angelica silva

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CURSO DE GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA CÂMPUS REGIONAL DE CIANORTE ANGELICA PEREIRA DA SILVA A REVISTA CRIANÇA DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO INFANTIL: REPRESENTAÇÕES E TEMAS REFERENTES AO ENSINO DA CRIANÇA- ALUNO (1996 2006) CIANORTE 2011

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Page 1: Angelica Silva

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

CURSO DE GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA

CÂMPUS REGIONAL DE CIANORTE

ANGELICA PEREIRA DA SILVA

A REVISTA CRIANÇA DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO INFANTIL:

REPRESENTAÇÕES E TEMAS REFERENTES AO ENSINO DA CRIANÇA-

ALUNO

(1996 – 2006)

CIANORTE

2011

Page 2: Angelica Silva

ANGELICA PEREIRA DA SILVA

A REVISTA CRIANÇA DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO INFANTIL:

REPRESENTAÇÕES E TEMAS REFERENTES AO ENSINO DA CRIANÇA-

ALUNO

(1996 – 2006)

Trabalho de conclusão de curso apresentado à

Universidade Estadual de Maringá, Campus

Regional de Cianorte, como requisito integral

para a obtenção do título de graduada em

Pedagogia.

Orientadora: Prof. Drª. Elaine Rodrigues

CIANORTE

2011

Page 3: Angelica Silva

ANGELICA PEREIRA DA SILVA

A REVISTA CRIANÇA DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO INFANTIL:

REPRESENTAÇÕES E TEMAS REFERENTES AO ENSINO DA CRIANÇA-

ALUNO

(1996 – 2006)

Trabalho de Conclusão de Curso

COMISSÃO EXAMINADORA

Profª Drª. Elaine Rodrigues – UEM

Prof. Drº. Richard Gonçalves André – UEM

Prof. Ms.José Ap. Celório – UEM

Cianorte, 25 de novembro de 2011

Page 4: Angelica Silva

Dedico esse trabalho aos meus pais, João

Miguel e Maria Elena, meus grandes exemplos

de vida, que sempre apoiaram minhas decisões

e permaneceram ao meu lado me incentivando

e me ensinando como enfrentar os obstáculos

da vida. Muito obrigado. Amo vocês! Serei

eternamente grata!

Page 5: Angelica Silva

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, pela vida, pela saúde, pelas oportunidades, pela paciência,

sabedoria e força que me dera quando surgiram os obstáculos. Obrigada Senhor.

Ao meu pai, pelo amor e por tantos ensinamentos, não só por palavras, mas muitas

vezes por atitudes.

À minha mãe, por todos os incentivos, pelo grande companheirismo e pelo colo e

carinho que nunca me negou.

Ao meu noivo Danilo, por ter entendido minhas faltas e ter compreendido quando

decidi primeiramente estudar. Amo você.

À minha patroa e amiga Marivan, pela compreensão e incentivos aos meus estudos.

À todos meus familiares e amigos, pelo apoio e contribuição.

Ao Rafael, criança em que minha mãe não é só babá, mas que faz parte da nossa

família, pela paciência de esperar a “Tatinha” terminar o “Trabaio da facudadi” para

poder brincar no “compitador”. Seus olhares e abraços inocentes foram o que muitas

vezes não me deixaram desistir.

À professora Alessandra Rodrigues, do Ensino Médio, sem seus incentivos não teria

chegado até aqui.

Aos professores de pedagogia, que com seus grandes conhecimentos e compromisso

com a educação contribuíram para minha formação como educadora consciente desse

processo difícil, mas antes gratificante.

Agradeço especialmente a minha orientadora Elaine Rodrigues, pela atenção, pela

dedicação, pelos estudos, pela orientação e pelos ensinamentos que me proporcionaste

desde o segundo ano da faculdade.

À banca examinadora, Prof. Drº. Richard Gonçalves André e Prof. Ms.José Celório, por

aceitarem o convite e por dedicarem tempo aos meus estudos.

Page 6: Angelica Silva

Aos colegas de sala por compor uma turma tão especial, mesmo que uns sejam mais

próximos, todos estavam juntos nos momentos marcantes da nossa turma.

À amiga Franciany que conheci no Curso de Pedagogia e Ludiane que estuda comigo

desde a 6ª série do Ensino Funtamental, muito obrigada as duas pelos estudos realizados

juntos, mas principalmente pelos conselhos, pelos bons momentos e pelas constantes

risadas. Vocês marcaram minha vida e serão sempre grandes amigas.

Aos amigos Andressa, Du, Néia e Toninho, pelas conversas, pelos bons momentos e

pelas risadas que marcaram nosso caminho até em casa, se não fosse por vocês a estrada

para São Lourenço não teria tanta graça e seria bem maior.

Enfim a todas as pessoas que contribuíram de forma direta ou indireta para minha

formação. Obrigada!

Page 7: Angelica Silva

“O homem é a única criatura que precisa ser

educada. Por educação entende-se o cuidado

de sua infancia (a conservação, o trato), a

disciplina e a instrução com a formação.”

Immanuel Kant

Page 8: Angelica Silva

SILVA, Angelica Pereira da. A REVISTA CRIANÇA DO PROFESSOR DE

EDUCAÇÃO INFANTIL: preliminares reflexões sobre os temas referentes ao ensino

da criança-aluno (1996 - 2006). 44 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em

Pedagogia) – Universidade Estadual de Maringá, Cianorte, 2011.

RESUMO

Elegemos como fonte para a realização deste trabalho a Revista Criança do Professor de

Educação Infantil, publicada pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) e destinada

ao professor de Educação Infantil. Diante das observações e compreensões que

realizamos com base na Revista Criança do Professor de Educação Infantil

compreendemos que este estudo apresenta como justificativa a possibilidade de uma

reflexão produzida sobre um periódico que veicula as idéias oficiais de um Ministério

Público, criado com preocupações relacionadas especificamente com Educação Infantil

institucionalizada. O problema para essa pesquisa, assim, formulou-se: Segundo os

idealizadores da revista, sua finalidade seria promover boas práticas pedagógicas, quais

seriam estas ações e por meio de que temas estão representadas na revista? Partindo

dessa questão, estabelecemos dois objetivos para direcionar este estudo, o primeiro,

discorrer sobre o conceito de Imprensa Pedagógica, uma vez que nossa fonte de

pesquisa caracteriza-se como tal e o segundo, compreender e discorrer sobre os temas

mais frequentemente abordados na Revista Criança. A metodologia será descritiva e

reflexiva, a descrição e o mapeamento do conteúdo da Revista Criança será a base para

a elaboração de uma reflexão acerca da finalidade dos conteúdos presentes neste

periódico, publicado pelo MEC – Ministério da Educação e Cultura. Nosso recorte

temporal contemplou 6 números do periódico e justificam-se por serem, 1996, o ano de

promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN – Lei federal

nº9.394/1996) que por primeira vez, na História da Legislação Educacional no Brasil

cria uma Seção para tratar especificamente da Educação Infantil (Seção II, art. 29), e o

ano de 2006, que há a aprovação da Lei Federal nº11.274/2006, que aprovou o Ensino

Fundamental de nove anos, alterando, assim, a estrutura organizacional da Educação

Infantil. Contudo chegamos ao resultado de que a Revista Criança subsidia a prática dos

professores de educação infantil, visando contribuir com a formação desse profissional e

também oferecer possibilidades para uma melhor aprendizagem e desenvolvimento da

criança-aluno que se insere na Educação Infantil.

PALAVRAS-CHAVES: História da Educação. Imprensa Pedagógica. Revista Criança

do Professor de Educação Infantil. Práticas Pedagógicas.

Page 9: Angelica Silva

SILVA, Angelica Pereira da. THE JOURNAL OF TEACHER EDUCATION

CHILDHOOD: Representations and issues concerning the education of the child-

student (1996 - 2006). 44 f. Completion of Course Work (Undergraduate Education) -

State University of Maringá, Cianorte, 2011.

ABSTRACT

We elected to make this work to Child Magazine, Professor of Early Childhood

Education, published by the Ministry of Education and Culture (MEC) and designed for

the kindergarten teacher. Given the observations and insights that we do based on the

Child MagazineTeacher's Early Childhood Education, we understand that this study

may provide justification as to allow for reflection produced on a journal that conveys

the idea of an official prosecutor, created specifically concerns Children with

institutionalized education. The problem for this research, so it was formulated:

According to the creators of the magazine, its purpose would be to promote good

teaching practices, which would be through these actions and themes that are

represented in the magazine? From this question, we established two goals to guide this

study, first, discuss the concept of pedagogical press, as our source of research is

characterized as such, and second, understand and discuss the topics most frequently

dealt with in the Journal child. The methodology is descriptive and reflexive, the

description of the contents of the journal Child will be the basis for preparing a

reflection about the purpose of the contents of this journal, published by MEC –

Ministry of Education and Culture. Our time frame contemplated 6 issues of the journal

and are justified because they are, 1996, the year of enactment of the Guidelines and

Bases of National Education (LDBEN - Federal Law No 9.394/1996) that for the first

time in the history of legislation Education in Brazil to create a section dealing

specifically with Early Childhood Education (Section II, art. 29) and the year 2006, in

which is the approval of the Federal Law No 11.274/2006, which approved the

Elementary School for nine years, changing thus, the organizational structure of Early

Childhood Education. But we got the result that the Journal of Child subsidizes the

practice of early childhood education teachers, to contribute to the formation of

professional and also offer possibilities for a better learning and development of the

child-student who falls in Early Childhood Education.

KEY WORDS: History of Education. Pedagogical Press. Journal of Child Professor of

Early Childhood Education. Pedagogical Practices.

Page 10: Angelica Silva

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Quadro demonstrativo dos números da Revistas Criança (199-a-2006).....16

Quadro 2- Revista Criança: abordagens para a LDB 9394/96 o RCNEI.......................18

Quadro 3 - Apresentação dos temas centrais: Carta ao Professor..................................22

Quadro 4 – Temas Isolados............................................................................................33

Page 11: Angelica Silva

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 11

2 O CONCEITO DE IMPRENSA PEDAGÓGICA: uma compreensão

necessária ....................................................................................................................... 13

3 REVISTA CRIANÇA DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO INFANTIL:

HISTÓRICO E TEMAS ABORDADOS .................................................................... 15

3.1 BREVE HISTÓRICO DA REVISTA CRIANÇA DO PROFESSOR DE

EDUCAÇÃO INFANTIL .............................................................................................. 15

3.2 ...TEMAS ABORDADOS PELA REVISTA CRIANÇA DO PROFESSOR DE

EDUCAÇÃO INFANTIL: UMA DESCRIÇÃO ........................................................... 18

3.2.1 O CURRÍCULO PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL, RELAÇÕES COM

A LDBEN 9394/96 E O RCNEI .................................................................................... 18

3.2.2 CARTA AO PROFESSOR: SÍNTESE DOS CONTEÚDOS

REFERENTES A CADA EDIÇÃO ............................................................................... 21

3.2.3 APRENDIZAGENS E DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA:

LEITURA, MATEMÁTICA E BRINCADEIRAS ........................................................ 26

3.2.4 RELATOS DE EXPERIÊNCIA ............................................................... 30

3.2.5 PROFESSOR FAZ RECURSO DIDÁTICO: LITERATURA,RESENHAS

E REPRODUÇÃO DE OBRAS FAMOSAS ................................................................. 32

3.2.6 SIMPÓSIOS, NOTAS, NOTÍCIAS E AGENDA .................................... 35

3.2.7 TEMAS ISOLADOS: ASSUNTOS PERTINENTES .............................. 36

4 DAS CONSIDERAÇÕES FINAIS OU ENCERRANDO PARA INICIAR .... 40

REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 42

APÊNDICES .................................................................................................................. 44

Page 12: Angelica Silva

11

1 INTRODUÇÃO

Esse trabalho é o resultado do estudo de alguns exemplares da Revista Criança

do Professor de Educação, publicada e editada pelo Ministério da Educação e da

Cultura (MEC). Os periódicos selecionados foram tomados neste estudo como fontes

para uma preliminar reflexão acerca dos temas referentes ao ensino da criança-aluno,

uma vez que acreditamos que a criança inserida na escola conceitua-se como aluno,

entretanto não deixa de ser criança, sendo necessário que a Educação Infantil organize-

se e estruture-se para atendê-lo. De acordo Narodowski (apud BOTO 2002) “Se a

infância irá emigrar do lar à escola e se se pretende que todas as crianças emigrem

deverá se administrar um sistema que garanta a simultaneidade nas ações empreendidas

[...]”. (BOTO, 2002, p.35)

Desse modo, a Imprensa Pedagógica em questão foi tomada nesse Trabalho de

Conclusão de Curso como fonte e objeto de estudo, por consolidar-se como eixo central,

item para análise e referência para o mesmo. A escolha da revista justifica-se por ser um

periódico de grande circulação publicado pelo MEC com distribuição gratuita, tiragem

média de 200 mil exemplares para as escolas públicas que atendem à educação infantil e

nas instituições privadas sem fins lucrativos, conveniadas com o poder público e por

expressar as vontades e determinações desse Ministério Público.

Primeiramente faremos uma exposição de nossa compreensão acerca do

conceito: Imprensa Pedagógica ou Imprensa de Educação e Ensino. Assim o faremos

por compreender que nossa fonte “pode ser entendida como núcleo de informação, já

que mostra maneiras de produzir e difundir discursos” (FERNANDES, 2008, p.16),

neste caso, específicos de Educação Infantil.

Posteriormente, apresentaremos um breve histórico da revista, para que se faça

possível uma compreensão do contexto histórico desse periódico, e em seguida, será

exposta a nossa reflexão e compreensão dos conteúdos presentes nas edições

selecionadas para o nosso estudo, as quais foram as edições de nº 29 e nº 30 publicadas,

possivelmente, em 1997 e nº 31 publicada em 1998, a qual mantivemos por

compreender que, no todo das publicações, ela situa-se como um desdobramento das

edições citadas anteriormente, por serem publicadas em um mesmo contexto, são

subseqüentes; essas edições foram emprestadas para realização de cópias, por aluna de

mestrado da UEM - Câmpus de Maringá, que realizou um estudo das revistas. E ainda

Page 13: Angelica Silva

12

as edições nº 40, publicada em 2005, e as edições nº41 e nº42 publicadas em 2006, que

estão disponíveis no portal do MEC, totalizando então seis números.

Os anos e as edições escolhidas para este estudo justificam-se como marco

inicial pelo fato de que em 1996 foi promulgada a Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional (LDBEN – Lei Federal nº 9.394/1996), que pela primeira vez trata

da Educação Infantil como uma etapa da Educação Básica, e entendemos que esta etapa

da escolarização compreende em seu interior uma criança-aluno. Assim é escrito na

Sessão II no artigo 29 da LDBEN que “A educação infantil, primeira etapa da educação

básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de

idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação

da família e da comunidade.” (BRASIL, 1996)

O marco final será representado pelo ano de 2006, no qual foi aprovada a Lei

Federal nº 11.274/2006, que instituiu o ensino de nove anos no Ensino Fundamental,

alterando a estrutura organizacional da Educação Infantil, pois a criança de seis anos,

que até então frequentava esta fase da escolarização, passará a ser aluno do Ensino

Fundamental. Desse modo, a lei apresenta, no artigo 32, que assegura: “O ensino

fundamental obrigatório, com duração de 09 (nove) anos, gratuito na escola pública,

iniciando-se aos 06 (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação básica do cidadão

[...]”. (BRASIL, 2006)

Contudo os objetivos para esse estudo foram o de primeiro compreender o

conceito de Imprensa Pedagógica, uma vez que a fonte de pesquisa se caracteriza como

tal e discorrer e refletir sobre os temas abordados na Revista Criança do Professor de

Educação Infantil.

Page 14: Angelica Silva

13

2 O CONCEITO DE IMPRENSA PEDAGÓGICA: uma compreensão

necessária

Ao entendermos nossa fonte de estudo como uma Imprensa Pedagógica, faz-se

necessário, também, a compreensão a respeito desse conceito, para melhores

esclarecimentos.

Conceituando a Imprensa Pedagógica como fonte para o estudo de história,

Rodrigues (2010) ressalta que, a partir das décadas de 1960 e 1970, a imprensa ganha

evidência em produção de historiografia e em 1990 a imprensa pedagógica é eleita

como fonte, concretizando-se como fonte privilegiada. Em relação a isso as autoras

Martinez e Rodrigues (2008) evidenciam que:

Atualmente a historiografia tem oferecido opções teórico-

metodológicas de trabalhos que até então não eram eleitos como

documento, como uma fonte histórica. Dentro dessa nova referência,

os historiadores têm se utilizado de impressos, revistas e periódicos

como fontes privilegiadas. (RODRIGUES e MARTINEZ,2008, p.13)

Desse modo, Imprensa Pedagógica caracteriza-se como uma ramificação da

Imprensa, pois, também se faz por jornais, revistas, cartazes, panfletos, entre outros.

Entretanto, está direcionada a um público específico, ou seja, pessoas que estão

integradas ou relacionadas à Educação, como professores, alunos, pais, funcionários,

enfim toda a comunidade escolar, podendo também ser definida pela expressão

“imprensa de educação e de ensino” (FERNANDES, 2008, p.17)

Ao que se refere a nossa fonte de estudo, ou seja, às revistas pedagógicas,

Fernandes (2008) as caracteriza como:

fonte „incontornável‟ [...], na medida em que permitem apreender a

multidimensionalidade do campo pedagógico e suas dificuldades de

articulação teoria-prática, além de possibilitar a identificação dos

principais grupos e personagens de determinada época histórica

(FERNANDES, 2008, p.16)

Em relação às dificuldades de articulação entre teoria e prática, a autora escreve

que a Imprensa Pedagógica apresenta informações próximas ao fato real, enquanto

Nóvoa (apud FERNANDES 2008) justifica que a Imprensa Pedagógica vincula o fato

Page 15: Angelica Silva

14

real aos diversos atores do contexto educacional, como pais, professores, alunos,

instituições, entre outros. A autora considera as revistas pedagógicas como fontes

importantíssimas, por representarem um determinado momento histórico educacional e

ainda por apresentarem os personagens desta história; isso se faz possível pelo fato das

revistas pedagógicas se apresentarem no contexto histórico, ou seja, fazer parte deste.

Considerando a Imprensa Pedagógica como algo presente em um contexto

histórico, Rodrigues (2010) esclarece que “A imprensa pedagógica registra, comenta e

participa da história, possibilitando ao pesquisador problematizá-la, afim de que haja

uma organização e sistematização destes vestígios para a confecção da história e ou da

história da educação.” (RODRIGUES, 2010, p. 312)

Acreditamos que juntamente com as ilustrações e os escritos de um periódico

pedagógico estão postas, também, as opiniões, os desafios, as necessidades, as

conquistas, as descobertas e o cenário que a sociedade escolar vivenciou durante uma

determinada época, pois a imprensa participou e registrou a história. “Dessa forma, a

imprensa, por meio de sua própria diversificação, pode revelar a extraordinária

diversidade que caracteriza o campo educativo.” (FERNANDES, 2008, p.19)

Ainda de acordo com essa autora, “Os periódicos ligados aos professores podem

ser entendidos como núcleos de informação, já que mostram maneiras de produzir e

difundir discursos.” (FERNANDES, 2008, p.18). Com isso, acreditamos que, quando a

Imprensa Pedagógica volta-se ao professor, pode ter diversas finalidades, entre elas, o

levar informações ou ainda, esperar do docente um pensamento ou ações norteadas

pelos conteúdos veiculados.

De acordo com as autoras Martinez e Rodrigues (2008) “Quando se fala em

impressos produzidos por autoridades, podemos ainda perceber a ordem que desejam

instaurar”. Desse modo, consideramos em maior profundidade que a imprensa traz

consigo opiniões e normas de quem a produz, nesse caso, como já pontuado pelas

autoras, caracterizam-se como ordens ocultas, que autoridades desejam que se tornem

realidades.

Por esse motivo, optamos por conter como fonte para nosso estudo as revistas

publicadas pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC), para evidenciar o olhar do

Ministério Público em relação à infância e à Educação Infantil.

Page 16: Angelica Silva

15

3 REVISTA CRIANÇA DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO INFANTIL:

HISTÓRICO E TEMAS ABORDADOS

Neste capítulo, dividido em duas partes, vamos apresentar na primeira um breve

histórico da Revista Criança e na segunda optamos por uma descrição dos temas

abordados pela nossa fonte de estudo.

Apresentamos o histórico da Revista Criança por acreditarmos que esta se faz

importante, por pontuar os principais momentos do contexto histórico do periódico,

principalmente das edições selecionadas para nosso estudo, e por possibilitar algumas

reflexões quanto à forma em que o impresso está organizado, as modificações realizadas

e, principalmente, explicações ao que se refere às datas das edições estudadas.

Na segunda, optamos por uma descrição, quase exaustiva, dos temas abordados

por nossa fonte, para que pudéssemos compreender e refletir os motivos pelos quais

esses foram contemplados no periódico e verificar se tinham como objetivo transparecer

as pretensões e idealizações de seus organizadores.

3.1 BREVE HISTÓRICO DA REVISTA CRIANÇA DO PROFESSOR DE

EDUCAÇÃO INFANTIL

Diante dos estudos direcionados à Revista Criança, optamos por apresentar um

breve histórico desta, para possibilitar melhor entendimento do seu contexto.

Elaboramos esse histórico pautando-nos na Dissertação de mestrado de Wanessa Gorri

de Oliveira (2011), defendida no Programa de Pós-graduação em Educação da

Universidade Estadual de Maringá (PPE/UEM 2011)1.

A primeira publicação da revista foi em 1982, quando segundo Oliveira (2011)

“a Educação Pré-Escolar se vinculava ao Movimento Brasileiro de Alfabetização

1 OLIVEIRA, Wanessa Gorri. A imprensa pedagógica como fonte e objeto para uma escrita

da história da educação: em destaque a Prática pedagógica sugerida ao professor de educação

infantil pela Revista Criança (1996-2006).198 f. Dissertação (Mestrado em Educação) -

Universidade Estadual de Maringá. Orientadora: Profª. Drª. Fátima Maria Neves. Maringá, PR,

2011.

Esta dissertação foi desenvolvida com vínculo ao Grupo de pesquisas – HEDUCULTES -

História da Educação Brasileira, Instituições e Cultura Escolar. Coordenado pela professora Drª

Elaine Rodrigues.

Page 17: Angelica Silva

16

(MOBRAL)”. Com isso a autora ressalta que o MOBRAL transferiu sua prática dos

programas de alfabetização de adultos para a educação pré-escolar, inclusive pessoas

não profissionalizadas, os monitores, para desenvolver tarefas com as crianças, assim a

Revista Criança surgiu como instrumento para a formação continuada desses monitores.

De acordo com Oliveira (2011) a Revista Criança é elaborada pelo MEC,

entretanto até 1998 a revista não mencionava essa terminologia, mas sim Ministério da

Educação e do Desporto, em relação a isso Werl (apud OLIVEIRA 2011) escreve:

[...] verifica-se que, ao longo da República, a educação vinculou-se a

diferentes ministérios: Instrução Pública, Correios e Telégrafos (1890-

1891), Justiça e Negócios Interiores (1891-1930), Educação e Saúde

Pública (1930-1953), estruturando-se, isoladamente, como Ministério

da Educação, a partir daí (OLIVEIRA, 2001, p.29)

Nessa perspectiva, Oliveira (2011) ressalta que o Ministério da Educação foi

constituído pelo Decreto-Lei nº 91.114/1985 e por esse motivo a Revista Criança

menciona Ministério da Educação e do Desporto de maneira errada.

Em meio ao nosso recorte temporal Oliveira (2011) registra que a revista passou

por dois momentos diferentes, o primeiro (1996-1998) referente ao governo Fernando

Henrique Cardoso (FHC) e segundo (2003-2010) ao governo Luis Inácio Lula da Silva

(LULA), como demonstraremos no quadro a seguir:

Quadro 1 – Quadro demonstrativo dos números da Revistas Criança (199- a 2006)

Nº da Revista

Data de

Publicação

Presidente Número de

páginas

Tiragem

29 Data não

apresentada

FHC 40

120.000

30

Data não

apresentada

FHC 40 130.000

31 Novembro de

1998

FHC 44 120.000

32 Junho de

1999

FHC 44 120.000

33 Dezembro

de 1999

FHC 40 150.000

34 Dezembro

de 2000

FHC 41 150.000

35 Dezembro

de 2001

FHC 40 150.000

37 Novembro

de 2002

FHC 40 150.000

38 Janeiro de

2005

LULA 44 200.000

39 Abril de 2005 LULA 43 200.000

Page 18: Angelica Silva

17

40 Setembro

de 2005

LULA 43 200.000

41 Novembro

de 2006

LULA 41 200.000

42 Dezembro

de 2006

LULA 41 200.000

Fonte: OLIVEIRA, 2011, p.36

Podemos observar no quadro que a Revista Criança possui uma periodicidade

não regular e que a mesma passou por um período mudo que marcou a transição de

governo. Segundo Oliveira (2010) no governo FHC o número de páginas das edições

variou de 40 e 44 e a tiragem de exemplares também variou entre 120.000 e 150.000

cópias. Nesse momento as capas da revista eram ilustradas com desenhos de crianças, as

imagens de seu interior eram imprensas em preto e branco e somente as folhas das

revistas eram coloridas. Já no governo LULA o número de páginas variou de 41 e 44 e a

tiragem de exemplares manteve 200.000 cópias. Já a partir de 2005 foi possível ter

acesso as revistas pelo portal do MEC. As capas da revistas nesse momento traziam

fotos de crianças nas instituições de Educação Infantil concernentes com o título da

matéria em destaque naquela edição e as revistas eram impressas totalmente coloridas.

Ao que diz respeito às duas primeiras edições abordadas em nosso estudo,

ressaltamos que, possivelmente, foram publicadas no ano de 1997, pois, as mesmas não

apresentam data de publicação. Concomitante a isso e fazendo alusão à edição n°29

(199-a), Oliveira (2011) sugere com base em seus estudos que “a mesma foi publicada

no ano de 1997, isso devido a seu conteúdo e um artigo contido na última página dessa

edição, referindo-se à aprovação da LDBEN, que foi aprovada em 20 de dezembro de

1996”.2

Atualmente o portal do MEC caracteriza a Revista Criança “como um

instrumento de disseminação da política nacional de educação infantil e de formação do

professor.” Ressaltam ainda que a revista apresenta-se como “uma importante fonte de

informação e de formação de profissionais que atuam na área.” (BRASIL, 2011)

2 Por esse fato, quando formos nos referir as revistas de n°29 e 30, o faremos da seguinte forma:

n°29 (199-a) e n°30 (199-b).

Page 19: Angelica Silva

18

3.2 TEMAS ABORDADOS PELA REVISTA CRIANÇA DO PROFESSOR DE

EDUCAÇÃO INFANTIL: UMA DESCRIÇÃO

Optamos por apresentar os temas abordados na Revista Criança de forma

descritiva, para que fosse possível uma melhor visualização e compreensão dos temas

abordados no periódico.

Dessa forma alguns conteúdos foram possíveis de serem agrupados, comparados

e relacionados com outros autores já estudados, pois tratavam dos mesmos assuntos e

tinham relação entre seus conteúdos; outros, porém, foram descritos e analisados

separadamente.

Essa estrutura do trabalho possibilitou uma compreensão e reflexão de todos os

temas abordados nas seis edições selecionadas para nosso estudo.

3.2.1 O CURRÍCULO PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL, RELAÇÕES COM A

LDBEN 9394/96 E O RCNEI

Ao observarmos as edições da Revista Criança constatamos que a mesma trata

de assuntos referentes à Educação Infantil, abordando temáticas direcionadas para

professores, gestores e todos envolvidos com essa etapa educacional. Identificamos,

também, que as questões legais são uma preocupação que afeta aos conteúdos do

periódico. Assim sendo, nos propusemos a descrever e refletir entre os conteúdos da

revista às interferências da LDBEN 9394/96, dos Referenciais Nacionais para a

Educação Infantil na forma definida para o currículo da Educação Infantil.

Quadro 2- Revista Criança: abordagens para a LDB 9394/96 o RCNEI

Edição/ano Título do artigo Conteúdo Autora Páginas

29/199-a Referenciais

Nacionais para

Educação

Infantil

Objetivo dos Referenciais

Nacionais para Educação

Infantil

Sílvia Pereira

de Carvalho,

Gisela

Wajskop e

Ana Inoue

38 a 39

A Educação

Infantil na nova

LDBEN

Reformulação da LDBEN em

2006

Ângela Rabelo

Barreto

40

30/199-b Referencial

Curricular

Nacional para a

Educação

Infantil

Elaboração dos Referenciais

Nacionais para Educação

Infantil e as mudanças que o

mesmo trará para a Educação

Ana Inoue,

Gisela

Wajskop e

Sílvia Pereira

de Carvalho

3 a 5

Page 20: Angelica Silva

19

31/1998 O Corpo e o

Movimento

Olhando os movimentos da

criança de acordo com o

RCNEI

Maria Paula

Zurawski

19 a 23

Referencial Apresentação da organização,

composição e explicação da

distribuição do RCNEI

- 44

40/2005 Diálogo com as

Cartas Recebidas

Respostas a dúvidas de

leitores referentes à

organização da Educação

Infantil após a homologação

da LDBEN 9394/96

Roseana

Pereira

Mendes

41 a 42

Fonte: Revista Criança (199-a-2006b)

Nas revistas n°29 (199-a) e 30 (199-b), percebemos que o foco está direcionado à

elaboração e distribuição dos Referenciais Nacionais para Educação Infantil (RCNEI),

que se caracterizam como um referencial para as instituições destinadas à Educação

Infantil e pré-escolas de todo o país, que possa auxiliar nas tomadas de decisões, no

planejamento, desenvolvimento e avaliação do processo educativo, visando a

construção de conhecimento da criança de 0 a 6 anos por meio da interação com o

ambiente em que vive. As autoras Sílvia Pereira de Carvalho, Gisela Wajskop e Ana

Inoue, que escreveram as matérias referentes a esse documento, são as responsáveis

pela elaboração do mesmo.

Com base no RCNEI, a autora Maria Paula Zurawski (1998) escreve “O corpo e

o movimento” a edição n°31 (1998), referindo-se ao movimento das crianças que se

caracterizam como uma linguagem, alertando ao professor que destine tempo e atenção

às atividades que possibilitam a expressão corporal. Considerando o conteúdo do

RCNEI, destacamos que:

O movimento humano, portanto, é mais do que simples deslocamento

do corpo no espaço: constitui-se em uma linguagem que permite às

crianças agirem sobre o meio físico e atuarem sobre o ambiente

humano, mobilizando as pessoas por meio de seu teor expressivo.

(BRASIL, 1998, p.16)

Ressaltamos que, Maria Paula Zurawski (1998) escreve esse artigo na revista no

ano de 1998, que não coincidentemente constitui-se como o mesmo ano de publicação

do RCNEI, então percebemos que mesmo com um curto período de vida, os

organizadores da revista já pretendem recomendar o RCNEI aos professores para que

possam qualificar suas práticas pedagógicas.

Na seção “Última Página”, ainda da edição n°31 (1998), é abordado novamente o

RCNEI, ressaltando que se trata de um conjunto de referências pedagógicas e

Page 21: Angelica Silva

20

orientações didáticas, divido em três volumes propondo a reflexão das crianças na

Educação Infantil.

Com relação à LDBEN, é publicado na revista n°29 (199-a), também na seção

“Última Página” um artigo da autora Ângela Rabelo Barreto, coordenadora geral de

Educação Infantil do MEC, intitulada “A Educação Infantil na nova LDB”,

apresentando a reformulação da LDBEN 9394/96, relatando a importância e os

benefícios que esta trará para a Educação Infantil, por inserir a mesma na Educação

Básica, e, consequentemente, exigir habilitação em nível superior aos professores e

possibilitando o atendimento de crianças de 0 a 6 anos em instituições de Educação

Infantil e pré-escolas com a finalidade de promover seu pleno desenvolvimento. Em

relação a isso, a autora evidencia que “A inserção da educação infantil na educação

básica, como sua primeira etapa, é o reconhecimento de que a educação começa nos

primeiros anos de vida e é essencial para o cumprimento de sua finalidade”. (BRASIL,

199-a, p.40).

Na revista n°40 (2005) na seção “Diálogo” que trata, tal como a de nº29 (199-a)

sobre a LDBEN 9394/96, não mais se apresenta o assunto como algo novo, mas sim

elencando as dúvidas daqueles agentes educacionais e da comunidade que estão

apropriando-se da lei. Para explanar, citamos que a Coordenadora Geral de Educação

Infantil do MEC, Roseana Pereira Mendes, responde dúvidas nesse espaço aberto aos

leitores, de uma diretora e de um pai de uma criança de 4 anos, acerca da organização e

estruturação das Instituições de Educação Infantil após a promulgação da lei.

Nessa mesma edição, a LBEN 9394/96 é abordada na seção Caleidoscópio, um

espaço existente apenas nas revistas estudadas no segundo momento de nosso trabalho,

ou seja, as edições n°40 (2005), n°41 (2006a) e n°42 (2006b), em que inicialmente é

exposto o tema a ser discutido e três títulos de artigos presentes no mesmo, juntamente

com suas respectivas autoras, em seguida são apresentados esses artigos que são

norteados por um tema central, porém cada autora escreve sobre um olhar diferente,

com objetivos diferentes.

Desse modo, a seção Caleidoscópio da revista n°40 (2005) refere-se às

instituições que, mesmo após nove anos da promulgação da LDBEN 9394/96, não

realizaram o processo de integração da Educação Infantil à Educação Básica. Desse

modo Karina Rizek Lopes (2005), coordenadora geral de Educação Infantil do MEC,

escreve o primeiro artigo “As Instituições de Educação Infantil são responsabilidade dos

Sistemas de Ensino”, apresentando a posição oficial do MEC e apontando a necessidade

Page 22: Angelica Silva

21

da integração e de sua efetivação na prática. O segundo artigo é escrito por Aidê

Cançado Almeida(2005), do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome,

sendo intitulado “Pactuação de Responsabilidade em Prol da Inclusão Social de

Crianças” e traz alguns dados que mostram a ligação ainda existente entre Educação

Infantil e assistência social. Por fim, Ana Rosa de Andrade Parente (2005),

coordenadora de Educação Infantil de Sobral, escreve “A Integração da Educação

Infantil aos Sistemas de Ensino” relatando a experiência de integração em seu

município.

Perante essa discussão, sobre o RCNEI e a LDBEN, ressaltamos que o currículo

da Educação Infantil recebe influências de um contexto social, histórico e político.

Assim Jodete Bayer Gomes Füllgraf (2006) ressalta no artigo “O Contexto

Multifacetado do Currículo na Educação Infantil” escrito na edição n°41 (2006a) que “É

possível afirmar, portanto, que a construção e gestão de propostas curriculares para a

Educação Infantil estão inseridas num processo social amplo e multifacetado.”.

(BRASIL, 2006a, p.29). Nesse contexto de envolvimento social e cultural com a

educação a autora destaca que:

[...] os profissionais que atuam em instituições com meninas e

meninos de 0 a 6 anos necessitam desenvolver práticas educativas que

considerem todas as dimensões e competências humanas

potencializadas nas crianças. Ou seja, essas práticas necessitam levar

em conta o contexto social e cultural em que as crianças e suas

famílias estão inseridas. (BRASIL, 2006a, p.28)

Desse modo, acreditamos que o currículo recebe influências diretas do contexto

social da escola e precisa também valorizar esse contexto, pois sua comunidade escolar

está envolvida nele, é nesse sentido que ressaltamos que o currículo para a Educação

Infantil é um desdobramento das leis educacionais, pois, é por meio dele que as leis são

colocadas em ação nas escolas, e também é nele em que se refletem as alterações das

mesmas.

3.2.2 CARTA AO PROFESSOR: SÍNTESE DOS CONTEÚDOS REFERENTES A

CADA EDIÇÃO

Na seção Carta ao Professor, na maior parte das edições, os dois primeiros

parágrafos trazem a descrição da idéia central que norteará o debate na respectiva

edição e, posteriormente, são apresentadas as outras seções. Carta ao professor é um

espaço da publicação que apresenta o caráter, podemos assim dizer, de editorial. Dessa

Page 23: Angelica Silva

22

maneira para melhor explanação do tema norteador de cada edição, apresentamos o

quadro abaixo:

Quadro 3 - Apresentação dos temas centrais: Carta ao Professor

Edição/ano Tema central

29/199-a O fato de o professor poder criar formas de pensar e agir na sociedade de acordo

com cada cultura, diante da grande dimensionalidade do Brasil.

30/199-b Formação de professores da Educação Infantil.

31/1998 Publicação do Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil.

40/2005 Reformulação da própria revista para que continue um instrumento na formação

continuada dos professores da Educação Infantil.

41/2006a A educação infantil como primeira etapa da educação e também de um processo

de democracia.

42/2006b Homologação da Lei 11.274 em 2006, que altera a estrutura da Educação Infantil

e do Ensino Fundamental.

Fonte: Revista Criança (199-a-2006b)

Na revista n°29 (199-a), conforme apresentada no quadro, observamos que o

tema central emerge com a preocupação de promover a reflexão do professor em

relação a grande diversidade cultural do Brasil. Neste sentido é ressaltada a atenção para

a dimensionalidade do Brasil e o fato do professor influenciar seus alunos a agir e

pensar na sociedade partindo de seus próprios conhecimentos culturais, ou seja, partindo

dos conhecimentos que eles aprendem cotidianamente.

Assim essa edição traz uma reportagem de Ana Sanchez (1997) intitulada

“Cunha, Município do Brasil”, em que primeiramente ela descreve relatos de crianças

que estudam na Escola Municipal de Educação Infantil do município de Cunha no

interior de São Paulo, sobre as festas culturais das cidades e os lugares que costumam

frequentar, ela alerta que os professores deveriam aproveitar os conhecimentos que as

crianças já possuem ao chegar à escola, para enriquecer a prática pedagógica, e conduzir

as crianças a aprenderem os conteúdos necessários e, até mesmo, brincadeiras por meio

do que já sabem, tornando assim a aprendizagem mais estimulante, além da

possibilidade das crianças trocarem conhecimentos e experiências entre elas, devendo

assim cada região levar sua cultura, tradição e costumes para dentro de sala de aula,

criando formas de pensar e agir na sociedade.

A temática central da edição n°30 (199-b) é a formação do professor de

Educação Infantil, assim são destacadas duas matérias referentes a esse tema, a primeira

Page 24: Angelica Silva

23

escrita por Regina Scarpa Leite (1997) intitulada “Formação de Professores: Aquisição

de Conceitos ou Competências?” que discorre sobre a formação de professores

ressaltando que esta deve levá-los a valorizar a prática como um elemento de análise e

reflexão dele mesmo e assim, a constituir-se como um profissional crítico e reflexivo.

A segunda é a matéria “A Formação Continuada do Educador: Desafios e

Conquistas” de Rosa Pantoni e M. Clotilde Rosseti-Ferreira (1997) que irão tratar sobre

o novo perfil do professor de Educação Infantil depois da LDBEN 9394/96, que

deverão superar desafios e refletirem sobre suas práticas. Assim, as autoras expõem sua

experiência na Creche Carochina, uma creche universitária de Ribeirão Preto em São

Paulo, com um projeto direcionado aos professores e funcionários para que a mudança

interna refletisse na sala de aula e principalmente na prática pedagógica.

Na revista n°31 (1998), o tema norteador é publicação do Referencial Curricular

Nacional para a Educação Infantil, em que a revista divulga que logo estará nas mãos

dos professores e por esse motivo os artigos dessa edição irão apoiar o RCNEI e ajudar

os professores a compreenderem as propostas didáticas presentes no mesmo.

No segundo momento proposto como foco de nosso estudo, ou seja, as edições

n°40 (2005), n°41 (2006a) e n°42 (2006b), observamos que a atenção dos editores

concentra-se na formação continuada, na Educação Infantil como parte da Educação

Básica e, consequentemente, como um meio para atingir o processo de democratização

no nosso país, e ainda uma discussão acerca da estrutura do ensino de Educação Infantil.

Em relação à formação continuada, a concepção demonstrada na revista de nº 40

(2005) leva a observação de que a revista está passando por reformulações objetivando

que a mesma caracterize-se como um instrumento de formação continuada para os

professores de Educação Infantil e, logo após, a Carta ao Professor traz uma entrevista

com Jesús Palácios, professor da Universidade de Sevilha no sul da Espanha “A

Educação Infantil como esperança no futuro” (2005) em que relata:

É possível aprender, também, que, sem a colaboração e a

cumplicidade dos professores, qualquer reforma está condenada ao

fracasso. E que a formação inicial e a formação dos profissionais em

exercício são questões chaves. Mas para isso é preciso vincular

formação e mudança positiva nas práticas profissionais com

incentivos na promoção profissional. (BRASIL, 2005, p.8)

O autor completa esta afirmação quando questionado sobre quais aprendizagens,

os brasileiros poderiam ter diante da experiência da Espanha em relação às reformas

Page 25: Angelica Silva

24

políticas da Educação Infantil. Acreditamos que a entrevistadora fez essa pergunta

referindo-se à reforma educacional que iria acontecer no ano seguinte a Lei 11.274 de

2006. Dessa maneira, o autor evidencia que, para o sucesso da reforma, é necessário

antes a formação dos professores para que esses aperfeiçoem suas práticas de acordo

com a reforma.

Em relação a essa prática do professor, a edição n°41 (2006a) publica na seção

Relato o artigo “O PROINFANTIL: Ontem, Hoje e Amanhã” escrito por Roseana

Pereira Mendes e Vitória Líbia Barreto de Faria (2006), responsáveis pela organização

pedagógica do Programa para Formar Professores de Educação Infantil -

PROINFANTIL, que escrevem sobre a concepção, a implementação e os desafios do

mesmo, que objetiva transformar a Educação Infantil, quanto às práticas pedagógicas

desenvolvidas por professores nas instituições de Educação Infantil e pré-escolas.

Pensando nas práticas que os professores devem realizar, e lembrando que a

Revista Criança é voltada ao professor de Educação Infantil, a edição nº42 (2006b),

apresenta um artigo de Beatriz Ferraz, psicóloga e doutoranda em Educação pela PUC-

SP, sob o título “Planejar para Aprender. Aprender para Planejar”, que discorre sobre a

importância dos professores de Educação Infantil planejarem suas ações educativas de

forma que propiciem reflexões tanto aos alunos como aos professores.

Notamos que os organizadores do periódico consideram e valorizam a prática

dos professores como disseminadora de idéias. Concomitante a esse fato, a temática

central da revista n°41 (2006a), como exposta no quadro, faz alusão à importância da

educação para que o país consolide a ideia de democratização, principalmente da

Educação Infantil, que irá educar a primeira infância, e, por esse motivo, o professor

dessa área deve ser valorizado, pois estará educando as crianças socialmente.

Destacamos a seguir a maneira que esse discurso é apresentado:

O Ministério da Educação (MEC) apresenta uma nova edição da

Revista Criança. Com isso, esperamos consolidar a idéia de que um

país democrático passa necessariamente pela educação. Uma educação

com qualidade social e que começa logo na primeira infância. Daí, a

importância de valorizar o papel daqueles que cuidam e educam

nossas crianças pequenas. Trabalhamos para que a Revista Criança

continue sendo um real instrumento de formação continuada.”

(BRASIL, 2006a, p. 2).

Acreditamos que esse discurso não se caracteriza apenas como valorização dos

professores, mas, sobretudo, responsabiliza o professor por uma função social que

Page 26: Angelica Silva

25

deveria ser atribuída a todos da sociedade, não só a ele. Diante desse fato, os professores

juntamente com a escola ficam incumbidos de tantas tarefas extracurriculares que

acabam perdendo suas funções essenciais de ensino-aprendizagem. Neste sentido,

segundo Saviani (1985), a escola tem perdido seu papel fundamental, uma vez que “[...]

encontra-se tempo para tudo na escola, mas muito pouco tempo é destinado ao processo

de transmissão-assimilação de conhecimentos elaborados cientificamente.” (SAVIANI,

1985, p.28)

Diante dessas diversas funções atribuídas aos professores, na seção “Última

Página” da edição n°30 (199-b) a autora Madalena Freire (1997) discorre sobre “A

Aventura de Ensinar, Criar e Educar” pontuando algumas tarefas, ou como denomina a

autora, algumas aventuras, que os professores precisam vivenciar para ensinar, sendo

essas: pesquisar, criar, fazer arte, ciência, política e acima de tudo ainda ensinar e

conduzir o aluno a pensar e agir.

Ainda no contexto de valorização às práticas dos professores, a edição n°41

(2006a) apresenta a matéria da capa “Prêmios Professores do Brasil” escrito por Edit

Silva (2006) ressaltando o reconhecimento do MEC pelas iniciativas dos professores em

um evento que premiou dez professores de Educação Infantil e dez do Ensino

Fundamental por seus projetos educacionais. Entretanto, acreditamos que essa

premiação também não se caracteriza como valorização aos professores, mas, sim como

uma pretensão de impulsionar os professores a também realizarem boas práticas.

Ressaltamos que os discursos presentes na revistas, focando e induzindo às boas

práticas dos professores, relaciona-se com a qualidade de Educação Infantil que se

pretende alcançar, desse modo é publicada na revista n°42 (2006b) uma entrevista com

Maria Malta Campos e Maria Lúcia Machado (2006), consultoras da elaboração do

documento “Parâmetros de Qualidade para a Educação Infantil”, sendo intitulada

“Qualidade na Educação Infantil - um processo aberto, um conceito em construção”, em

que são discutidos os objetivos desse documento, que tem como finalidade avaliar a

qualidade da Educação Infantil em todo o país, orientando os professores sobre as leis

para a Educação Infantil.

Na revista n°42 (2006b) o tema norteador, como foi apresentado no quadro é a

homologação da Lei Federal 11.274/06 que altera as estruturas da Educação Infantil e

do Ensino Fundamental. Este tema é abordado na seção Caleidoscópio, em que é escrito

“Desafios de Um Novo Tempo” das professoras Karina Risek Lopes (2006),

coordenadora geral da coordenação de Educação Infantil do MEC e Roseana Pereira

Page 27: Angelica Silva

26

Mendes, assessora pedagógica da coordenação de Educação Infantil do MEC, que irão

discorrer sobre a situação da Educação Infantil diante dessa lei. O segundo artigo é

intitulado “A Criança de 6 Anos no Ensino Obrigatório: Um Avanço Social” de Sandra

Denise Pagel coordenadora geral do Ensino Fundamental do MEC e Aricélia Ribeiro

do Nascimento (2006) assessora pedagógica da coordenação geral do Ensino

Fundamental do MEC, que tem como foco o Ensino Fundamental. Para finalizar, o

terceiro artigo é “A Criança de Seis Anos no Ensino Fundamental” de Elvira Souza

Lima (2006), antropóloga e psicóloga, que discorreu sobre a criança de seis diante da

Educação Básica. Essa seção visa esclarecer algumas dúvidas que emergiram com a

homologação da lei.

3.2.3 APRENDIZAGENS E DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA: LEITURA,

MATEMÁTICA E BRINCADEIRAS

A Revista Criança caracteriza-se como um instrumento de formação para os

professores da Educação Infantil, portanto, acreditamos que a mesma possui como

objetivo o desenvolvimento da criança dentro dessas instituições, sendo ele motor ou

cognitivo, e por esse motivo preocupa-se em formar os professores de modo a

conhecerem, valorizarem e propiciarem melhores condições para que ocorra da melhor

forma essa aprendizagem e esse desenvolvimento que incide diante de seus olhos. Desse

modo, discorreremos sobre os artigos e reportagens presentes nas edições estudadas,

que trataram de assuntos referentes à aprendizagem e desenvolvimento na Educação

Infantil, relacionados com leitura e escrita, matemática e desenvolvimento por meio de

brincadeiras.

Assim, fazendo alusão à aprendizagem da criança, a edição n°29 (199-a) traz a

entrevista “É conversando que agente se entende” com Ana Teberosky e Délia Lerner

(1997), que estiveram no Brasil para prestar consultoria à equipe pedagógica que estava

elaborando o RCNEI. A entrevista caracterizou-se como um diálogo muito construtivo

sobre a aprendizagem das crianças nas instituições de Educação Infantil, em que as

autoras ressaltam que essa etapa educacional compreende a idade de 0 a 6 anos,

entretanto é necessário fazer uma divisão, pois a criança de 0 a 3 anos está na fase de

desenvolvimento sensório-motor e de início da linguagem, já as crianças de 3 a 6 anos

estão em uma época de aprender com muita facilidade, caracterizando-se como uma

Page 28: Angelica Silva

27

fase de maior aprendizagens do ser humano e, por esse motivo, devem vivenciar

diversas situações de aprendizagens.

Para melhor elucidar, as duas autoras apresentam separadamente duas propostas

de trabalho na Educação Infantil, por meio de fontes geradoras de atividades. A autora

Ana Teberosky (1997), da Universidade de Barcelona apresenta o título “Ícones”

sugerindo que as professoras da Educação Infantil trabalhem a leitura e a escrita por

meio de logotipos e ícones para explorarem a leitura primeiramente de forma visual. Já

a autora Délia Lerner (1997), da Universidade de Buenos Aires, com o título

“Coleções”, expõe o trabalho com a matemática para obter boas aprendizagens, com

base nas próprias coleções das crianças, podendo ser de bolinhas, figurinhas, entre

outros, estimulando assim um desenvolvimento lógico por meio de diversas situações e

graus de dificuldades.

Na perspectiva de trabalhar a leitura e a escrita na Educação Infantil, como

ressalta Ana Teberosky (1997), o artigo “Alfabetizar na pré-escola”, publicado nessa

mesma edição por Telma Weisz, membro da equipe dos Parâmetros Curriculares

Nacionais para o Ensino Fundamental de Língua Portuguesa, refere-se ao ato de

alfabetizar na pré-escola, que deveria ocorrer de forma a valorizar o que o aluno produz

e compreende, mesmo que ocorram alguns erros, entretanto a autora ressalta que,

atualmente, o ensino é visto como algo de resposta imediata: “Pois o conhecimento não

se dá por acumulação, e sim por um processo dialético de superação pela reconstrução”

(BRASIL, 199-a, p28).

Diante desse fato a autora lamenta que, enquanto o ensino ocorrer de maneira

imediata, a alfabetização não deve ser inserida na Educação Infantil, pois levaria esta a

perder sua essência e não levaria o aluno a superar-se reconstruindo seus

conhecimentos.

Toda via, em relação à leitura, as edições n°40 (2005) e n°41 (2006a) trazem

duas reportagens escritas por Adriana Maricato, jornalista responsável pela revista. A

edição n°40 (2005) traz na capa a foto de um a professora lendo um livro numa roda de

bebês, juntamente com o título da reportagem “O Prazer da Leitura se Ensina”, que

ressalta a grande importância de crianças pequenas manusearem livros para que

aprendam a sentir prazer pela leitura desde bebês, ouvindo histórias ou até mesmo

sentindo os livros nas mãos, assim pais e professores podem propiciar espaços e

momentos prazerosos para a criança.

Page 29: Angelica Silva

28

Na revista n°41 (2006a) o assunto da matéria “Professora pode tornar-se leitora

com formação e prazer” não é direcionado apenas à leitura da criança, mas também ao

professor, ressaltando que as professoras precisam ser leitoras para estimularem a leitura

de seus alunos. A autora ainda apresenta um quadro com dez itens para os professores

perceberem as mentiras e as verdades em relação à leitura e ao contato de bebês com

livros.

Notamos que essas reportagens aparecem na revista para informar ao professor

que a Educação Infantil, pode e deve ser um espaço propício para leitura, mesmo que as

crianças ainda não dominem os códigos linguísticos, pois, é a partir do convívio com os

livros e com pessoas que estimulem esses momentos, que ela aprenderá a ter prazer pelo

ato de ler e todos os elementos que o envolvem.

Em relação ao ensino-aprendizagem de matemática na Educação Infantil, como

destacou a autora Délia Lerner, as edições n°30 (199-b) e n°40 (2005) apresentaram

dois artigos, o primeiro na edição de n°30 (199-b) publicado por Priscila Monteiro

(1997), “Jogos e Matemática: Uma Possibilidade”, discorre sobre a importância dos

jogos para a aprendizagem da matemática, assim a autora propõe uma aula norteada

pelo jogo de dominó, visando ao desenvolvimento do raciocínio lógico por meio de um

jogo.

O segundo está presente na revista de n°40 (2005) com o título “A Matemática

na Educação Infantil Trajetória e Perspectiva” de Ana Virginia de Almeida Lima

(2005), pedagoga, mestre em Educação Especial e especialista em Educação

Matemática, que chama atenção pelo fato do aluno poder aprender matemática também

por meio de suas vivências, assim ela apresenta inicialmente um breve histórico do

ensino de matemática e, por fim, apresenta a teoria de Vigotsky (1896-1934) aplicando-

a na matemática e ressaltando que as crianças podem refletir sobre suas aprendizagens

por meio de conhecimentos que já obtiveram cotidianamente, alertando que o professor

deve agir na Zona de Desenvolvimento Proximal, em que deve ser realizada a interação

entre o aluno e professor.

Em relação ao desenvolvimento da criança, a edição n°29 (199-a) apresenta o

título “Crianças são Poesias” que alerta aos professores sobre a importância de conhecer

seu aluno e seu respectivo desenvolvimento, relatando: “De fato sabemos hoje pela

psicanálise, tal como proposta por Freud e seus sucessores, que a matriz do

desenvolvimento emocional - tudo aquilo que dará o tom para a vida afetiva de uma

Page 30: Angelica Silva

29

pessoa, é elaborada pelo bebê ao longo dos seis primeiros meses de sua vida”.

(BRASIL, 199-a, p.3)

Com subsídios em Piaget, a mesma matéria ressalta ainda que “O

desenvolvimento cognitivo é um processo de sucessivas interações entre as pessoas e o

mundo. Ao longo desse processo, geram-se estágios da inteligência, ou esquemas

cognitivos, que nada mais são senão as possibilidades de pensamento de uma pessoa.”

(BRASIL, 199a, p.3).

Consideramos importante destacar que na edição n°29 (199-a) é exposto nos

cantos das páginas de algumas entrevistas e matérias, de modo isolado, um espaço

denominado “Ping Pong entre Crianças”, mostrando diálogos de uma entrevistadora

com crianças de várias idades sobre assuntos distintos, em que a entrevistadora deixa as

crianças livres para expressarem o que pensam. É um espaço muito interessante e de

uma leitura muito gostosa, pois a entrevistadora deixa as crianças à vontade para

falarem livremente e abertamente o que pensam. Percebemos esse espaço como um

meio de mostrar ao professor a importância de ouvir o que as crianças tendem a dizer e,

principalmente, valorizar suas opiniões.

Desse modo, os organizadores da Revista Criança demonstram a preocupação

com o desenvolvimento da criança nas instituições de Educação Infantil e compartilham

essa preocupação com os professores, levando-os a interessar-se por esse

desenvolvimento e realizar práticas para que este possa ocorrer.

Em relação ao desenvolvimento da criança, é publicado na revista de n°31

(1998) uma entrevista sobre o desenvolvimento por meio de brincadeiras, de Gisela

Wajskop (1998) com o sociólogo francês e professor na Universidade de Paris XIII,

Gilles Brougère com o título “O que é brincadeira?”, que relata sobre a importância e os

objetivos das brincadeiras na infância, ressaltando que, ao brincar, a criança está

desenvolvendo habilidades necessárias para a fase adulta, pois toma decisões, cria

estratégias, faz simulações de “faz de conta” e lida com diversos sentimentos e

emoções.

Concomitante, a autora Arce (2006), com base no RCNEI, escreve que “ao

brincar a criança interioriza suas aquisições do mundo adulto, transformando

conhecimentos que já possuía.” (ARCE, 2006, p. 102). Desse modo, acreditamos que a

brincadeira na Educação Infantil conceitua-se como um fator muito importante para

propiciar o desenvolvimento das crianças-alunos que nela estão inseridas.

Page 31: Angelica Silva

30

Pensando nas aprendizagens e no desenvolvimento dos alunos na Educação

Infantil, é necessário que se faça uma avaliação para acompanhar esses aspectos. Desse

modo, na revista n°41 (2006a) é publicada a seção Caleidoscópio com base nas

discussões que norteiam a avaliação na Educação Infantil. Assim, é exposto

primeiramente o artigo “Avaliação Sempre Envolve uma Concepção de Mundo” de

Claudia de Oliveira Fernandes (2006), professora da PUC do Rio de Janeiro e da

UNIRIO, que trata dos conceitos envolvidos na prática avaliativa. O segundo artigo é

intitulado “Elaboração e Organização de Instrumentos de Acompanhamento e

Avaliação da Aprendizagem e Desenvolvimento das Crianças”, de Adrianne Ogêda

Guedes (2006), também professora da PUC-RJ e diretora pedagógica da Casa Monte

Alegre, apontando aspectos que podem facilitar a construção de instrumentos

avaliativos eficazes. O terceiro artigo é “O Portfólio como Novo Instrumento de

Avaliação” de Rosana Aragão (2006), Coordenadora Pedagógica do Centro Educacional

Balão Mágico, em Lagoa Santa, Minas Gerais, no qual ela relata sua experiência de

construção do Portfólio como instrumento de avaliação, detalhando sua elaboração e

seus resultados.

Evidenciamos, assim, que os organizadores da revista expressam uma grande

preocupação em alertar, orientar e motivar os professores da Educação Infantil a

estarem concentrados no desenvolvimento e na aprendizagem de seus alunos, de forma

a acompanhar e avaliar se esses estão ocorrendo de forma satisfatória. Para isso,

chamam a atenção para conversas, brincadeiras e jogos que levem a criança a aprender e

desenvolver-se.

3.2.4 RELATOS DE EXPERIÊNCIA

Ao longo da leitura e da descrição das revistas, pudemos observar que são

publicados diversos relatos de experiências de professores e escolas, com alunos,

funcionários e com a comunidade escolar, em relação a algumas práticas realizadas que

obtiveram sucesso.

Assim consideramos que as revistas n°29 (199-a), n°30 (199-b) e n°31 (1998),

apresentam quatorze relatos de experiências, sendo essas de projetos educacionais,

projetos da equipe pedagógica quanto aos professores, melhoria da instituição e também

quanto à comunidade escolar. Já as revistas n°40 (2005), n°41 (2006a) e n°42 (2006b),

Page 32: Angelica Silva

31

apresentam cinco experiências sendo três relatadas ao longo de matérias que englobam

o mesmo assunto e duas sendo apresentadas separadamente como forma de relatos.

Acreditamos que as revistas selecionadas no primeiro momento apresentam um

número maior de relatos de experiência, pois foi o momento que sucedeu a

reformulação da LDBEN 9394/96 e professores estavam buscando novas práticas para

atenderem a lei.

Pelo fato das seis edições estudadas conterem juntas dezenove relatos de

experiências, optamos por abordar aqui apenas uma experiência referente a cada edição,

desse modo tentamos selecioná-las de forma que possa ser visualizada a amplitude dos

conteúdos presentes nesses relatos.

Na edição n°29 (199-a) pontuamos “A experiência de Florianópolis”, uma

matéria publicada pela professora da Rede Municipal de Ensino de Florianópolis, Sonia

Cristina Lima Fernandes (1997) na seção Educação Infantil, em que expõe uma

experiência realizada na Rede Municipal de Ensino de Florianópolis em 1995 e 1996,

apontando para o leitor exemplos e modelos, nos quais, primeiramente, foram realizadas

oficinas e encontros com os educadores infantis para discutirem a importância da prática

educativa e das brincadeiras, posteriormente transformou-se a sala de aula para melhor

aproveitamento da aula e a partir daí começaram a planejar as ações educativas e os

momentos de rotina da aula.

Na revista n°30 (199-b) ressaltamos a reportagem “Uma Terra de Professoras

Orgulhosas do que Fazem”, de Ana Maria Sanches (1997), que expressa a satisfação de

pais, professoras e coordenadoras das Escolas Municipais de Educação Infantil do

município de Itapetinga em São Paulo, referente ao modelo educacional em que todos

trabalham com seriedade e grande preocupação com a aprendizagem das crianças,

utilizando artes como pinturas, poesias, músicas e incentivando a produção e

criatividade dos pequenos estudantes.

Evidenciamos na edição n°31(1998) a reportagem “Jaraguá do Sul”, de Lourdes

Atié (1998), na qual é exposta a mudança que ocorreu no município de Jaraguá do Sul,

em Santa Catarina, em relação às creches, que eram responsabilidade da Secretaria da

Promoção Social e passaram a conceituar-se como Centro de Educação Infantil, ficando

a cargo da Secretaria de Educação. Assim, a autora discorre sobre as mudanças de

atitudes dos profissionais, da comunidade escolar e do município, visando ao

desenvolvimento das crianças e também à capacitação dos professores.

Page 33: Angelica Silva

32

Na edição n°40 (2005), destacamos o relato de um projeto da professora Ivna de

Sá Roriz de Paula (2005), intitulado “Projeto „Pedras‟ Geologia e Educação Infantil”,

no qual a docente trabalhou diversos conhecimentos sobre pedras com as crianças,

como tipos e cores de pedras, apresentando aos pequenos estudantes algumas coleções e

envolvendo matemática, artes, geografia e linguagens.

Na revista n°41 (2006a), chamamos a atenção para as experiências que são

apresentas ao longo da matéria “Prêmios Professores do Brasil”, na qual vinte

professores receberam o prêmio por seus projetos, e todos esses foram expostos na

matéria, entretanto selecionamos apenas um: “A Educação no Trânsito”, que foi o

projeto desenvolvido na Escola de Educação Infantil Raimundo Quirino Nobre, em

Cruzeiro do Sul, no Acre, com crianças de 4 a 6 anos.

Por fim, na revista n°42 (2006b), pontuamos o relato da professora da Rede

Estadual, Cláudia Santa Rosa (2006), que escreve “Escola da Ponte: a cidadania na

prática”, enfatizando o Projeto Político Pedagógico da Escola da Ponte, na cidade do

Porto, em Portugal, ressaltando a participação da comunidade escolar e as ações que

foram elaboradas a partir desse documento e obtiveram grandes sucessos.

Diante dessa explanação de diversas experiências, acreditamos que esses relatos

caracterizam-se como divulgação de boas ações, exemplos e incentivos, mas também

expressam uma forma implícita de levarem os professores leitores a também praticarem

essas iniciativas e ações em suas aulas, visando à melhoria da Educação Infantil de

acordo com os objetivos do MEC.

3.2.5 PROFESSOR FAZ RECURSO DIDÁTICO: LITERATURA, RESENHAS E

REPRODUÇÃO DE OBRAS FAMOSAS

Na última página, edições da Revista Criança estudadas apresentam obras de

artistas famosos, discorrendo sobre esses e suas respectivas obras, exceto a edição n°29

(199a), que apresenta um cartaz sobre os direitos da criança nas instituições de

Educação Infantil. As edições n°29 (199-a), n°30 (199-b) e n°31 (1998) não relacionam

esse espaço no sumário, entretanto essas duas últimas discorrem sobre o assunto

também na contra-capa da revista, já as edições n°40 (2005), n°41(2006a) e

n°42(2006b) não comentam sobre as mesmas em outro lugar da revista, mas expõe essa

seção no sumário intitulando-a “Artes”.

Page 34: Angelica Silva

33

Na edição n°29 (199-a), conforme escrito acima, não é reproduzido um quadro

famoso, mas um cartaz do Ministério da Educação e do Desporto intitulado “Nossa

Creche Respeita Criança” apresentando doze direitos da criança assegurados nas

instituições de Educação Infantil, e em volta do cartaz são expostos alguns desenhos

produzidos por crianças, os mesmos também aparecem na contra-capa da revista.

A edição n°30 (199-b) apresenta obras em cerâmica de Pablo Ruiz Picasso

(1881- 1973) na contra-capa, e na última página apresenta também obras em cerâmica

de Joan Miró (1893-1983) o objetivo da revista é que os professores apresentem essas

obras aos seus alunos e que levem aos mesmos a reproduzirem pinturas em cerâmicas,

na prática de sala de aula.

A revista n°31 (1998) expõe, na contra-capa, o quadro “A anunciação para Santa

Ana”, de Giotto (1267-1337), tentando compreender o que essas pinturas de 700 anos

atrás trazem para nós hoje e em qual linguagem. Na última página é apresentado o

quadro de Fra Angélico, nascido em 1387 na Itália, intitulado “A Anunciação”,

juntamente com uma breve biografia do pintor.

Na edição n°40 (2005) Celza Cristina Chaves de Souza, técnica da coordenação

geral de Educação Infantil (Coedi) do MEC, expõe o quadro “Primeiros Passos”

juntamente com uma breve biografia de seu autor, Vincent Van Gogh, nascido em 1853

em Paris, o quadro foi criado em 1890 e caracteriza-se como uma das 21 cópias que

Van Gogh fez das obras de Jean-François Millet, pintor francês do século XIX, por

quem tinha grande admiração.

A edição n°41 (2006a) reproduz dois quadros de Albert Eckhout (1610/1665),

“Mulher negra com criança” e “Índia tapuia com criança”, juntamente com uma breve

biografia e uma sucinta análise das obras, ressaltando que os quadros expressam a

essencial figura da mãe junto à criança que, desde cedo, já tem contato com a natureza.

Por fim, Vitoria Faria, consultora editorial da Revista Criança, apresenta na edição

n°42 (2006b) o quadro “As Meninas” de Diego Velázquez (1599/1660), apresentando

uma breve biografia do autor e um comentário da obra sobre os detalhes contidos na

mesma, a obra apresentada em que retrata a princesa Margarida Maria, da Espanha com

5 anos de idade, junto com outras meninas e suas criadas e a revista convida as

professoras a observarem as características das crianças que aparecem nos quadros

observando a concepção de criança que se tinha naquela época.

A Revista Criança contém diversos artigos, entrevistas, matérias e reportagens,

que já foram descritas nesse trabalho, entretanto, tendo por objetivo conceituar-se como

Page 35: Angelica Silva

34

um periódico de auxilio para a formação dos professores, são aderidas ao corpo da

revista algumas seções que informam aos professores quanto às notícias e eventos

educacionais e direcionam um caminho para aperfeiçoarem sua formação por meio de

leituras, análise de obras de artes, além de reservar um espaço para que os professores

publiquem suas obras literárias. Desse modo, destacamos a seguir esses elementos que

engrandecem a revista quanto aos objetivos que a mesma pretende alcançar.

Nas revistas estudadas no segundo momento, aparece uma nova seção

“Professor faz Literatura”, a qual as primeiras revistas não contemplaram, é um espaço

destinado para os professores publicarem suas obras literárias.

Desse modo, na edição n°40 (2005) é publicada uma narrativa sobre as letras,

intitulada “Solidariedade no Mundo das Letras”, da professora e pedagoga Stefânia

Padilha (2005), que escreve sobre a junção da letra “Q” com a letra “U”, narrando que a

letra “Q” era muito medrosa e não saia de casa então a letra “U” muito solidária

resolveu sair com ela todas as vezes que precisasse.

A revista de n°41 (2006a) apresenta duas poesias, a primeira, “Ler é o Melhor

Remédio”, escrita pela pedagoga Giani Peres (2006), que valoriza a leitura como um

remédio para a ignorância, enquanto a segunda, “Amigo”, da professora Regina Célia

Melo ilustrada pela professora Rachel Dumont (2006), vem apresentar o livro como um

melhor amigo em diversas situações.

A edição n°42 (2005b) expõe um texto para teatro com o título “Chapeuzinho

Vermelho”, da professora Raimunda da Silva Pires (2005), que mostra a figura do Lobo

como um personagem bom e vegetariano que só quer participar do aniversário da vovó.

Na seção Resenhas, os editores da revista apresentam alguns livros e fazem uma

explanação geral sobre seu assunto, comentando-os e apresentando o motivo de serem

itens importantes nas leituras e nas práticas dos professores de Educação Infantil.

A edição n°29 (199-a) divulga o livro “Temas Transversais em Educação: Bases

para uma formação integral” de Maria Dolores Busquetes, Manoel Cainzos, Tereza

Fernandez, Aurora Leal, Montserrat Moreno e Genoveva Sastre (1997), que discorre

sobre relatos e reflexões de professores da Espanha que realizaram propostas de ensino

com temas transversais e o entremeio de disciplinas curriculares.

A revista de n°40 (2005) divulga duas obras, “Educação Infantil: Para que te

quero?” organizada por Carmen Maria Craidy e Gladys Elise da Silva Kaercher (2005)

em que os artigos se sustentam em concepções de criança, de Educação Infantil e de

desenvolvimento/aprendizagem, visando ampliar os conhecimentos dos professores; e

Page 36: Angelica Silva

35

“O Caso do Bolinho” de Tatiana Belinky (2005) que se caracteriza com uma narrativa

própria para as crianças da Educação Infantil, por conter linguagem simples e

ilustrações.

Na edição n°41 (2006a), são apresentadas as obras “Memórias Inventadas -

Infância”, de Manoel de Barros (2006), que se constitui em uma caixinha com diversos

livrinhos que apresentam detalhes da infância do autor e “Pé com Pé”, um álbum com

dois CDs que teve como compositores e intérpretes Sandra Peres e Paulo Tatit em que

retratam as características brasileiras, exploram movimentos e o conhecimento de

ritmos.

Na revista de n°42 (2006b) são apresentadas e comentadas três obras: “Palavras

são Pássaros”, de Ângela Leite de Souza (2006), uma obra que fala de outras obras de

arte, é um livro para crianças, adolescentes, adultos e, sobretudo, para os professores,

uma vez que os leva a ampliar seus conhecimentos sobre algumas produções culturais

que fazem parte do patrimônio da humanidade; “Brincar (es)”, organizado por Alysson

Carvalho, Fátima Salles, Marília Guimarães e José Alfredo Debortoli (2006), que

discorre sobre um universo onde o brincar é compreendido como um direito da criança e

como uma rica fonte de crescimento e aprendizagem; e por fim, “As Boas Mulheres da

China – Vozes Ocultas”, de Xue Xinran (2006), que revela experiências vividas pelas

mulheres chinesas, e que podem ser tomadas como exemplo para as mulheres brasileiras

contemporâneas.

Consideramos que este espaço caracteriza-se como apresentação de obras não só

para a formação dos professores, mas também como materiais que estes podem usar

para enriquecerem suas práticas, como livros que podem ser lidos para crianças, ou CDs

que podem ser explorados juntamente com seus alunos.

3.2.6 SIMPÓSIOS, NOTAS, NOTÍCIAS E AGENDA

Nas revistas são publicados eventos, notícias e notas de propostas, projetos e

programas destinados à educação, com o intuito de manter o professor de Educação

Infantil informado sobre os atuais acontecimentos educacionais.

Na edição n°29 (199-a), a seção Simpósios discorre sobre o IV Simpósio Latino

Americano de Atenção à Criança de Zero a Seis anos e sobre o II Simpósio Nacional de

Educação Infantil ocorridos em 1996, que trataram de assuntos referentes à análise de

propostas para avaliação e pesquisa na Educação Infantil.

Page 37: Angelica Silva

36

Com o intuito de informar, na seção Última página da revista n°31 (1998), são

apresentados dois documentos oficiais referentes à Educação Infantil, o primeiro é

denominado Subsídios para Credenciamento e Funcionamento de Instituições de

Educação Infantil, visando ao credenciamento e estabelecimentos de regras nas creches

e pré-escolas, e o segundo RCNEI que já fora pontuado neste nosso trabalho.

Na edição n°40 (2005), alguns eventos são apresentados na seção Notícias e

Agenda, são eles: Qualidade Social da Educação, Prêmio Qualidade na Educação,

Seminário Nacional de Política de Educação Infantil e PROINFANTIL.

Na revista n°41 (2006a), a seção Notas expõe as propostas relacionadas à

educação, como a situação da implantação do Fundeb, a entrega de dicionários para a

fase de alfabetização, a distribuição dos Parâmetros de Infra Estrutura na Educação

Infantil e também a distribuição dos exemplares do Prêmio Qualidade na Educação

Infantil em 2004 para as secretarias de educação.

Na edição n°42 (2006b) a seção Notas apresenta iniciativas e projetos destinados

à Educação, sendo eles: Integração das Creches, Pró-Letramento, Prêmio Professores do

Brasil 2007 e o Lançamento da Revista Leituras.

3.2.7 TEMAS ISOLADOS: ASSUNTOS PERTINENTES

Foi possível agrupar os conteúdos das revistas, analisadas no primeiro momento,

até esse ponto de nosso trabalho, entretanto alguns conteúdos presentes nas revistas

estudadas no segundo momento não foram, as quais são n°40(2005), n°41(2006a) e

n°42 (2006b). Portanto, neste tópico, discorremos sobre algumas matérias que

apresentaram seus temas isolados dos outros conteúdos, mas que, por esse motivo, não

deixam de ser importantes e devem ser estudados e refletidos por profissionais da

Educação Infantil. Desse modo demonstraremos no quadro abaixo esses temas:

Quadro 4 – Temas Isolados

Edição/ano Título do artigo Conteúdo Autores Páginas

40/2005 Meninas de Azul,

Meninos de Rosa

Sexualidade e

sexismo

Rita de Biagio 33 a 37

41/2006a Imagens Quebradas Infância

contemporânea

Adriano Guerra

em entrevista

com Miguel

Arroyo

3 a 7

42/2006b

É Possível Trabalhar a

Inclusão Reconhecendo a

Diversidade Racial

O trabalho na

Educação Infantil

referente à

Diversidade Racial

Flávio Carraça 18 a 24

Page 38: Angelica Silva

37

A Necessária Parceria

entre a Escola e a

Família

Relação entre os pais

e a escola

Renata Carraro 31 a 34

Fonte: Revista Criança (2005-2006b)

A reportagem da edição n°40 (2005) com o título “Meninas de Azul, Meninos de

Rosa” de Rita de Biagio, discorre sobre a sexualidade e o sexismo na Educação Infantil,

sendo que, de acordo com a autora, esse último refere-se aos preconceitos que os

adultos conduzem às crianças por meio da cultura, em que certas atitudes e brincadeiras

são de meninas e outras de meninos, não deixando muitas vezes que as crianças

expressem-se espontaneamente, com medo ou vergonha de extrapolar os limites

impostos pela sociedade. Assim, a autora ressalta que a escola deve trabalhar,

juntamente com os pais, para que não estabeleça normas e regras às crianças, com base

no gênero. A autora alerta ainda que a sexualidade pode ser trabalhada na Educação

Infantil de forma muito positiva, pois as curiosidades das crianças nessa idade são

passíveis de serem trabalhadas naquela ocasião, além de ampliar o conhecimento de

alunos e professores.

De acordo com Braga (2010) “As manifestações sexuais que aparecem na escola

demonstram, a cada momento, as dificuldades que as instituições educativas apresentam

quando tratam da temática da sexualidade em seu cotidiano.” (BRAGA, 2010, p. 207).

Notamos que o tema sexualidade ainda é um assunto que causa insegurança por parte

dos professores e por esse motivo não são trabalhados de forma ampla na escola.

Entretanto, não é apenas na escola que isso acontece, pois na sociedade essas conversas

também são evitadas com as crianças e, por esse motivo, sustentam-se costumes, como

os apresentados por Biagio (2005), que meninos não podem usar rosa, pois irão se

tornar meninas e vice-versa, acreditamos que, por meio de conversas e estudos que

condizem com suas idades, as crianças podem desenvolver aprendizagens significativas

a respeito da sexualidade e, assim, deixariam de acreditar em lendas inseridas na

sociedade.

Na entrevista publicada na edição n°41 (2006a), de Adriano Guerra com Miguel

Arroyo, professor emérito da Faculdade de Educação da UFMG traz o título “Imagens

Quebradas”, ressaltando que a imagem que se obtinha de infância romântica não existe

mais, desse modo os professores da Educação Infantil devem estar preparados para

trabalharem com a infância real, e principalmente com as diversas infâncias da

sociedade contemporânea, compreendendo também todas as fases do desenvolvimento

Page 39: Angelica Silva

38

da criança, tanto cognitivo, quanto motor. O autor ressalta ainda que deveríamos

ampliar a infância até os noves anos, incluindo-a no Ensino Fundamental, pois com seis

anos a criança não deixa de ser criança e quando chega ao Ensino Fundamental

esquecem-se desse fato.

Segundo Postman (1999), essas transformações da infância tornam-se possíveis,

pois “a infância é um artefato social, não uma categoria biológica” (POSTMAN, 1999,

p.11). Assim, consideramos que ser criança é algo natural e biológico, já a infância foi

construída pela sociedade e se transforma junto com ela. É nesse sentido que o professor

Miguel Arroyo ressalta que os professores devem estar preparados para trabalharem

com a infância real, que corresponda às transformações da sociedade, ao invés de

ficarem presos a uma antiga infância que não mais existe.

Na revista n°42 (2006b), observamos duas matérias, a primeira com o título “É

Possível Trabalhar a Inclusão Reconhecendo a Diversidade Racial”, que ganhou

destaque na capa da revista, sendo elaborada por Flávio Carraça, ressaltando que, para

trabalhar a diversidade racial na Educação Infantil, não adianta esconder o racismo ou

muito menos não falar sobre o mesmo, mas sim trabalhar com as crianças, pontuando a

importância das diferenças. O autor ainda direciona o olhar das educadoras para

estudarem sobre as questões raciais e desenvolverem práticas educacionais que evitem a

discriminação racial e que visem à interação de todas as crianças, em uma perspectiva

de relações sociais.

De acordo com Silva (2007), “a questão de raça e etnia não é simplesmente um

“tema transversal”: ela é uma questão central do conhecimento, poder e identidade”

(SILVA, 2007, p.102). Desse modo, o estudo sobre diversidade racial deve estar

presente na Educação Infantil, para que as crianças possam observar e compreender as

diferenças, notando que elas existem e são necessárias, e ainda para criar entre elas uma

maior interação e valorização de sua etnia e a de seus colegas. Torna-se, então,

importante que os professores não deixem de lado esse tema, mas sim que envolvam as

crianças com esse assunto e desenvolvam ações que evitem a discriminação racial.

A segunda matéria foi elaborada por Renata Carraro e intitulada “A Necessária

Parceria entre a Escola e a Família”, que discorre sobre a importância da parceria das

Instituições de Educação Infantil com a família na formação de crianças de 0 a 5 anos3,

3 Lembramos que essa edição foi publicada em dezembro de 2006, dez meses após a Lei

11.274/06 em que as crianças com seis anos não ficam mais a cargo da Educação Infantil, mas

sim do Ensino Fundamental.

Page 40: Angelica Silva

39

a autora convida os pais a conhecerem as propostas pedagógicas em que seus filhos são

atendidos e alerta aos pais para não comparecerem na escola apenas quando tem-se uma

reclamação ou uma reunião, mas que se interessem e se interem da educação de seus

filhos. Entretanto, para que isso torne-se fato, é necessário que a escola mude o seu

olhar para com os pais e mude também sua forma de atender a comunidade escolar.

Assim, a autora ressalta que:

A qualidade da Educação Infantil depende, cada vez mais, da parceria

entre a escola e a família. Abrir canais de comunicação, respeitar e

acolher os saberes dos pais e ajudar-se mutuamente. Eis algumas

ações em que as únicas beneficiadas são as nossas crianças pequenas.

(BRASIL, 2005, p. 31).

Desse modo, consideramos que a educação da criança primeiramente ocorre em

seu próprio cotidiano, com sua família, em suas próprias vivências, e em seguida ou até

juntamente, no caso das crianças que frequentam as instituições de Educação Infantil

desde bebês, com a escola e continuam formando-se, aprendendo e desenvolvendo,

assim é necessária e imprescindível uma grande parceria entre esses membros presentes

na formação da criança, para que um auxilie e complemente o trabalho do outro.

Consideramos que essas quatro reportagens consistem em assuntos pertinentes,

que ocorrem dentro das instituições de Educação Infantil e que, de certa forma, os

professores não sabem como trabalhá-los e explorá-los, pois são questões que causam

grandes debates na sociedade. Diante desses conteúdos, a Revista Criança busca

esclarecê-los aos professores e os apresentam de forma mais clara, direcionando um

rumo que o professor pode seguir para superar esses obstáculos que surgem na escola e

que são vistos na sociedade, de modo geral, como um assunto gerador de polêmicas.

Page 41: Angelica Silva

40

4. DAS CONSIDERAÇÕES FINAIS OU ENCERRANDO PARA INICIAR

Embora, por obrigação acadêmica, estejamos encerrando o TCC, entendemos que

este trabalho é apenas o início de um estudo, um impulso para iniciar trabalhos futuros.

Assim para concluirmos, lembraremos quais eram nossas considerações diante da

Revista Criança e quais são agora nossos olhares posteriores a um estudo e reflexão da

mesma.

Desse modo, podemos considerar que, anterior a esse estudo, nossas primeiras

constatações eram de que a Revista Criança caracterizava-se como um periódico

publicado pelo MEC, que tinha como objetivo definir-se como subsídio para a formação

continuada dos professores que atuam na Educação Infantil.

Agora se sustenta de forma mais afinada, nossa ideia, de que primeiramente a

Revista Criança constitui-se por uma Imprensa Pedagógica, que nos possibilitou

observar e refletir sobre o contexto de nosso recorte temporal. Posteriormente,

observamos que a revista oferece ao professor diversos assuntos presentes em suas

práticas, visando ao aperfeiçoamento de sua formação, como as leis e os programas

educacionais, currículo, estudos sobre a aprendizagem e desenvolvimento da criança,

exemplos de práticas de professores que obtiveram sucesso, assuntos que fazem parte

do cotidiano dos professores, além de informar sobre simpósios e notícias relacionadas

à educação e sugerir livros para a leitura dos docentes.

As revistas estudadas nos permitiram observar que o MEC, por meio da Revista

Criança, não visa a auxiliar na formação dos professores, mas também parece induzi-los

a praticarem boas práticas em suas aulas para ampliar a qualidade da Educação Infantil

Brasileira. Entretanto não podemos desconsiderar que os artigos publicados no

periódico possuem ótimos e diversos conteúdos que realmente auxiliam o trabalho dos

professores.

Contatamos que as edições estudadas, no primeiro momento, trazem muitos

subsídios para a prática em sala de aula e diversos relatos de experiência, pois foi o

momento que sucedeu a reformulação da LDBEN 9394/96 e os professores estavam

buscando maneiras de atender suas crianças não apenas como tal, mas como criança-

aluno, que estariam agora em um espaço que condizia com a Educação Básica e

precisariam desenvolver-se plenamente. Essas edições também expressam fortemente as

Page 42: Angelica Silva

41

idéias do RCNEI, uma vez que as duas primeiras foram escritas no momento em que

este estava sendo elaborado e o ano de publicação da última foi condizente com o ano

de publicação do mesmo.

Já as edições do segundo momento preocupam-se em tratar de assuntos

contemporâneos presentes na escola e que, muitas vezes, são caracterizados como

problemas. Assim, informam os professores e às vezes orientam sobre como resolvê-

los, além da última edição estudada que apresentou algumas considerações e

esclarecimentos referentes à Lei Federal 11.274/06.

Todavia, todas as edições abordadas neste trabalho tratam de assuntos

educacionais dos quais os professores precisam informar-se e, principalmente, revelam

uma grande valorização da Educação Infantil por parte do MEC, pois objetivam formar

os professores para qualificarem a Educação Infantil e, principalmente, possibilitar uma

melhor educação, aprendizagem e desenvolvimentos às crianças que nela se encontram,

por terem suas especificidades quanto criança e por caracterizarem-se como alunos, ou

ainda, criança-aluno.

Desse modo, ao longo das edições estudadas é intenso o discurso e as instruções

voltadas às práticas dos professores, entretanto ao observarmos melhor notamos que

essas práticas quando estudadas e refletidas levam o professor a engrandecer sua

formação, mas, primordialmente, garantem um melhor ensino e melhores propostas

didáticas para a aprendizagem e o desenvolvimento da criança-aluno.

Page 43: Angelica Silva

42

REFERÊNCIAS

ARCE, A. A Brincadeira de papéis sociais como produtora de alienação no Referencial

Curricular Nacional para a Educação Infantil. In: ARCE, Alessandra; DUARTE,

Newton. (Orgs.). Brincadeira de Papéis Sociais na Educação Infantil. São Paulo,

2006, v. 01, p. 99-116.

BOTO, Carlota. O Desencantamento da Criança: entre a Renascença e o Século das

Luzes. In: FREITAS, Marcos Cezar de; KUHLMANN JÚNIOR, Moysés. (Orgs.). Os

intelectuais da infância. São Paulo: Cortez, 2002, p.11-60.

BRAGA, Eliane Rose Maio. Gênero, sexualidade e educação: questões pertinentes à

pedagogia. In: CARVALHO, Elma Júlia Gonçalves de; FAUSTINO, Rosangela Célia.

(Orgs.). Educação e diversidade cultural. Maringá: Eduem, 2010, p.205-218.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.

Referencial curricular nacional para educação infantil. 3 v. Brasília: MEC/SEF,

1998c. Volume 3: Conhecimento de mundo.

BRASIL, Lei nº 9.394, de 20.12.96, Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação

Nacional.

BRASIL, Lei nº 11.274 de 06.02.06, Altera a redação dos arts. 29,30, 32 e 87 da Lei

nº 9.394/96, que estabelece as e Bases da Educação Nacional.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretária da educação básica. Disponível em:

<http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12579:edu

cacao-infantil&catid=195:seb-educacao-basica>. Acesso em: 27 set. 2011.

FERNANDES, Ana Lúcia Cunha Fernandes. O impresso e a circulação de saberes

pedagógicos: apontamentos sobre a imprensa pedagógica na história da educação. In:

MAGALDI, Ana Maria; XAVIER, Libânia Nacif (Orgs.). Impressos e história da

educação: usos e destinos. Rio de Janeiro: Viveiros de Castro, 2008, p.15-29.

OLIVEIRA, Wanessa Gorri. A imprensa pedagógica como fonte e objeto para uma

escrita da história da educação: em destaque a Prática pedagógica sugerida ao

professor de educação infantil pela Revista Criança (1996-2006).198 f. Dissertação

(Mestrado em Educação) - Universidade Estadual de Maringá. Orientadora: Profª. Drª.

Fátima Maria Neves. Maringá, PR, 2011.

POSTMAN, Neil. O desaparecimento da infância. 1. ed. Rio de Janeiro: Editora

Graphia, 1999.

RODRIGUES, Elaine. A imprensa pedagógica como fonte, tema e objeto para a história

da educação. In: COSTA, Célio Juvenal, JOAQUIM, José Pereira de Mello &

FABIANO, Luiz Hermenegildo.(Orgs.) Fontes e Métodos em História da educação.

Dourados: UFGD, 2010. p. 311-325.

Page 44: Angelica Silva

43

RODRIGUES, Elaine; MARTINEZ, Edilene Cunha. Educação e Imprensa

Pedagógica no Paraná: Primeiras Elaborações. In: Seminário de pesquisa do

Programa de Pós - graduação em Educação, 2008, Maringá. Anais... Maringá: UEM,

2008. p.1-14.

SAVIANI, Dermeval. Sentido da pedagogia e o papel do pedagogo. In: Revista da

ANDE, São Paulo, n.9, 1985, p. 17-28.

SILVA, Tomaz Tadeu da Silva. Documento de Identidade: uma introdução às teorias

do currículo. 2. ed., 11ª reimp. Belo Horizonte: Autêntica, 2007

Page 45: Angelica Silva

44

APÊNDICES

Page 46: Angelica Silva

45

APÊNDICE A

FONTES

BRASIL. Revista criança do professor de educação infantil. MEC, 199-a, n.29.

BRASIL. Revista criança do professor de educação infantil. MEC, 199-b, n.30.

BRASIL. Revista criança do professor de educação infantil. MEC, 1998, n.31.

BRASIL. Revista criança do professor de educação infantil. MEC, 2005, n.40.

BRASIL. Revista criança do professor de educação infantil. MEC, 2006a, n.41.

BRASIL. Revista criança do professor de educação infantil. MEC, 2006b, n.42.

Page 47: Angelica Silva

46

APÊNDICE B

CONTEÚDOS RETIRADOS DO PERIÓDICO POR ORDEM DE

APRESENTAÇÃO

REVISTA DE NÚMERO 29 (199-a):

1. BRASIL. Editorial. In: BRASIL. Revista criança do professor de educação infantil

MEC, [-199a], n. 29, p.3.

2. TEBEROSKY, Ana; LERNER, Délia. É conversando que a gente se entende. In:

BRASIL. Revista criança do professor de educação infantil MEC, [-199a], n. 29,

p.4-5.

3. TEBEROSKY, Ana. Ícones. In: BRASIL. Revista criança do professor de

educação infantil MEC, [-199a], n. 29, p.6-7.

4. LERNER, Délia. Coleções. In: BRASIL. Revista criança do professor de educação

infantil MEC, [-199a], n. 29, p. 8-9.

5. SANCHEZ, Ana. Cunha, município do Brasil. In: BRASIL. Revista criança do

professor de educação infantil MEC, [-199a], n. 29, p. 10-17.

6. BRASIL. O que é projeto. In: BRASIL. Revista criança do professor de educação

infantil MEC, [-199a], n. 29, p. 18.

7. KLISYS, Adriana. Para que a vida nos dê plantas, flores e frutos. In: BRASIL.

Revista criança do professor de educação infantil MEC, [-199a], n. 29, p.19-21.

8. BRASIL. Cupuaçu. BRASIL. Revista criança do professor de educação infantil

MEC, [-199a], n. 29, p. 22.

9. BRASIL. Simpósios. In: BRASIL. Revista criança do professor de educação

infantil MEC, [-199a], n. 29, p. 23.

10. WEISZ, Telma. Alfabetizar na Pré-escola. In: BRASIL. Revista criança do

professor de educação infantil MEC, [-199a], n. 29, p. 24-28

11. BRASIL. Educação Infantil: a experiência de Florianópolis. In: BRASIL. Revista

criança do professor de educação infantil MEC, [-199a], n. 29, p.29-34.

12. BRASIL. Experiências bem-sucedidas de uso do material: critérios para um

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BRASIL. Revista criança do professor de educação infantil MEC, [-199a], n. 29,

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13. BRASIL. O MEC puxa prosa. In: BRASIL. Revista criança do professor de

educação infantil MEC, [-199a], n. 29, p. 36-37.

14. CARVALHO, Sílvia Pereira de; WAJSKOP, Gisela; INOUE, Ana. Referenciais

nacionais para Educação Infantil. In: BRASIL. Revista criança do professor de

educação infantil MEC, [-199a], n. 29, p. 38-39.

15. BRASIL. Resenha. In: BRASIL. Revista criança do professor de educação

infantil MEC, [-199a], n. 29, p. 39.

16. BARRETO, Ângela Rabelo. A Educação Infantil na nova LDB. In: BRASIL.

Revista criança do professor de educação infantil MEC, [-199a], n. 29, p.40.

Revista de número 30 (199-b):

1. BRASIL. Picasso, prato cheio. In: BRASIL. Revista criança do professor de

educação infantil. MEC, [-199b], n.30

2. CARVALHO, Sílvia Pereira de; WAJSKOP, Gisela; INOUE, Ana. Referencial

curricular nacional para a Educação Infantil. In: BRASIL. Revista criança do

professor de educação infantil. MEC, [-199b], n.30, p.3-5.

3. TEIXEIRA, Kátia Trovato. A produção de textos por crianças de cinco anos. In:

BRASIL. Revista criança do professor de educação infantil. MEC, [-199b], n.30, p.

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4. SANCHEZ, Ana Maria. Uma terra de professoras orgulhosas do que fazem. In;

BRASIL. Revista criança do professor de educação infantil. MEC, [-199b], n.30, p.

12-21.

5. KLISYS, Adriana. Inventos, inventores engenhocas & cia. In: BRASIL. Revista

criança do professor de educação infantil. MEC, [-199b], n.30, p.22-26.

6. LEITE, Regina Scarpa. Formação de professores: aquisição de conceitos ou

competências. In: BRASIL. Revista criança do professor de educação infantil. MEC,

[-199b], n.30, p.27-29.

7. MONTEIRO, Priscila. Jogos e Matemática: uma possibilidade. In: BRASIL. Revista

criança do professor de educação infantil. MEC, [-199b], n.30, p.30-33.

8. TONELLO, Denise Maria Milan. Colecionando Símbolos, Ícones e logotipos... In:

BRASIL. Revista criança do professor de educação infantil. MEC, [-199b], n.30,

p.34-36.

9. PANTONI, Rosa Virgínia; ROSSETTI-FERREIRA, Maria Clotilde. A formação

continuada do educador: desafios e conquistas. In: BRASIL. Revista criança do

professor de educação infantil. MEC, [-199b], n.30, p.37-39.

10. FREIRE, Madalena. A aventura de ensinar, criar e educar. In: BRASIL. Revista

criança do professor de educação infantil. MEC, [-199b], n.30, p.40.

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11. BRASIL. Miro, formados de um cosmos. In: BRASIL. Revista criança do

professor de educação infantil. MEC, [-199b], n.30.

Revista de número 31 (1998):

1. BRASIL. Azul da cor do céu. In: BRASIL. Revista criança do professor de

educação infantil. MEC, nov.1998, n.31.

2. WAJSKOP, Gisela (entrevista com Gilles Brougère). O que é brincadeira? In:

BRASIL. Revista criança do professor de educação infantil. MEC, nov.1998, n.31,

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3. TEIXEIRA, Kátia Trovato. Jogando com a matemática. In: BRASIL. Revista

criança do professor de educação infantil. MEC, nov.1998, n.31, p.10-15.

4. ATIÉ, Lourdes. Jaguará do sul. In: BRASIL. Revista criança do professor de

educação infantil. MEC, nov.1998, n.31, p.16-18.

5. ZURAWSKI, Maria Paula. O corpo e o movimento da criança de zero a seis anos. In:

BRASIL. Revista criança do professor de educação infantil. MEC, nov.1998, n.31,

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6. MIYASAKA, Silvia Kawassaki; AMERICANO, Renata. Um quintal, um olhar e....

bananas. In: BRASIL. Revista criança do professor de educação infantil. MEC,

nov.1998, n.31, p.24-26.

7. WAJSKOP, Lucia; BERNARDES, Lucila. Trabalhando a diversidade textual no pré.

In: BRASIL. Revista criança do professor de educação infantil. MEC, nov.1998,

n.31, p.27-31.

8. PANUTTI, Daniela; GASTALDI, Virginía. Trabalhando linguagem oral com

crianças de três anos. In: BRASIL. Revista criança do professor de educação infantil.

MEC, nov.1998, n.31, p.32-35.

9. BRITO, Teca Alencar de. Jogos de improvisação musical. In: BRASIL. Revista

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10. BOOCK, Sylvia Helena; SOUZA, Laura Mariano de. Posição, suposição e

sobreposição: um conceito e uma experiência para uma visão em educação e arte. In:

BRASIL. Revista criança do professor de educação infantil. MEC, nov.1998, n.31,

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11. BRASIL. Última Página. In: BRASIL. Revista criança do professor de educação

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12. BRASIL. Frade Angélico. In: BRASIL. Revista criança do professor de educação

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Revista de número 40 (2005)

1. VASCONCELOS, Vera M. R. de. (entrevistou Jesús Palácios). Educação Infantil

como esperança no futuro. In: BRASIL. Revista criança do professor de educação

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2. Lopes, Karina Rizek. As Instituições de Educação Infantil são Responsabilidade dos

Sistemas de Ensino. In: BRASIL. Revista criança do professor de educação infantil.

MEC, set. 2005c, n.40, p.9-11.

3. ALMEIDA, Aidê Cançado. Pactuação de responsabilidades em prol da inclusão

social de crianças. In: BRASIL. Revista criança do professor de educação infantil.

MEC, set. 2005c, n.40, p. 12-13.

4. PARENTE, Ana Rosa de Andrade. A Integração da Educação Infantil aos

5. Sistemas de Ensino. In: BRASIL. Revista criança do professor de educação

infantil. MEC, set. 2005c, n.40, p.14-15.

6. PADILHA, Stefânia. Solidariedade no mundo das letras. In: BRASIL. Revista

criança do professor de educação infantil. MEC, set. 2005c, n.40, p.16-17.

7. MARICATO, Adriana. O prazer da leitura se ensina. In: BRASIL. Revista criança

do professor de educação infantil. MEC, set. 2005c, n.40, p.18-26.

8. PAULA, Ivna de Sá Roriz de. Projeto “Pedras” Geologia e Educação Infantil. In:

BRASIL. Revista criança do professor de educação infantil. MEC, set. 2005c, n.40,

p.27-29.

9. LIMA, Ana Virginia de Almeida. A Matemática na Educação Infantil: trajetória e

perspectivas. In: BRASIL. Revista criança do professor de educação infantil. MEC,

set. 2005c, n.40, p.30-32.

10. BIAGIO, Rita de. Meninos de azul, meninas de rosa. In: BRASIL. Revista criança

do professor de educação infantil. MEC, set. 2005c, n.40, p. 33-37.

11. BRASIL. Resenha. In: BRASIL. Revista criança do professor de educação

infantil. MEC, set. 2005c, n.40, p.38-39.

12. BRASIL. Notícias e agenda. In: BRASIL. Revista criança do professor de

educação infantil. MEC, set. 2005c, n.40, p.40.

13. MENDES, Roseana Pereira. Diálogo com as cartas recebidas. In: BRASIL. Revista

criança do professor de educação infantil. MEC, set. 2005c, n.40, p.41-42.

14. BRASIL. Arte. In: BRASIL. Revista criança do professor de educação infantil.

MEC, set. 2005c, n.40, p.43.

Revista de número 41 (2006a):

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1. GUERRA, Adriano. (entrevistou Miguel Arroyo). Imagens quebradas. In: BRASIL.

Revista criança do professor de educação infantil. MEC, nov. 2006a, n.41, p.3-7.

2. FERNANDES, Claudia de Oliveira. Avaliação sempre envolve uma concepção de

mundo. In: BRASIL. Revista criança do professor de educação infantil. MEC, nov.

2006a, n.41, p.9-11.

3. GUEDES, Adrianne Ogêda. Elaboração e organização de instrumentos de

acompanhamento e avaliação da aprendizagem e desenvolvimento das crianças. In:

BRASIL. Revista criança do professor de educação infantil. MEC, nov. 2006a, n.41,

p.12-13.

4. ARAGÃO, Rosana. O portifólio como novo instrumento de avaliação. In: BRASIL.

Revista criança do professor de educação infantil. MEC, nov. 2006a, n.41, p.14-17.

5. SILVA, Edit. Prêmio Professores do Brasil: MEC reconhece iniciativas de

professoras de todo o Brasil. In: Revista criança do professor de educação infantil.

MEC, nov. 2006a, n.41, p.18-25.

6. PERES, Giani. Ler é o melhor remédio. In: Revista criança do professor de

educação infantil. MEC, nov. 2006a, n.41, p.26.

7. MELO, Regina Célia. Amigo. In: Revista criança do professor de educação

infantil. MEC, nov. 2006a, n.41, p.26.

8. FÜLLGRAF, Jodete Bayer Gomes. O contexto multifacetado do currículo na

Educação Infantil. In: Revista criança do professor de educação infantil. MEC, nov.

2006a, n.41, p.27-29.

9. MENDES, Roseana Pereira; FARIA, Vitória Líbia Barreto de. O PROINFANTIL:

ontem, hoje e amanhã. In: Revista criança do professor de educação infantil. MEC,

nov. 2006a, n.41, p.30-32.

10. MARICATO, Adriana. Professora pode tornar-se leitora com formação e prazer. In:

Revista criança do professor de educação infantil. MEC, nov. 2006a, n.41, p.33-34.

11. BRASIL. Resenhas. In: Revista criança do professor de educação infantil. MEC,

nov. 2006a, n.41, p.35-36.

12. BRASIL. Notas. In: Revista criança do professor de educação infantil. MEC,

nov. 2006a, n.41, p.37-38.

13. BRASIL. Diálogo com as cartas recebidas. In: Revista criança do professor de

educação infantil. MEC, nov. 2006a, n.41, p.39-40.

14. BRASIL. Arte. In: Revista criança do professor de educação infantil. MEC, nov.

2006a, n.41, p.41.

Revista de número 42 (2006b):

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1. NASCIMENTO, Iracema. (entrevistou Maria Malta Campos e Maria Lúcia

Machado). Qualidade na Educação Infantil um processo aberto, um conceito em

construção. In: BRASIL. Revista criança do professor de educação infantil. MEC,

nov. 2006b, n.42, p.3-6.

2. LOPES, Karina Rizek; MENDES, Roseana Pereira Mendes. Desafios de um novo

tempo. In: BRASIL. Revista criança do professor de educação infantil. MEC, nov.

2006b, n.42, p.8-9.

3. PAGEL, Sandra Denise; NASCIMENTO, Aricélia Ribeiro do. A criança de 6 anos

no ensino obrigatório: um avanço social. In: BRASIL. Revista criança do professor de

educação infantil. MEC, nov. 2006b, n.42, p.10-11.

4. LIMA, Elvira Souza. A criança de 6 anos no Ensino Fundamental. In: In: BRASIL.

Revista criança do professor de educação infantil. MEC, nov. 2006b, n.42, p.12-15.

5. PIRES, Raimunda da Silva. Chapeuzinho vermelho (adaptação para teatro infantil).

In: In: BRASIL. Revista criança do professor de educação infantil. MEC, nov.

2006b, n.42, p.16-17.

6. CARRANÇA, Flávio. É possível trabalhar a inclusão reconhecendo a diversidade

racial. In: In: BRASIL. Revista criança do professor de educação infantil. MEC, nov.

2006b, n.42, p.18-24.

7. FERRAZ, Beatriz. Planejar para aprender, aprender para planejar. In: BRASIL.

Revista criança do professor de educação infantil. MEC, nov. 2006b, n.42, p.25-27.

8. ROSA, Cláudia Santa. Escola da ponte: cidadania na prática. In: BRASIL. Revista

criança do professor de educação infantil. MEC, nov. 2006b, n.42, p.28-30.

9. CARRARO, Renata. A necessária parceria entre a escola e a família. In: BRASIL.

Revista criança do professor de educação infantil. MEC, nov.2006b, n.42, p.31-34.

10. FARIA, Vitória. Resenhas. In: BRASIL. Revista criança do professor de

educação infantil. MEC, nov. 2006b, n.42, p.35-37.

11. BRASIL. Notas. In: BRASIL. Revista criança do professor de educação infantil.

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12. BRASIL. Diálogo com as cartas recebidas. In: BRASIL. Revista criança do

professor de educação infantil. MEC, nov. 2006b, n.42, p.39-40.

13. BRASIL. Arte. In: BRASIL. Revista criança do professor de educação infantil.

MEC, nov. 2006b, n.42, p.41.