antimatéria - edição 9

24
FRAGILE FRAGILE ANTIMATÉRIA Revista do Núcleo de Estudantes do Departamento de Física da Associação Académica de Coimbra ANTIMATÉRIA ANTIMATÉRIA Revista do Núcleo de Estudantes do Departamento de Física da Associação Académica de Coimbra 9ª Edição - 15 Dezembro 2015

Upload: nedf-aac

Post on 24-Jul-2016

224 views

Category:

Documents


3 download

DESCRIPTION

Nona edição do Antimatéria.

TRANSCRIPT

Page 1: Antimatéria - edição 9

1

FRAGILE

FRAGILE

ANTIMATÉRIARevista do Núcleo de Estudantes do Departamento de Física da Associação Académica de Coimbra

FRAGILE

Revista do Núcleo de Estudantes do Departamento de Física da Associação Académica de Coimbra

FRAGILE

ANTIMATÉRIA

Revista do Núcleo de Estudantes do Departa

ANTIMATÉRIA

ANTIMATÉRIARevista do Núcleo de Estudantes do Departamento de Física da Associação Académica de Coimbra

9ª Edição - 15 Dezembro 2015

Page 2: Antimatéria - edição 9

2

por Catarina Oliveira

Cheguei a esta casa, nossa casa, há mais de quatro anos. Contemplei, com alegria e expectação, a vinda de centenas de pessoas e vivi, com amargura e saudade, a partida de tantas outras. Senti, no decorrer deste percurso, um estranho desconforto por aqueles que chegavam nunca irem conhecer determinados indivíduos incríveis que se tinham ido. Eu mesma, de alguma forma, fui possuindo uma natural curiosidade por quem cá havia passado, pelo seu contributo para esta casa e pelo modo como tornaram as coisas como agora as conhecemos. Sempre achei que o registo de acontecimentos seria a melhor maneira de honrar o contributo de cada um. De os marcar, verdadeiramente, na história. De possibilitar a todos o conhecimento de uma realidade que os precedeu e moldou os seus presentes. Há uns meses, li a primeira edição do Antimatéria, de Dezembro de 2006. Fiquei profundamente surpreendida com o contexto que encontrei e absolutamente curiosa com as pessoas que lá descobri. É surpreendente e encantador o modo como estes instrumentos viajam, por si só, no tempo e trazem pedaços de outras realidades, factos e indivíduos a todos os que os desejarem encontrar.Neste último ano, surgiu um desejo enorme de acrescentar mais a esta casa, de deixar as coisas melhores para os que cá chegam. E foi isso, essencialmente, a grande alavanca para a junção desta equipa do NEDF/AAC: uma vontade de deixar um pouco de nós a estas paredes que nos deixaram tanto de si. Pela importância da partilha, pelo peso do conhecimento e pelo valor de todos os que deixam marcas neste lugar, o Antimatéria está de volta, para testemunhar os atos e as palavras dos que assim o pretenderem. Assim, mostraremos aos que virão como, um dia, foram as nossas coisas, as nossas realidades e as nossas pessoas. Assim, se alguém em 2024 nos estiver a ler – com a mesma surpresa e curiosidade com que vivemos a edição de 2006 – um conselho: partilhem com os que virão em 2033 as vossas conquistas, esforços e alegrias, como tentaremos sempre partilhar convosco. Permitam que os vossos “eu” de estudante perdurem no tempo e cheguem a todos aqueles que vos queiram conhecer. Porque o Departamento de Física, nas suas paredes verdes e frias – pelo menos, na sua decoração atual – será sempre uma casa especial.

EDITORIAL

Page 3: Antimatéria - edição 9

04

06

08

09

10

11

12

15

15

16

17

18

20

22

2214

14

O álbum da minha vida é: João Valentim Cafôfo

Como é trabalhar?Ana Tomé

Se não fosse cientista, seria...Ana Cristina Santos

A Sara em PisaSara Frango Barros

Conta-me como foi...Fátima Sá Silva

Ciência em PortugalMaria Pimentel

Ciência no MundoRita Viegas Rego

Perguntas e respostas em entrevistas de empregoPelouro das Saídas Profissionais

Este filme é mesmo bom! Alexandre Chambel

O livro que me mudou... Mariana Rajado

A Monalisa das sériesGabriel Sardinha

Natal em CopenhagaRita Roque

As crónicas da JoanaJoana Machado Madeira

Aconteceu no Núcleo...Equipa de Edição

Coimbra by random eyesRicardo Margarido

Na cozinha com...Cristina, Teresa e Maria de Lurdes

des.LIGAEquipa do projeto des.LIGA da LPCC.NRC

3

Page 4: Antimatéria - edição 9

4

COMO É TRABALHAR?

“Trabalhar não é nada mau!”

por Ana Tomé

Já lá vai um ano e três meses desde que as minhas mãos pararam de tremer e olhei para a plateia que ocupava 1/10 do anfiteatro onde apresentei a minha tese de mestrado! Mais uma etapa terminada! Prognóstico para o futuro: Xis! Engenharia Biomédica significava apostar tudo na consultoria depois de andar 5 anos a queimar pestana! Só que eu, e grande parte da colheita de 2009, não acredito em estatísticas. Resultado da teimosia: 50 currículos enviados ao calhas para todas as empresas de saúde com sede em Portugal e 1 currículo enviado à sorte para uma empresa Sem Nome

no Expresso Emprego. 2 meses depois, a empresa Sem Nome mas afinal de nome B. Braun Medical, sujeitou-me a três fases de entrevistas e em Janeiro acolheu-me. Esta empresa multinacional de origem alemã pensa, fabrica e comercializa produtos para a prestação de serviços em múltiplas áreas da saúde; o seu portefólio cobre áreas que vão desde os cuidados hospitalares clássicos, à Cirurgia, Veterinária ou Hemodiálise. Comecei a transbordar e satisfeita por entrar numa empresa ligada diretamente à saúde e que em troca me pedia apenas para dar tudo de mim, ser uma esponja, aprender a “cozinhar como se cozinha na B. Braun e mais tarde dar o toque pessoal aos pratos!” e

aproveitar a fase cor-de-rosa. Ordem de trabalhos a partir daí: um mês inteiro de formação e um projeto de inventário. Este “presente” de boas vindas não trazia livro de instruções, mas eu aprendi o seguinte naquele primeiro mês intenso:- O caminho começa “virando à esquerda”, à medida que o tempo passa vai-se vendo o ponto de chegada no horizonte e antecipa-se a “melhor jogada”. A lógica permite mudar de direção quando se encontra um obstáculo ou continuar pelo mesmo caminho quando se atinge o sucesso.Então, à medida que o tempo foi passando, depois de muita formação e muitas horas em campo a aprender com os meus colegas, fui solidificando cada vez mais o meu dia-a-dia como Assistente de Business Development Manager. O que faço é desenhado e determinado por uma pessoa com vasta experiência na indústria farmacêutica (ramo onde se encaixa esta empresa que arriscou a minha contratação) e, consoante as necessidades que surgem, isso pode passar por: sessões no Bloco Operatório onde assisto a cirurgias em que os nossos produtos são utilizados e em que é necessário garantir o total funcionamento dos equipamentos ou dar apoio quando surgem dúvidas; fazer uma apresentação sobre a empresa e os seus produtos, consoante o cliente ou o contexto em que me encontro; fazer um “forecast/previsão” de vendas do novo produto extraordinário da BBraun; atravessar parte da Europa para ir a Barcelona ou Berlin ser intensivamente formada, porque sou um bebé e ninguém nasce ensinado…nem mesmo o Engenheiro Biomédico que é “Arauto da Sabedoria” <3; ou, então, atravessar Portugal e ir de Viana do Castelo ao Algarve no espaço de uma semana! Há congressos para preparar, médicos para conhecer, concorrência para avaliar e informação para reter. Sou portanto uma mulher do Marketing e do Desenvolvimento de Negócio! Sinto que traí a Engenharia, mas sou feliz no meio de “pessoas”, onde consigo implementar o lema da minha empresa: Sharing Expertise!

Page 5: Antimatéria - edição 9

5

E passou praticamente um ano desde que comecei nesta empresa incrível. E, se ao princípio fazia o trabalho que NINGUÉM QUERIA fazer, a paciência fez-me crescer e hoje tenho a certeza de que faço o trabalho que mais NINGUÉM CONSEGUE fazer! Sou boa no que faço e, mais importante que tudo, faço-o sem abdicar dos luxos pessoais (por enquanto ;) ). Nem tudo é trabalho, e ser aceite por esta empresa implicou uma mudança de residência e a adaptação a um novo “habitat”. A independência é uma realidade! Gerir o tempo como bem entendo, investir o “ganho” no que me faz feliz e me mantém saudável, são privilégios de que, em estudante, tinha maior dificuldade em beneficiar. Entrar às 8h35 e sair às 18h30 dá-me imenso tempo para ir ao ginásio, ir ao cinema, ir jantar fora, ir às compras… o que eu quiser! antes de cair morta na cama e recarregar a bateria para repetir tudo no dia seguinte. Viver e trabalhar na cidade de Lisboa significa, no meu caso, perder anos de vida no trânsito e, graças a isso, acordar antes das 7 da manhã ou não conseguir, a pé, juntar-me aos meus amigos para jantar, trabalhar, ou só falar por um bocado. E ainda que nem tudo seja um mar de rosas, em Lisboa a oferta é superior, a mistura de pessoas é fascinante e a agitação contagia-nos! Basta começar no Park ao fim da tarde, passar por um jantar numa tasca típica à escolha e subir ao Bairro só para dar

uma “espreitadela”, para perceber que também é possível sentir SAUDADE de uma cidade como a nossa capital! Portanto, se acham que são novos demais para trabalhar e que em Coimbra ficam os melhores anos da vossa vida, não desanimem e desenganem-se! Se calhar a vossa “idade” é exatamente o que se adequa à empresa! No fundo somos todos “bebés” quando começamos e as perguntas parvas são precisamente aquilo de que as empresas precisam para implementar grandes mudanças. Para além disso, trabalhar é sinónimo de ponto final em filmes como este: “Como é que eu vou justificar aos meus pais os € que desapareceram, sem deixar rasto, em menos de um mês? Quando eu sei perfeitamente que pelo menos 25€ ficaram divididos entre o Moelas, a AAC, o RS, o Moelas outra vez e, quem sabe, já agora mais qualquer coisa ali no Bigorna e o “estouro” final foi totalmente investido no NB :o! O meu conselho é: sejam parte da mudança e deixem que a espontaneidade, espírito de companheirismo, “amor à camisola” e SAUDADE que Coimbra deixou, sejam o vosso maior aliado no mundo do trabalho. Acreditem que as empresas procuram cada vez mais pessoas espontâneas, genuínas e intelectualmente extraordinárias, tudo aquilo que o Engenheiro formado em Coimbra consegue ser.

“Portanto, se acham que são novos demais para trabalhar e que em Coimbra ficam os melhores anos da vossa vida, não desanimem e desenganem-se!”

Page 6: Antimatéria - edição 9

6

A SARA EM PISApor Sara Frango Barros

ERASMUS

Por que escolheste ir para Pisa? Tinha preferência por um país do sul da Europa. Acredito que, para nós, pequenos latinos ibéricos, é mais fácil adaptarmo-nos tanto culturalmente, como noutras pequenas coisas (clima, custo de vida, facilidade em viajar) a um ambiente semelhante ao nosso. Depois da pré-seleção de países do sul, limitei-me a Itália, porque é um país enorme, rico em cultura e com muitas opções de destino. Pisa foi a cidade escolhida, num misto de parâmetros geográficos e média de entrada!

Como é o ambiente académico? Tem muitas semelhanças com Coimbra. Dizem ser a cidade dos estudantes, o que nos faz logo sentir um pouco em casa. Ouvi logo na primeira semana um italiano dizer que, em três anos cá, nunca tinha conhecido uma estudante de Pisa, ou como gosto de referi-los, pisinhas, em memória carinhosa aos coimbrinhas.Não é uma cidade que viva das grandes discotecas! Existem três que permitem variar nas quintas e sábados. A parte boa é que são sítios baratos ao contrário das grandes cidades em que se pagam dez euros só de entrada; aqui, conciliando horários, acaba por ser grátis (até para rapazes!). Para quem prefere outros programas, com menos ritmos latinos e ensardinhamento em pistas de dança, também há grande oferta! Muitos programas alternativos, talvez até mais que em Coimbra! Todos os dias existe um concerto de jazz, rock, folk, etc., num velho teatro, café centenário ou praça. Uma cidade muito rica culturalmente. Outra opção é ir para as piazze e conviver com o pessoal. Têm muito o hábito de comprar bebidas e sentar-se no chão, falando e tocando guitarra, nas praças mais famosas (Garibaldi e Cavalieri) onde tipicamente começa, e muitas vezes, acaba a noite. Diz a lenda que é impossível sair da Cavalieri sem conheceralguém novo, ou ver algo ridiculamente aleatório. E até agora confirmo a lenda! Além de tudo isto, o grupo de

Erasmus é muito próximo, com cerca de 400 pessoas, e há sempre alguém a fazer anos, ou a inaugurar uma casa, por isso ficar em casa, só mesmo por opção própria e nunca por imposição da cidade!

Sentiste, em termos de conteúdos disciplinares, mais ou menos dificuldades, em relação ao que estavas habituado? Como ainda não tive os exames finais, que só acontecem em Janeiro e Fevereiro, ainda não sei bem. Mas, em termos de conteúdos, parece-me muito semelhante a Coimbra. A dificuldade está mesmo no facto dos professores não falarem em Inglês e de todos os apontamentos estarem em italiano. A parte boa é estarmos em 2015 e o Google tradutor consegue fazer uma frase com sentido a cada 60% das frases que lá escrevemos. Estou a gozar! É um pouco complicado perceber o material de estudo e leva muito mais tempo para perceber as coisas, mas penso que com algum trabalho tudo se consegue.

Como encontraste alojamento?Vim para Pisa com um hostel marcado para três noites. Quando cheguei fui ao gabinete da ESN, pois sabia que tinham uma lista de casas. Isto ajudou imenso, porque em Itália é muito raro encontrarmos alguém que fale inglês No início, foi muito complicado, porque as casas eram muito velhas e poucas, visto que cheguei um pouco tarde (uma semana antes das aulas começarem).

Page 7: Antimatéria - edição 9

7

PREÇOS DIFICULDADEACADÉMICA TRANSPORTES

CLIMA CULTURAVIDA

NOTURNA

Como são os preços em geral? São, normalmente, semelhantes a Coimbra. Pelo menos no supermercado e transportes. A grande diferença é. talvez, na estadia. Um quarto fica, em média, 300€ por mês, com despesas extra. Viajar desde Pisa pode ser barato, desde que estejamos atentos! A rede de comboios tem muitas ligações por cá. Também existem várias empresas de autocarros (por exemplo, já encontramos uma viagem para Roma a 1€) e, além disso, a Ryanair domina o aeroporto de Pisa, oferecendo preços muito apelativos durante todo o ano. Alguns exemplos de preços, em média, são: café - 1€; Menu Big Mac (com cartão estudante) - 6€; entrada numa discoteca - grátis até certa hora, após 5€; voos low cost para Portugal - 50€.

Como foi com a língua? Frequentaste algum curso?Cheguei com grandes planos de dominar o italiano. Vinha com o nível A2 das aulas da faculdade de letras. Cá, é-nos oferecido um curso grátis durante o ano. Acabei por me inscrever e frequentar algumas aulas, mas com o tempo acabei por escolher outros caminhos na minha vida. Sei os básicos, dizer “olá”, “adeus”, “estou perdida”, e todos os possíveis ingredientes num menu de uma

pizaria. Normalmente, acabo a falar em inglês ou portunholiano (um mix entre espanhol, português e italiano).

Que conselhos darias aos futuros estudantes em Pisa?Pensa bem no plano de estudos que queres. Dá muito, reforço o muito e ponho-o em maiúsculas, MUITO trabalho em mudá-lo cá, pois os serviços académicos de Coimbra têm uma eficiência olímpica chinesa quando comparados com os de cá!Vai às aulas de italiano, podem ser muito chatas e na sala de aula não se apanha Wi-Fi (verdadeira razão da minha desistência) mas ajudam! E quando procurarem casa, se tiverem oportunidade de escolha, tenham colegas de casa italianos, isto vai ajudar a praticar o italiano. Além do mais, eles conhecem sempre as melhores festas e sítios a ir! Tenta vir uma ou duas semanas antes das aulas. Quando cheguei já havia muita gente por cá! Todos amigos e muito viajados, com as melhores casas. Por falar em casa, arranja um colchão extra, vais ter muitos amigos a visitar-te! Pensa bem, vens para Itália, quem é que não vai querer visitar-te? :p Diverte-te muito e não tenhas medo de abordar as pessoas, vais fazer grandes amigos e ter mil historias para contar. Bacio e Arrivederci!

Page 8: Antimatéria - edição 9

Cientista? Será que sou cientista? Ao falarmos num cientista lembramo-nos logo de Albert Einstein! Aquela figura despenteada, distraída, no meio de tubos de ensaio,... Segundo a Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, um cientista é alguém que “exerce uma actividade sistemática para obter conhecimento”. Neste sentido, poderei pensar (esquecendo a presunção) que sou uma aprendiz de cientista! Experimental, sem dúvida; o laboratório é o meu mundo, sempre na tentativa de estudar e perceber um pouco mais e poder descobrir algo útil nalguma vertente da biomedicina. Tirando o laboratório, gosto de viajar, de crianças, de fazer pequenas coisitas inventadas com base em reciclagem! O Natal é a minha época do ano favorita e fazer pequenos presentes, (miminhos) pr’os amigos é um dos hobbies, mas os bolos!... Aquele cheirinho a gengibre, canela, noz moscada, chocolate,.... No meio destas experimentações culinárias, quase sempre sem receita, mas seguindo as bases teóricas que desde pequena fui aprendendo, surgiu a decoração de bolos. As crianças são sempre um bom incentivo e os gémeos lá de casa…melhor ainda! Muita paciência, dedicação, treino, persistência e lá se consegue um resultado melhor. Se os “clientes” reconhecerem os seus heróis nas tentativas de bonecos, a satisfação é grande e o estímulo maior! A inexperiência leva muitas vezes à convicção de que se é capaz de fazer coisas complicadas…mas a técnica é: seguir regras básicas com criatividade e espírito aberto! Aprender o essencial com quem sabe é sempre um bom princípio e depois é treinar e dar asas à imaginação! O que está na moda é o cake design. É uma moda gira e viciante! Fazer decorações a pedido dos amigos, por vezes com detalhes e materiais muito específicos, é aliciante. Bolos cada vez mais elaborados e arrojados ousimples bonecos sujeitos a um tema são um desafio. Os truques e as invenções para tentar dar conta do recado,

em tudo têm semelhanças com a investigação. A cozinha não é mais do que um laboratório cheio de equipamento e reagentes que é preciso saber usar e misturar. O método experimental é posto em prática e a atenção aos detalhes é o segredo do sucesso. Assim como no laboratório, a pressa e a desconcentração são inimigas da perfeição. O registo e a interpretação dos resultados é essencial para o progresso e obtenção de replicabilidade. A divulgação aos amigos é algo que, desculpando alguma vaidade, permite alcançar aquele brilhozinho de que toda a gente gosta, mas a que muitas vezes se finge não dar muita importância. Claro que havia sempre algum pormenor a melhorar e nunca sai tão bem como seria possível, mas o r e c o n h e c i m e n t o é elogioso. Em tudo isto se pode encontrar um paralelo com a investigação. Desde a formulação de um projecto, que se quer assente em bases teóricas sólidas (ou não pudesse o bolo baixar...) e pesquisa aturada, à análise criteriosa dos resultados e a sua apresentação à comunidade científica, passando por uma execução atenta e primorosa, tudo é similar. Não há dúvida: se não fosse cientista, gostaria de ser cake designer!

8

“SE NÃO FOSSE CIENTISTA, SERIA...”por Ana Cristina Santos

Page 9: Antimatéria - edição 9

9

Falar de Coimbra, para mim, é falar de grandes paixões. Entrei em Coimbra em 1988 e vivi nesta cidade mágica momentos únicos que me deixaram marcas e saudades para sempre. Quando falo de paixões, falo de um grande amor que ainda hoje se mantém, dos abraços nas noites no parque com a capa negra traçada, dos projetos de vida. Paixão pelas fitas ao vento, paixão pelo bater da cabra, paixão pela troca de olhares com o Mondego, paixão pelos F.R.A, paixão pela serenata na minha janela, paixão pelos sonhos. Cada recanto desta cidade recorda-me uma história. Conhecia cada degrau das monumentais que subi vezes sem conta. Cada fado que ouvia na Sé Velha fazia-me sonhar e acreditar num futuro cheio de magia. Os versos “Coimbra tem mais encanto na hora da despedida” ou “capas negras de saudade no momento da partida” hoje, mais do que naqueles tempos, levam-me a um imenso pranto de saudade. Ainda hoje olho o Basófias e nele vejo a história mágica da minha juventude. Vivi intensamente toda a praxe académica que é única em Coimbra. Recordo a latada com as dentadas no nabo seguida do batismo aos caloiros. Na Queima das Fitas o tempo não chegava para todos os eventos em que queria participar como o Chá Dançante, as noites no parque, os festivais de tunas, o queimar do grelo, a bênção e o cortejo onde passeava as insígnias sob o olhar orgulhoso

dos meus pais. Não esqueço os almoços e jantares nas cantinas que eram o ponto de encontro com os colegas de outros cursos. Aliás, eu namorava nas filas das cantinas e lá estava sempre aquela figura característica da academia, o Teixeira, a pedir a “moedinha”. As noites de farra durante o ano eram habitualmente à quinta-feira. Aí fazíamos grandes noitadas no 1910, no Sécristia, no Ágora e outros. Íamos também a algumas discotecas como a Scotch, a States, a Via Latina e a Broadway. Mas Coimbra não ficou por simples paixões, eternizou-se com o nascer da Catarina no penúltimo ano do curso. Não esqueço o ultimo cortejo com a minha bebé de cartola. Farras com os amigos, jantares de curso e a Catarina sempre de colo em colo. Voltei a ser estudante de Coimbra em 2008 para fazer o mestrado, mas as emoções foram diferentes. Não encontrei em mim aquela frescura de uma juventude sonhadora... SAUDADE é o sentimento que fica. Com o passar do tempo é cada vez mais difícil escutar uma balada de despedida. Hoje vivo Coimbra através dos meus filhos mais velhos, a Catarina e o Pedro, e envolvo-me como se da minha vida se tratasse. Aplaudo de pé com risos e com choro todos os sucessos por eles alcançados. As minhas paixões por Coimbra não morreram e renascem todos os dias.

por Fátima Sá Silva

CONTA-ME COMO FOI...

Page 10: Antimatéria - edição 9

10

CIÊNCIA EM PORTUGAL

A ciência no mundo tem sido o pé do crescimento do Homem e, consequentemente, conduziu a um melhoramento da compreensão do ser humano, do universo e da proliferação e enriquecimento da informação e do conhecimento.

Portugal também tem tido o seu papel e marcado o seu lugar no mundo do desenvolvimento científico. Graças ao crescimento da FCT em Portugal, as mentes jovens e mestras têm contribuído para um amadurecimento da comunidade científica e para o alcançar de várias metas e descoberta de novos desafios. Nada melhor para provar a nossa presença no mundo da ciência, que mostrar algumas das descobertas feitas ao longo dos últimos anos por investigadores lusitanos. Neste último ano, o contributo dos portugueses manteve-se à altura, com avanços na área da saúde, engenharia, e outros. Como não podia deixar de ser, em Coimbra também foram feitos progressos e derrubadas barreiras em 2015.

Um dos marcos mais recentes foi a descoberta de uma molécula, já patenteada pela Universidade de Coimbra, eficaz no tratamento de vários tipos de cancro. Através de um projeto liderado por Luís Arnaut e Mariette Pereira, envolvendo mais de 40 investigadores e uma equipa de médicos do IPO-Porto, a molécula Redaporfin estará disponível no mercado dentro de 3 a 4 anos. É uma terapia inovadora que permite eliminar células cancerígenas de forma precisa, através da terapia fotodinâmica. O estudo iniciou-se há mais de 10 anos e, utilizando ratos como cobaias, conseguiu-se a cura de 86% da amostra em causa (de acordo com exigentes protocolos de segurança), sem se observarem efeitos

secundários como acontece com alguns tratamentos, como a quimioterapia. No European Journal of Cancer, foi publicado um estudo baseado nestas experiências, que demonstrava “uma taxa de reincidência da doença muitíssimo baixa”, corroborando a eficácia da molécula. Os testes em modelos animais servem de base para os ensaios clínicos que estão a ser efetuados pela empresa Luzitin SA (criada para desenvolver este projeto), em doentes com cancro avançado da cabeça e do pescoço [1].

No campo das energias renováveis, uma investigação à responsabilidade de uma equipa de cientistas do LaserLab da Universidade de Coimbra, em colaboração com a Universidade de Sheffield (no Reino Unido), está a aproximar a produção de células fotovoltaicas de terceira geração, cada vez mais, de se tornar numa realidade. Com este estudo, será possível obter energia elétrica através da radiação solar incidente nas nossas janelas! Estas células serão também mais eficientes e baratas que as atualmente utilizadas. Os investigadores, coordenados pelo português Carlos Serpa e pelo britânico Hugh Burrows, analisaram o potencial de alguns compostos de platina e recorreram a um método sensível de calorimetria fotoacústica, tecnologia unicamente desenvolvida pela Universidade de Coimbra, de modo a determinar a eficiência da transferência de eletrões destes compostos para um material semi-condutor, de modo a aproveitar a energia do Sol. De acordo com Carlos Serpa, os materiais em estudo parecem ser promissores: “apresentam, como grande vantagem, a sua capacidade de intensa absorção”. Os resultados foram considerados “HOT Article” pela revista científica “Dalton Transactions”, da Royal Society of Chemistry” [2].

por Maria Pimentel

Referências:[1] http://www.boasnoticias.pt/noticias_Mol%C3%A9cula-patentada-em-Coimbra-eficaz-contra-o-cancro_23732.html (acedido a 10/12/2015).

[2] http://www.boasnoticias.pt/noticias_Portugueses-querem-p%C3%B4r-janelas-a-produzir-eletricidade_22795.html (acedido a 10/12/2015).

Page 11: Antimatéria - edição 9

11

CIÊNCIA NO MUNDOpor Rita Viegas Rego

Neste mês, no mundo, uma das notícias mais marcantes foi, provavelmente, a primeira fertilização in vitro de cães. Pela primeira vez, uma ninhada de cachorros nasceu da fertilização in vitro, por investigadores da Universidade de Cornell. Este feito vai permitir abrir as portas para a conservação de espécies em extinção, e para a erradicação de doenças genéticas hereditárias que podem provocar a extinção de uma determinada espécie. A maior dificuldade aquando da tentativa deste processo prende-se com o facto do ciclo reprodutivo dos cães ser diferente dos outros mamíferos, tornando difícil a recolha de oócitos para uma fertilização com sucesso. A fertilização in vitro vai então possibilitar aos investigadores armazenar sémen e oócitos de diferentes espécies de modo a poder, um dia, trazer de novo os genes que estes transportam para a gene pool, cuja diminuição é uma das principais causas de extinção [1].

Já em Singapura, um grupo de investigadores descobriu uma maneira de usar a bactéria E.Coli (conhecida por potenciar problemas digestivos) como catalisador de um novo combustível celular, que separa o hidrogénio da água com grande eficiência.

Ainda no presente mês de Dezembro, um grupo de investigação da Universidade de Colorado descobriu que a composição das comunidades microbianas em volta de um cadáver se altera ao longo do tempo. Consequentemente, concluíram que, examinando as concentrações de certos tipos de organismos, pode ser possível determinar o tempo da morte com uma precisão sem precedentes. Até hoje, os investigadores forenses usavam preferencialmente o tempo de vida de uma mosca, de forma a estimar o tempo de decomposição do cadáver, sendo esta informação bastante vaga. Este novo conhecimento pode fornecer informações vitais sobre o papel da matéria orgânica morta em ciclos de grande escala que afectam ecossistemas inteiros [2]. Para concluir, trazemo-vos uma última notícia, esta na área da Física: Uma pequena equipa de investigadores na Universidade da Califórnia encontrou uma maneira de conseguir encontrar um curto sinal de rádio, num conjunto de ruído de fundo. No seu artigo, a equipa descreve a sua técnica, como esta funciona e a precisão de sucesso com as suas aplicações [3].

Referências:[1] http://esciencenews.com/articles/2015/12/09/research.leads.first.puppies.born.vitro.fertilization (acedido a 12/12/2015).

[2] http://www.iflscience.com/plants-and-animals/corpse-decomposers-could-provide-accurate-death-clock (acedido a 12/12/2015).

[3] http://phys.org/news/2015-12-optical-technique-radio-background-noise.html (acedido a 12/12/2015).

Page 12: Antimatéria - edição 9

12

PERGUNTAS E RESPOSTAS EM ENTREVISTAS DE EMPREGO1. Fale sobre si.O entrevistador não deverá querer uma resposta breve. Devemos falar sobre algo que realmente nos possa destacar dos outros candidatos e, sobretudo, que promova uma discussão.

2. Descreva o melhor e o pior chefe que já teve.Devemos descrever o que melhor aprendemos. Na verdade, não importa se foi o melhor ou pior chefe que já tivemos. Podemos, ainda, entrar por clichés de lições de vida e afirmar, tal e qual: “Com os bons chefes, aprendi o que fazer e, com os maus, o que não fazer”.

3. Descreva quais os seus objetivos profissionais.O recrutador não estará interessado em conhecer as nossas decisões. Devemos passar a mensagem de que não enviámos o currículo por acaso, mostrando que damos valor e conhecemos a empresa e a proposta de emprego, que temos valor para oferecer por “esta e aquela” razão e que achamos esta uma ótima oportunidade para apreender novas experiências.

4. Prefere trabalhar sozinho ou em equipa?Temos, necessariamente, de estar aptos a trabalhar das duas formas. Devemos oferecer exemplos que corroborem a nossa afirmação.

5. Dê alguns exemplos de trabalho em grupo.Devemos oferecer exemplos válidos de trabalho em grupo. Claro que os da faculdade também serão válidos, em caso de necessidade.

6. Já teve dificuldade em trabalhar com algum gestor?Esta pergunta deve ser respondida com especial atenção. Em caso afirmativo, não devemos dizer que os nossos problemas se deviam a motivos banais, mas sim, porque tínhamos opiniões e expectativas diferentes. Não devemos exagerar nas críticas a antigos chefes.

7. Como lida com a pressão?Mais uma vez, caindo em clichés: “Eu lido com situações, não com pressão ou stress. Eu trabalho e resolvo o problema, não o stress.”

8. Quais são as suas aspirações salariais?Antes de mais, devemos pesquisar qual é a média salarial para a nossa profissão. Devemos citar o salário base da nossa ocupação e esperar uma proposta. Depois, podemos dizer que vamos pensar ou, simplesmente, podemos recusar. A resposta negativa pode oferecer um salário mais alto, mas é uma estratégia muito arriscada. Temos de agir de acordo com as nossas necessidades.

Page 13: Antimatéria - edição 9

13

PERGUNTAS E RESPOSTAS EM ENTREVISTAS DE EMPREGO

Adaptado de: “As melhores respostas às perguntas mais frequentes em entrevistas de emprego”, http://noticias.universia.pt/

destaque/noticia/2013/02/26/1007169/as-melhores-respostas-as-perguntas-mais-frequentes-em-entrevistas-emprego.htm

(acedido a 01/12/2015).

9. Como se descreveria?Antes de respondermos, é essencial pensarmos na empresa e posição à qual nos estamos a candidatar. Depois, devemos comentar os nossos pontos fortes em poucas frases.

10. Que tipo de ambiente de trabalho preferes para trabalhar?Podemos responder que somos profissionais flexíveis. Podemos aproveitar e perguntar como é o ambiente de trabalho na empresa.

11. Por que quer trabalhar aqui?Para respondermos bem a esta pergunta, é importante que tenhamos feito algum trabalho prévio à entrevista e que nos tenhamos informado bem sobre a empresa. Depois, devemos pensar no que ela nos pode oferecer a nós, tendo em conta as nossas competências, objetivos e metas futuras. Esta é, sem dúvida, uma resposta essencial, da qual dependerá a nossa contratação.

12. Quais são as suas metas para o futuro?Aqui, deveremos relacionar as nossas metas com as da empresa e com a nossa profissão.

13. O que é que lhe agradava e o que é que não gostava no seu último emprego?Mais uma vez, não devemos exagerar ao falar mal da nossa antiga empresa, para não levarmos o recrutador a achar que faremos o mesmo no futuro. Podemos aproveitar para falar sobre nós mesmos e sobre o nosso estilo. Isto, para o entrevistador perceber que nos vamos adaptar à empresa.

14. O que aprendeu com os seus erros?Devemos dizer a verdade e dar exemplos de algo que correu mal e que conseguimos corrigir.

15. O que lhe interessa neste trabalho?A melhor forma de responder a esta questão é descrever a própria vaga. Essa resposta deverá funcionar.

16. Por que devemos contratá-lo?Devemos dar exemplos concretos do que já fizemos até aí e do que podemos fazer na empresa. Podemos falar, também, sobre os nossos conhecimentos e experiência na área.

Pelouro das Saídas Profissionais

Page 14: Antimatéria - edição 9

14

d

f

gp

t

Realizado em 1986 por David Lynch, Blue Velvet (Veludo Azul), é um exemplo de um filme neo-noir, que conta com traços de surrealismo e suspense, embrulhados numa intrigante trama policial. O enredo passa-se em Lumberton, uma aparentemente serena cidade norte-americana, onde Jeffrey Beaumont (Kyle McLachlan) encontra uma orelha humana em plena luz do dia num terreno baldio. Interessado em desvendar o mistério, Jeffrey entrega a orelha ao detetive Williams (George Dickerson), seu vizinho, mas pouco tempo depois descobre que as investigações não estariam a ser eficientes e determina-se ele próprio, com a ajuda da filha do detetive, Sandy (Laura Dern), a revelar os segredos por detrás deste bizarro cenário. Sandy é a ponte que leva Jeffrey a conhecer uma atraente e perturbada cantora de boate, Dorothy Valens (Isabella Rossellini). Esta “mulher de veludo” incita estranhos sentimentos a Jeffrey, que

tenta penetrar-lhe a mente e toda a perversidade ao seu redor para posteriormente descobrir o autor dos vários crimes que violavam a tranquilidade da sua cidade natal. Esta longa-metragem é rica em cenários sombrios, muito erotismo, sangue e o despudor do crime sendo que a alma massacrada de Dorothy Valens torna o enredo particularmente dramático, uma espécie de eterno inferno no mundo terrestre. A sonoridade da canção principal, Blue Velvet (originalmente interpretada por Tony Bennet) também indicia a melancolia da história de Dorothy e do rumo que a sua vida levou. Por muitos considerado a nata do trabalho de Lynch, o cineasta, através de acontecimentos que soam irreais, sugere toda uma amarescente realidade escondida para além dos muros da sociedade norte-americana, que pretende servir de modelo para o mundo civilizado.

ESTE FILME É MESMO BOM!

Alexandre Chambel

Blue Velvet (1986)David Lynch

É inquestionável a influência da literatura russa no panorama artístico global ao longo do tempos. Esta, pautada por fanatismos quase doentios e angústias levadas ao extremo, influenciou áreas tão díspares como a política, a filosofia e a psicologia. Fiódor Dostoiévski é um dos autores russos mais aclamados do século XIX. A sua obra “Crime e Castigo” contribuiu grandemente para o elevar a tal estatuto. Esta relata a história de Raskólnikov, um jovem estudante de Direito atormentado pela necessidade de fazer algo grandioso da sua vida. Segundo ele, a humanidade estava dividida em homens vulgares e homens extraordinários; estes últimos distinguiam-se da plebe por serem dotados de grandiosas capacidades intelectuais, o que lhes dava o direito de se distanciarem das leis que regem a sociedade. Líderes como Napoleão ou César pertenciam a este segundo grupo, por terem desbravado mundos novos e catapultado a civilização, apesar de tais feitos terem custado a vida a muitos. Aos olhos de Raskolnikóv, um

génio como Newton teria todo o direito a matar milhares, se disso dependesse a partilha das suas descobertas com o resto da humanidade. Este tipo de pensamentos levou-o a cometer dois assassinatos de indivíduos que, segundo Raskólnikov, eram meros parasitas – ele sentia, na verdade, estar a realizar uma boa ação. A partir deste momento, toda a narrativa se desenrola à volta do sentimento de culpa que passa a atormentar o personagem e do seu desejo de expiar o pecado cometido. Esta angústia é, durante toda a obra, narrada num estilo magistral pelo autor e fervorosamente vivida pelo leitor de um modo doloroso, quase febril, como é já tão característico na literatura russa. Recomendo vivamente a leitura de “Crime e Castigo”, pela sua riqueza em termos políticos e filosóficos, e pela influência que ainda exerce no quadro da literatura mundial. Uma obra talhada de exploração profunda da psique, ao bom estilo de Dostoiévski. Imperdível.

O LIVRO QUE ME MUDOU...

Mariana Rajado

Crime e Castigo (1886)Fiódor Dostoiévski

Page 15: Antimatéria - edição 9

15

O ÁLBUM DA MINHA VIDA...Stories (2015)Avicii

Avicii marcou a sua própria identidade no mundo da música, quer pela sua capacidade de unir a música eletrónica com os mais variados estilos musicais, quer pelas melodias baseadas em piano e em guitarra. Stories, o seu último álbum, conta com a presença de grandes nomes da música ocidental como Wyclef Jean, Gavin Degraw, e Martin Garrix. Desde os grandes hits das pistas de dança como “Waiting For Love” ou “For a Better Day”, até sons mais calmos e profundos como “Gonna Love You” ou “Ten More Days”, este álbum é muito variado, prometendo ser algo mesmo contagiante. “Pure Grinding” é um tema singular, não só pelo facto de unir EDM (Electronic Dance Music) com rap, como por nos inspirar a darmos sempre mais de nós mesmos, tornando-a perfeita para playlists de exercício físico. Temos ainda o exemplo de “Can´t Catch Me”, que junta reggae com EDM: um som inédito de se ouvir. Para os que procuram algo mais calmo, “Ten More Days” é uma das opções que recomendo.

A harmonia entre a melodia e a letra/voz cria um ambiente sereno que nos convida a esquecermos o mundo que nos rodeia e a entrarmos em sintonia com a nossa “voz interior”. Existe ainda uma participação especial de Chris Martin, vocalista dos Coldplay, que dá voz e piano a “True Believer”, sendo o resultado algo cativante e eletrizante. E para quem ouviu o álbum lançado anteriormente, e gostou de temas como “Wake Me Up” ou “Hey Brother”, Stories continua esse estilo através de “Trouble” ou “Broken Arrows”. Este álbum contém uma produção conjunta com Martin Garrix, “Waiting For Love” lançada em maio, e que ainda hoje permanece no topo das listas de música mais ouvida por todo o mundo. No seu novo álbum, Avicii apresenta 14 das razões pelas quais é considerado um dos melhores DJs do mundo. Recomendo-vos vivamente a retirarem um pouco do vosso tempo e deixarem-se contagiar pela música.

João Valentim Cafôfo

HD

Bernard Cornwell tem, em seu nome, inúmeras séries literárias de grande sucesso (como “The Warlord Chronicles” e “The Sharpe Stories”). Conhecido pelas suas magistrais narrativas de guerra e pela capacidade ímpar de recriar acontecimentos e personagens reais do passado, uma de suas obras-primas foi, finalmente, adaptada para a televisão. Trata-se da série “The Last Kingdom”, que adapta os dois primeiros livros da aclamada saga “The Saxon Stories” e que conta pelos olhos de um guerreiro saxão a história da grande invasão dinamarquesa à Grã-Bretanha (na época, Ilha Britânica, separada em diversos reinos) e da posterior reação dos povos saxões, que acaba por levar à unificação dos quatro reinos que vieram a formar a Inglaterra. Uhtred, o protagonista e narrador desta história, é o filho e herdeiro do senhor das terras de Bebbanburg (atual Bamburgh – norte da Inglaterra). Com a morte de seu pai que ocorre em batalha na invasão dinamarquesa ao reino da Nortúmbria, Uthred, ainda criança,

é capturado como escravo por um dos líderes inimigos, que, depois de um tempo, o adota como filho, criando-o nos costumes do seu próprio povo. O menino passa, então, a adorar os deuses pagãos, aprende a ser um soldado viking e acostuma-se à cultura de liberdade dos nórdicos. Entretanto, reviravoltas ocasionadas por um terrível acontecimento fazem com que Uhtred abandone a vida como dinamarquês e lute pelo exército saxão comandado pelo lendário rei Alfred, O Grande (ao mesmo tempo antagonista e co-protagonista da história) na defesa do último reino restante do território inglês. O elenco da série conta com alguns nomes consagrados como Ian Hart e Rutger Hauer. Alexander Dreymon, de “American Horror Story”, e David Dawson dão vida aos protagonistas Uhtred e Alfred, respectivamente. A série é bem produzida, cativante e melhora progressivamente ao longo dos episódios. Vale mesmo a pena conferir!

Gabriel Sardinha

A MONALISA DAS SÉRIESThe Last Kingdom (2015)Bernard Cornwell

Page 16: Antimatéria - edição 9

NATAL EM COPENHAGA

por Rita Roque

Não há nada como abrir os presentes na véspera de Natal; as crianças que o digam! Depois de dias, semanas, meses, um ano inteiro de comportamento exemplar para terem cartão verde sobre qualquer desejo, chega o esperado momento de abraçar os presentes e de os abrir um a um, rasgando, desenfreadamente, aquilo que deu tanto trabalho a embrulhar.Mas, antes do conteúdo da prenda aparecer ao mundo, existe todo um momento de suspense, toda uma interrogação da mente que nada sabe: será?, não será?, é mesmo?, não, não pode ser... mas tem de ser! Neste instante, a prenda encarna todas as realidades imagináveis ao mesmo tempo: é todas as bolas de futebol, todas as bonecas que se viram nos anúncios, todos os brinquedos do catálogo que veio por correio no início do mês! Quem sabe se até não se trata de um gato (esteja ele vivo ou não - não interessa; até pode apresentar os dois estados ao mesmo tempo, se a imaginação der para tanto!) e tudo isto por causa da incógnita que está lá dentro. É certo que, ao avaliar o peso desta “caixa negra”, muitas das hipóteses são, automaticamente, eliminadas (toda a gente sabe que um elefante médio pesa muito mais do que alguma vez alguém seria capaz de levantar!) e o leque de opções fica ainda mais reduzido se se abanar o embrulho e se medir a reação do conteúdo, pelo ouvido. E, no verdadeiro momento em que se rasga o papel de

embrulho, já não há nada a fazer; a imaginação já não é capaz de emendar um presente que já foi visto, o pijama já não pode ser o carrinho de bombeiros que tanto se pediu ao Pai Natal. Porém, todas estas sondagens são interações com o sistema em estudo e toda a gente versada em física sabe que o resultado num sistema deste tipo é afetado pelo próprio ato de olhar para ele; quem sabe se, aberta de outra maneira, rasgada noutra direção, desembrulhada com outro sorriso, a prenda apresentaria um conteúdo diferente daquele que acabou de ser exposto? Às tantas, se tratássemos o embrulho com mais jeitinho, teriam surgido as esperadas botas de ski, em vez das meias polares quase iguais àquelas que se têm calçadas. Se tivéssemos sido mais pacientes pela meia-noite - quem sabe? -, talvez o envelope, ao ser aberto, tivesse colapsado numa quantia de notas bem mais generosa. No entanto, é esta faceta quântica, que a mente confere à natureza da prenda, que sustenta todo o fenómeno de surpresa; é toda a incerteza à volta deste mistério que constitui a magia deste momento tão próprio da infância. E, para os mais cautelosos, se não quiserem ser desiludidos com as prendas recebidas na véspera de Natal, deixem o embrulho fechado e quietinho no seu lugar; assim, não há observável que levante a sobreposição da melhor prenda do mundo!

16

Page 17: Antimatéria - edição 9

As cronicasda Joana Olá. Estão a pensar quem é que eu sou não é, meus malucos? Nunca ouviram falar de mim, não estudo Biomédica e nem sequer ando na vossa universidade. Então por que raio é que estou a escrever para o vosso jornal? Também não sei. Mas eu vou apresentar-me. Eu sou a Joana. A Joana Machado. Já estão a ver? Pronto, a Joana Machado Madeira. Agora já? Ainda não? Sou a mulher do Eduardo Madeira. Sim. Aquele humorista que aparecia vestido de mulher nos contemporâneos. Sim. O que faz de Jorge Jesus. Finalmente já estão a ver. Pronto. Mas hoje e aqui eu sou a Joana ok? Estudei na Escola Profissional de Teatro de Cascais, faço Stand Up Comedy, tenho um blogue e escrevi um livro. A Marmelada Mata. Vão ao Google pesquisar que está lá uma série coisas sobre mim. E algumas até são verdadeiras. Bom, decidi começar a partilhar com vocês todos os meses aqui no jornal coisas que ache super desinteressantes, ou coisas que me passem pela cabeça durante esse mês. Não é que tenha alguma utilidade, mas tenho que escrever sobre alguma coisa. Para este mês escolhi como tema o sexo! Porquê? Porque quando se anda na universidade faz-se muito sexo. Sexo à doida. Pelo menos é o que eu acho. E se não fazem deviam fazer. Nas queimas faz-se muito sexo. Pelo menos, foi o que me contou uma amiga depois de uma noite na queima de Évora. Eu não sei. Na escola de teatro nunca fiz sexo. Também já era casada. Mas mesmo que não fosse, não fazia. Os artistas dizem que são mais intelectuais e fazem sexo só na sua cabeça. Bem, mas hoje cheguei a uma conclusão. Quando estava a pensar neste tema, percebi uma coisa. Há muita gente que não é boa a fazer sexo. Não é, pronto. Não nasceu com esse dom. Acontece, eu também não sou boa a passar a ferro. Há pessoas que não sabem fazer sexo. Na verdade não sabia que havia pessoas que não sabiam fazer. Eu sempre soube fazer sexo. Pensava que todos sabiam. Afinal, qual é a dúvida? Não é assim tão difícil. Mas aparentemente há pessoas que não sabem. Que estranho. É quase como respirar. Já devia vir incluído. Se a pessoa não sabe fazer sexo, será boa em quê? Que coisa mais estranha. Será que as pessoas sabem quando não são boas?

Não devem saber. Ninguém lhes deve contar. Só fogem. Era o que eu faria. Eu fugia a sete pés. E nunca mais lhe falava. Eu sei. A pessoa não tem culpa. Mas não ia ter coragem para lhe contar. Graças a Deus nunca conheci ninguém assim. Ou seja, nunca conheci ninguém que fosse mau no sexo e também que fugisse de mim por eu ser má a fazê-lo. Mas também, não tive muitas pessoas a fazer sexo comigo. Quando digo Pessoas, digo homens. Não sou lésbica. Mas até podia ser. O Quintino Aires diz que somos todos bissexuais. Se calhar um dia acordo e sou lésbica. Não sei. Não sei como é que isso funciona. Se algum dia acontecer, eu conto. Mas para já estou bem assim. Deve ser muito chato não saber fazer sexo. Porque tem-se a vontade. Tem-se a pessoa e depois não funciona. Corre tudo mal. Tenho que tentar conhecer alguém que não seja bom. Para me contar como é. E depois como é que se ensina essa pessoa? A falar? A fazer? Não sei. Vocês já tinham pensado nisto? Imaginem. Conhecem alguém. Super giro. Vão jantar. Beijam-se. Depois queremos avançar. E ela não avança. Eu pensava logo: olha-me este totó. Então tanta coisa e agora nada? E essa pessoa afinal está apenas com medo de não saber como se faz sexo. Oh porra, lembrei-me agora que uma vez isto já me aconteceu. Coitado. Ele não deve saber fazer sexo. Foi isso. Vou-lhe ligar. Mas não lhe posso ensinar. Vou-lhe dizer o básico. Vai praticando. Com a mão ou assim. E depois com pessoas mesmo. Mas isso já ele deve fazer. Coitado, nunca vai fazer sexo à doida. Como vocês. E eu.

17por Joana Machado Madeira

Page 18: Antimatéria - edição 9

18

Inauguração da nova

sala do NEDF/AAC

Recolha Solidária para as Associações Cozinhas Económicas Rainha Santa Isabel

1ª jornada da Liga DF

ACONTECEU NO NÚCLEO...

Page 19: Antimatéria - edição 9

19

Night Runnersdo Departamento de Fisica

Decoração de Natal

do DF pelas meninas

do Colégio Casa da

Infância Doutor Elísio

de Moura

1º Ciclo de Cinema: V for Vendetta

ACONTECEU NO NÚCLEO...

Page 20: Antimatéria - edição 9

COIMBRA by random eyes

20

as escolhas de Ricardo Margarido

Partilha as tuas fotos com o nosso hashtag!

Zona por cima do Continente, atrás de uns prédios: lindo e relaxante;

Penedo da reflexão: raramente se encontra lá alguém e tem uma vista espetacular!;

Casa do chá no Jardim da Sereira: no Inverno é super aconchegante!;

Choupal: é sempre agradável!

Sugestões do mês:

Page 21: Antimatéria - edição 9

21

#coimbrabyrandomeyes

Page 22: Antimatéria - edição 9

22

Projeto des.LIGAEducação para a saúde no meio universitário

O des.LIGA é um projeto da Liga Portuguesa Contra o Cancro (em pareceria com a Associação Académica de Coimbra), que promove ações de educação para a saúde e prevenção do cancro no ensino superior, composto por um grupo de voluntários universitários.

Sabias que?

O consumo de tabaco é a principal causa de morte evitável, morrendo, anualmente, cerca de 6 milhões de pessoas em todo o mundo devido ao consumo ou exposição ao fumo de tabaco. Prevê-se que em 2030 mais de 8 milhões de pessoas morrerão por doenças diretamente relacionadas com o tabaco. O consumo de tabaco é ainda considerado como um importante fator de risco para outros tipos de cancro. Descobre alguns destes tipos de cancro, no desafio que te apresentamos.

Encontra os 8 tipos de cancro associados ao tabagismo.

A Y S T O L D E V I L AF U H G A R G A N T A HG P B O C I R W V N R RP E U E R H J A R B I RU C S L F A G H I F N IL A O O M F U R T E G NM R I P F A R I N G E EI B O C A A O M E C A DT A R I J O G Q L A B NJ A R V B C X O I K D AK T B E X I G A E Q M ZE L A R I N A R T O E R

Receitas com... a Cristina, a Teresa e a Maria de Lurdes

Bolo de MármoreIngredientes: 6 ovos, 2 chav. de farinha com fermento, 2 chav. de açúcar, 1 colher de sopa de manteira, raspa de limão q.b., 1 pacote de natas, 1 colher de chá de fermento e 2 colheres de sopa de chocolate em pó.

Batem-se as gemas com o açúcar, misturam-se as claras batidas em castelo alternando com a farinha

e o fermento, junta-se a manteiga amolecida (ou à temperatura ambiente), as natas e a raspa de limão. Divide-se a massa em duas partes e, numa delas, coloca-se o chocolate. Na forma, envolve-se suavemente (com um garfo) a outra parte, na massa que continha o chocolate. Vai ao forno a cozer.

Bolinho de CenouraIngredientes: 1kg de cenouras descascadas, 200g de açúcar, 500g de farinha com fermento, 4 ovos e 1 colher de chá de fermento em pó.

Cozem-se as cenouras, passam-se pelo passevite (ou esmigalham-se com um garfo), junta-se o açúcar, o fermento e os ovos. Leva-se a fritar e polvilham-se com açúcar a canela.

Pão de LóIngredientes: 6 ovos, 250g de açúcar e 125g de farinha com fermento.

Separam-se as gemas das claras e batem-se as últimasem castelo. Batem-se as gemas com açúcar e mistura-se a farinha alternadamente com as claras em castelo. Vai ao forno a cozer.

Page 23: Antimatéria - edição 9

23

FICHA TÉCNICAMorada

Rua Larga, Departamento de Física,Sala C8, 3004-516 Coimbra

[email protected]

Editor ExecutivoCatarina Oliveira

Equipa de EdiçãoCatarina Sá Silva, João Pereira, Maria João Carriço, Maria Pimentel, Mariana Rajado,

Nuno Pinheiro, Ricardo Margarido, Rita Neves, Rita Viegas Rego

Capa e IlustraçõesCatarina Oliveira

Equipa de DesignRita Viegas Rego, Catarina Oliveira

Equipa de RevisãoDiana Rodrigues, Nuno Pinheiro

Page 24: Antimatéria - edição 9

ANTIMATÉRIA

Dezembro 2015NEDF/AAC