sobre o tema.

f tambor de crioula, jongo, frevo e samba de roda investigao sobre essas manifestaes populares consideradas patrimnio imaterial pelo Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional (Iphan). Onde h, no Brasil, cada uma dessas modalidades de dana? Por que elas foram escolhidas como formas de expresso que pertencem ao patrimnio imaterial brasileiro? O que patrimnio imaterial? Caso a comunidade, o bairro ou a cidade onde vivem os alunos tenham escolas de samba ou grupos que danam tambor de crioula, jongo, frevo ou samba de roda, a pesquisa pode acontecer por meio de entrevista junto aos participantes dessas manifestaes populares. Caso contrrio, pode ser realizada pela internet ou por consulta a livros na biblioteca. Para apresentao dos resultados da pesquisa em sala de aula, os alunos podem produzir um jornal, um catlogo com textos e fotos, um painel ilustrativo ou, at mesmo, um blog. No Caderno do Aluno, a proposta finalizar a pesquisa em grupo escrevendo uma sntese sobre o que descobriram de mais significativo na prpria pesquisa e na pesquisa de seus colegas, dando continuidade frase: No passo-a-passo...

proposio ii pesquisa em grupoPara ampliao dos saberes dos alunos sobre essas manifestaes de dana popular, a proposta encomendar uma pesquisa em grupo. Para isso, divida a classe em 5 grupos e distribua os 5 temas: carnaval, tambor de crioula, jongo, frevo e samba de roda. Para que a pesquisa tenha um foco em relao ao tema, proponha aos alunos o seguinte roteiro de investigao: f Carnaval investigao sobre como se d a criao artstica de um desfile de carnaval, a partir de seus elementos: a bateria, o samba-enredo, o samba no p/passistas, a velha-guarda, o mestre-sala e a porta-bandeira, a ala das baianas, a ala das crianas, o destaque principal, a rainha da bateria. Qual a importncia da dana na cultura do carnaval como festa popular?

proposio iii Ao expressiva: um fraseado coreogrficoPensando em organizar uma Situao de Aprendizagem que envolva um fazer e um danar, propomos, no Caderno do Aluno, uma Ao expressiva. A partir de imagens de obras que fazem referncia dana ou de msicas regionais, os alunos, realizam um fraseado coreogrfico que se aproprie da tradio e, a partir de suas vivncias pessoais e pesquisas, adicionam novos elementos criao. Para isso, pea aos alunos que escolham uma obra ou uma msica sobre a qual desejem trabalhar. No Caderno do Aluno, as obras Dana dos tapuias, de Albert Eckhout, e Frevo, de Heitor dos Prazeres, so apresentadas como possibilidades de escolha.

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Albert eckhout. Dana dos tapuias, 1641. leo sobre tela, 295 x 172 cm. Heitor dos Prazeres

Heitor dos prazeres. Frevo, 1966. leo sobre tela, 46 x 55 cm.

Wikipdia

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Aqui, sugerimos duas msicas que tambm podem ser oferecidas aos alunos para que sirvam como estmulo sonoro criao: Frevo mulher

Para os alunos que escolherem uma destas msicas, lembre-os que: f o Frevo surgiu dos movimentos dos capoeiristas que saam frente dos blocos no carnaval de Recife fazendo acrobacias. Da capoeira danada no ritmo do Frevo, nasceram os passos. H mais de 120 passos catalogados. Entre os mais conhecidos, temos as flexes com as pernas, subidas e descidas, as rasteiras de pernas no cho e as acrobacias com uma sombrinha; f o pezinho uma dana tpica originria do Estado do Rio Grande do Sul. Dana-se aos pares, frente a frente. Os pares engatam e desengatam os braos e, tambm, fazem movimentos com os ps, que ficam prximos e frente a frente. Depois, pea aos alunos que se dividam em grupos de 4 ou 5 para elaborarem, usando o recurso visual e/ou sonoro, o estudo coreogrfico. As danas populares brasileiras so expresses de movimentos, passos, gestos, ritmos, coreografias, sentimentos, formas, simbologias e traos especficos do jeito de ser de um grupo social, presente em grandes e pequenos povoados ou metrpoles. Dependendo do contexto em que esto inseridas, atuam num ritmo de manuteno/perda/recriao, continuidade e descontinuidade, o que desmistifica a tese de que a tradio algo velho, esttico, desatualizado estigmas geralmente atribudos cultura popular em todas as suas expresses. Essas danas tm como fundamento preservar tradies dos antepassados, crenas, filosofias, particularidades, segredos. Levam, s atuais geraes, saberes que so um legado, uma relquia, apreendidos no seio familiar e no mbito comunitrio, possuindo uma organizao prpria, uma tica entre seus membros e uma hierarquia, que no significa dominao ou imposio. No Caderno do Aluno, para materializar um olhar sobre a experincia de criao, so propostas duas aes: um desenho do fraseado coreogrfico, ou seja, sua notao grfica; e um relato sobre as possibilidades e os limites provo-

Z Ramalho

Quantos aqui ouvem os olhos eram de f! Quantos elementos amam aquela mulher... Quantos homens eram inverno outros vero... Outonos caindo secos no solo da minha mo! Gemeram entre cabeas a ponta do esporo A folha do no-me-toque E o medo da solido Veneno, meu companheiro Desata no cantador E desemboca no primeiro aude do meu amor quando o tempo sacode a cabeleira A trana toda vermelha Um olho cego vagueia Procurando por um! Warner Chappell Edies Musicais Ltda. Todos os direitos reservados.

pezinho

J. C. Paixo Crtes e L. C. Barbosa Lessa

Ai bota aqui, ai bota ali o teu pezinho O teu pezinho bem juntinho com o meu Ai bota aqui, ai bota ali o teu pezinho O teu pezinho, o teu pezinho ao p do meu E depois, no v dizer Que voc j me esqueceu Ai bota aqui, ai bota ali o teu pezinho O teu pezinho bem juntinho com o meu Ai bota aqui, ai bota ali o teu pezinho O teu pezinho, o teu pezinho ao p do meu E no chegar, desse teu corpo, Um abrao quero eu Ai bota aqui, ai bota ali o teu pezinho O teu pezinho bem juntinho com o meu Ai bota aqui, ai bota ali o teu pezinho O teu pezinho, o teu pezinho ao p do meu Agora que, estamos juntinhos, D c um abrao e um beijinho Ai bota aqui, ai bota ali o teu pezinho O teu pezinho bem juntinho com o meu Ai bota aqui, ai bota ali o teu pezinho O teu pezinho, o teu pezinho ao p do meu Agora que estamos juntinhos, D c um abrao e um beijinho. by 1957 Irmos Vitale S. A. Indstria e Comrcio. Todos os direitos autorais reservados para todos os pases. All rights reserved. International Copyright Secured.

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cados pela incorporao dos elementos da dana popular inveno coreogrfica realizada. Que a sutileza da passagem de uma dana popular para um fraseado coreogrfico seja uma ampliao de trabalho corporal para seus alunos. O que voc pode escrever sobre isso em seu dirio de bordo?

tempo previsto: 4 a 6 aulas.

Cidade, cultura e dana no territrio depatrimnio cultural escola de samba; tambor de crioula; jongo; roda de samba; frevo; forr; dana popular; patrimnio cultural imaterial.

Ateno!Depois de finalizadas as proposies de msica, voc pode encaminhar a proposio de Nutrio Esttica, abordando potica pessoal e/ou colaborativa nas demais linguagens, e a proposio de conexes com os territrios de mediao cultural e processos de criao.

SITUAO DE APRENDIZAGEM 4 TEATROO que vem ao pensamento quando relacionamos artes cnicas e patrimnio cultural? Uma das associaes pode ser com a memria artstica sobre o ofcio de ator no Brasil, mergulhando na histria teatral brasileira para trazer cena nomes como Srgio Cardoso, Cacilda Becker, Gianfrancesco Guarnieri, Raul Cortez, Paulo Autran, entre outros. Outra possibilidade remexer no ba de ideias estticas de companhias que inovaram a linguagem teatral no Brasil, como Asdrbal Trouxe o Trombone, Teatro de Arena, Teatro Oficina, entre outras. possvel, ainda, estabelecer relaes com a memria dos espaos cnicos brasileiros (edifcios teatrais e sua arquitetura), dos quais J. C. Serroni soube to bem realizar um mapeamento. Enfim, muitos podem ser os caminhos de investigao sobre a memria e a herana teatral, que, por si s, j se configuram como patrimnio cultural. Para onde os alunos levariam essa investigao? O que poderiam conhecer? Para iniciar o 1o bimestre do Ensino Mdio, a escolha da relao entre artes cnicas e patrimnio cultural recai sobre outro caminho, um modo de produo cnica que hoje pode parecer uma linguagem menor no mundo dos espetculos e, at mesmo, uma linguagem em extino: o circo. A ideia lanar um olhar diferente sobre a especificidade esttica do espetculo circense como patrimnio cultural e sobre a particularidade da arte do palhao, tanto nos picadeiros quanto em outros palcos.

proposio i o que penso sobre o circo?Circo. Para muitos, a palavra tem o dom de evocar a fantasia, o sonho e lembranas da infncia, em que se mesclam o riso e o deslumbramento. Para comear a conversa, no Caderno do Aluno, na proposio O que penso sobre Arte?, a pergunta aos alunos sobre qual lembrana vem mente quando eles pensam em circo, pedindo a resposta em forma de desenho. Na leitura dos desenhos produzidos: O que eles mostram? O que foi mais lembrado? A lona

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colorida do circo? O mgico? O equilibrista? O domador de leo? O malabarista? O contorcionista? O palhao? A memria registrada veio da experincia de ter assistido a um espetculo circense? Os alunos se lembram do nome de alguma companhia de circo? Esse tipo de espetculo fez ou faz parte da vida cultural dos alunos? A escuta atenta dessa conversa com os alunos sobre o circo pode oferecer um mapeamento sobre a prtica e a significao cultural do circo na vida deles. O que esse mapeamento revela? O circo uma linguagem artstica prxima ou distante dos alunos? Sobre isso, o que voc pode registrar em seu dirio de bordo?

proposio ii Movendo a apreciaoMuitas lembranas de infncia dos alunos talvez aqueam o trao dos desenhos e a conversa sobre o circo. Mas, hoje, os alunos tm qual referncia de espetculos circenses? No Caderno do Aluno, algumas questes movem a apreciao. Na conversa sobre as imagens, importante chamar a ateno dos alunos sobre as diferenas que hoje existem entre o circo tradicional e o contemporneo. Luiz Doroneto

nomeado circo tradicional aquele formado por grupos familiares. A relao de trabalho que se estabelece tal que, mesmo com apresentaes individuais no espetculo, a organizao familiar a base de sustentao do circo. A transmisso do saber circense faz desse mundo particular uma escola nica e permanente. O contedo desse saber suficiente para ensinar a armar e desarmar o circo, a preparar os nmeros ou peas de teatro, alm de treinar as crianas e os adultos para execut-los. Esse contedo trata tambm de ensinar sobre a vida nas cidades, as primeiras letras, as tcnicas de locomoo do circo. por meio desse saber transmitido coletivamente s geraes seguintes que se garantiu a continuidade de um modo particular de trabalho e de uma maneira especfica de montar o espetculo.

Circo roda Brasil. Stapafrdyo, 2007.

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O espetculo do circo tradicional , assim, o resultado de um longo, rigoroso e complexo processo de formao, socializao e aprendizagem artstica de gerao em gerao. No Brasil, temos renomadas famlias circenses: Pery, Ozon, Carlo, Casali, Seyssel, Franois, Chiarini, Temperani, entre outras. O Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional (Iphan) vem desenvolvendo um trabalho para o reconhecimento do circo de tradio familiar como dimenso do patrimnio cultural de natureza imaterial. O que os alunos podem descobrir pesquisando sobre essas famlias? No circo contemporneo, a aprendizagem no acontece pela dinastia familiar, mas pelas escolas de circo, que ganham espao na cultura urbana. A linguagem do circo contemporneo tecida por saltimbancos urbanos, gente que no de circo, formada por escolas de circo e/ou teatro e que, a partir das dcadas de 1980 e 1990, no Brasil, fazem a interao entre as tcnicas circenses e os elementos teatrais. A introduo da teatralidade faz com que a linguagem circense tenha um fio condutor, seja temtico ou esttico, desenvolvido em sequncia lgica durante o espetculo. Outra caracterstica que os animais somem de cena. Em festivais de novo circo, inclusive, um dos pr-requisitos para a inscrio o no-uso de animais em cena. O que mais os alunos podem descobrir sobre a linguagem contempornea do circo?

ros; Parlapates, Patifes e Paspalhes; La Mnima; Circo Zanini; entre outras. Qual o perfil dessas companhias? Qual o repertrio? Quais tcnicas circenses desenvolvem? Nessas companhias, h fuso das linguagens de dana e teatro s artes circenses? f escolas de circo Quais os cursos oferecidos? H pesquisa sobre a linguagem circense? O que os alunos podem descobrir sobre a formao profissional circense, pesquisando, por exemplo, sobre a Escola de Circo Picolino, a Escola Nacional de Circo da Funarte, o Galpo do Circo, entre outros? f Circo de tradio familiar O que o circo-famlia? A que se deve o quase desaparecimento do circo-famlia? Por que, no passado, de modo ofensivo, a sociedade dizia que gente de circo no presta? H alguma famlia circense radicada na sua cidade? O que possvel descobrir sobre: Circo Zanchettini, As famlias Ferreira Rezende e Simes, Circo Real Moscou? O que faz com que o circo-famlia possa vir a ser reconhecido pelo Iphan como patrimnio cultural imaterial? Esses temas e questes suscitam vrios aspectos que podem ser pesquisados em um encontro marcado na sala de informtica. So vrios os sites indicados ao final do Caderno, alm de outros que os alunos podem encontrar. Caso haja algum circo com a lona montada em sua cidade, ser uma excelente oportunidade para uma pesquisa de campo, que pode ser feita por meio de um roteiro de perguntas para uma entrevista. Para a apresentao dos resultados da pesquisa, cada grupo pode montar um PowerPoint, ou at mesmo criar um blog, apresentando o que descobriram para a classe. No Caderno do Aluno, um espao est reservado para que eles possam criar palavras-chave, colar imagens ou fazer desenhos coloridos, formando um mapa que apresente o que foi mais significativo na sua pesquisa e na pesquisa de seus colegas sobre o circo e sua linguagem artstica.

proposio iii pesquisa em grupoA aproximao com a linguagem contempornea do circo e a ampliao de repertrio dos alunos pode acontecer por meio da encomenda de uma pesquisa em grupo. Para isso, a diviso da sala de aula pode ser feita formando grupos a partir da distribuio de temas. Para que a pesquisa tenha foco, oferecemos alguns temas para investigao: f Companhias contemporneas de circo Pia Fraus; Teatro de Annimos; Acrobticos Fratelli; Intrpida Trupe; Nau de ca-

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proposio iV Movendo uma apreciao sobre o personagem palhaoPalhao. Nariz vermelho, roupas largas, sapatos grandes e um eterno sorriso. Ser que essa a imagem do palhao que os alunos guardam na memria? Para aproximar os alunos desse personagem, no Caderno do Aluno proposta uma apreciao movida por questes, como: O que voc percebe na caracterizao dos palhaos? De que modo a maquiagem? O que ela reala no rosto? Por que o nariz ressaltado? Na arte do palhao, a criao de uma personagem o mais delicado dos problemas. Para a criao de uma personagem do cinema ou do teatro, os dados, em geral, esto no texto, enquanto que o palhao o prprio autor de seu personagem. Sua personalidade, suas roupas e sua maneira de se comportar devem estar de acordo com certo sentimento: tristeza, alegria, malandragem etc. Ao conceber a maquiagem, o palhao procura ressaltar o trao do rosto mais propcio para despertar o riso e, assim, marcar a singularidade de sua personagem como a sua prpria. Cada palhao constri sua maquiagem de acordo com o que acha mais expressivo em seu rosto. Alguns ressaltam os olhos, como fazem Pimentinha, Torresmo e Arrelia; outros, a boca, como Piolim, Torresmo e Arrelia. Mas todos usam a menor mscara do mundo: o nariz vermelho, seja grande, como o de Torresmo, seja pequeno, como o de Pimentinha. importante situar os alunos sobre a origem do palhao. Personagem inspirado no bobo shakespeariano e influenciado pela Commedia dellArte italiana, surgiu no sculo XVIII para subverter a apresentao dos equilibristas nos espetculos do ingls Philip Astley, um dos fundadores do circo moderno. Conta a histria que Astley inventou o picadeiro e montou espetculos de equilbrio e malabarismo com cavalos. O palhao surgiu para ridicularizar as atraes oficiais. Enquanto o

equilibrista e o trapezista lidam com o sublime, o palhao traz cena o grotesco, o estpido. Fora do picadeiro, h tambm uma arte do palhao que se faz presente em hospitais, como, por exemplo, no trabalho dos Doutores da Alegria. A trupe se apresenta como besteirologistas, ou seja, especialistas em besteiras que visitam os hospitais, levando alegria s crianas internadas, aos pais e aos profissionais da sade que atuam no local. No Caderno do Aluno, ainda na Apreciao, so lanadas as questes: Voc conhece a trupe Doutores da Alegria? O que ela faz? A trupe formada por artistas que se apresentam para uma plateia de doentes ou por mdicos que visitam seus pacientes? Qual tratamento ministrado aos pacientes? Para aprofundar o conhecimento dos alunos quanto arte desses palhaos, proposta uma pesquisa individual a partir da seguinte questo: O que mais voc pode descobrir sobre os Doutores da Alegria e outros projetos, como o Planto Sorriso, de Londrina, no Paran, a Enfermeira do Riso, da UniRio, no Rio de Janeiro, e a UTI Riso, de Aracaju, em Sergipe? Seja como for a caracterizao, a criao da personagem palhao tem o objetivo de despertar a alegria, o riso, a ingenuidade. Para isso, a arte clownesca inicia-se por encontrar o nosso lado ridculo, que pode ter como base a comicidade corprea presente em cada pessoa. isso que investigaremos a seguir. Luizinho Coruja/Contedo Expresso Acervo da famlia

Palhao Pimentinha.

Palhao Torresmo.

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Doutores da Alegria.

proposio V Ao expressivaPara mover a comicidade corprea presente em cada pessoa, como um modo de aproximar os alunos da arte dos palhaos, podemos provocar uma experimentao do ridculo, por meio, por exemplo, dos seguintes exerccios: f dana das cadeiras Para jogar preciso, primeiro, dispor as cadeiras em crculo. O nmero de cadeiras deve ser definido de forma que um dos participantes fique sem ter onde sentar. Enquanto toca a msica, todos os participantes danam ao redor das cadeiras. Quando a msica acaba, todos se sentam. Quem fica sem a cadeira deve imitar um animal. A ideia propor qualidades dos bichos por exemplo, a imitao de Orca, a baleia assassina; do golfinho Fliper; do dinossauro sonolento; da girafa comilona; do

javali do Japo buscando, com isso, que os alunos deixem de simplesmente imitar o que conhecem, levando-os a inventar outra forma para os animais. A proposta provocar, com a imitao, o riso nos participantes. Se a imitao provocar o riso, o participante permanecer na brincadeira; se no conseguir, sair e levar consigo uma cadeira. Quem ficar por ltimo ter de mostrar uma dana da felicidade, por exemplo, na forma de um elefante da Frana. As sugestes de nomes de bichos e coisas no so fixas, nascem das imagens que o coordenador do jogo vai inventando de imediato na brincadeira. Finalizado o jogo, a partir das impresses que cada aluno escreveu no Caderno do Aluno, importante propor uma conversa: O que faz certas pessoas provocarem o riso imediatamente e por que algumas no conseguem isso? O que esse tempo da surpresa? O que surpreender e ser surpreendido pelo

Ceclia Laszkiewicz/Divulgao

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inesperado? importante, tambm, conversar sobre o exerccio como uma ao na qual ningum perde ou ganha, uma vez que a tentativa de fazer algo mais importante: brincar. f o andar dilatado Sentados em roda, cada aluno se levanta e caminha normalmente, dentro do crculo, em todas as direes, como se estivesse na rua, indo a um banco ou passeando com velocidades variadas, permitindo que os outros alunos observem seu modo de andar. Cada um de ns tem um modo pessoal de andar, que basicamente a forma de a pessoa posicionar sua postura. Por exemplo, uma mo balana mais que a outra, a cabea est sempre mais frente do pescoo, o p abre apontando para fora, h um gingado diferente etc. Todos observam o andar do outro, ressaltando essas qualidades expostas no sentido de ver, no corpo do observado, aquilo que pode ser dilatado. Este um exerccio em que todos ajudam todos na observao do corpo, abrindo um caminho para que se reflita sobre a corporeidade do outro. Analisando todos juntos como a maneira de cada pessoa andar, o exerccio repetido a partir de sugestes para que se dilatem essas formas; por exemplo: uma pessoa que anda apoiando os ps mais na parte de dentro do calcanhar pode aumentar isso, aquela que anda projetando o peito para a frente, as ndegas para trs etc. Esse um processo de observao muito detalhado, em que todos comeam a observar o outro e a ajudar na observao do movimento corporal. Este exerccio revela o prprio andar de forma dilatada. Esse o andar de base ou bsico e, a partir dele, so desenvolvidos outros, com outras dinmicas, velocidades, tamanhos. Quando dilatamos o jeito de andar,

isto , quando aumentamos a maneira natural de andar, esse exagero algumas vezes provoca o riso nos espectadores. Outras vezes, a prpria pessoa observada ri de si mesma, pois descobre que a sua maneira de andar dilatada muito estranha e diferente do que ela imaginava. Cada aluno, a partir da criao de um jeito bsico do andar do clown, qual roupa escolhe para caracterizar seu personagem palhao? Qual ser seu nome? Que esquetes podem surgir a partir do momento em que todos ganham seu nariz vermelho?

Ateno!Depois de finalizadas as proposies de teatro, voc pode encaminhar a proposio de Nutrio Esttica, abordando potica pessoal e/ou colaborativa nas demais linguagens, e a proposio de conexes com os territrios de mediao cultural e processos de criao.

tempo previsto: 5 a 6 aulas.

Cidade, cultura e teatro no territrio depatrimnio cultural

artes circenses; circo tradicional; famlias circenses; circo contemporneo; escolas de circo; palhao/clown e a tradio cmica; palhaos de hospital.

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NUTRIO ESTTICAComo mediador cultural, voc pode perguntar aos seus alunos: Neste bimestre, seus estudos nas aulas de Arte focalizaram artes visuais, teatro, dana ou msica? As respostas deles apontam que compreenderam o caminho escolhido por voc entre as Situaes de Aprendizagem oferecidas? Em continuidade, pea aos alunos que releiam atentamente o que registraram no Caderno do Aluno durante o bimestre e respondam questo: As prticas culturais pertencem ao patrimnio cultural? Depois de os alunos lerem suas respostas, proponha uma nutrio esttica com as imagens do Caderno do Aluno que no foram trabalhadas. Essa ao importante para que seus alunos conheam a relao entre as diferentes modalidades de Arte e o patrimnio cultural, foco de estudo neste bimestre. Aps olhar e conversar com seus alunos sobre todas as imagens das linguagens artsticas que eles no estudaram, como responderiam mesma questo? Essa conversa uma preparao para a ao de avaliao no Caderno do Aluno. tempo previsto: 1 aula.

SITUAO DE APRENDIZAGEM 5 CONEXO COM O TERRITRIO DE PROCESSO DE CRIAO E MEDIAO CULTURAL Movendo projetos poticos de interveno na escolaAs proposies sugeridas at aqui podem gerar ideias para