análise do processo de implantação do gmd

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1 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ CENTRO DE CIENCIAS JURIDICAS E EMPRESARIAIS CÂMPUS LONDRINA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CONTROLADORIA E FINANÇAS DAVID INÁCIO LACERDA ESTUDO DE CASO NO MERCADO DA CONSTRUÇÃO CIVIL: APLICAÇÃO DO GERENCIAMENTO MATRICIAL DE DESPESAS LONDRINA 2012

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Page 1: Análise do processo de implantação do GMD

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ

CENTRO DE CIENCIAS JURIDICAS E EMPRESARIAIS CÂMPUS LONDRINA

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CONTROLADORIA E FINANÇAS

DAVID INÁCIO LACERDA

ESTUDO DE CASO NO MERCADO DA CONSTRUÇÃO CIVIL: APLICAÇÃO DO GERENCIAMENTO MATRICIAL DE DESPESAS

LONDRINA

2012

Page 2: Análise do processo de implantação do GMD

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DAVID INÁCIO LACERDA

ESTUDO DE CASO NO MERCADO DA CONSTRUÇÃO CIVIL: APLICAÇÃO DO

GERENCIAMENTO MATRICIAL DE DESPESAS

Artigo de Conclusão de Curso

apresentado ao Curso Pós-Graduação em Controladoria e Finanças da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, como

requisito parcial à obtenção do título de Graduando em Controladoria e Finanças.

Orientador: Profª. Clévia França

LONDRINA

2012

Page 3: Análise do processo de implantação do GMD

3

DAVID INÁCIO LACERDA

ESTUDO DE CASO NO MERCADO DA CONSTRUÇÃO CIVIL: APLICAÇÃO DO

GERENCIAMENTO MATRICIAL DE DESPESAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso Controladoria e Finanças da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, como requisito parcial à obtenção do

título de Pós - Graduando em Controladoria e Finanças.

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________

Prof. Clévia França

PUC – LONDRINA/PR

_____________________________________

2º Professor

_____________________________________

3º Professor

LONDRINA, 09 DE ABRIL DE 2012.

Page 4: Análise do processo de implantação do GMD

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ESTUDO DE CASO NO MERCADO DA CONSTRUÇÃO CIVIL: APLICAÇÃO DO

GERENCIAMENTO MATRICIAL DE DESPESAS

A CASE STUDY IN REAL STATE MARKET: APLICATION OF MANAGEMENT

EXPENSES MATRIX

Autor: David Inácio Lacerda1

Orientador: Profª. Clévia França2

RESUMO

Esta pesquisa tem por objetivo estudar a aplicação do GMD como ferramenta de análise e acompanhamento do planejamento orçamentário, assim como instrumento facilitador da tomada de decisão, etapas de implementação, sua elaboração e sua

aplicabilidade no planejamento estratégico da empresa. Para esclarecimento do tema foi realizada uma revisão da literatura especializada, e exposição de caso, por

natureza qualitativa, através de entrevista estruturada com um gestor de planejamento orçamentário em uma empresa de grande porte do ramo de construção civil, da qual foi possível concluir que o uso da ferramenta aqui abordada

é de importância crescente para a empresa. Palavras-chave: GMD. Implementação. Planejamento estratégico

ABSTRACT

The objective of this research is to assess the applicability of the Matrix Management

of Expenses and its relation to the analysis and tracking the annual budgeting plan,

taking into consideration its influence when taking decisions, its implementation

steps, elaboration and the relation to the strategic planning of the company. In order

to achieve this goal, it was made a profound research into specialized literacy in

addition to a survey with the head of a project of this nature whose company

implemented the Matrix Management of Expenses. This is a important company in

on the real state area, which is between the biggest top ten in its field. The result

shows that is the usage of this tool is very important to this company in the short,

medium and long term.

Key-words: Matrix Management of Expenses. Implementation. Strategic Planning.

Page 5: Análise do processo de implantação do GMD

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1. INTRODUÇÃO

Vivemos um momento de acirrada concorrência nos mais diversos ramos da

economia brasileira, decorrente do pujante crescimento recente. As pessoas cada

vez mais têm acesso à qualificação e ao crédito, e a renda sobe mais do que a

média mundial, vitimada pelas recentes crises.

O brasileiro é conhecido por ser um povo empreendedor, não somente pelo

seu cunho comercial e de ter cultura de cultivar o “negócio próprio”, mas também por

conta do excesso de informalidade nas empresas e grande burocracia das leis

trabalhistas locais.

Diante desse cenário, tem-se uma profissionalização cada vez maior das

empresas tanto grandes quanto médias, chegando tanto a empresas familiares, e às

microempresas. Conforme Falconi (2009), “não se pode gerenciar o que não se

pode medir” e frente a isso, as empresas têm tomado conhecimento cada vez maior

da necessidade de se conhecer e de se controlar os seus custos para traçar

medidas de produtividade, aumento de eficiência dos fatores de produção e

rendimento, assim como dinamizar o seu planejamento estratégico, tático e

operacional, o que não se dá sem se conhecer a fundo o seu orçamento .

Este artigo se justifica em razão do acelerado crescimento que vem

apresentando o setor de construção civil no Brasil, considerado uma das forças

motrizes para o desenvolvimento nacional e ferramenta de promoção da equidade

social à população dos estratos sociais financeiramente menos favorecidas.

O Orçamento Empresarial, foco desse artigo, pode ser importante como

ferramenta de planejamento da empresa, quando alinhado a seus valores, sua

missão e sua visão, de modo a viabilizar o atingimento do horizonte de crescimento

da empresa a médio e longo prazos, não devendo ser utilizado apenas em

momentos de reestruturação, para racionalização dos gastos e custos, mas como

um tentáculo da direção da empresa, desdobrando os objetivos e as metas globais

decididos, como medida de acompanhamento.

Esse artigo é voltado ao andamento do GMD numa empresa, visando a

importância desse acompanhamento no decorrer do processo do planejamento

orçamentário por meio da entrevista qualitativa com o gestor e coordenador desse

projeto, colhida no estudo de caso, e cabe salientar que este estudo não tem como

objetivo criar uma metodologia para a implantação do GMD e, tampouco, colocar as

melhorias propostas em prática para analisar seus resultados.

Page 6: Análise do processo de implantação do GMD

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Para ser possível a análise, serão revisados os principais conceitos de gestão

orçamentária correlacionados às empresas como um todo, onde se buscará

identificar possíveis ações a serem implantadas que possam favorecer a eficácia no

plano operacional da empresa, em análise junto a outros estudos de casos já

divulgados por empresas do mesmo ramo de atuação.

1.1 PROBLEMATIZAÇÃO

As empresas precisam cada vez mais criar diferenciais competitivos em

virtude da concorrência cada vez mais pulverizada e globalizada das mais diversas

formas. Os custos servem tanto para formar preço dos produtos, quanto para se

mapear a estrutura da empresa, no que tange a formar base de cálculo para sua

rentabilidade. A forma como se pode estruturar essa forma de organizar as

despesas e acompanhá-las posteriormente é o foco desse artigo.

O orçamento empresarial como um todo é prática antiga, e que tem evoluído

continuamente ao longo do tempo. Com o advento das novas tecnologias

concernentes à Tecnologia de Informação (TI), se faz indispensável pensar hoje o

orçamento empresarial como um meio para um fim, interligado pelas ferramentas

disponíveis de TI, sendo esse fim, a projeção de rentabilidade da empresa sob

aquela previsão de gastos e receitas, criação e acompanhamento do fluxo de caixa

da empresa, fator imprescindível para a gestão empresarial, assim como na

projeção de cenários para a empresa, do mais conservador ao mais arrojado.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Estudar a utilização do GMD como ferramenta de criação e acompanhamento

do orçamento matricial, no que tange à implementação do GMD.

1.2.2 Objetivos Específicos

a) Apresentar as definições do orçamento empresarial;

Page 7: Análise do processo de implantação do GMD

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b) Expor a aplicação do GMD como instrumento de gerenciamento de

despesas;

c) Estudar o acompanhamento e a efetividade do GMD após sua implantação

por meio de entrevista estruturada e análise exploratória.

1.3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Em relação à natureza da pesquisa adotada para a elaboração do trabalho,

esta será qualitativa. A mesma ocorrerá através do entendimento do entrevistado

quanto à observação dos fatos, procedimentos e desdobramentos que ocorrem na

empresa a partir do momento que o entrevistado passou a liderar o projeto, e

posteriormente interpretada sob a fundamentação teórica apresentada.

A estrutura deste trabalho será elaborada através do método elencado por Yin

(2005), o qual fornece base lógica para investigação e utilizado quando o foco da

pesquisa se encontra em fenômenos contemporâneos e o pesquisador tem pouco

controle sobre os eventos, tomando por prerrogativa apenas a interpretação dos

fatos à luz do arcabouço teórico.

O objeto da entrevista será a implementação do GMD em uma empresa de

capital fechado do ramo de atuação da construção civil, sediada em Londrina e que

detém atuação nacional.

Não serão divulgados dados estratégicos da empresa, a fim de preservar

seus diferenciais competitivos.

Page 8: Análise do processo de implantação do GMD

8

2. REVISÃO DA LITERATURA

GESTÃO EMPRESARIAL

Falconi (2009) defende que as empresas passam continuamente por ciclos de

planejamento, execução e análise de novas práticas, sempre buscando a

excelência, e o que mais se vê é que há conflito de conceituação de conhecimento

técnico e aplicação de métodos dentro das empresas, onde todas as diretrizes

estratégicas das empresas devem ser desdobradas até o plano operacional, por um

amplo sistema de gerenciamento das rotinas, a fim de possibilitar o atingimento das

metas inicialmente propostas.

De acordo com Nascimento (et. al. 2007), o planejamento estratégico em si e

seus desdobramentos, pode ser usado somente como um instrumento pouco efetivo

de administração e não servir ao propósito de diminuição dos conflitos de interesse

entre principal e agente. O principal, sendo a empresa na figura do proprietário, e o

agente, os gerentes envolvidos na gestão. Para o planejamento ser de fato eficaz

como uma ferramenta de gestão, se faz primordial apoiar-se em uma estrutura de

controles internos que permita ao gestor o estreito monitoramento do uso dos

recursos operacionais requeridos para a sua execução e para o apontamento das

razões que eventualmente gerem desvios dos resultados realizados, contrapostos

às expectativas dos stakeholders. Dentre os motivos pelos quais as empresas

mudam seu posicionamento tem-se o fato de vislumbrarem oportunidades de

negócio ao agregarem ferramentas de gestão e controle no ambiente da empresa.

Conforme Ehrbar (1999, p.106-107 apud Backes 2002), existem apenas

quatro maneiras para aumentar o EVA (Valor Econômico Agregado) ao máximo

possível para maximizar a riqueza dos acionistas, que são cortar custos e reduzir

impostos, para acrescer capital. Ou seja, operar de forma mais eficiente para ganhar

um maior retorno sobre o capital já investido no negócio. Pode-se também destacar

que empreender todos os investimentos nos quais o aumento do lucro operacional

será maior do que aumentos de encargos de capital, investindo então em

crescimento lucrativo, de modo que empreendendo todos os projetos com valor

líquido presente positivo se tem criação de valor, implicando em aumento do valor

de mercado mais rápido do que o aumento de capital. Também é possível deixar de

investir, ou então liquidar ativos e atividades que não estejam gerando retornos

Page 9: Análise do processo de implantação do GMD

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iguais ou maiores do que o custo de capital. As grandes mudanças nesta área são a

venda de ativos que valham mais para outros, mas a categoria também inclui coisas

como redução de estoques e aceleração de contas a receber, precisando então que

a empresa tenha um conhecimento maduro do seu custo de capital. Por último,

estruturar as finanças da empresa de forma tal que minimizem o custo de capital,

algo que reside exclusivamente nos domínios do departamento financeiro, do

presidente e do conselho de administração. A estratégia financeira pode exercer um

efeito significativo sobre o custo de capital e, portanto, sobre o EVA® e valor de

mercado. Esta estratégia financeira esta alicerçada no mix de endividamento e de

capital próprio, ou seja, na estrutura de capital. De toda forma, quanto maior o

período em que a empresa conseguir sustentar a vantagem competitiva

conquistada, mais tempo esta estará apta a receber retornos superiores ao custo de

capital.

ORÇAMENTO EMPRESARIAL

De acordo com Nascimento (2006) o orçamento empresarial pode ser

representado como um instrumento de controle gerencial, para avaliar a adequação

de seus planos em conformidade com o planejamento estratégico da empresa,

promover a coordenação e a comunicação gerencial, assim como apoio e subsídio

para a formação de preços dos produtos vendidos.

Marchant (2007) explica que maior participação da gerência média e baixa

nas atividades relacionadas ao orçamento é consistente com o significado de

descentralização.

Cataneo (2008 apud Welsch, 1983) afirma que, no ambiente empresarial,

planejar significa estabelecer sistematicamente os objetivos relevantes da empresa

e formular estratégias e planos de acordo com a realidade da empresa para alcançar

os objetivos de curto e longo prazo do planejamento estratégico, e cita que um bom

orçamento traduz, implementa, acompanha, estimula, motiva e controla as ações.

Quadro 1: Descrição dos objetivos do orçamento.

Fonte: Cataneo (2008 apud Lunkes, 2003).

OBJETIVOS DESCRIÇÃO

Planejamento Auxiliar e programar as atividades de um modo lógico e sistemático que corresponda à estratégia de longo prazo da empresa.

Coordenação Ajuda a coordenar as atividades das diversas partes da organização e garantir a consistência dessas ações.

Comunicação Informar mais facilmente os objetivos, oportunidades e planos da empresa aos diversos gerentes de equipes.

Motivação Fornecer estímulo aos diversos gerentes para que atinjam metas pessoais e da empresa.

Controle Controlar as atividades da empresa por comparação com os planos originais, fazendo ajustes onde necessário

Avaliação Fornecer bases para a avaliação de cada gerente, tendo e m vista suas metas pessoais e as de seu departamento.

Page 10: Análise do processo de implantação do GMD

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Para Lunkes (2000) em um cenário de restrição generalizada de recursos, a

definição prévia de despesas e investimentos evita dispêndios desordenados e sem

critérios, assegurando, assim, o emprego mais eficiente desses recursos. Essa

definição prévia de gastos é configurada por meio do orçamento. Howell (2004)

corrobora esse entendimento ao afirmar que o processo orçamentário é influenciado

pela prioridade que os relatórios financeiros dão aos lucros e a criação de valor.

Para evitar esse problema, ele sugere que se estabeleça uma nova concepção de

planejamento e orçamento, em que a ênfase esteja no fluxo de caixa e, não, no

resultado contábil, evidenciado por meio da Demonstração de Resultados do

Exercício (DRE). Ele entende que para um analista identificar o potencial de

crescimento de uma empresa, deve considerar o seu valor intrínseco, que é o valor

presente líquido dos fluxos de caixa futuros que ela vai gerar. Por isso, deve-se

analisar o fluxo de caixa, e, não, o lucro contabilizado.

Leahy (2002) comenta que é comum que as empresas deem início ao

processo de orçamento sem antes formular seu planejamento estratégico, e que é

frequente em empresas que não tenham informações sólidas sobre sua estrutura de

custos. Isso se dá dentre outros motivos, à cúpula da organização não levar em

conta informações dos gerentes de linha de frente, desmotivando a equipe na esfera

operacional, por fim evidenciando que a alta administração nunca teve uma idéia

real de suas necessidades de negócios, assim como metas distorcidas, levando a

manipulação dos dados, levando despesas para outros períodos, enviesando os

resultados e gerando um possível bônus aos maus gestores. As queixas levantadas

pelo entrevistado de Leahy (2002) convergem para a opinião de que os orçamentos,

num geral, consomem muito tempo e sua elaboração é muito dispendiosa,

burocrática, por assim dizer, e frequentemente implica em obstáculo a mudanças,

por concentrar-se na redução de custos e não no aumento de valor ou redução

inteligente dos gastos, sendo atualizados com frequência insuficiente, e por fim, faz

com que as pessoas se sintam desvalorizadas.

No estudo de Leahy (2002), as conclusões indicam que é possível para a

empresa criar valor para os acionistas com planejamento num orçamento que inclua:

melhores previsões, melhor formulação de estratégias, processos de planejamento e

orçamentação que priorizem a eficiência na gestão de custos e subordinação de

planos e orçamentos às estratégias acima de tudo.

Page 11: Análise do processo de implantação do GMD

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GERENCIAMENTO MATRICIAL DE DESPESAS (GMD)

Segundo Alcoba (2011) o GMD, originalmente destacado como um dos tripés

do Orçamento Matricial é uma ferramenta que apoia o planejamento e a

racionalização das despesas, auxiliando as empresas a manterem-se competitivas.

No início de sua utilização o GMD era conhecido como Orçamento Matricial (OM),

sendo que este, em teoria, deve ser desdobrado em três ferramentas,

complementares entre si: GMD, GMR (Gerenciamento Matricial de Receitas) e DDO

(Diagnóstico de Desempenho Operacional). O primeiro focado na redução dos

gastos fixos, o GMR na maximização dos resultados e o DDO na redução das

despesas operacionais, principalmente no que se refere aos custos variáveis,

conforme ilustrado abaixo:

Figura - Integração entre GMD, DDO e GMR na estruturação do OM

Fonte: Vieira (2011 apud Acoba 2011)

De acordo com Vieira (2011 apud Acoba 2011) o GMD recebeu este nome

tendo em vista que por meio dessa metodologia o orçamento é formulado e seu

desempenho é acompanhado através de uma matriz de despesas, através do

cruzamento entre as entidades (unidades organizacionais ou centros de custo) e os

pacotes (agrupamento de contas contábeis com a mesma característica), onde são

formuladas e controladas as metas da empresa.

Miguel (2010) explica que o controle orçamentário é executado de forma

cruzada, tendo duas pessoas a controlar os gastos: um gestor do pacote e outro da

entidade. O GMD possui duas fases de implantação: primeiramente o planejamento

orçamentário que define metas e formas para redução dos gastos e, posteriormente

o controle orçamentário, que executa o planejamento realizado, averigua o

cumprimento dos padrões estabelecidos e o corrige, caso haja desvio entre o

planejado e o realizado. Todos os níveis da empresa ajudarão no controle, através

Page 12: Análise do processo de implantação do GMD

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das responsabilidades de cada meta estabelecida. A fase de acompanhamento do

GMD faz com que o orçamento seja mais efetivo e expõe que nenhum orçamento

alcançará os resultados desejados, se não houver um bom acompanhamento.

O Orçamento Matricial, de acordo com Miguel (2010) vem sendo utilizado nas

empresas como uma técnica que visa às organizações gerenciarem diariamente

seus custos. Os gestores das entidades terão uma visão ampla dos custos fixos e

poderão estudar maneiras de redução através de indicadores de desempenho que

permitirão identificar os problemas. O GMD permitirá uma avaliação na qual se

poderá analisar se as despesas estão relacionadas aos ramos de atividades ou não,

sendo um modelo que vai ajudar na melhor elaboração e acompanhamento do

orçamento através do ciclo PDCA de Deming, sendo este o ciclo de

desenvolvimento com foco na melhoria contínua que começa pelo planejamento, a

execução das atividades planejadas, e é feita a checagem se o que foi feito estava

de acordo com o planejado, de modo regular e crítico, tomando-se ações visando

eliminar ou mitigar defeitos na execução do orçamento, ajustando a base para o

próximo ciclo de orçamento.

De acordo com Rebouças (2002, apud Caires 2010) lista-se como principais

vantagens de estrutura matricial a possibilidade de um maior aprimoramento técnico

das equipes de trabalho, a coordenação da equipe de forma mais adequada e

coerente, um maior desenvolvimento da capacitação profissional, maior

cumprimento de prazos e do orçamento, e destaca que embora o GMD, de modo

geral, apresente várias vantagens, também pode vir acompanhada de

desvantagens, como a possibilidade de existência de conflitos entre os gestores dos

pacotes e os gestores das entidades em relação a orçamentos e funcionários ou o

conflito entre os próprios gestores de pacote em relação a questões semelhantes de

alocação de recursos.

GESTÃO APLICADA À CONSTRUÇÃO CIVIL

Conforme Costa (2003), muitas empresas do setor construção civil não

possuem sistemas de medição de desempenho ou, quando possuem, existem

graves deficiências, situação decorrente de diferentes fatores, destacando -se a

dificuldade das empresas em determinar o que medir e como medir. Outro problema

observado é que as medidas de desempenho utilizadas raramente são integradas

Page 13: Análise do processo de implantação do GMD

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ou alinhadas com o processo de negócio. Em muitos sistemas, os indicadores não

são selecionados de acordo com os objetivos estratégicos e fatores críticos da

empresa, o que dificulta sua inserção nos processos gerenciais da organização, ou

seja, a informação não é relevante, não se tornando fonte de conhecimento. Desse

modo, através do uso dessas medidas, os gerentes tendem a minimizar desvios em

relação ao padrão, ao invés de buscar a melhoria contínua, e existem também

barreiras referentes às deficiências no projeto do sistema de indicadores e sua forma

de implementação, assim como barreiras comportamentais, relacionada às formas

de pensar e agir dos gerentes, os quais normalmente tomam decisões baseadas em

intuição, impulso e experiência.

Navarro (2005) destaca que a medição de desempenho tem relevância

quanto a alcançar a eficiência e eficácia nos processos operacionais. Todavia, a

utilização de sistemas de indicadores de desempenho nas empresas da construção

civil tem sido limitada em função de diversos fatores, dentre os quais: medidas

inadequadas, a ausência de vínculos entre as medidas e a estratégia da

organização, a falta de comprometimento da alta-gerência na promoção de sistemas

de medição e visão de curto prazo dos gerentes. Dessa forma, o círculo virtuoso não

se completa, o PDCA (Plan- Do- Check- Analyse), conforme destacado

anteriormente, não tem retorno com o trabalho desenvolvido na operação, já que as

diretrizes estratégicas não estão bem dispostas e as metas claras a todos os

envolvidos.

3. O ESTUDO DE CASO

O estudo de caso realizado em uma empresa de vanguarda no setor de

construção civil, com sua matriz localizada em Londrina- PR, e tem como premissa

em sua Missão que: “nenhum ganho justifica riscos excessivos”.

O trabalho se trata de uma investigação empírica de um fenômeno

contemporâneo, dentro de um contexto de vida real, considerando que os limites

entre o fenômeno previsto e o contexto empírico ainda não estão bem definidos

(YIN, 2005)

Page 14: Análise do processo de implantação do GMD

14

3.1 RESULTADOS DA ENTREVISTA

Na elaboração do roteiro de entrevista foram categorizadas as etapas do

projeto para melhor direcionar o foco da questão. A ordem de relevância da etapa do

projeto foi a seguinte:

CONCEPÇÃO DO PROJETO

Para concepção do projeto temos que o GMD é um instrumento gerencial

utilizado para o planejamento e controle orçamentário, o qual possibilita identificar

oportunidades de redução de gastos fixos (sobretudo despesas administrativas, não

operacionais), a curto e médio prazo, examinando-os de forma minuciosa. A

implementação do GMD está baseada em três princípios (INDG, 2010):

- Controle cruzado: todas as despesas orçadas devem ser acompanhadas por duas

ETAPA DO PROJETO

1ª CONCEPÇÃO DO PROJETO

2ª ESCOLHA DA FERRAMENTA

3ª IMPLEMENTAÇÃO

4ª ACOMPANHAMENTO

5ª EFEITO COMPORTAMENTAL

6ª VISÃO

ORDEM DE

OCORRÊNCIA

DA ETAPA

ETAPA DO PROJETO: VISÃO– Definição:

ROTEIRO DE ENTREVISTA RESPOSTA DADA

Com relação à concepção do projeto, temos como definição dessa etapa como a “pré-implementação” do projeto, como ele foi idealizado entre as lideranças, a diretoria e a empresa de consultoria que trabalhou na implementação do projeto.

ETAPA DO PROJETO

CONCEPÇÃO DO PROJETO

Qual o papel do GMD no planejamento estratégico de médio e longo prazo da

empresa? É fator decisivo na tomada de decisão?

O GMD é fator decisivo na estratégia da empresa, uma vez que seus resultados são fonte de informação para tomada de decisões em diversos âmbitos da empresa. Por ex. Os lançamentos anuais de empreendimentos dependem de compras de terrenos, e estes,

dependem de investimento, que são intrinsecamente ligados a disponibilidade de recursos.O ciclo financeiro do setor é muito longo, então precisamos ter o orçamento

como balizador por pelo menos 5 a 6 anos.

Existe relação direta entre o GMD e o fluxo-de-caixa da empresa? Como isso se

dá?

Sim, a previsão de fluxo de caixa no que tange as despesas são retiradas das informações previstas e realizadas de acordo com o GMD, somado as demais despesas

de custos de produção e outras despesas pouco significativas, não controladas pelo gmd. (compra de terrenos + projetos de obras novas + investimentos em equipamentos).

O senhor acredita que a participação de uma empresa de consultoria externa na

implementação do GMD, tanto na criação das diretrizes quanto no processo

operacional, foi decisiva?

Sim, porque a empresa não tinha know-how para implementação de uma metodologia de controle de custos e seus desdobramentos por si só, anteriormente, o controle feito era mais rudimentar, e após a implementação do gmd foi efetivamente criado um plano de contas contábil mais aderente a realidade da empresa, que nos últimos anos cresceu muito de tamanho e precisava ter seus centros de custos e contas contábeis melhor delineados para que a orçamentação e seu posterior controle fossem mais efetivos.

No que tange ao envolvimento da Diretoria na concepção das diretrizes do GMD, quais

os pontos positivos o senhor destaca?

Visão a longo prazo de saber que os custos administrativos e também de produção iriam subir a medida que o boom imobiliário se aproximava, devido a isto, haveria aumento no preço da mão de obra, material e terrenos. Procurando manter a rentabilidade e aumentar

o controle em momento de expansão, a empresa decidiu junto aos seus diretores a implementação de um controle de custos mais profissional que veio acompanhado também de melhorias em diversos processos da empresa também auxiliados por consultoria externa. Com o passar dos anos, é notável a diferença com os nossos

concorrentes no mercado que possuem grandes problemas de estouros orçamentários enquanto o de nossa empresa continua dentro da margem prevista.

Page 15: Análise do processo de implantação do GMD

15

pessoas;

- Desdobramento dos gastos: para a definição das metas, todos os gastos devem

ser detalhados até o nível de atividades e de unidade orçamentária;

- Acompanhamento sistemático: institui dinâmica de acompanhamento dos

resultados, comparando-os com as metas e definindo ações corretivas para os

desvios.

De acordo com INDG (2010), a metodologia possui três premissas básicas:

- Exame detalhado dos gastos e despesas;

- Metas de redução específicas para cada área;

- Desafios compatíveis com o potencial de ganho.

O método do GMD sugere, através da utilização de comparações sistêmicas,

que o corte nos gastos seja feito após exame detalhado de como estes gastos foram

gerados, permitindo que as metas sejam coerentes com a capacidade de ganho de

cada área.

Essa etapa do questionário, portanto, verifica se as diretrizes do GMD, em

sua concepção, convergia para os objetivos das lideranças da empresa em foco

para a adoção e implemento do GMD.

ESCOLHA DA FERRAMENTA

De acordo com o que foi verbalizado em entrevista, verifica-se que há plena

identidade de valores e objetivos entre o que o GMD se propõe a oferecer e as

necessidades da empresa.

ETAPA DO PROJETO ROTEIRO DE ENTREVISTA RESPOSTA DADA

ESCOLHA DA FERRAMENTA

Ao seu ver, o que faz o GMD o modelo de orçamento ideal ou o mais adequado para o acompanhamento das despesas

na empresa em que trabalha?

Seria o duplo controle de cada uma das despesas que o GMD proporciona através do seu controle matricial, uma mesma despesa é controlada por um gestor específico que gerencia essa respectiva natureza de gasto e por um outro gestor que controla todo e qualquer tipo de gasto em seu centro de custo. Outros tipos de orçamento, tal como o

participativo ou o OBZ não atenderiam a essa nossa necessidade.

Page 16: Análise do processo de implantação do GMD

16

IMPLEMENTAÇÃO

No que tange à implementação, todo o conhecimento e know-how partiu de

fora da empresa, não indo de encontro ao que Marchant (2007) evidenciou: maior

participação da gerência média e baixa nas atividades relacionadas ao orçamento é

consistente com o significado de descentralização. Ou seja, sugere que no momento

de condução do projeto não havia o conhecimento da idéia e da metodologia em uso

claramente por parte dos principais stakeholders e envolvidos no processo de

gerenciamento do GMD.

ETAPA DO PROJETO: IMPLEMENTAÇÃO – Definição:

ROTEIRO DE ENTREVISTA RESPOSTA DADA

IMPLEMENTAÇÃO

Apesar de o entrevistado não ter participado da idealização do projeto e das etapas da implementação, assumiu-o no momento em que se aproximava o término do período em que a consultoria ainda estava presente na empresa, e teve de se adaptar muito rapidamente ao escopo do projeto e por conta disso, teve a oportunidade de avaliá-lo com profundidade.

ETAPA DO

PROJETO

Qual o erro estrutural mais marcante no processo de implantação do GMD na

empresa em que representa hoje?

O erro estrutural mais marcante que podemos destacar foi durante

o período que a consultoria contratada estava na empresa, não ter

exigido maior transmissão e fixação de conhecimento nos gestores

que participavam do projeto, pois quando a consultoria saiu, muito

trabalho operacional e seus detalhes não eram de conhecimento

das pessoas que deveriam ser as detentoras desta expertise.

Desde conhecimento técnico de análise até definições conceituais

do orçamento.

Dentre as dificuldades encontradas no decorrer da implantação do GMD, você

atribui as maiores dificuldades à questão técnica ou ao comportamento dos

envolvidos? Em que aspecto?

- Base de dados falha ao se coletar histórico para fazer a projeção

orçamentária do ano subsequente; - falta de conhecimento técnico

avançado de planilha para mexer com banco de dados; - excessiva

centralização de trabalhos operacionais nas mãos dos consultores

de forma que os próprios funcionários sabiam que estava sendo

implementado o GMD porém não tinham o domínio do que estava

sendo executado. - Grande volume de informações a serem

absorvidas pelos participantes do projeto sem que os mesmos

tivessem conhecimento anterior de orçamento ou contabilidade. Os

profissionais da empresa possuíam diversos perfis, muitas vezes

não relacionados com a área de finanças. Além disso, estes

profissionais mantiveram suas funções originais e adicionaram

uma nova atribuição à sua rotina, para qual tinham pouco tempo,

pouco incentivo para agir com rigor e pouco subsídio técnico.

Muito se fala sobre risco moral na concepção de orçamentos, considerando esse fator de ameaça, como lidaram com essa dificuldade nas fases de negociação

de metas de orçamento?

Pôde ser notado claramente que a consultoria desejava a redução

de despesas a qualquer custo para atingir suas metas, dessa

forma, não se levava em consideração particularidades da

empresa e a metodologia foi implementada de forma massificada,

muitos líderes ao fazerem orçamento de suas respectivas áreas,

davam opiniões e sugestões que não eram ouvidas. Os

consultores por sua vez, aproveitavam o pouco conhecimento

técnico dos participantes e os induziam a aceitar a linha de

raciocínio da consultoria sem qualquer tipo de contestação que

poderia incorrer em alguma alteração ao projeto que poderia até

ser frutífera para a empresa.

Page 17: Análise do processo de implantação do GMD

17

ACOMPANHAMENTO

Para acompanhamento, verifica-se segundo o relato do entrevistado, que

muitas das situações que ocorrem convergem para a análise de Miguel (2010) que

ETAPA DO PROJETO: ACOMPANHAMENTO– Definição:

ETAPA DO PROJETO ROTEIRO DE ENTREVISTA RESPOSTA DADA

ACOMPANHAMENTO

O acompanhamento se dá após a etapa das negociações, e o orçamento previsto já está em andamento, fazendo a análise dos desvios e como isso se dá como rotina.

Houve criação de controles de despesas paralelos por parte dos

gestores de pacote para atender as demandas do GMD? Existe um procedimento padrão

para a tomada dessas medidas para evitar o re-trabalho por parte

das entidades?

Alguns pacotes exigem particularidades em seus controles, mas o modelo final deve ser definido em indicadores financeiros, numa base comum para que possa

ser envolvido em comparativo entre as entidades.

Após a conclusão dos primeiros ciclos anuais

do GMD, pode-se afirmar que os gestores

de pacote estão preparados

tecnicamente para o papel de agentes de

análise e especialistas em seus respectivos

pacotes? O que sugere para aperfeiçoamento

dos mesmos?

O desempenho do gestor de pacote está intimamente relacionado com a familiaridade das contas contábeis que foram agrupadas nos seus respectivos

pacotes, por exemplo, um pacote chamado “comunicação”, que agrupa as despesas de telefonia fixa, móvel e internet, neste caso, como há poucas

operadoras, e ao mesmo tempo são nacionais, os procedimentos de controle em todas as suas fases podem ser padronizados e tratados diretamente pelo gestor

com facilidade, onde poucas ações acabam se traduzindo em grandes resultados, tanto quantitativos quanto qualitativos, já um outro pacote chamado

“administrativo” englobava contas contábeis que tinham pouca relação uma com a outra, a quantidade de contas contábeis era muito grande e as empresas às

quais prestavam serviços relacionados a essas contas não tinham abrangência nacional, sendo assim, tornou-se muito mais difícil obter um resultado qualitativo e quantitativo, enquanto, por ex. No pacote de comunicação, 4 consultores de

empresas de telefonia eram suficientes para todas as demandas, em uma estrutura do administrativo, não existia essa figura e cada pequena ação deveria ser tratada em cada regional com fornecedores diferentes, culturas diferentes e

nível de profissionalização diferentes. O aperfeiçoamento de um gestor de pacote se dá pela especialização do seu pacote. Em uma empresa de grande porte,

onde se pode segmentar ainda mais os pacotes, é muito mais fácil de se atingir o objetivo até porque o volume financeiro é muito maior e uma pequena ação específica reflete em grandes ganhos. Já numa empresa menor, o trabalho

operacional para ter os mesmos ganhos seria muito maiores pois os valores são menores, ao mesmo tempo que o agrupamento de naturezas diversas em um mesmo pacote demanda muito tempo para ser controlado e produzir melhorias

Foi criado algum modo de acompanhamento

para garantir a execução da previsão orçamentária? Se sim, qual a relevância desse

indicador hoje?

Foi estruturado um calendário de reuniões mensais, às quais eram feitas após o fechamento contábil do mês anterior, onde o realizado era comparado com o previsto e os maiores desvios eram justificados pelos gestores de pacote e entidade e submetidos à avaliação da diretoria. Aliado a isto, foram criados indicadores que eram atrelados a parâmetros, que por sua vez, refletiam o

crescimento da empresa. Desta forma, podia-se determinar se o desvio a maior no orçamento significava estouro de orçamento ou simplesmente um aumento proporcional ao crescimento que a empresa atravessava naquele momento.

Após as análises de desvios elaboradas pelos gestores de pacote e entidade,

verificou-se efetividade na melhora dos indicadores de

eficiência do projeto com o passar do

tempo?

Foi verificado que o tópico de controle de orçamento, em geral, não é bem quisto nos diversos níveis hierárquicos da empresa, pois faz com que muitos gestores e seus subordinados deixem a zona de conforto, além de evidenciar má gestão dos

recursos. À medida em que a informação sobre os desvios orçamentários se disseminavam, houve preocupação por parte desses gestores em melhorar o que

estava sendo evidenciado, no entanto, em tudo que foi trazido à tona, ficou em voga a necessidade de melhor controle e racionalização da despesa, ao contrário de despesas pouco conhecidas, debatidas ou mais metodicamente orçadas. Em suma, a melhoria da eficiência só ocorre quando as informações efetivamente

são publicadas e evidenciadas.

Page 18: Análise do processo de implantação do GMD

18

explica que o controle orçamentário por ser executado de forma cruzada, tendo duas

pessoas a controlar os gastos: um gestor do pacote e outro da entidade, pode

ocorrer que a cooperação entre os dois não favorece a empresa, pois a relação da

informação será assimétrica, não se traduzindo em ganhos de orçamento e redução

de despesas, no momento em que se averigua o cumprimento dos padrões

estabelecidos, devendo corrigir os desvios entre o planejado e o realizado. A fase de

acompanhamento do GMD faz com que o orçamento seja mais efetivo e expõe que

orçamento algum alcançará os resultados desejados se não houver um bom

acompanhamento.

EFEITO COMPORTAMENTAL

As verbalizações dadas indicam as afirmações feitas por Rebouças (2002,

apud Caires 2010) que lista que dentre as principais vantagens da estrutura matricial

de orçamento tem-se a possibilidade de um maior aprimoramento técnico das

equipes de trabalho, mas que de modo geral, também pode destacar desvantagens,

tal como a existência de conflitos entre os gestores dos pacotes e os gestores das

entidades na discussão das origens dos desvios e os decorrentes planos de ação

elaborados como fator corretivo, ou mesmo ao conflito entre os próprios gestores de

pacote em relação a questões semelhantes de alocação de recursos, sempre

cabendo à coordenação do projeto ou mesmo ao controller da empresa indicar em

que natureza de gastos deve ser apropriada determinada despesa.

ETAPA DO PROJETO: EFEITO COMPORTAMENTAL – Definição:

ETAPA DO PROJETO ROTEIRO DE ENTREVISTA RESPOSTA DADA

Com relação ao efeito comportamental, temos que a metodologia da aplicação do GMD como um todo, pode evidenciar a resposta dos indivíduos à existência de múltiplos objetivos, à deficiências do planejamento como um todo e a dificuldade de decidir sob a escassez de recursos.

EFEITO COMPORTAMENTAL

Após a conclusão dos primeiros ciclos anuais do GMD, como o senhor enxerga hoje a absorção da cultura do GMD na empresa após a sua

disseminação?

Houve um significativo avanço, porém, como em qualquer atividade operacional,

deve haver contínuo treinamento e facilitado o acesso a informação, haja vista que

a rotatividade de empregados faz com que os ganhos até então atingidos possam

ser perdidos de forma muito rápida. Dessa forma, a implementação de um

processo de GMD deve ser acompanhado de contínuo treinamento, plano de

comunicação eficaz, metas bem definidas, e acompanhamentos mensais.

Existe conflito entre os gestores dos pacotes e os gestores das entidades em relação a orçamentos e funcionários, ou mesmo conflito entre os próprios gestores de pacote em relação a questões semelhantes de alocação de

recursos?

O gestor de entidade sempre vai buscar orçar um valor acima do que ele realmente

necessita, já o gestor de pacote, procura otimizar ao máximo os recursos dentro de

seu pacote, o que gera conflito nas negociações e posteriormente após o valor

fechado, pode gerar discordâncias em relação a onde lançar custos que não estão

bem definidos no descritivo de contas contábeis da empresa e suas

particularidades e minúcias. O senhor concorda com a afirmação “Os orçamentos, num geral, consomem muito tempo e sua elaboração é muito dispendiosa, burocrática, por assim

dizer, e frequentemente implica em obstáculo a mudanças, por concentrar-se na redução de custos e não no aumento de valor ou redução inteligente dos

gastos, sendo atualizados com frequência insuficiente, e por fim, faz com que as pessoas se sintam desvalorizadas.”

O tópico controle orçamentário jamais será popular em nenhuma empresa,

portanto, se não houver um plano de comunicação eficiente em conjunto será difícil

esclarecer a todos os envolvidos a necessidade e a necessidade de ser levar a

sério rigor a elaboração do plano orçamentário anual da empresa.

Page 19: Análise do processo de implantação do GMD

19

VISÃO

A visão passada pelo entrevistado converge com o resultado apresentado por

Alcoba (2011 apud Vieira, 2011), onde com o passar dos anos o perfil dos gastos

administrativos comerciais da empresa se torna otimizado e os percentuais de

redução, em relação ao ano anterior, ficam cada vez menores. Tal fato é

cognoscível, pois em um primeiro momento as ineficiências mais visíveis do sistema

são atacadas, a partir daí o foco é na gestão e suas deficiências que se tornam

evidentes.

ETAPA DO PROJETO: VISÃO– Definição:

RESPOSTA DADA

VISÃO

Visão de futuro por parte do entrevistado quanto às próximas etapas e possíveis melhorias do projeto como um todo dentro da empresa estudada.

ETAPA DO PROJETO

ROTEIRO DE ENTREVISTA

Na sua opinião, os gestores envolvidos no GMD devem receber

algum tipo de remuneração adicional

por participar do projeto?

Vejo que se o desdobramento de metas previamente definidas forem alcançadas, é possível que haja bonificação aos envolvidos no projeto, sob o ponto de vista dos pacotes. Para as entidades, o bônus deve ser visto tanto como fator redutor de bonificação para o não atingimento das metas de enxugamento de despesas

que poderiam ser evitadas..

Sob sua ótica, o ciclo de implantação do GMD

na empresa já se encerrou?

Sim, dentro do PDCA estaríamos nos “A” de analyze e também no “S” de “standardization” e recomeço do ciclo de melhoria contínua. Existe ainda a

necessidade de fixar o projeto por completo dentro da empresa, e que o respeito ao planejamento orçamentário dentro da empresa se dê de forma já involuntária, como uma segunda natureza dentro dos gestores, sempre tendo uma visão de médio e longo prazo para provisionarmos verba para as despesas vindouras.

Qual a sua visão sobre o GMD em um horizonte

de 2 anos dentro da empresa?

teremos agregado contas de produção também, além das despesas administrativas, assim como organizado os clusters para análise, e melhorando o

acompanhamento de lançamentos contábeis bem padronizados, para que não haja distorção nas análises

Page 20: Análise do processo de implantação do GMD

20

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O GMD é indicado para tratar de despesas de cunho fixo, não ligado diretamente

ao operacional da empresa (custos de produção e despesas variáveis de produção).

É preciso, para sua efetividade, que o planejamento de vendas da empresa já esteja

bem definido para que ao fim do processo de planejamento orçamentário se possa

dimensionar com qualidade a projeção da rentabilidade, do valor agregado previsto

(EVA) e a necessidade de encaixes financeiros no fluxo de caixa da empresa.

O sucesso da implantação do GMD depende invariavelmente de um alto

envolvimento e incentivo da alta administração, do comprometimento das equipes,

que a equipe que venha a implementar o projeto do GMD tenha uma excelente

capacidade de comunicação para que possa divulgar o projeto e sua metodologia,

que o software de acompanhamento atenda satisfatoriamente às necessidades da

empresa e de fácil utilização de todos os envolvidos.

Na empresa estudada, verifica-se que ainda há certa resistência por parte dos

envolvidos e não está claro o grau de comprometimento da alta administração, já

que o projeto não envolve reduções ou aumento de bonificações, sendo motivado

apenas por conscientização e comprometimento dos envolvidos, o que pode colocar

parte da produtividade do projeto a se perder.

Uma falha do GMD é que ela não controla obrigatoriamente a maior parte das

despesas da empresa, que geralmente está direcionada no orçamento aos custos

de produção, portanto, é possível que a menor parte das despesas da empresa

venha a tomar mais atenção do que a maioria de valor mais expressivo e relevante.

Seria interessante também averiguar se na empresa estudada se algum projeto

no molde de controle de produção (o equivalente ao DDO) foi implementado e como

esse software se vincula ao software de acompanhamento do GMD, para projeção

dos gastos totais das entidades, tanto no setor produtivo, quanto na área

administrativa e comercial.

Um ponto oportuno para futuros trabalhos é explorar com mais afinco os KPI (

Key Performance Indicator), ou ICD (Indicadores - Chave de Desempenho) que são

os pontos reais de análise no pós implantação do GMD para a avaliação de

diferentes entidades por meio dos clusters, e escolha dos parâmetros para

referenciamento.

Page 21: Análise do processo de implantação do GMD

21

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Page 24: Análise do processo de implantação do GMD

24

ANEXO A- ENTREVISTA

ETAPA DO PROJETO ROTEIRO DE ENTREVISTA

7ª IMPLEMENTAÇÃO Qual o erro estrutural mais marcante no processo de implantação do GMD na empresa em que representa hoje?

8ª IMPLEMENTAÇÃO

9ª IMPLEMENTAÇÃO

10ª ACOMPANHAMENTO

11ª ACOMPANHAMENTO

12ª ACOMPANHAMENTO

13ª ACOMPANHAMENTO

14ª

15ª

16ª

17ª VISÃO

18ª VISÃO Sob sua ótica, o ciclo de implantação do GMD na empresa já se encerrou?

19ª VISÃO Qual a sua visão sobre o GMD em um horizonte de 2 anos dentro da empresa?

Nº DA

QUESTÃO

CONCEPÇÃO DO

PROJETO

Com base na sua experiência profissional vivida no âmbito da adoção do GMD, qual a importância de se ter uma

ferramenta de orçamento feito essa?

CONCEPÇÃO DO

PROJETO

Qual o papel do GMD no planejamento estratégico de médio e longo prazo da empresa? É fator decisivo na

tomada de decisão?

CONCEPÇÃO DO

PROJETOExiste relação direta entre o GMD e o fluxo-de-caixa da empresa? Como isso se dá?

CONCEPÇÃO DO

PROJETO

O senhor acredita que a participação de uma empresa consultoria externa na implantação do GMD, tanto na

criação das diretrizes quanto no processo operacional, foi decisiva?

CONCEPÇÃO DO

PROJETO

No que tange ao envolvimento da Diretoria na concepção das diretrizes do GMD, quais os pontos positivos o

senhor destaca?

ESCOLHA DA

FERRAMENTA

Ao seu ver, o que faz o GMD o modelo de orçamento ideal ou o mais adequado para o acompanhamento das

despesas na empresa em que trabalha?

Dentre as dificuldades encontradas no decorrer da implantação do GMD, você atribui as maiores dificuldades à

questão técnica ou do comportamento dos envolvidos? Em que aspecto?

Muito se fala sobre risco moral na concepção de orçamentos, considerando esse fator de ameaça, como lidaram

com essa dificuldade nas fases de negociação de metas de orçamento?

Houve criação de controles de despesas paralelos por parte dos gestores de pacote para atender as demandas do

GMD? Existe um procedimento padrão para a tomada dessas medidas para evitar o re-trabalho por parte das

entidades?

Após a conclusão dos primeiros ciclos anuais do GMD, pode-se afirmar que os gestores de pacote estão

preparados tecnicamente para o papel de agentes de análise e especialistas em seus respectivos pacotes? O que

sugere para aperfeiçoamento dos mesmos?

Foi criado algum modo de acompanhamento para garantir a execução da previsão orçamentária? Se sim, qual a

relevância desse indicador hoje?

Após as análises de desvios elaboradas pelos gestores de pacote e entidade, verificou-se efetividade na melhora

dos indicadores de eficiência do projeto com o passar do tempo? (lembrar do gráfico de Gestão à Vista)

EFEITO

COMPORTAMENTAL

Após a conclusão dos primeiros ciclos anuais do GMD, como o senhor enxerga hoje a absorção da cultura do

GMD na empresa após a sua disseminação?

EFEITO

COMPORTAMENTAL

Existe conflito entre os gestores dos pacotes e os gestores das entidades em relação a orçamentos e funcionários,

ou mesmo conflito entre os próprios gestores de pacote em relação a questões semelhantes de alocação de

recursos?

EFEITO

COMPORTAMENTAL

O senhor concorda com a afirmação “Os orçamentos, num geral, consomem muito tempo e sua elaboração é muito

dispendiosa, burocrática, por assim dizer, e frequentemente implica em obstáculo a mudanças, por concentrar-se

na redução de custos e não no aumento de valor ou redução inteligente dos gastos, sendo atualizados com

frequência insuficiente, e por fim, faz com que as pessoas se sintam desvalorizadas.”

Na sua opinião, os gestores envolvidos no GMD devem receber algum tipo de remuneração adicional por

participar do projeto?