alvodemaia (08-2011)

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  • Revisto histrico... Alvor-Silves & OdemaiaJulho/Agosto at Dezembro de 2011. Volume 2, n 8.

    Paradoxo do Pensador

    alvor-silves.blogspot.com odemaia.blogspot.com Pgina 1

    Alvor -Silves2 ... SapiensSapiens5 ... Cavalariae CavalosLusitanos

    10 ... Torres de Hrcules14 ... Reflexo16 ... dos Santos e Silva20 ... Teogonias (2)22 ... Teogonias (3)26 ... Puto de Vnus32 ... Peapor pea42 ... Bolonhesae Carbonara46 ... Abalos de Sebastio

    OdeMaia54 ... Cores-357 ... Vera59 ... Paradoxodo Pensador61 ... Viver, mata!63 ... Pirmidesromanas (de Remo e Rmulo)68 ... Canto das Canrias70 WHC(1) Nemrut Dagi

    Abalos de Sebastio

    Torres de Hrcules

    Sabemos o quepensamos, masno porque razo opensamos...

    (pgina 59 )

    Pirmides romanas

    Pea a pea

    (pgina 10 )

    (pgina 32 )

    Lisboa antes do Abalo de 1755 e outros mitos doMarqus de Pombal

    (pgina 46 )

    (pgina 63 )

  • Sapiens Sapiens

    AlvoDeMaia(2011) Volume 2, n 8.

    Na estria da evoluo humana, faz-se uma distino entre Homo Sapiense Homo SapiensSapiens.Normalmente evito falar aqui de aspectos filosficos, mas como neste caso so importantes na histria, conveniente clarificar algumas coisas, de que ningum fala.

    A matria associou-se em diversas estruturas, mas podemos considerar apenas trs grupos.

    (1) No animal . Inclui-se aqui tudo o que mineral e vegetal. A estrutura interna destes corpos nodefine nenhuma aco prpria. No h nenhuma estrutura de deciso interna, por falta de qualquersistema nervoso.

    (2) Animal (no sapiens) . Um animal define-se pela existncia de sistema nervoso interno, que lhepermite assimilar informao externa, e com base nisso decidir uma aco internamente... que setransforma numa aco, normalmente num movimento.

    Antes de passar ao terceiro grupo, importante dizer algo acerca desta diferena, j que isto estlonge de ser uma diviso biolgica simples. Junta-se no mesmo grupo insectos, peixes, aves, rpteis,mamferos, etc... Este problema normalmente varrido para debaixo do tapete, mas o prprio Darwino ter reconhecido como objeco sua teoria de evoluo, dado que havia uma evidncia de umgrande salto entre o perodo pr-Cmbrico, onde no havia animais, e o sbito aparecimento deanimais nos registos fsseis. Isto conhecido como a "Exploso" Cmbrica... j que, tal como "a vida",os animais parecem ter surgido "do nada".

    Formao da blstula nos animais, que dar a pele externa,

    segue-se a formao da gstrula, que produz a pele interna, e o tubo digestivo.

    A necessidade de sistema nervoso est ligada a umamudana topolgica importante... o corpo dos animaisdesenvolve-se em torno de um tubo - o tubo digestivo.Isto s possvel em 3 dimenses... se existissemapenas duas dimenses, um tubo digestivo partiria oanimal em duas partes desconexas!

    Nos animais a necessidade de alimento est ligada necessidade de aco no sentido da sua procura...digamos que no bastaria que o animal estivesse espera que o alimento "lhe viesse parar boca"! Seriamais eficaz deslocar-se, e controlar esse movimento...isso requeria um processo de deciso interna, que ficoudefinido por um sistema nervoso (do mais simples aomais complicado).

    Esseprocesso de deciso interna poderia ser inicialmente simples e at simulvel computacionalmente.H nos animais conjuntos de aco-reaco que so previsveis, mas nem sempre. Digamos queestamos ainda longe de reduzir a aco de muitos animais a simples leis matemticas. Alis, asimulao computacional ainda deixa a desejar mesmo no que diz respeito ao crescimento dosvegetais.

    H uma outra diferena dramtica que ter ocorrido. Uma coisa os animais alimentarem-se denutrientes ou outros vegetais, outra coisas os animais passarem a alimentar-se de animais...

    Isto ter complexificado muito os sistemas nervosos. Para alm de decises baseadas numa simplesprocura de alimento, os sistemas nervosos entraram em competio de sobrevivncia. Teriam queprever modos de ataque/defesa relativamente a outros animais.

    http://alvor -silves.blogspot.com/2011/07/sapiens-sapiens.html Pgina 2

  • AlvoDeMaia(2011) Volume 2, n 8.

    Para prever as aces de outros animais, no bastaria um sistema nervoso, preciso simularinternamente uma realidade, e ajustar as aces com base nessa simulao. Comeando nospredadores, mas tambm estendido s presas, houve necessidadede um crebro.

    O crebro, com base nos dados dos sentidos, construa a sua prpria simulao de realidade, com vistaa antecipar o passo seguinte. Essa simulao simplificada constitua a base para uma realidade porantecipao. As acesdos animais deixaram de reflectir apenas a realidade, passaram a reflectir aindaa sua previso da realidade futura, e para isso seria necessriauma memria.

    No necessariamente uma memria literal, mas comprimida pela interpretao. Distinguimos aindaesta memria que requer aprendizagem individual, de um processo de interpretao inato que podereflectir uma aprendizagem da espcie, plasmado nos genes. A aprendizagem individual ser feita pelaexperincia de vivncia particular, e especialmente notada em animais que tm ainda uma infnciaacompanhada pelos progenitores.

    Cognio simples nos animais, que no requer memria individual.

    Cognio nos animais, em que a memria individual influi na interpretao.

    Esta incluso de memria permite ao animal prever uma situao funesta, por ausncia de solues nasua interpretao e no resultado de qualquer sua aco. H ainda uma capacidade de interagir comoutros elementos, e o desenvolver rudimentar de uma linguagem. Essa linguagem reflectirinformaes directas sobre a sua interpretao - uma das acespode ser justamente a vocalizao.

    H, no entanto, um aspecto importante... o prprio indivduo no objecto de interpretao.

    http://alvor -silves.blogspot.com/2011/07/sapiens-sapiens.html Pgina 3

  • AlvoDeMaia(2011) Volume 2, n 8.

    (3) Animal sapiens .O terceiro caso reflecte justamente a situao em que o intrprete (ou o interpretado) pode ser alvo deadicional interpretao. Aqui o nico caso conhecido ser o do Homem, mas indiferente se for ou nonico... e estabelecemoso mesmo esquema:

    A novidade (mais uma vez misteriosa... se exclusiva do Homem) a colocao de um nvel deinterpretao sujeito a interpretao.A interpretao final, que determina a aco, tem em conta que h um interveniente (o prprio) queinterpreta a informao actual em conjunto com a que est armazenada na memria.Na prtica so colocadas ao mesmo nvel todas as informaes, mas o indivduo tem conscincia doseu processo interpretativo, tendo conscinciade si (do eu) na formao do raciocnio.

    No vou entrar em mais detalhes. fcil perceber que colocar um novo nvel de interpretao noadianta nada ao processo cognitivo... mas pode ter consequncias.

    O Homem foi classificado como Sapiens, mas no apenas... para designar a nossa subespcie (a nicasobrevivente...) foi denominado Sapiens Sapiens! Ora, conforme eu referia h um ano, isto sugereconhecimento sobre o conhecimento... o que seria correcto, se atribussemos a outros animais a suacapacidadede conhecimento.Porm, pode tratar -se doutra coisa. Quando temos a capacidade de misturar a interpretao com ainformao da realidade e memria, podemos transmiti-la de forma distorcida. Como a linguagem apenas resultado de uma interpretao individual, ela pode passar a criar uma farsa, em substituioda realidade.Para elementos numa sociedade, excessivamentedependentes da sua interaco por via da linguagem,a realidade pode passar a fico se a fonte for falsa. Passam a viver numa realidade criada peloselementos que difundem a informao.Conforme referimos aqui, h um ano, a alegoria da caverna de Plato(*) alertaria apenas para a ilusosensorial? No procuraria ser antes uma mensagem sobre a iluso poltica, avisando sobre a nossacredulidade na informao e formao social?

    Como terminar com esse ciclo vicioso de mentiras, em que as aces so determinadas peladeformao informativa? O ponto principal ser sem dvida restabelecer uma fonte informativa queno se destine a condicionar os cidados a uma fico, ou a transmitir mensagens codificadas paradeterminados intervenientes. Isso no aco individual isolada, cada interveniente tem que tercapacidadede assinalar de onde provm a fonte que revela, e at dar a sua honesta opinio sobre ela.Casocontrrio... ficamos atnitos espera de ver at onde que a farsa tem capacidadede nos levar!

    Nota :(*) Na linha de Plato, segue-se como discpulo Aristteles que foi tutor de Alexandre Magno. Por isso, mais ou menos claroque o problema tinha sido colocado a Alexandre, e que a sua ofensiva contra o Imprio Persa, e depois na ndia, pode ter tidocomo objectivo uma resoluo tempestiva. To tempestiva quanto a durao do seu reinado... alis nenhum dos sucessoresretomou esse desgnio.

    http://alvor -silves.blogspot.com/2011/07/sapiens-sapiens.html Pgina 3

    Alvor -Silves , em 28 de Julho de 2011

  • Cavalaria e Cavalos Lusitanos

    AlvoDeMaia(2011) Volume 2, n 8.

    Concordo sobre quem seriam os cavaleiros Lusitanos.

    A maior referncia que encontrei estavam associados aos Coni, por outro lado a melhor zona decriao de cavalos a Andaluzia incluindo o territrio a Sul de Portugal, claro que esta questo umpouco melindrosa, visto que h quem diga que, quem defende esta ideia Iberista. O cavalo naAndaluzia famoso no sc XV a XVII, poder ser descendente do de Portugal, e at concordo com asrazes apontadas:- Plato coloca na Andaluzia, mais concretamente na Btica a criao de cabras e carneiros.- Do lado do Tejo Portugus temos plancies fabulosas para a criao de cavalos.- Por outro lado (e em tempos mais recentes) repare-se que os reinos rabes foram sendo empurradospara Sul e j no se podia escolher as terras entre o Tejo e Guadalquivir para continuar a selecionar emelhorar cavalos, j no havia Santarm (cf. [1]) .

    Posto isto, a faixa geogrfica com que ficamos presumo que seja a dos Cnios."( ...) Alm destas referncias ao modo de combater peculiar aos povos ibricos e seus cavalos,que demonstram uma ininterrupta sequncia milenria, existem outras que o designam comonico. So elas as descriesdo emprego de cavaleiros ibricos na Itlia ou Norte da frica emque se diz que aqueles tinham que levar seus cavalos e quando era impossvel o seutransporte, tinham pelo menos que levar os seus arreios, demonstrando assim que lhes erampeculiares e nicos." (cf. [2])

    Uma coisa curiosa o seguinte detalhe, os cavaleiros Ibricos eram conhecidos com 'frenati',conduzidos com um freio (cf. [2]), ou seja o freio em vez do brido (utilizados por todos os outrospovos, salvo o erro) permite uma conduo com uma s mo (poderia lhe dar o exemplo das touradas,mas infelizmente hoje j no h ningum que utilize uma s mo para conduzir o seu cavalo perantequalquer situao), e para completar deixo-lhe um texto que encontrei na internet:

    "Em nenhum outro local existem evidncias da existncia de cavalos montados h tantotempo. Embora noutras paragens, como na Grcia ou no Egipto, tambm j se utilizasse ocavalo na guerra, essa utilizao era sempre feita como animal de tiro, puxando os carros decombate. Isto permite-nos colocar a hiptese da origem ibrica da prpria equitao. Aconfirmar-se, o cavalo Peninsular seria, ento, o primeiro cavalo de sela conhecido.

    http://alvor -silves.blogspot.com/2011/07/cavalaria-e-cavalos-lusitanos.html Pgina 5

    Colocamos aqui uma importante contribuio de Calisto sobre a cavalaria e os cavalos lusitanos,recebida por email, na sequncia da discussosobre o Cavaleirodo Corvo.

    --------------------- email de Calisto Barbuda ------------------------

  • AlvoDeMaia(2011) Volume 2, n 8.

    "Os cavaleiros ibricos evoluam nos campos de batalha de uma forma caracterstica. Tirandoenorme partido da obedincia e agilidade das suas montadas, movimentavam-se com rpidastransies e bruscas mudanas de direco, o que dificultava em muito as manobras dos seusinimigos. Esta equitao peculiar, foi dada a conhecer ao mundo pelos Cynetes, quando estatribo do sudoeste da Pennsula combateu na Grcia contra os Atenienses, auxiliando a vitriados Espartanos na guerra do Peloponeso (sc. IV a.C.). Tal facto justifica a origem do termogineta ainda hoje utilizado para classificar esta forma de montar.

    Seleccionado,durante sculos, como suporte de uma tcnica especfica de combater, o cavaloPeninsular vai surpreendendo, pelas suas invulgares capacidades, todos os que contra ele sebatem. o caso de Romanos e Mouros, que o vieram encontrar na Pennsula e prontamentereconheceram as suas inegveis qualidades." (cf. [3])

    Rapidamente se percebe que os ataques de cavalaria, na minha opinio, seriam quase actos"individuais", e no atravs de uma estrutura de combate slida e coesa.E isto tem uma ligao curiosa com a Guerra de Tria, uma vez que a estrutura militar muda depois dadita guerra.

    Sobre o cavalo Ibrico eu sabia alguma coisa, tal como sobre equitao do sc XVIII/XIX(nomeadamente Francesa), mas sobre a cavalaria na Antiguidade que no sabia quase nada.Antes da idade do Bronze o papel da cavalaria era essencialmente desempenhado por carros ligeirospuxados por cavalos.

    Quando os Persas foram derrotados por Alexandre o Grande, o carro de combate puxado por cavalosj era obsoleto, no entanto continuaram a ser usados, por exemplo, pelos povos do sul da Gr-Bretanha quando da Invaso Romana comandada por Jlio Csar (55,54 a.C.), por essa altura, oscarros j eram usados praticamente em cerimnias ou em corridas.

    Xenofonte (430-355 a.c.) escreveu o mais antigo tratado conhecido deequitao ( h um mais antigo escrito por Simo/Simio, mas no se conheceo seu contedo), interessante encontrar l coisas que ainda hoje em diafazemos, no entanto a ideia com que fiquei foi que ele preconizava umacavalaria montada e no atrelada, uma fora de cavalaria pequena mas bemtreinada.

    O que de seguida transcrevo j no me lembro qual foi a fonte:"Para os gregos montar a cavalo um hbito que vem depois do cavalo atrelado. Mesmo comHomero as passagens so mal interpretadas pois todo o tom da poesia pica prova que aconduo era a prtica comum. Os heris combatem em carros de combate, a maior parte doexrcito a p, mesmo em viagens sobre montanhas eram feitas com carros de cavalos"

    Esta questo da viagens curiosa, que para a deslocaocom carros de cavalos a rede viria Gregadeveria rivalizar com a Romana. Continuando:

    "No se sabe quando, mas ao longo dos sculos houve uma mudana. Facto: jogos Olmpicos(776 a.C) em que originalmente a nica prova era corrida de carros, s na 33 Olimpada (648a.C) aparece corrida de cavalos. Em batalha o carro de cavalos desaparece antes das guerraspersas (499-448 a.C), mas o seu lugar no foi preenchido at depois delas. Na guerra demaratona (guerra greco-persa 490 a.C) os atenienses no tinham cavalaria.

    http://alvor -silves.blogspot.com/2011/07/cavalaria-e-cavalos-lusitanos.html Pgina 6

  • AlvoDeMaia(2011) Volume 2, n 8.

    Havia criao de cavalos provavelmente para corridas. Sem duvida foi o contacto com acavalaria persa que levou organizao de um corpo de cavalaria ateniense. Os gregos nuncaconseguiram a revoluo na arte militar que deu cavalaria um papel decisivo. Isto estavareservado para os Macednios.

    Um aparte, talvez para perceber a influncia Persa que Xenofonte em 401 alistou-se no exrcito deCiro irmo de Artaxerxes II na luta contra este, juntou-se depois aos espartanos e lutou contra Atenase Tebas na batalha de Coronea 394 a.C. Continuando:

    "A cavalaria Grega era usada para assediar um exrcito em marcha ou completar uma vitriaj garantida. S os ricos serviam na cavalaria. O solo e morfologia grega no seadptavam/adaptam criao de cavalos ao contrrio dos tessalianos. J eram reconhecidosdesde os primeiros tempos, mas para o carro e no para cavaleiro. Encontram-se raasdescritas nas guas do rei Diomedes (trabalhos hercules), que comiam carne humana, oscavalos de Rhesus (rei tarcio que combateu ao lado dos troianos), Aquiles e Orestes nascorridas descritas por Sophocles - finalmente da mitologia para a histria, Bucephalode Alexandre. Outras raas eram Argive, Acarnanian, Arcadian, e Epidaurian.

    Sobre a Peninsula Ibrica nunca encontrei nada sobre carros de cavalos, tudo o que encontrei referia-se a cavalos montados, e isto deixa-me baralhado...Da outra vez eu referi que foram levados cavaleiros Ibricos por Dionsio tirano de Siracusa nasguerras do Peloponeso (369 a.C.), a forma de combater e montar em nada era semelhante formaGrega de ento. Tambm referi que :

    "( ...) cavaleiros ibricos na Itlia ou Norte da frica em que se diz que aqueles tinham quelevar seus cavalos e quando era impossvel o seu transporte, tinham pelo menos que levar osseus arreios, demonstrando assim que lhes eram peculiares e nicos." (cf. [2])

    ou seja, teramos mais uma vez a vantagem tecnolgica do nosso lado.

    Disse tambm (desta vez um pouco mais completo) que:"( ...) outros narram muitos combates singulares de cavaleiros beros com Cartagineses eRomanos por onde se infere no s a superioridade ibrica neste gnero de combates, comoainda que ele era um apangio ibrico. O mesmo se pode verificar mais tarde das crnicasmoiras do sculo XI, de Abu Bakr al Tartusi, autor de Sirg al Muluk, em que cita um combatede um cristo com moiros das hostes de Al Nansur Ibn Amin, em que o Cristo venceusucessivamentetrs adversrios antes de ser vencido. No final, frisa-se que o vencedor era umhomem da fronteira, habituado s lutas com Cristos e diz-se que como aquele guerreiro nashostes rabes no havia - nem mil, nem quinhentos, nem cem, nem cinquenta, nem vinte,nem ." (cf.[2])

    por aqui consegue-se visualizar como seria a forma de combater Ibrica (apesar de se referir ao sc XIpresumo que podemos transportar o mesmo para os anteriores).

    Continuando com os Gregos:"Alguns sculos depois da guerra de Tria, os tempos mudaram na Hlade e muitos costumeslocais foram substitudos. Os gregos j no podiam mais viver sob aquele tipo de sociedade, naqual monarcas mandavam com poderes irrestritos, e isso demandava alteraes radicais.Contudo, vale lembrar que lion no foi o nico reino destrudo naquela poca. Segundo ohistoriador Robert Drews, da Universidade de Vanderbilt (Estados Unidos), inmeros palcioscaram naquele perodo, causando o fim da Idade do Bronze. Tebas, Micenas, Tirinto e Canativeram o mesmo destino da cidade de Pramo.

    http://alvor -silves.blogspot.com/2011/07/cavalaria-e-cavalos-lusitanos.html Pgina 7

  • AlvoDeMaia(2011) Volume 2, n 8.

    Um dos motivos foi a mudana na estrutura militar. No caso da Hlade, os gregos abriram modas eficientes cavalarias e, com isso, desenvolveram um novo tipo de estratgia blica parafortalecer as infantarias. O problema que, at ento, os carros de guerra eram as armas maiseficazes de combate: um condutor bem treinado guiava a biga enquanto "passageiros"atiravam lanas e flechas nos inimigos. Os novos exrcitos foram obrigados a encontrar formasde combater essasmquinas militares de forma mais eficiente.Com isso, as batalhas envolvendo cavalarias e bigas foram substitudas por pelejas entrehomens a p, os cidados-soldados: pessoas que passavam a fazer parte da sociedade deforma mais incisiva e, alm disso, vivenciavam a rotina do exrcito e da polis.

    Assim, os cls foram extintos, para que todos os homens fossem agrupados em uma mesmacidade, onde poderiam treinar em conjunto por mais tempo para se preparar melhor para aguerra. Isso fez que no tivessem apenas relaes familiares, mas sim com os pares, criandoum sentimento de cidadania colectiva. Era uma forma de despertar conceitos cvicos naspessoas. Alm disso, os heris tambm se transformaram em figuras ultrapassadas. No haviamais espao para guerreiros como Aquiles e Heitor, que deixavam os companheiros para trs afim de ir de encontro ao adversrio para obter glrias individuais. Tudo passa a girar em tornoda sobrevivncia da cidade: os soldados deveriam permanecer unidos no campo de batalhapara minimizar os riscos de derrota e, desta forma, resguardar a polis.

    O heri homrico, o bom condutor de carros, podia ainda sobreviver na pessoa do hippeis; jno tem muita coisa em comum com o hoplita, esse soldado-cidado. O que contava noprimeiro era a faanha individual, a proeza feita em combate singular", explica o helenistaJean-Pierre Vernant em seu clssico As origens do pensamento grego. "Mas o hoplita noconhece o combate singular; deve recusar, se lhe oferecer, a tentao de uma proezapuramente individual. o homem da batalha de brao a brao, da luta ombro a ombro. Foitreinado em manter a posio, marchar em ordem, lanar-se com passos iguais contra oinimigo, cuidar, no meio da peleja, de no deixar sem posto.

    Nesse novo conceito de exrcito, as infantarias dependiam muito da fora do conjunto e daunidade, portanto, todos os homens deveriam se unir como um s bloco para vencer asbatalhas. Surgem a as temveis falanges, em que os guerreiros passavam a vida todatreinando para desenvolver uma "dependncia" de um para com o outro. Deste modo, osgenerais formavam unidades de combate slidas e coesas - como ocorreu com a eficienteinfantaria de Esparta, que de to competente foi apelidada de "usina de cadveres" durante aSegunda Guerra Mdica.

    Com a mudana, os monarcas tambm perderam seu espao, afinal, os homens j viviam emconjunto para o bem comum da polis, ento, sentiam-se capazesde decidir os rumos polticosda cidade-estado. O cidado passa a se confundir com o soldado, pois a partir do momento emque ganha direitos, tambm assume seus deveres com a defesa da ptria. Os reis espartanosforam reduzidos a meros generais, sem desempenhar funes administrativas, mas apenasmilitares. Em seu lugar, quem passou a tomar as decisespolticas foram os conselhos criadospelo legislador Licurgo, que na verdade so os primeiros focos de instituies democrticas noMundo Antigo.

    O perodo da grande batalha de Tria e das memorveis aretias entre heris lendrioschegava ao fim porque os homens, treinados para ficar unidos nas guerras, passaram a quererlutar juntos para decidir os rumos da comunidade, de forma coletiva. Caem os reis e, no lugar,ergue-se a imponente democracia.

    http://alvor -silves.blogspot.com/2011/07/cavalaria-e-cavalos-lusitanos.html Pgina 8

  • AlvoDeMaia(2011) Volume 2, n 8.

    A formao do exrcito no perodo clssico carrega elementos das relaes sociais, tanto nocaso dos espartanos como dos atenienses", explica lvaro Allegrette, da PUC. "Com asmudanas sociais, as pessoaspassaram a viver em comunidade e, assim, as relaes entre oscidados fica mais evidente."A polis, explica Werner Jaeger, representa um princpio novo para os helenos, com reflexosimportantes para a vida nas cidades, e surge tambm a definio de Estado, criado emEsparta: essa instituio pblica representa, pela primeira vez, o agente educador do povo.Hesodo, outro poeta grego da Antiguidade, dizia que o herosmo no surge apenas noscombates. Segundo ele, em O Trabalho e os Dias, o verdadeiro heri mtico e exemplar forjado em qualquer situao nas quais a disciplina necessria para enaltecer as qualidadeshumanas. Um desses momentos era o acto de erguer-se na gora e, dotado de um sensocidado apurado, incitar o povo a votar por mudanas importantes para a vida colectiva. Issorefora a idia de que era fundamental aprimorar a erudio do povo. A educao seria,portanto, uma forma de obter mais condies de tomar decises coletivas corretas. Surgem,assim, os polticos (a prpria palavra deriva de polis)."

    (ver referncia [4])

    A cavalaria (penso eu) boa para partir formaes de infantaria (coisa que os cavaleiros Ibricos eramexmios), a nova estrutura militar Grega parece uma forma de combater a cavalaria, digo eu...Continuando:

    "a Tesslia era, amplamente, conhecida por produzir exmios cavaleiros e experinciasposteriores em guerras, tanto com como contra o Imprio Persa ensinaram aos Gregos oelevado valor da cavalaria em aes de perseguio e em escaramuas.

    Em contrapartida, a Macednia, ao norte, desenvolveu uma forte cavalaria pesada queculminou nos hetaroi (cavalaria dos Companheiros) de Filipe II e de Alexandre o Grande. Almdesta cavalaria pesada, o exrcito de armas combinadas macednio tambm empregousoldados de cavalaria ligeira, chamados "prodromoi, em misses de explorao e de cobertura.Foram tambm empregues os ippiko, soldados de cavalaria mdia, armados com lana eespada, protegidos com uma couraa de pele, cota de malha e chapu, usados comoexploradores e caadores a cavalo. Esta cavalaria era usada em conjunto com a infantarialigeira e a famosa falange macednica. A eficincia do sistema de armas combinadas foidemonstrado nas conquistas asiticas de Alexandre o Grande." (cf. [5])

    Sobre esta cavalaria mdia, armados com lana e espada, fez-me lembrar a lana contrapesada dosIbros. Encontra um texto interessante aqui:

    O Eng.FernandoSommer de Andrade e o Cavalo Lusitano( pitamarissa.wordpress.com/2010/01/13/o -eng-%C2%BA-fernando-sommer-dandrade-e-o-cavalo-lusitano/ )

    A maioria (se no toda) da informao sobre o cavalo Ibrico encontra com Sommer d'Andrade.

    Posto isto continuo sem perceber o que levou a cavalaria Ibrica evoluir da forma que evoluiu, talvez aequitao tenha comeado aqui na Pennsula.

    Referncias :[1] Arsnio RaposoCordeiro: Cavalo Lusitano. O filho do vento. EdiesINAPA,1989.[2] Fernando D'Andrade: O cavalo Lusitano. Lisboa, 10 Maro 1986.[3] http ://www .lusitanos.org/pdf .pdf[4] http ://www .revistafilosofia.com.br/ESLH/Edicoes/17/imprime125438.asp[5] http ://dicionario .sensagent.com/cavalaria/pt-pt/#Gr .C3.A9cia_antiga_e_Maced.C3.B3nia

    http://alvor -silves.blogspot.com/2011/07/cavalaria-e-cavalos-lusitanos.html Pgina 9

    Calisto Barbuda, em 28 de Agosto de 2011

  • Torres de Hrcules

    AlvoDeMaia(2011) Volume 2, n 8.

    As Colunas de Hrcules foram um ponto marcante, colocado como referncia na maioria dos textos daAntiguidade. O estatuto lendrio de Hrcules acabou por identificar essas colunas com os montessituados de um e outro lado do Estreito de Gibraltar, a saber o Monte Calpe em Gibraltar, e o MonteAbila (ou ser Avila?) em Ceuta. Porm, os antigos escritores romanos consideraram a hiptese dascolunas terem mesmo existido. A cidade de Cadiz (ou Gades) mantm o mito das colunas no seubraso e a inscrio Plus Ultra:

    Acontece que, para alm destas colunas, podemos encontrar as Torres de Hrcules...Essastorres estiveram sinalizadasem mapas e textos at h bastante pouco tempo!Encontramos isso ainda num mapa de 1715:

    http://alvor -silves.blogspot.com/2011/07/torres-de-hercules.html Pgina 10

    Mapa em detalhe (zonu.com)

  • AlvoDeMaia(2011) Volume 2, n 8.

    E mesmo numa descrio martima de 1812 vemos que restava uma Torre, que passava a chamar-se"Torregorda"... Ao contrrio do que esperava, foi estranhamente difcil encontrar meno a essastorres, cito a este propsito um dos poucos textos que encontrei online:

    En Cdizexistan dos torres llamadas de Hrcules en 1550, una donde hoy est torregorda y laotra como doscientos pasos ms cerca de la ciudad, ambas iguales de altura, dice Adolfo deCastro, la ultima de ellas posiblemente fue destruida cuando el saqueo de los ingleses, porqueen el siglo XVII solo se habla de una torre.Esta fue totalmente destruida en el terremoto acaecido el 1 de Noviembre de 1753 [!! 1755] .Por otro lado, las dos columnas del non plus ultra del que habla los antiguos historiadorespudieron ser las dos torres que sealaban la entrada del Puerto de Cdiz, una en la punta de laisla de San Sebastin, donde hoy est el faro, y otra tambin altsima, e igual en el CaboCandor. Servan para avisar con fuego nocturno la entrada y el peligro de los puertos.

    Portanto, percebemos que havia duas torres em 1550 (o que se v no mapa de 1715), e que umadelas foi destruda no terramoto de 1755 (o ano 1753 estar errado no texto) . A aco desseterramoto estendeu-se at Cadiz, como vemos! Ser aqui til referir a expresso associada a esseterramoto:

    Caiu o Carmo e a Trindade...

    Muito do que havia para cair, cau, e o que no caiu na altura, caiu depois, e j no se recomps!Como a segunda torre estava de p, segundo texto publicado em 1812, mas depois desapareceu,consideramosa hiptese de actuao napolenica

    http://alvor -silves.blogspot.com/2011/07/torres-de-hercules.html Pgina 11

    Como seriam essasTorres?Podemoster uma razovel ideia nestes sites (links entretanto inactivos - jpmuller, frederikmuller),pela ilustrao num mapa de N. J. Visscherde 1660:

    No canto superior direito desse mapa podemos ver (nas duas verses cores/preto-branco):

    Ao contrrio, num mapa semelhante constante da Universidade de vora, encontramos o mapa comfiguras recortadas! O que havia nessas figuras, que mereceu o recorte e a excluso a olhosvindouros?

    http://www.flickr.com/photos/bibliotecapublicaevora/5729270319/

    Uma das figuras que no est recortada,mas deixa algum mistrio a ponte deSegovia!Tambm essa ponte de Segvia j noexistir... deixamos aqui as imagensencontradas nos mapas referidos em cima:

  • AlvoDeMaia(2011) Volume 2, n 8.

    Ainda sobre a questo de Torres de Hrcules, j falmos sobre a Torre pentagonal de Coimbra...... mas voltamos a acrescentar referncias. Uma por Antnio Francisco Barreto, outra de AntnioCoelho Gasco, mas a mais enftica est na Revista Universal Lisbonense onde se comea por citarAlmeida Garrett (D. Branca):

    Alli o bero foi da lusa gloria;Creral-o hoje sepulcral moimento;D'essagloria defuntaRunastristes;Esbroardospardieiros - oh, vergonha!So as torres...

    mas o autor do artigo continua, e cito:

    Restos venerandos do alcaar coimbro,testemunha das nobres proezas de nossos maiores, poupe-vosa clera dos homens d'hoje a aniquilao! O p dos sculos,em que jazeis involtos, cegue os olhos incuriosos dos queousarem desbaptizar-vos do slo em que vos encravaramhomens d'outras eras.

    (...) de mais longe vem o nefando empenhode apagar memrias do que fomos, arrasando os maisfamosos monumentos de nossas glrias; julgamos por issomais execrveis os antigos demolidores, que so os patriarcasd'essa abominvel seita, cujo compromisso cifra todos os seuspreceitos no nico: "Aniquilar tudo o que recorde faanhasportuguezas".

    e informa que o projecto do Marqus de Pombal para a destruio da Torre, ou segundo a versopoliticamente correcta da nossa Histria - para construir o Observatrio Astronmico, tinha sidoentretanto abandonado... porque "no estava livre de abalos ocasionais pelo rolar dos carros nascaladas, condio essencial que deve satisfazer todo o local destinado para observaes". Depois, jno Sc. XX foi construdo algo semelhante a um Observatrio Astronmico de Coimbra, do outro ladodo rio...

    Digamos que se o Carmo caiu por mo de Neptuno, a Trindade deve ter cado por mo do Marqus eaclitos...Fala-se ainda de que pelo menos a pedra com a inscrio "Quinaria turris Herculea fundata manu"deveria ter sido preservada!... Havia uma outra inscrio, que reportava a D. Sancho e ao ano(hispnico) de 1232, e deveria remeter para a construo da torre adicional... tambm essa parece terdesaparecido... coisas de invases talvez! Se os culpados no podem ser internos, vm os externos... eaqui os sculos de permanncia rabe dificilmente podem ser vistos como motivo de destruio dasnossasantiguidades, conforme podemos comprovar nos vrios exemplos!

    O artigo fala ainda do "arco da traio", e o arco do castelo, que tinha grossas portas chapeadas ecravadas de ferro, ambos teriam sido arrasados pela Cmara Municipal em 1836. Continuava por isso areescrever-se a Histria, agora por mo do "mano Pedro", j que o "mano Miguel" tinha sido derrotadoem 1834, e Maria II, filha de Pedro IV, era j rainha.

    O autor do artigo, R. de Gusmo, termina assim:

    http://alvor -silves.blogspot.com/2011/07/torres-de-hercules.html Pgina 12

  • AlvoDeMaia(2011) Volume 2, n 8.

    Se o braso de Cdis mantm ainda a figura deHrcules, o problema identificado por GasparBarreiros - que ouvia tudo ser atribudo aHrcules, ter sido eliminado definitivamente peloMarqus e sucessores que o compararam aoheri mtico, colocando-o em pedestal mximolisboeta, acompanhado tambm por um leo. Notero sido dois lees, talvez por modstia... afinaltinha edificado alguma coisa sobre o destrudo,mas no teria destrudo tudo sozinho.

    No tem a maa nem a ma de Hrcules, por aficmos com o "annimo" homem da maa e com"algo" ao lado, j que ningum querer verLdon. Cortados os braos, retiradas a maa e ama... o que resta do homem?

    Desterrados das suas sepulturas, desonrados os feitos, nomeados outros heris, desses fantasmasdoutrora ainda no ter sido silenciado por completo o registo, e certo que o peso dos assombrospassadosparece pesar agora como assombrao.

    O Homem da Maa (Monte de S. Brs,Santa Cruz do Bispo, Matosinhos).Uma muito provvel representao deHrcules, com a maa e a ma

    Imagem: www.cm-matosinhos.pt

    Alvor -Silves , em 31 de Julho de 2011

    http://alvor -silves.blogspot.com/2011/07/torres-de-hercules.html Pgina 13

  • AlvoDeMaia(2011) Volume 2, n 8.

    ReflexoH algumas palavras que temos e cujo significado primevo perdemos, por falta de um bom ensino dePortugus. O ensino da lngua lamentvel, pois no nos faz estabelecer as mltiplas relaes econexes que tm as palavras que usamos e que estruturam o nosso raciocnio.

    A lngua funciona como uma formatao do pensamento. at difcil perceber como seramospensantes sem uma linguagem... pelo menos no conseguiramosexprimir esse pensamento.As pessoas pensam numa determinada linguagem, so condicionadas pelas noes que foramaprendendo, de forma ocasional, mais pela sua experincia induzida pelo ambiente e sociedadecircundante... no h propriamente uma aprendizagem estruturada da lngua.

    A aprendizagem estruturada prende-se com regras de sintaxe, primeiro com a gramtica, queadquirimos e esquecemos.Porm ningum nos tenta dar a mnima explicao para algumas curiosidades da nossa lngua.

    Por exemplo, por que razo o SERe o IR tm a mesma conjugao no passado(pretrito perfeito)?- a diferena que fazemos necessita do artigo... "ele foi praia" por diferena a "ele foi a praia".Esta semelhana no tem origem no latim, algo ibrico - ter "sido" ou ter "ido" semelhante!- Quem no foi, no foi! ... para se ser no basta ficar, preciso ir.

    Ningum nos informa que o portugus transformou o L em R neste caso... os espanhis usam L em"playa" (tal como os franceses em "plage"), mas os portugueses acharam mais "msculo" o som R(segundo diz Duarte Nunes do Lio) e passaram alguns L para R e do "playa" passamosa "praia".Nalguns casos manteve-se, noutros casos perdeu-se... o Castro viria de Castlo (os ingleses usamCastle), mas tambm mantivemos Castelo. Duarte Nunes de Lio usa outros exemplos:- Obligar em espanhol (obliger - francs, ingls) desviou-se em Obrigar.- Blando em espanhol passou a Brando... etc.Digamos que o portugus ficava brando, mas no demasiado blando... mesmo assim h algunsexemplos que ele dava e que regrediram: "simpres" e "craro", retornaram a "simples" e "claro"... o quemostram que ficmos mesmo mais "blandos". Lio nota ainda a peculiaridade nortenha da mistura B eV, e dos CHs da regio de Viseu. Percebemos que se a Tvola seria Tbula ou Tbua (os inglesesdizem Round Table), com a passagemde L a R, tambm foi Tvora.

    Mas sejamos claros... h bastante uso nas palavras que, mesmo sendo bvio, raramente sentido oumencionado, e cuja origem est no latim.Claro est ligado a Aclarar, a Declarar... uma Declarao algo que deve tornar claro.Clamar est ligado a Aclamar, a Reclamar, a Proclamar, a Declamar... o "falar alto" usado naaclamao,na reclamao, na proclamao, na declamao!

    Custar muito ensinar alguns destes casos aos nossos petizes, para que sintam curiosidade pela lnguaque falam? Ser um caso de selar?... sendo que celare em latim significa esconder!

    H muitas outras particularidades, mais ou menos conhecidas, como a distino que fazemos entre oSer e o Estar, sendo caracterstica ibrica e um pouco italiana, em que o "estar" no liga exactamenteao "stare" do latim (que significaria mais ficar imvel, de onde vem o "status") .

    O assunto deste texto no exactamente este...A estrutura da nossa lngua remete para noes s vezes demasiado profundas para serem acidenteslingusticos.

    http://alvor -silves.blogspot.pt/2011/08/reflexao.html Pgina 14

  • AlvoDeMaia(2011) Volume 2, n 8.

    Um exemplo a palavra "Reflexo"!A reflexo remete para a imagem no outro lado do espelho.O que fazemos ento quando "reflectimos"? ... apenas nos vemos a ns, no outro lado?Ou ser um pouco mais do que isso?

    Seguimos na linha do que escrevemos no texto Sapiens Sapiens... O indivduo que interpreta, comconscinciade si, ter capacidadede se colocar na posio do que observa?

    A sua capacidadede abstraco coloca-lhe a possibilidadede se ver na posio do outro.

    A reflexo muito mais do que um acto de introspeco, remete para a conscincia do "outro", que noespelho da nossa alma deveramos ver como semelhante. Podemos claro, ignorar a sua existnciaenquanto "igual", mas a reduzimos o nosso universo de igualdade, a um "grupo eleito", ou no limite aocaso "singular" de isolamento.

    At aqui tudo isto simples... e no parece haver distino entre as possibilidades.

    Um grupo ou o indivduo pode cultivar o elitismo, mas no pode ignorar a ideia dos "outros"... e essaideia que vai ficar presa no esprito. Poder tentar ignorar a reflexo, mas essa possibilidade de "trocarde lugar" inevitvel no raciocnio do Animal Sapiens. Por isso, quando atinge um semelhante inevitvel colocar-se no lugar do outro lado do espelho. Pode tentar ignor-lo, mas o seu crebrocoloca-lhe sempre essa hiptese, por muito que tente reprimi-lo... porque tem conscincia - noapenas de si, mas do outro!Assim, tambm sentimos as expressesdos animais como nossas, tanto mais quanto essesanimais seassemelham a ns prprios. A reflexo tanto mais evidente e inevitvel com os que consideramoscomo semelhantes. A expresso do olhar de um animal consegue-nos tocar, porque somos levados auma rpida reflexo e colocamo-nos mais facilmente no seu lugar.

    Um Animal Sapiens s conseguir estar em paz consigo prprio, quando conseguir reflectir, vendo osoutros, e no se vendo apenas a si prprio.

    Depois desta pequena divagao filosfica, fica-me a questo... esta palavra "Reflexo" uma simplescoincidncia lingustica, ou procurar transmitir um conhecimento perdido nos tempos?

    Salar de Uyuni(imagem: bocaberta.org)

    Alvor -Silves , em 2 de Agosto de 2011

    http://alvor -silves.blogspot.pt/2011/08/reflexao.html Pgina 15

  • AlvoDeMaia(2011) Volume 2, n 8.

    dos Santos e SilvaPortugal, 1917... no novidade que, ao longo dos sculos, muitos foram aqueles que tentarampublicar, para transmitir populao, um conhecimento que parecia ser destinado ocultao.Calisto encontrou uma preciosidade de J. E. dos Santos e Silva, ento engenheiro da Direco Geraldas Colnias, que procurava compilar conhecimento que se afastava "dos modernos historiadoresportugueses" que faziam surgir "quase espontaneamente" a nossa Histria com D. Afonso Henriques(citando o autor).

    Para alm de no excelente material compilado por Calisto ficar evidenciada uma outra estria sobre asColunas e Torres de Hrcules, parece ainda clara uma ligao Egiptnia (cf. [Egitania]) e no s... temosuma confirmao para a existncia de um Canal do Suez na Antiguidade (cf. [Antonio Galvo (1)]) .

    No podemos deixar de notar que Estrabo d a entender que os Pilares/Colunasseriam no seu tempoas torres que estavam em Cadiz:

    ... while the Iberians and Libyans place them at Gades, alleging thatthere is nothing at all resembling pillars close by the strait.

    pelo que talvez haja uma confuso no texto com essas torres, que j teriam desaparecido por alturadas invases napolenicas, fazia mais de um sculo quando Santos e Silva escreveu o livro (em vez delivro apetece aqui dizer balano de balana, se libro vier de libra).

    __________________ Texto de Calisto Barbuda (chegado por email ) __________________

    Quando h pouco tempo andava procura de informaes sobre os Coni/ Cynetes/ Cunetes, deparei-mecom este livro :

    Episdiose Tradies relativos Histria Antiga da Lusitania,J. E. dos Santos e Silva (Lisboa, 1917)http : //www . archive . org/details/episdiosetradi 00silv

    foi aqui que encontrei umas informaes sobre Hrcules que achei curiosas, pondo de parte algumascoisasque no percebi como por exemplo ter o nome de RhamssII, e a data 1600, quando Sesstris Ireinou 1908-1875a.c.

    Segundo o autor, sobre a vida de Sesstris I (Rhamss II), diz que os episdios relatados podem serrelativos a vrios dos seusReis

    ...) mas que a imaginao e vaidade nacional reuniram s. Supem que oSescdos livros sagrados; que viveu muito antes da guerra de Troya , no tempo dos Juzes de Israel ;que o Setsisde Maneton ; o Egypto , irmo de Dano; Typhon da Mythologia ; o Phara submergidonas ondas do Mar Vermelho, quando ia em perseguio de Moyss; e por ltimo que era ou foichamado o Osris Egypcio.

    Herdoto coloca esterei um sculoantes da guerra de Tria (1300 a 1100A.C.), CesareCant coloca em1600, poca em que a pennsula Ibrica foi reinada por Geryon, e como o Sesstris foi chamado deOsiris, parece lgico que o libertador da Pennsula tenha sido ele.

    http://alvor -silves.blogspot.pt/2011/08/dos-santos-e-silva.html Pgina 16

  • AlvoDeMaia(2011) Volume 2, n 8.

    A data de Herdoto, segundoo autor do livro, coincidiria com a invaso dos Pelasgosna Pennsula, masrefere tambm que antes destasinvasespodem ter havido outras, por outro lado entre os historiadorestem havido confuseschamando Pelasgosaos Tyrrhenos, por isto ser (para o autor) a data que Cantmenciona; ou um sculodepois, na opinio de Bossuet (ou seja,1491-1457a.c.).

    O autor continua dizendo que:

    h tambm unidade de opinies sbre se a derrota de Geryon e a sua morte foisimultneamente com a dos seus trs filhos, nem so unnimes os autores em supr a vindade Horus distinta da de Osris. O que mais seguido e comentado nos livros antigos ainvaso da Pennsula pelo Hrcules Egypcio, isto , por um rei conquistadornacionalidade, cujos feitos o fizeram comparar com o deusHrcules, e que ficou conhecido porstenome. Considerando, portanto, que a existncia de Osris e Horus , a ser verdadeira, terianecessriamente que remontar -se a uma poca muitssimo anterior de Geryon, em cujotempo reinava no Egypto a XVIII dinastia, de que Sesstris foi um dos ltimos reis (1643,antes de Christo ), e que a poca rei coincide com a de Geryon, temos que concluir que oHrcules Egypcio, libertador da Ibria, foi realmente Sesstris.

    SegundoHerdoto, Hrcules teve origem no Egipto, de onde Gregose Fencios o adoptaram dando essenome aos seus heris, assim na Fencia era Hrcules Tyriano ou Melkarth , na Grcia era HrculesThebano ou Herakls, na Glia identificaram -no como Ogmios dos Celtas, chamando-lhe HrculesGauls, e na Itlia tambm foi introduzido o culto do Hrcules Tebano. Toledo e Huesca consagramvitimas a Hrcules Endoveclio (ou Endovlico), mas Leite Vasconcelos (Religies da Luzitnia ) dizsupor serem falsasas inscries.

    histria dos diferentes Hrcules um conjunto de prodgios, ou antes, a histria de todosaquelesque tiveram o mesmo nome e suportaram os mesmostrabalhos . Tem-seexagerado osseusfeitos, renindo -os em um s homem e atribuindo -lhe todas as grandes emprsas de quese ignorava o autor, cobrindo -os assim notoriedade que os elevava acima da espciehumana (Diodoro Sculo). Comtudo, o que parece averiguado que um grande conquistador,que supomos ser Sesstris e no Osris nem Orus, e a quem sechamou o Hrcules Egypcio, frente de forte exrcito nacionalidade, depois de ter empreendido uma grandeperegrinao, ennobrecendo com os seusfeitos quasi todo o mundo, veio Pennsula Ibrica .

    O autor continua dizendo que por todas as partes extremas a que ele chegou erigiu colunas simblicasdas suas vitrias com inscrio do seu nome, ptria e a resenha das vitrias obtidas pelo seu exrcitosobre os povos subjugados, segundo Herdoto s Sesstrisusou a prtica de estabelecerestascolunas,encontrando-seno tempo de Herdoto asde Scythia e da Thrcia,

    ser, pois, para estranhar e talvez seja esta a verdade histrica que as famosas colunasde Hrcules do estreito de Gibrltar , que separa a Pennsula Ibrica da frica e que a fantasiatransformou nos montes Calpe e Abyla , sejam as colunas colocadas por Sesstris em Cdizquando conquistou a Pennsula e derrotou o rei Geryon. .

    Fala depois da introduo da agricultura na Pennsula por ele, e diz que:

    pois, em presena grande invaso na Pennsula, constituida pelo povoEgypcio e por todos aqueles que o conquistador arrastou na sua passagem; Ethiopes,Assyrios, Persas, Scythas e Thrcios; os quais, como veremos, prolongaram aqui o seuimprio por muitos anos, devendo ter deixado forosamente vestgios da sua passagem naraa peninsular .

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  • AlvoDeMaia(2011) Volume 2, n 8.

    Fala depois dos seus feitos, da abertura do canal do Suez que terminaram no tempo dos primeirosLagidas (250 a.c.), tendo depois ficado obstruida e tornou -se novamente navegvel no tempo deTrajano e Adriano conservando-se at ao sc. VI quando foi novamente obstruido sendo reaberto em1869.Para o autor, as lendas de Osiris e Sesstris so semelhantes, os dois saem do Egipto, conquistamnaesbrbaras, estabelecema ordem social, fomentam a riqueza, etc, sendo

    ...) ficando na memria dos povos como um mito de virtudes cuja tradio constitue umaparte das suas crenas religiosas . Estas circunstncias e o facto de Sesstris ter sido chamadoOsris confirmam a suposio de ser aquele rei egypcio o Hrcules que veio Pennsula e noo verdadeiro Osris que, seexistiu, foi em tempos muito mais remotos.

    Mais frente diz:

    contudo uma considerao que, se bem no altera fundamentalmente a tradio,modifica -a na forma como os acontecimentos se teriam dado. Geryon, conhecido pelomonstro de trs cabeas, por ter trs filhos ou trs exrcitos, podia ter sido derrotado emTarifa, na primeira invaso dos Egypcios, juntamente com os filhos, ou em trs batalhasdadas em vrios pontos da Pennsula; e, caso, fica posta de parte a vinda de Horospara castigar os filhos de Geryon. O que porm, importa verdadeiramente o facto, queparece fra de dvida, de ter -se dado na Pennsula uma grande invaso egypciaacompanhada de Ethiopes, Assyrios, Persas, Scythas e Thrcios, catorze a dezasseissculosantes de Christo .

    Quando o autor fala dos Srios diz o seguinte:

    Carteya , diz Strabo , mantinha grande comrcio com os Iberos e foi tomada por Amilcar ,carthagins , no ano de 236 da fundao de Roma. Era a povoao mais importante junto aoEstreito de Gibrltar (fretum Herculeum ou Gaditano), que para os antigos estava situadoentre o cabo de Espartel (Ampelusa), junto ao monte Almina (Abyla ), termo de Ceuta e opromontorium Junonis, antigo monte Calpe ao noroeste da ponta , na montanha deGibrltar . stes montes, Abyla e Calpe, eram as colunas de Hrcules da Mythologia ; asverdadeiras e reais deviam porm, ser as de Sesstris, edificadas em Cdiz.

    Sobreascolunas de Hrcules o autor diz o seguinte:

    colunas de Hrcules passavam por ser antigamente, as portas do mundo. stemonumento substiu at 1145. Constava de uma estrutura de pilares de pedra sobrepostos,formando uma espciede torre levantada na praia ou j no mar . Cada pilar tinha quinzecvados de circunferncia e dez de altura . O conjunto, que media de 60 a 100 cvados de alto,estava ligado slidamente por barras de ferro chumbadas. Sbre esta trre , em que todaviano existiam portas nem cmaras interiores, levantava -seuma esttua de bronze doirado, deMelkarth , o Hrcules phencio, da altura de 6 cvados, representando o deus sob a figura deum homem barbado, com cinto e manto que lhe descia at ao joelho. Com a mo esquerdaapanhava as dobras do manto contra o peito, e no brao direito estendido, a mo seguravauma chave ao mesmo tempo que o indicador apontava para o Estreito . O facto, porm, deexistir sbre as colunas a esttua de Melkarth , no significa que elas fssemconstruidas pelosPhencios, mas unicamente a sua consagrao quele deus, efectuada posteriormente poraquelespovos invasores.

    http://alvor -silves.blogspot.pt/2011/08/dos-santos-e-silva.html Pgina 18

  • AlvoDeMaia(2011) Volume 2, n 8.

    Os Cruzados e os piratas normandos chamavam ao Estreito, Karlsar , ' as guas dohomem'; e Isidoro de Beja, no tempo do domnio rabe, atribuia uma significao proftica atitude da dextra de Melkarth : a chave que empunha era o smbolo de que era essaa porta dopas; e o dedo, apontando para o Estreito, queria dizer o caminho por onde vieram osexrcitos de Muza.

    As colunas de Hrcules foram destrudas em 1145pelo almirante rabe Ali -ibn-Isa-ibn-Maimun , que se sublevra em Cdiz. Corria a tradio que a esttua era de oiro puro e porisso o rabe a abateu: era doirada, mas ainda assim a douradura produzio 12.000 dinrs .(Dozy, Histoire et Littrature )

    Suma ltima referncia em que dito que

    ...) outros do a entender que Espanha quer dizer, terra desconhecidae afastada . Em lnguaeuskara (vascongada) Espanha significa extremidade, isto , extremo do mundo conhecido,

    convico antiga que deu origem ao non plus ultra que dizem estava escrito nas colunas, e que sev reproduzido nas moedas peninsulares.

    No fim de ler isto lembrei -me da questo levantada pela Maria da Fonte sobre o haplogrupo deTutankhamun ser da Pennsula Ibrica...

    Esttuas do templo de Melkarth (ou Melqart) em Cadiz...cuja pose parece ser tipicamente egpcia.

    http://alvor -silves.blogspot.pt/2011/08/dos-santos-e-silva.html Pgina 19

    Calisto Barbuda in Alvor -Silves , em 3 de Agosto de 2011

  • AlvoDeMaia(2011) Volume 2, n 8.

    Teogonias (2)No mito grego da criao, Gaia apoia Cronos contra o pai rano, pelo facto deste ter relegado para astrevas alguns dos seus filhos, entre os quais os Ciclopes,que assim no poderiam ver a luz.

    Digamos que esta alegoria pode ter uma interpretao perfeitamente racional.Cronos personifica o Tempo. (Sobre a dupla escrita ou percebemos estar ligada

    introduo posterior que substituiu o K)

    Qualquer estado fixo (a menos que seja trivial) implica um desequilbrio, e atravs do tempo queessesestados vo alternando a sua posio, e se poder cumprir um equilbrio.O tempo, Cronos, atravs da sua prevalncia, permitiria a que os filhos de Gaia, os filhos da terra,tivessem igual tratamento... uma representao adequada pela maternidade que dispensa igualateno aos filhos.

    No entanto, Cronos ser deposto pelo seu filho Zeus.Esta sequncia ainda racional, j que a prevalncia da personificao de uma estrutura maispoderosa no seguiria nessa linha de equilbrio. O mito de um Cronos que "devora os filhos", mas quetambm corresponde a um "perodo de ouro", de felicidade humana, pode ser visto no sentido deimpedir que esses filhos exercessem um poder desptico sobre as restante entidades. A Guerra dosTits (Titanomaquia) que se segue tem a ver justamente com esse desequilbrio... com essa revoltados Tits perante um destino de desequilbrio, onde no iriam pertencer ao Olimpo.

    A deposiode Cronos apenas pode ser vista como aparente... o Tempo est longe de se ter esgotado.Do ponto de vista puramente abstracto, qualquer Universo j cumpriu todo o seu Tempo.No h qualquer razo para admitir que o Universo parou no Tempo, e est espera de ordens paradefinir o que vai ser a seguir... essasordens viriam de onde? De algo que no pertencia ao Universo?-isso seria uma contradio da prpria definio de Universo.Aquilo que temos uma visita, um pouco no sentido da EscolaPitagrica "A vida como uma sala deespectculos,entra-se, v-se e sai-se" (ver o ponto 10 em [pt.wikipedia.org/Pitgoras]).

    H no entanto vrias coisas que no seria experimentadas numa "posio divina".A omniscincia no permite saber o que o conhecimento...

    O conhecimento no se define pelo saber, define-se pela passagem do "no saber" ao "saber". O "nosaber" to importante quanto o "saber". O acto de passagem de um estado ao outro, comea pelaignorncia.

    O desejo manifestado pela transio entre o que "no se tem" e o que se "pretende ter"... digamosque esta e outras coisas so sensaesexclusivas de seres incompletos, imperfeitos.

    Apenas seres limitados podem experimentar e sentir a visita a uma pequena parte do Universo... essassensaesso a iluso a que chamamos realidade, a realidade que experimentamos enquanto sereshumanos.

    Perante as diversas hipteses, digamos bifurcaes, todas so possveis, e de alguma formacorrespondem s "aces" que definiram este Universo... um universo que tem assim conscincia dasua existncia, atravs da diversa contemplao parcial de cada entidade.

    http://alvor -silves.blogspot.pt/2011/08/teogonias-2.html Pgina 20

  • AlvoDeMaia(2011) Volume 2, n 8.

    Outras possibilidades nas bifurcaes no levaram ao resultado final que vemos e em que nosinserimos... e que no fundo correspondem parcialmente s "escolhas que fizmos/fazemos".Parcialmente, porque muitas das bifurcaes so "decididas" por outras entidades, a que nschamamos "acaso", e que antigamente tambm eram personificadas como deuses de entidadestitnicas, ou animais... digamos que era habitual atribuir a Poseidon, ou a Zeus, o controlo de factoresimprevisveis (terramotos e tempestades). E se possvel prever parcialmente fenmenos lineares, jsobre as bifurcaes em fenmenos que admitem duas ou mais possibilidades, a fica a indefiniosobre a escolha ocorrida, e que antigamente se personificava na forma de entidade consciente e divina.

    http://alvor -silves.blogspot.pt/2011/08/teogonias-2.html Pgina 21

    Diz-se que Cronos/Saturno, depois de deposto porZeus/Jove, assumiu estatuto humano... parece-mealegoria natural para quem tivesse uma visoequilibrada de todo o Tempo, e no apenas de umaparte.

    Alvor -Silves , em 7 de Agosto de 2011

  • AlvoDeMaia(2011) Volume 2, n 8.

    Teogonias (3)Um acontecimento no desprezvel, e que merece a nossa ateno como "coincidncia" notvel oseguinte:

    - a filosofia e o saber grego apareceram aps a subida ao poder de Ciro, o Grande, econsolidaodo Imprio Aquemnida... na Prsia!

    ... mas no s, aparecem ainda pouco depois - Buda, na ndia, e Confcio, na China.

    O que tinha de notvel, o novo imprio aquemnida?- seguia a doutrina de Zaratustra (Zoroastro), tendo como entidade suprema Mazda (Ahura).

    Estandarte de Ciro(falco que olha o oriente?... depois no zoroastrismo as guias olhavam o ocidente

    - tal como romanas, americanas, ou mesmo nazis... a opo dupla cabea foi Habsburgo)

    Os conflitos entre gregos e persas comeam justamente com esta expanso aquemnida...(e digamos que se os gregos j escreviam da esquerda para a direita, a lngua avstica [avestan] fazia o contrrio, como eracomum poca... apenas um detalhe, como claro!)

    A questo principal que houve conhecimento similar que foi difundido, e iluminou subitamente vriospovos, nas fronteiras da expanso aquemnida, sobretudo feita por Ciro, Cambissese Dario. aindanessa altura que se d a libertao judaica, do cativeiro na Babilnia, e se recompilam os textosbblicos. A transio do Sc. VI a.C. para o Sc. V a.C. parece ser assim uma altura de salto noconhecimento e religio.

    A expresso mais notvel a grega... podemos dizer que acordam subitamente, e comeam a debitarvrios tratados, com uma profundidade que no parece ter paralelo anteriormente. evidente que oconhecimento persa no est ausente, mas muito podia estar presente pelo lado dos babilnios!Perante a invaso persa, e adopo da nova religio, o Zoroastrismo (que os sacerdotes Medos haviamcombatido) era natural algum medo face ao desequilbrio na ordem hierrquica da classe. Os magosvo ser os novos sacerdotes do zoroastrismo.

    http://alvor -silves.blogspot.pt/2011/08/teogonias-3.html Pgina 22

  • AlvoDeMaia(2011) Volume 2, n 8.

    Os egpcios no conseguem fazer face ao avano persa, mas uma Grcia ainda arcaica, acordando parao registo histrico, vai suster de forma surpreendente o embate - em propores que so ilustradaspela defesa das Termpilas. Havia claro, toda a Guerra de Tria, e at uma Guerra contra osAtlantes, que passaram a fazer parte da histria que se escreveu e consolidou nessa altura, onde osgregos de ento se identificaram com os aqueus, nessa altura j lendas com muitos sculos oumilhares de anos.

    A Grcia passou a ser lugar de embate entre duas concepes... um modelo de racionalidade eprogresso, mas ao mesmo tempo um modelo mstico, que no se desligava do panteo de deuses, dosorculos, das oferendas, das decisestomadas pelas entranhas ou voo dos pssaros.Levantamos a hiptese de a Grcia ser ainda um campo externo de uma guerra interna que se passavano Imprio Aquemnida... entre os novos magos do zoroastrismo, e os antigos sacerdotes babilnios.Os primeiros procuravam que os gregos aderissem ao imprio e filosofia de Zaratustra, os segundosquereriam a resistncia grega, como forma de segurar a expanso e voltar ao culto dos velhos deuses.O conflito entre racionalidade e o misticismo teve o seu episdio com Scratese a cicuta...

    Com Aristteles e Alexandre, a defesa grega passa a ataque macednico, e os persas so mais umavez surpreendentemente derrotados, a ponto de perderem o imprio num par de anos. Porm, aspolticas de Alexandre no corresponderiam exactamente ao acordo de quem to prontamente oacolheu e inseriu. Alexandre queria ir mais longe, para alm da Prsia, e seguiria a filosofia grega...mas morreu demasiado cedo. O imprio estilhaou na diviso interna entre os generais. Preparava-seum novo imprio, o romano, onde mais uma vez imperou o conflito entre adeptos republicanos e os damonarquia imperial.Com o fim da Repblica e a instalao do Imprio Romano terminaram as expanses territoriaissignificativas, e at o gnio inventivo e literrio comeou a estagnar. O Mundus Clausus, fechado sobreos limites antigos chegou a deixar aventuras para alm das Colunas de Hrcules como primeiras obrasde fico cientfica, com reinos aliengenase viagens Lua (caso de Luciano de Samosata [True History]).

    Se o advento cristo teve a beno dos (reis) magos, o modelo que a igreja crist seguiu foi ummodelo de casta sacerdotal, seguido por Roma e Bizncio, aps Constantino.

    Ainda assim, o Imprio Romano seria demasiado heterogneo, multi-racial e multi-cultural... umimperador poderia resultar de equilbrios de foras instveis, e raras vezes seguia a linha hereditria.Os segredos no eram to estanques, quanto pretendido, e flutuavam numa classedemasiado vasta...Mais eficaz seria introduzir um factor racial, fcil distintivo... a escolha recaiu sobre os godos, queficaram encarregues de preservar uma linhagem aristocrata, que se misturasse pouco com aspopulaes autctones. Como sempre, se os romanos tinham um poder esmagador e conseguiramsuster a diviso do Imprio com Aureliano, nunca conseguiram grandes progresses a norte... jestariam designadosos godos/suevos como possveissucessores.

    Ao mesmo tempo conseguia-se um retrocesso civilizacional, que caracterizou a Idade Mdia, e que comCarlos Magno assumiu contornos de novo imprio romano, perfeitamente controlado, com hierarquiase castas bem definidas... nenhum soldado passaria a general e da a imperador, como podia acontecerem Roma. A casta tinha o modelo ariano, afinal aquele que desde o princpio estava centrado naextensa zona de influncia babilnica/persa/indiana, e serviu no s na Europa, mas ainda comomodelo racial no sistema de castas da ndia. Curiosamente, ainda ariano o nome da filosofiamonofisista que os godos vo adoptar, mas por nomeao de Arius de Alexandria, seu proponente.

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  • AlvoDeMaia(2011) Volume 2, n 8.

    Esta linha ariana acaba por ser derrotada sucessivamente, afinal os magos teriam confirmado ocarcter divino de Jesus Cristo, cuja vida em muitos aspectos tem analogias assinaladas com opercurso do prprio Zaratustra. O ataque ao que restava do Imprio Romano ser feito pelos rabes.Constantinopla resiste at quando pode... e a Pennsula Ibrica fica tambm embrenhada em guerrasde reconquista. O Mediterrneo antigo mar estvel, fica em permanente confronto entre duascivilizaesque no se falam, divergindo profundamente na questo da vinda do Messias(e de Maomenquanto profeta). Ser esse o principal foco da discrdia entre cristos, judeus e rabes.

    A Pennsula Ibrica ficou como territrio ambguo, resistiu invaso rabe, e tambm ao Imprio deCarlosMagno, na sua derrota em Roncesvalles(haver uma outra Roncesvallescom Napoleo).O mais significativo nisto que s no momento em que o Infante D. Pedro se coloca ao servio doImperador Sacro-Germnico que de alguma forma os reis portugueses se sujeitam a algumavassalagem imperial, passam a ter o direito a ter Prncipes (deixa de haver Infantes...), e as suasviagens martimas comeam a ter chancela oficial.A Europa tem autorizao de expanso, para alm das fronteiras... Portugal e Espanha vo darrelevncia aos Reis Magos nalgumas nomeaes que vo fazer. A situao estranha, ao ponto daEuropa estar ao mesmo tempo ameaada com a queda de Constantinopla, at Viena e Veneza, eameaar o Imprio Otomano nas paragens orientais com a presena portuguesa no Suez, em Ormuz,etc...As navegaesficam de novo suspensas- h territrios proibidos... e surge novo conflito ideolgico.De um lado, uma cultura protestante procurando manter um monotesmo, e do outro lado ocatolicismo abre uma quantidade enorme de devoes secundrias. O fecho da Igreja Catlica usamtodos drsticos, especialmente com a Inquisio, e continua a restringir alguns territrios. ORenascimento j iniciado, que basicamente vai repiscar e republicar toda a literatura antiga, proibida,fica em perigo.A herana que ficara em Alexandria e Constantinopla, vai passar pela Hispnia, tendo rabes e judeuscomo transmissores. Mas esse privilgio hispnico cai definitivamente na Guerra dos 30 anos... e onovo avano ser dado pelo lado protestante, que tambm vai colaborar no esquema de ocultao,mas atravs de instituies secretas.Uma coisa ser o poder estabelecido e visvel, outra coisa completamente diferente sero os acordosentre naes. A ocultao ser mantida, e voltamos ao velho problema... como evitar que os segredosou o poder caia na mo de um cidado que passa a imperador?

    O teste maior ter sido feito na Revoluo Francesa e com Napoleo. Viram-se a os barretes frgios,mas a Verdade no se impe num pice sobre a "verdade social". A "verdade social" voltil, e precisade um farol de referncia... o resultado foi catico, onde tudo seria alvo de dvida, e os executorespassaram a executados, no Regime de Terror que se seguiu a 1789. Napoleo foi uma soluo contraesse caos, mas pelo lado indesejado... julgou deter um poder absoluto, e ao coroar-se imperador, nose ter apercebido da dimenso do problema que enfrentava (alis, tal como ter ocorrido com D.Sebastio)... o sistema aristocrtico implantado deixou de o considerar como um problema, ao pontoda Conferncia de Viena ter mesmo comeado antes de se ter dado a Batalha de Waterloo (quedefiniria o seu asilo final).

    Se a anterior lgica era uma lgica repressiva, dispendiosa e que abria novas brechas de conflito, aimplantao monetria definiu novos executantes e um novo sistema. A "verdade social" tinha umpreo, que cada nao tinha de preservar na "fabricao"... estmulos monetrios, reconhecimentos,etc, tudo iria servir para garantir a preservao dos segredos. Controlando o sistema de publicao, osistema de divulgao, a "verdade social fabricada" poderia ser mantida, criando manobras dediverso, prmios ou ameaasveladas se necessrio.

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  • AlvoDeMaia(2011) Volume 2, n 8.

    Para os inseridos no sistema no h outra soluo sob pena de se cair na desordem ou fraqueza... umaparte no pode abrir o jogo unilateralmente, sob pena de ser aproveitado pela outra. Aps sculos deconflito, no h confiana entre as partes para que possam deixar cair a mscara - at porqueningum vai querer aparecer como parte fraca na fotografia. Assim, a certeza aparente a de que osistema se deve manter, ou ento que se deve ainda fechar mais. A presso de divulgao vistacomo tentativa de uns para trocarem os lugares de poder com os outros... porque tudo sempre vistonuma lgica de poder. Ser difcil distinguir entre aqueles que o querem fazer sinceramente, e os que oquerem fazer aparentemente, preparando a estratgia seguinte. Uns gozam com outros, de maneiraexplcita ou velada para a populao, mas sabendo que h muitos que percebem os cdigos, coisashabitualmente infantis e perversas, aprendidas em muitos sculos de diletantismo nas cortes. Essepretenso elitismo, fruto de um preo inato de silncio, e de ausncia de liberdade, tem assim umarecompensa incompleta num estatuto artificial, sem objectivo, nem outra finalidade que no seja apreservao.

    As dvidas so essencialmente dvidas verdade, que so remetidas ao prprio povo, pela suafelicidade na ignorncia, paz e soberania iludida...

    aqui que entra de novo a filosofia de Zaratustra, "o velho camelo".Se pensarmos que somos cindidos e uma parte de ns se separa da outra, perdendo uma parte dasnossasmemrias, artes e faculdades de raciocnio para a parte restante, aceitaramos ou no regressarao ponto em que pelo menos pudssemos trocar informao e cooperar com essa parte separadafisicamente? - Claro que sim! Porqu... porque nos lembramos dessa identificao. A menos que umaparte seja colocada em posio de ter que escolher entre si e a outra, poderia haver dvidas... emesmo assim, se o prprio der mais valor sua reflexo, poder sacrificar-se, no que normalmente sechama amor.Essa cooperao sente-se mais facilmente em famlias, em aldeias, sem presses e influnciasexternas... e claro que est mais afastada numa cidade onde a lgica competitiva ocorre todos osdias, e em vrias ocasies.

    Naturalmente um objectivo estvel de um universo pensante, separado em diversas componentes, sera troca sincera de informaes entre essascomponentes separadas. Chama-se a isso curiosidade...Poder pensar-se que se podem definir estratos, mas a menos que no sejam comunicantes, denenhuma forma, uns influenciam-se aos outros, de forma indissocivel [paradoxo do pensador].Podepensar-se em fechar, como proteco... mas isso s significa uma coisa - medo!E portanto como no est aberto ao desconhecido, ficar aberto ao medo que tem dele.

    Estes so alguns dos processos que o Universo usar para um objectivo muito simples - concentrartoda a informao num nico ser pensante - que ser resultado da juno de todos os serespensantes, atravs de canais de comunicao fiveis. S assim poder observar-se em plenitude, e atobservar o passado... mas isso outra histria, e por enquanto seguimos adormecidos nas estorietasde quem julga que o sonho que inventa se sobrepor realidade.

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    Alvor -Silves , em 12 de Agosto de 2011

  • AlvoDeMaia(2011) Volume 2, n 8.

    Um famoso quadro de Botticeli, "Nascimento de Vnus" ilustra o nascimento de Afrodite/Vnus, dasondas do mar (Ponto), resultado do corte adamantino de Cronos a Urano:

    Nascita de Venere (Botticeli)( dito que Botticeli teria seguido uma descrio de Angelo Poliziano)

    A modelo usada para o quadro foi Vespucci, Simonetta Vespucci, que casou em Florena com Marco,um primo de Alberico, depois dito Amrico, Vespucci.

    Convm notar que h uma confuso de Afrodites... uma original, que a que sempre referimos - aAfrodite Uraniana, ligada a Dione, e a sua filha com Zeus, designada Afrodite Pandemos, ligada aoamor fsico.

    Partnon: Vesta, Dione e Afrodite (Pandemos).

    Se comemos a "Questo Gaia" com uma ousada ligao de Gaia pela substituio de I por J, o quedaria Gaja, e falmos ainda dos gaiatos, vamos terminar o tpico com os "Putos".

    PuttiOs Putos so pequenas crianas, representados na Arte Renascentista e Barroca, e que no soexactamente os habituais anjos (Querubins e Serafins) - tm "estatuto inferior" por serem associadosaentidades pags - ou seja, Cupido/Eros:

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    Puto de Vnus

  • AlvoDeMaia(2011) Volume 2, n 8.

    Putto adormecido, por Perrault

    A associaode Vnus a Cupido bem conhecida e antiga. A entidade pag, a pequena criana quedispara setas de amor, o original Puto de Vnus. H uma relao maternal que se estabeleceu entreestas duas divindades, caso raro em que so representadas quase sempre em conjunto:

    Venus com Cupido (Pompeia). Afrodite com Eros (terracota do Sc. IV a.C., Hermitage Museum)

    Aps o Renascimento, esta representao singular de associaodivina, numa relao me-filho, serretomada em mltiplos quadros... e como bvio no estamos a referir-nos apenas representaodestas divindades pags. Esta relao nem ser nenhuma novidade, pois h vrios textos (eg.[http ://www .the-goldenrule.name/Eros_Renaissance_with-Virgin.htm] ) que sinalizam as semelhanas.

    A relao divina entre me e filho passa claramente para o catolicismo, e ser um dos focos de cismaentre protestantes e catlicos. Numa primeira anlise superficial esta associao seria desadequadapara ser retomada pelo catolicismo... mas depende do nvel a que a colocamos.Tal como existia uma Afrodite primordial, na Teogonia de Hesodo tambm Eros colocado a um nvelainda mais primevo, um amor surgindo como fonte de luz, e resultando do Caos, tal como Gaia eTrtaro (Eros, assim mesmo anterior a Urano, filho de Gaia).

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  • AlvoDeMaia(2011) Volume 2, n 8.

    Como Afrodite, tambm Eros tem uma segunda encarnao, mais conhecida, enquanto filho deAfrodite e Ares, e a representado como uma criana que surge da relao entre os deuses do amor eda guerra, que dispara flechas de paixo. (Este novo Eros ser mesmo vtima da sua prpria flecha,ficando apaixonado por Psique, numa histria que ter inspirado o beijo da Bela Adormecida.)

    A representao simultnea de Vnus e Cupido, est muitas vezes presente na pintura e escultura:

    Venus e Cupido [atheism.about.com] Afrodite e Eros [ the-goldenrule.name]

    http://alvor -silves.blogspot.pt/2011/08/puto-de-venus.html Pgina 28

    No colocamos aqui a imagem da mais famosaVnus de Milo... mas, seguindo esta linha, talvezno faltassem apenas os braos, talvez faltasseainda um Cupido ao colo (assim o sugere o olhar,a posio da perna avanada e do braoelevado). Uma representao assim poderiacolidir de "forma grave" com as imagensclssicas, denominadas "Madonas"... issojustificaria a mutilao, uma polmica secreta e aconsequente fama associada esttua. Se Renoira chamou "grande polcia" talvez no se referisse falta de beleza, que claramente possui, mas simao que representaria a sua mutilao.Mais precisamente, aludimos a uma possvelrepresentao desta forma:

    araldodeluca.com

  • AlvoDeMaia(2011) Volume 2, n 8.

    H, claro, uma verso alternativa, relacionada com a devoluo da Vnus de Medici, que tem ambosos braos em baixo, tal como a Afrodite de Cnido (onde Eros est ausente). Alis a prpria "Vnus deMedici" tem uma cpia com um Cupido maior:

    "Venus de Medici" (de Praxiteles?) e "cpia romana" (imagens)

    VieiraNa representao de Botticeli temos essa Vnus primordial, que emerge adulta da espuma do marprimevo, como uma prola de uma vieira (ou ostra). Isso j ocorre antes, conforme podemos ver numfresco de Pompeia:

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  • AlvoDeMaia(2011) Volume 2, n 8.

    H assim, uma associaomuito antiga, que liga o nascimento de Vnus, enquanto deusa primeva doamor, a uma vieira, e que foi recuperada no quadro de Botticeli.No podemos deixar de notar que essa vieira ainda o smbolo de Santiago, e que os peregrinosseguiam esse caminho levando num cajado esse smbolo primevo do amor. A mensagem profunda davieira de Santiago, assim o reflexo em Cristo desse smbolo ancestral do amor espiritual, ligado aonascimento da Afrodite Uraniana.Isso ter tido uma grande influncia na comunidade peninsular que j venerava Cupido (chamadoEndovlico), conforme escreveu Carvalho da Costa [ossa-lucefit]. Venerar, de Venera (Vnus), aquimesmo a palavra correcta. A relao entre me e filho ter factores acrescidos de ligao, napropagao dessa mensagem de amor primeiro. O caso singular do cristianismo enquanto religio acapacidade de colocar um Deus omnipotente em posio humana, com as fragilidades inerentes nasituao de reflexo literal [ reflexao], recuperando uma noo primeva de amor, complemento aoequilbrio dinmico, possvel com o corte temporal de Cronos [teogonias (2)] .

    A lmina adamantina de Cronos cindiu um universo de todos os tempos, de rano, mostrando umtempo de cada vez, em contnuo. As ideias, os verbos, iriam ser definidos pela sua emergncia dessasequncia imparvel. O tempo surgia assim como uma iluso de reproduo dinmica do estadoanterior, saindo de todo o caos possvel uma aparente inteligibilidade. assim que emerge a noo deamor, de partilha dinmica do mesmo universo, pelos seres pensantes... e esse amor pode ser local,quando os seres reduzem o seu universo, a uma pessoa, ou a uma ocasio, ou pode ter contornosmais profundos, procurando uma harmonia global. Digamos que esto definidos todos os caminhos dasMoiras [wiki] , mas no o caminho que cada um decide seguir... isso que o define enquanto seremergente da estrutura esttica, e que assim passa a "existir" na "iluso" temporal.

    http://alvor -silves.blogspot.pt/2011/08/puto-de-venus.html Pgina 30

    Pombas e Peleiades

    Se o Corvo est muitas vezes associado a Helios/Sol/Apolo, poroutro lado, a pomba est associadaa Afrodite e a Eros, havendovrias representaesnesse sentido!

    Ser escusado dizer que tambm a pomba foi colocada nocristianismo como elemento revelador a Maria, para a concepode Jesus, e ainda como um smbolo de paz e amor ligado mensagem crist.

    Deus ao colocar-se numa posio humana atravs de Cristo, tero seu complemento, o Esprito Santo, representado na pomba.Fica obviamente definida a trindade inevitvel, pela abnegaodo todo numa parte... teria que existir o seu complemento.Convir referir que Zeus, escrito com um dzeta, se poder lerDzeus, da mesma forma que na componente romana, Jpitertinha como nome alternativo Jove, que no difere muito deJeova. Ou seja, os nomes no so assim to diferentes quantoaparentam, primeira vista...

    Afrodite com uma pomba na mo direita

  • AlvoDeMaia(2011) Volume 2, n 8.

    http://alvor -silves.blogspot.pt/2011/08/puto-de-venus.html Pgina 31

    Peleiades significa em grego - pombas, e encontramos aqui ligao designao das Pleiades, queenquanto agrupamento estelar representa as filhas de Atlas, um bando de pombas perseguidas pelocaador Orion,. As referncias s Pleiades so variadas, e esto inevitavelmente ligadas ao Ocidente,ao paraso perdido, aps o Atlas e Atlntico.Limite do Atlntico que ser quebrado, aps o Corvo (ilha), por um pombo que se chamar Colombo.Colombo ter sido antes Coln, ou ter tido outro nome... mas seria afinal um pombo que se iria juntars pombas passando o Atlntico, do pai Atlas que sustentava o mundo. A viagem de Colombo tomaassim um aspecto simblico de revelao, que ultrapassou o limite ocidental do Corvo, ave de Apolo.

    [Peleiadesera ainda o nome das sacerdotisas do templo de Dodona, ligado a Gaia,Reia e Dione (de alguma forma identificadas), sendo Dione a Afrodite Uraniana.]

    Vnus ou Lucifer ?Uma das Pleiades Maia, filha de Atlas e me de Hermes/Mercrio. Tal como Gaia e Reia, tambmMaia acabou por ser uma divindade ligada Terra, em diversas culturas.Se Vnus estava ligada a Mercrio, e como ambos os planetas tm rbitas aparentes prximas um dooutro, e prximas do Sol, no de excluir que Mercrio possa ter sido identificado ainda a Eros/Cupido.H outros aspectos que concorrem nesse sentido, nomeadamente a clebre meno do HermesTrimegisto e o hermtico Hermetismo, onde a mensagem do caduceu se complementar com asligaes pelas setas de Cupido.

    Um aspecto sinistro nestas ligaes mitolgicas, acabam por ser as contradies propositadas, criadascom objectivos obscuros... um dos mais evidentes transformar Lucifer (em latim "o portador da luz"),a estrela da manh, ou seja Vnus, a deusa do amor, numa personificao do mal. Como vimos, ascontradies disto seriam totais, se Vnus no fosse tambm a estrela da tarde, e como tal Hesper... aesperana!

    claro que, pretendendo-se manter a obscuridade, qualquer luz ser encarada como um mal, quesubverte a ordem instalada... nem que para isso se tenham que colocar educacionalmente reflexoscondicionados. Pensar-se- assim sobrepor uma "verdade social fabricada", mas at quando? At queponto ser preciso ir, para que a verdade do passado deixe de pesar sobre o presente eensombrar/assombrar o futuro?

    [Imagens: the-goldenrule.name/Aphrodite_Dove.htm]

    Alvor -Silves , em 19 de Agosto de 2011

  • AlvoDeMaia(2011) Volume 2, n 8.

    - Uma Pea,de Teatro Isabelino: - The Battle of Alcazar, de George Peele(1591)http://en.wikipedia.org/wiki/The_Battle_of_Alcazar

    Peapor outra pea - e do pedido sai nova pea:

    -Uma Pea,de Teatro Carolino: - Believe as you list, de Philip Massinger (1631).http://en.wikipedia.org/wiki/Believe_as_You_List

    H mais peas... e pea por pea vo colando uma histria diversa, neste caso de D. Sebastio.

    Em 13 de Dezembro de 2009 foi iniciado o tpico Alvor-Silves com um texto sobre D. Sebastio, queseria o primeiro de sete textos, finalizados a 31... Alguns argumentos colocados nesse texto inicialpodiam ser consideradosespeculativos, e acabei por deixar cair parcialmente o assunto.

    No deixa de ser coincidncia que D. Joo de ustria desaparea, tal como D. Sebastio, no ano de1578! Ambos eram jovens, ver-se-iam como guerreiros no modelo de Aquiles, e o brilhante cometa queapareceu no incio desse ano (mais precisamente entre Novembro de 1577 e Janeiro de 1578),concretizaria alguns pressgiosde sorte funesta. [http ://en .wikipedia.org/wiki/Great_Comet_of_1577]

    Sebastio foi levado no corao da batalha, Joo de ustria foi levado pelo tifo... mas que necessidadehaveria de dissecar o corpo do heri de Lepanto, no transporte para o Escorial, sendo s depoisjuntadas as partes? Recebiaambos os corpos, Filipe II, irmo de Joo e tio de Sebastio.

    D. Joo de ustria, morto em 1578

    Acerca de Lepanto, que em 1571 ter catapultado D. Joo de ustria para a celebridade, o Gro-Vizirde Selim II, Mahamet Sokulu, ter afirmado:- Ao tomarmos Chipre, ficaram sem um brao, enquanto ao derrotarem a nossa armada [em Lepanto] ,s apararam a nossa barba!

    Foi desta forma que os Otomanos desvalorizaram o resultado de Lepanto.A Sagrada Aliana, que reunia o Imprio Habsburgo Espanhol, Veneza e Gnova, a Savia, Malta e osEstados Papais, tinha vencido os Otomanos, mas dificilmente essa vitria permitira alterar a disposiodas peas no terreno... e Chipre teria cado definitivamente.

    http://alvor -silves.blogspot.pt/2011/09/peca-por-peca.html Pgina 32

    Pea por Pea

  • AlvoDeMaia(2011) Volume 2, n 8.

    Numa luta que carregava o epteto sagrado, seria natural ver um "fervoroso rei catlico" juntar asforas nacionais nesse empreendimento pela cristandade. Porm, no ser esse rei D. Sebastio, quej governava o reino h trs anos. O rei de Portugal no estar representado na coligao naval deLepanto. Convm notar que o Infante D. Lus (tio de D. Sebastio) tinha estado presente na Conquistade Tunis, em 1535, comandada por Carlos V, pai de Filipe II . Era habitual uma colaborao cristcontra os otomanos...

    Quando falha a potncia militar, entra em jogo a diplomacia... os acordos em jogos de bastidores.Se Lepanto no travava a expanso Otomana j consolidada na Europa, por onde poderia ela progredirsem apoquentar mais os Estados Italianos e Austracos?

    - Um caminho claro seriam os outros estados islmicos do Norte de frica.

    Assim, apesar do resultado de Lepanto, trs anos depois, em 1574, a cidade de Tunis volta a cair emmos otomanas.Ser neste contexto que aparece a ameaa de implantao otomana em Marrocos, e consequenteperturbao da vizinhana ibrica, no apenas nas navegaes, mas at num eventual reeditar dedesembarques muulmanos - a queda de Granada faria em breve um sculo e seria natural inflamarum esprito de reconquista pelo outro lado.

    Se D. Sebastio pareceu preocupado com o problema, a ponto de oferecer ajuda a Mulei Mohamed, jFilipe II pareceu negligenciar a ameaa turca das suas fronteiras a sul.

    Convm notar que num avano dessa forma, os primeiros pontos vulnerveis seriam as possessesespanholas no Norte de frica. Tunis fora logo perdida em 1574, mas havia vrias outras... antes dechegar aos fortes portugueses, que comeavam apenas em Ceuta.

    Uma derrota pesada, que envolveu a morte do Rei, deixaria as possessesportuguesas em Marrocoscomo desgnio apetecvel de embalo na reconquista. Porm, com Filipe II no trono portugus esseperigo muulmano sob influncia turca nunca se efectivou... alis Filipe II ser particularmenteexpediente na forma como ir tratar de aparecer como parte intermdia na resoluo do problema deresgate dos sobreviventes de Alccer-Quibir.

    Os contactos de Filipe II com o lado vencedor na contenda de Alccer-Quibir so particularmenteproveitosos. s expensasde fortunas enviadas para este intermedirio no resgate, regressa alguma danobreza e fidalguia nacional. Aparece como salvador de famlias dos crceres dos infiis, e certamenteque tais famlias lhe ficam gratas apesar das somas dispendidas. Um dos prisioneiros resgatados era oConde de Barcelos, filho do Duque de Bragana... tinha ento apenas 10 anos de idade.Os franceses chamavam a Filipe II "demnio do meio-dia"... mas no foi assim encarado em Lisboa, ea prova disso foi a Monumentalia Filipina - dezenasde grandes Arcos de Triunfo erigidos em Lisboa em1581 (... dos quais nenhum sobreviveu!). A reaco da fidalguia invaso filipina foi muito moderada,como pde constatar o Prior do Crato... que teve entre os portugueses os seus principais amigos dePeniche!

    Quando falamos de Filipe II, de D. Sebastio, e de D. Joo de ustria, convm no esquecer oproblema interno que se desenrolava em Espanha, entre Albistas e Ebolistas!Esta luta interna, nos meandros da corte espanhola, teve uma clara vitria pelo lado Albista, do Duquede Alba, afinal o vencedor contra D. Antnio.

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  • AlvoDeMaia(2011) Volume 2, n 8.

    Do lado dos Ebolistas, e como Rui Gomes morre em 1573, ser a sua jovem mulher, a notvel AnaMendonza de La Cerda, que procurar liderar o partido do seu marido - um portugus da Chamuscaque, de tutor de Filipe II, ascendeu a Prncipede Eboli, e Duque de Pastrana.

    Ana de Mendonza y de La Cerda, Princesa de Eboli, com o devido olhar.

    A Princesa de Eboli acabou por ser denunciada em conspirao com Antonio Perez, sendo presa em1579... estavam abertas todas as portas para a anexao portuguesa que o rival Duque de Albaconcretizou no ano seguinte. O motivo principal da acusaoseria a morte do secretrio de D. Joo deustria, em Maro de 1578, mas ligava-se primeiro o problema de D. Sebastioe depois o da sucesso,que envolviam "segredos de estado".

    As verses que dispomos tiveram de sobreviver forte censura que imperou nos reinados filipinos.No apenas nessas regncias... afinal sabido que o Marqus de Pombal fez queimar publicaes queevidenciassemum teor sebastianista!Foi mesmo um pouco mais longe... sendo claro que o Duque de Aveiro e os Tvoras foramprotagonistas ao lado de D. Sebastio em batalha, foram tambm esses as vtimas principais doProcessode 1758, que condenou essasfamlias a uma cruel execuo pblica.- Coincidncia?... Para quem gosta de numerologia, reparar ainda que 1578 e 1758 tm os mesmosdgitos!Para quem no gosta, claro que a Casade Bragana no foi uma escolha consensual na Restaurao!Estaria demasiado ligada ao partido de Filipe II, a quem Catarina de Bragana acabou por abdicar odireito do trono, e essa foi tambm a Casaque mais beneficiou sob domnio filipino.D. Joo IV teve pois que admitir abdicar num eventual regresso de D. Sebastio. O episdio de Lusade Gusmo, preferindo ser "Rainha por um dia...", reflecte implicitamente a parte da Casa ondePortugal queria rever-se. No era na linha do anterior Duque de Bragana - que tomado por febres, setinha escusadoa partir com o Rei.... seria talvez mais na linha de Lusa, a bisneta da Princesade Eboli.O Duque de Aveiro ainda era, poca do Marqus de Pombal, um candidato ao trono, pela linha maisantiga... que vinha da descendnciade D. Joo II pelo filho D. Jorge, preterido a D. Manuel.As trs casas ducais formadas por Afonso V, ou seja Coimbra, Viseu e Bragana... tinham-seenfrentado desde a Batalha de Alfarrobeira.E se o ducado de Viseu foi vencedor na sucesso de D. Joo II, obrigando o ducado de Coimbra amudar de nome para Aveiro; aps a extino da linha com D. Sebastio, a sucesso pela via de D.Jorge permaneceu como ameaa casa de Bragana at execuo definida em 1758. O problemaera de tal forma evidente que o filho do Duque de Aveiro s escapou morte com a promessa de noter sucessores.

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  • AlvoDeMaia(2011) Volume 2, n 8.

    Prisioneiro de VenezaPor isso, importante encontrar registos um pouco mais longnquos... na Inglaterra!H uma excelente compilao de escritos (que encontrei agora), publicada em 1985, pelo Instituto deCultura e Lngua Portuguesa, do Ministrio da Educao:

    D. Sebastio na Literatura Inglesahttp://cvc.instituto -camoes.pt/index.php?option=com_docman&task=cat_view&gid=54&Itemid=69

    ... e parece ser um dos poucos registos onde se fala das importantes obras inglesas que abordaram oassunto da Batalha de Alccer-Quibir e do destino de D. Sebastio.

    Uma dessasobras Believe as you list de Philip Massinger (1631), que foi censurada!

    "Acreditem enquanto ouvem" s teve autorizao de publicao depois do autor mudar por completo oenquadramento! Ao invs de falar do reaparecimento de D. Sebastio, colocou-o como reaparecimentode Antoco, rei da Sria no Sc. II a.C.O motivo da pea era o aparecimento de D. Sebastioenquanto o "Cavaleiro da Cruz", em Veneza, emJunho de 1598. Consegue convencer portugueses a sediados, e por isso o homem preso pelo Dogede Veneza em Novembro de 1598, a pedido do embaixador espanhol. libertado por interveno dofilho do Prior do Crato, e consegue escapar at Florena onde volta a ser preso pelo Duque daToscana, mais uma vez a pedido do embaixador espanhol. visitado pelo Conde de Lemos em 1601,mas acaba por ser primeiro condenado perpetuamente s gals e finalmente executado em 1603.Esta histria contada por Frei Jos Teixeira e usada por Massinger, est bem documentada no artigode Isabel Oliveira Martins (ver pg. 121-145), incluso no dito livro de 1985.

    claro que o "Prisioneiro de Veneza"(*) aparenta ser apenas mais um caso de reaparcimento, aps osde Penamacor, Ericeira e Madrigal, com desfecho funesto para os pretendentes. Havendo interessesem depor a linha espanhola, tambm natural pensar que alguns portugueses alinhassem nestasoluo alternativa. O prisioneiro de Veneza, talvez um certo Marco Tulio Catizone, acabou por terrepercurso ao ponto da pea ter sido proibida no reinado de Carlos I, rei ingls que teve depoisdestino igualmente funesto!

    ___________(*) Curiosamente o ttulo "Prisioneiro de Veneza" ser depois usado como ttulo numa obra de umsoldado metereologista, que decide publicar um "Panfleto sobre a contingncia"... obra depoisrenomeada como "A Nusea", ou seja falamos de Jean Paul Sartre.

    MolucoUm aspecto que se mantm particularmente intrigante a designao Mulei Moluco para Abd-al-Malik(ou Abdilmelec), especialmente se o conectarmos a um perodo em que as Ilhas Molucasestiveram sobdisputa no Anti-Meridiano das Tordesilhas, desde D. Joo III .

    A fundao de Manila aps 1571, e subsequente renomeao daquelas ilhas como Filipinas, em honraa Filipe II, mostram que se mantinham questes territoriais a resolver naquela parte oriental, entreFilipe II e D. Sebastio. Essa questo especialmente notria pela oferta dessas mesmas ilhas comodote da filha de Filipe II, se D. Sebastio tivesse aceite esse casamento! Porm, obstinadamente, D.Sebastiosempre recusou essa proposta de casamento espanhol.

    As ilhas eram inicialmente denominadas Malucas, e a conotao do termo "Maluco" s tem umsignificado de loucura posteriormente. Convm a este propsito referir que, na Jornada de frica,Jernimo de Mendona diz:

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  • AlvoDeMaia(2011) Volume 2, n 8.

    (...) e Mulei Audelmelic, vendo isto se passou ao Gram Turco, o qual vulgarmente se chamaMulei Moluco, porque sendo pequeno era to afeioado aos Christos, que seu pay lhe mandoufazer huma bragua d'ouro chea de muitas pedras ricas, e lha ps hum dia chamando-lheMoluco (como quem diz servo) donde lhe ficou o sobrenome tambem assentado, que muitoslhe no sabem o nome verdadeiro. Andou pois Mulei Molucco em Constantinopla muito tempo,sem poder alcanar socorro do Gram Turco contra seu sobrinho (como tambem del Rey deEspanha, no havia podido alcanar, fazendo primeiro os mesmos ofcios).

    O significado de Moluco assim explicado como sinnimo de "servo", e de forma clara estabelecida atentativa de contacto de Mulei Moluco ao rei de Espanha,antes de ob