aprenda xadrez com garry kasparov

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  • Aprenda

    Xadrez comGarry

    Kasparov

    Traduqao ' Bazan Tecnologia e Lingtifstica

    Fabio Santos de Goes

    Ediouro

  • Sumario

    Nota~ao Alg6brica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 LI

  • N ota~ao Algebrica

    Os lances que aparecem neste livro sao escritos segundo a "nota

  • LIC;Ao 1

    Por Que Estudar Xadrez?

    A proposta da revista Sport in the URSS, de publicar uma serie de li~6es minhas para os seus leito-res, me pegou urn pouco de sur-presa; porque eu mesmo ainda estou estudando as sutilezas do xadrez.

    Depois de pensar urn pouco, eu resolvi que, escrever a respeito da minha compreensao e da mi-nha interpreta~ao dos fundamen-tos do xadrez, tambem seria uti! paramim.

    Eu sou urn apaixonado pelo xadrez; esta paixao ja dura muitos anos e e para sempre. Eu estou sempre estudando xadrez, e estu-dando minuciosamente. Mesmo quando eu analiso aquilo que ja fiz e tra~o pIanos para 0 futuro, nao consigo deixar de me impres-sionar diante da inesgotabilidade do xadrez e de me tomar cada vez mais convencido da sua imprevi-sibilidade. Veja por voce mesmo: j a foram disputados milh6es de

    partidas e milhares de livros fo-ram escritos, sobre van os aspec-tos do jogo. E assim mesmo nao existe urn metoda ou uma f6rmu-la capaz de garantir a vit6ria. Nao ha criterios, matematicamente comprovados, para avaliar-se se-quer urn lance, quanta mais uma posi~ao . Os experts em xadrez nao tern duvidas de que, na maio-ria das posi~6es, ba mais de uma continua~ao recomendavel e ca-da urn escolhe 0 "melbor" lance com base na sua pr6pria expe-riencia, capacidade analitica e ate mesmo carater. Nem mesmo a pos-sibilidade do emprego de compu-tadores, para analise, parece seria no presente, uma vez que ainda nao foi encontrado urn algoritmo [definitivo] da partida de xadrez, e nao ha program a algum capaz de Ii dar confiavelmente com suas complica~6es multiplas. E por que falar a respeito de detalhes, posicr6es e estagios da partida

  • quando nem mesmo ha uma res-posta para a pergunta "0 que e 0 xadrez? Urn esporte, uma arte ou uma ciencia?"

    Alguns dirao: "Os jogadores de xadrez participam de tomeios e disputam partidas, lutam para veneer e 0 resultado e importante para eles - 0 que significa que 0 xadrez e urn esporte. Ele desen-volve a for~a de vontade e ajuda as pessoas a se tomarem mais fortes ."

    E como pode alguem conven-cer outro da corre~ao da opiniao daqueles que sempre se impres-sionam com a beleza das combi-na~6es e da l6gica das taticas do xadrez? Para estes urn engenhoso sacriffcio da Dama em uma parti-da perdida e uma fonte de prazer, ao passo que uma partida mon6-tona, for~ada, os deixa indiferen-tes. Para estes 0 xadrez e uma ar-te, capaz de trazer felicidade e de dar senti do aos momentos de lazer.

    Ao mesmo tempo, ha tambem muitos entusiastas capazes de pas-sar noites em claro resolvendo urn problema do tipo: "Por que as Pretas moveram a Torre para a casa d8 em vez de mover 0 Cava-10 para a casa c6? Por que a posi-~ao das Pretas e melhor?" Para estes 0 xadrez e principalmente

    6

    uma ciencia baseada no raciocf-nio l6gico.

    Eu gosto do xadrez pela sua versatilidade e pela sua multipli-cidade. Foi a beleza e 0 brilhan-tismo dos golpes taticos que me cativaram ainda na infancia. Pri-meiro admirando este brilhantis-mo, e depois buscando-o nas rni-nhas pr6prias partidas, e a seguir tentando jogar bonito - tais fo-ram os estagios do meu cresci-mento - como urn prisioneiro da arte do xadrez. Mas depois veio a epoca em que comecei a compe-tir com os outros, a tomar parte em tomeio ap6s tomeio, e is to quer dizer que tive que come~ar a trilhar 0 carninho do xadrez como esporte. Eu ainda gosto de jogar bonito, mas nao mais posso ser indiferente aos meus resultados; a se vou ganhar ou terrninar nas ultimas posi~6es.

    Eu quero veneer, eu quero der-rotar todos, mas quero faze-lo com estilo, em urn combate es-portivo honesto. 0 ex-campeao mundial, Mikhail Botvinnik, que eu considero meu professor, e urn acadernico do xadrez, cujo traba-Tho me ajudou a abordar 0 xadrez cientificamente. Ele despertou em rnim 0 prazer de pesquisar e de resolver os inumeraveis proble-mas do jogo. Ao longo de meus

  • preparativos para as competi-~6es, e durante minhas amilises de partidas e aberturas, de rep en-te, percebi que estava tentando estudar meticulosa e metodica-mente, com uma persistencia tipi-ca de urn pesquisador. Estou con-vencido de que a minha afei~ao por todos estes aspectos do xa-drez ira contribuir para preservar a minha paixao, pelo resto da mi-nha vida.

    Meus pais me ensinaram a mo-ver as pe~as quando eu tinha cin-co anos, e eu fiquei fascinado. Urn ana mais tarde, fui levado para urn grupo de xadrez no Clube de Jovens Pioneiros em Baku, on de eu me imaginava em urn reino de jogadores de xadrez. Desejando convencer-nos do carater parado-xal do xadrez, 0 nosso instrutor arrumou as pe~as sobre 0 tabulei-ro, logo em uma das primeiras sess6es; vej a 0 diagrama a seguir.

    Esta posi~ao, onde os peque-nos Pe6es derrotam 0 inimigo, era tao surpreendente que parecia urn conto de fadas, e tomei-me incapaz de viver sem 0 xadrez desde enmo. Sempre admirei esta posi~o.

    Eu sempre gostei de atacar desde a infancia; ainda gosto de jogar na of ens iva. Dediquei mui-to tempo para estudar os funda-mentos, que parecem nao ter ne-

    7

    nhuma influencia direta no jo-go mas que - estou convencido - sao necessarios tanto para urn Grande Mestre quanto pa-ra urn amador que queira melho-rar 0 seu jogo e obter agradaveis resultados em torneios. Para atin-gir 0 seu alto padrao de jogo, urn Grande Mestre tern que gas-tar milhares de horas estudando centenas de partidas. Seu talento jamais se desenvolveria sem ta-manho trabalho. Se voce gosta de jogar xadrez mas nao tern tempo para dedicar-se a urn estudo inde-pendente, mas assim mesmo quer derrotar seus amigos, voce tera que gastar algumas dezenas de ho-ras debru~do sobre 0 tabuleiro.

    Nesta serie de artigos, tento expor a minha compreensao dos fundamentos, em uma linguagem que seja clara para todos, e falar sobre as sutilezas que sao impres-cindiveis aos verdadeiros am an-tes do xadrez.

  • LI

  • suas pe

  • suas desvantagens, uma vez que bloqueia a diagonal do Bispo na casa b7.

    6 cd 4JxdS Apos 6 ... ed, 0 Bispo na casa

    b7 teria sido bloqueado pelo seu proprio Peao e correria 0 risco de continuar imobilizado por algum tempo. Embora uma tal caracte-ristica na posi~ao das Pretas nao seja capaz de, por si so, deterrni-nar 0 sucesso das Brancas, e 0 acumulo consistente de pequenas vantagens como est a que perrnite a urn Grande Mestre virar 0 jogo a seu favor.

    7 ~e2

    Urn outro microconflito se de-senvolve na partida em torno do lance e4, que permitiria as Bran-cas ocuparem 0 centro. Ao esco-Iher este lance as Brancas levam em considera~ao que apos 7 e4? liJxc3 8 bc ..txe4 as Pretas ga-nham urn Peao.

    10

    7 c5 As Pretas poderiam acabar

    com 0 plano das Brancas jogando 7 ... f5, mas 0 custo seria muito alto. Elas ficariam com urn Peao fraco e atrasado na cas a e6.

    8 e4 liJxc3 9 be

    Aqui h3. urn novo ganho por parte das Brancas. Elas consegui-ram colocar urn forte par de Pe6es no centro e estao lutando pelo controle da quinta fileira, isto e, de "territorio inirnigo". Os joga-dores de xadrez chamam isto de "vantagem em espa~o".

    9 ..te7

    10 ..tbS+ ..te6 11 ..td3

    Em xadrez nem sempre uma linha reta corresponde a menor distancia entre dois pontos. Ao mover 0 Bispo para d3, em do is lances, as Brancas colheram mais beneflcios do que teriam feito ca-so 0 tivessem movido para Ii di-retamente. As Pretas tiveram que abdicar do lance mais natural contra 0 xeque, porque apos 10 ..tb5+ ltJc6 11 liJe5 ~8 12 ~a4 ~c713 ~xa7 na8? 14 ..txc6+ as Brancas venceriam. 0 Bispo das Pretas fica em uma posic;:ao infe-liz na casa c6, atrapalliando as suas proprias pe~as . Os jogadores de xadrez costumam se referir a

  • tais casos como "mau posiciona-mento de pe~a" e "pobre coorde-na~ao de for~as".

    11 ... 4Jbd7

    OBispo ocupando a cas a c6 for~ou 0 Cavalo a urn papel pas-sivo, impedindo que pudesse exercer urn papel ativo naquela cas a, de onde ele atuaria sobre 0 centro controlado pelas Brancas. Po de ser que as Pretas nao quises-sem dar as Brancas a vantagem do par de Bispos ap6s 11 ... 0-0 124Je5, mas este teria sido 0 me-nor de do is males, uma vez que na situa~ao presente 0 Rei Preto permanece no centro. Teria sido mais razoavel se as Pretas bus cas-sem a seguran~a do seu mona rca retirando-o do centro, tao logo quanta possivel.

    12 0-0 J a que as Pretas demoram a

    colocar seu Rei em seguran~a, as Brancas decidem abrir 0 centro a qualquer custo (removendo os Pe6es das colunas centrais). Para isto elas afastam 0 seu Rei da zo-na de comb ate deixando a area livre para a a~ao das Torres.

    12 ... h6 Uma medida preventiva, simi-

    lar ao lance 4 a3, que impediu 0 lance das Pretas ... ~b4. Mas 12 .. . 0-0 seria mais adequado.

    11

    o seqiienciamento preciso das opera~6es e urn componente im-port ante da partida, e 0 Grande Mestre Florian Gheorghiu esco-lheu urn momenta infeliz para medidas preventivas.

    13 ru1 As Brancas centralizam a Tor-

    re, antevendo a abertura da colu-na da Dama.

    13 ... tic7 J a e tarde demais para as Pretas

    rocarem. Depois de 13 ... 0-0 14 d5 (urn sacrificio de Peao) 14 ... ed (14 ... .tb7? e uma jogada fra-ca, pois com 15 de fe 16 ~b5 ! as Pretas teriam problemas por cau-sa do seu Cavalo preso na cas a d7) 15 ed ~b7 16 c4 ~f6 17 ~b2 as Brancas obtem urn forte Peao passado no centro.

    14 d5!

  • "Aquele que esti em vanta-gem deve agir nipido." Esta era uma das maximas do grande pen-sador do xadrez e primeiro cam-peao mundial Wilhelm Steinitz (1836-1900), que formulou as leis basicas da estrategia enxa-dristica. Uma analise da heran~a classica deixada pelos corifeus do passado e util para todos os entu-siastas do xadrez e uma necessi-dade para aqueles que desej am estudar seriamente e melhorar seujogo.

    Na partida anterior as Brancas sacrificaram apenas urn Peao para obter tudo 0 que queriam: abrir as colunas centrais, amarrar as pe~as Pretas na coluna da Da-rna e manter 0 Rei adversario no centro. As Brancas visivel-mente venceram 0 primeiro es-tagio da partida - a abertura -e fizeram por meio de urn plano de a~ao consistente. No entanto, para capitalizar tais vantagens, e preciso agir de modo rapido e preciso.

  • LI

  • guei, algum tempo atras, com La-jos Portisch, urn Grande Mestre hlingaro. Depois dos primeiros 16 lances chegamos a seguinte posi~ao:

    Se nos imaginassemos que 0 Peao na casa d4 nao estivesse no tabuleiro, veriamos que os Bispos Brancos atacam exatamente os dois PeDes Pretos que protegem 0 Rei, que nao tern nenhuma outra prote~ao. Tudo is to exige urn at a-que-reHimpago cujos fins - rou-bar do Rei suas ultimas defesas - justificam os meios, que neste caso representam a perda de urn Peao Branco e do formidavel par de Bispos.

    Em primeiro lugar e necessa-rio abrir caminho para 0 Bispo na casa b2.

    17 d5! IS cd

    ed .txd5

    o proximo passo e eliminar as defesas do Rei.

    14

    19 .txh7+ 20 l'lxd5

    ~xh7

    Agora, quando 0 Rei busca proteger-se atras do seu Peao, 0 Bispo restante vern e, ao custo de sua vida, aniquila de vez 0 ultimo refUgio do Rei Preto.

    20 21 .txg7

    ~gS

    ~xg7

    Vma serie de sacrificios dei-xou 0 Rei Pre to encarando 0 nada, em uma posi~ao na qual a Dama Branca representa a maior amea-~a.

    22 llle5! 23 ~g4+

    24 ~f5

    25 llld7+

    rus ~f8

    f6

    l'lxd7 Se 25 ... ~f7 as Brancas ven-

    cern imediatamente com 26 ~h7+ ~e6 27 l:le1+ ~xd5 28 'tte4+ ~d6 29 "'e6 mate .

    26 l'lxd7 ~c5 27 ~h7 'n7

  • Ha urn certo equilibrio mate-rial na posi

  • tre Mikhail Tal e Oscar Panno, em 1958.

    Sem que houvessem conclui-do 0 desenvolvimento de suas pe-~as, os adversarios iniciaram urn embate feroz em que 0 equilibrio material de for~as perdeu a sua importancia imediata. Acoisa vi-tal ali era avaliar carretamente 0 alcance e a eficacia das pe~as.

    18 ... 4Jxb3 19 4Jc6

    As Brancas pretendem tomar a Dama com este lance, mas entre-gam material demais em troca.

    19 4Jxal 20 4Jxd8 21 ~f3 22 nxe7 23 ~xf4

    ~f5!

    l:taxd8 ~xb1

    llxd4 A posi~ao se alterou, alem de

    qualquer possibilidade de reco-nhecimento, em cinco lances.

    16

    Dois Cavalos e uma Torre nao va-lem, de algum modo, menos que uma Dama e, alem disto, 0 Bispo Branco nao se encaixa adequada-mente no jogo. Obviamente 0 re-sultado desta luta dependera da agilidade da Dama Branca.

    24 'iWg4! ~g6 25 'iWe6+ ~f7 26 'iWf5 4Je2 27 b3 ~g6

    Tal temia mais urn contra-ata-que Pre to iniciando-se com 27 ... Iid1 + 28 ~h2 4Jd2. As Pretas acabam par jogar urn lance s6lido que for~a as Brancas a complica-rem 0 jogo ainda mais.

    28 llxg7 + ~xg7 29 ~h6+ ~xh6 30 'iWxf8+ ~g5 31 be be

    Mais uma vez a posi~ao trans-formou-se radicalmente. As Bran-cas tern apenas a Dama e alguns PeDes no ataque.

  • 32 g3 33 h4+

    34 ~h2

    ~e4

    ~g4

    ~f5!

    Panno visa entregar uma pec;a (35 f3+ ~xf3 36 'iWxf5+ ~e3) de modo a trazer 0 seu Rei para 0 flanco da Dama. Por isto e que as Brancas a recusam, preferindo a oportunidade de manter 0 Rei ini-migo no flanco direito, ao alcance dos seus Pe6es.

    35 'iWf6 h6

    36 'iWe5 l'le4

    37 ~g7+ ~f3

    38 ~c3+ llle3 Urn empate mais simples dar-

    se-ia com 38 ... ~xf2 39 'i!Vxc2+ ~f3 .

    39 ~gl 40 fe 41 'i!Ve1

    ~g4

    h5 llxe3

    41 ... I:l:e6 42 e4 c3 poderia ser outro caminho alternativo para urn empate, ja que as pec;as Pretas acabariam defendendo urn as as outras, com 0 Rei Branco imobi-lizado em uma jaula.

    42 'i!Vfl + ~e4 43 'ii'xc4+ ~ 44 ~fl+ ~e4 45 'i!Vxa6

    Agora a Dama Branca conta com urn auxilio - do Peao pas-sado na cas a a2. Foi este Peao que definiu 0 result ado do combate, mas trata-se de ass unto para uma outra lic;ao.

  • u

  • 3 ... ~h4+ 4 ~e2. Ele acreditava que ter uma vantagem no centro era mais importante, do que uma boa proteC!ao para 0 Rei.

    3 g5 4 ~c4 g4 5 O-O! gf 6 'i!t'xf3 ~f6 7 d3 ~h6 8 lDc3 tLle7 9 ~xf4 d6 10 ~xh6 ~xh6 11 ~xf7+ ~d8 12 l:lf6 ~g5 13 !laO

    Esta foi a continuaC!ao de uma das partidas disputadas pelo gran-de enxadrista russo Mikhail Chi-gorin, em 1878. As Brancas sacri-ficaram uma peC!a e desencadea-ram urn forte ataque, onde a sua superioridade no centro des em-penhou urn papel decisivo.

    o eminente enxadrista ameri-cano Paul Morphy (1837-1884)

    19

    ilustrou de modo mais pratico a estrategia das Brancas no centro.

    P.Morphy-J. Aroous de Riviere

    Paris 1863

    1 e4 e5 2 tLlf3 1Dc6 3 ~c4 ~c5 4 b4 ~xb4 5 c3 ~c5 6 0-0 d6 7 d4 ed 8 cd ~b6 9 lDc3

    N aquela epoca est a posiC!ao in-teressantissima nao ficava nada a dever a atual popularidade da abertura espanhola. Ao sacrificar urn Peao, as Brancas obH!m uma clara vantagem no centro, onde elas man tern urn poderoso par de Pe6es que, se usado como urn escudo s6lido, permite que as

  • Brancas reagrupena suas for~as confornae necessario. As Brancas tanabena estabelecerana una forte controle sobre 0 centro do adver-sario, i.e., dois ataques contra duas defesas a cas a e5 e tres at a-ques a casa d5, que nao conta cona defesa algunaa.

    As Pretas nao podemjogar 9 ... lLlf6 porque ai se exp6em ao at a-que 10 e5! de 11 ..ta3! ..txd4 12 ~b3! ..te6 13 ..txe6 fe 14 'ilkxe6+ lLle7 15 lLlxd4 ed 16 llfe1!

    Considera-se que a melhor resposta para as Pretas e 9 ... ..tg4, continuando apos 10 ..tb5 conalO ... ..td70u 10 ... ~f8. J. Amous de Riviere fez urn lance natural, naas infeliz, que permitiu, as Brancas, tirar partido de uma outra vanta-gem, do seu par de Pe6es no cen-tro - a sua naobilidade. De fato, enquanto os Pe6es estao fixos na casa e4 e d4 eles provocam uma

    20

    situa~ao a qual as Pretas po dena se adaptar. Mas cada una destes Pe6es pode avan~ar, criando no-vas situa~6es para as quais as Pre-tas terao que achar unaa defesa, 0 que e consideravelmente mais di-ficil. Por isto e que urn "centro naovel" de Pe6es e urn fator im-portante na hora de se avaliar as chances de ambos os lados na batalha que se anuncia.

    9 'ilkf6 10 lLldS ~g6 11 lLlf4! ~f6 12 eS!

    o Peao central avan~u e criou uma situa~ao na qual as Pretas, ena vez de desenvolver suas pe-~as, tern de se preocupar cona a defesa do seu Rei. Sera preciso urn esfor~o forrnidavel, j a que a naaior parte das pe~as Pretas esta ainda presa nas suas posi~6es ini-ciais. E neste ponto que as Bran-cas - valendo-se da sua vanta-gem com rela~ao ao numero de pe~as efetivarnente envolvidas no combate - executam uma ope-ra~ao tipica: abrir 0 centro (eli-minando os seus proprios Pe6es e tanabern os do inirnigo) para dar passagem as pe~as naaiores. Quando 0 centro esta aberto, 0 papel das pe~as aurnenta conside-ravelnaente, e 0 seu posiciona-men to e revestido de uma impor-

  • tancia critica. Esta etapa exige urn timing que s6 se consegue com caleulo e precisao excepcionais.

    12 ... de 13 de "iWfS

    As Pretas nao podem, certa-mente, tomar 0 Peao com 13 ... lLl xe5? 14 lLlxe5! 'tifxeS? 15 .l:rel, ap6s 0 que as Brancas ganham a Dama. E 0 Peao do Rei continua a movimentar-se para a rente.

    14 e6

    14 ... f6 As Pretas nao melhoram a sua

    situa~ao com 14 ... fe 15 lLlxe6 ~xe6 16 ~xe6! 'tiff6 17 'tifd7+ ~f8 18 ~b2! (por isso e que 0 Peao saiu da casa eS) 18 ... 'tifxb2 19 'tiff7 mate. Agora 0 Peao na casa e6 divide 0 contingente das Pretas em dois e 0 seu valor e revestido de uma importancia ainda maior. As Brancas s6 preci-sam impedir que 0 Rei Pre to consiga fugir para urn dos lados.

    21

    15 lLlh4 'tifcS 16 ~e3! 'ttgS

    Se 16 ... 'ttxc4 segue 17 "iWhS+ 17 lLlO ~aS 18 hb6 'ttxb6 19 lLldS ~a5 20 lLld2!

    Agora as Pretas nao podem fa-zer nada contra a amea~a a Torre em a8 ap6s 21lLlb3 e 22lLlxc7+, nem contra a amea~a nao menos importante ~h5+. 0 fim esta pr6-ximo.

    20 lLld4 21 lLlb3 lLlxb3 22 ab ~cS 23 'tthS+ ~d8

    Com 23 .. . g6 24lLlxf6+ perde-se a Dama.

    24 wdl

    Nao ha como fugir das graves conseqiiencias do xeque des co-berto (25lLlb6+; 0 Cavalo deixa a coluna da Dama expondo 0 Rei inimigo a Torre), portanto as Pre-tas abandonaram.

  • E essencial que cada lado pres-te atenc;:ao it formac;:ao dos Pe6es no centro e tente fazer com que os seus predominem.

    As vezes apenas urn Peao se mantem no centro. Esta situac;:ao cria novos problemas como, par exemplo, ocuparum "posto avan-c;:ado" no centro, que de modo geral permite que as pec;:as pos-sam ser utilizadas de modo mais vantajoso, determinando assim uma superioridade em relac;:ao ao adversario.

    T. Petrosian - Kozma Munique 1958

    1 ttJf3 ttJf6 2 d4 e6 3 ~g5 c5 4 e3 b6?!

    o modo despretensioso como as Brancas jogam a abertura, dirni-nuiu a vigilancia das Pretas e per-mitiu que, par causa deste lance aparentemente natural, seu ad-versario ocupasse urn posto avan-c;:ado no centro com uma pec;:a.

    5 d5! ed 6 llJc3 ~b7 7 tiJxd5! 8 ~xf6 9 ~xd5

    ~xd5

    'tlI'xf6

    As Brancas tern urn farte posto na cas a d5, ja que as Pretas nao

    22

    podem forc;:ar a saida da Dama desta posic;:ao nos pr6ximos lan-ces. Ao mesmo tempo, as debili-dades das Pretas na coluna da Da-rna sao permanentes e podem ad-quirir grande importancia.

    Os enxadristas experientes nunca dao inicio a ataques nos flancos sem antes consoli dar suas posic;:6es no centro.

    No diagrama a seguir, as Bran-cas, sem terem feito 0 necessario ttJc3, iniciaram urn ataque de Pe6es na ala do Rei. Isoladamen-te nao e uma ameac;:a muito gran-de. Em uma partida par corres-pondencia, entre Neergard e Si-magin, em 1964, as Pretas prova-ram 0 perigo que ele representa para as Brancas (!) de modo bas-tante convincente.

    1 2 cb 3 ed 4 ~xe4

    b5!! d5!! e4!

  • A 4 fe seguir-se-ia 4 ... ttJe5!, mas ainda assim as Brancas fi-cam em uma posi~ao desconfor-tavel.

    4 ~xg4 5 ~f4 ~hS 6 ~f2 ttJeS 7 ~g2 ~d6 8 ~a4 l:tc8! 9 ttd2 ~f6

    Em poucos lances a posi~ao Branca, que parecia salida, des-moronou a partir de urn contra-ataque no centro no momento correto. A partida continuou:

    10 ~gS ~fS 11 ttJf4 ~xf3 12 ~h3

    Se 12 ~xf3 ttJxf3 13 ~xf3 se-gue-se 13 ... Ilc3+ 14 ~f2 ~c5+ 15 ~f1 Ilf3+ 16 ~g2 ~g4+.

    12 ... ~g4 13 ~g2 l:tc2

    e as Brancas abandonam, pois a sequencia 14 llhd1 ~xh3+ 15 ttJ xh3 "t!ff3+ ou 14 llf2 1lxf2+ 15 ~xf2 ttJd3+ e decisiva.

    Portanto, tente controlar as ca-sas centrais, protege-las e nunca subestime 0 seu valor!

  • LI

  • Apenas cinco lances feitos, mas as vantagens em espa~os das Brancas sao grandes: tres Penes controlam casas importantes na quinta fila, que e territ6rio do ad-versario. Com 0 apoio das demais pe~as eles poderao avan~ar ainda mais, aumentando 0 controle so-bre 0 territ6rio inimigo.

    No xadrez moderno, urn meto-do estrategico confiavel para combater tais cadeias de Penes e urn imediato contra-ataque de Penes (geralmente com 0 apoio das demais pe~as) com 0 objeti-vo de impedir a progressao dos Penes inimigos; ou ao menos abrir espa~o para as pr6prias pe-~as, atraves de trocas de Penes. Ao mesmo se segue uma of ens iva de Penes contra os Penes adver-sarios buscando quebrar a cadeia em se~nes isoladas, ou "ilhas". A variante 6 ... c5! 7 d5 e6 8 0-0 ed 9 ed ilustra bern este metodo.

    Charousek, urn dos jogadores mais fortes da epoca, tambem tenta restringir a cadeia de Penes Brancos, mas sem sucesso. Ele bloqueia a movimenta~ao de suas pe~as e, mais importante, torna impossivel urn ataque ao centro de Pe6es Brancos.

    A posi~ao das Pretas se torna extremamente deli cad a ap6s mais tres lances.

    25

    6 7 e5 S ~e3

    d5 tDes e6

    Sob a prote~ao do tridente de Pe6es nas casas d4-e5-f4, as pe-~as Brancas disp6em de bastante espa~o para manobrar e podem ser reagrupadas em qualquer pon-to do tabuleiro. 0 grande jogador alemao, Tarrasch, resolve 0 pro-blema de explorar esta superiori-dade de urn modo muito simples: ele inicia urn ataque de Pe6es no flanco do Rei. Os seus Pe6es iraQ abrir espa~o para as pe~as mais importantes, e as pe~as Pretas, confinadas as duas iiItimas filei-ras, acabarao por atrapalharem-se urn as as outras nao conseguindo organizar uma defesa.

    9 h4! Uma das regras basicas do xa-

    drez e: "Uma ofensiva nos flan-cos e melhor contest ada por urn contra-ataque no centro." Infeliz-

  • mente ao efetuar 0 lance 6 ... d5 as Pretas perderam esta chance e tiveram 0 seu destino selado.

    9 l.Dc6 10 h5 4Je7 11 g4 f5 12 hg ltJxg6 13 ~d3 h6 14 g5 ~h7 15 ~e2 mt8 16 ~g2 c5 17 gh

    As Pretas abandonaram ten-do em vista as inevitaveis perdas de material, e.g. se 17 .. . ~xh6 18 ~g5!

    A segunda partida ilustra os metodos modernos de obter uma vantagem em espa

  • Limitar as oportunidades do adversario (nem 0 Bispo ou 0 Ca-valo podem chegar a casa g4 ago-ra) tambem e urn meio de se ga-nhar espa~o.

    12 ... 13 c4!

    1ZJf8 tZJg6

    As Pretas nao desejam abrir 0 centro, liberando jogo as pe~as Brancas, ap6s 13 ... ed 141ZJxd4 ~ b6 15 1ZJ2f3! ~xc4 16 lZJf5. Pelo contrario, as Pretas abandonam a area sob fiscaliza~ao do tridente c4-d5-e4.

    14 d5 ~d7 As Pretas deveriam ter jogado

    14 ... cd para obter espa~o para manobrar no flanco da Dama com .. . b5! posteriormente.

    15 lZJb1! ~f8 16 lZJc3 c5? 17 h4

    Em uma posi~ao restringida como esta, a maior parte das tro-cas seria favoravel as Pretas, mas este nao e 0 caso do seu Bispo de casas brancas. Ele defende casas importantes e e tambem a pe~a menor que tern mais potencial.

    17 a6 18 ~xd7 liJxd7 19 g3 ~e7 20 h4!

    As Brancas decidiram pela es-trategia de lirnitar a mobilidade das pe~as Pretas na ala do Rei, e

    27

    prepararam-se para uma ruptura na ala da Dama.

    20 lZJf6 21 lZJh2 "tIfd7 22 a4 fih3 23 fif3 fid7 24 as!

    As Brancas cruzaram a linha central tambem no flanco da Da-rna, pressionando ainda mais as Pretas. A sua expansao e agora evidente para ambos os joga-dores, mas as Pretas, incapazes de manobrar suas reservas, nao po-dem fazer nada a respeito.

    24 1ZJf8 25 ~d2 .llec8 26 lZJf1 tZJg4 27 liJa4 ~d8 28 .llec1 J:!ab8 29 b4! cb 30 ~xb4 h5 31 lZJb6!

    Em principio esta parece tra-tar-se de uma continua~ao il6gi-

  • ca, po is poder-se-ia exercer uma pressao maior na coluna b. Mas as Brancas planejavam abrir a co-luna c e e muito importante ter urn ponto de entrada a disposi~ao . A casa c7 e a melhor cabe~a-deponte para urn ataque das Bran-cas.

    31 32 ab 33 ~a3

    .ixb6 ~e7

    rus A ultima oportunidade de

    resistir era impedir 0 avan~o do Peao da coluna c sacrificando a Torre em troca de urn Bispo - 33 ... IIcS! 34 .ixcS dc. Ainda assim as Brancas manteriam todas as chances de vit6ria.

    Agora, porem, a of ens iva das Brancas se desenvolve rapida-mente e de acordo com 0 planeja-do.

    34 f3 ttJh6 35 c5 de 36 .txe5 ~f6 37 c;t>g2 rIeS 3S .te3 ttJd7 39 wb1 ~e7

    As Pretas perderam no tempo, por nao terem efetuado 40 lances nas duas horas e trinta de que dis-punham. Porem, ap6s 40 ~xe7 llxe7 41 IIc7 a posi~ao das Pretas seria desesperadora.

    Conclusao: valorize 0 espa~o, obtenha tanta vantagem em espa-~o quanta puder. Mas nao se-ja ganancioso demais, a sua es-trutura de Pe6es muito avan~ada pode ser bloqueada e destruida, com as pe~as adversarias corren-do ao ataque por entre as brechas abertas, e af qualquer resultado e possive!.

  • uC;Ao 6

    Estruturas de Peoes

    Embora os PeDes sej am os ele-mentos mais fracos , eles freqiien-temente deterrninam a progres-sao e 0 resultado de uma partida. Se algum dos lad os tern uma van-tagem de 2 ou 3 PeDes, esta van-tagem e na maior parte das ve-zes suficiente para for~ar uma vi-t6ria. Asitua~ao e mais complexa quando ha urn numero igual de PeDes. Ai a avalia~ao da posi~ao da-se pelo ex arne do posiciona-mento dos mesmos.

    Antes da partida iniciar-se, os PeDes estao alinhados nas suas casas originais. Ao avan~ar eles se ap6iam mutuamente e lirnitam a mobilidade das pe~as adver-sarias. Os enxadristas experien-tes freqiientemente sacrificam material para conseguir uma li-nha de PeDes m6vel, flexivel, on-de os mesmos se protegem mu-tuamente, conforme 0 diagrama a seguir:

    29

    T. Petrosian - H. Pfleger URSS vs. Alemanha

    Ocidental1960

    1 tzJd5!! ed 2 cd

    Agora os PeDes nas casas d5 e e5 tomaram-se 0 fator decisivo.

    2 fic8

    "\kja a diagrama a seguir.

    3 e6! 4 ~c3 5 d6

    0-0 f6 lLJa4

  • 5 ... 'ClVxe6 nao e uma boajoga-da, ja que se perde a Dama apos 6..tc4.

    6 'ClVxcS 7 hI

    l:lfxcS l:lc2

    S de llxe2 9 ttdS+ 'ttg7 10 I::!cl

    Seria urn erro promover a Da-rna com 10 e8'ClV, ja que apos 10 ... llxg2+!! 11 'tth1 .l:1g3+ as Brancas tomam urn xeque-mate inesperado.

    10 llxe6 11 ~7

    30

    Agora ba a ameac,;a de 12 e8'ClV+ .

    11 'tth6 12 ..txf6

    E as Pretas abandonam. Como pode alguem lidar com

    uma potente falange de Pe6es? E preciso usar de uma soluc,;ao radi-cal: destruir toda a linha, ou ao men os 0 elo central. Em outras palavras, quebrar a linha em duas entidades separadas, incapazes de protegerem-se mutuamente.

    No entanto costuma acontecer que 0 meio mais eficaz de com-bater uma linha movel de Pe6es seja contendo a sua mobilidade ou preparando urn bloqueio. 0 que pode ser feito , por exemplo, vulnerando as casas em frente aos Pe6es. A linha de Pe6es Pretos nas casas c4, d5 e e6 pode ser con tid a por urn Bispo Branco po-sicionado na diagonal a1-h8.

    ~as se 0 avanc,;o dos Pe6es Pretos for apoiado por urn Cavalo

  • Preto na casa c6, so mente 0 Bispo Branco nao sera capaz de parar 0 avan~o da cadeia de Pe6es. 0 me-Ihor metodo para montar uma barricada e bIoqueando Pe6es com Pe6es. Se os Pe6es Pretos nas casas c4, d5 e e6 fossem bIo-queados nao par urn Bispo mas par tres Pe6es colocados nas ca-sas c3, d4 e e5, tal barreira seria intransponfvel.

    No xadrez moderno os dois la-dos tentam restringir a mobili-dade dos Pe6es desde 0 infcio da partida. Veja esta abertura, por exemplo:

    1 d4 lLlf6 2 e4 e6 3 l2Jc3 .tb4 4 e3 e5 5 .td3 ttJc6 6 lLlf3 .txc3+ 7 be d6 8 e4 e5 9 d5 4Je7

    31

    Confarme se ve, tres Pe6es c4, d5 e e4 enfrentam a oposi~ao de uma estrutura das Pretas nas ca-sas c5 e e5, apoiada par urn Peao na casa d6. Isto mostra-se sufi-ciente para tornar a posi~ao no centro estavel. Nem todos os jo-gadores, no entanto, tent am res-tringir a mobilidade dos Pe6es com tamanha meticulosidade. As propriedades dinamicas das li-nhas de Pe6es of ere cern grandes oportunidades de combina~6es, que pode levar a complica~6es interessantes, princi palmente quando ambos os jogadores pre-ferem uma partida aberta. Par ou-tro lado, uma cadeia de Pe6es es-tacionaria, bloqueada, geralmen-te leva a uma partida lenta e nao muito espetacular.

    Voce ja deve ter esbarrado na literatura enxadrfstica com ex-press6es do tipo "Peao debil", "Peao isolado" e etc. Cada uma destas denota uma faIha na es-

  • trutura de Pe6es que restringe a sua mobilidade e aumenta a sua vulnerabilidade.

    Aqui se segue urn exemplo simples:

    Apesar do obstaculo repre-sentado pelo Rei Preto, as Bran-cas, jogando corretamente, po-dem nao so proteger 0 Peao como tambem forc;:ar a sua promoc;:ao. Mas assim que movermos 0 Rei, digamos, para a coluna h, 0 Peao se toma fraco porque pode ser facilmente atacado pelo Rei ini-migo.

    Outras fraquezas comuns na formac;:ao de Pe6es sao Pe6es do-brados ou triplicados na mesma coluna. Portanto, e muito raro que alguem os enfileire voluntaria-mente. Sua defesa e dificil, prin-cipalmente nos finais, onde po-dem se to mar a fonte de muitos problemas. Mas ha excec;:6es a todas as regras, especialmente no xadrez.

    32

    Aqui est a urn final que foi dis-putado de fato, h:i 55 anos, por dois jogadores poloneses, Tul-kowski e Wojciewski, em Poz-nan.

    Apos os lances obvios 1 ru2 2 4Ja4

    comec;:am a ocorrer milagres no tabuleiro.

    2 llxb2 Acontece que os defeitos da

    estrutura de Pe6es (de uma 0-lhada nos Pe6es Pretos) podem ser compensados por urn jogo criativo. As Pretas entregam sua Torre sem nenhuro motivo apa-rente.

    3 4Jxb2 c3 Acontece que apos 4 l2Jct3 c4+

    oBispo que ate entao estivera "dormindo" entra no jogo, e 0 decide. 5 llxb6 cd 6 c;&f2 c2 7 l:!c6 d2 e urn Peao e promovido.

    4 llxb6

  • Ajogada 6bvia 4 ... ab segue-se 5 ttJd3 e as Brancas vencem com uma pe

  • uC;Ao 7

    Dinamismo e lniciativa

    As regras do xadrez sao seme-lharites as de qualquer outro es-porte. E nao se aplicam apenas aos esportes: aqueles que sao mais ativos, habilidosos e criati-vos e que tern sucesso.

    o que e en tao 0 dinamismo no jogo de xadrez? Na minha opi-niao, dinamismo e 0 fortaleci -mento da pr6pria posi~ao a cad a lance e as amea~as colocadas so-bre as pe~as inimigas. Para que os lances sejam bem-sucedidos e preciso que sejam adequados a estrategia do jogo e baseados em fundamentos taticos solidos.

    Urn enxadrista com a reputa-~ao de ser urn indivfduo energico tenta impor 0 seu proprio estilo ao adversario, for~ando-o a lidar com varios problemas.

    Para ilustrar estes principios, vamos analisar uma partida dis-putada pelo entao carnpeao mun-dial, Anatoly Karpov.

    34

    A. Karpov - I. Dorfman Moscou 1976

    1 e4 c5 2 tLJf3 d6 3 d4 cd 4 tLJxd4 tLJf6 5 tLJc3 e6 6 g4 ~e7 7 gS tLJfd7 8 h4

    Alguns dos resultados da aber-tura sao obvios: as Brancas limi-taram as pe~as adversarias na ala do Rei as duas ultimas fileiras, com 0 Cavalo na casa d7 blo-queando 0 Bispo na casa c8 e ate a propria Dama, parcialmente.

    8 tLJc6 9 ~e3 a6 10 ~e2!?

    Veja 0 diagram a a seguir.

    E uma ideia interessante e ati-va, que leva a uma disposi~ao

  • equilibrada de pe~as. Karpov co-loca a sua Dama na coluna do Rei de modo que a mesma nao fique na frente da Torre na casa dl e ao mesmo tempo contribua para criar amea~as de combina~6es. A Dama nao bloqueia 0 Bispo na cas a f1 que pode ir para h3 e jogar .txe6 posteriormente. Conforme voce pode ver, 0 lance das Bran-cas e eficiente e pressiona as Pre-tas.

    10 VJic7 11 0-0-0 bS

    A resposta adversana e for~ada. As Pretas sao empurradas pa-ra tras e tentam encontrar algum jeito de irnpedir que as Brancas executem algum lance decisivo. Mas 0 jogo ja vai adiantado e 0 ultimo movirnento das Pretas tern mais a ver com desespero que com uma a~ao justificavel.

    12 tzJxc6 'tifxc6 13 .td4!

    35

    Esta jogada e muito desagra-davel para as Pretas, porque 0 lance natural 13 ... 0-0 ira levar logo a derrota devido ao ataque par parte dos Pe6es Brancos, ao passo que 13 ... eS cria urn ponto fraco na estrutura Preta na cas a dS.

    13 ... b4

    As Pretas tentam far~ar a saida do CavaIo de uma posi~ao de controle da cas a dS. Elas jogam de modo l6gico, mas sua estra-tegia carece de urn embasamen-to s6lido e as suas pe~s estao mal posicionadas. Como podem as Brancas explorar estas fraque-zas?

    14 lLxiS! Este e urn lance extremamente

    eficaz ja que 0 Bispo na casa d4 se torna mais forte e a Dama Branca entra no comb ate, para a surpresa das Pretas.

  • 14 ed 15 ~xg7! I:tg8 16 ed ~c7 17 ~f6

    As Brancas ganharam dois Pe6es em troca do Cavalo e boas perspectivas de ataque contra 0 Rei inimigo que fica preso no meio do tabuleiro.

    17 ... tzJe5! Eo unico jeito de resistir. Uma

    vez que ha a amea~a de 18 ... ~g4 as Brancas nlio tern tempo para jogar 18 f4. As Pretas tern que procurar reduzir 0 potencial de ataque das Brancas.

    18 ~xe5 de 19 f4

    Agora urn ataque de Pe6es substitui 0 ataque das pe~as. As Pretas nlio tern como evitar que as Brancas conectem os seus Pe6es pois ap6s 17 ... e4 seguir-se-ia a sequencia vencedora 18 d6 ~xd6 19 ~xe4+ etc.

    19 ... ~f5

    36

    20 ~h3

    o desejo de restringir 0 contra-jogo do adversario e tipico do estilo do campelio do mundo. As Brancas poderiam ter jogado 20 fe sem correr 0 risco de 20 ... .ll::8 por causa de 21 llh2 ~a5 22 "ttxa6 ~xa6 23 ha6. Karpov de-cide-se por trocar os Bispos de casas Brancas elirninando assirn qualquer risco a casa c2.

    20 ~xh3 21 llxh3 .ilc8 22 fe

    N a minha opinilio, 22 b3 e4 23 1Wxe4llf8 24 f5 seria melhor, por-que assirn a Dama Preta nlio po-deria entrar no jogo.

    22 ... 1Wc4! As Pretas p6em sua Dama em

    uma posi~lio ativa e 0 equilibrio parece alterar-se.

    23 !tdd3 Manobras de Torre ao longo da

    terceira fila tambem fazem parte das taticas preferidas do cam-pelio. Neste caso, este lance nlio s6 precede a troca de Damas co-mo tambem serve ao prop6sito de melhorar a coordena~lio das pe-~as Brancas. A coordena~lio das pe~as e urn fator muito irnpor-tante que de fato define a for~a de urn jogador de xadrez. A habili-dade de coordenar a movimenta-~lio de cada uma das pe~as e de

  • cad a Peao de modo que eles ha-jam em conjunto e sob urn unico plano, ao mesmo tempo em que se protegem mutuamente, e uma grande arte.

    Aqui novamente ambas as Torres na terceira fileira estao prontas a apoiar 0 progresso dos Pe6es centrais, ao passo que a Dama protege a casa c2 e esta pronta para apoiar as Torres. A dupla de Pe6es (d5, e5), protegida por suas proprias pe

  • ces de sobrevivencia das Pretas. Quando sornente restarn algumas poucas pe~as no ataque tudo de-pende da for~a das defesas do Rei. Neste caso 0 Rei Preto nao tern praticarnente defesa alguma e tudo 0 que as Brancas precisam e de precisao no ataque, 0 que nao falta ao campeao mundial de en-tao.

    33 34 ~h4+ 35 ..wxh7+

    a5 s>e8 ~f3

    36 ~h8+ s>e7 37 ~h4+ s>e8 38 ~c4! ~b7 39 b3 ~6 40 .l:Ig1 ! llxe5 41 ~8+ s>e7 42 ~h4+ s>d7 43 ~f6! ~7 44 ~f5+ s>d6 45 ~xa5 ~5 46 1!fd8+ s>e6 47 s>b2! f6 48 m'8 'lJig7 49 ~c8+ s>d5 50 ~c4+

    E as Pretas abandonam. Portanto, tente ser energico e

    voce podeni realrnente gozar dos beneficios. Deixe as suas pe~as interagirem bern, e ajudarern-se rnutuarnente. Assirn voce experi-rnentani os louros da vit6ria com rnais freqtiencia que a arnargura da derrota.

  • uC;Ao 8

    Evitando Desastres na Abertura

    Tendo aprendido as no~6es basi-cas do jogo, 0 jogador ira perceber que os lances da abertura, quando quase todas as pe~as ainda estao no tabuleiro, freqiientemente de-terminam 0 desenrolar da partida e em alguns casos 0 seu final. E comum que urn enxadrista, que tenha dominado todos os fun-damentos e observado ataques brilhantes jogados por Grandes Mestres, tenha que passar toda a partida em uma defesa mon6tona, tentando consertar fraquezas na sua posi~ao que se originaram na abertura, mas com pouco suces-so. Este e 0 resultado de urn fraco conhecimento da teoria das aber-turas e de uma carencia de habili-dades basicas para se jogar a pri-meira etapa de uma partida.

    Uma partida de xadrez e, de certo modo, semelhante a uma confronta~ao rnilitar onde, como se sabe, em muito depende nao

    39

    somente da capacita~ao tecnica e dos equipamentos das tropas, mas tambem da capacidade dos comandantes de antever 0 des en-volvimento da batalha e posicio-nar suas for~as de modo a engajar as mesmas nos momentos e na ordem mais favoraveis. E por isto que cada jogador que controla a movimenta~ao dos seus exercitos de madeira deveria conhecer os princfpios basicos da abertura.

    E bern sabido que qualquer partida de xadrez pode ser anota-da e preservada para a posterida-de. Urn enorme numero de parti-das foi escrito ao longo da hist6ria do xadrez, e a sua analise ajudou a desenvolver todas as nuances da estrategia das aberturas.

    Eu nao pretendo abordar todas as aberturas e as suas caracterfs-ticas, 0 que seria uma tarefa im-possivel em face da abundancia de informa~6es . Eu you limitar-

  • me a descrever alguns princfpios gerais a serem seguidos e como evitar urn desastre.

    o Primeiro Principio A abertura e ganha pelo jogador que desenvolve as pe

  • tigada. As Pretas retrucaram com 2 ... lZJc6, que deve ser encarado como urn lance regular, nao sen-do de modo algum 0 mais forte possIvel, dada a situa~ao. E ver-dade que 0 lance 2 ... lZJc6 esta de acordo com os princfpios de de-senvolver rapidamente as pe~as, mas ele nao cria problemas para as Brancas, 0 que seria 0 caso do lance 2 ... d5!. 0 terceiro lance Branco 3 'iWf3 parece eficiente, mas urn enxadrista experiente nao 0 teria executado; mais ate, ele nem mesmo 0 consideraria. Se as Pretas reagissem correta-mente com 3 ... 4Jf6! a jogada da Dama Branca teria sido em vao. E alem disso a Dama Branca ao ocupar a casa f3 priva 0 Cavalo do Rei de uma boa casa para agir, deixando ao mesmo nenhuma escolha senao ocupar urn papel passivo na cas a e2 ou mover-se para h3, para longe do comb ate no centro. A pe~a mais poderosa do jogo, a Dama, nao deve entrar na batalha de modo apressado, sob 0 risco de ser ca~ada pelas pe~as menores do adversario, com ganho de tempo. Com rela-~ao a jogada das Pretas 3 ... ~c5??, ela e logica apenas sob uma otica formal (as Pretas des-envolvem uma segunda pe~a na seqiiencia correta), pois ela perde

    41

    a partida. 0 fato e que as Pretas nao levaram em conta a amea~a real representada pelo adversario. Voce pode ver 0 quanta se pode aprender a partir da analise de uma partida muito breve e cheia de erros mutuos.

    Nos ilustraremos 0 primeiro princfpio- 0 do desenvolvimen-to rapido das pe~as, com uma par-tida disputada h3. mais de urn se-culo.

    J. Schulten - P. Morphy Nova York 1857

    1 e4 eS 2 f4

    Esta e uma abertura antiga e romantica, que recebeu urn bela nome, "0 Gambito do Rei". Ela em geral define 0 jogo atraves de urn riipido avan~o das pe~as. A teoria moderna cre que a melhor defesa aqui e urn contra-ataque, 0 que foi claramente demonstrado pelo talentoso jogador americano Paul Morphy.

    2 dS! 3 ed e4!

    Tomar quaisquer dos Pe6es nao seria born, as Pretas tentam ganhar tempo e desenvolver as suas pe~as colocando-as nas ca-sas planejadas.

  • 4 5 d3 6 ~d2

    4Jf6 ~b4

    Ap6s 6 de 4Jxe4 7 'tlVd4 'tlVe7 8 ~e2 0-0 9 ~d2 4Jxd2 10 'tlVxd2 ~xg4, seria facil para as Brancas ativarem suas pec;as.

    6 e3!

    Trata-se de urn sacriffcio de Peao ousado e com vistas ao de-senvolvimento futuro, ja que a Torre ira ocupar a col una do Rei ap6s 0 roque.

    7 ~xe3 8 ~d2 9 be 10 ~e2 11 e4?

    0-0 ~xc3

    ~8+

    ~g4

    Podemos dizer, com urn grau de confianc;a razoavel, que esta jogada e particularmente prejudi-cial as Brancas. Seria preferivel livrar-se da clavada na coluna do Rei, de preferencia com 11 ~f2.

    42

    Mas as Brancas desejam manter urn Peao a mais no centro.

    11 ... c6! 12 de?!

    Ainda nao era tarde para jogar 12 ~2 ou 12 h3. Ainda com uma vantagem material, as Brancas permitem que 0 seu adversario desenvolva 0 Cavalo da casa b8 com muita eficacia, e ai a vanta-gem das Pretas se torna esmaga-dora, na parte mais importante do tabuleiro.

    12 ... 4Jxe6

    13 ~f1

    E diffcil dar bons conselhos para as Brancas. 13 ~c3 4Jd4 14 ~xd4 'tlVxd4 15 g3 pode ser retru-cado com 15 llxe2+ 16 4Jxe2 l:!e8, com urn ataque decisivo. Pa-rece que ap6s 12 dc?! nao ha de-fesa para as Brancas.

    13

    14 4Jxe2

    .llxe2!

    4Jd4

  • Toda a a

  • LI

  • va do principio de que "qualquer sacrificio deve ser aceito".

    7 tZlxe4 8 0-0 tZJxc3 9 be i.xc3?

    As Pretas tomaram dois Pe6es adversarios mas ficaram para tras quanta ao desenvolvimento. 0 castigo por tais viola~6es das re-gras de uma boa abertura vern em geral de forma rapida e selvagem. Esta velha analise e uma boa amostra das conseqiiencias de-sastrosas da "ganancia" na aber-tura. Ainda assim voce nao deve imaginar que esta partida somen-te tern valor hist6rico. E uma si-tua~ao freqiiente em simultaneas. Nao se distraia capturando todos os Pe6es do inimigo em detri-mento da mobiliza~ao das suas pr6prias for~as.

    10 1!Vb3 .txal

    As Pretasmantem-se consis-tentes em seu desejo de ganhar

    45

    tanto material quanta possivel e perdem a ultima oportunidade de retirar 0 Rei do centro. A chance era: 10 ... d5 11 i.xd5 0-0.

    11 i.xf7+ ~f8 12 .tgS 4Je7 13 4JeS!

    E chegada a hora das Pretas pagarem par terem ignorado 0 desenvolvimento de suas pe~as e saido devorando Pe6es na abertu-ra. Neste caso, 0 desastre deu-se na casa fl. As Pretas perdem, nao importa 0 quanto tent em defen-der-se. Por exemplo: 13 ... .txd4 14 .tg6 d5 15 ~f3+ .tf5 16 .txf5 .txe5 17 .te6+ .tf6 18 .txf6 gf 19 ~xf6+ ~e8 20 1!Vfl mate. (no-vamente a casa fl).

    Alem de perseguir Pe6es, ou-tro erro tipico de muitos enxadris-tas e demarar para retirar 0 Rei do centro. Na pratica dos mestres, ha muitas partidas onde ambos os Reis permanecem no centro e so-

  • brevi vern, mas tratam-se de ex-ce~6es a regra e ainda assim sao baseadas em urn conhecimento profundo da situa~ao e em habili-dades defensivas.

    Os principiantes e aqueles que nao tern tanta experiencia devem fazer 0 roque na primeira oportu-nidade. Ao permanecer sem ro-car, 0 Rei po de ser atraido para 0 centro do tabuleiro atraves de sa-crificios e ai 0 desastre se torn a iminente.

    Y. Vasyukov - B. Lebedev Moscou 1960

    1 e4 eS 2 tilt3 d6 3 d4 tild7

    o desenvolvimento, nao muito sofisticado, das Pretas e muito freqiiente em partidas de amado-res. A ideia perfeitamente valida de fortalecer 0 posto avan~ado, representado pela casa eS, no centro, e executada de urn modo meio esquisito, que acaba par bloquear 0 Bispo da casa c8.

    4 ~c4 h6 E uma decisao dubia. Em vez

    de desenvolver suas pe~as (com 4 ... ~e7, par exemplo), as Pretas, que planejam colocar seu Cavalo na cas a e6, perdem tempo impe-dindo a ida do Cavalo das Bran-

    46

    cas para gS. Mas ainda assim, para demonstrar a impropriedade da estrategia das Pretas na aber-tura, as Brancas tiveram que jo-gar de modo criativo e vigoroso.

    5 de de Ap6s S ... tilxeS 6 tLlxeS de 7

    ~xf7+! as Pretas estariam perdi-das.

    6 .txf7! o primeiro golpe recai no pon-

    to mais vulneravel. 6 7 tilxeS+

    ~xf7

    ~f6

    Qualquer outra coisa s6 apres-saria 0 desfecho.

    8 tilc3!

    Para trazer 0 Rei Preto para fora as Brancas sacrificaram urn Cavalo. As amea~as de 9 tild5+ e 9 ~d4 s6 podem ser evitadas de urn unico modo, parque qualquer continua~ao divers a nao salva as Pretas. Por exemplo: 8 ... c6 9

  • ~f3+ c;t>xeS 10 ~f5+ c;t>d6 11 ~f4+ tLleS 12 ~xeS+ c;t>d7 13 l:id1 + ou 8 ... ~cS 9 ~f3+ c;t>xeS 10 ~fS+ c;t>d6 11 ~f4+ c;t>e7 12 tLld5+ c;t>e813 tLlxc7+ ou 8 ... ~e8 9 tLldS+ c;t>xeS 10 ..tf4+ c;t>e6 11 tLlc7+.

    8 c;t>xe5 A caminhada de e8 para eS foi

    curta, e 0 mesmo pode ser valida quanta ao retorno, por isso as Brancas tern de atacar sem demo-ra.

    9 ~h5+ g5 As Pretas tentam usar 0 Peao

    para bloquear a Dama. 0 enfra-quecirnento destes Pe6es nao 6 muito importante aqui porque a pr6pria "caminhada" do Rei esta cheia de perigos: 9 ... c;t>e6 10 "tIVfS+ c;t>e7 11 tLldS+ tLld6 12 ~f4+ c;t>c6 13 ~e6+ ~d6 14 tLlb4+ etc.

    10 ..txg5!

    47

    Urn toque brilhante. A 10 ... 'tlfxgS seguir-se-ia 11 f4+! c;t>xf4 120-0+ c;t>eS (12 ... c;t>e3 13 ll:id1! ~xhS 14 tid3 mate.) 13 llfs+ c;t>xfS 14 ~xfS+ c;t>d6 15 l:idl+ c;t>e716 tLldS+ c;t>d817 tLlb6! cb 18 ~xf8+ c;t>c7 19 fig7, ganhando.

    As Pretas tentam agora safar-se entregando uma Torre.

    10 hg 11 f4+! c;t>e6 12 f5+ c;t>e7 13 t2Jd5+ c;t>d6 14 ~xh8 tLlgf6 15 0-0-0 c;t>c6 16 llbe1 b6 17 tLlb4+ ~xb4!

    As Pretas encontram urn enge-nhoso modo de complicar 0 com-bate sacrificando a Dama. A res-posta para 17 .. . c;t>b7 seria 18 e5 .

    18 ~xd8 ~b7

    Uma id6ia diab6lica! A Dama Branca acaba encurralada prestes a perecer. Mas 0 xadrez 6 urn jogo

  • 16gico, e nao parece que as Bran-cas possam perder ap6s conquis-tarem tanta vantagem. E de fato as Brancas tern urn trunfo.

    19 llxd7 lLlxd7 Seria mais vantajoso para as

    Brancas 0 lance 19 ... llxd8 20 llxd8 .txe1 21 e5! lLlg4 22 e6 .tb4 23 l:!rl4.

    20 ~xg5 .txe1 21 ~e3!

    Agora a situa

  • 11 ... ~h8 Ap6s 11 ... ~xh7 as Brancas

    vencem com 12 4Jg5+ ~g6 13 ~g4 f5 14 ef 4Je5 15 ~g3! ~xf6 16 f4 ~e7 17 ttel d6 184Jc3!

    12 lZJg5 g6 13 ~g4 ~xe5 14 ~h4 ~g7 15 4Je6+! fe 16 ~h6+ ~f7 17

    11 ~xh7+ 18 ~xg6+ ~e7 ~h4+! ru'6

    Urn sacrificio de Bispo exata- 19 mente no ponto mais vulnenivel. 20 Como voce pode ver, 0 Rei esta 21 melhor posicionado na cas a g8 do 22 que na casa e8, mas ainda assim 23 ele nao esta 100% segura.

    b3+! d6 ~h7+ ~f8

    'ith8+ ~e7 ~g7+ ru7 'itxf7 mate.

  • uC;Ao 10

    o Objetivo da Abertura

    N as duas lic;6es anteriores n6s nos voltamos para os erros mais comuns, cometidos por jogadores inexperientes, nos estagios ini-ciais da partida. Tendo visto co-mo nao jogar uma abertura, va-mos agora ten tar descobrir 0 que deve ser feito para conquistar uma boa posic;ao desde 0 inicio.

    Praticamente todas as instru-c;6es a este respeito estao presen-tes na lic;ao 8, onde foi explicado o Primeiro Principio para 0 com-bate na abertura. Este principio define os fatores mais importan-tes do desenvolvimento, que sao validos independentemente de como esta abertura se desenvol-ve. 13, preciso lembrar-se que se deve liberar as pec;as para assegu-rar uma vantagem definitiva no meio-jogo, que e onde os eventos principais acontecem. Ao desen-volver as suas pec;as e importante, especialmente para os menos ex-

    50

    perientes, manter uma harmonia, isto e, deixar espac;o para mano-brar, sem amontoar as pec;as, e ao mesmo tempo tentar dificultar que 0 adversario fac;a 0 mesmo.

    Nao importa qual seja a aber-tura, os melhores lances para ca-da lado estao sempre subordina-dos a uma meta - a luta pelo centro. As Brancas, tendo a van-tagem do primeiro lance, podem atingir 0 seu objetivo rna is rapido que as Pretas, que fazem 0 pos-sivel para atrapalha-Ias. Examine

  • os primeiros lances de do is dos mais complexos sistemas da teo-ria modema, a Abertura Ruy Lo-pez (1 e4 e5 tLJf3 tLJc6 3 i.b5)

    e a Defesa Nizmo India (1 d4 tLJf6 2 c4 e6 3 tLJc3 i.b4).

    Esti evidente que, desde 0 ini-cio, a luta se da em tomo das casas centrais, e5 e e4, respectivamen-teo Isto e natural, j a que 0 dominio do centro (significando nao ape-nas a sua ocupa

  • As Pretas ganharam urn Peao que pode ser mantido com segu-ran~a, e ao mesmo tempo nao ne-gligenciaram 0 desenvolvimento.

    1 e4 e5 2 f4 d5 3 ed e4 4 d3 ll'lf6

    Esta e uma tentativa de contra-ataque que guard a muitos peri-gos, para ambos os lad os, e exige urn born conhecimento de muitas variantes.

    Do exemplo que se segue, tira-do de uma partida entre Grandes Mestres, podemos ver como a ne-gligencia dos principios do de-

    52

    senvolvimento na abertura levou as Brancas ao desastre rapida-mente.

    E. Bogoljubow -M. Botvinnik

    Nottingham 1936

    1 d4 ll'lf6 2 ttJt3 b6 3 e3

    Basicamente as Brancas estao se recusando a lutar ativamente pelo centro. -As tentativas de se garantir uma vantagem na abertu-ra envolvem, em geral, os lances c4 ou l2Jc3. (Compare com a par-tida Kasparov-Gheorghiu na li-~ao 2.)

    3 .tb7 4 c4 c5 5 ll'lc3 cd 6 ed e6 7 .td3 .te7 8 0-0 O-O? 9 b3?

    Urn momenta instrutivo. As Brancas, na ansia de desenvolve-rem suas pe~as, nao pesaram os problemas das Pretas e nao viram o lance 9 d5!, que tomaria impos-sivel 0 desenvolvimento tranqui-10 das pe~as adversarias.

    o que digo e que a continua~ao 9 ... ed 10 cd ll'lxd5 11 ll'lxd5 .txd5 12 .txh7 + ~h7 13 ~xd5

  • e claramente vantajosa para as Brancas, e portanto as Pretas te-riam que fazer concess6es pel a existencia do Peao Branco na ca-sa d5, 0 que restringe a sua posi-~ao.

    9 dS

    10 .te3? Aqui e preciso dizer clara-

    mente que este lance e do tipo "vamos ver no que da". 0 Bispo na casa e3 foi colocado da forma mais desajeitada possivel, ja que atrapalha as pe~as Brancas e as impedem de controlar a imp or-tante casa e4, para onde 0 Cavalo das Pretas ira em breve. A partir do que vinha jogando, as Brancas deveriam prosseguir com ~b2 e ~e2, e en tao, dependendo do que acontecesse, jogar !lac1 e l'lfd1 ou .l:hd1 e nEel. As Brancas te-riam entao mais liberdade e po de-riam encarar 0 desenrolar do jogo com confian~a.

    53

    10 ttJe4 11 ~c1 ttJd7 12 ~e2

    Ao continuar a jogar de modo descuidado, perrnitindo 0 des en-volvimento das Pretas, as Bran-cas perderam agora a sua ultima chance de contestar 0 dominio das Pretas no centro, com 12 cd ed.

    12 ... l:!c8

    Agora a troca cd nao e mais possive!.

    13 ID'dl f5

    As Pretas consolidaram a po-si~ao do seu Cavalo no centro. Agora esta claro que as Brancas estao em serios apuros. Em pri-meiro lugar, as Pretas prevalecem no centro. Alem disso, a fraqueza das Brancas nas casas pretas da ala da Dama esta come

  • casa b2 - 0 lugar mais natural para 0 mesmo nesta posi~ao! Este e urn exemplo claro de como a rna coloca~ao de uma unica pe~a pode afetar a solidez de uma po-si~ao inteira.

    14 ~f4? As Brancas tentam controlar a

    casa e5 tarde demais (e no mo-mento errado!). Teria sido mais sabio passar a defesa e tentar sim-plificar a posi~ao atraves de uma serie de trocas: 14 tilbl , seguido de cd e llxc8.

    14 ... g5! Valendo-se da cobertura do

    seu Cavalo na casa e4, as Pretas deslancham 0 ataque decisivo, sem se preocuparem com 0 enfra-quecimento da posi~ao do Rei.

    15 ~e5 Uma maior resistencia seria

    com 0 lance 15 ~e3, mas como as Brancas poderiam fazer urn lance deste?

    54

    15 16 tile1 17 ~xe4 1S de

    g4 tilxe5 de fic7

    A luta acabou. 0 Peao na casa e5 vai seguir em frente e 0 forte par de Penes central das Pretas, apoiado pelo par de Bispos, vai for~ar em breve as Brancas a abandonar.

    19 tilb5 fixeS 20 Iid7 .tg5!

    Urn fecho de ouro para 0 final - 0 Bispo escapa do perigo e ganha urn tempo.

    21 !!cd1 22 llxa7

    .tc6 l:tcdS

    E agora aIem de tudo as Pretas obtem 0 controle da coluna da Dama. A partida terrninou assim:

    23 h4 llxd1 24 fixd1 J::tds 25 fic2 .td2

    E as Brancas abandonaram. As Brancas nao poderiam de-

    fender-se dos lances ... ~al e .. . e3 ao mesmo tempo. Este pode ser urn born momenta para citar uma analise de Mikhail Botvin-nik de uma outra partida dispu-tada entre ele e 0 Mestre Alexan-der Sokolsky nas semifinais do campeonato sovietico de 1938: " ... e 0 controle das casas centrais passa gradativamente para as Pretas. Aos poucos se toma claro

  • que as Brancas nao tern nenhum plano de jogo e estao meramente preocupadas com 0 'desenvolvi-mento'.

    Talvez alguem pudesse safar-se jogando assim na virada do seculo, mas hoje, quando todos os mestres comec;:am a estabele-cer pIanos para 0 meio-jogo, a partir do sexto ou oitavo lance, nao ha forma melbor de acabar em uma posic;:ao restringida do que buscar apenas 0 desenvolvi-mento."

    Botvinnik fala aqui da visao dos experts, e por isso seria no minimo frivolo da minha parte exigir dos leitores tamanha com-preensao e analise de uma posi-c;:ao. Mas acho que a analise deste ex-campeao mundial pode ser to-mada como urn axiom a valida pa-ra qualquer pessoa que jogue xa-drez. Lembre-se dele e tente ain-da na abertura valer-se de qual-quer chance para planej ar mais ou menos como voce quer que a partida prossiga.

  • LI

  • que advogam de urn contragam-bito que capacita as Pretas a lutar com sucesso pela iniciativa, jo-gando 2 ... dS! 3 ed e4! ou 2 ... ef 3 liJf3 dS 4 ed tili6.

    Uma outra tentativa de retirar o Peao do centro - 2 d4 ed 3 'lIVxd4 - encontrou muito pou-cos defensores. 0 resultado do passeio da Dama 3 ... l2Jc6 4 'lIVe3 tDf6.

    E que as Pretas poem seus do is Cavalos emjogo, garantindo chan-ces iguais.

    57

    A Giuoco Piano: 2 tDf3 tDc6 3 .tc4 .tcS. Aideia e ocupar 0 cen-tro e atacar a casa f7. Esta e uma das aberturas mais antigas do xa-drez e e rica em possibilidades. As tentativas de empregar sacri-ficios jogando 4 b4 .txb4 5 c3 .tc5 6 d4 ou 4 c3 tili6 5 d4 ed 6 0-0.

    caminham lado a lado com os metodos modernos de lento de-senvolvimento das pecsas ap6s 4 d3 d6 5 c3 tDf6 6 0-0 0-0 7 .tgS.

  • A Ruy Lopez, 2lili3lLJc6, ~b5 eo exemplo mais tfpico das aber-turas abertas. A abertura e rica em ideias estrategicas e taticas. Os melhores Grandes Mestres enca-ram a habilidade de jogar a Ruy Lopez com ambas as cores como urn teste de forr;a no xadrez. A abertura tern variantes para todos os gostos. A Variante das Trocas, por exemplo, que e relativamente simples (3 ... a6 4 ~xc6 dc)

    a luta aberta pelo centro na Va-riante Aberta (3 ... a6 ~a4 lili6 5 0-0 tLJxe4 6 d4 b5 7 .tb3 d5 8 de ~e6)

    58

    o famoso contra-ataque Marshall (3 ... a6 4 ~a4 lL'lf6 5 0-0 ~e7 6 idel b5 7 ~b3 0-0 8 c3 d5!? 9 ed lL'lxd5 ou mesmo 9 ... e4), e, final-

    mente, a Variante Classica, que so mente jogadores experientes e bern preparados estao capacita-dos a jogar (3 ... a6 4 .ta4 lL'lf6 5 0-0 ~e7 6 l:iel b5 7 ~b3 0-0 8 c3 d69 h3lL'la5 10 ~c2 ou 9 ... lL'lb8 10 d4).

    Vamos voltar a posir;ao que se segue ao primeiro lance das Bran-cas. Alem do lance 1 ... e5 as Pretas podem iniciar 0 jogo com

  • outras aberturas que nao a Ruy Lopez.

    Todas as aberturas onde as Pre-tas evitam jogar 1 ... e5 em respos-ta ao lance 1 e4 das Brancas, sao chamadas "serni-abertas".

    A abertura mais simples e a DefesaEscandinava: 1 e4 d5 2 ed ~xd5 3 liJc3 ~a5 . Ao custo de perder urn tempo recuando a Da-rna, as Pretas reduzem a tensao no centro, esperando poder des en-volver as pe

  • Duas aberturas - a Defesa Caro-Kann (1 e4 c6 2 d4 d5) e a Defesa Francesa (1 e4 e6 2 d4 d5) - tern conceitos estrategicos semelhantes. As Pretas combatem a forma

  • que se tenha urn certo entendi-mento de jogo posicional e expe-riencia. Portanto, eu 0 aconselho a jogar, par ao menos urn ano, par-tidas abertas e somente entao co-me~ar a jogar partidas fechadas.

    De modo analogo ao lance 1 e4, a resposta mais basica possivel e a imita~ao do lance 1 d4 com 1 ... dS. 2 c4 leva a diferentes linhas do Gambito da Dama. Aresposta 2 ... c6 leva a Defesa Eslava ou

    2 ... e6 leva as Defesas Ortodoxa ou Tarrasch. As Pretas irao tentar consoli dar sua posi~ao na casa dS, ao passo que as Brancas irao, metodicamente, criar condi~6es favoraveis para 0 avan~o do Peao do Rei para a casa e4. No presente seculo surgiram outros metodos de desenvolvirnento que visam oferecer as Pretas urn contrajogo menos direto, no centro. Na De-fesa Nimzo india (1 d4 lili6 2 c4 e6 3 tZJc3 ~b4)

    61

    e naDefesa india da Dama (1 d4 tZJf6 2 c4 e6 3 tZJf3 b6)

    as Pretas tentarn lutar pelo con-trole da casa e4.

    Na Defesa india do Rei (1 d4 tZJf6 2 c4 g6 3 tZJc3 ~g7 4 e4 d6)

  • e naDefesa Grunfeld (1 d4lLlf6 2 c4 g6 3 lLlc3 d5 4 cd lLlxd5 5 e4) as Pretas permitem que as Bran-cas estabele~am urn forte centro de Pe6es mas adotam uma es-trategia de mimi-lo.

    E aqui termina 0 nosso breve esbo~o das aberturas basicas do xadrez. Quando voce ler urn dos varios manuais de xadrez disponi-veis, nao se deixe confundir pela profusao de variantes que voce podera encontrar. Elas refletem tudo 0 que pode ser import ante nos torneios, ou, em outras pala-

    vras, as leis basicas da estrategia das aberturas. N6s ja discutimos a respeito e elas sao uma necessi-dade absoluta para 0 principiante.

  • uC;Ao 12

    A Arte do Planejamento

    Antes de dedicar-se a qualquer atividade, quase todas as pessoas contemplam as opera~6es que te-dio de executar para atingir suas metas, e tenta descobrir qual a melhor sequencia para executa-las.

    Eu acredito firmemente que 0 xadrez e, ate uma certa extensao, urn espelho de vida e que, port an-to, 0 planejamento e uma caracte-ristica fundamental deste jogo.

    o que e 0 planejamento em uma partida de xadrez? E uma serie de opera~6es em uma ordem bern calculada que visam a urn objetivo concreto, sendo que esta ordem e determinada pelas posi-~6es que se apresentem no tabu-leiro e e constantemente alterada pelas a~6es do adversario.

    o plano nao deve ser confun-dido com 0 objetivo do jogo. Al-gum amador poderia pensar, "eu quero dar urn xeque-mate, por is-

    63

    so eu you jogar visando urn mate desde 0 inicio e por isso eu jogo de acordo com urn plano". Trata-se de uma abordagem redon-damente equivocada; nao exis-tern condi~6es de se dar mate ao Rei do adversario no infcio da partida. 0 mate e 0 objetivo mc'ixi-mo do jogo e "jogar visando urn mate desde 0 infcio" e tao-so-mente uma vontade de satisfazer este desejo.

    Primeiro, desenvolva as suas pe~as segundo urn padrao, para estabelecer uma supremacia em alguma parte do tabuleiro.

    Em seguida aumente a pressao para conquistar vantagens posi-cionais concretas ou vantagens materiais no meio-jogo.

    Finalmente, explore as vanta-gens no final, atraves do estabele-cimento de uma vantagem mate-rial que tome qualquer resistencia impraticavel.

  • o lado que se defende tambem nao deve jogar de qualquer ma-neira; deve jogar segundo urn pla-no, considerando todos os peri-gos, amea~as e debilidades na sua posi~ao e tentando - acima de tudo - livrar-se delas.

    o plano e elaborado com base em uma avalia~ao con creta da po-si~ao e das suas peculiaridades. Portanto, e importante ser capaz de analisar as forma~6es de com-bate de ambos os lados e com-preender todas as sutilezas desta posi~ao . A capacidade de se ela-borar urn plano e executa-Io de modo consistente no tabuleiro e urn dos aspectos mais atraentes do xadrez; as vezes, chega a ser mais gratificante que, digamos, lan~ar urn ataque dire to ao Rei inimigo. Ese voce levar em conta que, freqiientemente, os joga-dores disfar~am suas inten~6es, lan~ando mao de manobras que visam distrair 0 adversario, voce entendera que jogar segundo urn plano e uma grande arte.

    E claro que demora muito para que alguem aprenda a conduzir as suas opera~6es no tabuleiro de xadrez. Erros graves e erros me-nores iraQ acontecer e estes sao inevitaveis. Mas acredito que aprender com seus erros e melhor do que jogar sem qualquer plano.

    64

    Para ilustrar 0 que foi dito, va-mos considerar os exemplos que se seguem.

    A. Suetin - I. Bondarevsky Moscou 1963

    1 e4 e5 2 tZJf3 tZJc6 3 ~b5 a6 4 ~a4 d6 5 0-0

    Esta e uma das linhas mais an-tigas da abertura Ruy Lopez. Ap6s cumprirem a prime ira me-tade do plano na abertura (tirar 0 Rei do centro), as Brancas plane-jam a cria~ao de urn centro de Pe6es atraves dos lances c3 e d4, que tambem pressionam 0 Peao Pre to na cas a e5. As Pretas nor-malmente tentam sustentar seu Peao na casa e5 jogando tZJg8-e7-g6, seguidos de ~e7. Tambem e possivel montar uma outra for-

  • ma

  • Ap6s 14 ... de 15 tLlc5 nao ha defesa para Ilrll.

    15 !leI d5 o unico meio de salvar a par-

    tida e evitando a abertura da co-luna da Dama. No entanto, as de-bilidades das casas no territ6rio das Pretas acabam por tornar-se urn fator decisivo.

    16 ttJe2 17 tLJg3 18 ~g5+ 19 tz'lc5!

    20 tt:lli5!

    tLJg6 ~e6

    ~c8

    ~e8

    Os Cavalos das Brancas ga-nharam controle total sobre 0 ta-buleiro. 0 ultimo est agio do pla-no das Brancas e obter uma van-tagem material decisiva.

    20 l:!g8 21 CiJxg7 22 CiJxa6 23 i.e3 24 ~xa6+

    .llxg7 ~7

    llxa6

    e as Pretas abandonaram logo.

    66

    Aqui esta urn outro exemplo tirado de uma partida entre Sve-tozar Gligoric e Vasily Smyslov.

    Alem do Peao extra que so-mente podera ser explorado no final, a maior vantagem das Pre-tas reside no controle de varias casas no centro: d4, d5, c5, f4 e f5. As Brancas tambem tern suas chances de contra-jogo: uma maioria de Pe6es na ala da Dama e a coluna da Dama aberta. Quan-tas posi~6es semelhantes nao acabaram em empate como resul-tado de lances superficiais! Mas Smyslov e urn grande expert em tais finais. 0 seu plano para ven-eer consiste de tres estagios fun-damentais.

    o primeiro estagio e a troca imediata de uma das Torres para evitar a penetra~ao na coluna da Dama. A outra Torre sera preser-vada para com bater urn eventual avan~o dos Pe6es Brancos na ala daDama.

  • 20 21 .rr.ad1 22 Jlxd2 23 f3

    ru"d8 llxd2 ~f8

    ~e7

    A segunda etapa do plano e criar uma amea

  • Vma corre

  • LIC;Ao 13

    For~ando as Continua~oes

    Para a maiar parte dos entusiastas do xadrez, 0 jogo constitui-se nu-rna partida onde os fogos de arti-ficio, representados par ataques impetuosos e combinac;oes, e que encantam. Todo mundo busca atacar e realizar belas combina-c;oes, mas muito poucos se en can-tam com a genuina beleza de ma-nobras posicionais sutis e pIanos estrategicos profundos.

    A arte do jogo posicional nao e completamente apreciada par aqueles que em geral nao com-preendem como os Grandes Mes-tres conseguem executar tantos ataques bonitos e eficazes. Muitos amadares sao tao capazes de re-solver problemas e estudos quan-to os Grandes Mestres, mas so-mente se mergulharem de cabec;a nas complexidades do jogo e que poderao perceber que as oportu-nidades para ataques e combina-c;oes eficazes nao se dao por aca-

    69

    so; mas como resultado de urn j ogo posicional baseado na obser-vac;ao das leis da estrategia enxa-dristica.

    Portanto, aque1es que que rem ter sucesso em xadrez devem per-ceber que 0 jogo de combinac;oes nao se opoe ao jogo posicional, mas que, pelo contrario, se com-plementam.

    Eu gosto de atacar e de fazer sacriffcios, mas ainda assim te-nho uma firme convicc;ao de que o jogo posicional e a base do jogo de xadrez, refletindo a 16gica in-terna do combate no tabu1eiro e fechando com os requisitos da partida mode rna.

    A base do j ogo posicional e 0 planejamento, do qual falamos no capitulo anterior. A farmac;ao de urn plano (correto) profundo e eficaz exige tanta imaginac;ao e versatilidade quanta 0 calculo de uma combinac;ao complexa. Se

  • h:i ideia de uma combina~ao, en-tao 0 c31culo dos lances e uma questao de tempo e de tecnica. Os lances, com freqiiencia, assumem urn canlter de movirnentos for~ados; e se tornam reais e concretos.

    Ao formular urn plano 0 joga-dor tern que levar em conta as posi~6es que podem ser atingidas dentro de alguns lances. 0 calcu-10 concreto, destas variantes, fre-qiientemente, leva a especula~6es semi-abstratas acerca das posi-~6es a que, provavelrnente, se deve chegar como resultado. A capacidade de jogar de acordo com a posi

  • aqui. As Brancas tern urn Peao a mais, mas os Pe6es da ala da Da-rna sao debeis e 0 par de Bispos das Pretas e bern capaz de lhes oferecer condic:;:6es de atingir a igualdade. Seu problema e que 0 Bispo na casa d6 se en contra cla-vado. Para libertarem-se as Pretas precis am jogar em busca de sim-plificac:;:6es, na esperanc:;:a de ga-rantir urn empate em urn final com Bispos de cores opostas. In-felizmente, ha uma pequena falha nesta avaliac:;:ao que leva, em sete lances, as Pretas a derrota.

    20 i.f4 i.xf3

    21 .ilxd6 .ilxd6

    22 't!fxd6 't!fxd6

    23 i.xd6 l::!e8

    24 llxe8+ 4Jxe8

    25 i.e5! i.c6

    26 b4! h5

    27 13

    71

    Se as Pretas pudessem trocar os Cavalos, 0 empate estaria as-segurado, ainda que elas perrnitis-sem que 0 Rei Branco ocupasse 0 centro e entregassem 0 Peao na casa a6. Mas isto e impossive!. E f:icil no tar que 0 Bispo das Bran-cas ira tomar 0 Cavalo das Pretas caso ele se mova. Por isso e que 0 final com Bispos de cores opostas nao salva as Pretas e 0 Rei Branco se dirige para a ala da Dama, ap6s o que os Pe6es das Pretas ali pre-sentes cairao com certeza. Este exemplo elementar mostra que as Brancas puderam explorar esta vantagem com tanta facilidade, porque dentre tantas posic:;:6es possiveis no meio jogo 0 jogador viu que a melhor viria atraves do lance 25 i.e5! e 26 b4! Ap6s isto o calculo das variac:;:6es possiveis tomou-se bastante simples.

    Para avaliar corretamente uma posic:;:ao e preciso que 0 jogador

  • analise a disposic;ao das pec;as, a sua centralizac;ao, a qualidade da estrutura de Peoes, a mobilidade, a disponibilidade de linhas aber-tas e as relac;oes materiais entre as pec;as. A profundidade e a sutileza da avaliac;ao geral depende de ca-da urn dos fatores citados em cada posic;ao.

    Por exemplo, e sabido que uma Torre e mais forte que urn Cavalo, mas se 0 Cavalo ocupa urn ponto avanc;ado bern protegido no cen-tro enquanto a Torre esta total-mente fora de jogo, entao 0 Cava-10 e, obviamente, mais forte que a Torre.

    No final a avaliac;ao da posic;ao e deterrninada pela existencia de Peoes passados e pela centraliza-c;ao do Rei. No meio-jogo, pelo contrano, e melhor que 0 Rei per-manec;a longe do centro.

    Qualquer enxadrista experien-te respeita a arte do jogo posicio-nal, porque ele valoriza os bene-ficios da acumulac;ao sistematica de pequenas vantagens, que aca-bam por deterrninar, em ultima analise, aquilo que se chama de vantagem posicional para urn dos lados. 0 j ogador que detem a van-tagem posicional da as cartas na situac;ao. Repentinamente ele descobre uma grande riqueza de possibilidades para as suas pec;as

    72

    e uma boa escolha de continua-c;oes combinativas e posicionais.

    Se voce escolher dez belos ata-ques de combinac;oes de qualquer Grande Mestre e ten tar analisar as . posic;oes iniciais, voce vera que estas combinac;oes estavam las-tread as na superioridade posicio-nal. Em uma superioridade em termos de desenvolvimento ou mobilidade, por exemplo.

    Nos ultimos 100 anos os ana-listas de xadrez revelaram muitos rnisterios na teoria do jogo posi-cional. As leis basicas da estrate-gia enxadristica forrnuladas pelo grande Steinitz perrnaneceram inalteradas, mas e dada hoje uma enfase maior a fatores como a di-namica da posic;ao, a compensa-c;ao de algumas desvantagens po-sicionais por algumas outras. E dada uma maior importancia a coordenac;ao das pec;as, ja que duas ou tres pec;as bern coordena-das podem sair vitoriosas sobre pec;as de maior forc;a do adversa-rio mas com menos mobilidade.

    E finalmente, em contraste ao jogo de 150 anos atras onde as combinac;oes visavam principal-mente ao ataque a fortaleza do Rei, hoje, com 0 progresso das tecnicas defensivas, combina-c;oes complexas sao executadas para aumentar ganhos posicio-

  • nais. Os sacrificios posicionais tornaram-se uma das tecnicas mais eficazes quando Pe6es e pe-c;as sao entregues em troca de ga-nhos posicionais (embora nao de-cisivos).

    Concluindo, gostaria de acon-selhar todos aqueles que gostam do xadrez a estudar com mais per-sistencia a arte do jogo posicio-nal. Eu Ihes asseguro que voces nao VaG se arrepender.

  • LI

  • 3 ttJc3 4 ~g5 5 ~xf6 6 e4 7 tLJxe4 8 ~d3 9 4Je5

    lLlf6 ~e7

    ~xf6

    fe b6 ~b7

    0-0

    Agora vern 0 sinal de ataque: 10 ...vh5! ...ve7

    As Pretas evitamjogar 0 lance 10 ... ~xe5 achando que podem safar-se do lance 11 lLlxf6+ j ogando 11 ... gf. Mas se ela soubesse 0 que estava por vir ...

    11 ...vxh7+!!

    75

    Urn sacrificio desconcertante. As Brancas entre gam a Dama em troca de urn Peao fazendo com que 0 Rei Preto tenha que dirigir-se para 0 outro lado do tabuleiro onde tera uma marte ingl6ria.

    11 ... ~xh7

    12 tLJxf6+ ~h6 Se 0 Rei tivesse recuado para

    a casa h8 a partida terminaria ime-diatamente com 13 lLlg6 mate.

    13 4Jeg4+ ~g5 14 h4+ ~f4 15 g3+ ~t3 16 ~e2+ ~g2 17 l:lh2+ ~gl

    Esta casa geralmente abriga 0 Rei das Brancas, mas 0 Rei das Pretas esta fadado a perecer ali.

    18 ~d2 mate. Bonito? Sim! Inesperado?

    Sim! For~ado? Sim! Mas por que tao de repente? Como pode uma combina~ao ser vista e aplicada? Todo enxadrista experiente sabe que uma combinac;ao nunca co-me~a do nada. Para que uma combina~ao seja possivel e preci-so que alguem tenha certas vanta-gens, as quais sao acumuladas lentamente, lance por lance. 0 processo acumulativo pode ace-lerar os erros do adversario.

    o que tornou possivel 0 sacri-ficio de Dama analisado acima? As Brancas nao tinham vantagem

  • no desenvolvimento, mas tinham quatro pec;:as menores apontando diretamente para 0 Rei inimigo e para a fraca casa h7. A ausencia do Peao Preto na casa e7 originou as pre-condic;:6es para a obtenc;:ao de uma posic;:ao de mate: Cavalos Brancos nas casas f6 e g6, Rei Preto na casa h8 e 0 Peao das Pretas na casa g7. E uma posic;:ao tipica.

    o conhecimento de tais po-sic;:6es e essencial para 0 enxa-drista. Ha muitas posic;:6es desta natureza e e bern facillembrar-se delas. Portanto, diante de urn la-birinto de combinac;:6es e preciso ser capaz de enxergar os elemen-tos das posic;:6es de mate elemen-tares. Vamos analisar uma posi-c;:ao que ocorreu em uma partida entre G. Rotlevi e A. Rubinstein em 1908.

    22 llxc3!! 23 gh

    76

    23 ~xc3 nao e viavel porque se-gue-se 23 ... ~xe4+ 24 ~xe4 't!Vxh2 mate.

    23 ... rId2!!

    ADama tern tarefas demais ao proteger as importantes casas h2 e e4. 0 ultimo lance das Pretas irnpossibilitou-lhe a defesa destas casas por mais tempo.

    24 ~xd2 ~xe4+ 25 ~g2 l:lli.3! !

    Brilhante! A Dama, clavada, nao pode evitar que 0 Rei !eve mate na casa h2, e as Torres nada podem fazer!

    Combinac;:6es como esta sao inesqueciveis.

    Como surgem? Qual e a es-sencia? Nos iremos devotar algu-mas lic;:6es a tais quest6es. Agora nos iremos especificar as con-dic;:6es necessarias para a execu-c;:ao de combinac;:6es.

  • Uma combina

  • urn truque que afaste a vigiHincia da Dama Preta sobre a cas a e8. Este e 0 tema da combina

  • uc;Ao 15 Estratagemas Taticos

    Na nossa li

  • 1 .w..f6!! ~xhS 2 llxg7+ ~h8 3 llxr7+ ~g8 4 l:tg7+ ~h8 S llxb7+ ~g8 6 l:tg7+ ~h8 7 t!gS+!

    Depois de uma serie de xeques descobertos a Torre mutilou todo o exercito Pre to, ao longo da se-tima fileira, e agora a Dama Preta tambem perece.

    7

    8 llxhs 9 Ilh3 10 llxh6+

    ~h7

    ~g6

    ~xf6

    As Brancas, com dois Pe6es a mais, venceram com facili-dade.

    A pnitica demonstra que a en-trada de duas pec;:as maiores na segunda (setima) fileira e 0 carni-nbo mais certo para a vitoria. Tambem e sabido que e diffcil atacar 0 Rei inirnigo quando 0

    80

    mesmo e defendido por uma soli-da formac;:ao de Pe6es. No entan-to, quando M debilidades (ilhas de Pe6es) na sua formac;:ao a si-tuac;:ao e diferente. Observe a par-tida entre Caesias e Vladrnir Vu-kovic, de 1940.

    1 e4 eS 2 tLlf3 tLlc6 3 .w..c4 tLlf6 4 d4 ed S 0-0 .w..cS 6 eS dS 7 ef dc 8 l:tel+

    Nesta posic;:ao as Pretas deve-riam entregar urn Peao para pode-rem mobilizar as suas pec;:as. No entanto, as Pretas decidiram-se por proteger 0 Peao e apos

    8 ~f8? 9 .w..gS gf 10 .w..h6+ ~g8

    os Pe6es nas casas fl, f6 e h7 acabam por ser uma prisao, e nao

  • urn escudo, para 0 Rei das Pretas. OBispo Branco na casa h6 e 0 sentinel a que evita a fuga do Rei das Pretas. Agora as Brancas tern de trazer uma pe~a capaz de dar mate para 0 jogo, mas qual pe~a? Poderia ser urn Cavalo na cas a f6, uma Torre na casa e8, ou a Dama na cas a g4. E interes-sante que possam ter ocorrido va-rias situa~6es nesta partida em que qualquer uma das pe~as es-tava em condi~6es de dar 0 golpe final.

    11 lDc3! i.g4 12 0.e4 b6 13 c3 0.e5? 14 lLlxe5

    A amea~a e 15 ~xg4 mate. Por que niio tomar a formidavel rai-nha?

    14 ... ~xdl

    15 tZ'ld7!! ~e7 Parece que as Pretas consegui-

    ram defender-se do mate na casa

    81

    f6. Ainda assim, niio M defesa contra novos sacrificios.

    16 0.exf6+!! ~xf6 17 I:!e8+!! ~xe8 18 lLlxf6 mate.

    Uma vez que uma boa forma-~ao de Pe6es e particularmente importante para uma boa defesa, M alguns ataques de combina-~6es tfpicos que visam eliminar as defesas do Rei. Vamos agora exarninar urn outro exemplo de sacrificios utilizados no ataque aos Pe6es que constituem a defe-sa do Rei.

    Em. Lasker - J.H. Bauer 1889

    Ap6s 0 lance natural 1 'itt'h5 f5 seria dificil verificar a superio-ridade das Brancas, mas se as Brancas elirninarem os Pe6es das casas g7 e h7, a subida da Torre de f1 para f3 seria desastrosa para as Pretas.

  • 1 ~xh7+! ~xh7 2 'i!fhS ~g8 3 ~xg7! ~xg7 4 'i!fg4+ ~h7

    E nao 4 ...

  • dem capturar seu proprio Peao e tern de fon:;ar as Pretas a faze-Io, do contrario seu ataque para.

    3 d5+ e5

    4 ~b4!!

    Este lance e, essencialmente, 0 inicio da combina

  • uc;Ao 16 o Final

    Muitos amantes do xadrez enca-ram 0 final com desdem, como uma parte mon6tona onde nao ha espac;o para combinac;6es nem imaginac;ao. N6s vamos analisar o final pratico e voce vera que este estagio da partida, alem de extremamente complexo, disp6e de uma rica abundancia de ideias

    . originais. Com isto, tentaremos convencer 0 leitor de que a habi-lidade e a capacidade de jogar taticamente e essencial para 0 sucesso no final.

    Durante uma combinac;ao no meio-j ogo ou na abertura, a maior parte dos Pe6es e das pec;as sao observadores passivos. Uma com-binac;ao no final , no entanto, exige a participac;ao de todas as pec;as, sendo 0 Rei a pec;a mais ativa. Vamos examinar urn exem-plo muito simples.

    As Brancas tern que mover, e o seu primeiro impulso e de avan-

    84

    c;ar 0 Peao na casa h6, s6 que ap6s 1 h7 e4! nao ha nenhuma chance das mesmas promoverem seu Peao, ja que todas as casas da grande diagonal estao controla-das pelo Bispo.

    Portanto, antes de avanc;ar 0 Peao, as Brancas devem afastar 0 Bispo da grande diagonal ou blo-quearem 0 avanc;o do Pdo Pre to na cas a e5. Vamos tentar a primei-ra opc;ao.

    1 i.a7!

  • Urn tern a tatico bern conheci-do charnado "desvio". 0 Bispo nao pode ser tornado porque 0 Peao na casa h6 alcan

  • 1 e7

    que parece bastante desproposi-tal.

    1 l'ld6+ Este lance nao e tao simples

    quanta possa parecer. A 2 t>b7 segue-se 2 ... l:lci7 e ap6s 2 t>cS as Pretas empatam imediatamen-te, com 2 ... l:lcil 3 t>b6 tlcl.

    2 t>b5! l'ld5+

    3 t>b4 .!ld4+

    4 t>b3 1ld3+

    5 t>e2!

    Agora nao ha mais xeques e a Torre tambem nao pode chegar a casa cl. Mas a luta esta longe de terminar:

    5 ild4! Uma cilada bern planejada!

    Agora a 6 c8'C!V seguir-se-a 6 ... t!c4+! 7 ~xc4 e M urn empate, pois 0 Rei Preto fica afogado. Se-ra que e mesmo urn empate? Era o que sustentava 0 jornalista que publicou a posi

    86

    F. Saavedra enviou-Ihe uma corre

    6 eSll! As Brancas executam urn ata-

    que peculiar com urn minimo de for

    6 :!'h4 7 t>b3!

    E 0 fim. Para evitar 0 mate, as Pretas tern de entregar a Torre.

    Este exemplo mostra bern as peculiaridades particulares de urn final tatico: 0 papel ativo do Rei e .0 valor cada vez maior dos Pe6es.

    Aqui esta urn outr~ exemplo:

    As Brancas parecem estar en-frentando dificuldades, ja que nao e facil proteger 0 Peao na casa as. 0 sacrificio oferecido pelas Brancas parece urn ate de deses-pero.

    1 e6 be

    Agora 0 lance natural 2 tics seria seguido por 2 ... ~d7, ap6s

  • o que a Torre das Pretas chega a casa bS atraves da casa b4 e as Brancas ficam em uma posic;ao dificil. Sera que e possivel blo-quear a Torre das Pretas para que a mesma nao possa tomar 0 Peao na casa b6?

    2 IlbS!! Esta ideia tipica se chama

    "bloqueio" .

    2 ab 3 b7

    Agora a situac;ao mudou com-pletamente. As Pretas estao a bei-ra de urn abismo, ja que 0 surgi-mento de uma Dama Branca e iminente.

    3

    4 b8~+ 5 ~h8

    .llxaS d7

    As Pretas perdem 0 Peao na cas a h6 e com ele as suas uItimas esperanc;as de salvarem-se. ADa-rna Branca ira atacar os PeDes das Pretas na ala da Dama e ao mes-mo tempo as Pretas nao podem impedir 0 avanc;o do Peao das Brancas na coluna h.

    A titulo de especulac;ao, ape-nas, se nao houvesse 0 Peao Preto na cas a f7 nem 0 Peao Branco na casa g2, as Pretas poderiam salvar a patria montando uma fortaleza impenetrave1 depois de 1 c6 bc 2 t!bS! cb! 3 b7 Ild4 4 b8~+ f7

    87

    colo cando a Torre na casa d6 e eventualmente movendo-a entre d6 e f6 . Voce pode dispor das pec;as das Brancas como quiser que ainda assim nao conseguira penetrar as defesas das Pretas.

    Conhecendo uma outra carac-teristica surpreendente do final, as Pretas conseguem achar urn ca-minIlO diante da seguinte duvida:

    As Pretas pare cern estar em perigo. Por exemplo: 1 ... I:1.cl 2 d6 c8 3 c7 llxc7! 4 ~g4+! (e nao 4 bc - que da 0 empate!) 0 empate por afogamento do Rei parece ser 0 unico recurso.

  • 1 2 ~d5

    tid7!! Itb7!!

    Agora as Brancas tern uma escolha. Elas podem tentar empa-tar apos 3 q;,d6 llxb6 4 .te6 w6 ou jogar 3 cb e assegurar-se de uma grande vantagem material e so ganhar meio ponto com urn empate.

    Ainda assim, a posi~ao de afo-gamento nem sempre serve para o lado que se defende. E precisa-mente esta mesma posi~ao que muito freqiientemente revela-se uma armadilha para 0 Rei.

    Apesar da vanta gem material, as Brancas devem jogar com muito cui dado. Se 0 Peao na casa h2 for promovido, as Pretas ven-cern 0 jogo. Mas as Brancas con-seguem atrair 0 Rei para uma po-si~ao de afogamento atraves de urn sacriffcio engenhoso.

    88

    1 ~f3+ 2 .th1!! 3 q;,f1!

    q;,g1 q;,xh1

    E incrivel! As Pretas tern dois Pe6es a mais, mas seu Rei, tendo capturado 0 Bispo, nao pode mo-ver-se e agora somente urn dos tres Pe6es das Pretas pode efetuar urn lance.

    3 d5 4 ed e4 5 d6 e3 6 d7 e2+

    Ao menos as Pretas consegui-ram libertar 0 Rei.

    7 q;,xe2 q;,g2

    8 d8~ h1~ As Pretas fizeram 0 melhor

    possivel, mas a posi~ao passiva da sua Dama, incapaz de ajudar 0 Rei, e que sera responsavel pel a sua queda.

    9 ~g5+

    10 ~h5+

    q;,h3 q;,g2

    11 ~g4+ q;,h2 12 q;,f2!

    As Pretas tern que abandonar: nao ha defesa contra ~h4 ou ~h5 mate.

    Assim, voce pode ver que no final, que tantos fas do xadrez consideram a etapa mais chata da partida, ha urn amplo espectro de possibilidades de combina~6es.

  • LI

  • 8 ~b3 ~b7 9 .txf6 .txf6 10 cd ed 11 ~1 c5 12 de tZJd7 13 c6 .txc6 14 tZJd4? .txd4! 15 Ilxd4 tzJc5 16 ~dl tDe6 17 }ld2

    Como result ado da manobra incorreta do Cavalo Branco para a casa d4, 0 Rei das Brancas ficou preso no centro, e ao mesmo tem-po as pec;as na ala do Rei ainda nao foram desenvolvidas. Assim, 0 pri-meiro estagio do ataque baseia-se em urn sacrificio de Peao, abrindo a grande diagonal para 0 Bispo e a coluna central para a Torre.

    17 d4!

    18 ed I:Ie8 19 t3

    Urn plano de defesa interes-sante. Agora 19 ... lZJxd4+ seria contestado com 20 ~f2! Ainda

    90

    assim, ha uma falha fundamental no plano das Brancas: elas estao atrasadas no desenvolvimento de suas pe

  • vez que as pe~as das Brancas cer-cam 0 proprio Rei impedindo que o mesmo saia para 0 centro.

    21 'fIVe1? o desejo natural de trazer a

    Dama para junto do teatro de ope-ra~6es leva as Brancas para a bei-ra do abismo e tira a mobilidade do seu Rei. A unica possibilidade defensiva era levar a Dama a cas a g4. Ao jogar 26 'fIVa4! as Brancas teriam evitado uma derrota ime-diata, embora ap6s 26 ... ttJxg227 llxg2 l::te5 28 'fIVg4 'fIVxg4 29 ~xg4 f5 30 .tf3 g5 as Brancas ainda estariam em uma posi~ao dificil de defender.

    Ap6s 26 'i!rel? as Brancas te-rao de suportar outra onda de ata-que, desta vez com a Dama e 0 Rei como alvos.

    26 ... !id3! A Torre nao pode ser tornada

    porque ap6s 27 ~xd3 ilxe1 + 28 ~xe1 a Torre na cas a g2 estaria desprotegida.

    91

    27 'fIVf2 A amea~a era 27 ... nD+!

    27 ... tllf3! Agora as Brancas nao tern a

    disposi~o nenhum lance energi-co ou sequer util. A Torre, por exernplo, ainda nao po de ser to-rnada, porque seguir-se-ia 28 ... tllxh2 mate. As Brancas teriam tarnbern levado mate caso 0 Ca-valo recuasse. 28 tLlb 1 1::idl + 29 .txdl tllxh2 mate. Vma tentativa de retirada da Dama tambern fa-lharia, 28 fi'g3 tlld2+. Assirn, as Brancas tern de mover a sua Torre da cas a gl para a casa hI e voltar para gl.

    28 rot1 29 ~1 30 :t:lh1

    l:lDe3 ~h8

    b5! Ap6s 0 lance 6bvio 31 a3 a5!

    nao ha defesa contra 0 avan~o decisivo do Peao na casa b5 para a casa b4. Por isto as Brancas abandonararn.

    Ainda assim, urn ataque nao leva necessariamente a total der-rocada do inirnigo, conforme a partida a seguir ilustra:

    A. Alekhine - A. Rubinstein Carlsbad 1923

    1 d4 2 c4 3 tllf3

    d5 e6 tllf6

  • 4 liJc3 ~e7 5 .i.g5 ttJbd7 6 e3 0-0 7 l:cl e6 8 'i!t'e2 a6 9 a4 l::te8 10 ~d3 de 11 ~xe4 ttJd5 12 .tf4 tDxf4 13 ef c5 14 de Vfle7 15 0-0 'i!rxf4

    A vantagem posicional das Brancas e deterrninada pela sua maioria de Pe6es na ala da Dama e, alem disso, pelo desenvolvi-mento inferior das Pretas naquele setor. Ainda assim, Alekhine per-cebe uma ou tra caracteristica des-ta posic;ao: a protec;ao insufi-ciente na ala do Rei das Pretas, 0 que 0 capacita a lanc;ar urn ataque contra 0 Rei . Mas antes de atacar e preciso enfraquecer as defesas do adversario. Observe a tecnica soberba de Alekhine:

    92

    16 ttJe4! ttJxe5 A continuac;ao 16 ... ~xc5 17

    ttJeg5! g6 (17 ... ttJf8 18 .td3! ameac;ando tanto a cas a h7 como a casa c5) 18 :tel ttJf8 19 g3 'i!t'f6 parece passiva, mas e, provavel-mente, a melhor defesa.

    17 ttJxc5 ~xc5 18 ~d3 b6 19 ~xh7+ ~h8 20 ~e4

    A primeira meta foi atingida. Na forrnac;ao de Pe6es que defen-de 0 Rei das Pretas hi uma enorrne falha - 0 Peao na casa h7 desapa-receu e as Brancas podem situar suas pec;as pesadas na coluna h. Mas as Brancas tern de jogar de modo energico, ou as Pretas trarao o seu Bispo a casa b7 em dois lan-ces e 0 ataque sera neutralizado.

    20 ... I:ta7?

    21 b4! Este e 0 inicio de uma manobra

    de desvio eficaz que visa clavar

  • as pe

  • uC;Ao 18

    Ataque ou Defesa?

    o que e 0 mais importante? 0 ataque ou a defesa? Hoje em dia esta questao nao mais e de grande relevancia, e cada urn joga a seu modo. Os jogadores mais impe-tuosos e inexperientes tentam re-solver logo 0 assunto atraves de ataques diretos. Atraidos pelas combinac;6es, eles buscam per-sistentemente golpes Uiticos bo-nitos e inesperados. Amaioria dos enxadristas experientes prefere formac;6es s6lidas e capazes de repelir qualquer ataque.

    Os tas do xadrez sabem que 0 ataque, ou 0 chamado estilo ro-manti co, predominava no seculo XIX. Naquela epoca nao havia sistemas de defesa complexos; se o seu adversiirio sacrificasse urn peao ou uma pec;a, esperava-se que voce aceitasse 0 sacrificio e sustentasse a posiC;ao. Foi so-mente ao final do seculo, quando o grande fil6sofo do xadrez Wi-

    94

    lhelm S teinitz formulou a sua teo-ria do jogo posicional e 0 cam-peao mundial Emanuel Lasker atingiu resultados espetaculares, que a defesa passou a ser aprecia-da e nov os mestres, extrema-mente talentosos na arte de defe-sa, surgiram no cenario enxadris-tico.

    Como e que este problema e visto atualmente? A resposta e clara: tanto 0 escudo como a es-pada sao igualmente importantes. Hoje e mais do que claro que ninguem pode tomar-se urn joga-dor forte sem ser urn defensor habilidoso.

    Hii 20 an os sacrificios intuiti-vos visando ao ganho da iniciati-va eram comuns em tomeios in-temacionais. Mas hoje as tecni-cas defensivas estao tao avanc;a-das que mesmo urn sacrificio de urn mero Peao tern que se basear em alguma variante conhecida e

  • concreta, ou a defesa ira levar a melhor.

    E por que nos olhamos para tras, para a historia? A resposta tambem e simples: qualquer jo-gador que que ira melhorar suas habilidades deve nutrir-se das ex-periencias das gera~6es anterio-res. Nossos precursores, na ca-rencia de conhecimento de xa-drez, valeram-se de metodos de tentativa e erro enos deixaram uma ampla sabedoria nas suas partidas e livros. 0 aprendizado que para eles levou decadas hoje e completado por urn jovem en-xadrista em urn ano. E como al-guem aprende a preparar uma boa defesa? Ha muitos carninhos e muitos metodos. Nos iremos nos inteirar dos mesmos nas nossas li~6es .

    Vamos come~ar com posi~6es ruins. Lasker costumava dizer que qualquer posi~ao pode ser defendida e todos conhecem 0 di-tado enxadrfstico que diz que "nao se ganha uma partida aban-donando-a". A experiencia mos-trou que nao importa 0 quao per-dida uma posi~ao esteja, sempre aparece uma chance de se fazer uma resistencia teimosa. Voce precisa encontrar tais chances. Quando 0 seu adversario, que imaginava vencer com facilida-

    95

    de, encontrar tais novos proble-mas e dificuldades, ele po de -devido ao cansa~o - cometer al-gum erro e deixar a vitoria esca-par das suas maos. E claro que se ambos os lados jogarem bern nes-ta situa~ao, uma situa~ao ruim, qualquer que seja a defesa, ira permanecer ruim. Mas ainda as-sim voce deve dar 0 melhor de si e jogar ate 0 final. Veja como Lasker 0 fazia:

    E. Lasker - A. Nimzowitsch St. Petersburg 1914

    As Pretas tern urn Peao a mais, urn Cavalo bern colocado no cen-tro e uma forte estrutura de Pe6es. Muito poucos teriam se defen-dido teimosamente nesta situa-~ao. Mas 0 grande Lasker, perce-bendo que os Cavalos poderiam ser simplificados e que 0 Peao a mais ainda estava dobrado, per-

  • cebeu que a vantagem das Pretas, embora clara, ainda nao era deci-siva. As Pretas ainda teriam que descobrir como melhorar a sua posi~ao, assim as Brancas deve-riam esperar calmamente e jogar de modo a nao comprometerem a posi~ao.

    27 a3 2S i.e3 29 'i&a2 30 'i&a1

    a6 tnIdS tnIs tnIdS

    o primeiro sucesso das Bran-cas - ao mover a sua Torre ao longo da ultima fileira, Nirnzo-witsch mostra nao saber como ex-plorar a sua vantagem. E urn born incentivo para que as Brancas in-tensifiquem a resistencia.

    31 'i&a2 l:!eS

    32 l::[gS llxgS 33 llxgS+ rus 34 l::[g7 t!d7 35 ~S+ rus 36 l::[g7 nrs

    As Brancas colocaram nov os obstaculos no carninho das Pretas para a vit6ria. Uma troca de Torre aliviou a pressao sobre 0 Peao na casa h2. Alem disso,