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AMAZÔNIA: DESAFIO BRASILEIRO DO SÉCULO 21 BRASIL SEM MISÉRIA NO NORTE SUSTENTÁVEL 2011 AMAZALERT Edição 28 R$ 10,00 www.revistaamazonia.com.br Ano 6 Número 28 2011 R$ 10,00 4,00 Editora Círios ISSN 1809-466X

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Revista Amazônia edição 28

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AMAZÔNIA: DESAFIO BRASILEIRO DO SÉCULO 21 BRASIL SEM MISÉRIA NO NORTESUSTENTÁVEL 2011 AMAZALERT

Edição 28

R$

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azonia.com.br

Ano 6Número 28 2011

R$ 10,00

4,00

Editora Círios

ISSN

180

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Projetos

Especiais

5ª Feira e Congresso Internacionais de Soluções Ecoeficientes

14 a 16agosto de 2012das 10h às 20h

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06 Amazônia: Desafi oBrasileiro do Século 21Pesquisadores, representantes do poder público, estudantes e professores es-tiveram reunidos durante o Fórum Amazônia: desafi o brasileiro do século 21, realizado no dia 6 de setembro na Universidade Estadual de Campinas (UNI-CAMP), interior de São Paulo, com o objetivo principal de fortalecer laços de cooperação em ensino...

12 Termo de pactuação do Plano Brasil sem Miséria com os Governadores do Norte Em Manaus, a presidenta Dilma destacou os benefícios do Plano Brasil sem Miséria e do Bolsa Verde para a população. Com a presença de ministros, governadores, prefeitos, empresários e benefi ciários dos programas sociais, foram anunciadas ações de transferência de renda...

24 Amazônia e Sustentabilidade Para nós da Eletrobras Eletronorte, falar da Amazônia é como falar da nossa cidade, do nosso bairro e, porque não, da nossa casa. Não chegamos aqui por acaso. Uma decisão estratégica para ocupar uma região até então marcada pela ausência do Estado nos deu a missão de contribuir para gerar desenvolvimento...

18 Amazalert O futuro da AmazôniaO projeto AMAZALERT tem o potencial de fornecer aos tomadores de decisões políticas brasileiros informações e conhecimento científi co para aprimorar as políticas atuais e delinear novas opções...

A décima sexta sessão do Grupo de Trabalho Ad Hoc sobre Compromissos Adicionais para as Partes do Anexo I no âmbito do Protocolo de Quioto (AWG-KP 16) e a décima quarta sessão do Grupo de Trabalho Ad Hoc sobre a longo prazo Ação Cooperativa no âmbito da UNFCCC (AWG-LCA 14), na Cidade do Panamá, Panamá...

40 A Conferência sobre Mudança Climática da ONU

[34] Bambu vai erradicar pobreza [36] Iniciado os trabalhos de articulação para a Rio+20[39] Contagem regressiva para COP17 - CMP7[44] Bionegócio e bionergia: superando as fronteiras entre setores da economia[49] Manejo fl orestal sustentável do Acre[52] Greenbuilding Brasil discutiu construções verdes[54] Mapa do carbono armazenado nas fl orestas tropicais [64] Rio subterrâneo de 6 mil km embaixo do Rio Amazonas

PUBLICAÇÃOPeríodo (setembro/outubro)Editora Círios SS LTDAISSN 1677-7158CNPJ 03.890.275/0001-36Rua Timbiras, 1572-AFone: (91) 3083-0973Fone/Fax: (91) 3223-0799Cel: (91) 9985-7000www.revistaamazonia.com.brE-mail: [email protected]: 66033-800Belém-Pará-Brasil

DIRETORRodrigo Barbosa Hühn

PRODUTOR E EDITORRonaldo Gilberto Hühn

COMERCIALAlberto Rocha, Rodrigo B. Hühn

ARTICULISTAS/COLABORADORESAlexandre Floriani Ramos; Camillo Martins Vianna; Census of Marine Life; Ciro Scopel ; Jacqueline Batista Silva; Josias Matos de Araujo; José Maria F.J. da Silveira; Sérgio Vale; Vivian Blaso; Wiliandro Derze

FOTOGRAFIASAntonio Cruz/Abr; Antônio Silva/Ag. Pará; Antoninho Perri; Antonio Scorpinetti; Ascom Unicamp; Assessoria SEF; Cecilia Österberg/Exray; Census of Marine Life ; Chen Xuefei; Cleiby Trevisan; Equipe Jacek Palkiewicz; Jefferson Rudy/MMA; Luciano Claudino; NASA/GSFC/JPL, MISR Team; Roberto Stuckert Filho/PR; Rudloph Hühn; Sílivo Ávila (MAA); Thiago Junqueira Roncon

EDITORAÇÃO ELETRÔNICAEditora Círios SS LTDA

DESKTOPMequias Pinheiro

NOSSA CAPARibeirinhos a espera do futuro. Frente à Belém, região das Ilhas, no Pará Foto de Fernando Araujo

XPEDIENTE PUBLICAÇÃOPeríodo (setembro/outubro)

DIRETOR

PRODUTOR E EDITOR

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FOTOGRAFIAS

EDITORAÇÃO ELETRÔNICA

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NOSSA CAPA

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PA-538

Editora Círios

Blog da Amazôniawww.revistamazonia.blogspot.com

20 Sustentável 2011O 4º Congresso Internacional sobre Desenvolvimento Sustentável. O Sustentável 2011, realizado no Rio de Janeiro, no Píer Mauá, reuniu recentemente, mais de 50 especialistas mundiais, mil participantes entre representantes de empresas, Ongs e sociedade civil em palestras e ofi cinas que debateram os principais temas do desenvolvimento sustentável como economia verde, energia, desenvolvimento humano, consumo e mobilidade...

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revistaamazonia.com.br06 REVISTA AMAZÔNIA

Realizado pela Pró-Reitoria de Graduação e o Instituto de Geociências da UNICAMP, como atividade dos Fóruns Permanentes da universidade sobre Meio Ambiente e Sociedade, o fórum apresentou discussões a cerca do ensino superior, pesquisas científi cas, estratégias de ci-ência, tecnologia e inovação (CT&I) e história e cultura da região amazônica. Consenso entre os convidados, as investigações realizadas pela comunidade científi ca nacional, nas mais diversas áreas, despontaram entre as principais contribuições capazes de elevar o Brasil a po-tência mundial da biodiversidade no próximo século.

esquisadores, representantes do poder público, estudantes e professores estive-ram reunidos durante o Fórum Amazônia: desafi o brasileiro do século 21, realizado

no dia 6 de setembro na Universidade Estadual de Cam-pinas (UNICAMP), interior de São Paulo, com o objetivo principal de fortalecer laços de cooperação em ensino, pesquisa e extensão entre a UNICAMP e a Universidade do Oeste do Pará (UFOPA), e refl etir sobre a geração de conhecimentos para o desenvolvimento da Amazônia, destacando a importância da região nas atividades pre-paratórias da cúpula mundial Rio+ 20 que acontece no Brasil, em 2012.No atual cenário onde, cada vez mais, a soberania do petróleo cede espaço para a economia verde, o Brasil desponta entre os favoritos para a gestão mundial de um fundo internacional de governança, que considere, sobretudo, a importância da Amazônia para o bem-estar do planeta terra. O posicionamento de lideranças bra-sileiras durante a Rio+ 20, nesse sentido, foi apontado durante o evento como crucial para que o pais assuma as discussões relativas à proteção internacional dessa imensidão verde.

Amazônia: Desafi o Brasileiro do Século 21

P “A Amazônia é um desafi o estratégico para o nosso país e o seu desenvolvimento não pode prescindir às discussões em todas as universidades”, disse o Reitor da UNICAMP, Fernando Costa, durante a cerimônia de abertura do evento. O Reitor abre o evento explicando o principal objetivo dos fóruns permanentes organizados pela UNI-CAMP, que é a discussão de aspectos estratégicos para o país por pesquisadores, estudantes universitários e demais setores da sociedade, que possam apontar cami-nhos para o futuro.A organização buscou mesclar pesquisadores do sudeste e do norte do país para favorecer a troca de experiências e a realização de novos acordos. De acordo com a Agente de Comunicação da PRG/UNICAMP, Marilisa Rossilho, responsável por estruturar a programação do encontro, o principal desafi o foi elaborar estratégias para atingir o maior número de pesquisadores e alunos de ambas as comunidades acadêmicas, que de alguma maneira es-tejam envolvidos com pesquisas, em qualquer área do conhecimento, sobre a Amazônia. E, indo mais além, atrair o interesse daqueles que ainda não desenvolvem atividades na região. “A discussão da Amazônia deveria estar presente em nossas vidas, não é apenas respon-

Foto: Antoninho Perri, Antonio Scarpinetti/ASCOM UNICAMP, Divulgação UFOPA e

Luciano Claudino

Mais de 500 pessoas acompanharam programação realizada na UNICAMP no

dia 6 de setembro

Reitor Fernando Costa fala sobre importância das

universidades para o desenvolvimen-

to da região

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De um lado, a estrutura acadêmica de ponta, com pesquisadores renomados e laboratórios avançados de pesquisa. De outro, uma proposta ousada de formação interdisciplinar e um ambiente rico em biodiversidade, propício para a investigação científi ca. Muitos acordos de cooperação podem nascer a partir do encontro de universidades com características tão diferenciadas como a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e a Universidade do Oeste do Pará (UFOPA). Esta foi a temática da palestra de abertura do Fórum Amazônia: desafi o brasileiro do século 21, apresentada pelo Reitor da UFOPA, José Seixas Lourenço. Um dia antes, durante reunião com pesquisadores de diversos departamentos da UNICAMP, além de ressaltar o caráter inovador da universidade paraense, o reitor sugeriu caminhos para a cooperação entre à instituição e a UNICAMP, a partir do intercâmbio de estudantes, pesquisadores, profes-sores e o desenvolvimento conjunto de programas. “Eu vejo nessa conexão, a possibilidade de criar uma instituição com características inovadoras como foi o caso a UNICAMP”, disse.

sabilidade do Estado e o conhecimento não deve fi car concentrado numa única região do país”, disse.Participaram do fórum, como palestrantes: o Secretário Adjunto da Secretaria de Ciência, Tecnologia & Inovação do Pará, Alberto Arruda; o Coordenador de Extensão do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Carlos Alberto Bueno; o químico, Lauro Barata, premia-do em 2005 pelo Ministério do Desenvolvimento, pelos trabalhos realizados em Pesquisa & Desenvolvimento do óleo essencial das folhas do Pau Rosa; o Coordenador do Centro de Estudos Avançados da UNICAMP, Paulo Funari, o Coordenador de Curso de MBA em Gestão do Meio Am-biente e Sociedade da Fundação Getúlio Vargas, Roberto Guimarães; o Pró-Reitor de Graduação da UNICAMP, Marcelo Knobel; o Reitor da UFOPA, José Seixas Lourenço e o Diretor do Instituto de Geociências da UNICAMP, Ber-nardino Figueiredo.

A fl oresta como oportunidade de cooperação universitária

Fundada em 1966, a UNICAMP desponta como umas das instituições mais renomadas do país, ocupando hoje o primeiro lugar no ranking de patentes produzidas em todo o Brasil, além de desenvolver a melhor pós-gradua-ção do país, com 70% dos cursos classifi cados no padrão internacional de alto desempenho pelo Ministério da Educação. A estrutura física abriga 6 campi, 22 unidades

Reitor da UFOPA, José Seixas Lourenço, durante visita na UNICAMP

José Seixas Lourenço

Vista aérea UNICAMP

Vista aérea UFOPA

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de ensino e pesquisa, 2 colégios técnicos, 3 hospitais, 23 centros e núcleos interdisciplinares e 27 bibliotecas. São mais de 31 mil estudantes, cerca de 1800 professores, 66

cursos de graduação e 138 de pós-graduação.Por sua vez, instalada no município paraense de San-tarém, no interior da Amazônia, a UFOPA surge no cenário nacional em 2009, com uma proposta revolu-cionária de estrutura acadêmica, onde os estudantes ingressam no curso superior utilizando integralmente a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e onde eles deixam para escolher que carreira seguir somente após o terceiro ano de graduação. Diferente de todos os modelos universitários brasileiros, a UFOPA não estrutura os cursos de bacharelado nos institutos tradicionalmente conhecidos, como física, química e biologia. Nela, as dis-ciplinas dividem-se em cinco grandes temas de interesse regional (Ciências da Educação, Ciências da Sociedade, Ciências e Tecnologias das Águas, Biodiversidade e Florestas, Engenharia e Geociências) com o objetivo de permitir o desenvolvimento integrado das disciplinas,

como a inter-relação entre a pedrosfera, a biosfera e a atmosfera ou da geofísica aplicada com a arqueologia, por exemplos.O Reitor explicou que as universidades têm trabalhado para concretizar um programa de doutorado interinsti-tucional em educação, já aprovado pela Faculdade de Educação da UNICAMP e em análise na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior do Minis-tério da Educação (CAPES), e também, a cooperação entre doutorados interdisciplinares, o trabalho conjunto entre o Laboratório de Arqueologia Pública da UNICAMP e o Programa de Antropologia e Arqueologia da UFOPA, o intercâmbio de pesquisadores e estudantes da Geologia, Geografi a e Política Científi ca e Tecnológica, o desenvol-vimento e ampliação de pesquisas no campo da mod-elagem computacional e de compósitos e termoplásticos com fi bras vegetais.Pesquisadores de diversas áreas viram com entusiasmo a possibilidade de fi rmar acordos de cooperação entre a

UNICAMP e a UFOPA. Para o Pró-Reitor de Graduação da UNICAMP, Marcelo Knobel, foi uma satisfação poder re-unir tanta gente em torno desse assunto e de falar sobre possibilidades de programas de extensão e ensino.“A nossa perspectiva a partir do encontro, é pressionar o Governo Federal e os gover-nos estaduais para que a gente possa também ter programas de mobilidade estudantil entre as universidades brasileiras. Seria muito importante que os alunos da região amazônica pudessem vir aqui e que os nossos fossem para lá”, disse.A questão da interdiscipli-naridade esteve no foco faz atenções durante o fórum, pelo

caráter inovador dos institutos temáticos da UFOPA, que dão mais tempo aos graduandos para escolher a for-mação que desejam. Para o coordenador do Centro de Estudos Avançados da UNICAMP (CEAv), Paulo Funari, o modelo de ensino superior brasileiro tem gerado um índice muito alto de evasão, ao passo em que muitos estudantes, ao sair do ensino médio, não estão prepara-dos para escolher que carreiras seguir.“Você tem um desperdício muito grande de talentos, tanto de professores quanto de alunos. De tal maneira, que o sistema nacional de ensino superior, do jeito que está formulado, já começa a ser superado”, disse. De acordo com o professor, a estrutura acadêmica atual está baseada na ideia de que as carreiras são únicas, fi xas e que o candidato precisa escolher de uma única vez, logo de início. “Isso tem se mostrado cada vez mais irreal na sociedade moderna. As pessoas vão mudando a sua trajetória”.Pensando nisso, a UNICAMP recentemente implantou um novo curso em sua grade. O Programa de Forma-ção Interdisciplinar Superior (PROFIS) inclui áreas das ciências humanas, biológicas, exatas e tecnológicas. O objetivo é oferecer aos alunos uma visão integrada do mundo contemporâneo, capacitando-os para exercer as mais distintas profi ssões. Além deste, está em vias de implantação, programas similares que envolverão as ciências humanas e as engenharias.A disparidade de estrutura física entre as universidades, nem de longe é impedimento para a troca de experiência, pelo contrário, pesquisadores de ambas as instituições viram nas possibilidades que se abrem para a parceira, oportunidades signifi cativas de crescimento, seja no campo da pesquisa, seja no campo do ensino ou da ex-

Estudantes da UNICAMP no Instituto de Física Gleb

Wataghin

Pró-Reitor de Graduação da UNICAMP, Marcelo Knobel, sugere mobilidade estudantil entre universidades brasileiras

Reitor José Lourenço Seixas fala sobre acordos de cooperação entre pesquisa-dores da UNICAMP e UFOPA

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arqueologia que é o fator do exótico, do distante, como se ela fosse possível somente no Egito. A gente tem tra-balhado, e muito, para dizer que a Arqueologia existe no Brasil”, completou. Por meio da experiência do LAP, a UFOPA pretende também, atrair a atenção de estudantes do ensino fundamental e médio da região para a preservação do patrimônio arqueológico local, utilizando programas desenvolvidos pela UNICAMP, a exemplo do Programa de Iniciação Científi ca Júnior (PIC Jr.). Destinado a estu-dantes do ensino médio, o PIC Jr. tem duração de 12 meses. Durante esse período, é possível mergulhar no universo da pesquisa acadêmica, vivenciar o dia-a-dia dos pesquisadores, descobrir novas formas de aprender e quebrar mitos em torno da profi ssão. Recentemente, o Laboratório de Arqueologia Pública lançou um site para divulgar os trabalhos desenvolvidos, tanto para comunidades onde acontecem as escavações arqueológicas, quanto para estudantes do ensino fun-damental e ensino médio, e participantes do PIC Júnior. Esse ano foi a primeira vez que o laboratório participou com um estande no programa Universidade de Portas Abertas (UPA) realizado nos dias 2 e 3 de setembro na UNICAMP, e que atraiu mais de 60 mil estudantes de todo o país. “É possível ser arqueólogo no Brasil? O que faz um arqueólogo? Existe um programa de ações para divulgar a arqueologia no Brasil. E sim, a arqueologia no Brasil é possível. Ela é um campo de trabalho, de construção de patrimônio”, exemplifi cou a pesquisadora sobre os tipos de questões a serem discutidas com os adolescentes.

Pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), o Coordenador de Extensão, Carlos Alberto Bueno, aproveitou a proposta de parceria sugerida entre a Uni-versidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e a Univer-sidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), para dar con-tinuidade ao Fórum Amazônia e falar dos desafi os para desenvolver pesquisas na região, a escassez de doutores e o potencial amazônico para gerar novos produtos.“Ninguém mais dúvida da importância da Floresta Amazônica enquanto a maior biodiversidade de todos os continentes, com milhares de espécies catalogadas entre aves, insetos, peixes, mamíferos e plantas”, disse

Carlos Alberto Bueno

tensão. Enquanto a UNICAMP pode ser fundamental para solidifi car a massa crítica da UFOPA, por meio de progra-mas que viabilizem a formação de novos doutores e o intercâmbio de pesquisadores, a universidade paraense, além de facilitar o acesso à biodiversidade local, per-mitirá que a comunidade acadêmica da UNICAMP entre em contato com um sistema de ensino interdisciplinar. Esse tipo de troca proposta entre as universidades já começa a ganhar contornos, a exemplo da cooperação fi rmada entre o Programa de Antropologia e Arqueologia da UFOPA e o Laboratório de Arqueologia Pública (LAP) da UNICAMP, que nasce com o objetivo de envolver jo-vens, comunidades indígenas tradicionais e instituições de ensino da região amazônica, trabalhando a divul-gação científi ca, a veiculação na mídia e importância do patrimônio arqueológico. “Esse é um trabalho que nós temos uma preocupação muito grande, na medida em que eu acredito não haver uma consciência muito grande sobre a importância arqueológica. Pelo con-trário, às vezes eu percebo que muitas autoridades do poder público encaram essa questão como um entrave ao desenvolvimento”, argumentou o Reitor José Seixas Lourenço, da UFOPA. O programa de Arqueologia UFOPA/UNICAMP terá duas vertentes: uma voltada para a divulgação científi ca, que envolve alunos, pais e professores para mostrar o que é e como se faz arqueologia, observando quais idéias essas pessoas têm sobre essa ciência, com o objetivo de trabalhar a construção do conhecimento de forma conjunta; e outra, dirigida aos pesquisadores, propondo o intercâmbio de alunos e professores entre as univer-sidades, para trocar experiências culturais, teóricas e metodológicas. De acordo com a Coordenadora do LAP, Aline Carvalho, a proposta de intercâmbio é crucial para formar profi s-sionais aptos tanto para trabalhar com arqueologia em si, quanto com aquela arqueologia chamada de pública e que está preocupada com a sociedade. “Não é a aca-demia produzindo verdades, mas dialogando com a so-ciedade, vendo-a como parceira na construção do con-hecimento”, disse. Não se trata de um programa simples. Para a pesquisadora, a proposta de cooperação UFOPA/UNICAMP é mais complexa porque atua com divulgação científi ca, formação de profi ssionais e debates teóricos e metodológicos. Além disso, existe um estereótipo da arqueologia, muito fortalecido pelas mídias, o cinema de Hollywood, como a ideia do herói Indiana Jones ou da personagem Júlia, a paleontóloga de botas e colete, da novela Morde e Assopra. “Existe um imaginário sobre a

o Coordenador de Extensão do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Carlos Bueno. Do mes-mo modo, lembrou o pesquisador, na medida em que avançam as pesquisas científi cas brasileiras relacionadas a esse gigantesco bioma, cresce o conhecimento das comunidades, nacional e internacional, sobre os desafi os enfrentados pela fl oresta para continuar de pé.Bueno explicou ainda, que além do aquecimento global e da ação predatória do homem com o desmatamento, as queimadas, a retirada de madeira, as atividades de mineração e agropecuária e a emissão de gases noci-vos, cresce a percepção em nosso país de que o Brasil precisa, com urgência, estimular o desenvolvimento de políticas públicas abrangentes não apenas de preserva-ção, mas também de fomento a pesquisa, de cooperação técnico-científi ca entre os estados e de formação de pesquisadores na região, para garantir a soberania sobre a Amazônia e consagrar-se potência hegemônica da biodiversidade.

s.m.] 1. Depósito onde se guardam e arrecadam ob-jetos pertencentes a um estabelecimento público ou particular. Esta é uma das defi nições do dicionário da língua portuguesa para a palavra al.mo.xa.ri.fa.do. O

verbete, no entanto, poderia ter sido utilizado para abrir a exposição do Secretário Adjunto da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Pará (SCT&I), Alberto Arruda, ao falar das contradições do segundo estado brasileiro em extensão territorial, com 1.247.689,515 Km², que apesar de possuir grandes reservas de recursos fl orestais, minerais e hídricos, pouco sucesso obteve até o momento para reverter tais potencialidades para o de-senvolvimento interno. “O Pará é um pobre estado rico”, criticou Arruda. Um paradoxo, considerando o fato de o estado ter respondido, em 2010, pela terceira posição na balança comercial das exportações brasileiras.O secretário levantou os principais desafi os da SCT&I para conter o desmatamento e estimular iniciativas no campo do desenvolvimento sustentável no sentido de mudar o foco da economia estadual, desde a sua origem, baseada no extrativismo mineral. “O Pará tem sido, fun-damentalmente, um estado almoxarifado, de onde se retira minério e se produz energia. Mas estes recursos

Brasil, país hegemônico da biodiversidade

Alberto ArrudaO pobre estado rico chamado Pará

“Sistema Nacional de ensino superior

do jeito que está for-mulado, já começa

a ser superado” – Paulo Funari, Coor-denador do CEAv/

UNICAMP

Coordenador de Extensão do INPA, Carlos Bueno, fala dos desafi os da região amazônica para desenvolver pesquisas

Secretário Adjunto da SCT&I do Pará,

Alberto Arruda

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não geram impostos nem renda para o estado, já que a energia é taxada no consumo e o imposto do minério vai para o Governo Federal”, esclareceu. Diante da constatação de que o estado pouco tem gan-hando com o atual sistema de exploração, que além de não trazer dinheiro, devasta os recursos naturais lo-cais, um novo caminho se abre e o gigante que parecia adormecido parece acordar para a realidade de que é necessário proteger a biodiversidade, ou, a galinha dos ovos dourados do Pará. Nesse caminho, Arruda explica que programas como o BioPará, proposto pela SCT&I, surgem entre as iniciativas do poder público para mini-mizar os altos índices de desmatamento e estimular o uso sustentável da biodiversidade, com o objetivo de elevar o estado a posição de vanguarda no desenvolvimento de uma economia verde, com ações que possibilitem a inte-ração entre todos os setores das cadeias produtivas. De acordo com Arruda, a proposta é criar condições téc-nicas e tecnológicas que permitam gerar produtos e pro-cessos de alta qualidade, com elevado valor associado e capacidade para disputar o mercado mundial. Seguindo o exemplo do que ocorreu na a cadeia do açaí, quando o valor agregado ao fruto superou o valor destinado ao palmito, fazendo com que o próprio caboclo passasse a defender a preservação do açaizeiro. “É muito lógico pra gente, que só valorizando é possível preservar. Não adi-anta criar lei, lutar para impedir o desmatamento, porque ele vai acontecer. No momento em que você gera riqueza e valoriza o produto você passa a ter preservação”, disse o secretário.

Que tipos de interesse há na onda de preocupação, cada vez maior, de diversos setores da sociedade, que se abate sobre a região amazônica? Para quem vive muito longe da fl oresta, a pergunta certamente fará lembrar apreen-sões relativas ao meio ambiente, a importância de se preservar o maior patrimônio verde do planeta Terra e ações efetivas para o desenvolvimento sustentável. No entanto, para a comunidade local, a pergunta retoma discussões antigas a cerca da exploração econômica, da dominação colonial e do descaso do poder público.Para o escritor Márcio Souza, autor de diversos romances, contos e peças teatrais sobre a região amazônica, con-sagrados pela crítica especializada, o discurso da sus-tentabilidade não passa de um jargão publicitário que

máscara o caráter perverso e espoliativo do sistema capitalista. Para ele, tais promessas de modernidade assombram a região amazônica desde o capitalismo da primeira Revolução Industrial, com Marquês de Pombal e a seus ideais civilizatórios, passando pelo capitalismo multinacional da ditadura militar e as propostas de in-ternacionalização e, mais recentemente, este capitalismo inserido no contexto do desenvolvimento ecológico e da sustentabilidade. “O mais perverso é o que nós temos hoje porque resolve manter a região congelada como se fosse uma área primitiva, tribal, de maneira que a ecologia serviria como freio para o desenvolvimento da região”, afi rmou.Ao falar de preservação e desenvolvimento sustentável, o autor sugeriu uma análise mais aprofundada que per-passa os interesses das indústrias biotecnológicas e dos grandes laboratórios farmacêuticos, por exemplo. Os in-teresses são confl itantes com as necessidades locais, na medida em que propõe a preservação de determinada espécie e limita o bem-estar da população. “Não pode ter a hidrelétrica porque vai matar o carapanã (espécie de mosquito) que só existe naquele ecossistema, vai matar o sapinho não sei de quê, e enquanto isso a população padece da falta de energia elétrica, quando nós sabemos que no século 21 civilização é eletricidade”, argumentou. Seguindo o raciocínio, Márcio Souza observou que a Amazônia não deve ser considerada como uma região destacada do Brasil. E que deve parar de ser tratada como uma colônia em desenvolvimento ou um espaço de fronteira econômica. “É preciso ouvir mais quem vive na região e não quem por lá permanece três meses e já passa a se considerar doutor em Amazônia”, disse. Existe massa crítica na região, com estudos e pesquisadores, lembrou.

“Existe o risco de que a Rio+ 20 seja apenas um fra-casso, mas existe um risco ainda mais preocupante de ser também um retrocesso, não apenas em termos de ambiente, mas também em termos de Amazônia”, en-fatizou o Coordenador do Curso de MBA em Gestão do Meio Ambiente e Sustentabilidade da FGV/IBS, Roberto Guimarães, na mesa redonda que encerrou o Fórum Amazônia: desafi o brasileiro do século 21 e que, além do pesquisador, reuniu os palestrantes das sessões anteri-ores, Márcio Souza, Alberto Arruda, Carlos Bueno e José Seixas Lourenço.

Abrindo a mesa, o Diretor do Instituto de Geociências da UNICAMP, Bernardino Figueiredo, falou sobre a missão do Brasil de apresentar ao mundo, a versão amadurecida da cúpula considerada, até hoje, marco da história sócio-ambiental mundial: a Conferência Mundial das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Eco-92), também realizada no Rio de Janeiro. O pesquisador lembrou aos participantes do Fórum sobre os objetivos gerais do encontro. Com o tema Desenvolvimento Sus-tentável, a Rio+ 20 pretende, além de fazer um balanço histórico de realizações e desafi os enfrentados nas últi-mas duas décadas, renovar o engajamento dos líderes mundiais ao falar de governança internacional para o desenvolvimento sustentável, e sobre o papel da econo-mia verde na erradicação da pobreza. No entanto, cien-tistas brasileiros temem que a Rio+ 20 pouco avance na tentativa de fi rmar acordos multilaterais entre os países, capazes de contribuir signifi cativamente com a redução da emissão dos gases responsáveis pelo efeito estufa, que cresceram cerca de 40% em relação às quantidades emitidas em 1992. Após a publicação, em 2009, da resolução que aprovou a realização da Rio+ 20, diversos encontros, reuniões e debates temáticos como este realizado pela UNICAMP, começaram a acontecer por todo o país, movimentando setores do poder público, de organizações não-governa-mentais e da academia. As questões discutidas desde então, passaram a refl etir apreensões tanto no que diz respeito à infraestrutura, burocracia e logística do evento, quanto aos assuntos possíveis para entrar na pauta da conferência, como segurança alimentar, manipulação genética, até então pouco explorados, e mais recente-mente, a importância estratégica da Amazônia para

Márcio Souza

Para especialistasRio+ 20 pode ser um fracasso“A desgraça da Amazônia

é a modernidade”, diz autor do romance Mad Maria, Márcio Souza

Mesa redonda encerrou a pro-gramação do Fórum Amazônia: desafi o brasileiro do século 21.

Diretor do Instituto de Geociências da UNIAMP, Bernardino Figueiredo, abre mesa redonda

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tornar o Brasil centro mundial da economia verde.“Se a Rio+ 20 não vai ser um processo de chegada para a assinatura de novos acordos, que ele possa ser um ponto de partida para suscitar essas discussões”, suge-riu Guimarães. Seguindo a proposta temática da cúpula sobre governança, o pesquisador acredita que o Brasil pode ser estratégico para ser tornar o centro mundial da economia verde, da mesma maneira que a África abriga discussões internacionais sobre o meio ambiente, e a Europa sobre o comércio. “Esta é a oportunidade para co-locar os instrumentos de governança em um fundo inde-pendente internacional, mas dirigido pelo Brasil”, disse.Outras preocupações foram levantadas em relação à região amazônica, como a disparidade da produção científi ca e tecnológica nos diversos estados brasileiros, indicado pelo Coordenador de Extensão do Instituto Na-

cional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Carlos Bueno, como um longo caminho a ser percorrido. “Há um total desequilibro e uma atenção muito pequena do poder público destinada a Amazônia em comparação ao restante do Brasil”, disse, evidenciando que a falta de doutores tem sido um dos maiores obstáculos para os pesquisadores do estado do Amazonas, inclusive, para conseguir recursos. Neste cenário, o Secretário Ad-junto da Secretaria de Ciência, Tecnologia & Inovação do Pará, Alberto Arruda lembrou que o complexo caminho percorrido pelos pesquisadores brasileiros para aces-sar a biodiversidade é outro importante obstáculo a ser superado.O Fórum Amazônia: desafi o brasileiro do século 21 teve mais de 500 inscritos entre estudantes, professores, pesquisadores e profi ssionais liberais. Para o químico

da UNICAMP e pesquisador associado da UFOPA, Lauro Barata, o evento foi positivo em dois aspectos: o primeiro diz respeito à cooperação que nasce entre as duas univer-sidades e o segundo, aos preparativos da organização da Rio+ 20, considerada pelo pesquisador ainda embrion-ária. Segundo Barata, as universidades podem organizar as discussões sobre a presença da Amazônia na agenda da Rio+ 20. “A UNICAMP pode capitanear os estados mais ao sul do país e a UFOPA, os estados localizados mais ao norte”, disse. O caminho para que a região faça parte da cúpula mundial pode ser longo, mas as dis-cussões levantadas pela comunidade acadêmica durante o encontro na UNICAMP sinalizaram os primeiros passos nesta trajetória.

Para o coordenador do Curso de MBA em Gestão do Meio Ambiente e Sustentabilidade da FGV/IBS, Roberto Guimarães, a Rio+ 20 é a oportunidade para novos acordos internacionais

UNICAMP e UFOPA abrem caminho para discussões sobre a presença da Amazônia na pauta da Rio+ 20, avalia o químico Lauro Barata

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à população extremamente pobre, e estamos fazendo 15 especiais, não só de deficientes, mas que cuidam de populações vulneráveis – a criança, por exemplo, a vítima de violência, a mulher vítima de violência. Eles fazem justamente um trabalho de apoio a essas popula-ções que, por serem as mais pobres, são também as mais fragilizadas. Esses são os benefícios que, para o estado do Amazonas, nós trazemos hoje no Brasil sem Miséria”.A presidenta afirmou que a população indígena já está

m Manaus, a presidenta Dilma, destacou os benefícios do Plano Brasil sem Miséria e do Bolsa Verde para a população. Com a pre-sença de ministros, governadores, prefeitos,

empresários e beneficiários dos programas sociais, foram anunciadas ações de transferência de renda, fortaleci-mento da agricultura familiar, parceria com os supermer-cados e estímulo à preservação ambiental, que visam retirar da extrema pobreza 2,65 milhões de brasileiros que vivem na região. Segundo a presidenta, o Brasil sem Miséria está sendo expandido e o Bolsa Verde pagará R$ 100,00 por mês, por família, para aqueles que vivem em reservas e flo-restas nacionais. Além disso, Dilma Rousseff anunciou que as mulheres da região receberão qualificação e que os Centros de Referência de Assistência Social serão am-pliados. Serão criados 13 centros de assistência geral e outros 15 centros especiais:“Nós vamos criar mais 13 centros gerais, que atendem

Termo de pactuação do Plano Brasil sem Miséria com os Governadores do Norte

E

recebendo atenção especial de seu governo. Destacou a criação da Secretaria Especial Indígena, no âmbito do Mi-nistério da Saúde, e anunciou três programas específicos para essa população: o Brasil Sorridente indígena, a Rede Cegonha indígena e o programa de prevenção de câncer de mama e do colo do útero para a mulher indígena. Ao responder sobre os investimentos do governo federal para incentivar a competitividade da região, principal-mente em relação à logística, a presidenta Dilma disse

Fotos: Antônio Silva/Ag. Pará e Roberto Stuckert Filho/PR

O representante dos extrativistas da região Norte, Nelson Martins, da reserva Caeté Taperaçu, localizada em Bragança, no nordeste paraense, recebeu do gover-no federal o Título de Concessão Real de Uso

A presidente da República, Dilma Rousseff, discursa durante cerimônia de assinatura do Termo de Pactuação

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que a região tem um grande diferencial que a privilegia, que são as hidrovias. Ela garantiu que o prazo da Zona Franca de Manaus será prorrogado, e que em breve vol-tará à região para assinar as medidas necessárias para a prorrogação. Por último, a presidenta informou que estão sendo to-madas providências para que sejam evitados os apagões de energia na região e que já determinou à Eletrobrás a adoção das medidas necessárias para reforçar as linhas de transmissão e a construção de um anel na rede de distribuição de energia em Manaus.

Para agilizar o cadastramento e a atualização dos dados das famílias beneficiárias do Plano Brasil sem Miséria, a presidenta Dilma Rousseff anunciou a instalação de 166 antenas fixas de conexão com internet, via satélite,

Durante a cerimônia de assinatura do termo de pactuação do Plano Brasil sem Miséria

Sistema de comunicação será utilizado para localizar famílias extremamente pobres na Região Norte

“O sucesso do Brasil Sem Miséria só será viável se ficar acima das diferenças partidá-rias e se tivermos nossas cabeças, sentimentos e esforços voltados para a resolução desse grave problema de nosso País, que é a existência da população extremamente pobre”. O Brasil Sem Miséria é um grande instrumento combate de combate à crise, afirmou a presidenta. “Já que a nossa maior riqueza somos nós mesmos, 190 milhões de brasileiros e brasileiras, quando tiramos da miséria 16 milhões, nós estaremos contribuindo nós só para eles, mas para cada um dos empresários e trabalhadores, intelectuais, professores e médicos a melhorarem de vida”.

Presidenta Dilma Rousseff posa para foto oficial com os Governadores da Região Norte: Tião Viana (Acre), Omar Aziz (Amazonas), Camilo Ca-piberibe (Amapá), Simão Jatene (Pará), Confúcio Moura (Rondônia), José de Anchieta Júnior (Roraima) e Siqueira Campos (Tocantins)

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em 160 municípios do Acre, Pará, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Roraima e Amazonas. Os equipamentos, que serão colocados por meio de acordo com o Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Ama-zônia (Censipam), do Ministério da Defesa, possibilitam a identificação de comunidades que vivem em regiões mais isoladas, sem conexão à rede de computadores. A iniciativa compõe as diferentes estratégias do governo para localizar e cadastrar pessoas que ainda não acessam os programas sociais, a Busca Ativa. O objetivo é levar o Estado até a população mais pobre, com prevenção de

Já a partir deste outubro, famílias da região Norte em situação de po-breza extrema que vivem em áreas de preservação ambiental come-çam a receber o Bolsa Verde, benefício concedido pelo governo federal como ação do Plano Brasil Sem Miséria. O objetivo é estimular a pre-servação dos ativos ambientais em Unidades de Conservação, Florestas Nacionais, Reservas Extrativistas e Projetos de Assentamento ambien-talmente diferenciados, como Projetos de Assentamento Florestal, de Desenvolvimento Sustentável ou Agroextrativistas.O primeiro pagamento vai beneficiar 3.500 famílias de extrativistas, por serviços ambientais de conservação das áreas onde vivem e tra-balham, com R$ 300 a serem pagos trimestralmente pela Caixa Eco-nômica Federal. De acordo com a diretora substituta de Extrativismo e uma das coordenadoras do Bolsa Verde no MMA, Andréa Oncala, há atualmente mais 4.500 termos de adesão a serem assinados em assentamentos ambientalmente diferenciados que deverão receber o pagamento ainda este ano.Segundo ela, a meta do ministério é atender, em 2011, 18 mil famílias. Mas a proposta é ampliar para 75 mil o número de famílias atendidas pelo Bolsa Verde em todo o País até 2014. Neste primeiro momen-to, o programa vai atender somente aos beneficiários dos estados da Amazônia Legal.Para receber o benefício, as famílias de extrativistas terão de cumprir alguns requisitos, tais como estarem cadastradas no Bolsa Família; integrar o Cadastro Único de Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico); estar na extrema pobreza, ou seja, com uma renda fami-liar per capita de R$ 70; e exercer uma atividade de conservação.

Simão Jatene assina em Manaus pacto por um Brasil sem miséria

Extrativistas da Amazônia Legal serão os primeiros a rece-ber Bolsa Verde

situações de vulnerabilidade e risco social, oferta de ser-viços públicos próximo do local de moradia das famílias e identificação das que não recebem os benefícios a que têm direito, como o Bolsa Família e o Benefício de Presta-ção Continuada (BPC).O monitoramento do Bolsa Verde será feito por meio do satélite do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), que mapeará as áreas onde vivem as famílias atendidas. Também haverá visitas aos locais para avaliar o impacto da iniciativa. O programa não impede plantações, desde que feitas de forma sustentável.

A ministra Tereza Campello no lança-mento do Programa de Apoio à Con-

servação Ambiental (Bolsa Verde)

Retirando o látex da seringueira

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Para participar do Programa de Apoio à Conservação Ambiental, é preciso que o responsável pela família benefi ciada se cadastre. Atualmente, mais de oito mil famílias já e assinaram o termo de adesão; outras 10 mil já estão cadastradas e assinarão o termo até dezembro de 2011. Dados do governo mostram que a criação e ma-nutenção de unidades de conservação, onde estão 9% da água captada para consumo humano, impediram a emissão de 2,8 bilhões de toneladas de carbono.

O Bolsa Verde, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), incentiva a conservação dos ecossistemas brasileiros e promove a cida-dania dos moradores dessas áreas. O valor será transferido por meio do cartão do Bolsa Família. O governo capacitou técnicos de várias partes do País para atuarem no programa. Em outubro, 3,5 mil famílias já começam a receber o benefício. Para participar do Bolsa Verde, é preciso que o responsável pela famí-lia benefi ciada se cadastre no programa. Atualmente, oito mil famílias já estão cadastradas e assinaram o termo de adesão. Dados do governo mostram que a criação e manutenção de unidades de conservação, onde estão 9% da água captada para consumo humano, impediram a emissão de 2,8 bilhões de toneladas de carbono.

Para o governador do Pará, Simão Jatene, uma das virtudes do programa lançado é o convite a todos os governadores brasileiros a eliminar a miséria no País. Segundo o governador, a Amazônia tem enorme poten-cial mineral e hídrico e sua biodiversidade, assim como sua população, que também tem muito a contribuir. “Este é o momento de estender a mão a todos os estados, independentemente das diferenças”, disse o governador.Segundo Jatene, são dois os grandes adversários de todos: a pobreza e a desigualdade. E contra eles não existe fórmula mágica. “O Pará fi ca feliz em participar deste momento.” No Pará, 52% das famílias com renda per capita de até meio salário mínimo mensal estão inscritas no Cadastro Único e 37,2% recebem Bolsa Família; 92,5% das famí-lias benefi ciárias têm renda mensal de até R$ 70. Com a ampliação do programa, o estado terá 116,5 mil novos benefi ciários, o que representa R$ 3,7 milhões mensais.

Outra parceria também foi as-sinada com a Associação de Su-permercados do Norte para o Brasil Sem Miséria, para garantir que a produção das famílias da Bolsa Verde seja comercializada nas redes de supermercados da região, por meio do Programa de Aquisição de Alimentos Extrati-vistas (PAA).

A extrativista paraense Joaquina Magalhães Nascimento representou as mais de mil famílias

que passam a receber, a Bolsa Verde

Bolsa Verde

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Nos sete estados do Norte, 56% da popula-

ção mais pobre estão na área rural. No País,

a meta do Brasil Sem Miséria é atender 16,2

milhões de pessoas (17% deles na Região

Norte), com transferência de renda, acesso a

serviços públicos nas áreas de educação, saú-

de, assistência social, saneamento e energia

elétrica, e inclusão produtiva.

No Teatro Amazonas, em Manaus, o pacto por um Brasil sem miséria

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PALESTRANTES CONFIRMADOS:

CETESB

IBAMA

EPE EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA

SENADO FEDERAL

DUKE ENERGY

FURNAS

CAMARGO CORRÊA ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO

CBDB COMITÊ BRASILEIRO DE BARRAGENS

REDE ENERGIA

AES TIETÊ

CEMIG

CESP

reduzir falhas

gestão de reservatórios

usinas a �o d´aguareduzir os custos ambientais

WORKSHOPS PRÉCONFERÊNCIA:

A

B

Elaboração de EIA/RIMA: Entenda como reduzir falhas e aumentar a con�abilidade dos estudos a �m de atender as exigências dos órgãos ambientais

Desa�os Ambientais e Segurança na Implantação e Operação de Barragens

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Ana Cristina Pasini da CostaDiretora de Avaliação de Impacto AmbientalCETESB

Thomaz Miazaki de ToledoCoordenador de Energia Hidrelétrica e TransposiçõesIBAMA

Angela LivinoConsultora da Superintendência de Planejamento da Geração Diretoria de Estudos de Energia ElétricaEPE EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA

René Paschoalick CatherinoAssessor da Diretoria de GeraçãoCESP

Drausio de Freitas BeloteGerente da Divisão de Meio Ambiente NaturalFURNAS

Nóris Costa DinizComissão de Meio AmbienteCBDB COMITÊ BRASILEIRO DE BARRAGENS

Keynote Speakers:

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EnvironmentFórum

nvironmentFórum

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O projeto pode auxiliar na provisão de uma nova visão econômica para a Amazônia e um novo paradigma de desenvolvimento sustentável não apenas para a Ama-zônia mas também para outras regiões de fl orestas tropicais. Um novo paradigma de desenvolvimento, for-temente baseado em ciência e tecnologia, poderia por exemplo incluir elementos como: * sistemas de comunicações em toda a Amazônia base-adas em satélites * um grande parque tecnológico que possa incubar no-vas indústrias que agreguem valor a diversos recursos ambientais da região* usos racionais dos abundantes recursos naturais re-nováveis e da biodiversidade, reconhecendo que estes

projeto AMAZALERT tem o potencial de fornecer aos tomadores de decisões políticas brasileiros informações e co-nhecimento científi co para aprimorar as

políticas atuais e delinear novas opções.É um exemplo de cooperação entre a União Européia e o Brasil e um enriquecimento das trocas de conhecimento científi co e tecnológico entre a América do Sul e a União Européia.

Amazalert O futuro da Amazônia

O

podem mesmo ser a grande alavanca para o desenvol-vimento. Durante a reunião inaugural do projeto, que ocorreu nos dias 03 a 05 de outubro, na sede do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) em São José dos Campos, os cientistas do projeto delinearam as atividades de pesquisas que serão executadas nos próximos 3 anos, e iniciaram o debate sobre quais possíveis cenários podem ser avaliados em cooperação com pessoas intervenien-tes e tomadores de decisões (“stakeholders”) da região. Ao longo do projeto, os cientistas vão avaliar possíveis direcionamentos de políticas e programas que sejam mais efetivas em trazer desenvolvimento sustentável. Representantes de vários grupos de stakeholders serão

Celso von Randow *por

Um projeto de pesquisa sobre os impactos das mudanças climáticas e mudanças do uso da terra na Amazônia

Na reuniao de lançamento do projeto Amaza-lert, da esquerda para a direita: Dr. Marco Antonio

Chamon, representando o diretor do INPE, dr. Carlos Nobre, Secretario de Politicas e Programas do Ministerio de Ciencia, Tecnologia e Inovação, e dr Bart Kruijt, coor-

denador do projeto AMAZALERT

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• Aprimoramento e integração de modelos computacionais detalhados da vegetação, ocorrência de queimadas, clima e hidrologia na Amazônia, • Incorporação de infl uências socioeconô-micas e visão de desenvolvimento em modelo de uso e cobertura da terra.

contatados para dar a opinião tanto em relação aos ce-nários quanto para informar quais serviços ambientais da Amazônia são importantes a eles. Os “serviços ambientais” da Amazônia podem ser pensa-dos como relacionados a alguns grupos principais: ser-viços de regulação do clima local e global, preservação da biodiversidade, fornecimento de água, alimentação, suprimento de nutrição e fi bras, energia, transporte, ha-bitação, serviços de recreação, etc. A produção agrícola ou execução de caça ou pesca na região pode ser direcio-nada para uso da população local, por exemplo, ou para exportação para outros mercados. Uma das principais questões científi cas atuais sobre a Amazônia é saber até que extensão - e em que locali-dades - as fl orestas tropicais úmidas podem se degradar e ser substituídas por fl orestas com características mais secas, de Cerrado ou savanas. A ocorrência de queimadas exerce um papel fundamental nesta possível degrada-ção, e, uma vez que uma determinada área é degradada, os processos naturais de regeneração de fl orestas podem não ser capazes de recuperar totalmente a vegetação e biodiversidade. A umidade do solo, por sua vez, é um fa-tor chave para determinar que tipo de vegetação pode se estabelecer e portanto pode formar um dos principais in-dicadores para integrar um sistema de alertas de perdas iminentes de alguns importantes serviços ambientais.

[*] Pesquisador do Centro de Ciência do Sistema Terrestre (CCST) do Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE)

O AMAZALERT entende que a Amazônia consiste não só de fl orestas, mas tam-bém de suas águas, de sua sociedade e de sua economia. Todos esses aspectos são integrados e respondem aos sistemas naturais e socioeconômicos de escala maior. O projeto tem, portanto, uma abordagem integrada e holística. Os membros da equipe têm acesso direto aos tomadores de decisão de alto nível com responsabilidades para a região amazônica, às ONGs importantes e aos principais intervenientes da comunidade internacional.O conhecimento e as perspectivas dos participantes irão: orientar o programa de tra-balho; garantir a usabilidade dos resultados, e promover a adoção de meios promis-sores para garantir disponibilidade contínua dos principais serviços dos ecossistemas.

Dois principais aspectos positivos sobre o projeto AMAZALERT são:

Dr. Carlos Nobre, Secretario de Politicas e Programas do Ministerio de Ciencia,

Tecnologia e Inovação

Durante a reunião, diversos participantes dis-cutiram sobre como interligar os estudos do sistema climático global, projeções de mudan-ças de uso e cobertura da terra na Amazonia e hidrologia, com o objetivo de delinear um sistema de alertas Destaques e aspectos positivos

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relevante para a agenda do desenvolvimento sustentável brasileiro e mundial nos próximos anos, avaliou. O Presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, este-ve presente na abertura do evento. “A Petrobras é uma empresa integrada de energia. Nós atuamos em várias áreas e acreditamos fortemente na ideia de que pode-mos trabalhar para uma maior efi ciência energética”. Na plenária de abertura, junto com Gabrielli e Marina Grossi estiveram presentes o vice-prefeito e secretário municipal de Meio-Ambiente do Rio de Janeiro, Carlos Alberto Muniz; o Secretário Assistente e diretor executivo da ONU para Rio +20, Brice Lalonde; o subdiretor geral do Ministério do Meio Ambiente da Holanda, Hugo B. von Meijenfeldt; o diretor do World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), Peter Paul Van Wijs; a secretária de Articulação Institucional e Cidadania Am-biental do Ministério do Meio Ambiente, Samyra Crespo; o CEO da Phillips e Chairman do CEBDS, Marcus Bicudo e a jornalista Sônia Bridi como moderadora. O Diretor Executivo da ONU para Rio +20, Brice Lalonde, enfatizou que o Brasil tem o papel de liderança no ce-nário global da Sustentabilidade. “O País deve aproveitar o fantástico momento que está vivendo e dar nova di-reção para as questões sustentáveis”. O Subdiretor geral no Ministério do Meio Ambiente da Holanda, Hugo Von Meijenfeldt acredita que é importante, como membro do governo, ouvir o que as pessoas têm a dizer sobre sustentabilidade. O Ministro falou que as empresas de-vem continuar pensando no lucro, mas de uma forma diferente, inclusive utilizando elementos da sustentabi-lidade. “É mais fácil reutilizar materiais do que procurar novos”, alertou.A Secretaria da Articulação Institucional e Cidadania Am-biental, Samyra Crespo, destacou o processo brasileiro de engajamento na Rio +20. Para ela, existem três desafi os a serem enfrentados: honrar o legado da Rio 92, superar o pessimismo sobre o contexto internacional e mobilizar o Brasil em torno do tema. Sobre a esfera internacional, Crespo acredita que as barreiras a serem superadas são a segurança climática, energética, alimentar, hídrica e paz. Durante a cerimônia, a Secretária falou sobre o grande otimismo sobre a vinda da conferência ao Brasil. “Temos boas experiências em projetos sustentáveis, agora é a hora e a vez do nosso desenvolvimento, e que ele seja sustentável”, comentou.

4º Congresso Internacional sobre De-senvolvimento Sustentável. O Sustentá-vel 2011, realizado no Rio de Janeiro, no Píer Mauá, reuniu recentemente, mais

de 50 especialistas mundiais, mil participantes entre representantes de empresas, Ongs e sociedade civil em palestras e ofi cinas que debateram os principais temas do desenvolvimento sustentável como economia verde, energia, desenvolvimento humano, consumo e mobili-dade. Organizado pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), o evento foi um aquecimento para a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que acontece em junho de 2012, e uma oportunidade para reunir as propostas do empresariado brasileiro para o tema. Como declarou a presidente do CEBDS, Marina Grossi: “Conse-guimos reunir em torno do tema as maiores empresas do País, bem como a sociedade civil, em uma refl exão am-pliada que subsidiará a posição do Brasil para a Rio+20. Tenho a certeza que este pequeno ciclo – entre o Susten-tável 2011 e a Rio +20 – deixará um legado bastante

Sustentável 2011 destaca os desafi os e as oportunidades para o Brasil se tornar uma liderança do cenário global da Sustentabilidade

OO vice-prefeito do Rio de Janeiro, Carlos Alberto Muniz, destacou os projetos de adaptação da cidade às mudan-ças climáticas. “Estamos em parceria com o Governo e com o CEBDS para o engajamento de ideias sustentáveis. Queremos mostrar com eventos como o Sustentável 2011 que podemos produzir novos conceitos, através de incentivos de todos”. Carlos Alberto afi rmou ainda que para os próximos grandes eventos, Copa e Jogos Olím-picos Rio 2016, já espera contar com novos elementos sustentáveis na cidade.Na plenária Mudança de Valores e Nova Economia, a secretária Municipal da Fazenda do Rio de Janeiro e eco-nomista, Eduarda La Roque, destacou a melhoria do am-biente de negócios da cidade e afi rmou que o Rio quer assumir o posto de capital verde mundial. “Precisamos de mudança de valores na nova economia. Para se tornar a capital verde do mundo, o Rio de Janeiro precisa esta-belecer o foco no papel dos investidores, dos governos e o empoderamento do consumidor. Para isso, estamos elaborando o primeiro relatório GRI da cidade, onde teremos um rigoroso ajuste fi scal, um planejamento es-tratégico pensando no Rio em 2020, e sustentabilidade fi scal”, disse.

A crescente participação do empresariado brasileiro na área da sustentabilidade e a necessidade de envolver to-dos os setores da sociedade para uma mudança cultural foram temas abordados em diferentes espaços do evento. Outra questão que fez parte do debate foi a necessidade de gerar um arcabouço legal que promova e dê escala às

Imp CEBDSpor

Foto: Ismar Ingber e Publius Vergilius

Sônia Bridi, mediadora do evento, na cerimônia de aber-tura do Sustentável 2011

Rio de Janeiro no foco sustentável

Iniciativas sustentáveis do empresa-riado e perspectivas para a Rio+20 dão o tom do Sustentável 2011

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Secretário assistente e diretor exe-cutivo da ONU para Rio +20, Brice

Lalonde na abertura do Sustentável

ações de sustentabilidade. O presidente-executivo da Global Reporting Initiative (GRI), Ernst Ligteringen, também palestrante do sus-tentável 2011, destacou a importância das empresas se posicionarem como parte da solução das questões sustentáveis e não do problema. “As empresas brasileiras investem em questões sustentáveis, mas devemos mos-trar o que está sendo feito. O Brasil tem que apresentar um relatório com dados reais, ou explicar por que não apresenta”, comentou.Para Marcos Bicudo, chairman do CEBDS e CEO da Phillips Brasil, a participação do empresariado em ini-ciativas de sustentabilidade aumentou nos últimos vinte anos. Durante a Rio92 apenas um empresário do setor privado teve participação ativa na Conferência da ONU. “No momento atual temos uma maior participação no processo e iremos levar exemplos de ações já implemen-tadas e compromissos para os próximos anos a serem apresentados na Rio+20. Hoje, por exemplo, o CEBDS conta com 64 empresas associadas, que já perceberam a importância de trazerem a sustentabilidade para os seus negócios”, garantiu o chairman. Outro consenso foi a necessidade de fortalecer a coalizão do empresariado nacional para promover mudanças prá-ticas na maneira de gerar negócios. O Sustentável contou com a participação de 12 CEOs, o que , segundo Bicudo, demonstra o engajamento cada vez maior das lideranças acerca do assunto e influencia decisivamente o poder de transformação para uma realidade mais sustentável.

Marina Grossi, presidente-executiva do CEBDS e Marcos Bicudo, chairman do

CEBDS e CEO da Philips BrasilA presidente do CEBDS, Marina Grossi, completou que não só as empresas estão ganhando espaço na discus-são, mas também todos os outros setores. “É necessário organizar a participação de todos os atores para darmos concretude ao tema”, avaliou. A Diretora e Representante do PNUMA para a América Latina e Caribe, Margarita Astralága, destacou ainda que as soluções sustentáveis foram encontradas e são conhecidas. A grande questão é como colocá-las em prática. Os esforços não devem ser concentrados só no meio ambiente, mas em elementos-chave para o nosso futuro, para que o desenvolvimento seja sustentável com a participação de todos: governo, cidadãos, setores públicos e privados, ressaltou.O presidente do Instituto Ethos, Jorge Luiz Abrahão, enfatizou que ”o desafio não é somente da empresa, o governo também tem responsabilidade e a sociedade deve cobrar a postura de seus representantes”. O Ministro do Superior Tribunal de Justiça, Antônio Herman Benja-min, também chamou a atenção para a necessidade de marcos legais para o desenvolvimento sustentável. Para ele este foi o motor ético da Conferência Eco 92, uma vez que não existiam leis que protegiam o meio ambiente e afirmou “que é necessário amarrar os debates às ferra-mentas legais, pois é fundamental deixar um marco legal que incorpore as diversas visões”.

Marcus Bicudo, CEO Philips Brasil

José Sergio Gabrielli, presidente da Petrobras, esteve presente na abertura do evento

Vice-prefeito e secretário de Meio Ambiente, Carlos Alberto Muniz com José Gabrielli, Marina Grossi e Samyra Crespo ao fundo

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Nos três dias de evento, mais de 400 pessoas participa-ram do Open Space, um espaço para livre discussão de temas propostos pelos participantes do evento. Entre os principais temas, Mata Atlântica; Poluição dos Mares; Modelo de Negócios e Política; Brics e Sustentabilidade; O Poder das Redes Sociais; entre outros assuntos, foram discutidos pelos presentes. O Open Space contou com participações como a do Presidente da Fundação Brasi-

leira para o Desenvolvimento Sustentável, Israel Klabin, do surfista profissional Carlos Burle, do Líder da Área Costeira e Oceanógrafa de Engenharia da COPPE/UFRJ, Professor Paulo Cesar Rosman, entre outros.

A última Plenária do Sustentável 2011 apresentou para o público as “Tendências para os próximos 40 anos”. A vice-presidente do CEBDS, Mariana Meirelles, moderou a apresentação em que Antônio Guimarães, CEO da Syngenta, falou sobre os riscos de escassez da produção agrícola para o futuro. O crescimento da população pode fazer com que os níveis de crescimento agrícola não suportem a demanda, o que provocaria o aumento das commodities.Para Guimarães, investimentos da indústria são neces-

Open Space

sários para desenvolver produtos dentro dessa nova realidade, uma vez que com o aumento da população, a indústria terá o desafio de produzir o dobro. Segundo ele, outra meta a ser alcançada é manter um diálogo en-tre todos os setores. “O governo tem como papel incen-tivar e acelerar o desenvolvimento; o setor privado em investir sobre novas soluções sustentáveis; a sociedade com o consumo consciente”. Peter Paul, Diretor do World Business Council for Sustainble Developmente (WBCSD), também discutiu sobre o consumo consciente e falou sobre como cada setor pode ajudar com ideias e com-prometimento em encarar as mudanças.Já o Co-presidente da Carta da Terra, Brendan Mackey, apresentou o que o planeta precisa. Entre os pontos, foram citados a proteção e cuidado ao meio ambiente, integridade ecológica, justiça social e econômica, demo-cracia, não-violência e paz. Mackey também definiu os objetivos da economia verde como a integração de três

fatores: economia, sociedade, ecologia e ética. “As em-presas precisam estar alinhadas a economia verde ba-seada em uma forte sustentabilidade”. O Co-presidente ainda encerrou a apresentação falando que as expectati-vas da comunidade estão crescendo junto com os valores propostos pela Carta da Terra.O Sustentável 2011 vai deixar como uma de suas contri-buições a versão brasileira do relatório Visão 2050, do-

Da esq. para direita: Marcos Bicudo, chairman do CEBDS e CEO Philips Brasil; Marina Grossi, presidente-executiva do CEBDS ; Sônia Bridi, mediadora da abertura do

Sustentável 2011; Samyra Crespo, secretária de articulação institucional e cidadania ambiental; Hugo Von Meijenfeldt, sub-diretor geral do Min. do Meio- Ambiente da Holanda; Carlos Alberto Muniz, vice-prefeito e secretário de Meio- Ambiente; José

Sérgio Gabrielli, pres. da Petrobras

Antonio Herman Benjamin, mi-nistro do STJ, e Brice Lalonde

Em uma das plenárias

Espaço Aberto, entrada do evento

Durante o Open SpaceNo Open Space

Tendências de sus-tentabilidade para os próximos anos

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cumento originalmente elaborado pelo World Business Council for Sustainable Development (WBSCD), que o CEBDS está “tropicalizando” e será entregue à presidente Dilma Roussef, no próximo ano, com as principais pro-postas das empresas para a conferência da ONU.

O Visão 2050 é considerado um dos mais importantes documentos já lançados sobre o futuro da sustentabili-dade e tem inspirado o planejamento estratégico de inú-

meras empresas em todo o mundo. O relatório aponta o caminho para um mundo sustentável em 2050 e foi elaborado com base em debates realizados com cerca de 200 representantes de empresas, governos e especialis-

tas de quase 20 países, entre eles o Brasil. O Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvi-mento Sustentável (CEBDS) percebeu a oportunidade de adaptar as análises e recomendações do documento para a realidade do Brasil, o que está chamando de “tropica-lização”. O documento original expõe uma visão global mas cada país tem as suas peculiaridades, seus desafios e suas oportunidades. Um exemplo bem significativo: o relatório global aponta como cenário ideal que o planeta chegue a 2050 utilizando uma matriz energética com-posta por 50% de fontes renováveis. No Brasil de hoje, já temos uma matriz de mais de 45% de energia renovável, no entanto existem desafios que o país precisa enfrentar, como a erradicação da pobreza e o saneamento básico.Durante o Sustentável 2011, empresas, poder público e

Oficina Fechada do Visão 2050 Brasil Oficina Fechada

Peter Paul van de Wijs, diretor do WBCSD, durante a Terceira Plenária

A “tropicalização” do Visão 2050

Afrolata encerra o Sustentável 2011 que reuniu 900 participantes

sociedade civil se reuniram com o intuito de contribuir para a criação dessa agenda comum da sustentabilida-de no Brasil. Foram, realizadas 9 oficinas, que reuniram cerca de 500 especialistas, para debaterem os pilares que construirão o Visão 2050 Brasil, com os temas: Valores das pessoas, Desenvolvimento Humano, Economia, Agri-cultura, Biodiversidade, Energia e Eletricidade, Edifícios, Mobilidade e Consumo e Insumos. As contribuições realizadas durante o Sustentável 2011 estão sendo compiladas e vão ser discutidas por um Conselho Consultivo, formado por especialistas renoma-dos nos nove temas do Visão, e depois validadas pelas empresas para serem entregues em 2012.O próximo Sustentável acontecerá em maio de 2012, também no Rio de Janeiro, um mês antes da Conferência da ONU Rio+20.

Margaria Astrálaga, Diretora regional do PNU-MA para América Latina e Caribe, o Programa

das Nações Unidas para o Meio Ambiente

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preciso entendê-la para preservá-la. Temos orgulho de desenvolver ações como os programas Parakanã, no Pará, e Waimiri Atroari, no Amazonas, reconhecidos in-ternacionalmente pela valorização da cultura, respeito às tradições e autonomia das comunidades indígenas. Há 20 anos essas etnias rumavam para a extinção e, depois da implantação dos programas, recuperaram não só suas

ara nós da Eletrobras Eletronorte, falar da Amazônia é como falar da nossa cidade, do nosso bairro e, porque não, da nossa casa. Não chegamos aqui por acaso. Uma decisão

estratégica para ocupar uma região até então marcada pela ausência do Estado nos deu a missão de contribuir para gerar desenvolvimento, preservar as fronteiras e ga-rantir qualidade de vida para os moradores da Amazônia. Ao longo dos anos fi zemos questão de ser aprendizes das leis da fl oresta. Ela nos disse onde poderíamos gerar energia, onde deveríamos passar as linhas de transmis-são ou onde investir em programas específi cos de miti-gação de impactos ambientais. Hoje a energia que geramos na Amazônia chega a to-dos os cantos do País por meio do Sistema Interligado Nacional. Deixamos para trás a escuridão a que Belém se submetia quase que rotineiramente e contribuímos para que a indústria se desenvolvesse fora do eixo Sul-Sudeste. Mais do que energia, levamos mais qualidade de vida para quem vive na Amazônia. Mesmo nos cha-mados Sistemas Isolados, onde gerar energia e abastecer as comunidades é um desafi o, mantivemos nosso com-promisso com a região. Assim como os rios que estudamos para cada aprovei-tamento hidrelétrico, aprendemos a trilhar os caminhos da fl oresta por meio do conhecimento. Aliamos nossos estudos ao chamado saber da fl oresta, aos centros de pesquisa da região e investimos no trabalho de pes-quisadores que conhecem a Amazônia e sabem que é

Amazônia e Sustentabilidade

P

Estamos numa região onde cerca de 24 milhões de brasileiros se orgulham de serem guardiões da maior biodiversidade do planeta. Um patrimônio

mundial, mas antes de tudo, brasileiro

Josias Matos de Araujo *por

Foto: Marcello Casal Jr./ABr; Rony Ramos/Eletrobras Eletronorte; Valter

Campanato/ABr

terras e sua dignidade, como também sua autonomia. Em parceria com essas comunidades, preservamos mi-lhões de quilômetros quadrados de fl oresta, como é o caso do Corredor Ecológico da Amazônia Central, carac-terizado pela alta diversidade biológica e sociocultural.Com 24 milhões de habitantes, a Amazônia mostra, a cada dia, que pode ser exemplo de desenvolvimento sus-

Fonte: ONS

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tentável para o mundo. Cerca de 60% do potencial hidre-létrico do País está na região e precisamos saber usar essa capacidade. Por isso nossos estudos reúnem especialistas em engenharia, meio ambiente, antropologia, geólogos, pesquisadores, indigenistas e, mais do que isso, ouvimos as comunidades. São dezenas de audiências públicas em que as pessoas participam das discussões. Hoje a Eletrobras Eletronorte gera mais de 9,7 mil me-gawatts e contribui com 10 mil quilômetros de linhas de transmissão e 53 subestações para levar a energia de nossos empreendimentos a todo o Brasil. Temos sede no Distrito Federal e unidades nos nove estados da Ama-zônia Legal: Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. Nosso par-que gerador conta com quatro hidrelétricas: Tucuruí (PA) - a maior usina genuinamente brasileira e a quarta do mundo - Coaracy Nunes (AP), Samuel (RO) e Curuá-Una (PA), além de parques termelétricos. E toda nossa histó-ria foi um aprendizado com a floresta. Aprendemos que respeito ao meio ambiente e parceria com as comunida-des são pilares do desenvolvimento sustentável. Não por acaso somos pioneiros em programas como o Navega Pará, por meio do qual milhares de paraenses tiveram acesso à internet que passa pela nossa rede de fibra ótica, ou o Banco de Germoplasma de Tucuruí, onde são produzidas sementes de espécies nativas da Amazônia para reflorestamento. Somos uma das 20 empresas mais inovadoras do Brasil, segundo a revista Época Negócios, num levantamento feito em parceria com a consultoria A.T. Kearney, que promove o prêmio Best Innovator em 15 países europeus

Josias Matos de Araujo

e nos Estados Unidos. Com universidades e centros de pesquisa da região, aprendemos que a Amazônia não é problema, e sim solução. Em mais um projeto de in-centivo à produção sustentável, apostamos em ações de formação e de educação ambiental. Apesar do modelo do Setor Elétrico permitir que atue-mos em qualquer região do Brasil, nossa história e o conhecimento das nossas equipes – boa parte formada por amazônidas – nos permite dizer que não somos visi-ta na Amazônia. Estamos numa região onde cerca de 24 milhões de brasileiros se orgulham de serem guardiões

da maior biodiversidade do planeta. Um patrimônio mundial, mas antes de tudo, brasileiro. Para manter uma floresta como essa em pé, precisamos de alternativas de trabalho e renda que mantenham as pessoas na região e possam ter com ela uma parceria para sobrevivência com dignidade, qualidade de vida e cidadania. Nossa missão é atuar nos mercados de energia de forma integrada, rentável e sustentável. E levamos isso muito a sério. Por isso respeitamos e acreditamos nas pessoas que, todos os dias, lembram ao mundo que a Amazônia é um lugar de verdade. Como uma das maiores empresas do Setor, temos foco em resultados, empreendedorismo e inovação, valorização e comprometimento das pessoas, ética e transparência. Por tudo isso, atuar na Amazônia é, sobretudo, uma grande responsabilidade. Hoje temos orgulho de mos-trar a recuperação de 97% das áreas impactadas du-rante a construção de Tucuruí. E tudo isso com espécies nativas da região. Ao contrário do que diziam, os peixes não foram embora. Pelo contrário, hoje mais de dez mil pescadores produzem seis mil toneladas de pescados por ano com apoio e orientação do Programa de Pesca e Ictiofauna. E quando falamos em meio ambiente é preciso lembrar que estão incluídas nesse conceito as pessoas. No entor-no do reservatório da Usina Hidrelétrica Tucuruí, no Pará, ações do Plano de Inserção Regional, o Pirtuc, resultaram na abertura de mais de sete mil vagas no ensino funda-mental. O programa desenvolve ações compensatórias e estruturantes nos municípios de Breu Branco, Nova Ipixuna, Novo Repartimento, Goianésia do Pará, Itupi-

Hoje a Eletrobras Eletronorte gera mais de 9,7 mil megawatts

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26 REVISTA AMAZÔNIA revistaamazonia.com.br

ranga, Jacundá e Tucuruí. As obras são definidas por um conselho gestor formado por 21 entidades da sociedade civil, representantes das sete pre-feituras e órgãos da administração estadual e federal. Além do Pirtuc temos o Plano Popular de Desenvolvimento Sustentável da Região a Jusante da Usina Hidrelétrica Tucuruí - PPDJUS. Exemplo do pioneirismo da Eletrobras Eletronorte, primeira empresa do Setor Elétrico a reconhecer impactos so-cioambientais a jusante de uma hidrelétrica, o PPDJUS beneficia os muni-cípios de Cametá, Baião, Mocajuba, Limoeiro do Ajarú e Igarapé-Mirim. O PPDJUS também tem suas ações definidas por um conselho gestor, do qual participam instituições de ensino e pesquisa, governos municipal, estadual

No Banco de Germoplasma são produzidas sementes de espécies nativas da Amazônia para reflorestamento

Temos orgulho de desenvolver ações reconhecidas inter-nacionalmente pela valorização da cultura, respeito às tradições e autonomia das comunidades indígenas, como os programas Parakanã, no Pará, e Waimiri Atroari, no Amazonas (na foto)

Centro de Tecnologia da Eletrobras Eletronorte, em Belém

Em junho deste ano, a Semana Eletrobras Eletronorte do Conhecimento e Inovação – SECI reuniu centenas de pesquisadores em Belém

Além de monitorar a qualidade da água dos reservatórios, as coletas e análises subsidiam novas pesquisas

Coleta de sementes para o Banco de Germoplasma

A Empresa investe em pesquisa e inovação por meio de parcerias e da valorização das pessoas

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revistaamazonia.com.br REVISTA AMAZÔNIA 27

e federal, movimentos sociais e a Empresa. Juntos, esses programas prevêem investimentos de R$ 360 milhões em projetos de saúde pública, educação, meio ambiente, desenvolvimento urbano e agricultura familiar ao longo de 20 anos. Além disso, os royalties pagos aos municípios como com-pensação pelo aproveitamento de seus recursos naturais representam uma parcela significativa do orçamento dos municípios. Em 2009, as quatro usinas hidrelétri-cas da Eletrobras Eletronorte pagaram R$ 64,3 milhões em compensação financeira pela utilização de recursos hídricos, R$ 8,7 milhões a mais do que ano anterior. Os recursos são repartidos entre entidades da União, estados e municípios que hospedam os reservatórios. Porque conhecemos e nos orgulhamos da responsabili-dade de atuar na Amazônia é que fazemos a diferença. Tanto quanto gerar energia, é importante para nós rea-lizar a formatura da primeira turma de engenheiros em Tucuruí, por meio de parceria com a Universidade Federal do Pará. Tanto quanto transmitir energia, é importante levar energia para uma televisão e um chuveiro quente para comunidades isoladas no meio da floresta. Tanto quando ter foco em resultados, é essencial que tenha-mos foco na vida. Por isso caminhamos junto com a Amazônia, e não contra a correnteza de seus rios.Quando vemos o trabalho de pessoas daqui, como sim-boliza a Revista Amazônia, temos ainda mais certeza de que estamos no caminho certo. Valorizar nossa cultura, nossas florestas, nossa gente, nossos recursos naturais, são compromissos que compartilhamos com os 24 milhões de amazônidas. E queremos que parceria, compromisso e respeito sejam as palavras de referência na Amazônia que surge como exemplo de que o desenvolvimento sustentá-vel pode, e deve ser, uma realidade para todos.

[*] Diretor-presidente da Eletrobras Eletronorte

Usina Hidrelétrica de Tucuruí - Rio Tocantins, a maior usina genuinamente brasileira e a quarta do mundo

Criada em 1984, a ‘torre raquete’ foi uma das inovações da Eletrobras Eletronorte. Hoje são 8.489 estruturas do tipo em 3.702 quilômetros de linhas de transmissão

Primeira Turma de Formandos do Campus da UFPA, em Tucuruí

Page 28: Amazonia 28

28 REVISTA AMAZÔNIA revistaamazonia.com.br

ela terceira vez consecutiva a Eletrobras Eletronorte re-cebeu o prêmio “As Empresas mais Inovadoras do Brasil 2011”, promovido pela revista Época Negócios e a Edi-tora Globo, em parceria com a AT Kearney Consultores,

recentemente, no auditório da Editora Globo, em São Paulo. Logo na abertura da cerimônia, David Cohen, diretor de redação da Época Negócios, afirmou que ao inovar as empresas fogem da co-moditização. “Por definição, inovar é fazer diferente dos outros. A forma mais barata de crescer é inovando”. Para Cohen, as empresas vencedoras são exemplo de inovação para gestores de todo o Brasil.“Conquistamos isso graças a uma força de trabalho apaixonada e motivada por uma política de inovação pautada pela valorização de ideias. Depois de competir com as 100 candidatas e ficar entre as 28 finalistas, recebemos a visita da equipe técnica da consultoria A.T. Kearney para mostrar nossa evolução em vários aspectos das quatro dimensões da inovação consideradas para a classificação: estratégia; organização e cultura; processos, estrutura e suporte; e resultado da inovação”, explica o diretor-presidente da Eletrobras Eletronorte, Jo-sias Matos de Araujo.“Temos estimulado um processo de desenvolvimento das habilidades de cada um. Já vemos muita gente ‘saindo do seu quadrado’ e imag-inando o que ninguém pensou. Estamos sistematizando um processo que consolida um looping infinito de melhorias”, afirma o diretor de Operação da Eletrobras Eletronorte, Wady Charone Junior. “Este prêmio representa o reconhecimento cada vez maior da nossa Diretoria de que a inovação é uma questão de ordem. Ou inovamos ou perecemos”, disse Neusa Lobato, superintendente de Gestão da

Eletrobras Eletronorte, uma das empresas mais inovadoras do Brasil

Inovação Tecnológica e Eficiência Energética.Além dos investimentos em inovação tecnológica, a Eletrobras Eletronorte aposta no reconhecimento dos seus talentos. O Prêmio Muiraquitã de Inovação Tecnológica, por exemplo, incentiva a força de trabalho a realizar melhorias e inovações nos seus produtos e processos, alcançando uma dimensão econômica capaz de trazer re-torno financeiro para a Empresa.Amuleto que guarda lendas e sorte na Amazônia, o Muiraquitã rep-resenta uma conquista para os chamados ‘inventores e inventoras da Casa’. Os contemplados, além dos respectivos troféus, recebem uma bonificação financeira. Até agora já foram premiadas 90 inovações, 45 projetos e 254 pessoas.Em 1999 a Empresa tinha um pedido de depósito de patente, duas marcas arquivadas e um contrato de transferência. Hoje o cenário é outro: são 94 projetos concluídos, 111 produtos, 31 soluções e 90 in-ovações de colaboradores nas plantas e, em seis anos, o número de pe-didos passou de um para 39, o que deixa a Eletrobras Eletronorte como a segunda empresa energética em número de pedidos de patentes.Com o Prêmio Muiraquitã, a Empresa transformou um investimento de R$ 600 mil reais em premiações numa economia de R$ 84 milhões.

Eduardo Leite, diretor de publicidade da Editora Globo com os premia-

dos da Eletronorte: Josias Matos de Araujo,

diretor-presidente e Wady Charone Junior, diretor de operações

P

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revistaamazonia.com.br REVISTA AMAZÔNIA 29

WORKSHOPS

AOs Autoprodutores e a Garantia de Suprimento de Energia Elétrica com Preços Competitivos: de Santo Antônio a Belo Monte

BTUTORIAL Fontes alternativas incentivadas sob o ponto de vista do consumidor

Gestão de Riscos no Mercado Livre a curto e longo prazo: migração, contratação, perspectivas futuras

C

WORKSHOPS

A

B

C

WORKSHOPS

ESTUDOS DE CASO INÉDITOSDE GRANDES CONSUMIDORES

MESA REDONDA COM CONSUMIDORES LIVRES

TUTORIAL DO MERCADO LIVRE PARA NOVOS ENTRANTES

ABORDAGEM DO PROJETO BRIX: UMA NOVA ALTERNATIVA PARA O

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tema em quatro milhões de hectares e evitar que entre 18 e 22 milhões de toneladas de CO2 equivalentes sejam liberadas.Além disso, o plantio de eucalipto e de pinus proporciona renda futura para o produtor e reduz a emissão de carbo-no por meio de captura e emissão de oxigênio pelas ár-vores. O governo espera aumentar a área de seis milhões de hectares para nove milhões.

O nitrogênio, nutriente essencial para a produtividade da agricultura, é a causa da maior parte das emissões do setor globalmente. De acordo com os dados mais recen-tes sobre as emissões de gases de efeito estufa (GEE), a atividade agropecuária contribuiu com 13,8% do total emitido em 2005 (WRI, 2009).O óxido nitroso (N2O) responde por cerca de 45% das emissões do setor e a intensidade do N2O é 298 vezes

s resultados do projeto TerraClass, que mapeou e classificou a cobertura das áreas desflorestadas da Amazônia, vão ajudar na elaboração de projetos mais

eficazes para a recuperação de áreas degradadas. O mapeamento, feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e pela Empresa Brasileira de Pesqui-sa Agropecuária (Embrapa), cobriu os 18% do bioma Amazônico que já estão desmatados, gerando uma clas-sificação dos diversos usos e situações, em cada um dos nove estados da região. As análises foram feitas a partir de informações resultantes do levantamento detalhado do desflorestamento ocorrido até 2008, obtidas pelo Pro-des (Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal), do Inpe.

A expansão da agricultura no Brasil, historicamente, gera um rastro de área degradada, deixada para trás quan-do o solo deixa de ser rentável. Uma das vertentes do ABC é transformar essas terras empobrecidas em áreas produtivas para a produção de alimentos, fibras, carne e madeira. A pesquisa brasileira tem a tecnologia para tornar essa meta possível e rentável, porém, precisa ser mais difundida. A meta do ABC é recuperar 15 milhões de hectares e reduzir as emissões entre 83 e 104 milhões de toneladas de CO2 equivalentes.Na região amazônica, bem como outros biomas, pes-quisadores brasileiros desenvolveram métodos de inte-gração entre a lavoura, a pecuária e a floresta. O sistema tem vantagens em relação ao cultivo tradicional e busca alternar pastagem com agricultura e floresta em uma mesma área. Isso recupera o solo, incrementa a renda e gera empregos. A meta é aumentar a utilização do sis-

TerraClass: Áreas degradadas na Amazônia serão prioridade

O

mais forte que a do CO2 no agravamento do efeito estu-fa. Por isso, a fixação biológica de nitrogênio é uma das prioridades do programa ABC, que prevê aplicar a técnica de captar o nitrogênio do ar com bactérias em 5,5 mi-lhões de hectares e reduzir a emissão de 10 milhões de toneladas de CO2 equivalentes.

O tratamento de resíduos animais, previsto no Programa ABC, visa aproveitar os dejetos de animais para a produ-ção de energia (gás) e de composto orgânico. O objetivo é tratar 4,4 milhões de metros cúbicos de resíduos da sui-nocultura e outras atividades, deixando de lançar 6,9 mi-lhões de toneladas de CO2 equivalentes na atmosfera.

Os resultados do projeto TerraClass, que mapeou e classi-ficou a cobertura das áreas desflorestadas da Amazônia, vão ajudar na elaboração de projetos mais eficazes para

Ministra Izabella Teixeira, Ministro Aloizio Mercadante e o Secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Coo-perativismo do Ministério da Agricultura, Erikson Camargo Chandoha, durante lançamento do Projeto TERRACLASS

Foto: Jefferson Rudy/MMA, Sílivo Ávila (MAA)

Áreas desmatadas podem ser usadas para produção

Tecnologia muda padrão histórico

Fixação biológica do nitrogênio

Metano

Projeto TerraClass

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a recuperação de áreas degradadas.A avaliação é do secretário de Desenvolvimento Agro-pecuário e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Erikson Chandoha. O secretário representou o mnistro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho, na cerimônia de apresentação do projeto, no Palácio do Planalto. O evento contou ainda com a presença da ministra do Meio Am-

biente, Izabella Teixeira, e do ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloizio Mercadante.O Projeto TerraClass identificou, por meio de imagens de satélites, as áreas desmatadas e classificou as coberturas presentes na região – Pasto Limpo, Vegetação Secundária, Pasto Sujo, Regeneração com Pasto, Agricultura Anual, Agropecuária, Área Urba-na, Mineração e Pasto com Solo Exposto. Com um custo de R$ 600 mil, as pesquisas contaram com apoio do Mi-nistério do Meio Ambiente, por meio do Programa Piloto para Proteção das Florestas Tropicais do Brasil (PPG-7), financiado pelos sete países mais ricos do mundo, mais a Holanda e a Comissão Europeia, com gestão do Banco Mundial.

O gráfico a seguir apresenta a distribuição percentualdas classes temáticas mapeadas pelo TerraClass:

Associação de pastagens com reflorestamento comercial aumentam a renda do produtor e

permite a recuperação de área degradada

Durante lançamento do Projeto TERRACLASS

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O projeto TerraClass res-tringiu-se a qualifi car os 707.752,35 km² de desfl o-restamento acumulado até o ano de 2007, mapeados pelo PRODES, considerando as onze classes temáticas apre-sentadas anteriormente

Olhem como se faz …

A fi gura abaixo apresenta a distribuição das classes temáticas por estado:

Das áreas identifi cadas, 62% são pastagens; 21%, vege-tação secundária; 3,4%, ocupações; 4,9%, agricultura; 0,5%, área urbana; 6,3%, não foram identifi cados e os restantes 2% dividem-se entre desfl orestamento, mine-ração e outros. O trabalho vai permitir um melhor apro-veitamento do potencial produtivo dessas áreas e reduzir a pressão sobre a fl oresta.

De toda a área mapeada, menos de 1% está em um nível de extrema degradação, o que provou a resis-tência do solo e sua capacidade de regeneração. Com base nos dados levantados, a expectativa da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo é utilizar recursos do Programa Agricultura de Baixo Car-bono (ABC) também no bioma amazônico. O programa oferece crédito em condições favorecidas para a adoção de práticas agrícolas e pecuárias sustentáveis. “Podemos

Áreas identifi cadas no Projeto TerraClass

Áreas identifi cadas

Degradação

Mapa da Amazônia Legal mostra o que ocorreu com a fl oresta desmatada até 2008

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revistaamazonia.com.br REVISTA AMAZÔNIA 33

Resultados inéditos sobre fl orestas e uso da terra na Amazônia mostram que a agricultura é responsável por 4,9% do desmatamento. Mais de 60% das matas foram derrubadas para a forma-ção de pastagens. As áreas degradadas representam apenas 0,1%. Além disso, 21% são de vegetação secundária, o que signifi ca processo avançado de regenera-ção. O estudo refi na dados já conheci-dos, como a ocupação das pastagens dentro das áreas desmatadas. Até 2008, a fl oresta perdeu por desmatamento o total de 719. 210 km² (uma área quase três vezes o tamanho do estado de São Paulo).Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística), 70% do que foi desmatado na fl oresta foi destinado aos pastos. Entretanto, o levantamento aponta que essas áreas correspondem a 62,2%, entre pastos limpos, pastos sujos e pastagens aban-donadas.

Os dados do PRODES para a Amazônia Legal apresentaram 3.214.300.37 km² de cobertura de fl oresta, 707.752,35 km² de desfl orestamento acumulado até o ano de 2007, 11.458,64 km² em extensão de desfl orestamento para o ano de 2008, 114.938,01 km² de hidrografi a e 953.262,50 km² de áreas denominadas como não fl oresta.

CLASSE TOTAL FREQUÊNCIA FREQUÊNCIA ACUMULADA

Pasto Limpo 335.714,94 46,7% 46,7%

Vegetação Secundária 150.815,31 21,0% 67,6%

Pasto Sujo 62.823,75 8,7% 76,4%

Regeneração com Pasto 48.027,37 6,7% 83,1%

Área Não Observada 45.406,27 6,3% 89,4%

Agricultura Anual 34.927,24 4,9% 94,2%

Mosaico de Ocupações 24.416,57 3,4% 97,6%

Área Urbana 3.818,14 0,5% 98,2%

Mineração 730,68 0,1% 98,3%

Pasto com Solo Exposto 594,19 0,1% 98,3%

Outros 477,88 0,1% 98,4%

Desflorestamentos 2008 11.458,64 1,6% 100,0%

TOTAL (Km2) 719.210,99

O gráfico a seguir apresenta a distribuição percentual das classes temáticas mapeadas pelo TerraClass:

PRODES 2008

Domínio de Floresta Tropical

Floresta

Desflorestamento acumulado

Hidrografia

Desflorestamento 2008

79,4%

17,5%

2,8%0,3%

colaborar com a região, aplicando recursos já existentes e de alta tecnologia na evolução do Sistema Agropecuário”, explicou Chandoha.

O mapeamento mostrou que apenas 5% da região foram degradados pela agricultura, o que aponta o avanço da agricultura sustentável. “Temos condições de aumentar a produtividade das áreas que já são desfl orestadas, isso signifi ca que não precisamos desmatar mais nenhum hectare para produzir”.

Agricultura sustentável

Os resultados oriundos da quantifi cação das classes mapeadas pelo Terraclass são apresentados na tabela abaixo

70% do que foi desmatado na fl oresta foi destinado aos pastos

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senvolvimento socioeconômico regional, de forma que efetive o aumento de renda dos agricultores familiares e funcione como um dos mecanismos para erradicação da pobreza nesse segmento social. Com a lei, o governo federal vai incentivar a transformação dos bambus bra-sileiros em fl oresta capaz de gerar emprego, renda e até créditos de carbono.

No Brasil há cerca de duzentas espécies de bambu que vão garantir essa revolução no campo. De acordo com a engenheira fl orestal e técnica especializada em manejo do Departamento de Florestas da Secretaria de Biodiver-sidade e Florestas (SBF) do Ministério do Meio Ambiente (MMA) Cristiane Pinheiro, a gramínea favorece a agricul-tura familiar e as políticas públicas de conservação e de

arte dos 80,25 milhões de hectares das ter-ras produtivas ocupadas pelos 4,3 milhões de imóveis rurais de agricultores familiares, segundo Censo do IBGE de 2006, poderá ser

dedicada ao manejo sustentável e ao cultivo do bambu com apoio do governo. É o que diz a Lei do Bambu (Lei nº 12.484/2011) publicada recentemente em 09/9, no Diário Ofi cial da União (DOU), a qual institui a Política Nacional de Incentivo ao Manejo Sustentado e ao Cul-tivo do Bambu (PNMCB). A Lei do Bambu vai incentivar o manejo sustentável e o cultivo somente das espécies nativas e entre os agricultores familiares.Apesar de defi nir apenas as diretrizes gerais da política ainda a ser regulamentada, a nova lei é considerada um avanço histórico e o primeiro passo do governo federal no sentido de regulamentar a produção da gramínea nativa e de transformá-la em ativo ambiental para de-

Bambu vai erradicar pobrezaP preservação do meio ambiente porque é uma espécie de

fácil propagação, cresce rápido, neutraliza carbono, ofe-rece simples manuseio e, além de servir como matéria prima para a indústria moveleira e a construção civil, ela compõe também a indústria alimentícia.A grande variedade de utilidades do bambu e suas po-tencialidades econômicas, sociais e ambientais foram as principais justifi cativas para a criação dessa política. “Acredita-se que o incentivo da cultura do bambu pos-sa ser um instrumento importante para redução de desigualdades sociais e aumento no setor agrícola, em especial entre os agricultores familiares”, afi rma Cristia-ne. Contudo, segundo ela, seu cultivo precisa de manejo sustentável porque, em virtude da fácil propagação, ela pode se tornar uma praga e ameaçar a vegetação natural das regiões.O agricultor familiar que enveredar pelo cultivo e manejo

De fácil propagação, cresce rápido, neutraliza carbono, oferece simples manuseio e, além

de servir como matéria prima para a indústria moveleira e a construção civil, ela compõe

também a indústria alimentícia

Usos/espécies/variedades

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revistaamazonia.com.br REVISTA AMAZÔNIA 35

sustentável do bambu poderá aumentar mais ainda a própria renda com a manufatura de sua produção. “Ele poderá não apenas plantar com o incentivo do governo, mas também produzir vários tipos de objetos e também alimentos com as varas do bambu. Desde uma cadeira, um biombo, um painel até estruturas para construção civil e brotos para a indústria alimentícia, tudo isso ele pode fabricar com essa vegetação”, explica a engenheira fl orestal.De acordo com as diretrizes defi nidas pela nova lei, o governo vai incentivar a produção de colmos, extração de brotos e obtenção de serviços ambientais, bem como à valorização desse ativo ambiental como instrumen-to de promoção de desenvolvimento socioeconômico regional. Deverá também valorizar o bambu como um produto agro-silvo-cultural e benefi ciamento, em espe-cial, nas regiões de maior ocorrência de estoques naturais da espécie.A lei determina também, dentre outras ações a ser regu-lamentadas por novas leis, os instrumentos da política e as competências, tais como o incentivo à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico voltados para o manejo sustentado e cultivo, bem como à garantia de crédito ru-ral para o agricultor familiar, o oferecimento de assistên-cia técnica, a certeza da certifi cação, o estabelecimento

de parcerias, o estímulo ao comércio e o incentivo ao intercâmbio com instituições congêneres nacionais e internacionais.A Lei nº 12.484/2011 aprovada pela presidente da Repú-blica, Dilma Rousseff , e assinada pelos ministros do Meio

Ambiente, Izabella Teixeira; da Fazenda, Guido Mantega; da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Mendes Ribei-ro Filho; e pelo ministro Desenvolvimento Agrário, Afon-so Florence, é produto dos Projetos de Lei (PL) 326/2007 e do PL 1.180/2009 (da Câmara dos Deputados).

Uma plantação de pinus leva sete anos para produzir 3.000 árvores, já o bambu precisa de três anos para produzir

10.000 árvores, no mesmo espaço, ainda dispensa o uso de pesticidas, não causa erosão e só requer água para crescer

Valorizando produtos artesanais, sustentáveis e brasileiros

Um instrumento importante para redução de de-sigualdades sociais e aumento no setor agrícola,

em especial entre os agricultores familiares

A Lei do Bambu vai incentivar o manejo sustentável e o cultivo somente das espécies

nativas e entre os agricultores familiares

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ealizou-se recentemente, no Palácio Itamaraty, a reunião de instalação da Co-missão Nacional para a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento

Sustentável – Rio+20. A reunião foi co-presidida pelo ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, e pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. Estiveram presentes ministros de Estado, senadores, autoridades do Governo Federal e da Prefeitura do Rio de Janeiro e representantes da sociedade civil.A Comissão Nacional, criada pelo Decreto 7.495, de 7 de junho de 2011, tem como objetivo promover a interlocução entre as diversas esferas de Governo e da sociedade civil com a fi nalidade de articular os eixos da participação do Brasil na Rio+20. É composta de órgãos da Administração Pública Federal, Estadual e Municipal, representantes dos Poderes Legislativo e Judiciário, re-presentantes do meio acadêmico, do empresariado, dos trabalhadores, de comunidades indígenas e tradicionais, de organizações não-governamentais e de movimentos sociais.

A Conferência será realizada de 28 de maio a 6 de junho de 2012, no Rio de Janeiro. Os dois temas estabelecidos pelas Nações Unidas são: * A economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza; e * A governança internacional para o desenvolvimento sustentável.Para o Segmento de Alto Nível da Conferência (de 4 a 6 de junho), espera-se a presença de grande número de Chefes de Estado e de Governo dos países-membros das Nações Unidas. O evento será precedido pela última reu-nião do Comitê Preparatório, formado por representantes governamentais (28 a 30 de maio), e por uma série de

Iniciado os trabalhos de articulação para a Rio+20

RFoto: Antonio Cruz/ABr e Jefferson

Rudy/MMA

Brasil vai defender o desenvolvimento sustentável em conjunto com a erradicação da pobreza

O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, o secretário executivo do Ministério da Justiça, Luiz Paulo Barreto, e a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, durante a reunião

O Brasil deverá defender, na Rio + 20, o de-senvolvimento sustentável em conjunto com a erradicação da pobreza, disse Izabella Teixeira

A reunião foi co-presidida pelo ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, e pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira

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eventos temáticos com a participação da sociedade civil (31 de maio a 3 de junho).A proposta brasileira de sediar a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável foi aprovada pelos países-membros das Nações Unidas durante a 64ª Assembleia-Geral (2009-2010). Na qualidade de país-sede e presidente da Conferência, o Brasil poderá contribuir para a renovação do compromisso internacio-nal com o legado da Rio-92, antecipando a agenda do desenvolvimento sustentável dos próximos anos. Cerca de 45 mil pessoas deverão estar envolvidas nas

Autoridades de países que são alvos de críticas internacionais por causa da forma como tratam a preservação ambiental e o estímulo à economia verde, deverão participar da Conferência Rio+20, de 28 de maio a 6 de junho de 2012, na área do Porto do Rio de Janeiro. A expectativa, segundo os organizadores, é que a China, Índia e os Estados Unidos enviem emissários do primei-ro escalão do governo para os debates. As discussões da cúpula poderão gerar a proposta de criação de um órgão específi co internacional para a área ambiental.O órgão, em estudo, fi cará subordinado à Organização das Na-ções Unidas (ONU), como ocorre com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) – comandada pelo brasileiro José Graziano da Silva.

Rio+20 poderá gerar órgão mundial desti-nado à preservação do meio ambiente

Estiveram presentes ministros de Estado, senadores, autoridades do Governo Federal

e da Prefeitura do Rio de Janeiro e repre-sentantes da sociedade civil

Senadores participaram da reunião prepa-ratória à Rio+20, no Palácio Itamaraty

discussões e na organização da Rio+20. A conferência conta com o apoio e o comando da Organização das Nações Unidas (ONU). O secretário-geral do evento é o diplomata chinês Sha Zukang. A presidenta da conferên-cia é Dilma Rousseff .

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apresentação de experiências concretas que se espa-lham pelo mundo e apontam para outra economia e outra maneira de organizar a sociedade. São exemplos, a economia solidária, que propõe circuitos mais curtos e

rganizações da sociedade e movimentos ambientalistas se articulam para tentar influenciar as decisões da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvi-

mento Sustentável (Rio+20). A ideia é reunir entidades para instalar a Cúpula dos Povos da Rio+20 por Justi-ça Social e Ambiental, que funcionará paralelamente à conferência. A cúpula também acompanhará os eventos preparatórios para a Rio+20. Cerca de 150 entidades de 27 país querem garantir a aprovação de propostas para o fim de problemas am-bientais que acentuam desigualdades sociais, além de chamar atenção para o mito da “economia verde”, segun-do o representante dos povos indígenas Marcos Terena. “Não vamos permitir que o argumento da ‘economia verde’ olhe para a Amazônia, as florestas, a natureza, como mais uma fonte mercadológica capaz de atender as mesmas pessoas que estão destruindo o ambiente: os grandes blo-cos industriais, econômicos e até estatais”, disse. Para Fátima Mello, que integra a Rede Brasileira de Inte-gração dos Povos, os países têm dificuldades de assumir compromissos com medo de prejudicar as economias, mas a Rio+20 pedirá que comecem imediatamente um novo ciclo de economia comprometido com as novas realidades ambientais. Entre os debates mais importantes da Cúpula dos Povos está a necessidade de resgatar a noção de que há bens comuns da humanidade, o que é incompatível com a atual mercantilização da vida e da natureza. “Precisamos discutir essa ideia: água, terra, florestas, biodiversidade e também serviços públicos como educação e saúde não podem estar na mão dos mercados apenas para o lucro. A sociedade deve acessar tudo isso como bem público e universal, como condição principal para a justiça social e ambiental no mundo”, apontou Fátima. Além deste, outro eixo que deve orientar a cúpula é a

Entidades da sociedade civil terão Cúpula dos Povos, na Rio+20 O

justos entre produção e consumo e a agroecologia, que aponta para modos de produção de alimentos baseados nas pequenas propriedades, de modo sustentável e sem o uso de insumos químicos, como os agrotóxicos. “Vamos afirmar que não haverá uma Rio+40. Nosso planeta não aguentará isso. Vamos dizer claramente que estamos cansados de conferências sem capacidade de implementação e de compromissos que não são condi-zentes com a crise do nosso planeta”, disse. Para organizar a Cúpula dos Povos, que deve promover debates, palestras e outros eventos durante a Rio+20, no Aterro do Flamengo, as organizações se reuniram na capital fluminense, com a presença de 500 pessoas de diversas organizações.

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não apenas para a adaptação às alterações climáticas e mitigação, mas também para criar oportunidades de de-senvolvimento econômico. Dentro do contexto Africano, energia renovável e projetos de mitigação de Durban das alterações climáticas são consideradas revolucionárias.O compromisso contínuo da Cidade para a ampliação do diálogo sobre as alterações climáticas com outras cida-des sulafricanas, bem como sua reputação no cenário internacional sobre mudanças climáticas, tem garantido a sua posição como líder de mudanças climáticas.A COP 17 CMP 7 marcará um momento crítico no curso das negociações internacionais sobre mudança climática.À medida que os preparativos vão sendo fi nalizados, cresce a pressão para que um acordo para substituir o Protocolo de Quioto após 2012 seja fi rmado em Durban, principalmente após fracasso das negociações em Cope-

17.a Convenção das Nações Unidas so-bre Mudança do Clima (COP 17), será realizada de 28 de novembro a 9 de de-zembro de 2011 na cidade de Durban,

África do Sul.Com o desenvolvimento de um Programa Municipal de Proteção do Clima, bem como a institucionalização da mudança do clima pela Prefeitura, a cidade apresentou um quadro importante para a implementação de uma série de projetos de mudanças climáticas. Estes projectos incidem sobre as medidas de adaptação e mitigação para a cidade, assim fornecendo uma plataforma para gerar benefícios sócio-econômicos.A cidade-piloto do Telhado Verde e projetos de refl oresta-mento em larga escala da comunidade mostram como a biodiversidade da África pode se tornar uma ferramenta,

Contagem regressiva para COP17 - CMP7A nhagen e em Cancún nesta questão.

Pelo menos no que diz respeito à organização do encon-tro, o clima é de otimismo na delegação sul-africana. “O governo está trabalhando em colaboração com a ONU para garantir que a África do Sul receba um evento in-ternacional que atinja as exigências da ONU”, declaram representantes da reunião.Mais de 20 mil leitos já foram garantidos e 2.662 quartos foram reservados para os participantes do evento, e a or-ganização vai terminando a preparação do encontro. “Os preparativos de segurança estão prontos para lidar com uma ampla gama de possíveis ameaças e interrupções”, explicaram os organizadores.

De de 28 novembro à 09 de dezembro, delega-dos de 190 nações estarão em Durban, África do Sul para discutir as mudanças climáticas

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décima sexta sessão do Grupo de Traba-lho Ad Hoc sobre Compromissos Adicio-nais para as Partes do Anexo I no âmbito do Protocolo de Quioto (AWG-KP 16) e a

décima quarta sessão do Grupo de Trabalho Ad Hoc sobre a longo prazo Ação Cooperativa no âmbito da UNFCCC (AWG-LCA 14 ), na Cidade do Panamá, Panamá. Logo no início os grupos informais de mitigação dos pa-íses desenvolvidos, incluindo os grupos de IET e países com circunstâncias especiais, convocados pelo AWG-LCA, fizeram uma discussão especial na construção de capacidade. O AWG-KP grupo de spin-off sobre LULUCF também participou.A secretária executiva da ONU sobre Mudanças Climáti-cas, Christiana Figueres, reafirmou que essa reunião do Panamá é a última oportunidade dos 193 países mem-bros conseguirem um consenso sobre a redução das emissões antes de Durban.Figueres garantiu que os representantes dos governos chegaram ao Panamá comprometidos e interessados em avançar nos pontos centrais, como o esboço do Fundo

A Conferência sobre Mudança Climática da ONU

AFoto: Rudolph Hühn

AWG-KP 16 e AWG-LCA 14Discurso do ministro Roberto C.

Henriquez, na abertura da AWG-KP 16 e AWG-LCA 14

Reunião do grupo informal sobre as consequências potenciais

A cabine da COP 7 17/CMP

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Verde do Clima, o Comitê Executivo de Tecnologia e de Adaptação, e o Sistema de Monitoramento, Reporte e Verificação.A África do Sul participou de uma seção informal no Panamá para contribuir ainda mais para um resultado equilibrado e credível em Durban. A União Européia fez um apelo para que todas as nações deixem claro como pretendem lidar com as mudanças do clima, alegando que o mundo precisa de um roteiro das ações futuras ainda este ano mesmo se um tratado internacional estiver fora de alcance.“O que precisamos produzir em Durban é um roteiro para o enquadramento jurídico global”, comentou o negocia-dor-chefe da União Européia Artur Runge-Metzger com-pletando que o bloco é responsável por apenas 11% das emissões globais de gases do efeito estufa.A 17º Conferência das Partes (COP 17) da UNFCCC e 7º COP das partes do Protocolo de Quioto serão realizadas em Durban, África do Sul, entre 28 de novembro e 9 de dezembro 2011.

Durante a cerimô-nia de abertura

A UNFCCC A Convenção Quadro da ONU sobre Mudança do Clima (UNFCCC) é o instrumento interna-cional marco das políticas e das negociações sobre mudança do clima. Assinada na Rio 92 e implementada em 1994, a UNFCCC é o acordo marco que estabelece disciplinas, objetivos e princípios comuns aos seus 196 países signatários sobre os compromissos internacionais na área de mudança do clima. A UNFCCC também estabelece a Conferência das Partes (COP), órgão supremo da Convenção que zela pela implementação de seus compromissos e quaisquer outros instrumentos legais que a COP venha a estabelecer dentro desse acordo.

Os dois grupos negociadores no âmbito da UNFCCC: Grupo Ad-hoc sobre Ações de Cooperação de Longo Prazo (AWG-LCA): órgão subsidiário da Convenção criado como foro negociador do BAP para implementação da Convenção Quadro. Grupo Ad-hoc sobre Compromissos Futuros para Partes do Anexo 1 no Protocolo de Quioto (AWG-KP): designado para negociar a revisão dos compromissos do Protocolo de Quioto, que deverá estabelecer os novos limites de emissões dos países listados no Anexo 1 para períodos pós-2012.

Katia Simeonova, secretaria da UNFCCC; Plume Helen, Nova Zelândia, e Karine Hertzberg e José

Alberto Garibaldi, Co-Facilitadores do grupo informal de mitigação dos países desenvolvidos

Assinatura do acordo de país anfitrião para a COP 7 17/CMP entre Maite Nkoana-Mashabane, Ministro de Relações Internacionais e Cooperação da República da África do Sul e Christiana Figueres, da UNFCCC

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nova proposta de acordo que na prática acaba com Kyoto, criando um novo acordo a ser assinado em 2015, mas que já começaria a ser operacionalizado em Durban, com a oficialização das metas de redução apresentadas voluntariamente no ano seguinte. Com isso, cada país teria até 2018 para aprovar e instru-mentalizar o acordo internamente. Até lá, todos torcem, a crise já terá passado.O único problema é saber como convencer os países em desenvolvimento a aceitar jogar Kyoto no lixo e recome-çar a partir do (pouco) que existe.O embaixador argentino Jorge Arguello, em nome do grupo dos países em desenvolvimento (G77 + China) disse, no Panamá, que “o único resultado significativo para Durban é a continuação de Kyoto”.Será que Durban vai marcar o fim de Kyoto ou o fim das negociações como um todo? Ou qual será a terceira via?A conferência anual das Nações Unidas sobre mudança climática começa no fim de novembro em Durban, na África do Sul.

Ao termino da reunião no Panamá, mais uma vez, os sinais foram desanimadores para aqueles que torcem por um acordo para cortar emissões de gases que provocam o efeito estufa e dessa forma limitar o aquecimento da Terra nas próximas décadas.Os dilemas continuam os mesmos - países ricos insistem em abandonar o Protocolo de Kyoto, exigem compromis-sos formais e mensuráveis dos grandes países em desen-volvimento (leia-se China e Índia), enquanto os países mais pobres insistem em manter Kyoto e exigem maiores investimentos para adaptar-se às mudanças do clima e se desenvolver de forma limpa.Para complicar vários motivos, veja dois:1. Dinheiro. A expectativa de países pobres e em de-senvolvimento, segundo o princípio acertado durante a Rio 92 de “responsabilidade histórica” (a responsabilida-de é de todos, mas aqueles que mais poluíram têm que arcar com consequências maiores), é de novos financia-mentos. O problema é que até o momento não se che-gou perto de qualquer acordo a valer a partir de 2013, quando acabam os últimos compromissos assumidos (de 2010 a 2012). E que governo quer liberar novos fundos enquanto en-frenta desemprego e estagnação domesticamente?

Membros do G-77, inclusive o Brasil, du-rante o grupo informal sobre Finanças

2. O Protocolo de Kyoto. O único acordo internacio-nal criado para combater as mudanças do clima vence no fim do ano que vem. Isso significa que, enquanto a ciência reforça cada vez mais a necessidade de se tomar medidas para coibir a emissão de gases do efeito estufa, o mundo - como um todo - caminha na direção oposta. E que político vai considerar adotar metas que poderiam ser classificadas pela oposição de “rédeas ao crescimento econômico”?O problema é que os Estados Unidos não ratificaram Kyoto, o que significa que só os outros países industrializados é que até hoje têm a obrigação internacional de reduzir as suas emissões. Ninguém, entre eles, quer que a situação continue assim. O Japão quase parou as negociações em Cancún, no ano passado, ao dizer que estaria fora de um segundo período de compromisso sob Kyoto, voltando atrás relutantemente. Até o momento, só a União Europeia aceita incluir as propostas de cortes de emissão apresentadas volunta-riamente em Cancún em um documento formal. Mesmo assim, só se for com salvaguardas para evitar que fiquem presos a um acordo praticamente sozinhos entre os in-dustrializados.A Austrália e a Noruega apresentaram no Panamá uma

Na plenária de fechamento da AWG-LCA e AWG-KP, os delegados fizeram um minuto de

silêncio pelo Nobel da Paz Wangari Maathai

O final da AWG-KP 16 e AWG-LCA 14Kyo to s o b r e v i ve r á a D u r b a n ?

Os grupos Informais AWG-LCA e AWG-KP , discutindo cada parágrafo…

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mos uma reforma simples, eficaz, pragmática e, ao mes-mo tempo, ambiciosa, da governância internacional para o Ambiente”, acrescentou.A conferência de Junho de 2012 vai fazer o balanço das

Conferência das Nações Unidas Rio+20, que marcará em Junho de 2012 os 20 anos da Cimeira da Terra de 1992, é a ocasião ideal para criar uma Organiza-

ção Mundial para o Ambiente, defende a ministra fran-cesa da Ecologia.“Já é altura de tirar ilações sobre as insuficiências do sistema actual, criando uma voz mundial forte para o Ambiente”, disse Nathalie Kosciusko-Morizet, na passa-da sexta-feira. Em comunicado, a ministra reafirmou o apoio da França à criação de uma tal organização. Ac-tualmente, a pasta do Ambiente nas Nações Unidas está a cargo do PNUA (Programa das Nações Unidas para o Ambiente).A conferência que vai celebrar os 20 anos da Cimeira do Rio, prevista decorrer de 4 a 6 de Junho de 2012 naquela cidade brasileira, “é uma ocasião única para conseguir-

França quer uma Organização Mundial para o Ambiente em 2012

A medidas implementadas há 20 anos, nas áreas da segu-rança alimentar, acesso à água potável, energia, biodi-versidade, clima, entre outras. Além disso, deverão ser traçadas novas directrizes.

Questões relacionadas ao meio ambiente, incluindo as alterações climáticas e suas con-sequências, preocupam o suficiente para criar uma Organização Mundial do Meio Ambiente

Nathalie Kosciusko-Morizet, ministra francesa da Ecologia,

pede uma reforma ambiciosa para o Ambiente

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(Feagri) e da Fapesp, fez um panorama geral da agroin-dústria canavieira, mostrou dados sobre uso da terra e falou do zoneamento agroclimático da cana-de-açúcar no Brasil, passando a visão clara de que se deve superar a crítica fácil de que haja uma correspondência entre a expansão da bionergia e aumento de emissões de gases que contribuem para o aquecimento global. Apresentou a seguir a contribuição da Fapesp para a pesquisa em bioenergia, ressaltando os avanços do Programa Fapesp de Pesquisa em Bioenergia (Bioen), o que fi cou claro para qualquer visitante do seminário BBest, ocorrido em Campos de Jordão, em agosto. O cenário apresentado pelo professor Cortez mostra que desenvolver novos mercados baseados em novas tecno-logias, mesmo potencializando uma ampla organização prévia, demanda uma base ampla de conhecimento, da biologia aos estudos socioeconômicos. Uma questão salta aos olhos: apesar de os recursos alocados no Bioen próximos a US$ 10 milhões/ano (2008 a 2012) serem substanciais, seriam sufi cientes para dar conta da com-plexidade do programa, que contempla desde ciência básica em genética até pesquisas sobre o desempenho de motores, passando por estudos sobre etanol de 2ª geração? Uma comparação com o projeto do Energy Bioscience Institute sugere que os resultados do Bioen

o último dia 15 de setembro, o Instituto de Economia da Unicamp promoveu o seminário Bioenergia: “Alternativas e Ava-liação de Impactos no Brasil e nos EUA”.

O Seminário foi organizado para receber os professores David Zilberman, da Universidade de Berkeley, e Madhu Khanna, da Universidade de Illinois, ambos profunda-mente envolvidos com alguns dos temas mais polêmicos da atualidade: as alternativas energéticas baseadas no poder da fotossíntese – a fotossíntese em tempo real, como fala Eduardo Trigo, renomado economista argenti-no – em comparação com o uso de combustíveis fósseis e outras fontes alternativas de energia. Os dois atuam no Energy Biosciences Institute (EBI), um instituto fi nancia-do pela British Petroleum e localizado nas duas univer-sidades, com um orçamento de US$ 500 milhões para 10 anos de pesquisa, com foco em 2ª geração a partir de gramíneas. A idéia foi aproveitar a visita para estabelecer um diálogo franco e qualifi cado com os visitantes. Para tanto, con-vidamos três dos mais importantes professores na área e fomos felizes em contar com visões distintas e com-plementares: os professores Luiz Cortez, Arnaldo Walter e Hilton Silveira, os três da Unicamp. O professor Cortez, da Faculdade de Engenharia Agrícola

Bionegócio e bionergia: superando as fronteiras entre setores da economia

N também dependem de boas parcerias e de cooperação internacional, o que vem ocorrendo, principalmente pelo apoio da Fapesp. A multidisciplinaridade dos temas e dos enfoques sobre a bioenergia foi reforçada pela apresentação do professor Arnaldo Walter, que respondeu à provocação do mode-rador sobre o modesto papel cumprido até pouco tempo atrás pelo governo federal na área de bionergia. Como resposta, apontou que o governo investiu 35 milhões de euros na montagem do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Etanol (CTBE), um centro de pesquisa de alto nível com 110 pesquisadores e com capacidade para contar com a “massa crítica” das universidades e centros de pesquisa localizados ao seu redor (USP, incluindo Esalq, Unicamp, Lorena, IAC, IPT, Embrapa).O mote de sustentabilidade guia a orientação dos tra-balhos de pesquisa em várias áreas e não somente o conhecimento específi co sobre impactos do cultivo da cana no ambiente. Isto coloca a visão estratégica do CTBE na categoria de ações que se voltam para gerar um con-junto de “tecnologias limpas” – dentro do possível e do aceitável, como diz o economista René Kemp, do Merit, na Holanda – ao invés de buscar soluções mitigadoras, aplicáveis no fi nal do processo (poluidor).Isto não signifi ca desprezar a busca de ganhos de pro-dutividade, do melhor aproveitamento dos recursos por litro de etanol obtido: as agendas de pesquisa são paralelas, mas se encontram nos resultados: um melhor aproveitamento da matéria-prima, via hidrólise, viabiliza a cana-de-açúcar como matéria-prima do bioenegócio mais importante do Brasil, reduzindo seu impacto sobre a produção de alimentos. A pesquisa com uma nova co-lheitadeira torna ainda mais viável a política ambiental de eliminar a prática da queima da cana para fi ns de co-lheita, além de estabelecer o nexo entre pesquisa pública e empresas inovadoras. Em resumo, a apresentação do professor Arnaldo Walter revelou que a estratégia do CTBE é ao mesmo tempo clara e complexa. Opera realisticamente no campo da primeira e segunda gerações, buscando resultados em paralelo e também atua na viabilização das atividades agrícolas com foco na criação de meios e critérios para a implementação progressiva de etanol e outros pro-dutos capazes de apresentar a condição de “produtos sustentáveis”. A clara defi nição das estratégias viabiliza a formação de parcerias com organizações internacionais e com os avanços realizados – principalmente no campo

José Maria F.J. da Silveira*por

Uso adequado da terra e de como as trajetórias

tecnológicas da agricultura passaram a depender da capacidade de utilizar a

alta ciência…

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sumos. A lusitana roda e o mundo gira, como falava o bardo: o tema central tanto da apresentação da professo-ra Madhu Khanna quanto do professor Hilton Silveira é o uso adequado da terra e de como as trajetórias tecnoló-gicas da agricultura passaram a depender da capacidade de utilizar a alta ciência (dos equipamentos de medição aos modelos bioeconômicos simulados) para o melhor uso desse fator escasso.A professora Madhu, na lógica schumpeteriana, mostra o chamado “porrete”: o preço da falta de coordenação entre agentes produtivos no Brasil é o de perderem com-petitividade para tecnologias de 2ª e 3ª gerações que não

dependem integralmente do uso da terra. Na suposta pátria do liberalismo econômico, energia e agricultura são estratégicos e isto significa utilizar de um conjunto combinado de políticas produtivas e ambientais, como obrigar a utilização de biocombustíveis (como também faz o Brasil) e impor taxas sobre emissão de gases que contribuem para o aquecimento global. Sem contar na

extensão do prazo para subsidiar o etanol de milho, ine-ficiente em seu início, hoje quase competitivo com outras fontes de matérias-primas.O professor Hilton apontou em sua apresentação que o incentivo, o bônus dado pela natureza do ciclo da fotos-síntese da cana ser C4, CO2 amigável, em parte atenuaria o possível impacto do aquecimento global, fenômeno que recolocaria os países centrais (EUA, Canadá, Europa Central), como protagonistas da cena agrícola do futuro. O problema é fazer uma transição adequada. Agroin-dústria implica investimentos produtivos que em parte não podem ser deslocados: uma vez que a cana invada uma certa região produtora de alimentos, o custo da recuperação é alto, independentemente do fato de que seja possível “transportar” uma usina para outro local. A importância do zoneamento agroecológico da cana-de-açúcar e da agricultura de baixo carbono (ou agricultura verde) é tão grande quanto a estratégia de desenvolvi-mento sustentável da produção sustentável de biocom-bustíveis e outros produtos do complexo cana, tal como formulada pelo CTBE. A diferença é que o processo de co-ordenação, no caso do respeito ao zoneamento proposto pelos estudos do professor Hilton e seus colaboradores, é muito mais complexo: ainda se ouve de representantes dos usineiros que “da porteira para dentro decido eu”. O professor David não só apreciou o esforço do diálogo como contribuiu para divulgar melhor a pesquisa e a pro-dução bionergética do Brasil. Característico de quem tem segurança na própria visão e nos trabalhos de pesquisa que coordenou, o professor David expande a teoria da difusão tecnológica na agricultura. Quando alguém re-clama do hiato tecnológico entre a pesquisa e o campo, o professor de Berkeley acena com o fato de que o impacto da inovação na agricultura, ao contrário dos campos ex-perimentais, gera efeitos encadeados sobre todo o ciclo produtivo da agricultura. Com base neste argumento, o professor considera injustificáveis as restrições impostas sobre a difusão da biotecnologia por supostos defensores da natureza: inovação tecnológica é parte de um proces-so amplo de busca de produção sustentável.

Via hidrólise, a cana-de-açúcar é viabilizada como matéria-prima

do bioenegócio mais importante do Brasil, reduzindo seu impacto

sobre a produção de alimentos

da pesquisa básica – pelos projetos da Fapesp. A arti-culação dos objetivos no tempo se dá pela ideia de que existe um conhecimento científico e tecnológico capaz de operar a transição da produção agrícola de cana para o bionegócio em energia. O professor David, em seu blog (http://blogs.berkeley.edu/author/dzilberman/), comenta que os brasileiros são orgulhosos de seu projeto bioenergético, ao mesmo tempo que em outro comentário, aponta que somos francos (ao ponto da ingenuidade) de admitir (como o assessor de Clinton) que o problema da difusão tecno-lógica depende “da economia, estúpido”. O Brasil, ainda que com muito menos intensidade, também procura tornar o carro flex mais eficiente, só que isto não anula o fato de que a competição dos velhos e novos usos da matéria-prima cana-de-açúcar com o uso como com-bustível líquido é crescente e que qualquer estratégia em bioenergia passa pela viabilidade do carro-chefe (sem trocadilhos) do consumo da energia verde. Gastos em P&D implicam riscos, mas quanto mais integradas as ações em C&T&I (menos modular) maior a necessidade de atenção com os pontos críticos, aqueles que podem colocar tudo a perder.Na década de 80, no início do Núcleo de Economia Agrí-cola da Unicamp, praticamente descartava-se a impor-tância da terra como ativo para a produção agrícola: das fazendas à biotecnologia passava-se da questão agrária para o mundo admirável da intensificação dos fatores produtivos na agricultura, na forma de máquinas e in-

Da esq. para a dir. Os professores Madhu Khanna, David Zukbernan, Luiz Cortez, Arnaldo Walter e Hilton

Silveira: diálogo franco e qualificado

Inovação tecnológica é parte de um processo amplo de bus-

ca de produção sustentável

[*] Professor do Instituto de Economia (IE) da Uni-camp, atua no Núcleo de Economia Agrícola (NEA)

do mesmo instituto e no programa Fapesp de Pesqui-sa em Bioenergia (Bioen). No Jornal da UNICAMP

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O estudo abrange o período de 2003 a 2010 em todo o país, e seu detalhamento e categorização teriam como objetivo prover de informação econômica relevante às lideranças nacional, regional e estadual, a fi m de que fa-

maioria das considerações sobre a ener-gia verde apresenta como motivador para a sua utilização a questão ambien-tal. Essa abordagem começa a ser subs-

tituída. Ao avaliar as possibilidades da economia verde na economia mundial em crise, é possível encontrar resultados interessantes.Por muito tempo, temas como “economia verde” ou “utilização de fontes renováveis de energia em proces-sos produtivos” fi zeram parte de uma abordagem sobre mudança climática ou manutenção da qualidade da vida humana no futuro. Dizia respeito a alguma utilização consciente de recursos energéticos, mas sem a devida análise do fator econômico.Para preencher essa lacuna a The Brookings Institution lançou em julho deste ano um relatório intitulado Sizing The Clean Economy, em que avalia do ponto de vista eco-nômico – tomando como eixo a geração de empregos – o papel da economia verde nas regiões metropolitanas dos Estados Unidos.O relatório – um dos mais claros e atualizados desse setor econômico – menciona uma grande difi culdade em mensurar todo o alcance dos empregos gerados pela economia verde, mas ainda assim, nenhum setor da eco-nomia americana tem sido mais celebrado como fonte de renovação econômica e geração de empregos.

A energia verde como um negócioA

tores que ainda retardam esse setor econômico possam ser mitigados ou eliminados.Nosso objetivo aqui é transcrever os principais pontos do relatório e atentar para as recomendações que servem a todos os países dispostos a reconhecer o potencial da economia verde. As principais considerações sobre as regiões metropolitanas nos EUA são as seguintes:* A economia limpa, nos EUA, emprega 2,7 milhões de trabalhadores.O número parece pequeno, mas ele ganha maior propor-ção se considerarmos que isso é mais do que o número de empregos gerados pela energia fóssil e que consegue abarcar trabalhadores em todos os níveis de escolarida-de/produção.* Apesar de um crescimento comparativo menor no período do estudo (2003 – 2010), o setor teve um cres-cimento maior que o da economia em geral durante a recessão.* A economia limpa é intensiva em produtos fabricados e exportação.Avalia-se que 26% de toda a economia limpa gera em-pregos em manufatura, enquanto a economia como um todo geraria apenas 9% de empregos nessa área. Isso representa um potencial de utilização de mão-de-obra importante para abarcar uma camada específi ca da po-

Jacqueline Batista Silva*por

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pulação. Outro ponto relevante apresentado é o de que os empregos relacionados à energia limpa exportam o dobro dos empregos tradicionais nos EUA.* A economia limpa oferece mais oportunidades e me-lhor pagamento para trabalhadores com baixa e média educação formal do que a economia como um todo.Os salários nos empregos de economia limpa são 13% maiores que os demais, quando observados os mesmos níveis de escolaridade.* A economia limpa permeia todas as regiões metropoli-tanas, mas se manifesta em confi gurações variadas.A economia limpa molda-se às características de cada região, de maneira que se apresenta mais desenvolvida ora no setor de serviços, ou industrial, no setor público ou de maneira mista. Assim, pode fazer parte de todos os planejamentos regionais, sem ter que descaracterizar a vocação econômica local.* Fortes clusters industriais contribuem para um maior desenvolvimento da economia limpa.No período observado, estabelecimentos integrantes de clusters industriais cresceram mais que os isolados: em média, 1,4 ponto percentual mais rapidamente.Apesar dos dados positivos, as opiniões não são unâni-mes. O principal entrave à energia verde está no valor a ser dedicado à pesquisa e aos subsídios necessários ao desenvolvimento e implantação das novas tecnologias limpas para obtenção de energia num Estado em crise. Esses receios não estão presentes apenas na economia americana. Investir em momentos de crise sempre divi-diu opiniões. Essa é mais uma contribuição do estudo. A

adequada avaliação de um setor específi co pode permitir ver um investimento como propulsor do desenvolvimen-to e, portanto, indispensável. O estudo apresenta uma análise do retorno que esse investimento tem trazido. Mostra a economia limpa como um negócio plausível dentro de uma ótica desenvolvimentista, e não apenas dentro de um aspecto ideológico-ambiental, alcançando também aqueles que consideram este um fator menos relevante.Não podemos deixar de pensar em qual seria a condição brasileira da economia verde, e seu potencial nos planos de desenvolvimento apresentados por nossas lideranças nacionais e regionais. Um relatório similar que nos possi-bilitasse mensurar o alcance do setor no Brasil, dentro da posição de destaque mundial que passamos a ter, pode ser de extrema relevância para que a economia verde ga-nhe maior fatia de projetos e para que os investimentos na área ganhem maior prioridade.O relatório apresenta também algumas recomendações, e elas não são prerrogativas do estado Americano. A pri-meira recomendação é a de fazer com que o Estado e as lideranças regionais promovam o uso de bens e serviços classifi cados como de baixo nível de emissão de carbono e ambientalmente orientados. Falamos aqui da taxação das emissões de carbono, da certifi cação de produtos ambientalmente responsáveis, e outras medidas que exigem uma atuação – e na verdade, intervenção – do Estado.Outra recomendação é a criação de garantias de fi nan-ciamento à ampliação dos segmentos industriais da

economia limpa. A ampliação do capital voltado para o fi nanciamento e consequente diminuição do risco para o investidor são fundamentais.Um setor relevante a considerar é o de pesquisa e de-senvolvimento – a ser valorizado nos níveis nacional e regional. Inovação é matéria-prima da economia verde: abrange não apenas a criação de novas tecnologias, mas também o aprimoramento daquelas que utilizarão algo que já é considerado, por si só, um novo recurso: a efi ci-ência energética.As recomendações e desafi os apresentados no estudo podem ser vistos em nível global. Não são características tipicamente americanas. É bastante razoável que, diante de difi culdades orçamentárias, o setor de investimentos não receba a devida atenção. Talvez seja essa a maior importância de uma avaliação séria das implicações do crescimento da economia verde. Podemos, assim como os EUA, estar perdendo uma fatia importante do mer-cado global. Podemos, também, estar refreando o nosso próprio crescimento por considerar um gasto postergável o que seria um investimento de alto retorno.Enfrentamos duas grandes necessidades: a de valorar de maneira séria o alcance da economia verde, e a de mudar a concepção de que essa seria apenas uma fonte periféri-ca de desenvolvimento. Um passo importante foi dado e ele reverbera globalmente. Cabe a nós atentar para a ne-cessidade de não fi car para trás nessa caminhada e defi nir, desde agora, o papel que iremos desempenhar.

[*] Bacharel em Física pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com MBA em Economia e

Gestão em Energia pelo Instituto COPPEAD de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração. É

pesquisadora do Grupo de Economia da Energia da UFRJ desde 2010

Energia limpa

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decisão e formulação de políticas públicas relacionadas ao Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), ao uso e ocupação do solo e programas de restauração florestal. “A valoração ecológica das florestas desenvolvida na minha dissertação, de um modo geral, objetiva levantar argumentos econômicos, com bases ecológicas, para evidenciar a importância econômica das florestas, que no caso, estão em áreas de preservação permanente” afirmou o estudante. Roncon justificou seu estudo pela crescente desvalorização das florestas e pelo desafio de

se estimar o valor econômico dessas áreas. Segundo o autor, no Brasil, existe uma carência de estudos sistêmi-cos que façam uma correlação entre valor econômico e o processo de sucessão natural de florestas. O pesquisador aplicou em seu trabalho os conceitos da Avaliação Emergética (estudo que comprova o quanto uma propriedade rural gasta ou economiza em recursos

manutenção de áreas florestais não é sinônimo de prejuízo. Ao contrário, a atividade, além de representar benefí-cios ambientais, também pode oferecer

vantagens econômicas. Isso é o que afirma Thiago Junqueira Roncon, que de-fendeu recentemente sua dissertação de mestrado “Va-loração Ecológica de Áreas de Preservação Permanente” no Programa de Pós– Graduação em Agroecologia e Desenvolvimento Rural (PPGADR), do Centro de Ciências Agrárias (CCA), campus Araras da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). O trabalho foi orientado por Paulo Roberto Beskow, Luiz Antonio Corrêa Margarido, docentes do PPGADR, e Enrique Ortega, do Laboratório de Engenharia Ecológica da Unicamp.Durante o estudo, Roncon utilizou o conceito de valora-ção ecológica, este conceito se refere a uma abordagem transdisciplinar que busca uma relação entre as ciências econômicas, as ciências exatas, as ciências naturais e do conhecimento tradicional, na busca por uma relação de valor entre os fluxos de massa e energia da floresta com o indicador macroeconômico do País. A administração eficiente das regiões florestadas permitirá ao gestor me-dir esta relação econômica. A partir desse conceito, o pesquisador identificou que os valores econômicos obtidos destacaram a importância de áreas preservadas com vegetação nativa. Por meio dessa observação, Roncon aponta que estes valores devem ser considerados nos processos de tomada de

Manutenção de áreas florestais pode resultar em benefícios ambientais e econômicos

Anaturais e como pode ter mais renda com o uso racional dessas riquezas, levando em consideração a memória energética dos insumos e produtos) e da Avaliação Fun-cional dos ecossistemas para estimar o valor econômico de Áreas de Preservação Permanente (APPs) no Estado de São Paulo. Além disso, fez um levantamento de dados no campo (cinco áreas, uma com sistema de produção de tapetes de grama e quatro áreas em processo de sucessão natural secundária – todas com floresta), levantamento de da-dos na literatura (revisão bibliográfica) e, por fim, análise de dados com a elaboração de um software. Foram iden-tificados valores econômicos relativos aos bens, serviços e danos ambientais de cinco áreas remanescentes da Serra da Mantiqueira – cadeia montanhosa situada entre os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais – em diferentes tempos de sucessão natural secundária: 0, 7, 25, 75 e 200 anos. Na visão de Roncon, os apontamentos levantados na pesquisa podem ter impactos diretos e positivos na qualidade de vida da população que depende dos re-cursos naturais e serviços ambientais prestados pelas florestas. “Este estudo destaca que os benefícios trazidos pelo cumprimento das leis ambientais relativas às APPs, constantes do Código Florestal (1965), contribuem for-temente para a sustentabilidade tanto dos ecossistemas como dos agroecossistemas com efeitos sociais e eco-nômicos positivos de grande significado” afirma Paulo Beskow, um dos orientadores do estudo. Os resultados da pesquisa podem servir também para a reflexão das ações dos Poderes Legislativo e Judiciário na tomada de deci-sões sobre assuntos ambientais, tendo em vista todos os aspectos positivos da valoração florestal.

Estoque de carbono, conversão da energia solar, deposição de serapilheira, manutenção do micro-clima , abrigo para biota nativa e barreira física para o impacto

da energia da chuva

Decomposição da matéria orgânica, ciclagem de nutrientes, teias tróficas,estoque de carbono no solo,

melhora na estrutura do solo, barreira física para o escoamento superficial da água e aumento da infiltração

de água, abastecendo o lençol freático

Foto: Thiago Junqueira Roncon

Berçário e banco de sementes, manutenção do potencial edáficodo solo e dos ciclos silvigenéticos,

recrutamento e seleção de novas espécies

Diagnóstico foi levantado durante pesquisa de mestrado defendida no Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de São Carlos

Thiago J. Roncon

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De acordo com o Diretor do ITTO, antigamente as pes-soas pensavam o manejo fl orestal só como um serviço madeireiro, somente com a retirada de madeira. “Hoje as pessoas entendem a fl oresta não somente como produ-tor de madeira, mas como uma fabrica de vários tipos de produto e serviços que são utilizados”, explicou Eduardo Mansour.Segundo o especialista, a fl oresta amazônica é muito rica e fornece a madeira e outros produtos, como a castanha, o Látex, açaí, óleos de todas as qualidades para a área cosmética, além de vários outros produtos como plantas e sementes medicinais.A visita até a Floresta Estadual do Antimary serviu como uma forma de proporcionar aos especialistas da ITTO, as condições necessárias para a verifi cação da atividade de exploração realizada na região. Foram mostradas as formas de derrubada e as normas para que isso ocorra, como a espessura das árvores, as estradas que devem ser construídas para a qualidade da retirada da madeira e a preservação da fauna na região explorada.Os membros da ITTO depois de analisar todas as ativi-dades realizadas na fl oresta do Antimary defi niram que o Acre continua sendo a região de melhor exemplo de manejo fl orestal sustentável em fl oresta nativa.A Secretaria de Estado de Floresta (SEF) que é respon-sável pela reserva fl orestal do Antimary reformou toda a estrutura do acampamento sede da região, ampliando os apoios e dando condições necessárias para as 54 famílias que vivem na reserva preservar e conservar a fl oresta.O Secretário de Floresta, João Paulo Mastrangelo, falou que a realização desse encontro, confi rma que as políti-cas de manejo fl oresta sustentável no Acre estão dando

Acre é exemplo na atividade de Manejo Florestal Sustentável no Mundo”. Com essas palavras o Diretor Assistente da Organização Internacional de Madeiras

Tropicais, Eduardo Mansour e outros engenheiros fl o-restais do Japão, China, Estados Unidos e de outros pa-íses defi niram os trabalhos que estão sendo realizados dentro da Floresta Estadual do Antimary. Os especialistas em manejo fl orestal passaram dois dias na reserva, lo-calizada no município de Sena Madureira, distante 110 quilômetros de Rio Branco, e puderam verifi car de perto os trabalhos de exploração sustentável na região.A visita dos engenheiros de vários continentes à Floresta Estadual do Antimary fez parte da programação do 2º Encontro Internacional de Manejo Florestal Sustentável, organizado pela Fundação de Tecnologia do Acre (Fun-tac), Secretária de Estado de Floresta (SEF) e Organização Internacional de Madeiras Tropicais (ITTO). Comemora também o ano Internacional da Floresta estipulado pela União das Nações Unidas (ONU).A abertura do encontro ocorreu na Biblioteca da Floresta e contou com a presença do Senador Jorge Viana, que também é engenheiro fl orestal.O encontro que seguiu uma extensa programação serviu para redefi nir as diretrizes das políticas sustentáveis de ma-nejo fl orestal criadas pela ITTO, já que as primeiras normas foram criadas em 1990 e é preciso que sejam revisadas.

Manejo fl orestal sustentável do Acre

O As políticas de manejo fl oresta sus-tentável no Acre estão dando certo

Wiliandro Derze *por

Foto: Assessoria SEF

certo. E acrescentou dizendo que tudo isso já mostra como as comunidades podem ter renda por meio da fl oresta, pois na Floresta Estadual do Antimary, todas as famílias recebem aproximadamente R$ 880 mensais do Manejo Florestal da reserva.

A visita dos engenheiros de vários continentes à Flo-resta Estadual do Antimary fez parte da programação do Encontro Internacional de Manejo Florestal Sustentável,

organizado pela Fundação de Tecnologia do Acre

[*] Assessoria SEF e Sérgio Vale/Secom

Durante a abertura do 2º Encontro Internacional de Especialistas em

Manejo Florestal Sustentável

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políticas governamentais.Percebe-se, ainda, que as autoridades começam a des-pertar para a questão da sustentabilidade. Em várias cidades, surgem ações de incentivo interessantes, como IPTU Verde, ICMS Ecológico e outras que, inclusive, de-veriam ser amplamente imitadas. Aliás, já ventila no Congresso Nacional a possibilidade de atualização do Estatuto das Cidades, de forma a contemplar práticas sustentáveis. Se assim acontecer, a matéria terá de ser item obrigatório dos planos diretores.Enfi m, há uma convergência de propósitos entre os se-tores público e privado, e o diálogo permanente entre as duas partes será decisivo para que se alcancem resultados concretos em benefício das cidades e seus habitantes.Todavia, um aspecto pode comprometer ou mesmo im-pedir muitas iniciativas no campo da sustentabilidade urbana. E essa ameaça tem nome: Código Florestal.Objeto de ampla discussão – e muitas polêmicas -, o projeto que estabelece o novo Código Florestal ignora a realidade urbana. O texto em análise não defi ne cla-ramente as intervenções necessárias em áreas conside-radas de preservação permanente, tais como aquelas ao longo de cursos d´água, para implantação de infra-estrutura pública destinada a esporte, lazer, atividades educacionais e culturais, captação e condução das águas pluviais e a sua transposição.Se o novo Código Florestal não se preocupar em dife-renciar o meio ambiente urbano do rural, vai impedir avanços concretos no campo da sustentabilidade para os municípios brasileiros. Aliás, é importante lembrar que, hoje, 80% da população vive em cidades. Entretanto, o

questão da sustentabilidade está na pauta do setor imobiliário. As grandes empresas do mercado já estão bem avançadas nessa área. Com capital aber-

to em Bolsa de Valores, boa parte delas domina os prin-cípios de governança e apresenta consistente trabalho no campo da responsabilidade social, enquadrando-se nos Indicadores de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da Fundação Getúlio Vargas. Muitas certifi caram empreen-dimentos com selos reconhecidos nacional e internacio-nalmente, atestando uma “construção verde”.Porém, a maioria das empresas do mercado é de pe-queno ou médio porte, sem recursos ou mesmo opor-tunidade de operar a sustentabilidade em seus negócios. Aliás, raras são as que entendem que ser sustentável não é apenas atuar com respeito ao meio ambiente. Há, além deste, dois pilares fundamentais – o econômico e o social -, indispensáveis para que possamos oferecer às futuras gerações as mesmas condições de desenvolvimento que hoje desfrutamos.No sentido de orientar e transmitir conhecimentos à ca-deia do setor imobiliário, o Secovi-SP elaborou o caderno “Condutas de Sustentabilidade no Setor Imobiliário Re-sidencial”. O trabalho, realizado em parceria com o Con-selho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS), traz de forma didática conceitos e premissas que podem ser adotados por todos, independente do status econômico.Em complemento, o Sindicato da Habitação realizou abrangente pesquisa que resultou na construção de “Indicadores de Sustentabilidade no Desenvolvimen-to Imobiliário Urbano”. Fruto de trabalho conjunto com a Fundação Dom Cabral, o estudo mapeia tudo o que é importante promover para cidades sustentá-veis, envolvendo as empresas imobiliárias e o poder público, haja vista que muitas medidas dependem de

Código Florestal e sustentabilidade urbana A

espaço que estas cidades ocupam do território brasileiro não passa de 0,5%, enquanto a média mundial chega a 1% e os Estados Unidos está em torno de 3%.Se o projeto for aprovado sem a inserção desses disposi-tivos, haverá um imenso vazio regulatório. Nem gover-nantes nem o setor imobiliário vão contar com um ins-trumento legal que permita as necessárias intervenções em área de preservação permanente. Enfi m, estará inviabilizada a implantação de projetos urbanísticos planejados e com adequados controles am-bientais. E sabemos que a ausência de regras é convite aberto a invasões e ocupações irregulares, absolutamen-te insustentáveis. Basta ver o que ocorre no entorno de nossas represas e mananciais.A saída possível é pensar defi nitivamente em um Código Ambiental Urbano, aplicável nas áreas urbanas, com crité-rio e em conjunto com a sociedade civil organizada.

Ciro Scopel *por

[*] Vice-presidente de Sustentabilidade do Secovi-SP e presidente da Scopel Empreendimentos e Obras S/A

Em várias cidades, surgem ações de incentivo inte-ressantes, como IPTU Verde, ICMS Ecológico e outras que, inclusive, deveriam ser amplamente imitadas

Para alcançar resultados concretos em benefício das cidades e seus habitantes

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de construções que usam o design como solução para aproveitar melhor a energia, a luz e a ventilação natural.Siegbert Zanettini, do escritório Zanettini Arquitetura e professor titular da FAU-USP, falou com a maestria e descontração de quem já assinou uma vasta gama de projetos ecoefi cientes que há muito se faz no Brasil. Com mais de 40 anos de profi ssão e 50 de magistério, Zanettini apontou para o fato de no Brasil a construção civil não estar adequada para nossos recursos e reais necessidades.“Aqui no Brasil temos condições mais que propícias para resolver problemas de escassez das matrizes energéticas. Há anos faço uso de tecnologias limpas em empreendi-mentos no país, reduzindo o período de execução das obras e evitando desperdícios. Sustentabilidade não é uma coisa de agora, mas agora as questões são outras: é preciso unir investimento com conhecimento”, disse o arquiteto.Zanettini apresentou cases obtidos ao longo de 40 anos de experiência com eco-efi ciência e sustentabilidade. Dentre os projetos, destaca-se o Fórum do Meio Am-biente construído em Brasília. O primeiro Fórum Verde no Distrito Federal, desenvolvido em parceria com a ar-quiteta Sandra Henriques, é considerada a primeira obra pública do Centro-Oeste a seguir critérios internacionais de construção sustentável, atualmente em processo de certifi cação LEED – Leadership in Energy and Environ-mental Design®.

principal fórum de discussão sobre construções verdes no País – o Green-building Brasil, ocorreu no prédio da Fecomércio, no centro de São Paulo,

com os mais importantes nomes do setor no Brasil. A diretora-executiva do GBC Brasil, Maria Clara Coracini, abriu a conferência destacando a importância do en-contro entre empresas, profi ssionais e representantes do poder público para trocar informações e levar novas soluções para os empreendimentos do País. O fundador e presidente do Greenbuilding Council nos Estados Unidos, Rick Fedrizzi, abriu a seção de palestras. Ele destacou que o Brasil vive um momento de grande crescimento econômico e de avanços em construções sustentáveis, além de ser um dos líderes mundiais em energias renováveis. Segundo Fedrizzi, o País é o 5º em número de pedidos de certifi cações LEED, com mais de 270 empreendimentos certifi cados até maio deste ano. O presidente do GBC destacou o esforço brasileiro de tornar a Copa do Mundo e a Olimpíada “eventos verdes”, inclusive com a busca pela certifi cação LEED para todos os empreen-dimentos da Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016. A segunda palestra foi ministrada pelo arquiteto Colin Rohlfi ng, que destacou as soluções de design que po-dem ajudar a diminuir as emissões de gás carbônico. O arquiteto enfatizou que o Brasil tem grandes chances de diminuir a emissão de gás carbônico na produção de energia. Rohlfi ng mostrou uma série de exemplos

Greenbuilding Brasil discutiu construções verdes

O

Josemar Picanço, Gerente de Meio Ambiente da Coca-Cola Brasil, falou sobre o tema “Plataforma Verde e Lega-do Sustentável para a Copa 2014”, o engenheiro explicou como as fábricas da empresa vêm se reestruturando através da Visão 2020, uma análise feita sobre o futuro da empresa e do mercado com enfoque no desenvolvi-mento sustentável de longo prazo. Ao lado dos gerentes de três fábricas localizadas em Manaus, Maceió e Paraná (todas em estágios fi nais do processo para obtenção do certifi cado LEED - Leadership for Energy and Environmental Design), Picanço falou sobre geração de efi ciência e o retorno de investimento dessas fábricas nos estados que irão sediar a Copa do Mundo de 2014.De 2005 a 2011, houve 43% de redução do consumo de

Coca-cola reduziu 43% de água na fabricação de bebidas

Os stands foram muito visitados

Colin Rohlfi ng, que destacou as soluções de design que podem ajudar a diminuir as emissões de gás carbônico

Rick Fedrizzi, fundador e presidente do Greenbuilding Council nos Estados Unidos

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água na fabricação das bebidas e 31% de redução no uso de energia. “Cinco anos atrás, o consumo de água nas fábricas era em média de 5 litros por cada litro de bebida produzida. Atualmente, estamos na faixa de 2 litros e a meta é chegar a 1.8 litros em 2012”, afi rma o executivo.A plataforma verde enfatiza o consumo consciente de água e energia, além da redução da produção de resídu-os sólidos e aumento da reciclagem. Dentre as soluções aplicadas nas plantas da Coca-Cola Brasil estão: reuso da água da chuva para instalações de banheiros (mictórios e descargas), torneiras e chuveiros com acionamento au-tomático, maior aproveitamento de luz natural na área de linha de produção e a implantação de telhados.

O arquiteto e consultor Glenn D. Hughes, falou sobre otimização da luz natural e da luz elétrica em prédios co-merciais e residenciais. Segundo ele, os prédios utilizam mais energia que os transportes e a indústria, por isso os devem concentrar a atenção. Glenn D. Hughes apresentou o projeto desenvolvido para o jornal The New York Times e como foi feito o aproveita-mento de luz natural. Ele explicou que o maior custo para

manter um prédio é a energia elétrica e que, ao contrário da maioria das construções, a reforma do edifício do jor-nal custou menos do que o esperado e ajudou a gerar economia de energia. Os benefícios, segundo Hughes, vão além da economia com eletricidade, já que ele con-sidera que o ambiente de trabalho fi ca mais agradável e a imagem da empresa que investe nessa otimização do uso da luz natural também é benefi ciada. De acordo com Glenn D. Hughes, a mudança no ambiente com uso da luz natural ajuda a melhorar entre 4% e 7% a produtividade no trabalho.Outra presença internacional de destaque da Conferência foi do professor Hashem Akbari, da Universidade de Concórdia,

em Montreal. Akbari falou sobre os telhados frios e como eles podem diminuir a temperatura nas cidades. Ele expli-cou que, em alguns casos, é possível diminuir o uso de ar condicionado, o que diminui o gasto de energia elétrica.Hashem Akbari propôs evitar o uso de asfalto preto e usar um asfalto de cor mais clara para diminuir a temperatura nas cidades. Ele divulgou ainda um programa de instala-ção de telhados frios nas 100 maiores cidades do planeta e sugeriu que São Paulo participe dessa iniciativa.

O Brasil é o quinto país no ranking mundial de construções sustentáveis, com 33 empreendi-mentos certifi cados. São Paulo é o Estado cam-peão em certifi cações, com 26 projetos. No even-to, empresas mostraram iniciativas inovadoras no setor. Sistemas que consomem menos eletrici-dade, telhados verdes e tintas menos poluentes estavam entre as estratégias apresentadas.

Palestras internacionais mostra-ram cases de aproveitamento de luz natural e telhados frios

Rick Fedrizzi destacou que o Brasil vive um momento de gran-de crescimento econômico

Maria Clara Coracini, diretora-executiva do GBC Brasil, abriu o Greenbuilding Brasil

Maria Clara Coracini, destacou a importância do encontro

O arquiteto e consultor Glenn D. Hughes, falou sobre otimização da luz natural e da luz elétrica em prédios comerciais e residenciais

Mais informações no site expogbcbrasil.org.br

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Amazônica, que se estende por vários países da América Latina.

Apesar dos extensos esforços para controle das emissões de gases de efeito estufa pelos países, em diversos acor-dos e tratados internacionais, ainda não há uma base científica para monitorar essas emissões.“Este é um mapa de referência, que poderá ser usado como uma base de comparação no futuro, quando a

ma equipe de pesquisadores coordenados pela NASA usou dados de vários satélites para criar uma espécie de mapa-múndi do carbono.

O objetivo foi criar uma base de dados para o monitora-mento de carbono – sobretudo, para o gerenciamento do dióxido de carbono em escala planetária.O mapa, contudo, é bem dirigido: ele retrata os dados de 75 países tropicais e suas florestas.De forma nada surpreendente, a maior parte do carbo-no, segundo a pesquisa, está armazenado na Floresta

Mapa do carbono armazenado nas florestas tropicais

U cobertura florestal e seu estoque de carbono variarem,” propõe Sassan Saatchi, do Laboratório de Propulsão a Jato, da NASA, líder da pesquisa. “O mapa mostra não apenas a quantidade de carbono armazenado na flores-ta, mas também a precisão da estimativa.”Estima-se que o desmatamento e a degradação florestal contribuam com algo entre 15 e 20 por cento das emis-sões globais de carbono.As florestas tropicais armazenam grandes quantidades de carbono na madeira e nas raízes de suas árvores. Quando as árvores são cortadas e se decompõem ou são

De forma nada surpreen-dente, a maior parte do carbono está armazena-do na Floresta Amazô-nica, que se estende por vários países (OTCA) da América Latina. O mapa cobre apenas as flores-tas tropicais

Monitoramento do carbono

Mapa-múndi do carbono

Imag

em: N

ASA

/JPL

-Cal

tech

/UCL

A/

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Mapa-múndi verde mostra altura das florestas da Terra

A maior parte do carbono, segundo a pesquisa, está armazenado na Floresta Amazônica

Os pesquisadores descobriram que as florestas da América Latina possuem 49 por cento do carbono das

florestas tropicais do mundo. Por exemplo, o estoque de carbono do Brasil sozinho é de 61 bilhões de toneladas,

quase igual a todos do estoque de carbono na África Subsaariana, com 62 bilhões de toneladas

queimados, o carbono é liberado para a atmosfera.No ciclo de vida da floresta, contudo, ainda há controvér-sias sobre os volumes da absorção e das emissões.

Depois do fracasso no lançamento de dois satélites artifi-ciais voltados para o monitoramento do ciclo do carbono na Terra, os pesquisadores resolveram usar o chamado satélite do gelo, o ICESat, o mesmo que já havia servido para construir o mapa-múndi da altura das florestas.Com a ajuda de dados de campo, amostrados diretamen-te no solo, eles calcularam a quantidade de biomassa aci-ma do solo e, assim, a quantidade de carbono contido.A equipe então extrapolou esses dados para a toda a va-riedade de terrenos e relevos ao redor do globo.O mapa revela que, no início dos anos 2000, as florestas

O satélite OCO seria um laboratório para comprovar um método de medição das emissões de CO2 que poderia vir a ser usado no futuro por uma constelação de satélites construídos para essa finalidade

nos 75 países tropicais estudados continham 247 bilhões de toneladas de carbono - para comparação, são libera-dos anualmente para a atmosfera cerca de 10 bilhões de toneladas de carbono pela queima de combustíveis fósseis e pela agricultura.Segundo o mapa, as florestas da América Latina contêm 49 por cento do carbono de todas as florestas tropicais do mundo. Por exemplo, o estoque de carbono do Brasil sozinho, com 61 bilhões de toneladas, é quase igual a todo o estoque de carbono na África Subsaariana, de 62 bilhões de toneladas.

Esses números sobre o carbono, juntamente com infor-mações sobre a incerteza das medições, são importantes para os países que pretendem participar do Programa

REDD+ (Reducing Emissions from Deforestation and Degradation - Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação).O REDD+ é um esforço internacional para criar um va-lor financeiro para o carbono armazenado nas florestas. Ele oferece incentivos para os países preservarem suas florestas, reduzindo as emissões de carbono e investin-do em rotas de desenvolvimento de baixa emissão de carbono.

Imag

em: N

ASA

Imag

em: N

ASA

Mapeamento do carbono nas florestas

Mercado de carbono

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eficiente de políticas, pode auxiliar na prevenção de altos custos sociais e econômicos resultantes do abastecimen-to inadequado de água. Camboja, Indonésia, Filipinas e Vietnã são alguns dos países cujas perdas causadas pela deficiência no serviço de saneamento básico alcançam cerca de US$ 9 bilhões por ano ou 2% do PIB total combinado.

egundo estudo lançado recentemente pelas Nações Unidas , um investimento de 0.16% do PIB mundial no setor hídri-co poderia diminuir a escassez de água e

reduzir pela metade o número de pessoas sem acesso à água potável e a serviços de saneamento básico em um período inferior a quatro anos. Atualmente, a falta de investimentos em serviços hí-dricos, de coleta, tratamento e reutilização eficiente da água resulta na redução de reservas aquíferas em várias partes do mundo e contribui para uma situação em que a demanda global por água poderia ultrapassar a oferta num período de 20 anos. No capítulo dedicado à água no Relatório sobre Econo-mia Verde, lançado durante a Conferência da Semana Mundial da Água em Estocolmo, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) apontou que o investimento em saneamento e água potável, assim como o fortalecimento dos sistemas locais de abaste-cimento hídrico, a conservação dos ecossistemas vitais para o abastacimento de água e o desenvolvimento mais

Investimento verde no setor hídrico poderia gerar grandes benefícios para a saúde humana, a segurança alimentar e o crescimento econômico

S

Segundo Achim Steiner, Sub-Secretário geral da ONU e Diretor Executivo do PNUMA, “otimizar o acesso à água potável e serviços de saneamento básico é fundamental para uma sociedade mais sustentável e de uso mais efi-ciente de recursos”.“O Relatório sobre Economia Verde revela que o investi-mento na gestão e infraestrutura hídrica, assim como em

Foto: Cecilia Österberg/Exray e Chen Xuefei

O relatório Economia Verde descreve estratégias de investimento para a redução da escassez da água

O Relatório sobre Economia Verde, foi lançado durante a Conferência

da Semana Mundial da Água em Estocolmo

Na Semana Mundial da Água, em Estocolmo

Sem investimentos e reforma política, a crise de abastecimento de água será um fato generalizado

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ecossistemas dependentes de água, combinado a polí-ticas efi cientes, pode contribuir e garantir a segurança da água e dos alimentos, melhorar a saúde e fomentar o crescimento econômico”, concluiu Steiner. Caso não haja êxito na promoção do uso mais efi ciente da água, a demanda por água pode ultrapassar a oferta em 40% até o ano de 2030.O Relatório sobre Economia Verde aponta que a otimi-zação na produtividade de água, assim como o aumen-to no seu abastecimento (por meio de novas represas, plantas dessalinizadoras e reciclagem) pode diminuir essa lacuna em até 40%. No entanto, os 60% restantes deverão ser compensados a partir de investimentos na infraestrutura, reformas na política de recursos hídricos e desenvolvimento de novas tecnologias. Mike Young, da Universidade de Adelaide, principal au-tor do capítulo sobre água do “Relatório Economia Verde”, afi rma que sem investimentos e reforma política, a crise de abastecimento de água será um fato generalizado.

Stephen R. Carpenter (L), Cientista e profes-sor de Zoologia e Limnologia da Universidade

de Wisconsin-Madison, recebe o Stockholm Water Prize 2011 das mãos do rei sueco Carl

Gustaf XVI em Estocolmo, Suécia Melhorar práticas agrícolas…

O acesso à água potável e serviços de saneamento básico é fundamental

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Melhorar a efi ciência e a sustentabilidade do uso da água também é vital para que a crescente demanda por ener-gia seja abastecida. As passo que os países se tornam mais ricos e mais populosos, a demanda industrial por água deve aumentar. Na China, por exemplo, mais da metade do aumento da demanda por água nos próximos 25 anos deverá ser resultado de uma expansão signifi ca-tiva em seu setor industrial.Sob o cenário de investimentos verdes previsto no Relatório Economia Verde, o uso global da água pode ser mantido dentro de limites sustentáveis e o Objetivo de Desenvolvi-mento do Milênio de reduzir pela metade a proporção da população sem acesso sustentável à água potável e sanea-mento básico poderia ser alcançado até 2015.Com um investimento anual de US$ 198 bilhões, ou 0,16 por cento do PIB global até 2030, o uso da água poderia se tornar mais efi ciente, permitindo um aumen-to sustentável da produção agrícola, de biocombustíveis e industrial. Sob esse cenário, o número de pessoas vi-vendo em regiões com carência de água seria quatro por cento menor do que no cenário habitual, e sete por cento menor em 2050.O relatório destaca vários estudos de caso onde os inves-timentos verdes em água estão produzindo benefícios econômicos e ambientais.Como parte de seu plano de cinco anos para o Cresci-mento Verde, a República da Coréia, por exemplo, anun-ciou, em 2009, um investimento de US$ 17,3 bilhões em seu Projeto de Restauração de Quatro Grandes Rios. Os cinco principais objetivos do projeto são proteger os recursos hídricos contra a escassez de água, implementar medidas de controle de enchentes, melhorar a qualidade

“A Economia Verde é aquela que resulta em melhorias humanas do bem-estar e equidade social, redu-zindo signifi cativamente a escassez ambiental e ecológica.”

Olhem como se faz …

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torar a concorrência entre os setores de uso da água. Promover o desenvolvimento tecnológico - Novas tecnologias podem ajudar a aliviar a pressão sobre os recursos hídricos, mediante devida averiguação antes da implantação. Conduzir pesquisas mais amplas, preencher lacunas de dados, desenvolver ferramentas regionais - Apoiar a cooperação internacional em pesquisas sobre os impactos da bioenergia sobre a água; abordar questões emergentes e pouco exploradas como o potencial e o risco de zonas costeiras / microalgas, microalgas terrestres e organismos geneticamente mo-dificados; monitorar necessidades diárias para preencher lacunas de dados e verificar a conformidade com os regulamentos de produção sustentável; considerar que avaliações de impactos são inadequadas sem ferramen-tas regionais que avaliem os impactos no local.

da água e, ao mesmo tempo, restaurar ecossistemas de bacias hidrográficas, e desenvolver regiões locais e espa-ços de cultura e lazer em torno de grandes rios.No geral, espera-se que o projeto crie 340 mil empregos e gere um valor estimado em US$ 31,1 bilhões em efei-tos econômicos positivos da restauração dos rios para a saúde.

O uso da água para produção de bioenergia é o assun-to de outro novo relatório, também lançado na Sema-na Mundial da Água. O relatório trata da ligação entre bioenergia e água e foi produzido conjuntamente pelo PNUMA, a Oeko-Institut e a Agência Internacional de Energia. Fontes sustentáveis e renováveis de energia são uma par-te essencial da transição para uma economia verde de baixo carbono e eficiência de recursos. Todas as formas de energia têm, em maior ou menor grau, um impacto sobre os recursos hídricos, e a relação entre a água e a bioenergia (energia renovável derivada de materiais orgânicos, como a biomassa, madeira ou subprodutos agrícolas) é particularmente complexa.Este relatório conclui que a demanda da bioenergia por água é em grande parte relacionada com o cultivo e processamento de matérias-primas, que por sua vez têm implicações importantes para a agricultura sustentável, o uso da terra e a produção de alimentos.Em um mundo onde mais de 70 por cento da água doce mundial é utilizada para a agricultura, o relatório diz que o desenvolvimento de bioenergia deve ser cuidadosa-mente planejado para evitar uma pressão maior que a já existente. Esse planejamento deve refletir a crescente necessidade por matérias-primas para usos como ali-mentos, rações e fibras, considerando a estimativa de que a população mundial deve chegar a nove bilhões de pessoas em 2050. Em alguns casos, essas considerações podem até argumentar contra o desenvolvimento da bioenergia.No entanto, o relatório descreve as circunstâncias em que o desenvolvimento bem planejado da bioenergia pode melhorar práticas agrícolas — incluindo a promoção da eficiência hídrica e uso de fertilizantes sustentáveis — e

Bioenergia bem planejada é chave para a Economia Verde

até mesmo melhorar o acesso à água, graças ao bombe-amento de água e limpeza com uso de bioenergia, assim como segurança alimentar, no caso de sistemas combi-nados de produção de alimentos com bioenergia.

Abordagem holística e perspectiva de longo-prazo - Considerar o contexto para identificar o melhor uso para a água. Adotar uma abordagem de ciclo de vida, considerar interrelações com a necessidade de outros re-cursos e levar em conta toda a bacia hidrográfica. Basear decisões em avaliações de impacto para assegurar um manejo sustentável da água - analisar sistemas de bioenergia a partir de uma perspectiva socioeco-lógica compreensiva. Promover o uso sustentável da terra e da água.Criar e implementar políticas efetivas rela-cionadas à água - Esses programas devem prever a produção de matéria-prima e conversão de energia e moni-

As recomendações do relatório incluem:

Prêmio Estocolmo da Água 2011 Junior. Vencedor Alison Bick e H.R.H, com a Princesa Victoria da Suécia

Um investimento de 0.16% do PIB mundial no setor hídrico poderia diminuir a

escassez de água e reduzir pela metade o nú-mero de pessoas sem acesso à água potável

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A pesquisa, realizada com mais de 6.600 consumidores e 200 formadores de opinião em 10 países, ainda aponta que a preferência por embalagens recicláveis tem cresci-do e já representa 88% do total. Cerca de 77% também afirmaram que compraram determinados produtos e não outros, porque a embalagem era melhor para o ambiente.O levantamento também analisou o comportamento dos fabricantes de alimentos e varejistas. Neste público, cerca de 83% dos entrevistados indicaram que consideram o impacto ambiental na escolha de soluções de embala-gens, seguindo a tendência dos consumidores.Como o interesse pelo assunto sustentabilidade está aumentando, cerca de 60% dos entrevistados afirmam entender termos ambientais complexos como “pegada de carbono”, por exemplo. Mais da metade dos consumi-dores buscam por produtos que forneçam informações sobre o impacto ambiental e afirmam que a falta de dados e selos era um problema em seu comportamento de compra. “Estes resultados ressaltam a necessidade dos fabricantes de alimentos, varejistas e empresas de embalagens oferecerem produtos mais ecológicos e que permitam aos consumidores fazer escolhas conscientes e sustentáveis”.A pesquisa também mostra que os consumidores que-rem fazer escolhas mais “verdes”, sem comprometer o

e acordo com pesquisa global realizada pela Tetra Pak, os consumidores de todo o mundo estão cada vez mais conscientes e tomando atitudes para preservar o meio

ambiente. O relatório, que comparou o comportamento das pessoas entre 2005 e 2011, mostra uma mudança positiva, principalmente no Brasil, na China, na França, na Alemanha e nos Estados Unidos.

O estudo destaca que quase 70% dos consumidores pesquisaram “questões verdes” nos últimos 12 meses. Um grande aumento se comparado com os menos de 40% dos pesquisados em 2005. O percentual de consu-midores que descartam suas embalagens e resíduos para a reciclagem também aumentou, saltando de 70% em 2007 para 90% em 2011.

Pesquisa aponta que o consumidor está mais sustentávelD

custo e qualidade. A maioria dos entrevistados, cerca de 78%, disseram que estariam dispostos ou extrema-mente dispostos a comprar alimentos ou bebidas em embalagens “verdes” se fossem o mesmo preço que os tradicionais.Além disso, cerca de 74% dos consumidores disseram que estariam dispostos ou extremamente dispostos a comprar produtos “verdes” se a qualidade fosse a mesma que os tra-dicionais. Já cerca de 28% dos consumidores afirmam que vão comprar produtos em embalagens menos prejudiciais ao meio ambiente, mesmo que custem mais.

Consumidores querem fazer escolhas mais “verdes”, sem comprometer o custo e qualidade

Escolhas conscientes e sustentáveis

Consumidores afirmam que vão comprar produtos em embalagens menos prejudiciais ao meio ambiente

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excessiva carga de nutrientes das mas-sas de água é uma das principais causas da poluição da água mundo e controlar os níveis de nutrientes em bacias hi-

drográfi cas é um objetivo primordial dos pesquisadores ambientais. Durante as duas últimas décadas, muitas pesquisas têm mostrado que os ecossistemas com mais espécies são mais efi cientes na remoção de nutrientes do solo e da água que são ecossistemas com menos spe-cies. Isso levou alguns a sugerir que a conservação da biodiversidade pode ser uma ferramenta útil para gerir a absorção de e armazenamento de nutrientes, mas esta sugestão tem sido controversa, em parte porque os me-canismos específi cos biológicos através dos quais a di-versidade de espécies infl uencia a absorção de nutrientes não foi identifi cado. Aqui eu uso um sistema modelo de fl uxo de biofi lmes para mostrar que a partição de nicho entre as espécies de algas pode aumentar a captação e armazenamento de nitrato, um poluente nutrientes de interesse global. Eu manipulei o número de espécies de algas que crescem nos biofi lmes de 150 mesocosmos em córrego que tinha sido criado para imitar o fl uxo varieda-de de habitats e regimes de perturbação que são típicas de fl uxos naturais. taxas de absorção de nitrogênio, como medido por meio de nitrato de 15N-rotulados, aumen-tou linearmente com a riqueza de espécies e foram ex-pulsos por diferenças de nicho entre as espécies. Como as diferentes formas de algas passaram a dominar cada um habitat único em um córrego, as comunidades mais

Biodiversidade melhora a qualidade da água A

diversifi cadas tem conseguido uma maior biomassa e maior absorção de 15N. Quando estas oportunidades de nicho foram removidos, tornando todos os habitats em um uniforme de fl uxo, a diversidade não infl uenciou a absorção de nitrogênio e biofi lmes., houve colapso de uma única espécie dominante. Estes resultados for-necem evidências diretas de que as comunidades com mais espécies de tirar o maior partido das oportunidades de nicho em um ambiente, e isso permite que diversos sistemas para capturar uma maior proporção de biologi-camente recursos disponíveis, tais como nitrogênio. Uma implicação é que a biodiversidade pode ajudar a conter ecossistemas naturais contra os impactos ecológicos da poluição por nutrientes.

A biodiversidade é portanto, efi caz contra a poluição nos cursos d’água. Ambientalistas há muito tempo alertam que a dimi-nuição da biodiversidade resulta na perda de serviços

Rios sob ameaças globais para Rio Biodiversidade (BD)

Biodiversidade é vital para limpeza dos rios

Ameaças globais à segurança humana Água (HWS) contabilização de investimentos em infra-estrutura benéfi ca

Variedade de tipos de algas que removem os poluentes da água. Esta imagem de microscópio mostra várias espécies de algas semelhantes às utilizadas no estudo da biodiversidade da Universidade de Michigan

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62 REVISTA AMAZÔNIA revistaamazonia.com.br

Bradley Cardinale.“Uma implicação (do estudo) é que, se nós deixarmos a natureza fazer suas coisas, não temos de correr para criar usinas muito caras de tratamento de água por todo o planeta”, afirmou Cardinale.

Para chegar a essas conclusões, Cardinale usou 150 mi-niatura de (rios)córregos, que utilizam a recirculação de

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ecológicos como a limpeza dos rios, controle de pragas e doenças e aumento da produtividade na pesca. O estudo mais recente, de Bradley J. Cardinale, da Uni-versidade do Michigan, mostra como isso funciona, de-monstrando que cursos d’água que contêm mais espé-cies de microorganismos, têm água de melhor qualidade do que aqueles com menos espécies. As espécies como as algas, que incorporam a seu corpo partículas de poluição. Quanto maior o número de tipos de algas, cada uma com um habitat minuciosamente diferente, melhor elas agem coletivamente na filtragem da poluição da água. “Se mantivermos os rios em seu estado naturalmente di-versificado, esses cursos d’água que amamos por sua re-creação, beleza, pesca, etc...terão o benefício tangencial de limpar nossa água para nós”, disse o autor do estudo,

The ovals show the mean (centre of image) ± 95% confidence interval (boundary of image) of cell den-

sities along two axes of a species niche (successional age of habitat and near-bed velocity). Filamentous

algae that are susceptible to shear…

Rios em Miniatura

Niche partitioning by algae

Patch age (days since disturbance)

50

40

30

20

10

00 10 20 30 40 50

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Achnanthidium Scenedesmus

Nitzschia

Synedra

Melosira

Stigeoclonium

Spirogyra

água em canais de imitar a variedade de condições de escoamento encontradas em correntes naturais. Ele usou entre um e oito espécies de algas em cada um dos mini-rios, medindo a capacidade de cada comunidade de algas para absorver nitrato, um composto de nitrogênio que é

Segurança da água doce e da biodiversidade em sistemas

fluviais em todo o mundo

Córregos e rios que têm mais espécies são mais capazes de remover poluentes da água

Brad

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Card

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e

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revistaamazonia.com.br REVISTA AMAZÔNIA 63

Cardinale disse haver poucas dúvidas de que essa ten-dência, amplamente causada pela destruição dos locais onde as espécies vivem, já começou. A taxa de extinção agora é de 100 a 1000 vezes mais rá-pida do que o normal e de 30 a 50 por cento das espécies poderão estar extintas até 2.100, disse Cardinale.

um poluente nutrientes de interesse global. Ele descobriu que a absorção de nitrato aumentou linearmente com a riqueza de espécies. Em média, a mistura de oito espé-cies removidas nitrato de 4,5 vezes mais rápido do que uma única espécie de algas que crescem sozinhas.“A primeira implicação deste estudo é que, natural-mente, diversos habitats são muito bons a limpeza dos poluentes que despejo no meio ambiente e perda da biodiversidade, através da extinção de espécies pode es-tar comprometendo a capacidade do planeta para limpar depois de nós”, disse Cardinale. .Porque são mais diversas correntes mais filtros poluente? Partição de nicho, disse Cardinale. Nos experimentos de fluxo, cada uma das espécies de algas foi melhor adapta-da a um habitat particular no fluxo e gravitou para esse local - o seu nicho ecológico. Quanto mais espécies de algas foram adicionados, mais dos habitats disponíveis foram utilizados, eo fluxo tornou-se um grande esponja, mais absorvente para a absorção de nitrato e armazena-mento … O estudo foi financiado pela Fundação Nacional da Ci-ência. Descobrir os benefícios da biodiversidade é importante porque os cientistas observam que a Terra entrará em um período de extinção em massa quando cerca de 75 por cento ou mais da vida no planeta desaparecer para sempre.

Cardinale usou 150 miniatura de (rios)córregos, com água circulando para imitar a variedade de condições de escoa-mento encontradas em correntes naturais

0.8 125 1.0ba c

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Algal diversity effects on NO3−, algal biomass and final

population sizesa–c, Heterogeneous streams, with flow varying spatially and habitats varying in successional age. d–f, Homoge-neous streams, in which niche opportunities had been

removed. Data are presented as mean ± s.e.m. of 24 replicates for monocultures,…

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Bradley J. Cardinale, da Universidade do Michigan, expert em ecologia, biologia de água doce, biodi-

versidade e funcionamento dos ecossistemas

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do curso d”água dos dois rios. Enquanto as margens do Amazonas distam de 1 a 100 quilômetros, a largura do rio subterrâneo varia de 200 a 400 quilômetros. Por outro lado, as águas do Amazonas correm de 0,1 a 2 metros por segundo, dependendo do local. Embaixo da terra, a velocidade é muito menor: de 10 a 100 metros por ano.Há uma explicação simples para a lentidão subterrânea. Na superfície, a água movimenta-se sobre a calha do rio, como um líquido que escorre sobre a superfície. Nas pro-fundezas, não há um túnel por onde a água possa correr. Ela vence pouco a pouco a resistência de sedimentos que atuam como uma gigantesca esponja: o líquido caminha pelos poros da rocha rumo ao mar.

esquisadores do Observatório Nacional (ON) encontraram evidências de um rio subterrâneo de 6 mil quilômetros de ex-tensão que corre embaixo do Rio Amazo-

nas a uma profundidade de 4 mil metros. Os dois cursos d”água têm o mesmo sentido de fluxo - de oeste para leste -, mas se comportam de forma diferente.A descoberta foi possível graças aos dados de tempera-tura de 241 poços profundos perfurados pela Petrobrás nas décadas de 1970 e 1980, na região amazônica. A estatal procurava petróleo.Fluidos que se movimentam por meios porosos – como a água que corre por dentro dos sedimentos sob a Ba-cia Amazônica – costumam produzir sutis variações de temperatura.Com a informação térmica fornecida pela Petrobrás, os cientistas Valiya Hamza, da Coordenação de Geofísica do Observatório Nacional, e a professora Elizabeth Tavares Pimentel, da Universidade Federal do Amazonas, iden-tificaram a movimentação de águas subterrâneas em profundidades de até 4 mil metros.Os dados do doutorado de Elizabeth, sob orientação de Hamza, foram apresentados na semana passada no 12º Congresso Internacional da Sociedade Brasileira de Geo-física, no Rio. Em homenagem ao orientador, um pesquisador indiano que vive no Brasil desde 1974, os cientistas batizaram o fluxo subterrâneo de Rio Hamza.

A vazão média do Rio Amazonas é estimada em 133 mil metros cúbicos de água por segundo (m3/s). O fluxo subterrâneo contém apenas 2% desse volume com uma vazão de 3 mil m3/s - maior que a do Rio São Francisco, que corta Minas e o Nordeste e beneficia 13 milhões de pessoas, de 2,7 mil m3/s. Para se ter uma ideia da força do Hamza, quando a calha do Rio Tietê, em São Paulo, está cheia, a vazão alcança pouco mais de 1 mil m3/s.As diferenças entre o Amazonas e o Hamza também são significativas quando se compara a largura e a velocidade

Rio subterrâneo de 6 mil km embaixo do Rio Amazonas

P

Hamza e Elizabeth apontam a existência do que os pes-quisadores chamam de “dois grandes sistemas de des-cargas de fluidos na Amazônia”: o Rio Amazonas, com seus 6.100 km de extensão, e o fluxo oculto das águas subterrâneas.Segundo os dados apresentados por Elizabeth, o fluxo subterrâneo é praticamente vertical – de cima para bai-xo – nos primeiros 2 mil metros. Depois, nas camadas mais profundas, muda de direção, tornando-se quase horizontal. Depois de atravessar as bacias do Solimões, Amazonas e Marajó, o rio alcança o fundo do mar, perto

CaracterísticasTemperatura

Como o rio subter-râneo se formou

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revistaamazonia.com.br REVISTA AMAZÔNIA 65

da foz do Amazonas.Hamza argumenta que as descargas do fl uxo subterrâ-neo de água doce poderiam explicar os bolsões de baixa salinidade comuns no litoral da região.O geólogo Olivar Lima, da Universidade Federal da Bahia, assistiu à apresentação do trabalho e, na ocasião, mos-trou aos autores mais dados, obtidos em outros poços perfurados pela Petrobrás na foz do Amazonas, que confi rmam as conclusões do estudo. Porém, acha um exagero classifi car a descoberta como um rio.“Os resultados são muito bons”, afi rma Lima. “Só não acho correto propor a existência de um rio subterrâneo.” Ele argumenta que os dados permitem afi rmar a existên-cia de um imenso fl uxo de água através das formações permeáveis da Bacia Amazônica. Mas a velocidade seria muito baixa para justifi car a categoria de rio.Contudo, se por um lado a velocidade não se compara à de um rio convencional, o volume de água assume ordens de grandeza que tornariam compreensível tal comparação, reconhece o pesquisador.A descoberta, por enquanto, não mudará a vida das populações que habitam a Bacia Amazônica. Como o rio está a uma profundidade muito grande e há muita água doce na superfície, não seria economicamente razoável perfurar a terra para acessar o curso d”água. O estudo pode ajudar, no entanto, a prospecção de petróleo.

Há dois anos, cientistas italianos descobriram um rio sub-terrâneo que corre embaixo de Roma, mais extenso que o Tibre – o terceiro maior da Itália, com 392 quilômetros. Assim como o brasileiro, o rio subterrâneo italiano foi en-contrado graças a dados de perfuração de poços.

Na edição nº 22 da revista Amazônia, veiculamos matéria sobre o Aquífero Alter do Chão, quatro vezes mail que o Guarani. Quem sabe, tenha a ver com a descoberta do sub-terrâneo de Rio Hamza? Com a palavra, os entendidos...

Representação esquemática dos principais aqüíferos brasileiros

Recordando

No Brasil, outra reserva de água subterrânea é o Aquífero Guarani, com 45 milhões de litros. A maior parte fi ca no Brasil, mas ele também se estende no Paraguai, Uruguai e Argentina.

A pouca evaporação da Província Amazonia, motivada pela elevada umidade do ar e a cobertura fl orestal, contribui tam-bém para uma maior absorção das águas superfi ciais pelas suas rochas.

REVISTA |AMAZÔNIA 25

Divisão geológica esquemática simplificada da Amazônia.Fonte: Inpe (2006) e Petrobrás (1994), modificados.

A pesquisa do Aqüífero Alter do Chão, foi coordenada

pelos professores Francisco Matos de Abreu, André

Montenegro Duarte e Mário Ramos Ribeiro da (UFPA),

com a participação dos professores Milton Matta (UFPA) e

Itabaraci Cavalcante (UFC), em sua fase preliminar,

necessita ter continuidade, diz Matos, o que o grupo

tenta viabilizar por meio de parcerias que estão sendo

buscadas em diferentes instituições.

Francisco de Assis Matos de Abreu – Geólogo – Doutor

em Geologia, Professor Associado II da Universidade

Federal do Pará -.Faculdade de Geologia do Instituto de

Geociências da IG/UFPA. Coordenador da Câmara Técnica

do Plano Estadual de Recursos Hídricos do Pará. Membro

da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do

CREA/PA. Ex-consultor do Banco Mundial e consultor de

várias empresas e instituições. Coordenador dos Cursos

de Especialização a Distância do IG/UFPA. E-mail:

[email protected]

Milton Antônio da Silva Matta – Geólogo – Doutor em

Hidrogeologia, Professor Associado II da Universidade

Federal do Pará – Faculdade de Geologia do Instituto de

Geociências da UFPA. Coordenador do Laboratório de

Recursos Hídricos e Meio Ambiente (LARHIMA) da UFPA.

Coordenador do Programa Binacional BRASIL-USAE,

envolvendo as univesidades Texas Tech e Florida – pelo

lado Americano e UFPA e UFRGS – pelo lado brasileiro.

Coordxenador do Curso de Especialização em Gestão

Hídrica e Ambiental da UFPA. E-mail: [email protected]. e

[email protected]

André Montenegro Duarte – Engenheiro Civil – Doutor

em Geociências. Professor Adjunto da Universidade

Federal do Pará – Instituto de Tecnologia – ITEC.

Consultor nas áreas de engenharia de avaliações,

engenharia legal, geotecnologias e recursos hídricos. Ex-

Membro do Conselho Regional de Engenharia,

Arquitetura e Agronomia (CREA/PA), tendo exercido a

vice-presidência (1999). Email: [email protected]

Itabaraci Nazareno Cavalcante – Geólogo – Doutor em

Hidrogeologia, Professor Associado II, do.Departamento

de Geologia do Instituto de Ciências da UFC. Coordenador

do Laboratório de Hidrogeologia do Instituto de

Geociências da UFC. E-mail: [email protected]

Mario Ramos Ribeiro – Economista, Doutor em

Economia, Professor Adjunto da Universidade Federal do

Pará – Instituto de Ciências Sociais Aplicadas – ICSA -

Consultor na área de economia do meio-ambiente; Ex -

presidente do Banco do Estado do Pará; Membro do

Conselho Diretor da FEBRABAN (Federação Brasileira de

Bancos) no período de 1997 – 2007. Email:

[email protected].

As águas amazônicas têm um valor estratégico para o Pais e para a humanidade ainda poucocompreendido pelos decisores da nação brasileira, e precisam ser entendidas na sua integralidade,dentro do que os especialistas denominam Ciclo Hidrológico. Mesmo longe das áreas mais desenvolvidasas águas da Amazônia têm uma influência indiscutível sobre todas as regiões do Brasil e têm que serentendidas nesse contexto. A água, além da importância que tem por si própria como mantenedora davida, como responsável pelo equilíbrio dos ecossistemas, com destaque para a floresta amazônica, pelacapilaridade que seus rios e igarapés emprestam como meio de transporte à maior bacia hidrográfica doplaneta, tem ainda um outro valor estratégico como commodity, ainda praticamente não discutido,acrescenta Ramos, se considerarmos que 18% da água doce da terra aqui se encontra. Os negóciosenvolvendo por exemplo a industria de água no mundo alcançam somas bilionárias.As pesquisas e os estudos que vêm sendo desenvolvidos por várias instituições (UFPA, EMBRAPA, INPA,Museu Emílio Goeldi, UFRA, UFAM, etc) focam a necessidade de compreender o frágil equilíbrio queexiste e que precisa ser mantido, na relação íntima entre floresta e água, absolutamente indissociáveis.Desse ponto de vista as águas da Amazônia podem ser consideradas sob dois aspectos diversos: a) pelouso direto ou indireto na geração de insumos e riquezas; b) pelo não-uso, como mantenedora doequilíbrio ecossistêmico de toda a grande Hiléia, no seu papel de para outras regiões brasileira serresponsável por gerar chuvas e transportar calor contribuindo para o equilíbrio climático, sendo assimfator determinante para atividades agrícolas de grande relevância econômica. Dessa forma é importanteentender que as águas circulando e a floresta em pé tem uma significativa importância para a economiado pais e não é absolutamente descabida a idéia de se estabelecer mecanismos de compensaçãofinanceira que como as águas, funcionem como meios de transferência também de renda entre asregiões brasileiras.Para que seja possível fazer algum tipo de política pública em relações às águas da Amazônia o primeiropasso é a valoração da água como ativo, isto é, como um bem econômico que gera renda na forma

1

2

3 4

57

6

8

Limite da Amazônia

Limite Cristalino/Bacia

Sedimentar

1-Acre2-Solimões

3-Amazonas

4-Foz do Amazonas

Aquífero Alter do Chão ou Aquifero Grande Amazônia

Batizado de Hamza em homenagem a um dos pesquisadores que participaram do estudo, rio corre a 4 mil metros de profundidade em meio a sedimentos; descoberta foi possível graças a dados de 241 poços perfurados pela Petrobrás

nas décadas de 1970 e 1980

Figura ilustra esquema de fl uxos de águas nas cama-das sedimentares profundas no rio Amazonas

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Jacek Palkiewicz, que liderou a expe-dição, aproveitou para lembrar que sua pesquisa foi confirmada no ano passa-do por informações do satélite coreano KOMPSAT-2, descartando a hipótese de que o rio tenha origem nas águas de uma lagoa ao pé do pico Mismi. As autoridades de Caylloma esperam que o estado declare como área natu-ral de proteção um terreno de 47,5 mil hectares, com um conjunto de picos da cordilheira Chila, morros, vales glaciais e lagoas.

embros da expedição que localizou origem do rio, a mais de 5 mil me-tros de altura, querem proteger a região da mineração.

Os expedicionários que encontraram a nascente do Rio Amazonas no desfiladeiro de Apacheta, no sul do Peru, em 1996, farão uma proposta para que a região seja declarada área natural de preservação pelo governo peruano. O objetivo é proteger a região da mineração. O estudo vai defender a importância geográfica e cultural da região. Para o grupo, a declaração de área protegida se justifica: trata-se de preservar a origem do maior rio do planeta e do maior sistema hidrográfico do mundo. Além disso, Novoa acredita que sua preservação estimulará o turismo, favorecendo os moradores da região.

Nascente do Amazonas deve virar área protegida no Peru

M

Os representantes da mineradora Bateas, filial da cana-dense Fortuna Silver Mines, que tem lotes nos arredores, afirmaram que deixarão a área desde que sua situação legal seja definida.

A expedição Amazon Source 96 encontrou a origem do Rio Amazonas no desfiladeiro de Apacheta, na cordi-lheira Chila, no Peru, a mais de cinco mil metros de al-tura. O grupo era chefiado pelo explorador polonês Jacek Palkiewicz e tinha integrantes da Sociedade Geográfica de Lima.

Foto: NASA/GSFC/JPL, MISR Team e Equipe Jacek Palkiewicz

A expedição

O Amazonas começa com o gelo que derrete no espelho de água, localizado a cerca de 5.000 metros de altura, e começa a turnê pela Amazônia

O exato local de origem do rio Amazonas

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Segundo a Sociedade Geográfica de Lima, começa no desfiladeiro de Apacheta em Arequipa. Versão contraria a teoria da National Geographic. A confirmação da origem da Amazônia, no desfiladeiro de Apacheta Caylloma província (Arequipa), não só ba-niu a partir da teoria da revista National Geographic, que diz que o rio teria sua gênese no Mismi – neve Arequipa, mas que iria mudar a história porque o nosso principal afluente viria a ser o mais longo no mundo, com 7,062 km, superando o Nilo (6,671 km) em África. Isto foi reve-lado por Zaniel Goicochea Novoa, presidente da Socieda-de Geográfica de Lima. “Após vários anos de pesquisas científicas, agora po-demos confirmar os resultados da expedição “Amazon Source 96”, disse Goicochea Novoa. O especialista explicou que o gelo derrete no espelho d’água, localizado a cerca de 5.000 metros de altura, e em forma líquida começa a turnê da Amazônia por seus afluentes, entre os quais se o Apurimac, o Orinoco, o Ma-ranon, Ucayali, entre outros. Ele acrescentou que esses estudos, apoiada por imagens de satélite dão peso às suas informações científicas, em comparação ao previsto pela revista National Geogra-phic, que, segundo Novoa Goicochea, apenas com base em dados de mapas e em uma visita à América do Sul no Pico Mismi.

Jacek Palkiewicz, que liderou a expedição, mostra o local exato

Confirmada a origem do rio Amazonas através de imagens de satélite

Governo peruano criação área protegida para conservar a região onde nasce o rio Amazonas, para a

defender da exploração mineira

Imagem de satélite do rio Amazonas

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municado Camilo Mora, da Universidade de Dalhouise, no Canadá, um dos autores do estudo. “Muitas espécies podem desaparecer antes mesmo de sabermos da sua existência, da função nos ecossistemas ou da potencial contribuição para melhorar o bem-estar humano”.

planeta Terra terá 8,7 milhões de espé-cies, das quais 2,2 milhões vivem nos oceanos, mas a grande maioria ainda está por descobrir, descrever e catalo-

gar, conclui um estudo publicado recentemente na PLoS Biology.A nova estimativa das espécies foi feita pelos cientistas (Camilo Mora, Derek P Tittensor, Sina Adl, Alastair G B Simpson & Boris Worm) que integraram um projeto de dez anos do Censos da Vida Marinha e baseia-se numa técnica de análise que permite uma estimativa mais precisa. Antes, apontava-se que o número de espécies existentes se situava entre os três e os 100 milhões.“A questão de quantas espécies existem intrigou os cientistas desde há vários séculos e a resposta é agora particularmente importante porque as várias atividades humanas estão acelerando as extinções”, disse em co-

Census of Marine Life calcula que existam 8,7 milhões de espécies no planeta

O Para chegarem a este número, os investigadores olharam para a árvore da vida, que faz agrupamentos artificiais cada vez maiores e mais gerais das espécies. Os humanos pertencem à espécie Homo sapiens, ao genero Homo, à família dos hominídeos (como o chimpanzé), à ordem dos primatas (juntamente com o lémure), à classe dos mamíferos (onde se inclui por exemplo o gato), ao filo dos cordados (que inclui peixes, aves ou répteis) e, fi-nalmente, ao reino dos animais, como as formigas, as anémonas e as lombrigas. Cada espécie é ordenada desta maneira. Por isso, desde que o naturalista sueco Carl Lineu começou a sistema-tizar a vida natural, no século XVIII, a ciência construiu uma árvore da vida para os animais, que inclui um reino, 32 filos, 90 classes, 493 ordens, 5403 famílias e 94,240 generos. As espécies até agora descobertas são 953.434. Mas, quando a equipe do Canadá desenhou um gráfico

Kiwa hirsuta. Esta espécie de lagosta foi encontra-da no Pacífico, em uma região próxima a Antártida. Foto: A. Fifis/IFREMER

Há 6,5 milhões delas em terra e 2,2 milhões na água. No entanto, cerca de 90% delas ainda precisam ser catalogadas

Scolopendra sp. Foto de Eric Guinther

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Harpaphe haydeniana.

Estrela do mar, descoberta no chão do fundo do mar do Ártico.

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Ainda a ser descoberto e catalogado, os cientistas estimam, são entre 74.000 e 90.000 espécies de plantas, algumas das quais podem ajudar a aumentar a produção mundial de alimentos. Este arroz selvagem, Oryza offi cinalis, fotografada nas Filipinas, inerentemente, resiste a pragas e doenças e tolera condições ambientais extremas. Os genes de tais espécies são utilizadas para mel-horar as variedades de arroz culti-vado. Imagem do International Rice Research Institute Os novos números apresentados pelo Censo da Vida Marinha

Oryza offi cinalis

Vigtorniella spFoto de Yoshihiro Fujiwara/JAMSTEC

Bathocyroe fosteri. Foto de Marsh Youngbluth

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com o número de cada nível da árvore, verificaram que se formava uma curva bem desenhada que previa a exis-tência de 7,77 milhões de espécies de animais.Foi assim que chegaram ao número total de espécies, de-pois de aplicarem a mesma estimativa a todas os reinos da Vida, o que inclui, entre outros, plantas e fungos. Ao todo, 91 por cento das espécies que povoam os oceanos e 86 por cento das que estão em terra ainda são desco-nhecidas. Ou seja, já estão catalogados 1,32 milhões de espécies. As estimativas obtidas em relação às bactérias e aos protozoários não são tão seguras. “Se não soubermos qual o número de pessoas de uma nação, como poderemos planear o futuro?”, questionou Boris Worm, outro membro da equipe, também da Uni-versidade de Dalhousie, comparando o problema com a biodiversidade. “A humanidade comprometeu-se a salvar as espécies da extinção, mas até agora tínhamos apenas uma pequena ideia de quantas existem”, acrescentuou. Boris Worm refere que a Lista Vermelha da União Inter-nacional para a Conservação da Natureza, recentemen-te atualizada, aponta para 59.508 espécies, das quais 19.625 estão classificadas como ameaçadas, ou seja, menos de um por cento das espécies de todo o mundo.O estudo sugere ainda que com as técnicas tradicionais para descobrir e descrever espécies só daqui a 1200 anos, através do trabalho de 300 mil especialistas, e gastando 364 mil milhões de dólares (252 mil milhões de euros) é que as 8,7 milhões de espécies entrariam no catálogo da vida. No entanto, os cientistas notam que as novas téc-nicas de ADN vão reduzir certamente o custo e o tempo desta empreitada.

Histiophryne psychedelica. Peixe psi-codélico, encontrado na Indonésia .

Foto de David Hall

No novo Centro de Darwin no Museu de História Natural, em Londres. Fotografia: Linda Nylind

Chondrocladia turbiformis (Meliiderma). Esponjas carnívoras do Pacífico

Archaeidae. Descoberto junto com outras nove novas espécies de aranhas em Mada-gascar. As espécies são caracterizadas por seus pescoços extraordinariamente longos e maxilares e que comer outras aranhas. Foto de Jeremy Miller

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Concurso global de imagens da vida selvagem

A foto vencedora do Grande Prêmio, mostra uma águia-pescadora em ação. Foto: Peter Cairns

Imagens estão expostas no Museu Smithsonian, em Washington (EUA)

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Museu Smithsonian de História Natural, em Washington (EUA), está exi-bindo até 25 de setembro as fotos vencedoras do concurso anual Windland Smith Rice International Awards da revista Nature’s Best Photography, que escolhe as melhores imagens da vida selvagem ao redor do mundo .

O concurso recebeu mais de 20 mil inscrições, de imagens que capturam momentos únicos da vida selvagem em 56 países. As fotografi as capturam cenas do cotidiano de animais em fl orestas, geleiras, planícies, montanhas e oceanos de todo o mundo. A imagem vencedora do Grande Prêmio, do fotógrafo escocês Peter Cairns, mostra uma águia-pescadora em ação na Finlândia. Segundo o museu, o concurso almeja “reconhecer a paixão e a dedicação de fotógrafos da natureza”. Um júri formado por três profi ssionais escolheu as 147 melhores fotografi as em 19 catego-rias, que incluem “Zoológicos e Aquários” e “Pessoas na natureza”. “A cada ano as imagens enviadas para a competição continuam a nos surpreender e impressionar. Na medida em que a tecnologia digital evolui, melhora também a qualidade das imagens produzidas”, diz Steve Freligh, fundador da revista Nature’s Best Photography e presidente do comitê da premiação.

O

Premiada na categoria “Zoológicos e Aquá-

rios”, a foto acima mos-tra o encontro de um

fi lhote de pato com um gorila no Zoológico do Bronx, em Nova York.

Foto: Tom Warren

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Serviço:Os produtos artesanais podem ser en-contrados nas lojas de souvenirs dentro da RDSA. As encomendas são realizadas através da gerente de vendas, Nezimar Oliveira, pelo telefone (97) 9902-9392 ou (97) 8116-1908 e pelo e-mail [email protected]. Os preços das peças artesanais variam de R$ 5 a R$ 180. Para mais informações sobre a Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Amanã, acesse www.mamiraua.org.br

A melhor foto da categoria de Pássaros, acima, mostra duas águias carecas, uma mais velha e uma mais nova, no Estado do Alaska, nos Estados Unidos. Foto: Albert Valentino

Caranguejo da ilha de Madagascar, na África. Foto: Cristina Mittermeier

Urso polar do Ártico se sacode para secar o pelo. Foto: Eric Coomes

O sol do meio-dia ilumina a poeira dentro de uma caverna subterrânea do cânion Antelope, no Estado do Arizona, nos EUA. Foto: Peter Lik

Durante a cerimô-nia de premiação no Museu Smith-sonian

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Vencedora da categoria de Foto Digital Criativa, a montagem de fotos acima mostra a preparação pulo de um sapo entre duas plantas, na Espanha. Foto: Francisco Mignorance

Flamingos sobrevoam monta-nhas cobertas de neve na Pata-

gônia chilena. Foto: Ben Hall

Beija-flor se defende do ataque de uma víbora, na Costa Rica. Foto:Bence Máté

Os melhores fotógrafos da natureza na cerimônia de premiação

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76 REVISTA AMAZÔNIA revistaamazonia.com.br76 REVISTA AMAZÔNIA revistaamazonia.com.br

Esta parceria entre Embrapa e Jardim Zoológico de Brasília, além de assegurar a manutenção do material genético que foi depositado no BBGA, objetiva o de-senvolvimento de pesquisas de reprodução assistida e de conservação de espécies nativas do Cerrado. Animais que morrerem no zoológico terão amostras de tecido coletadas para a criopreservação de células somáticas e de espermatozóides, trabalho que será realizado na Em-brapa Cerrados sob coordenação do pesquisador Carlos Frederico Martins.

ecentemente o Banco Brasileiro de Ger-moplasma Animal- BBGA, recebeu, como fi el depositário, do Jadim Zoológico de Brasília, 604 palhetas de células somá-

ticas criopreservadas referentes a 16 indivíduos de 14 espécies de animais silvestres existentes no referido Zo-ológico. Dentre as espécies estão a onça pintada, raposa, gato do mato, jaguarundi, tamanduá bandeira, macaco prego, quati, macaco aranha, bisão, lobo guará, cachorro do mato, leão, jaguatirica e tigre.

Embrapa tem banco genético de espécies da AL

R O material coletado será depositado no BBGA e poderá ser utilizado em futuras pesquisas que auxiliem na con-servação desses recursos genéticos como:caracterização genética, auxílio no manejo genético e produtivo, clonagem, recuperação de animais feridos, entre outras.Além disso, Embrapa e Jardim Zoológico de Brasília pretendem trabalhar juntas no manejo de capivaras. Atualmente há uma superpopulação desta espécie no zoológico e entorno. A proposta é estudar o comporta-

Alexandre Floriani Ramos *por

Parceria entre Embrapa e Jardim Zoológico de Brasília para a conservação de recursos genéticos animais.

Botijão Criogênico BBGA

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mento desses animais e traçar uma estratégia de manejo genético e de controle populacional desses animais. Este trabalho será realizado com apoio da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia através do pesquisador José Roberto Alencar Moreira.Esta parceria é um grande avanço para a conservação de recursos genéticos animais uma vez que o Jardim Zoológico possui uma grande diversidade de espécies e a Embrapa o conhecimento e a tecnologia necessária para assegurar a coleta, a multiplicação e a manutenção deste material genético.

[*] Curador do Banco Brasileiro de Germoplasma Animal Pesquisador A da Embrapa Recursos

Genéticos e Biotecnologia

Lobo-guará

Macaco-prego

Tamanduá

Vista superior do BBGA

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Camillo Vianna * e Walter Chile **por

O grande chuveiroQue no Tapajós desabouDeixou debaixo d’aguaO cemitério que de bubuia fi cou

Dois bichos cascudosQuando se põem a lutarFazem barulho infernalQue parece nunca acabar

O pássaro pega a cobraE no céu vão se atracarA luta leva bom tempoAté um deles fi nar

Pirarucu peixe-cobraCoisa difícil de acharQuem topa com um delesCom certeza vai se assombrar

A surucucu mudou de nomePor causa da devastaçãoNa orla de BelémÉ chamada sucuri e veio para assombrar

A cobra Pepeua estufa o papoComo se fosse atacarMas tudo é faz de contaEla não tem veneno pra injetar

Curiosidades do Reino das Amazonas II

O peixe elétricoQuando quer se alimentarDá choque em açaizeiroPara os caroços derrubar

O poraquê de 600woltsEstá pronto para lutarNem o jacaré se atrevePois é capaz de se fi nar

Os grandes gatos pintadosQuando querem rafearUrram procurando a fêmeaAté que a possa encontrar

Quando a água é muito grandeE a chuva vem encostarComeça o desbarrancamentoQue acaba com a fauna e a fl oraQue existam no lugar

No tempo da seca brabaA terroada faz estragoPrejudicando tudo que é bichoPoucos conseguem escapar

A peixarada também morreDesde a traíra, pirarucu, tamuatáDeixando com muita fomeO pessoal do lugar

A situação está piorandoNão dá prá acreditarOs piratas estão retornandoE danam-se a atacar, roubar e matar

Os ribeirinhos com medoComeçam a debandarAbandonam suas casasLevando o que podem carregar

O peixe elétricoQuando quer se alimentarDá choque em açaizeiroPara os caroços derrubar

O poraquê de 600woltsEstá pronto para lutarNem o jacaré se atreve

O pássaro pega a cobra

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A mortandade foi grande não deu para contarNem a corujinha do tabocal consegue escaparA água desapareceE a fauna tende a acabar

A caça dos animais silvestres está indo a todo vapor É ingenuidade acreditarQue tudo está na Paz do Senhor

Senhora SantanaSenhor São JoaquimNa hora da morteLembrai-vos de mim

A bio-piratariaAumenta sem pararO meio-ambiente vai se acabandoE ninguém consegue frear

Outra novidade acontece por aquiRibeirinhos lanceiam botosQue correm o risco de acabarIsso não dá pra aceitar

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Pesca predatória mais recenteNa Costa do Salgado e AmapáTubarões são mortosPara suas barbatanas exportar

Amazônia é mar abertoPara quem quiser pescarTodos fazem o que queremSem pensar em preservar

O desperdício é imensoNão dá para avaliarA última secura do AmazonasFoi de amargar [*] SOPREN/ SOBRAMES [**] UFPA

Os grandes gatos pintados

O peixe elétrico, poraquê de 600wolts

Ribeirinhos lanceiam botos

A surucucu mudou de nome

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toda essa sabedoria produzida em território nacional não foi transformada em riqueza na mesma proporção. O secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério de Ciência e Tecnologia, Ronaldo Mota, admite as dificuldades. “Os contrastes do imenso Brasil também se refletem no campo da ciência”, disse em en-trevista à Deutsche Welle.Ainda assim, Mota se diz otimista quando considera o perfil do brasileiro. “Somos um povo criativo, mas isso não quer dizer inovador. Inovar é transformar esse potencial de criatividade em negócios. Associar isso à geração de produtos, processos, definir novas funcionali-dades para produtos antigos. Há um espaço enorme para o Brasil crescer, temos potencial.”

Nos anos de 1990, o Brasil era responsável por apenas 1% da produção científica global. No final da década de

novar é a chave do crescimento econômico e pros-peridade, prega o Índice Global de Inovação (GII, na sigla em inglês), que acaba de lançar o ranking 2011. Saltando do 60º lugar, em 2010, o Brasil

aparece este ano na 47ª posição, à frente de países como Rússia, Índia e Argentina, mas atrás de China (29º), Por-tugal (33º), Chile (39º) e Costa Rica (45º), numa lista de 125 países.As primeiras colocações não são de causar espanto: a Suíça lidera o GII, a Suécia vem logo em seguida, os Es-tados Unidos aparecem em sétimo e a Alemanha em 12º lugar. Se a inovação sempre foi responsável pelo relativo sucesso desses países, agora, numa realidade de crise e corrida pela estabilidade, “mais do que nunca, ela é ainda mais decisiva”, avalia Ben Verwaayen, do conselho do GII, que tem entre seus membros diversos órgãos das Nações Unidas e a Comissão Europeia.O Brasil tem um contexto bastante peculiar. Apesar da acelerada evolução do conhecimento científico no país,

Índice de inovação: Brasil melhorou, mas ainda inova pouco

I 2010, a participação cresceu para 2,7%. “Isso é muito bom. Significa que o país, em todas as áreas teve um crescimento significativo na sua capacidade de produzir conhecimento”, afirma Mota, acrescendo que a produção científica brasileira cresce em ritmo cinco vezes maior do que o mundial.Mas nem todo esse saber encontra um fim que impacte o sistema produtivo e ajude a nação a gerar riquezas. Esse abismo que separa o meio acadêmico do empre-sarial também se deve à desconfiança com que muitas instituições de ensino veem a presença de empresas nos campi universitários – é quase um divórcio, descontrai Mota.“Exatamente o que a Alemanha tem de mais interes-sante, que é a definição ou influência das suas linhas de pesquisa tendo em vista as demandas provenientes da sociedade, especialmente dos empresários, isso no Brasil ainda é uma cultura em implantação, numa velocidade que poderia ser mais acelerada”, comenta o secretário. O

Abismo e divórcio

À frente da Índia, mas atrás do Chile, inovação no Brasil ainda deixa a desejar. Apesar da produção científica ter dado um salto, país falha em transformar conhecimento em negócios, aponta Índice Global de Inovação

Tecnologia + Meio Ambiente = Prosperidade para o Agronegócio

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maior exemplo dessa política alemã, que contribui para que o país inove sempre, é o Instituto Fraunhofer, que conta com 80 centros de pesquisa em todo o território alemão.Do lado empresarial brasileiro, Paulo Mol, gerente executivo de estudos e políticas industriais da CNI (Confederação Nacional das Indústrias), admite que “a conversa entre indústria e universidade não é bem feita.” E talvez seja esse um dos grandes desafios que o Brasil tem à sua frente, rumo a um crescimento sustentável e permanente.

Por outro lado, o agronegócio brasileiro conseguiu transpor esse vão e dar ao país a posição de liderança em muitos setores, como grãos, exportação de carne bovina e de sucos. E isso aconteceu não só porque o solo brasileiro é bom, como destaca Mota: “Mas essen-cialmente porque foi uma área em que soubemos transformar a tecnologia de ponta e inovação em negócios. Esse mesmo sucesso não repercutiu igualmente no setor industrial.”Por anos a fio, o setor industrial brasileiro se abasteceu de importa-ções de tecnologia. O investimento no chamado setor de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) é relativamente recente. Segundo Paulo Mol, quando se compara com o resto da América Latina, o Brasil não está tão mal: o investimento em inovação chega a 1% do PIB brasileiro. No entanto, nos países ricos essa cifra chega a 3%. Sobre a diferença de resultados em comparação com o agronegócio, Mol comenta: “O nível de complexidade na indústria é muito maior.”Para inovar, o empresário brasileiro precisa vencer burocracia – e enfrenta atualmente ainda a questão dos altos custos. “O produto mais caro: recursos humanos. O custo de um pesquisador brasileiro, frente a outros países, é muito alto. Isso se deve também à valoriza-ção do real”, aponta Mol.Ainda assim, o representante da CNI se mostra animado quanto a um futuro mais inovador. “Estou otimista porque percebo um mo-vimento de aproximação dos dois setores, acadêmico e industrial. Mas há muito trabalho pela frente.” Recentemente, a IBM instalou no Brasil seu centro de P&D, um pouco depois de GE e da Rhodia. A alemã Siemens também disse ter intenção de pesquisar e inovar em solo brasileiro.

Um caso de sucesso

Agronegócio brasileiro: inovação e liderança

mundial

Inovar é a chave do crescimen-to econômico e prosperidade

Inovação O SUCESSO para o agronegócio

O investimento em inovação chega a 1% do PIB brasileiro

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AMAZÔNIA: DESAFIO BRASILEIRO DO SÉCULO 21 BRASIL SEM MISÉRIA NO NORTESUSTENTÁVEL 2011 AMAZALERT

Edição 28

R$

10

,00

ww

w.revistaam

azonia.com.br

Ano 6Número 28 2011

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Editora Círios

ISSN

180

9-46

6X