angústia como conceito operatório - vitor moita

10
Análise Psicológica (1983). 1 (IV): 5-16 1 ,1 :1 ,I ,I II ! 'I ~ Ij 'I 11 ;i ,: i I j II A angústia como conceito operatório . ' na técnica projectiva de Rorschach (*) \ J -- , -Atécnica projectivade Rorschaché, segu- ramente, uma das mais 'estudadas e pode- ,rosas técnicas clínicas paIp.' a recolha de dados referentes às modalidades' de funcio~ naInento psíquico humano. No entanto, certos meios ligados à iriv'estigaçãoe à prá- tica psicológicas recusam a. utilização das . . técnicas projectivas em ger~, e a técnica, . de Rorschach em particular; invocando uma' .. pretensa p<Jbreza do seu quadro teórico de referência, uma operacíonalidade redUZida .e a duvidosa significação dos dados assim obtidos.' . Algumas das razões invocadas têm a sUa origem em factos incontestáveis que deverão ter-st. Cill cont:L No que se refere à t~::nica de. ROl'schach, o empirismu dos estudos que conduziram a uma primeira estan'dardiza- ção, e o desaparecimento precoce do seu autor impediram a elaboração de um sólido quadro teórico de referência (Beizmann, 1974; Rausch de Traubenberg, 1976). '-../ . no... .. - "---"'~--'_"m - . ('") Adaptação do capo IV de Moda/ités de réponse: ou Rorschach et sta/ut sociomélrique chez lt::s pré-adolesceTlts: contrib:..:lion à I' étude de la personnalilé du gorçon pubêre, tc:se de dou- toramento em Psicologia aprc:sentada na Univer- sidade de Paris V {Sorbone), Maio, 1982. ("") Psicólogo no Centro de Saúde Mental In- fantil e Juvenil de Lisboa. Doce:nte no ISPA. VICTOR MOITA (**) ~, Aliás, os..pr2..b!~I!1~_de..estana:ar~izaçq,o e E-le.!içãq dos termos projectivos permanecem de. difícil resolução, e algum~.~~ç.sLeS .d~~ ---' n '" -_o- ,'o.' siCaseni psi~.?I12~~?a,.._~aiscC?q:t.§. ~eliÊ.fJi.li~' . daile, fidelidade e vcilidade mostram-se, aqui, de .operàciõrialidãàe redúZida, ~lo' :menõs. nos meSmõs '-têmlos'-e~'qri~ -~~-t;.tiliZadas para defin!L~~J~s~~-(An7ieu,1980): E pc; isso que cada vez mais se põe em. dúvida a adequação do termo «teste» quando .apli- cado a estas técnicas de natureza essencial- mente clínica- .' Apesar de tudo, estas dificuldades não são uma razão 'suficiente para pôr de lado um conjunto de técnicas - e, nomeadamen- te,a técnica de R::>rschach - que se pcd~i;! corisidÚar justific2.d:.JIDcate COfi':- conc;eti. zações exemplares de metodologia específica da psicologia e em total conformidade com o. seu modelo epistemológico. Admite-se que o método subjacente a estas provas será., de algum modo, diferente daquele que funda- menta 9S testes psicométricos, em sentido -réstríto"-No-cntanTõ;ã-.metooologíã':profec~'" tiva e a metodologia psicom~tDça-i1'ã'ose opãêm. A maleabilidãde e pcider ':d~' disc~i=-r minaÇã'~.cli~ica da primeira 'compensará em Q!Ji.m~~.~aD~i~.e:--ti~í;i _~ert~ rigid~z ..e:.ngor .estatí.~tico_..cta_~gum;t;!,_!(na pr~tica efes:~iv~- ?o conhecimento do outro>! (Anzieu, 1980).. 5

Upload: termoplana

Post on 06-Jun-2015

472 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Angústia como conceito operatório - Vitor Moita

Análise Psicológica (1983). 1 (IV): 5-16

1

,1:1

,I,I

II

!

'I~Ij'I11

;i,:

iIjIIA angústia como conceito operatório. '

na técnica projectiva de Rorschach (*)\ J

--

, -Atécnica projectivade Rorschaché, segu-ramente, uma das mais 'estudadas e pode-,rosas técnicas clínicas paIp.'a recolha dedados referentes às modalidades' de funcio~

naInento psíquico humano. No entanto,certos meios ligados à iriv'estigaçãoe à prá-tica psicológicas recusam a. utilização das .

. técnicas projectivas em ger~, e a técnica,. de Rorschach em particular; invocando uma'.. pretensa p<Jbreza do seu quadro teórico de

referência, uma operacíonalidade redUZida.e a duvidosa significação dos dados assimobtidos.' .

Algumas das razões invocadas têm a sUaorigem em factos incontestáveis que deverãoter-st. Cill cont:L No que se refere à t~::nicade.ROl'schach, o empirismu dos estudos queconduziram a uma primeira estan'dardiza-ção, e o desaparecimento precoce do seuautor impediram a elaboração de um sólidoquadro teórico de referência (Beizmann,1974; Rausch de Traubenberg, 1976).

'-../

. no... .. - "---"'~--'_"m -.

('") Adaptação do capo IV de Moda/ités deréponse: ou Rorschach et sta/ut sociomélriquechez lt::s pré-adolesceTlts: contrib:..:lion à I' étudede la personnalilé du gorçon pubêre, tc:se de dou-toramento em Psicologia aprc:sentada na Univer-sidade de Paris V {Sorbone), Maio, 1982.

("") Psicólogo no Centro de Saúde Mental In-fantil e Juvenil de Lisboa. Doce:nte no ISPA.

VICTOR MOITA (**)~,

Aliás, os..pr2..b!~I!1~_de..estana:ar~izaçq,o eE-le.!içãq dos termos projectivos permanecemde. difícil resolução, e algum~.~~ç.sLeS .d~~---' n '" -_o- ,'o.'siCaseni psi~.?I12~~?a,.._~aiscC?q:t.§.~eliÊ.fJi.li~'.daile, fidelidade e vcilidademostram-se, aqui,de .operàciõrialidãàe redúZida, ~lo' :menõs.nos meSmõs'-têmlos'-e~'qri~-~~-t;.tiliZadaspara defin!L~~J~s~~-(An7ieu,1980): E pc;isso que cada vez mais se põe em. dúvidaa adequação do termo «teste» quando .apli-cado a estas técnicas de natureza essencial-mente clínica- .'

Apesar de tudo, estas dificuldades nãosão uma razão 'suficiente para pôr de ladoum conjunto de técnicas - e, nomeadamen-te,a técnica de R::>rschach - que se pcd~i;!corisidÚar justific2.d:.JIDcate COfi':- conc;eti.zações exemplares de metodologia específicada psicologia e em total conformidade como.seu modelo epistemológico. Admite-se queo método subjacente a estas provas será., dealgum modo, diferente daquele que funda-menta 9S testes psicométricos, em sentido

-réstríto"-No-cntanTõ;ã-.metooologíã':profec~'"tiva e a metodologia psicom~tDça-i1'ã'oseopãêm. A maleabilidãde e pcider ':d~' disc~i=-r

minaÇã'~.cli~ica da primeira 'compensará emQ!Ji.m~~.~aD~i~.e:--ti~í;i_~ert~ rigid~z ..e:.ngor.estatí.~tico_..cta_~gum;t;!,_!(na pr~tica efes:~iv~-?o conhecimento do outro>! (Anzieu, 1980)..

5

Page 2: Angústia como conceito operatório - Vitor Moita

:'~~""""~~ ,~~",~,,~-, ~ ,-

""'-"'~_-_h'_,.__",_" "..-, '--,,-

""--'---,- ".." '--" --,,- --'--"---

--',- ," "",,'

' "

"',,-,-,,,._>->- '~"":,;;-;;:,.~ II~-~,.-'~-

" " :-,~/gtf~~~'

'/c\~"r,"' 1_,..' ,\ \A ".. '

,

""

,

'

,

5t;'~~f

,

i

,

"

,

;"

,

'

,

.t

.

'

"

"J"

,,

'

,

~

,,,

'

'

C

,,

"~

'

C

]'"'

,

" :, ',:;""'"

'~\=cl~~~ \>/ ,J,~~;:\;~~~~:=; "L,,'"injustificável de que as técnicasprojectivascontêm em si mesmas um valor, heurísticoque em nenhuma circunstância !>e;tÍ~giti;;;"atribUÚ"-lhes.É ainda Rausch de Trauben-

berg que afinna: «se admitirrnosque astécnicas projectivas podem ser explicitadasem termos conceptuais diferentes, devemoscom efeito precisar as relações existentesentre técnicas projectivas e teorias de con-dicionamento, te9ria da percepção, teoriacognitiva, teoria de campo; teoria da.comu-nicação, teoria do nível de adaptação eteoria psicanalítica» (Rausch de Trauben-berg, 1974, p. 3).

Sem nos determos !,de f9rma exaustivana análise das relações teóricas eXistentes,entre .os sistemas teóricos mencionados e a

'técri!caprojectivadeRorschach, ,pretende-mós. apresentar neste, texto as coordenadasteóricas fimdament?-is, subjacentes à utiliza-ção que fazemos do ROrSchach.Não tere-mos a: preocupaç~o de distinguir uns, dosoutros os sistemas teóricos que lhe estãoimplícitos. Trata-se antes' de enunciar umasérie' de postulados que, no seu conjun'to,constituirão o quadro' teónco de referênci~específica para a interpretação dos dadosrecolhidos através do Rorschacb. Não qei-xaremos. no entanto, de'.referir à' impor-tâncIa atribuída a conceitos ou a um modelode discurso decorrente de algumas teoriasparadigmáticas da psicologia., nomeada-mente da teoria de campo de Le',vin e,sobretudo, da tccria IGicanaEtic.a.

e,.-~,

~,

~,

"~1--~,~'~'

~'

~'

~,

~'

1;,

I;,

C-.

~,

e~~~.~'

I~.~~~~~ee,eeeeeeeeeeeee'~~~~e:~c:c:c:(;lIi

/:<:;;1~~W';!i';~~";V;~~;i>f.~"",~,,;q'~',*1'~;'E"'f:;;rf;~""?F""';'-":~";""':\q~r~"~ft;~-;t:~;;~~f..~,\'~;~','i~%'i~-;'i,Z?r:;~":,7o~~~:t:;.tf1';:'?::~;';':~(~;>t~,'7"";r(~t!?t';':",".;:"',' ',,'

('---'i

A este respeito será interessante transCre-ver a afirmação de Rausch de Traubenberg(1974, p. 16), referindo-se à utilização - se-gundo perspeCtivas psicológicasnovas~, dasituação projectiva em geral e da técnica«ie Rorschach em particular:,,/«0 Rorschach, ao qual certos, recusamo qualifica.tivo de perceptivo enquanto ou-tros lhe negam o qualificativo de projectivo,já não é considerado como um teste, mascomo uma técnica clínica. Esta técnica é,enquanto tal, cada vez mais utilizada nasinvestigações clínicas e nas investigaçõesfundanientam. testando hipóteses teóricasespecíficas das mais simples às maistom-

. plexas, e conduzindo assim a reformUlações '

e a rt;:elabqraçõ~sque, num segundo tempO,e, apenas nuin segUndo,tempo, ,se referem

a noções de di.ag~óstico):.: " 'Segundo 'a nossa QPlnlao,os pr()blemas

teórico~ e metodol6grçps respeitantes, ,aovalor científi,co dÜ$dados req)lhidos atravésdas técnicas ptojectivas em geral, ede Rors-chach em.particiJ.iar, não' decorrem das téc-nicas em si mesmas, não lhe sã,o exclusivas, "nem são inultrapassáveis. Estes problemasparecem estar, antes de mais, ligados à utili-zação destas t~cnicas na ausência de uma

teoria psicológÍca claramente definida, queas enquadre e que, consequentem,ente, dêum sentido cientificamente' útil aQs dadosrecolhidos por seu intermédio.

Estamos de acordo com aqueles qJ,Iecon-sideram não ser necessário referir.rlib-nos aum modelo teórico específico ou único nautilização das técnicas projectivas (Holzberg,1968; Rausch de Traubenberg, 1974): «Comefeito as técnicas projecÚvas'podem se; est~-

fl~da.(oti ~~a~.~aãS:sé~iidô dIt~r~nt'ês"poon--t os-~~ ..:.vista...como_q.ualq.!.J.~[ j)jJ trQ (~I19ID.~J:? - -

psicolÓgico.o~ 'proc,~~~9..PS!quic,?».(~au~ch~de 'fraubenbeEg,.J,214...PP:)-~~J .

No entanto, os utiIizadores destas fécnicas- e mesmo os seus críticos mais violentos-

crêem-se frequentemente dispensados deidentificar os seus quadros teóricos de refe-rência. Partem do princípio injustificado c

, 'j

i

'-

j '---'

! .J'

I

rtJ,' ,

J

II

r6

L A AMBIGUIDADE DO ESTiMULO E oACESSO À ESTRUTURA DA PERSONA-LIDADE

LI., .A integraçã.Q,.JW[g!y"[gL?_G.l!!qplrg

do equilíbrio

Segundo Anzieu (1980), os testes p}"qjec:o ,.-.

tiv()Steriam segi.iido de muito perto os pro-

~ressõs-êfàteonã 'd;;.-g;~t;;Zt.A est~ re~p~lt()~um dos conceitos fundamentajs é o da inte-gr'ãçãõ' estrUruraI. Esté' cõncei:o 'pertence-, 0' ~ . " ,.---.

Page 3: Angústia como conceito operatório - Vitor Moita

"--./

.2figillariÊ_ment(à _t_e~.do ~P'? oJ!>ls°16-gico de. Lé\"viri,.que se pôde resumir, comFraisse, da segükie forma: «Em cada inS:tãhte;'õcô~PorlàIri~rito de'um: ~<!ivídU;Q..é-

determina"dõ'poi~um -S"onjilIit'o est.ru.t~r~~?

-qüecompreende°õ~~u]~i.!?~9~e~ aJ;!Íbi~nte.

-Est"e'-ted.o~I 9'-~spaço vital (fife spoce) qu,~~f"a~ totalidâcieUdos'-tàç~~~'.ql!~o~g~.I~ojo-o bre o }~~ivídüo,-'Cr1t~~~:~~i~. físi<:os .?':':.o~~.ciais-,. conscient~s_?~ ~I?-~_op:~ci~:çJ.~eS-=-- '

Este ca:rQ.poé dinâmico. Todo o compor:

~ tamentõpro"curaàisiãbelecÚ-~.

equi~?!"Í°Vrompido entre o indivíduo e o seu.u~eio,

rupt~aqu:e é uilláfonte de ~~ns~ç»)(Fraissee .J?iaget,.1967, .p, 57). , '

l'ode~yef,.senÓ'RorschaCh uma cdncreti.,

zaçao ,d~ta teoq<L'pi?ii,!e da:_.~bigmaãd~~do estíriiq~c>e;siriiúltaneamente,da 'fustru-ção queêqnviqao SU]eítO~ã-a'tnbüirf'he"~ín'coriteüdd~.a !~pj~"(;-'~1ille"b',I~~~d:U:~'~t;.9'meio desenca<;leia.'-se- A. >tendêrida .' c:oDse-

'qutmte -do. s~jeit()'Ti~q:~~t~~o .e~-.Ah~c~-ção a uma orgâlri:iação' dà.'rÍlanéhainf orme,dando-Ihe' umseh~,!o, uma,estrotura e'~~~!~.:contrand_~~ assim, uma nova posição-'em re-lação' ao equih'brioanteriormente rompido.' ' '--

~

~1.2. E,stTll1.llTa da pe~sona1idade ~ estru-

turação do ~stímulo

Na tentativa de reencontrar o, e.qui1í~ri~-perdido, o sujeIto org:an"iZã-ãpéi"cepç~~ .Dã?apenás"'em -fur.ção da estruturã'- do estí-

~ ~~~~;~-~~~~~~~?~~:t~vista serriântico-. mastainbém em funçãoda sua própria. êJ..periênciaãIiTeríõi. "

É aqui que os grandes sistemãSte6ricosda psicologia como a teoria de campo{Deutseh.,I-9-54-)"-a-teoria--psicanalítica_(Ra-,paport, Gill e Schafer, 1972; Rapaport,1952; Schafer, 1954a, 1954b, 1958), a teo-ria da percepção (Bruner, 1948; Àbt, 1950),a teoria do conhecimento (FuLlcersoD,1965),a teoria ,do nível de a,daptação (Murstein,1959, 1965)se juntam para fazer sobressaira dinâmica psicológica desencadeada no su-

;

iiII

!

jeito, não só pela ambiguidaüe do estÜnuio,mas também pela instrução do teste. .

Esta dinâmica, que vai no sentido de wna~.. -"-'-'-"--' '

adaptação d.o':sujeito à, situação, faza.p~~o, qu~r. a .fié.tores-"'internoS "da-süà personk1i-'dad~ --iIiãto~ ou adqui~iq.õ~.'mOdos'~abi.----,-- -- ..'_0 .-. . ,

_tualS de reacção perceptjva, de fUD.cioIl.a-.D.1~n~o'dó-PensaIne?~o e «(~ ~fecto. --:-:,.q~~.ra factores externos constituídos pelas carac-

~~E~i.~c:s.~bJ~~ti~~~do-estiml~ll~-e-dã'~t~~-.,ção... ,

Na situação projectiva, o sujeito empe-nha-se, de uma forma activa e espontânea,num processo de' estruturação de u;m:mate-rial não estruturado, e pór ~issomesmoreve-lando «os seus princípios de estruturação,isto é, os princípios da sua própria' estrutu-ração psicológica» (Pichot, 1.964,p. 990). '

A originalidade de H. Rorschach, em re-lação às experiências: similares dos seus con,..tempoTâneos, é que transfonnoua ,provadas manchas de tinta, habitualmente consi-derada como uma técnica de estudo da Íma-gjnação, num teste' de personalidade ,(An-zieu, 1980), cQnsid~rando-se eSta. comointervindo de uma forma decisiva ria ela-

boração do percepto.

j~

jJ

:,1

~

lil

!~

[i,i

I/I

I

III',2, TECNICA DE RORSCHAD-L E SITUAÇÃO

TRAU1viÁTICA: DESENCADEAMENTO E

CONTROLO DA ANGÚSTIA

"

I:di,;1',ri

11

il'I

I'I

I1

II

Quando se faia em equilíh.rio rompido nasituação Rorschach e na dinâmica psicoló-gica desencádeada subsequentemcl1te, pre-tende-se pôr em evidência o papel assumidopela ambiguidade do estímulo no desenca-deamellto de um processo experimental ge-_I:a9.9JQ~g.Jl:sie_çlag~_.~)U~~e- an~ústia para osujeito, e nos procesSos que este utillzapãra- ..dela sair. '

Abt (1950), reportando-s~ à teoria da per-cepção, fala da ~nsiedade p-rov9ca!j.aPQ; ~-;;I'estímulo de estruturação reduzida, exigiDd~

_9.9._s!1j~i.Lq .].lma _n,o.Ya_,Ú:la,p~ftq:-"FUike;;~-'(1965), referindo-se à teoria do conheci-

:11:~

I

'

,II""iiIII"

7

Page 4: Angústia como conceito operatório - Vitor Moita

~~~-~~~=Zc== ---~--~~--~~-~--- --~-~=

~

men to, diz que -q.._est~ill!ll?_PL9j~~t.iy~prlrY!2...C:<3:!:l~~_~i.t~~ode insegurança .e.de Í"i;scl!.exigindo do sujeifó a.adàpção de u~a. estra-

)~gI:"á:-g~i.adôrã..de uma déCisão~ que b de-ferida. Baer (1950), referindo-se à teoria psi-qmaiitica, afirma que a situação projectivaprovoca globalmente no sujeito uma expe-riência ~e caJ?s!?'l.ais eSp'ecificamen~.ea an~

~-gústid.0qçi.f!._de forn:zE.,e os subsequentesO( processos de defesa contra esta angústia.

Embora seja um pouco controversa ainfluência d.irecta da psicanálise na concep-ção e utilização iniciais do teste de Rors-chach (Mucruelli, 1968;Pichot, .1964;Anzieu,198,0;Rausch .de Traubenberg, 1976; Beiz-man, 1974), não podemos ignorar .a irIJ.por-tância das investigações e elaborações teó-ricàs qUe, partindo de. conceitos e modelosteóricos oriundos. da psicaná.lise, contribui-ram decisiyamente para o estabelecimentode um quadro teórico de referência que setornou praticamente indispens:ivel na inves-tigação e prática do Rorschach (Baer, 1950;Orr; 1958; Rapaport, 1952; Rapaport, Gille Schafer, 1972; Schafer, 1954, i957, 1958;Rausch de Traubenberg e Boizou, 1977).

.Tentanto. esclarecer este senti~e..!!~C!...demal-estar experiJIlentado pelos -sujeitos na

.sÚu-;ção .Ror~ciz-ach:..~amoOOS--s~~~ docô}!ceitõ. d~:a~gústi~-reterindo-nõsYteorià..psica.riãlÚicã.- ~ - - .

~

. ---

(~/2:i. A---noção de angÚstia

o conceito de angústia é tlm conceitonuclear para a psicanálise e para a teoria dapersonalidade que dela decorre.

_Laplanche (1980), sob a designação -~e-qLg_Ç12L!1gga,U)!Q~;~-~-~_os;_w.-_~$_nQçQ~$ -(fê: d~s-

p.~l!iéC'~do~ i. ."j~?ú~tia, .corisider~n~~ 9.':le-uma reflexão sobre as suas inter-relaçães

-p.àtferr.e~.~fárecer~nos acercã". da «teoria e-

~fliiiÇãõ'geràl dos ~f~c.t<?S».. ---No nosso esforço de cJeJimitação do con-

ceito dc angústia, tal como o utilizamospara designar o afecto fundamental descn-

,",'

cadeado no Rorschach, seguimos de muitoperto as posições de Laplanche.

Como ele, deixaremos de lado a análisedas relações entre a angústia é os outrosafect~s - o que nos desviaria do nossoobjectivo - para nos centrartnos «sobreaquele que, de entre os três afectos, é omais humano, o menos vital» (Laplanchc,1980, p.251). Este conceito é, para nós,

- nuclear na interpretação dos dados recolhi-dos através do Rorschach.

A teoria dos afectos, no sistema freu.diano,faz. parte da metapsicologia. Comose sabe, Fretid fez aqui a distinção entre três-aspectos fundariJ.eri~"aft -~ s~a- te~ria: .

. -o:p6nto devistá tópico ou' estrutul!!.I:-consideiaild'oQ .'~~q~p:io -~°ID:~._1!~.'.a.pare-lho, ~ele.procura identificar os diferentes

«lu~dres}} PSíquiéõS,-:-e"d:éscréYer-~~.?}iiii1te~racção;. ~~

---:o ponto de vista dinâmico, onde ela-borauma. teoria sobre o cOJ1i~io.pi:p.~es~desencadeia entre ~ as diferen tes instâncias. p.'.. .~ - --

do aparelho _tJSíq.~~c?,._~!?;I~r~.~t..e ~o- meio~- à PO!1tode vista ~conómico,onde ela-

bora ~~oria ip'~~e .ãjEiese~~~iiGãçã~da energia ou dos afeétos. . ~

É a propósito do estudo das neurosesactuais - neuroses de. àngústia e n.euraste-ma - e das histerias (Laplanche, 1980, p.18) qUe Freud. faz a distinção fundamentaleDtre cioiselementos comtitutivos dosfenô-menos psíquicos: o afecto ou rea.cS§:..C?...~n:!.9::.

donal ou sentimental e a sua representação"ó--Z;cõnte7idõ-ideativo;-Nas. suas obseiyãções~Freud apercebe-se de que estas duas com-ponentes dos fenómenos psíquicos podemser independentes e poderiam deslocar-se.uma- em---relaç-ão--à--outra-;--Nesta-perspeetiva,-um afecto pode mesmo repn:x:!uzir-se semconteud6, ou ainda estar liga~o a uma repre-sentação que aparentemente. oão o justi~fica. Neste último caso, ter-se-iam estabele-cido falsas conexões entre o afecto e o seu

COlltcúdo ou a sua representação original.A mctodologia psicanalítica dá-nos a possi-

,~.c0.-'-'"

,<;

'c:,C

ç,C,~,I">-'"...,f";,";:

Page 5: Angústia como conceito operatório - Vitor Moita

':;'f.rN,'~""'~""':!;"'~";:~'i\"J';<-:'.f:<0\'R'~:f<-;'!0'~'~'):~'~'"C'~'~~"~:'i7j~~~~~".t!~:'?t~:>~""'r':\\i'r~~r~ro"'~~~t-17f~fit,~:;r~~~~~~~~~~r.~'1\\1:"\'f"\"f:".......

bilidade de reencontrar a representação angústia, elaborando uma outra qUe se ar-ausente ou de reconstituir as cadeias de ~ à V9lià de'-du-aS"-noçóes'tundameiitãiS:-, --'-' .' ... .., '-0"" '. -

representações q~e ygam a última e apa- . o perigo e. o eu. ~~:rentem.é.~te .injustificável representação ã3..:, ~-P'~i~.~~!~_Ii~ç~o.~ ~ i~Fo~u:representação original. "<:iaria riiedi.dae~ q.':'~.<~~:~~~ú.s.~~~.~c~oc~

.Lap~;ú1ch~:(a,2:~n9s!?.~tarqu~ ~ dicqtomia E~,"rnFperspectiv~.de~!:.e~~~ã~~E~9.«:_.P~~EftE!E::repres(mtãçàõ~sumiu, nos nossqs raçâo:pâiá'j) p~rigo»)(Lapland~.~~,980, p.

d!as:.~~rna,~~te:l!r~taçãod: ti?? linguísti~o: 50). A,S~.~~E?a_~.~~ã~~,é e\'o:ad~;slgmfIcado-slgmflcante.o signIficadocorres a partIr d~.segundateona do aparelho PSI-'[i()nd?rzd9~ ao afecto,--9,u.à quantidade" 110. quico (segun~â tópíC~Y'({Nestasegundã' teõ-peIiSãmento freudiano. o signijicante, evi-: fia, ~uiiB~iiiãisaõcitie-riapnmeirã.,'-à~róÚica

. dentem~ll§,~IJ~p~el:~~l'qçiW)~ (Laplanche,ê' P9stã.:s9.~.~e o 'iLJ::çiéu'-ê-r~Xêr~ci'adQnão1980, pp. 19 e 20). . Ílperfâscôriiolugar.de ang4stia, máscQffio

Freud vai. evoluir no seú pensamento .P.<Xf~Âi;l9.4i.~IAo:~er.ç,~~~~p.~..?ttgúsiia.CQDlO

acerca '.déste assunto e, l!:~t~~.~o d~..~JE~ 'pQ.g~nÇÓ:t~E:enra. élíjgústia 'p§r sua'~~Ê~acQnce'pção ..:«Fll!g!11~!':{rt...eff!.n_ó!!iiç;{I..d..g,3m~zff--.tqij{?;::0tbtnénos. c(jmo.sinal» (Laplan.che,li;;:' com~' fullples .desç~ga quantita4.va; '19~Q,'.p. ~5PJ.' '. "..', ".

.Clíêgã'à ":{~an~Stla cori$lderãciã_c:~~~ ~ Laj)hin'c'he pÕe .em evidência o caráctersirzal»;õ' ãfe'Gto em'si mesmo poderá~ ~est.: . mms'fuii"ciorÚII atribÚído à angustliL nesta.mOdo,. <~assuml~'~ va1<?_~.<!-.~,r~~es~~!a~~~~~ . ~~~{[~i~~i~.~QJ:~Ç~9'A~QdÇ?..:k;ÇJ.ijg;!i~iia, vai

. .Poderemos, portanto, encontrar no per- te:f)lfu~;d~tbfr.iíiii~qâ"JiiQ.çã'ó.~.ihéSffià'iimaCUrso evolutivo .rlo pensamento freudiano.titip.Q~~e~ ':':.Gq)w~~rikw.~9.}:I1Qsih4.1.:ousím-duas teorias da angfutia (Laplanche, 1980, bql.qA~':o#.k#e:JÇp~pênÇias'án'gW;tiantesan-p.49): a 'primeiraterá s{doelaborada entre teriÓt~;qü,i;:: ela:. de algüriiriiooo Piê'pete.1895 e':1900, aplicando-se. preferentemente . «côti~ihiiridÓ asSim'unia.esPéciedé vadna-às neuroses actuais e ne.uroses de transfert, . çaoéorifia o r'eíómo '(é a teofiá do' S1~lai»> .

, . é, como já dissemos, uma leoria econ,ómica. (LaPlân6he."i980~. p.SO), dêcóire de uma

'-". .1~ Ne:t~ perspectiva,. a angústia yooerá ser t:ôria. m~is- ~ist6rica e m'fs st.mbólica Que

~ deflDlda segundo cl1,Iasformulaçoes: poe em reJaçao ,os factos actuais e passadosó'd . «A angústia é energia sexual não elab~ geradoreS.de angú.stia. .Trata~se. fiI1a,lmepte~

rada à qual foi recusada a \"iade uma certa de: 1iij:ia,teoria «que. .abreHas po-rta,sa Umaela:,cr:õ.çãc-.c que'se descarrega de fC1im~ conçê.pç?.o de a.n~ístia .mais obli?ctivisla,

.mais ou m~nos anárquica; é D que vimos ~Üefaria d~ angústia.. rie;urótica a iepetiçaoa propósito da teoria das neuroses actuais, de umpe-rigo ou .dé ÚIDa re!icção a uniOu ainda: é uma tíbido, desta vez já não se perigo objectivo» (Laplanche, .19S0,.p, 50).trata de ser não-elaborada, mas desli~adaS~fu hqS"'d~term"6ssobre out.ras mod~la-das suas representações, nomeadamente çõ~ do conceito de angústia em Freud, con-pelos processos de recalcamento, libertada yém, no entanto. reter dois aspectos quee que se Llescarrega de no\'o sob a fonI).a. pareàrn constantes na teoria freudiana da

",uae'angúsTÜi: 6segu n-do- pfbt'ess-ó'seria;"gen e---'--a:ITgústia"-fca:planch~; -.+980,-p~.--5:3~: - .

ricamente. o que se verifica nas neuroses '. ],J:rp. d~ ~~!=tqs. ~«(._,)é a angú?tia.comode trarisfert». (Laplanche. 1980, p. 50). {j-~~~~Y~~Yi.IP.:f:~tO.cornoprocessodes~mbo-

\ A segunda teoria é formulada no artigo candó emquâlq"\iéf coisa d.e incontr6!ado.

~ ~ J «Inibição, sintoma ~~.~~.!!~,~.__(f.!~ud~ de 'riãbd?'~i~'aJ:ió:é"o 'âcêss.°d.e ângÚstia,1978). Trata.se de um texto de 1924,_!!Q...Q!.H1J. ou a angustia desenvolvenda-"seem acesso».,~,~p'~r!.nteE~n,~~_.\!h3.ndo.l)?-:--_~ _..t~9!i.'!. Este será o aspecto mais especificamenteeconómica da transformação da líbido em patológico da angústia.

" '

9

I J

Page 6: Angústia como conceito operatório - Vitor Moita

,~ ~ 1

,'"

Um segundo aspecto «(...) é a preparaçãoda angústia, a angústia como estado redu-zido,' miniatunzado, mas pemútÍndo aosujeito a previsão e a preparação, para opengo».,~

c,:, , .

,," ,/"

2.2. A situação Rorschach e o desen.-cadeamento da cingústia

y

~

A nossa posição teórica na interpretaçãodos dados recolhidos através do Rorschach,está centrada numa ideia fundamental:..!!-

situação~ Rorschaçh é, ex~rimentada' pe~?-'. suj~to como ,uma sitllClÇão trcÍlf:!E.q!!cá,-~?

por'~so mesm.o..nec~s:;ii;::1aip,e+1tedes~rica-deador'a'd~ ,ali ústia,. n()~~P:tidoda 'nmeirateoria freudiana {teoria ec()nóriii~..§.L'ii

Uma sitriaç~o" traUIilátiça podé definir-se

~d:eu:~~~~~~:~~~~~:~~~t~:na~~ '

viaSnorniais de ela1:x:u11Çio"pelo, Eu" e -q1!.e:..j>róêurá '3SSJ.m'mOCi~dades regressivas dedescargá. ' ,

Na situado Rorschac;b., a exyenência'traumática decorre da dupla confrontaçãodo sujeito com a ambigui<:iade'do _estÍmul~e com a imtrução dada (Baer, 1950):,Çomefeito, Por .umlado éoloCa-'seo sujeito'diante

~de um estímulo cuja ~mental éa ambiguidade ou uma muito redu-zida e:,;truturação-pcr:c:.~tivô.:e a tot3.! in..:-xistência de um sentido previamenteatribuído, isto é, totalmente desprovido de '

«background protector de ,cultura» (Baer,1950). Por outro, pede-se-lhe.para nos dizernão o que objectivamente vê - manchas detinta -,mas que nos descreva essas man-_cE'§'~..:~~ tinta, com formas cuIturabnenteprescritas, UtiIizandci-conheciirienloscli!tu- '

r~~eviamenteãdquiridos, e J;"ecorr~quer a experiências peSsoais anteriormentevivT<las,quer ao seu próprio imagi~

l\ sItuação estímulo é, deste modo, natécnica de Rorschach, glob'à1IDentemuitodj;.~ersmcadae intensa. e devido à~i~cia de um backg!:oundde ref~rêr:cia,~~~t~do

:'0

, ,

~:ij

,:

I>",

li- ~-,~

I"

I:

I

li!

no próprio estím_~iE.,,O" s~J~i~-.J,~~ ime-

diato, colocado di~~~~d.? seu:própri.E.)r;z::k--groun.dque 'domInará 4~guQgo_.~oga asitiiasa:og~- .t~~~Neste ,sentido, a tarefaeXigi~a ~o sujeito perde «o carácter de sim-ples jqggde IInagina~o)} (Baer, 1950) etra,nsforrna:-se num. convite, ou mesmonuma exigência explícita, à projecção.

Referindo-se a esta dinâmica tripolar quese inst~a, na situação projectiva deRorscl1ach, entre o sujeito, a ambiguidadedo estímlll.o e a instrução dada pelo clínico,Schafer(1~58) considera que.há ai, da partedeste úlilino, um e:ncorajamento deliberadoao paciente para que se empenhe na livrefantasia. Mas, a~ de tudo, é preciso que

, o sujeito o faça sempre dentro. de uma cui-dadosa confrontação .Goma realidade. Istoé; o sujeito, deve sêr capai de justificar as '

suas respOstas.

2.3. lndução de «caos» e necessidade.de estruturação

A 'apresentação, como' estÍmulo inicial,de uma rnanchainf°rn+e, a parda exigênciaM quelh.~ seja atribüído um conteúdo~SlgnI-fiC4tivo, condUz a uma situação onde oiridiVfdÚo'~xperi1:néàta o crias. Desénca-deia-se, então; 'U!:naàngústÍa específica:' aangustia deverda da forma (Baer, 1950).EHâ$if1j~ção _de. m~J::.e~taLP.sic916gic!Lloi.diversas vezés id~rÚifb:d2. noutras circuns-tâncias, dnoméa.damenteem'-sÜ'uà.iqis 'ex~-ritn.eptaisrelaciom;ç:!a,s'c()rn a psicologi.ada~r~iJção (Bruner:"1948;Abt, i"950;F;~n-'ces, 1%7). Frantes afipna, a este propósito:

«De entre as y}i.riáve!s')igadasà significa-ção doóbjedb" e preCiso destacar aquelas

"~qtÜ~~lrirervêm nas--taréf~açperteptivas- .com o'~' ~

efeitos mais ,ou menos directos de motiva-ção.Estesefeitos foram estudados numgrande número de investigações publicadasdesde' i945.Eles foram demonstrados emtarefas de avaliação de grandezas ~ em dife-rentes fenómenos, como a reversibitidade darelação figura-fundo; a am.biguidade das

~

~

~

~

~(~

~

~i" '

J

Page 7: Angústia como conceito operatório - Vitor Moita

\.......-

~.

11;'"'-!Jift,~.i\i!I~

.,iT?"":':~';"O~~im~%~~1?;

figuras, etc. O efeito fundamental é aqu.el~ No que se refere à criança, «as ímagensque as motivações exercem sobre o reconhe-parcelares, aliás continuamente mutantes aocimento de estímulos que, na experiência sabor dos investirne!:tosli1:Úiinaisde cada

. .anterior dos sujeitos ou a.penaspela inter- ,=stádio.do' desenvolvimento,esta anatomiavenção de um conàicionamento temporário, fantasmática, de que fala Lacan (1949) e

. lhe estão ligados: quer porque satisfazem que de.signoupelo nome de corp9...f!Cl:~e.rz:umatnecessidade ou um interesse,quer por- _~3devem dar lugar a unia imagem global,que provocam ou reduzem a dor ou a ansie- unificada, do corpo próprio, que deve per-dade>}(Frances, 1967, p. 232). mitir à criança constituir-se como sujeito»

Abt (1950), a este propósito, põe em (Smirnoff, 1978, p. 176). .

relevo a função defensiva da percepção. Na Esta angústiade~r4.a..dg fOfmg. e_~t.~medida em que esta protege o sujeito de aIDdã'-li?;~<:!~~os1ençJ:nen~ de d.esp'~a-experiências penosas e ameaçador<3S,ela liz::I.çao(Shilder, 1968; Mahler, 1973; Sami-desempenha um papel de equilibração ou . -Ali, 1977; Gori 1978). .. . .' ." { .

qe h.omeostase, permitindo-lhe a manuten- .R.eferindo-se' a este processo, Smi.moffção dá' ansiedade a um nível suportável. . (1978, p. 215) ?firma que a. demarcação daA projecção será, assim,. um dos m,e'canis- . llna.gem cOrporal da criança em relação àmos de defesa desencadeado pelo proceSso imagem maternal «constitui (; núcleo do

~percepti~iO, tendo co~o finalidà.~e a pro-. processo .deindiyidualiiaçãm~. E, a propó-tecçãn do sujeito contra umá ansiedade sito tias críanç2sps~cótkas~ Ma.1:11er(1973;~xcessiva.. . . p. 155) emite abipÜtese de que, :neste tipo

A tendência natural subseQuenl;!;a u.w.; de crianças., «o medo de perda das fr(mtei-. expenên'ciade caos, quer especificâri:J.ente ras corpora,is»e a su.a«incapacidade de ligar

. ~rceptivor quer globalmente' situadciIi8.1,- a agressividade» estão muito estreitamenteserá a procura de boaS formas~.da integra:. associadas à sua angústia. . .

çô.v estruLUral~.__~~ACWlz.anova W:;ifEf>_4e- Perante a Simulação de uma situação deequilíbrio em relaçô.o--.EQ...!!!?jg~,.}!~tecaso,. ameaça da integridade pessoal. o Eu remo-em relação à ma.Í1cl;ade tinta iniorm"e e ( duz unia espécie dearigústia primitiva e

. instrnção do' testag.pr. Este JÍl9y.Í.q1entq, desenca,deia,siinultaneaIIl~I1te, os processos'dêsenrolando-se globalmente nos dO.DJÍllios . de defesa contra essa angústia. . . ..' .

do'pensamen~o e do afectõ;'e-maís esP.:t:~l: . Encontramos, aqui, a segu,nda fOrrnUla-€)'" '

.can:ente no doni.írLiod~ ~e!~~!y.o, siíiàli- .s:ãÓteórica ~êerca?a .angÚst~a'lIrol)Qsta por d fi.zara (I esforço e a estrategl~A9~u J;Ifl.~.I~ !reud. AqUlaanguStIa funCIona quer comol1jV!~_d~- defesa. c.<?~.-a sit~~.,-.de uma reproduçãõmItfgãdada1HüãÇãõtrãU::- .

angtl~t:i3prÔV~c:tâ-ã. p~~!!J?:l~~.. fín,á~EE!.~tica, deséricâdeáda pelo próprioEii, quer..àq~rr[úe, na situaçao Rorsch'!.<?É.~~. p!:.oiec- q): o l1;mSiá:a1precur:mrdep'er;go;,~ção se define como a utili.iação adaptativa 'ôrschaGh,a'angúsuasurge corriosin1it'de

~/Ül1 defe:asiva da perce~ão (Sab:ii- ctlâhnéde illIla situação de perigo Unplicita-. na experiêJ;lt:iatraumátiCa primitÜ'a actUa-

u--_li7.adLnã.:"sltiiãcão~1ie--teste--na.-.q uãulã::ürn- ..u~ ~. . -~-'-, , --' _o. '-" -auz:iiento de tensões difíceis de serem ela-b6tâdaspelo Eu: . ... .". -..,,'---""

<~b~dtizimosàSsi~ que ~ arigu~ti~ 9E~assma1.a.0 -~

..

r

.igo n~

.

situaçã~ total de tes.te de.de .;Rqrschachse exprim~, <lptes de mais, /\{como uma aJigústia acordada pelo temo~~.~perda da l'orma, seguida do fenómeno de

li

II

li

11'II':1i!.iifiI':1

2A. O medo de «perda da forma» comOprotótipo da angústia provocada noRorschaclz

A perda da forma enquanto angústia estácSSenc;a1mCl1telÍgadãaexrerTêr.:c'iãs'- p'dmi -'tiva.~-de r~i)fesentã'Ção-d~po pró..prio; ' ----

11

Page 8: Angústia como conceito operatório - Vitor Moita

~

r~. f..;.- II

~,,-F "

fi. ~f ~. ~-

. ~-f'rr-~.ç,."..ç:..çç.,.".~tt~t.~~çc;,~.(;'çc:c~c:~cee:e:c::ceeet:-ec~~~~~.\.~C(G'tt;=

~"..,~~."""I"""""~';::"';:";';>~';"'~"'>[i:D.::.~.~",.t:~~"i",;i!\'ft'b':"~:!:";!t~7~:'-'::~;"';'~!:;/!";'itj,'ti';:'A1/ffi.~~;""::~L\~<-,"'"r~"~'\';~.~fi~;9~?"r:*~~:~~S~~!~.,.,i~,':?jF""~fY ;;-.'?~:{ ~:}.;.

"--'

«Esta IÓg!caque inspira as condutas neu-róticaS, as .c~~t~çÕ~ ô~J.rl~as.;f?c.~~t~d'e~;

.rapagêQs .~~.~~~po.r~~!!1~~t9.h~JJi~ual,pôde-serprõg:rêssi~~e~.!~., ~~dividualizada,graças

. a estud"ôsque. ligan~o-se a diversos assun~- "'..." .. '.. .~?~?pr~~ratãiri. e~ifi~a.r_uIn.agr~rnática~odiscurso inconsciente: A i11lerprelaçtiodassd~izos (Freud, 1950): A p.'iÍccf,otcfGgitrda"ida quotidiana (Freud. 1953)) (Widlôcher,

2.5.1. Um duplo sistema na con- 1973, pp. 329-330).cepção de conflito Esta dicotomia estabelece-se, a.ssim,entre

. . OSprocessos mentais acessív~is à consciên-A noção de conflito,como já referimos, da ~i~to é,funcion~do de acordo com

, está ~ubjacente ao ponto de vista dinâmico leis conhecidas pelo sujeito e cujas represen-desenvolvido por Freud na metapsicologia. .tações par~cem articuiar-se de modo'.éstá-A situaç.ão de 'conflit()desen~deia-se ep.tre vel ~ e .os prQGe$s9sipentais ina.cessív~.à.as diferentes il1st~nciasdo aparelho psíquico. consciência de um sujeito ecujas repiesen-(ponto de vista tópico.ou estrutur'al), e.entre t~ções. «Obedecem ao acaso da cóntiguidadeeste e o meio. . '. .' e a. seP.1~lhallçasf()~lrl:l_ise láJ>e~>CWi.dlõ-

Como afirma Widlõcher (1973), a pet- cher. 1973, pp. 329~330). -

sonalidade não se' apresenta como. uma es-. . Os p:r,ocesso~ErÓp~?S do. ~tel!la co~s.:trutura homogénea, mas como a resultante ~ieIit~; (CNS) sã~. ~~~adC:~J?ói Y.~l?c~s~g~

. de conflito entre os diferentes. (<IDobiles»,.se.cUir.i!áriói,e ~_pr?E~~C:~J).~~rio~~~~: .

acrescentando-se-lhe a' «heterogeneidade dos tema incoilsciente, são os prOl:e.r.;ospTimá-sisterp.asde respOstas». . rioS: .--" '" -. -,._-.-

No estudo dos processos de difex:.enciação. . A segunda dicotomia -id versus eu- .

e de organização' <ia'.personalidade, .F~~g~ deve~se, como já ref~~~~~-ã~""x:nergê~C1â.

Etilizou_.doi~m2ddos~~~9!ié~s~"Ym~-'q~~~C?r: .da .rioçãode . Eu mi !!:.~~ç~g' fi~~'dL~~responde a unia primeira diferenci~o acerta 'do conflito."êStruhifãi, -aiticürã::sea' voita' dos_sis~~m~.s- Aqui, a hetetogeneidade dos sistemas de.ii1c.ànsciâl!f:(I!'!9 ..é~"$U:;comci:el}-~e(CN:~L respCstasda petsortàlidade não é fOn:nuJad;!9 outro, que ccrr~~~~d:: .a uQ!U~gunda 'e~ termasQe rlllx(ds d~ funcioirà:meÍito"2!i-diferenciação, articula-se à volta dos siste- mário e secLihd.ário.Essa hetero;téneidade é"'.. --_o -.- o- .mas id versus eu. . fqn.:in~J?qíl ~ih. fuqÇ~9' dQS.con:Qitos perina-

_A petsonalidaa~ é assim concebida, na- nehte;s ~b~qU,?i.SQ:i@h@~d'(Içy'e faiet faêe..!..eoriapsicanalítica, como unia iustaoosiCão ni'.sua 'lu,ta diária, :;iJ.rib~,i~9.O-'~e.um..pãjJeldestas duas dicEto~J~~:',_erriborafun.Eiori~n9-2 impOrtante ao àparelho .tal comoele écon-a dois níveis .difer~h~es: a priniêira .:- in- ceptlÚilizado. na qsegunda..tópica freudiana.

n"conscienre~verStis~!!:>clt;..I!!!.-::-: .?-o nfvel--dõ,:--'-'~Ren:snfa:rid.o-a-duplíl~p~rspec:tiva. :dinâ:.;u""""mMo ..de ..funcion{l1Jl,f~l1to;_3 §~gu,qqa,--,-"7:i4.- mic~ e estrutural-;-- dameta,psi~ologiaJreu-vetSlis eu - ao nível.do conflito (Widlõcher, diana, .trata-se de identificar~ através da19~ " associação de ideias do sujeito, «a existência

A 'primeira dicotomia está ligada à iden- de çpnflltos inconscientes que ~e actualizam.tificação dos iacfospsic'õlóglC9S"qúê-esc;i: em primeira análise, no discurso, sob apam aos prQcessosd-e"e1ãbõraçãõ-percebidos forma de resistências e de transferis», si-~~JõTisciênClã:embõra al')res~~:~E~.<i"~ITla mando (iO aparelho psíquico t:ntre !) corpológica subiacente: e o meio envolvente, repartindo-o em siste-

subtracção da carga libidinal. Este fenó-

E!eno. emQQr~~.~~k3;9.~eéi~q~.~_~absol~t~~mente idêntico aos fenÔrne~ós que iniciam

~e aCQ..rnPãiiham. os.. prõcessps.'_~~eurótic.Q:;. e.

psicõticos» (Baer, 1950. p. 460)."-'-"-' - ..'

2.5. O controlo da angiíslia no Rors-chach

"---''

Page 9: Angústia como conceito operatório - Vitor Moita

.:'; ;:",-:;7-i;"""~~;""'~""'ó""""'""""!-""""""':".;~':t:;;!."~:'"~!~:';:';;fYf":":!i'-?;:"'~~r"!!p;";;"~":'~:"t"""'~1"";'f-!'!~"\if!!~~:c~'I:~':f""",.",.~<i "~~:~ftY'f'.'~,,;').j'-1~";T~~:re.;,.~~~~T;i~:: .

namento primário ou narcisico, onde o estí-mulo induz um devaneio próximo. de umestado onírico,para um nível secundáriode. funcionamento, onde' o estímulo pro:VÇ>cauma reacção perceptivo-verbal controlada,próxima do nívei de percepção objectiva... .,Os deslizes de um nível de funcionamento

para outro, insensíveis para o sujeito, sãoprovocados por reacções próprias da suapersonalidade perante o conjunto dos estí-mulos presentes no teste».

Nesta perpectiva, Holt e Havel (1960)desenvo!veram um' sistema de classificaçãoda .dominâi1Ciado processo primáno versusprqç(isso.seqilndário'no RorschaéIL~tes.autç>rê$'.afiririãin. que .0#1090' de pensa-m~IitQ associado ao proc'essol?riniário. s~caJ;"acteriza .nã~. apenas peI9_~~!l sisteI!!'!--~~

: lig?'Ç~9~OSp~9çe~.ósinstintivos, mas t~.:'~IA:~là,S 'sl.ias:CçItLçt~ri5ticas}"oIIiiiiis,tais

. coPio.um IÓgicà.àutlstica,a di~i6rçã~Lda. : reMdade.e aS aSsocia,çõesfracas. .Acresce

ainda que os processos de elabOração psí-quica que' encontramos no sonho, s~ encon-

. trem igualmenté no procésso pnmário: con-densação ou confusão deváriàs ideias, des-

.locamento'ou mudança de Uql conteúdo ouobjecto para outro, simbolização ou substi-tuiÇão de uma imagem por outra.

Segundo Schafer. (1958), ODservar-se-ãoposicionamentos interindividuais nitida-

. .memc: diierentes em r~la~ão à doL:!.Ínincia.do processo primário ou 'do processo secUll-'dário..E o meSI)1oacontecerá em relação adiferentes momentos psicológicos de ummesmo indivíduo. Se um sujeito dá respos-tas não tendo em conta as características-objectivas do material, deixando-se ir n.o

.~. . sentido do princípio do pI:azer, :li ;., ;.., pr-o-

-'1> f -..; cesso primân.o --que domina~ .. ~Q-cori:';\ ~se o SUJeItotem em conta ascaraçte-

risticas objectivas do material fazendo umaãOordagem mais objectiva e r;cion~l r1o...ma-têi1al, ?.L.!.- o processo secundário quedomina.- .

Schafer salienta ainàa o papel defensivodo processo primário e, mais genericamente,

-iL

'-..1 , ,

da regressão, fazendo-rios recordar que estemovimento pode produzir-se em funçãoquer de uma posição de fragilidjide, quer de'uma pQsição de fort<,J.lezado Eu.' Servindo-sedo co~ceito de regressãoao serviçodo Euutilizado por KÍis (195~),'S.c1ta~erconsidera-a situação pr~jectiva como um convite aosujeito para. que ele se empenhe num movi-mento regressivo semelhante. Pode, então,considerar-se as diferentes posições indivi-duais relacionadas com este processo: asáreas da regressão, a capacidade que o su-jeito tem de se res~abele,:~rdo estado regres-sivo, o uso qüe fatodos proqutos de regres-são. Schafer refere-se, finalmente, a. algu-mas .atitudes dos sujeito~' para com esteconVite ~ regr~o_. Há aqueks que se reve-lam ~ábeis ou ~ucodispostos a regredir,

.agarrando~se a sÜf1pleSd~crições das' man-chas; 011aborda,ndo oes~tllo de uma' for-ma muito concreta.. Há outras q~e se dei-xam ir :]Imito facÍbI1e~te 'em dir~cção aestaqQSregressivos, embora perdendo tam-bém muito rápida' e facilmente o controlo,produ4ndo . nestaS circuIW~cias respostascom..conteúdos extremamente bizarrQs. Es-tes sujeitos manifestam, desta forma, confli-tos inconsCientes profu~dos, e muitas vezessão as suas próprias respost~ que os angus-tiam, 'Sinalizando assim .uma posição defraqueza das funções do Eu. .

Há ainda. int1jv~du~ qllc !:e revdam .capa- /zes dt umtl regresszo adapt::.lii;a.Esfei em-

penh~~se mnna actividade extremamente~-#imagin,ativa, produzindo r~postas muito es-pd~@t~ e d~ grande' cIiativid.1de, cujajustificação adequada eles sempre se reve-lam capazes de dar.

Tooa' a 'diriâIDi~asubjacente ao raci.?Eal'aa sttuaÇãoRõfscl1ãê11êSrã;ãSsim;-õãseaât-

naSW1!-4~~~ ~te~I;11a.$i.t~ção .&.~dõiã-doii1edo.dã'pejdil:da fomia.oti de "angústiadefraW11entaÇão,.~ numa «I:i:I}li.tbnítida situa-çãO de traiI$ferência, 'eXÇldamente seme-lhànte à sit~aÇãode tra~sf~iê~~i'aãnalltica;

(Baer, 1950, p. 458). Esta situação d-ei~~~=-[erência, que existe igualmente not.itra~._t~c..:

J

Page 10: Angústia como conceito operatório - Vitor Moita

~~:::

(.~ II

trÍ".......

".IÇ-"

i(;~ ~.

L~; ~.

.'~""'OCf.""""""~~"fr'1c~"""""""""'*'.~t.~.....ç-.,tw-

,-~~.~"~;t,',

t;,

~,

~,

~,

~.t;,

~'.

~,

t;,

í;~~"1;'!::"1~':f'7:i"~;':~t?;.:f?;</T~"':;;;",(:+';:~"~iY""'\f?'~'~'i~;r"'F,j"?;:"'0'?0'~;:::r!"7<!~~~~~"":(~~;""i!"f~;'"",

...."

'I

i I nicas projecti\ras, será, no entanto, segund~Baer, particUlarmente evidente na técnicade Rorschach, devido à falta de sentido dasinanchas.- Nestas circunstânciaspoder-se-á observara forma como o sujeito examinado, baseadono «resto diurno» constituído pelas man-chas- informes, constrói o seu «sonho}) eque ele exprimirá sobretudo através das res-

!i postas movimento. - .

I Chamando a atençao para o papel desem-penhado pelo determinante formal como

I instrumento ao serviço do Eu na organiza-: ção da defesa contra a angústia, Baer (1950,I p. 460)afirma:a parte escUrae à parte colo-

rida daS'manchas, juntamente com a.forma.

'i cOnSt~tuirão,«o fundo. e a figura que a ~r-,/ sonalidade doexammado deve domillar: através dos s~us esforços de con'struçãó;' estI1lturaL Sem a fo~ ,o examinado en-~ contra:-se num' dilema: ou cai na desperso-

I -/! n~ção.r~present~da_~lo' c1aro-escuro~ou'~ \ :, na lIDpuIsmdadeprunar:a re~resez:tadapela

; cor pura. e ambas ,as Sltuaçoes sao angus-i. ,tiantes. Num ,~esi:eem que o material estí-,I mulo é constituído por manchas informes,

esta verificação não pode surpreender-nos,:

\SObretudo se tivermos' em conta que a perda

; 'da forma constitui em. si uma experiênciaj angustiante" equivale}1te,no inconsciente, à

erda de obje'cto». '

.\

-

'-=

BIBLIOGRAFIA

ABT, L. E. (1950) - (tA the:ory of proje:ctive:_. psychology», in: L. E. Abte L. Bellak (Eds),

Proiective Psychology: ClinicaI Approach tothe Tolal Psychology, Knopf, Nova lorque,1950, (Cit. in: Holzberg, 1968).

-ANZIEU. D';(I980)'.=á:;-n-ufrhodes projecrives;PUF, Paris.

BAER, A. (1950) - «Le: te:st de: Rorschach inter-prété du point de vue: analYlique», RevueFranç. de P:rychan., XIV, 1950 - 4. pp. 455--503,. .

BEIZMANN, C. (1974) - Li! Rorschach de ['efl-'jant ci ['adult/!. De!achaux et Niestlé. Neu-cha tel.

BRUNER, J. S. (1968) - «Pe:rcc:plual theory anrlthe Rorschach Test», J. P~rs., 1948, 17, pp.157-168. (Cit. in: Holzberg, 1968).

CORMAN, L. (1963) -«Les mécanisrnes de dê-fc:nse du moi dans Ic:s tests projc:ctifs)), Bul!.P:rychol., XVll, 1963i64 - 2. pp. 103-112

DEUTSCH. M. (i 954) - «Field thcory ilnd Pro-jectivc: ,techniquc:s», J. Proi. Tech., 1954, 18,pp. 427-434. (Ci!. in: Holzberg, 1963).

FRAISSE, P., PIAGET, J. (Ed.) (1967) - Traiu?de psychologie experimentale, Vol. I. PUF,Paris; ,

FRANCES, R. (1967) - «La .perception des for-mes c:t des ohjets». in: Fmisse e Pii1;et,1967 a.

FREUD, S. (1978) -lnhibirion, s}'mpróme er an-

gois;e, PUF, Paris, (Cit i~: Laplanche, ]980,p. 50)"

FULKERSON, S. C. (1965)-'- «Some impljca~tionsQf. the new cognitivc theory for projec-'tive' testsJ>, J. Consult., PsychoI.; 1965, 29, pp.191-197. (Ci!. in: Holzberg, 1968), ,

GORI, R. ,(1978) - Le corps er Ie signe dansl'a,cU! de, paro/e, Dunod, ,Paris.' '.

HOLT, R. R., HA VEL, J; (1960) - (IA methodfor asscssicg primar)' and secondary processin the Rorschach», in: ,M. A. Ricke;rs-Ovsian-kina (Ed.). Rorschach Psychology. Wiley;Nova Iorque, ]960.,' pp. 263-318. (Cit. in:Holzberg. 1968). . " '.

HOLZBERG, J. D. (1968)- «PsychoJogical- Theory a.nd Projc:ctivc: Techniques», in: Rabin,A. L,(Ed.), ]968. '

KRIS, E. '(]952) - PsychOOJ1alyticExplorarion!in Arf. International Universitic:s Pi'ess,'NovaTorque. , ' .

LACAN, J. (1949) - (tu stade du,miroir cornmefonnatc:ur de Ia fonctian du je)), in Lacan,i966. (Cit. ia: Sinirnoff, 1973),

LAPLANGm, J. (1930) -- .<'robl.::nc.:iqiIe~',T. J:L'angoisse, PUF; Paris.

MAHLER, M. (1973) - P:rycha:;e infcInrile,Payot,Paris.

MUCHIELLI, R. (1968) - La dynamique du- Rorschach, PUF, Paris.MURSTEIN, B. I. (1959) - «A concc:ptual

,medel af projective techniquc:s applied lostim ulus,va.riations --with--thema t ic. tc:chriiques»;J. Consulr. Ps)'chol., 1959, 23, 3-14. (Cit. in:Heltberg, 1968).

MURSTEIN, B. L. (Ed.) (1965) - HC1r1dbooko/projec!ive technique:r, Basic Bocks. Jnc.,Nova Iorque. .

ORR, M. (1958) - Li: tes! àe Ror~chQch 1"1l'imaga ITIcrt!!f"!"!elle.1\1cncgraphies du Buli. duGroup. Franç. du Rorschach, Puis-

, ~,

~,

<:;"

C;'

~,

~

I:;

'~e~--...--eeeeee~eeeec:t:C~CGi"

15