agroecológico junho 2012

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Ano 4 | Edição nº 21 | Junho de 2012 www.sinter-mg.org.br Bio Dicas: Como evitar ou diminuir a ingestão dos agrotóxicos 02 Controle de Tiririca com Araucaria Angustifolia pág. 03 DESTAQUE OUTRAS NOTÍCIAS Informativo Técnico do Sindicato dos Trabalhadores em Assistência Técnica e Extensão Ruraldo Estado de Minas Gerais Araucaria Angustifolia Fotografia da internet

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Page 1: Agroecológico Junho 2012

Ano 4 | Edição nº 21 | Junho de 2012

www.sinter-mg.org.br

Bio Dicas: Como evitar ou diminuir a ingestão dos agrotóxicos02

Controle de Tiririca com Araucaria Angustifoliapág. 03

DESTAQUE

OUTRAS NOTÍCIAS

Informativo Técnico do Sindicato dos Trabalhadores em Assistência Técnica e Extensão Ruraldo Estado de Minas Gerais

Araucaria AngustifoliaFotografia da internet

Page 2: Agroecológico Junho 2012

Em tempos de Rio +20, fórum inter-nacional que discute os avanços e es-tratégias que governo e população do planeta irão buscar nos próximos anos para podermos ter uma vida sustentável, respeitando o meio ambiente em que vi-vemos e tentando minimizar os estragos ambientais já protagonizados.

Um dos temas discutidos é o uso dos agrotóxicos, a contaminação dos ali-mentos e consequentemente a ingestão desses químicos pelo ser humano. Esse assunto, de maneira simples, você po-derá observar na sessão Bio-Dicas.

Outro tema que também se discute no Rio +20 é a utilização de fitoterapia na produção e controle de “pragas”. Esta-remos conhecendo o trabalho realizado em Caxambu pelo colega André Ce-sar Henriques com controle de tiririca (Cyperus rotundus L.) utilizando o extra-to da Araucária [Araucária angustifolia (Bertoloni) Otto Kuntze].

Por fim, fazemos o convite para você se juntar aos seus colegas para que possa-mos, no dia 27 de junho, quarta-feira às 15h, lotar as galerias da Assembleia Le-gislativa de Minas Gerais e mostrarmos o valor do nosso trabalho para a socie-dade mineira.

AUDIÊNCIA PÚBLIA – EU VOU !

Antônio DominguesDiretor de Comunicação do Sinter-MG

Como evitar ou diminuir a ingestão dos agrotóxicos

Os alimentos que mais contêm agrotóxicos geralmente possuem um ciclo de maturação mais longo, recebendo mais pulverizações, como o tomate e o pimentão. Para estas culturas, o consumidor deve ter um cuidado redobrado antes de comer.

Dicas para evitar ou diminuir a ingestão de agrotóxicos

1. Dê preferência a frutas e verduras da época. Fora da estação adequa-da, é quase certo que a fruta, verdura ou legume tenha recebido cargas maiores de agrotóxicos. É por isso que, quando você não encontra to-mate, cebola ou outros produtos na feira orgânica, é porque não está na época deles. Escolha outro alimento que os substitua em termos nutricionais.

2. Procure sempre descascar as frutas. Os resíduos de agrotóxicos concentram-se especialmente nas cascas das frutas. Nesse caso, é im-portante descascá-las, principalmente os pêssegos e maçãs.

3. Lave bem as frutas e verduras. Use água corrente durante pelo menos um minuto, limpando sua superfície. Ou coloque-as numa solução de água (1 litro) com um pouco de vinagre (4 colheres de sopa), durante 20 minutos. Mas atenção: como a atuação da maior parte dos agrotóxicos é sistêmica (quando aplicado às plantas, circulam através da seiva e por todos os tecidos), descascar e lavar as frutas não garante a eliminação total dos resíduos, somente sua diminuição.

4. Retire as folhas externas das verduras. Em geral, ali se concentram mais agrotóxicos. Com sua retirada, a carga mais pesada é eliminada.

5. Diversifique nas hortaliças e frutas. Além de propiciar boa mistura de nutrien-tes, reduz a chance de exposição ao mesmo agrotóxico usado pelo agricultor.

6. Dê preferência aos produtos nacionais e de sua região. Alimentos que percorrem longas distâncias, normalmente, são pulverizados depois da colheita e possuem um nível maior de contaminação.

Fonte: Ministério Público do RJ / Instituto Estadual do Ambiente (INEA)

Editorial

DIRETORIA COLEGIADA DO SINTER-MGDiretor Geral | Carlos Augusto de Carvalho Diretor Secretário | Ronaldo Vieira de Aquino Diretor de Administração e Finanças | Darci Roberti Diretor de Comunicação e Cultura | Antônio Domingues de Souza Diretor De Assuntos Jurídicos | Pascoal Pereira de Almeida Diretor de Formação Política e Sindical | Lúcio Passos Ferreira Diretor de Assuntos de Agricultura Familiar e Reforma Agrária | Leni Alves de Souza Diretor De Assuntos Dos Aposentados | Elizabete Soares de Andrade

DIRETORES DE BASE Norte | Maria de Lourdes V. Leopoldo Centro | Afrânio Otávio Nogueira Triângulo | Walter Lúcio de Brito Leste | Adilson Lopes Barros Zona Da Mata | Margareth do Carmo C. Guimarães Sul | André Martins FerreiraAlto Paranaíba e Noroeste | Paulo César Thompson

REpRESENTANTES DAS SEçõES SINDICAISJanaúba | Raimundo Mendes de Souza Júnior Januária | Renato Alves Lopes Montes Claros | Onias Guedes Batista Salinas | José dos Reis Francisco da Rocha Barbacena | Tadeu César Gomes de Azevedo Belo Horizonte | Silmara Aparecida C. Campos Curvelo | Marcelino Teixeira da Silva Divinópolis | Júlio César Maia Uberaba | Oeder Pedro Ferreira Uberlândia | Carlos Miguel Rodrigues Couto Patos De Minas | Dener Henrique de Castro Unaí | Dalila Moreira da Cunha Almenara | Ronilson Martins Nascimento Capelinha | Vilivaldo Alves da Rocha Governador Valadares | Maurílio Andrade Dornelas Teófilo Otoni | Luiz Mário Leite Júnior Cataguases | Janya Aparecida de Paula Costa

Manhuaçu | Célio Alexandre de O. Barros Juiz de Fora | Deyler Nelson Maia Souto Viçosa | Luciano Saraiva Gonçalves de Souza Alfenas | Sávio dos Reis Dutra Lavras | Júlio César Silva Pouso Alegre | Sérgio Bras Regina

CONSELhO FISCAL Ilka Alves Santana | Francisco Paiva de Rezende | Marlene da Conceição A. Pereira | Noé de Oliveira Fernandes Filho | Reinaldo Bortone

CONExãO SINTERCoordenação | Antônio Domingues Participação | Diretoria Sinter-MG | André Henriques Edição | Mauro Morais Diagramação | Somanyideas Projeto Gráfico | Somanyideas Jornalista Responsável | Dante Xavier MG-13.092 Circulação | Online

Para sugestões, comentários e críticas sobre o Conexão [email protected]

Bio Dicas

Rua José de Alencar, 738 | Nova Suíça | Belo Horizonte/MG CEP 30480-500 | Telefax: 31 3334 3080www.sinter-mg.org.br | [email protected]

Edição nº 21 | Junho de 2012 | Ano 4 02

Page 3: Agroecológico Junho 2012

A tiririca (Cyperus rotundus L.) é uma espécie invasora nativa da Índia que infesta cerca de 52 importantes culturas em 92 países. É con-siderada a planta daninha mais disseminada e agressiva de todo o mundo, devido a sua ampla distribuição, capacidade de competição e agres-sividade, bem como a dificuldade de controle e erradicação, provocando reduções quantitativas e qualitativas na produção mundial das culturas.

A tiririca possui um conjunto de bulbos, rizomas e tubérculos sub-terrâneos, interliga-dos em forma de corrente, de onde surgem as folhas e as hastes florais. Os tubérculos são pro-duzidos nos rizomas e, quando brotam, uma ou mais gemas começam a crescer, produzindo novas plantas com mais tubérculos, garan-tindo a reprodução e a disseminação da tiririca.

Condições ambientais favoráveis (temperatura elevada e intensa luminosidade), o estabeleci-mento da praga é rápido, devido ao intenso cres-cimento vegetativo e à produção de tubérculos, razões primárias da sua vantagem competitiva com as culturas.

Não se conhece outra espécie vegetal que to-lere temperaturas mais altas, a sua capacidade de sobrevivência em condições adversas é enor-me. Num hectare altamente infestado podem ser encontradas dezenas de milhões de hipertro-fias, sendo comum ocorrerem de 2.000 a 4.000 emergências por metro quadrado.

Os tubérculos atuam como as principais unida-des de dispersão, permanecendo dormentes no solo por longos períodos. Os diferentes “graus” de dormência dos tubérculos causam emergên-cia irregular, contribuindo para a persistência da espécie daninha.

O ideal é a prevenção, o cuidado com os equi-pamentos utilizados no preparo do solo, que po-dem trazer resíduos de terra com sementes e/ou partes vegetativas das plantas infestantes, por

isso todo equipamento deve ser lavado e limpo antes de ser introduzi-do numa nova área.

A falta deste cuidado tem causado ampla disseminação da tiriri-ca e das mais diversas espécies invasoras. Um dos problemas mais graves tem sido a disseminação da ti-ririca que possui, além de sementes muito pequenas, tubérculos que infestam com faci-

lidade e grande agressividade.

Se a terra utilizada para a produção de mudas está contaminada, passa a ser um veículo para a introdução de novas espécies indesejáveis. Provavelmente foi dessa maneira que a tiririca foi introduzida no Brasil no início da colonização, já no século XVI.

Em média, gasta-se em torno de 15 homens/dia para se capinar um hectare de cana-de-açúcar, quando as plantas infestantes estão com altura média de 10 cm. Áreas com infestações de tiri-rica, onde foi realizado capina, as manifestações epígeas da C. rotundus cresceram até 3 cm por dia.

Edição nº 21 | Junho de 2012 | Ano 4 03

Controle de Tiririca (Cyperus Rotundus L.) com Araucaria Angustifolia

“Condições ambientais favoráveis

(temperatura elevada e intensa

luminosidade), o estabelecimento

da praga é rápido, devido ao in-

tenso crescimento vegetativo e à

produção de tubérculos, razões

primárias da sua vantagem com-

petitiva com as culturas.”

Page 4: Agroecológico Junho 2012

Edição nº 21 | Junho de 2012 | Ano 4 04Uma prática muito antiga e muito efi ciente para o controle de plantas infestantes é a cobertura do solo com restos vegetais, também chamada de cobertura morta.

O único herbicida efi ciente para o controle da tiririca é muito caro, com preço médio de R$ 300,00 por 150 gramas do produto. Devido à baixa absorção e translocação sistemática na tiririca, o controle com outros herbicidas é ine-fi ciente.

Os trabalhos desenvolvidos com agricultores fa-miliares de Caxambu vêm mostrando a efi cácia do extrato aquoso de folhas verdes de Araucária angustifolia, no controle agroecológico da tiriri-ca.

O agricultor familiar Manoel Carlos esta obten-do excelentes resultados com a aplicação do extrato aquoso das folhas verdes (acídulas) do Pinheiro Brasileiro [Araucaria angustifolia (Berto-loni) Otto Kuntze].

O preparo do Extrato é bastante simples, basta triturar 500 gramas de folhas verdes de Arauca-ria, e mistura-las em 20 litros de água. Descan-sar cerca de 12 horas em local protegido da luz (escuro), e em seguida banhar todas as áreas infestadas por tiririca, de preferência nas primei-ras horas da manhã.

O extrato de folhas de Araucaria tem mostrado ser tão ou mais ativo que os mais modernos e efi cientes agrotóxicos no controle da tiririca, sem riscos de contaminação do trabalhador rural, dos alimentos e do meio ambiente.

Como são utilizadas somente as folhas da Arau-cária, o que não afeta signifi cativamente o de-senvolvimento e a vida da planta, mas para dar mais sustentabilidade a tecnologia recomenda-mos o plantio de mudas de Araucaria, que são

produzidas no Horto Municipal de Caxambu.

A tecnologia vem proporcionando a redução de custos com agroquímicos, além da valorização e multiplicação da Araucaria, espécie nativa e de grande importância agroecológica, e que se encontra em vias de extinção.

Engenheiro Agrônomo André Cesar Henriques, EMATER-MG de Caxambu/MG.

e-mail: [email protected]: (35) 3341 3966

produzidas no Horto Municipal de Caxambu.

A tecnologia vem proporcionando a redução de custos com agroquímicos, além da valorização e multiplicação da Araucaria, espécie nativa e de grande importância agroecológica, e que se encontra em vias de extinção.