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Jan/Fev/Mar - 2016 Nº 247 - Ano 43 Força Aérea realiza treinamentos conjuntos e prepara as tropas especiais do Brasil para a segurança dos Jogos Olímpicos PRONTOS PARA A MISSÃO BRASIL NO PROJETO GRIPEN | TRÁFEGO AÉREO DO FUTURO | UM SONHO REALIZADO | PRIMEIRA FORÇA AÉREA | GUERRA AERONAVAL

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PRONTOS PARA A MISSÃO - Força Aérea realiza treinamentos conjuntos e prepara as tropas especiais do Brasil para a segurança dos Jogos Olímpicos

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Jan/Fev/Mar - 2016 Nº 247 - Ano 43Jan/Fev/Mar - 2016Jan/Fev/Mar - 2016 Nº 247 - Ano 43Nº 247 - Ano 43

Força Aérea realiza treinamentos conjuntos e prepara as tropas especiais do Brasil para a segurança dos Jogos Olímpicos

PRONTOS PARA A MISSÃO

BRASIL NO PROJETO GRIPEN | TRÁFEGO AÉREO DO FUTURO | UM SONHO REALIZADO | PRIMEIRA FORÇA AÉREA | GUERRA AERONAVAL

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Edição nº 247 Ano 43Janeiro/Fevereiro/março - 2016

Prepare seu plano de voo

EXPEDIENTE

Publicação ofi cial da Força Aérea Brasileira, a revista Aerovisão é produzida pela Agência Força Aérea, do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (CECOMSAER).

Chefe do CECOMSAER: Brigadeiro do Ar Pedro Luís Farcic

Edição: Tenentes Gabrielli Dala Vecchia e Humberto Leite (Jornalista Responsável - CE 0189JP)

Repórteres: Tenentes Cynthia Fernandes, Emille Cândido, Evellyn Abelha, Gabrielli Dala Vechia, Humberto Leite, Iris Vasconcellos, João Elias, Jussara Peccini e Raquel Alves.

Editoração/infográfi cos/arte: Tenentes André Eduardo Longo e Rachid Jereissati de Lima, Subofi cial Edmilson Alves Maciel, Sar-gentos Ednaldo da Silva, Emerson Linares, Marcela Cristina Santos e Santiago Moreira, e Cabo Pedro Bezerra.

Fotógrafos: Capitão Rodrigo Perdoná (1º/16º GAV), Tenentes Enilton Kirchhof, Humberto Leite e Paulo César Ramos Rezende, Sargentos Bruno Batista, John-son Barros e Marcos Poleto, Cabos André Feitosa, Silva Lopes e Vinícius Santos; Per Kustvik (Saab), Stefan Kalm (Saab), Spe-cialist Paul Archer (US Navy), Vitaly Kus-min; Comando-Geral de Operações Aéreas (COMGAR) e Terceira Força Aérea (FAE III).

Contato:[email protected] dos Ministérios, Bloco M, 7º Andar CEP: 70045-900 - Brasília - DF

Tiragem: 18 mil exemplares

Período: Janeiro/Fevereiro/Março - 2016 - Ano 43

Estão autorizadas transcrições integrais ou parciais das matérias, desde que mencionada a fonte.

Distribuição GratuitaAcesse a edição eletrônica: www.fab.mil.br

Impressão: Gráfi ca Editora Pallott i

ErramosAo contrário do publicado na edição nº 246, os países parceiros do projeto KC-390 são Argentina, Portugal e Re-pública Tcheca.

OPERACIONALArtilharia AntiaéreaForça Aérea ativa sua Pri-meira Brigada de Defesa Antiaérea e estuda ampliar capacidade de defender o espaço aéreo a partir do solo.

CAPAForças EspeciaisTropas de elite da Marinha, do Exército e da Força Aérea Brasilei-ra treinam juntas para adequar procedimentos e estarem afi nadas para ações conjuntas.

ENTREVISTAUma Força Aérea operacionalComandante do Comando-Geral de Operações Aéreas comenta como a FAB se mantem atualizada e o im-pacto dos projetos de reequipamento para a defesa do País.

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Brasileiros já trabalham com o Gripen NGEm Linköping, na Suécia, engenheiros brasileiros já participam do desenvolvimento do futuro caça da FAB. Contrato prevê a construção de quinze unidades no Brasil.

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Veja a edição digital interativa

OPERACIONALFormação para o combateDepois de formados pela Academia da Força Aérea, jovens aviadores apren-dem a usar aeronaves como máquinas de combate.

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ESPAÇO AÉREO Artilharia AntiaéreaEm abril, o Brasil será o único país da América Latina a participar de encontro nos Estados Uni-dos para debater o futuro do controle do espaço aéreo no mundo.

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FAB ENTREVISTAO Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Nivaldo Luiz Rossato, conversa sobre temas como a política de pessoal, os projetos de reequipa-mento, o foco na atividade-fi m, gestão, orçamento e as estratégias para o futuro da Força Aérea Brasileira.

VIDEOCLIPESCombates aéreos, ataques, reabastecimento em voo, velocidades supersônicas e muitas mano-bras. Embarque na cabine dos caças da FAB e veja imagens impressionantes das missões realizadas em todas as regiões do Brasil.

Veja na FAB TV (youtube.com/portalfab)

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Há atividades das Forças Armadas capazes de despertar um grande inte-resse do público. É o caso dos aviões de caça e, sem dúvida, das chamadas “for-ças especiais”. O imaginário coletivo de uma tropa super preparada, capaz de realizar qualquer tipo de missão, certamente é sedutor, porém, pode esconder como é necessário um árduo e minucioso trabalho de preparação.

Na nossa reportagem de capa, mostramos como a Marinha, o Exér-cito e a Força Aérea trabalham juntos no treinamento das suas unidades terrestres de elite. Além da preparação física, das técnicas de combate e de um elevado domínio de armamentos, os treinamentos realizados em diversas regiões do País são marcados pelo cuidado com a doutrina.

Isso quer dizer que, muito além de serem capazes de realizar qualquer tarefa, nossas forças especiais precisam ter uma definição clara do que podem fazer pela segurança do Brasil. Com a proximidade dos Jogos Olímpicos, es-sas tropas conhecerem umas as outras indiscutivelmente é fundamental. Os treinamentos também são um marco para a interoperabilidade das três Forças Armadas, cada vez mais unidas.

Ser uma força “especial”, contudo, não é uma prerrogativa exclusiva das nossas tropas de elite. Como não po-deríamos deixar de chamar de “espe-ciais”, por exemplo, os nossos civis e militares do controle de espaço aéreo, reconhecidos internacionalmente pela segurança dada a milhões de voos que cruzam o Brasil? Que outra palavra poderíamos escolher para classificar os

engenheiros brasileiros já totalmente engajados no desenvolvimento do futuro caça Gripen NG? E o que dizer, por fim, dos irmãos que enfrentaram inúmeros desafios para hoje terem o orgulho de fazerem parte da Força Aé-rea Brasileira? São histórias que você lê neste número da Aerovisão. Sem dúvida, histórias de gente especial.

A percepção de como nossos de-safios diários delineiam os contornos da nossa personalidade estará em evi-dência neste ano. Ao longo de 2016, o Comando da Aeronáutica irá trabalhar a campanha “#É isso o que importa”. Trata-se de mostrar que, muito além de aeronaves e armamentos, uma Força Aérea é feita de pessoas.

A campanha acontece quando co-memoramos os 75 anos de existência da Aeronáutica, a serem completados no dia 20 de janeiro. Criado em meio a uma guerra mundial, o então Mi-nistério da Aeronáutica mostrou, em pouquíssimo tempo, como sua existên-cia seria importante para o País. Nas décadas seguintes, graças ao trabalho de homens e mulheres dedicados ao serviço da Pátria, ampliou-se o leque de atividades, construiu-se histórias e, sem dúvida alguma, fez-se da Ae-ronáutica algo especial para cada um dos brasileiros.

É isso o que importa!

Boa leitura!

Brigadeiro do Ar Pedro Luís FarcicChefe do Centro de Comunicação

Social da Aeronáutica

Especiais

Nossa capa: Tropa especial brasileira treina invasão de prédio dominado por forças hostis. A foto do Sargento Johnson Barros, realizada du-rante treinamento conjunto da Marinha, do Exército e da Força Aérea, em Goiânia (GO), revela o atual estágio de preparo das Forças Armadas para garantir a segurança durante os Jogos Olímpicos de 2016.

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Aos Leitores

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ENTREVISTA

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Força Aérea em transformação

Na área operacional, a Força Aérea Brasileira vive um momento de transformação, que envolve o desenvolvimento e a aquisição de aeronaves e equi-

pamentos bélicos, além dos processos de modernização. Nesse contexto, enquanto se consolida como referência em missões internacionais, a FAB se prepara para receber novas aeronaves de caça e de transporte que colocarão o País em posição de destaque no cenário regional.

Quem avalia é o Comandante-Geral de Operações Aé-reas, Tenente-Brigadeiro do Ar Gerson Nogueira Machado de Oliveira. Piloto de caça com 4.500 horas de voo, acumula experiências de ter estado à frente de unidades estratégi-cas para a FAB, como o Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (COMDABRA) e o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA). E afirma: “queremos do-minar e incorporar tecnologias críticas que, normalmente, são negadas por aqueles que as detêm”.

GABRIÉLLI DALA VECHIA

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Aeronaves C-130 Hércules da Nova Zelândia, Brasil e Reino Unido durante o exercício Mapple Flag, realizado no Canadá.

Aerovisão - Como o senhor avalia a atual operacionalidade da FAB?

Ten Brig Machado - Não basta somente ter a aeronave disponível na linha de voo. Muito antes disso, devemos ter pilotos e pessoal de apoio capacitados e treinados; e armamentos adequados, em quantidade e quali-dade. Fazendo parte desse complexo sistema, mas não menos importan-tes, estão os auxílios à navegação e

aeródromos de desdobramento, que determinam, também, o sucesso de uma operação. As aeronaves e os processos de emprego são parte de um grande sistema que, em conjunto e sinergia, determinam a capacidade de se operar com eficiência ou não. Tudo isso influencia decisivamente na operacionalidade da Força Aérea.

Após a Segunda Guerra Mundial, vislumbramos que o Brasil poderia

ser inserido no rol de nações que deveriam e teriam capacidade de se desenvolver. E foi isso que a FAB bus-cou fazer. A criação do então Centro Técnico Aeroespacial (CTA), atual Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), e do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), ambos em São José dos Campos (SP), possibilitou a capacitação de pessoas que fizeram e fazem a diferença no campo da tecnologia.

Um dos momentos de maior ganho tecnológico e operacional para o País foi o desenvolvimento do projeto AMX. Muito do que somos hoje, em termos tecnológicos, industriais, de gerência de projetos, logística e, logicamente, operacionais, devemos à incorporação do AMX na nossa frota. A assimilação de desenvolvimento de tecnologias próprias e independentes possibilitou, posteriormente, a criação das aerona-ves Embraer 145 e Super Tucano.

A aquisição das aeronaves Mirage III e F-5 significou grandes saltos ope-racionais e doutrinários. Entramos, as-sim, no rol de países com capacidade de dissuasão contra qualquer nação que pudesse violar a soberania do Brasil.

Mas o ciclo de vida desses projetos estava se aproximando do seu final. Então iniciamos a concepção do proje-to F-X que, na essência, iria substituir e incorporar todo o conhecimento adquirido até então. Para mantermos a capacidade operacional durante o processo, que culminou na escolha do sueco Gripen NG, foram adquiridas as aeronaves Mirage 2000 - que, embora tenham permanecido pouco tempo no acervo, causaram uma verdadeira revolução operacional, com a introdu-ção de modernas táticas de emprego de armamento, dentre elas o combate BVR (siga em inglês para Behind Visual Range, ou seja, além do alcance visual).

Sabíamos que seria um processo longo de escolhas e decisões, mas sabíamos também exatamente o que queríamos: dominar e incorporar tec-

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A última edição da CRUZEX, em 2013, reuniu cerca de três mil militares e 92 aeronaves de 8 países. A próxima edição será em 2017.

nologias críticas que, normalmente, são negadas por aqueles que as detêm. O Gripen será um daqueles sistemas que, novamente, colocará a FAB na vanguarda das modernas forças aé-reas do mundo.

Para avaliar a operacionalidade da Força, também não posso deixar de citar a grande evolução da aviação de transporte, com a modernização dos C-130 Hércules; a aquisição das aeronaves C-105 Amazonas; além da modernização dos aviões de transpor-te leve C-95 Bandeirante; e aquisição dos C-98 Caravan, complementados, ainda, com as aeronaves C-99 e C-97 Brasília. Também destaco as evoluções das aviações de asas rotativas, que atualmente utilizam as mais modernas aeronaves do nosso acervo, os H-60 Black Hawk e H-36 Caracal; da aviação de Busca e Salvamento, com os eficien-tes SC-105 Amazonas; da Patrulha, com a capacidade e complexidade da aeronave P-3AM Orion; e da Aviação de Reconhecimento com suas valiosas aeronaves E-99, R-99 e R-35.

Contudo, a grande e decisiva trans-

formação pelas quais temos passado nos últimos tempos em termos opera-cionais foi a experiência adquirida na área de comando e controle.

A inserção da FAB nas operações internacionais, como a CRUZEX, Sali-tre, CEIBO, Red Flag, Mapple Flag, Blue Flag, Joint Warrior e outras, resultaram em capacitações importantes no con-texto do emprego do poder aéreo. Po-demos dizer, sem medo de errar, que a vanguarda e o pioneirismo assumidos pela FAB em operações internacionais, liderando forças de coalizão, foram o fio condutor para a integração doutrinária das forças aéreas sul-americanas. Isso se traduziu em alta credibilidade pe-rante as mais evoluídas forças aéreas no contexto mundial.

Aerovisão - Há previsão de novos exercícios como a CRUZEX?

Ten Brig Machado - A Operação CRUZEX VIII seria realizada no ano de 2016. Porém, com o envolvimento de preparação e execução da FAB nos Jo-gos Olímpicos e Paralímpicos durante dois meses, e com grande esforço aéreo

a ser alocado, a CRUZEX será realizada somente em 2017.

Estão sendo organizadas dezenas de operações e exercícios que serão executados pelas nossas unidades, com o propósito de manter a capacidade de emprego da FAB em nível elevado.

Aerovisão - Há um crescente es-forço no preparo e emprego de forças terrestres, como as forças especiais e a artilharia antiaérea. Como a FAB enxerga a integração entre o trabalho desenvolvido pelas aeronaves e as possibilidades vindas do solo?

Ten Brig Machado - Esse é um ponto primordial para potencializar as ações de Força Aérea. Esses atores são partes essenciais do sistema e devem trabalhar extremamente coor-denados por um comando único, que realiza o planejamento centralizado e a execução das missões de forma descentralizadas.

A chave do sucesso é o entendi-mento pleno do volume de responsa-bilidade de cada componente, já que ambas as armas, aérea e antiaérea,

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utilizam o mesmo espaço aéreo e, às vezes, no mesmo momento.

Com o objetivo de formar, adestrar e interagir, nós estamos inserindo os Grupos de Defesa Antiaérea da FAB nos exercícios e nas operações aéreas, em que cada um pode treinar e praticar suas tarefas dentro de um contexto tático próximo do real. As lições aprendidas ali têm comprovado a importância do conhecimento mútuo entre as tripulações e operadores; as particularidades das tarefas e a cons-ciência de que ações sem coordenação podem levar ao insucesso de uma operação ou, pior, a perda de forças amigas que operem numa mesma área.

Aerovisão - Há planos para am-pliação ou revitalização das forças especiais e da artilharia antiaérea?

Ten Brig Machado - A Força Aérea ampliou sua capacidade de emprego da artilharia antiaérea por meio da criação dos três Grupos de Defesa Antiaérea, localizados em Canoas (RS), Manaus (AM) e Anápolis (GO), equipados com mísseis Igla-S, que dominam a arena de baixo alcance. Acredito que, num futu-ro próximo, a FAB poderá contar com a aquisição de equipamentos de defesa antiaérea de médio alcance. Esse passo foi iniciado há dois anos, com a nego-ciação para aquisição e transferência de tecnologia das baterias antiaéreas de médio alcance Pantsir-S1, de origem russa, que integrarão o Sistema de De-fesa Aeroespacial Brasileiro.

Quanto às Forças Especiais, temos dado uma atenção especial às ações sob responsabilidade do Esquadrão Aero-terrestre de Salvamento, o PARA- SAR, que é a unidade da FAB especializada nesse segmento. Nossos militares têm sido capacitados no Brasil e no exterior, além de contarem com uma nova sede, em Campo Grande (MS), que permite treinamento e adestramento da variada gama de missões que lhe são afetas.

O emprego dessa tropa nas opera-ções conjuntas do Ministério da Defesa

e nos grandes eventos tem mostrado a proficiência que foi adquirida nesse tipo de ação. Com certeza, as ações de responsabilidade do Comando da Aeronáutica (COMAER) durante os Jogos Olímpicos 2016 contarão com a participação efetiva do PARA-SAR, o que vai diminuir as vulnerabilidades dos pontos e áreas a serem defendidos.

Aerovisão - Já em termos de aero-naves, além do Gripen NG, que outras aeronaves necessitamos ter no futuro próximo?

Ten Brig Machado - Embora a ae-ronave Hércules continue cumprindo sua missão, assumindo, inclusive, par-te das missões que eram alocadas ao KC-137, sua desativação deve acontecer num futuro próximo. Dentro dessa programação, foi idealizado o projeto da aeronave KC-390, que suportará a FAB, nas missões de reabastecimento

em voo e transporte aero-logístico, equipada com sistemas modernos de autodefesa, que, inclusive, já desper-tou interesse de compra por várias Forças Aéreas pelo mundo.

Outro projeto de grande impor-tância para a FAB é o KC-X2, que vai permitir a retomada da realização de transporte aeroestratégico - capacidade reduzida em virtude da desativação do KC-137. Lembro-me do esforço que foi desenvolvido com a utilização do KC-137 na verdadeira ponte aérea montada entre o Rio de Janeiro e o Líbano, na evacuação de brasileiros que viviam naquele país durante a guerra contra Israel. Hoje, missões desse tipo somente poderão ser realizadas com aeronaves do porte do KC-X2. Além disso, o re-quisito para que seja uma aeronave de transporte e de reabastecimento em voo aumentará consideravelmente as possibilidades de emprego na aviação de caça, principalmente pelo Gripen.

Aerovisão - Até quando veremos em operação o helicóptero H-1H, o cargueiro C-130 e os caças F-5 e A-1?

Ten Brig Machado - A operação des-sas aeronaves segue um rígido controle do ciclo de vida desde a implantação de cada projeto, sendo que a sua desativação também é parte desse ciclo. A aeronave H-1H está chegando próxima a sua fase de desativação que ocorrerá no final de 2016. Os C-130 aguardarão a implantação dos KC-390 e serão desativados na me-dida em que as novas aeronaves forem incorporadas. Já os F-5 e A-1 serão pau-latinamente desativados quando entrar em operação o Gripen.

Aerovisão - A FAB modernizou uma grande variedade de aeronaves da sua frota. Há previsão de mais aerona-ves a serem modernizadas?

Ten Brig Machado - Praticamente todas as aeronaves que estão há mais tempo na frota foram ou serão moder-nizadas em maior ou menor grau de complexidade.

“Nossas unidades

adquiriram bastante

experiência na atuação em

grandes eventos. A operação

(...) mostrou-se complexa

e exigiu planejamentos

bastante detalhados”

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As aeronaves E-99 estão sendo moder-nizadas e ganharão novas capacidades de controle e alarme em voo.

A última aeronave F-5 modernizada será entregue em fevereiro de 2016, encerrando o ciclo da modernização. As aeronaves A-1 estão em fase de mo-dernização, o que permitirá o aumento de suas capacidades, com a inclusão de sistemas de autodefesa, radar de bordo e a integração de armamentos inteligentes e sensores mais modernos. Os H-50 Esquilo terão melhorias de equipamentos aviônicos e incorporação de itens que facilitem a instrução de pilotos. Já nas aeronaves T-27 Tucano serão incorporados alguns equipa-mentos que possibilitem uma melhor consciência situacional dos instrutores. Os C-95 Bandeirante estão no fi nal de modernização e já foi recebida a pri-meira aeronave P-95 modernizada, in-crementando a capacidade de patrulha marítima da FAB. As aeronaves E-99 também se encontram em fase de mo-dernização, o que permitirá um grande ganho nas capacidades de controle e alarme em voo, além do aumento da consciência situacional.

Aerovisão - Após a modernização dos E-99, como fi carão os R-99?

Ten Brig Machado - O R-99 possui sensores sensíveis e complexos, e o plane-jamento da sua vida útil também vislum-bra a modernização nos próximos anos. No cenário atual, para complementar a missão realizada pelos R-99, são utiliza-das as aeronaves R-35 e as Aeronaves Remotamente Pilotadas (ARP).

Aerovisão - Qual a visão do se-nhor sobre o emprego das ARP? Elas poderão incorporar todas as missões da aviação de reconhecimento? Po-derão cumprir outras missões, como ataque?

Ten Brig Machado - As ARP são aeronaves de levantamento de inteli-gência, que disponibilizam dados em camadas de interesse para as necessi-dades da FAB e de outros órgãos. Nas operações conjuntas do Ministério da Defesa e nos grandes eventos sediados

no Brasil nos últimos anos, as ARP permitiram o acompanhamento em tempo real da área de operações.

O equipamento incorporado até o momento na FAB, o Hermes 450 e 900, não é passível de utilização para fi ns bélicos, pois a concepção de emprego é somente para missões de reconhe-cimento aéreo.

As ARP adquiridas pela FAB não substituem integralmente as aeronaves tripuladas, mas são complementares umas das outras, dependendo do ce-nário onde serão empregadas. Cabe ao planejador a escolha daquela que ofereça melhores resultados, com menor risco, com economia de meios.

Aerovisão - Quais as perspectivas do Comando-Geral de Operações Aéreas para atuação durante os Jogos Olímpicos de 2016?

Ten Brig Machado - A FAB desem-penha suas ações em quase todos os eixos designados para o Ministério da Defesa em coordenação com a verten-te de segurança pública.

Nossas unidades adquir iram bastante experiência na atuação em grandes eventos, desde a participa-ção na RIO+20, em 2012. A operação nesses eventos mostrou-se complexa e exigiu planejamentos bastante deta-lhados, pois entrou um componente novo, que é a operação militar com-partilhada com as atividades civis, principalmente a aviação comercial.

Vislumbro, também, a consolida-ção das operações interagências, pois, nesse tipo de operação não existe mais a possibilidade de a FAB operar de forma isolada, o que tem contribuído para o pleno entendimento das nos-sas possibilidades e capacidades de emprego do poder aéreo.sas possibilidades e capacidades de

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Combates sobre o marForça Aérea Brasileira realiza mais de 200 missões durante treinamento de com-bate aeronaval ao lado de países amigos

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Acompanhe um combate aéreo do exercício UNITAS

Combates sobre o mar

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O Brasil utilizou nos treinamentos a sua frota de caças F-5EM, equipados com sistemas de mira montados no capacete (acima). As missões de defesa aérea também contavam com caças A-1, aviões-radar E-99 e um reabastecedor KC-130 Hércules (à direita), usado para ampliar o alcance dos jatos.

Uma batalha com simulações de combates a quilômetros de altitude e também abaixo da

superfície do mar. Aeronaves, navios de guerra, um submarino e uma complexa estrutura de comando e controle prota-gonizaram em novembro a edição 2015 do exercício internacional UNITAS. Realizado na costa brasileira, entre os litorais do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro, o treinamento durou nove dias e contou com a participação do porta--aviões USS George Washington, da Ma-rinha dos Estados Unidos (US Navy).

Composta por mais de 40 caças F-18, além de aviões-radar E-2C Hawkeye, helicópteros e aeronaves de apoio, a ala aérea a bordo do porta-aviões aproveitou a passagem pela costa bra-sileira para treinar com a Força Aérea Brasileira. A partir das Bases Aéreas de Santa Maria (RS), Canoas (RS) e Santa Cruz (RJ), caças brasileiros F-5EM e A-1 participaram dos combates simulados,

realizados tanto na chamada arena BVR (Beyond Visual Range), quando os caças identificam seus alvos pelo radar e lançam seus mísseis antes mesmo de enxergarem os oponentes, quanto na arena WVR (Whitin Visual Range), situação onde são empregados mísseis de curto alcance e canhões.

Nesse último cenário, a FAB pôs em uso nos F-5EM seus capacetes com mira integrada. O equipamento per-mite que os pilotos mirem seus alvos apenas com o movimento da cabeça. A tecnologia amplia as capacidades dos mísseis Python 4. A arma é capaz de fazer curvas bruscas e consegue ir em busca de alvos em um ângulo de até 90 graus do caça lançador.

“No combate visual contra o F-18, nós conseguimos, algumas vezes, obter vantagem e até mesmo ganhar a disputa”, conta o Tenente-Coronel Ricardo Guerra Rezende, comandante do Esquadrão Pampa (1°/14° GAV). “A

integração com o míssil de quarta gera-ção, o Python 4, consegue aumentar as capacidades da aeronave, mesmo tendo uma inferioridade em termos de perfor-mance”, completa o Tenente-Coronel Rubens Gonçalves, comandante do 1° Grupo de Aviação de Caça (1°GAVCA).

Fora a tecnologia, a habilidade dos pilotos também foi posta à prova. As manobras começavam em velocidades de aproximadamente 1.000 km/h, mas, após as curvas capazes de levar caças a acelerações de até nove vezes a força da gravidade, era necessário perder altitude para se manter veloz. Em um combate simulado, por exemplo, em apenas 30 segundos houve uma des-cida de cinco mil metros.

O cenário dos combates aéreos consistia em caças brasileiros A-1 realizarem missões de ataque a alvos fi ctícios, tanto no continente quanto no mar, com a proteção dos F-5EM, enquanto os F-18 tentavam impedí-

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Saiba como é embarcar no porta-aviões

-los. Em dias alternados, os papéis se invertiam: os F-18 faziam a escolta dos A-1 e os F-5EM cumpriam o papel de força oponente.

Mas os A-1 não eram meras iscas. Na realidade, seus pilotos aprimoram as táticas para realizarem ataques em um ambiente hostil. “Quando uma aeronave consegue ultrapassar a nossa defesa, a gente realiza manobras para evitar que ela chegue ao alcance do armamento dela”, explica o Tenente--Coronel Roberto Martire Pires, co-mandante do Esquadrão Adelphi (1°/16° GAV).

De acordo com a evolução tática, o piloto do A-1 altera a sua rota para se afastar da ameaça, e pode decidir até

“abortar” o seu ataque. Outra tática é voar a baixa altura para difi cultar a detecção pelos radares inimigos e o uso de mísseis. E, se necessário, os caças de ataque entram no combate ar-ar.

Os F-5EM e A-1 foram apoiados por aviões-radar E-99 e um reabastecedor KC-130 Hércules durante todo o exer-cício UNITAS.

Para o Brigadeiro do Ar Fernando Almeida Riomar, comandante da Ter-ceira Força Aérea (III FAE), responsá-

vel pelo adestramento das unidades de caça da FAB, o exercício UNITAS foi de grande relevância para ampliar os conhecimentos. “É uma oportuni-dade ímpar de troca de experiências entre os pilotos, de ganho operacional e de aprimoramento de doutrina”. Atualizados em conceitos da guerra aérea moderna, os brasileiros poderão rapidamente explorar as capacidades adquiridas com o futuro caça da Força Aérea Brasileira, o Gripen NG.

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AeronavalRealizado desde 1960, o exercício

UNITAS reúne marinhas amigas em treinamentos como combate contra submarinos, guerra de superfície e desembarque anfíbio. Esta edição, de número 56, contou com as marinhas do Brasil, Chile, Estados Unidos, México, Peru e Reino Unido.

Além da presença de navios na cos-ta brasileira, a Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro (RJ), recebeu aeronaves F-60MPA, do Peru, e V-22 Osprey, C-2 Greyhound e P-8 Poseidon, dos Esta-dos Unidos.

Aviões P-95 Bandeirante Patrulha e P-3AM Orion realizaram missões como busca pelo submarino brasileiro Tapajós, identifi cação de alvos navais e coordenação de ataques navais, a serem realizados pelos caças A-1, da

Caça A-1M (1) se prepara para missão de ataque à frota (2) sob a coordenação de uma aeronave de patrulha marítima P-95 (3) equipada com sensores capazes de localizar os navios (4). A UNITAS também envolveu aeronaves estrangei-ras, como o V-22, dos EUA (5), e F-60, do Peru (6). Na foto central, F-18E Super Hornet se aproxima para pouso no porta-aviões.

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FAB, e AF-1, da Marinha.Militares brasileiros realizaram

missões a bordo das aeronaves es-trangeiras e também embarcaram no porta-aviões George Washington. “Nós já estamos aguardando a próxi-ma operação UNITAS para podermos aplicar alguns ensinamentos”, conta o Brigadeiro do Ar Roberto Ferreira Pitrez, Comandante da Segunda Força Aérea (II FAE), responsável pelo ades-tramento das unidades de patrulha marítima da FAB.

Para o Brigadeiro Pitrez, a experi-ência trará resultados práticos para o País. “É de extrema importância não só para a Força Aérea Brasileira, mas para o Brasil como um todo, já que nós da Aviação de Patrulha protegemos o nosso litoral”, fi naliza.

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INDÚSTRIA

Tempero brasileiro Começou a participação do Brasil no projeto do caça Gripen NG. Os primeiros engenheiros brasileiros já estão na Suécia para ajudar a de-senvolver o futuro caça da FAB

HumBERTO LEITE

A neve domina a paisagem, o termômetro marca tempera-turas negativas e o Sol se põe

pouco depois das três da tarde, após nascer quase às nove da manhã. Mas o casal Viviam Lawrence e Marcelo Takase está feliz por trocar o verão brasileiro pelo frio de Linköping, ci-dade sueca com pouco mais de cem mil habitantes. Os dois fazem parte do primeiro grupo de 46 profissionais enviados por empresas do Brasil para participarem do projeto Gripen NG.

“O trabalho de desenvolvimento do avião em conjunto com eles está se iniciando e esta etapa será essencial para a troca de conhecimento, visan-do à transferência da tecnologia”, diz Viviam. Mestre em engenharia me-cânica pela USP, ela leva na bagagem a experiência de 13 anos na Embraer, onde trabalhou nos projetos do Super Tucano, do cargueiro KC-390 e dos jatos E-170/190, Phenom, Lineage e Legacy.

Já M a r c e lo, e nge n h e i r o d a Embraer desde 1998, trabalha com

sistemas ambientais e pela primeira vez vai enfrentar os desafios do desenvolvimento de um jato capaz de superar a velocidade do som. “Uma das diferenças é que no voo supersônico a temperatura externa do ar é mais elevada, o que dificulta a capacidade de resfriamento dos equipamentos e dos sistemas do avião que trocam calor com o ar externo”, conta.

Marcelo irá trabalhar ao lado do sueco Erik Israelsson, que não escon-de a surpresa com a parceria. “O que

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vem à mente quando escuto a palavra Brasil é o Carnaval no Rio e florestas tropicais exuberantes. Então eu não estava realmente certo do que esperar, e estou agradecido por relatar que até agora a experiência tem sido positiva”, conta o engenheiro.

Erik explica que foram criados cur-sos rápidos para que os brasileiros co-mecem a trabalhar o mais rapidamente possível. Para ele, além de transmitir conhecimento, a presença de novos parceiros pode significar mudanças po-

sitivas no processo. “Eu acho que será muito útil trabalhar com pessoas não familiarizadas com o ‘jeito Saab’. Penso que isso nos fará refletir sobre como nós fazemos as coisas, e isso dá a esperança de mudanças positivas”, explica.

A troca de conhecimentos será mútua. É essa a aposta do engenheiro Per Randell, um dos coordenadores do processo de transferência de tecnolo-gia. “Mudar o ambiente e a estrutura de como as coisas são feitas desafia a sua percepção e faz você aprender mais”,

afirma. “Tanto suecos quanto brasilei-ros têm conhecimentos e experiências, mas talvez de plataformas e sistemas diferentes”, completa.

Mais de 350 brasileiros na SuéciaAté 2022, mais de 350 brasileiros vão

trabalhar com o projeto Gripen NG na Suécia. Além da Embraer, as empresas AEL, Akaer, Atech, Inbra e Mectron também vão enviar profissionais para a sede da Saab em Linköping. Eles vão atuar no desenvolvimento da aeronave, gerenciamento de projeto, desenvolvi-mento de simuladores e certificação, dentre outras atividades. Com status de parceiro no projeto Gripen NG, o Brasil terá papel de protagonista no desenvolvimento da versão para dois pilotos e nos primeiros estudos de viabilidade do Sea Gripen, modelo com adaptações necessárias para operar a bordo de porta-aviões.

Para 2016 a expectativa da Saab é concluir a montagem do primeiro protótipo do Gripen NG. Daqui a três anos, em 2019, sairá da fábrica em Linköping a primeira aeronave para o Brasil. Das 36 unidades adquiridas, quinze serão produzidas no Brasil, com a última prevista para entrega em 2024. A Força Aérea da Suécia já encomendou outras 60 unidades do modelo. Ao todo, são 96 encomendas firmes, e a expecta-tiva é aumentar os números com novas exportações.

Se ainda faltam alguns anos para o novo caça da FAB ser uma realidade nas bases aéreas brasileiras, no mundo da engenharia o projeto já é motivo de satisfação. “Sou neto de um integrante da FAB e também um pioneiro da Embraer, Raimundo Fernandes Dias, e tenho muito orgulho de poder, assim como ele, contribuir de alguma forma com a nossa Força Aérea”, finaliza o engenheiro Marcelo Takase.

À esquerda, Erik, Marcelo, Per e Viviam: engenheiros do Brasil e da Suécia já tra-balham juntos para tornar o Gripen NG uma realidade.

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Acima, demonstrador de tecnologia da Saab em testes na Suécia. O primeiro protótipo da versão NG está em fase de montagem, abaixo.

gramas. Suecos e brasileiros parecem se complementar e, portanto, se dão muito bem, graças ao jeito amigável e à mente aberta dos brasileiros.

Qual a impressão da Saab em, pela primeira vez, ter a expectativa de ver seus jatos construídos em outro país?

Nós esperamos e acreditamos que esse acordo servirá como uma ponte para ampliar os negócios, não apenas na América Latina. De todo modo, neste momento, nosso foco total está na entrega do programa ao Brasil. Nós temos uma agenda exigente e um cliente exigente, e 100% dos nossos esforços estão direciona-dos a atender a essas obrigações e tornar esse programa um sucesso.

O Gripen NG já foi encomendado por dois países, mesmo antes do protó-tipo estar pronto. Quais as expectativas da Saab para a aeronave?

O Brasil se une à Suécia como clien-te de lançamento da nova geração do Gripen. Esse acordo é um sinal claro de que o Gripen estará na liderança do desenvolvimento tecnológico, à frente dos seus competidores. Com o Brasil e a indústria brasileira como parceiros, cresceu a oportunidade de novas exportações. O interesse pelo Gripen está agora maior do que nunca em todos os continentes.

Foco na parceriaEntrevista com Göran Almquist, diretor da Saab para o programa Gripen Brazil.

O Gripen é um projeto já consolida-do na Suécia, desde a década de 90, e o Gripen NG está em fase avançada de desenvolvimento. Como os brasileiros ainda podem participar neste projeto?

Há ainda muito trabalho a ser fei-to para elaboração do design final da aeronave e verificação do caça e de seus sistemas. Isso inclui o processo de industrialização e a instalação da linha de montagem. Os representantes da indústria brasileira irão fazer parte das equipes de desenvolvimento da Saab , na Suécia, durante um período de treinamento, quando vão aprender sobre o produto fazendo parte do seu desenvolvimento. Quando retornarem ao Brasil, eles vão continuar trabalhando em sessões. As companhias brasileiras serão envolvidas na defi nição do design da estrutura e integração de sistemas e sensores. Especifi camente, a indústria brasileira vai ter um papel-chave no desenvolvimento, produção e teste da versão de dois assentos do Gripen NG para a Força Aérea Brasileira.

A Suécia tem a tradição de projetar seus próprios aviões. Como é a experi-ência de trabalhar com os brasileiros?

É certamente uma experiência posi-tiva de muitas maneiras. Ainda estamos no começo, mas a impressão é que os brasileiros são engenheiros profi ssio-nais e muito qualifi cados. No passado, já tivemos experiências muito boas de trabalhar com brasileiros em outros pro-

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Além do Combate Aéreo Ao ativar a Primeira Brigada de Defesa Antiaérea, a Força Aérea Brasileira dá mais um passo para fortalecer o sistema de defesa ae-roespacial do País

JuSSARA PECCINI

Enquanto investe nos caças Gripen NG e no treinamento de pilotos, o trabalho da For-ça Aérea Brasileira para fortalecer a defesa

da soberania do espaço aéreo também tem como foco tropas de solo. Em novembro, foi ativada a Primeira Brigada de Defesa Antiaérea, sob a qual estão subordinados três grupos de defesa antiaérea localizados em Canoas (RS), Manaus (AM) e Anápolis (GO), cada um deles equipados com mísseis portáteis Igla-S. Internacionalmente classificado como de curtíssimo alcance, o arma-mento foi capaz de ajudar a desenvolver táticas e a doutrina adotada pela FAB para conduzir o combate superfície-ar. Mas agora, com a Brigada consolidada, a meta é expandir as capacidades.

“Quando você fala de defesa antiaérea de cur-tíssimo alcance, está falando apenas do primeiro degrau. Na realidade, a gente está sonhando em expandir esses degraus até onde a Força Aérea entender ser necessário”, afirma o Brigadeiro Luiz Marcelo Sivero Mayworm, primeiro comandante da Brigada, que tem sede em Brasília (DF).

O caminho mais comentado para a expansão da capacidade de combate superfície-ar seria a aquisição do sistema antiaéreo russo Pantsir-S1, cujo processo de aquisição é conduzido pelo Ministério da Defesa. O alcance do equipamento permite engajar alvos localizados a pouco mais de 18 quilômetros de distância. As negociações estão em andamento há três anos e a Rússia se comprometeu com a cláusula de transferência de tecnologia.

Além do alcance maior, o que interessa nesse novo “degrau” é a tecnologia que um sistema de maior abrangência pode adicionar ao sistema de

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Grupos de defesa antiaérea contam com radares no solo (1) e estão ligados ao COMDABRA, que tem a visão geral do espaço aéreo brasileiro (2). Além dos trei-namentos com disparos reais (3) também são usados simuladores (4). Com o uso de sensores termais, a operação continua à noite (5).

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O sistema antiaéreo Pantsir-S1 poderá am-pliar a capacidade de combate superfície-ar em termos de precisão, alcance e mobilidade.

defesa aeroespacial brasileiro. O proje-to inicial prevê que Marinha, Exército e Força Aérea recebam, cada um, uma bateria antiaérea. Será o primeiro pro-jeto de aquisição de sistema de defesa antiaérea de forma conjunta para as três Forças Armadas.

Mas por que um país com tradição no uso da diplomacia na resolução de controvérsias precisa destes ar-mamentos? “O Brasil precisa de uma defesa forte para manter-se em paz”. A resposta é do Major-Brigadeiro do Ar Antonio Carlos Egito do Amaral.

Há dois anos à frente do Coman-do de Defesa Aeroespacial Brasileiro (COMDABRA) e com a experiência no planejamento e execução da defe-sa aeroespacial durante os grandes eventos, o ofi cial-general avalia com rigor as necessidades do Brasil. “Hoje o sistema não é sufi ciente. Precisamos de sistemas de médio e longo alcance. Sem isso, estaremos à mercê das ame-aças aéreas”, diz.

O fato é que atualmente há aero-naves capazes de atacar seus alvos a quilômetros de distância. As defesas, portanto, também precisam ter poder de detecção a longas distâncias para serem efi cazes.

Atuação conjuntaSe por um lado um sistema de mé-

dio alcance melhora a capacidade de defesa, por outro obrigará as Forças Armadas a rever o próprio conceito de emprego destes armamentos. São necessárias precauções para evitar ações descoordenadas que possam levar a incidentes.

O foco deve ser o conceito de comando unificado entre as Forças Armadas. A experiência durante a Copa das Confederações e a Copa do Mundo confirma o pensamento. Todos os grupos, brigadas e batalhões de artilharia antiaérea atuaram sob o comando único.

“A Copa do Mundo foi o que chega-

mos mais perto da guerra em termos de comando e controle para o uso do espaço aéreo. Fazer uma operação mi-litar com emprego de armas dentro do seu país requer muito, muito cuidado”, explica o Major-Brigadeiro Egito.

Um primeiro passo foi dado pelo Brasil ainda na década de 60: o País estruturou um mesmo sistema de rada-res para atender tanto às necessidades da defesa aeroespacial quanto às do controle de tráfego aéreo civil. Além da economia de recursos públicos, o sistema integrado se mostrou efi caz.

No COMDABRA, onde militares da Marinha, do Exército e da Força Aérea atuam juntos diariamente, a rede de radares sobre todo o País dá para as autoridades de defesa aérea a chamada “consciência situacional” para a toma-da de decisões. “Eu preciso ter toda a visualização radar que for possível combinada com as armas disponíveis. Assim, é possível decidir o emprego daquela arma ou não”, fi naliza.

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Unidos para o combate Forças Armadas treinam suas tropas de elite de olho na proteção de estruturas estratégicas no período dos Jogos Olímpicos 2016, no Rio de Janeiro

CyNTHIA FERNANDESEVELLyN ABELHA

IRIS VASCONCELLOS

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A poucos meses do início dos Jogos Olímpicos 2016, a pre-paração começa a fi car mais

intensa. Mas não é dos atletas que estamos falando, e sim dos militares pertencentes aos grupos de elite das Forças Armadas.

As “tropas de elite” estarão de prontidão e estrategicamente posi-cionadas durante os Jogos Olímpicos. Para isso, desde o início de 2015, participam de exercícios conjuntos em vários locais do Brasil. O objetivo é trocar experiências e padronizar procedimentos.

Estão envolvidos 90 militares de cinco grupos de operações especiais das Forças Armadas. São eles: o Es-quadrão Aeroterrestre de Salvamento, também conhecido como PARA-SAR (FAB); o Grupamento de Mergulhado-res de Combate (Marinha); o Batalhão de Operações Especiais de Fuzileiros Navais (Marinha); o Primeiro Bata-lhão de Ações de Comandos (Exérci-to); e o Primeiro Batalhão de Forças Especiais (Exército).

Coordenados pelo Ministério da

Defesa, o foco dos treinamentos é deixar as tropas preparadas princi-palmente para situações de contrater-rorismo. “Esses grandes eventos têm grande visibilidade. O mundo inteiro estará assistindo. Várias nações esta-rão no Rio de Janeiro. Nós temos que estar preparados para dar uma pronta--resposta com o intuito de conseguir mitigar essas situações”, afi rma o Major Wanderson Menezes dos Santos, do PARA-SAR.

No período das Olímpiadas, todos os olhos do mundo estarão voltados para o Rio de Janeiro. Serão 25 mil jor-nalistas, 10,9 mil atletas de 204 países, 45 mil voluntários e sete mil integrantes de delegações. A expectativa é receber ainda um milhão de turistas durante as duas semanas de competição.

Os treinamentos já ocorreram em diversas cidades do País, cada etapa coordenada pelo grupo especialista naquele tipo de exercício. Em Manaus (AM), os militares participaram do exercício de operações ribeirinhas, organizado pelos Fuzileiros Navais.

Já em Campo Grande (MS), o

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PARA-SAR foi responsável pelo adestramento de salto livre avançado. Nessa etapa, os militares treinaram um salto no qual é ut i l izado o paraquedas para a infiltração no terreno, quando o combatente pode entrar em ação com todo o seu equipamento operacional.

“Nesse tipo de salto nós utiliza-mos um paraquedas operacional, que tem uma característica diferenciada. Eles são híbridos: na parte de cima não passa vento e na parte debaixo passa algum ar. Isso permite ter uma área maior e carregar muito mais peso que um paraquedas desportivo. Ou seja, podemos levar armamento e mochila. Nas missões de operações especiais é de suma importância”, ex-plicou o Capitão Guilherme Oliveira Kavgias, do PARA-SAR.

Do Centro-Oeste para a região sudeste, mais precisamente Angra dos Reis (RJ), onde o Grupamento de Mergulhadores de Combate, da Mari-nha, coordenou um dos exercícios. Por cerca de duas semanas, os militares

treinaram as mais diversas técnicas de infi ltração subaquática, em uma média de quatro horas diárias. O objetivo prin-cipal foi realizar o intercâmbio e trocar informações.

Os exercícios tentaram simular várias situações, como sequestro, sabotagem, interdição ou reconheci-mento de alvos em meio aquático e navegação subaquática. Em um deles, um helicóptero utilizou a técnica tethredduck para lançar de 12 metros de altura sobre o mar os militares, um bote e um motor. O objetivo foi tentar representar uma situação em que é preciso chegar rápido a uma área hostil sem local para pouso.

O encarregado do exercício em Angra dos Reis, Capitão-Tenente Felipe Araújo, da Marinha do Brasil, explicou a importância de realizar esse treinamento com os militares das três Forças. “O viés que fi ca para as Olímpiadas é ampliar a interação e troca de informações das unidades de operações especiais do Ministério da Defesa”, explicou.

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A etapa seguinte foi o adestramento conjunto de combate urbano e ações de contraterrorismo, realizado no Batalhão de Forças Especiais, em Goi-ânia (GO), e coordenado pelo Exército Brasileiro. A proposta foi nivelar os conhecimentos das tropas especiais das Forças Armadas para o pronto emprego em inúmeros cenários, tais como ruas, prédios e ambientes confinados.

Entre as atividades, foram aplicadas táticas de emprego armado, com tiro básico e avançado, em distâncias de 5 a 25 metros no estande de tiros. O ob-jetivo do combate aproximado é dimi-nuir os efeitos colaterais em possíveis confrontos, em que estão envolvidas forças adversas e população inocente.

Outras atividades foram realizadas na rua ou em cidades cenográficas montadas para se aproximar ainda mais da realidade enfrentada pelas tropas especiais. Os militares inte-graram conhecimento de práticas de progressão urbana, como invasão de comunidades tomadas por traficantes, e também de técnicas de ação imediata, em casas e prédios suspeitos.

Situações como essa já foram en-frentadas por parte desses militares em operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), de patrulhamento de fai-xa de fronteira e em operações urbanas, como aconteceu no Rio de Janeiro (RJ).

De acordo com o comandante do Comando de Operações Especiais (COpEsp), General de Brigada Mauro Sinott Lopes, militares participantes devem replicar esse aprendizado para agências públicas estaduais de segurança, como as polícias e a Defesa Civil, entre outras. “Estamos aperfeiçoando as melhores práticas que ocorreram em outros eventos, como Copa das Confederações, a Jornada Mundial da Juventude e a Copa do Mundo”, declarou.

Contraterror foi destaqueO contraterrorismo teve enfoque

especial. Durante um mês, cerca de 100 militares das forças especiais

participaram, no Distrito Federal e em Goiás, de um exercício totalmente voltado a esse tipo de ação. Foram realizadas simulações de situações extremas, como resgate de reféns, ataque a células terroristas e proteção de estações de metrô, espaços públicos e estádios.

O PARA-SAR participou do exercí-cio com a meta principal de aprimorar a ação de contraterrosimo. Durante os Jogos Olímpicos, o esquadrão será responsável por neutralizar e comba-ter ações de terrorismo em instalações aeroportuárias e em aeronaves. Para isso, são treinados grupos de inter-venção tática, atiradores táticos de precisão e equipes de negociação.

O Major Allan Godoy de Menezes Andrade, Chefe da Subseção de Ope-

rações Especiais do Comando-Geral de Operações Aéreas (COMGAR), participou do exercício como observa-dor. Segundo o militar, o treinamento foi importante para verificar se a FAB está preparada para enfrentar ameaças em solo brasileiro. “Em um contexto de Garantia da Lei e da Or-dem ou de defesa da Pátria, caberá à FAB, através do PARA-SAR, combater o terrorismo em áreas de interesse da Força Aérea”, explica.

O exercício foi coordenado pela Polícia Federal e dividido em duas partes: uma de planejamento e outra de execução. Nessa última, as chama-das células (do inglês, operationcell) foram responsáveis pela execução das missões de vigilância, reconhecimen-to, operações aeromóveis, guiamento

Equipamentos de forças especiais

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aéreo policial e ações diretas. O exercício contou ainda com a

participação de dois helicópteros Bla-ck Hawk da 160th Special Operations Aviation Regiment (160º SOAR) e com uma unidade do 7º Grupo de Forças Especiais dos Estados Unidos. Esse intercâmbio foi uma oportunidade para utilização de novos equipamentos, verifi cação das técnicas de emprego e dos procedimentos executados pelas tropas de operações especiais.

De acordo com o Brigadeiro Au-gusto Cesar Amaral, do Ministério da Defesa, a participação neste exercício, na posição de observador, permitiu aos especialistas em Operações Especiais do PARA-SAR o contato direto com as téc-nicas, táticas e procedimentos utilizados pelas tropas de elite do Brasil e Estados Unidos no enfrentamento ao terrorismo.

“Faltando pouco menos de um ano para os Jogos Olímpicos de 2016, este tipo de intercâmbio, com intensa troca de conhecimentos entre os participantes, é de suma importância para o preparo da tropa de Infantaria da Aeronáutica, visando o emprego conjunto com as de-mais Forças Singulares e outros Órgãos Governamentais”, fi nalizou.mais Forças Singulares e outros Órgãos

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Assista em fevereiro ao programa FAB em Ação

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Aeronaves da FAB abrem fogo em exercícios ope-racionais para atestar a precisão dos seus sistemas de armas

EVELyN ABELHAHumBERTO LEITE

Alvos na mira

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Se o leitor conhece o Rio de Janei-ro (RJ) vai conseguir entender o desafi o. Imagine, do alto do Pão

de Açúcar, acertar um alvo menor que a metade de um campo de vôlei de praia montado nas areias da Praia do Leblon, já perto do Posto 12. Agora complique mais um pouco: você está a uma velo-cidade de 900 km/h e a 6.096 metros de altura. São mais que quinze morros do Pão de Açúcar empilhados um em cima do outro. Fica difícil acertar o alvo?

Pois foi isso o que os pilotos de caças A-1 da Força Aérea Brasileira conseguiram realizar em outubro. Não foi no Rio de Janeiro, e sim na cidade gaúcha de Santa Maria. As dimensões envolvidas foram as mes-mas: a diferença principal é que o alvo estava no estande de tiro.

Para conseguir o feito, os caças foram armados com as bombas Lizard 230, guiadas a laser. Também foram usados equipamentos de designação de alvos, o Litening. Em uma missão assim, um A-1 usava o Litening para “iluminar” o alvo com um feixe laser e outro caça lançava o armamento.

O nível de dificuldade simulava situações encontradas em guerras aé-reas modernas. O alvo, de 5 x 5 metros, deveria ser atingido com precisão: caso contrário, em uma situação real, o arma-mento poderia atingir tropas amigas ou um hospital, por exemplo. Já a distância de oito quilômetros e a altura superior a seis quilômetros são necessárias para fugir de ameaças de armas antiaéreas, como os mísseis Igla-S.

“A incontestável precisão do ar-mamento inteligente ora empregado no exercício Alto Saicã nos faz refl etir o quanto a Força Aérea evoluiu nos últimos anos”, afi rma o comandante da Terceira Força Aérea, Brigadeiro Fernando Almeida Riomar. A unidade é responsável pelo treinamento dos esquadrões de caça e de reconheci-mento da FAB.

Durante o exercício operacional fo-ram lançados armamentos de diversas

altitudes. Enquanto isso, no solo, o 3° Grupo de Artilharia Antiaérea do Exér-cito Brasilero treinava como combater a ameaça de caças em missões deste tipo, e aumentavam o nível de difi culdade para os pilotos da FAB.

“O emprego desse tipo de armamento serve não apenas para adestrar nossos pilotos e verifi car a sua precisão, mas também para qualifi carmos nossos espe-cialistas no manuseio adequado de equi-pamento tão sensível e, ao mesmo tempo, perigoso em função da carga explosiva”, explica o Major Murilo Grassi Salvatt i, coordenador do exercício Alto Saicã.

Alvos no arNo mesmo mês, a Terceira Força

Aérea também alcançou 100% de sucesso durante o lançamento dos mísseis Phython 3 e Python 4 a partir de caças F-5EM. Neste caso, os alvos

eram sinalizadores. Todos os disparos foram bem sucedidos, apesar de muito ter sido feito para difi cultar a tarefa. Os lançamentos foram executados em dife-rentes perfi s, de forma que se pudesse avaliar o desempenho do armamento em situações táticas encontradas em combates reais.

Houve disparos com os caças em manobras de alto desempenho, com elevada “carga G”, bem como no chama-do off -boresight, ou seja, em ângulos tão elevados que os alvos já estavam ao lado dos caças, e não na frente. Para conseguir isso, os pilotos utilizaram os chamados HMD (Helmet Mounted Display), um tipo de mira montada no capacete que permite direcionar os mísseis apenas com o movimento da cabeça.

O exercício aconteceu sobre o Oce-ano Atlântico, em áreas separadas do tráfego aéreo comercial.

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F-5M parte para missão com um míssil Python 4

Enquanto os A-1 realizam missões de ataque à superfície, os F-5EM são responsáveis pela defesa aérea do País até a chegada dos futuros Gripen NG. Supersônicos, foram modernizados com novos equipamentos. Acima, caça F-5EM equipado com um míssil Python 4.

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Acima, desenho ilustra a trajetória das bombas Lizard até o alvo, oito quilôme-tros a frente e seis quilômetros abaixo da aeronave. Na foto abaixo, segundos antes do ataque.

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Com óculos de visão noturna, piloto de AH-2 se prepara para missão de ataque. Esquadrão Poti está capacitado para realizar missões a qualquer hora do dia ou da noite.

Fura blindagemUma camada de 80 cm de aço não é

mais uma proteção segura para qualquer alvo ao alcance dos helicópteros AH-2 Sabre da FAB. Isso porque as 12 aerona-ves do Esquadrão Poti (2°/8° GAV) são armadas com o míssil Ataka, criado para destruir estruturas como instalações de radares e centros de controle.

Durante 17 dias, em setembro e outubro, o Esquadrão Poti (2°/8° GAV) operou a partir do Campo de Provas

Brigadeiro Velloso, no Sul do Pará. Ali, pela primeira vez, foram realizados disparos do míssil com o helicóptero em voo pairado, quando é possível se manter no limite de alcance do seu armamento sem se aproximar demais do alvo.

A unidade aérea também avaliou pela primeira vez o comportamento e o poder de destruição de dois dos seus outros armamentos: o foguete

com cabeça de guerra e o canhão com projétil explosivo. “O emprego armado é de fundamental importância para o Esquadrão Poti, visto que todas as seis ações de força aérea - defesa aérea, ataque, escolta, supressão de defesa aérea inimiga, varredura e apoio aéreo aproximado - utilizam o emprego do armamento ar-ar ou ar-solo”, explica o comandante do Esquadrão, Tenente--Coronel Rodrigo Gibin Duarte.

AH-2 Sabre lança foguetes em alvo na Amazônia. Aeronave blindada leva ain-da um canhão duplo de 23mm e mísseis.

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Assista ao vídeo do treinamento dos AH-2 Sabre

“Está sendo feita uma gradação na implantação do Sabre. Assim vamos conhecendo as capacidades e limita-ções da aeronave e amadurecendo as atividades do Esquadrão”, esclarece. Os doze AH-2 operam a partir da Base Aérea de Porto Velho e já atuaram no esquema de segurança da Copa das Confederações e da Copa do Mundo.

As aeronaves AH-2 Sabre fazem parte do processo de reaparelhamento da FAB. Os primeiros helicópteros foram recebidos em 2010 e a última unidade foi entregue em 2014. Exercí-cios operacionais, como o Zarabatana, formam as etapas da implementação

do helicóptero na FAB. “A população brasileira conta com um esquadrão de-dicado a proteger o Brasil de possíveis ameaças, com aeronaves de alta capa-cidade bélica”, afi rma o comandante. “De um modo geral, o povo brasileiro fi ca mais bem protegido”.

Sequência mostra destruição de alvo no Campo de Provas Brigadeiro Velloso.

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#É ISSO O QuE ImPORTA

Sonho realizadoIrmãos da periferia de São Paulo venderam amendoim para alcançarem o sonho de fazer parte da Força Aérea Brasileira

RAQuEL ALVES (TEXTO)SGT JOHNSON (FOTOS)O acaso tornou-se aliado de Lucas José

Rocha da Silva. A infância simples ao lado dos três irmãos e dos primos no

bairro Jardim Brasil, zona norte de São Paulo (SP), foi de muita alegria e brincadeiras. Até que a conclusão do Ensino Fundamental em escolas públicas trouxe o desafi o: era hora de buscar novos caminhos. E ele nem imaginava que hoje seria ofi cial da Força Aérea Brasileira.

Leandro, o irmão mais próximo de Lucas, fi cou sabendo de uma feira de profi ssões. No evento, ele se deparou com um jovem vestido com um macacão: era um aviador da Academia da Força Aérea (AFA) que estava lá, contando para os visitantes, como era a rotina de um piloto e o que era a Academia. Leandro chegou em casa com os olhos brilhando e contou ao irmão: “Lucas, já sei o que eu quero ser: aviador da Aeronáutica”.

Lucas, sem saber ao certo o que estava acon-tecendo, foi incentivado pelo irmão a também ser aviador. Mas como fariam isso? Lucas e Leandro foram pesquisar para descobrir o que era essa tal Aeronáutica. Assistiam a vídeos na internet sobre a Força Aérea e leram sobre a Escola Preparatória de Cadetes do Ar (EPCAR) e a Academia da Força Aérea (AFA). A primeira é uma instituição de Ensino Médio localizada em Barbacena (MG), enquanto a segunda, localizada em Pirassununga (SP), é uma orga-nização de ensino superior responsável pela formação de ofi ciais aviadores, intendentes e de infantaria.

O próximo passo foi conversar com os pais sobre a possibilidade de estudarem em um curso preparatório voltado para concursos militares. Mas não seria um momento fácil.

O pai e a mãe estavam desempregados e não tinham condições de pagar os estudos

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para os fi lhos, e um avô estava doente, precisando de ajuda. “Eu e Leandro fi -camos tristes, pois sabíamos que nossos pais estavam sem condições para nos ajudar. Foi aí que tomamos uma ati-tude: começamos a vender amendoins para pagar os estudos. Não podíamos perder tempo”.

Leandro aprendeu a fazer amen-doins doces com a tia, e levava para a escola. Ali confi rmou que o doce era uma forma de gerar renda. Fizeram as contas e colocaram a mão na massa. Os irmãos pediram ajuda aos amigos para ajudar a embalar os amendoins. Com a mochila nas costas e uma bandeja cheia nas mãos, os dois percorriam as ruas vendendo os doces. “Vendíamos cerca de 100 por dia. Entrávamos nos estabe-lecimentos comerciais e oferecíamos aos vendedores e até mesmo aos clientes. Eles sempre compravam”, conta Lucas.

Estipularam um período para as vendas, mas, mesmo assim, ainda faltava uma quantia do curso a ser ar-recadada. Estava difícil. Um dos irmãos mais velho, Ronaldo, ajudou a pagar o restante do valor. Dinheiro no bolso e lápis na mão, foram rumo às aulas. “Olho pra trás e vejo que ultrapassei muitos obstáculos e que nenhum fez com que eu desistisse. Valeu a pena!”, lembra Lucas.

O curso, com duração de sete meses, foi fundamental para que os irmãos pu-

dessem fazer as provas com segurança, mas seria uma única tentativa. “Muitos dos meus amigos, que estudavam comigo, eram sustentados pelos pais. Tinham condições de refazer o curso no ano seguinte. Eu não. Aquela era a única chance de passar”, revela. Pela idade, Lucas fez EPCAR e Leandro, AFA.

Somente um foi aprovado. O irmão mais novo arrumou as malas e, em 2009, foi para Barbacena cursar o Ensino Mé-dio. Leandro continuou a estudar, em casa. No segundo ano de EPCAR, Lucas ajudou o irmão nos estudos pagando mais um ano de curso com o dinheiro da ajuda de custo.

Lucas terminou os estudos na EPCAR e foi para a AFA em 2012. Lá encontrou Leandro, aprovado direta-mente para a Academia, onde estudou entre 2011 e 2014 para se tornar ofi cial de infantaria.

Depois de anos longe da família, os irmãos se reencontram em dezembro, na Academia da Força Aérea, para um motivo especial: a formatura que declarou Lucas Aspirante a Oficial. ”Faria absolutamente tudo de novo. Venderia os amendoins e estudaria com a mesma dedicação. Na vida, não podemos desistir fácil dos nossos obje-tivos. Sempre fui uma pessoa muito oti-mista, mesmo quando não havia mais esperança, eu acreditava que podia dar certo”, fi naliza.

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“Mesmo quando não havia mais esperança, eu acreditava que podia

dar certo”

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C-95M Bandeirante (acima), A-29 Super Tucano (abai-xo, à esquerda) e H-50 Esquilo (abaixo, à direita). No início da carreira, todos os aviadores da FAB passam em Natal para voar em um desses três modelos.

TREINAmENTO

Primeira Força Aérea Em Natal, jovens aviadores da Força Aérea Brasileira cum-prem suas primeiras missões operacionais

CyNTHIA FERNANDES

O sonho se tornou realidade. Depois de quatro anos como cadete na Academia da Força Aérea (AFA), em

Pirassununga (SP), Jorge Almeida alcançou o posto de tenente e assumiu o comando de um avião de combate A-29 Super Tucano. “Para mim, sempre foi um sonho muito grande pertencer à Força Aérea e, principalmente, à Aviação de Caça”, conta.

O Tenente Jorge Almeida é um dos 109 aviadores, chamados aqui de estagiários, que durante um ano serviram em um dos três esquadrões da Primeira Força Aérea (I FAE). Sediadas na Base Aérea de Natal, as unidades marcam a cena do local, com intensa movi-mentação de aeronaves. Agora, em 2016, eles estão prontos para seguirem para unidades de caça, transporte, patrulha marítima e de helicópteros, espalhadas pelo País.

“No final do ano passado, nós os entre-gamos pilotos de combate já com especiali-zação nas atividades das aviações que eles vão integrar”, explica o Brigadeiro do Ar Hudson Potiguara, comandante da I FAE. No Esquadrão Rumba (1°/5° GAV), equipado com aviões C-95 Bandeirante, são preparados os futuros pilotos das Aviações de Transporte e de Patrulha. No Joker (2°/5° GAV), a bordo

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dos A-29 Super Tucano, treinam os da caça. E para o Gavião (1°/11° GAV) vão aqueles escolhidos para aprenderem a voar em helicópteros, inicialmente os H-50 Esquilo.

Não é um período fácil. “Eles são muito cobrados teoricamente, fi sica-mente e psicologicamente. Então é um ano muito intenso para o estagiário e para o instrutor”, explica o Tenente Natanael Figueiredo, um dos instru-tores da I FAE. A rotina é composta por uma jornada intensa de voos, acompanhados por instrutores, e estu-dos. “A gente vem desde a Academia aprendendo a parte básica da pilota-gem, voo visual, voo de formatura, manobras de acrobacias e voos de instrumentos para depois chegar aqui e conseguir aplicar tudo isso para ter uma progressão”, explica o Tenente Renan Rodrigues.

No Esquadrão Rumba, a turma de 63 estagiários passou oito meses parti-

cipando de instruções operacionais na aeronave C-95M Bandeirante. Toda a formação inclui fases de instrumento, navegação, formatura básica e tática (voo com outras aeronaves). A última etapa inclui treinamento para lança-mento de carga e de paraquedistas.

Depois de formados, os pilotos estagiários seguem para outros Esqua-drões de Transporte Aéreo, sediados em Manaus (AM), Belém (PA), Recife (PE), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Canoas (RS) e Brasília (DF). “Quero ir para o Esquadrão de Manaus e par-ticipar de missões humanitárias na Amazônia”, afi rma a Tenente Juliana Santos de Souza.

Para o comandante do Esquadrão Rumba, Tenente-Coronel Márcio Gon-çalves Ribeiro, o ano de treinamento em Natal dá retorno para a sociedade. “É uma formação intensa e a sociedade pode ter certeza que esses ofi ciais esta-rão preparados para cumprir todas as

missões designadas”, declara. “A gente vai adquirindo confi ança a cada voo”, concorda a Tenente Juliana.

Dez estagiários do Rumba rece-beram uma formação específica na aeronave P-95, a versão de patrulha marítima do Bandeirante. Em 2015, a novidade foi o uso da versão moder-nizada da aeronave. “É importante para a operacionalidade da minha turma. Vamos chegar aos esquadrões já sabendo voar na aeronave moder-

Instrutor planeja mais uma missão dos ofi ciais-aviadores estagiários do Esquadrão Rumba. Além de pilotos de transporte, a unidade também prepara aviadores para a Aviação de Patrulha. Neste caso, são realizados voos a bordo de um P-95 modernizado.

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nizada, acompanhando esse momento da Aviação de Patrulha”, declara o Tenente Augusto Ribeiro Rodrigues.

Entre as novidades da nova versão, o chamado P-95M conta com o radar Seaspray 500E e tem condições de detectar navios de grande porte a até 100 milhas náuticas, equivalente a 180 quilômetros. A capacidade de imagea-mento do novo equipamento possibi-lita acompanhar cerca de cem alvos, ao mesmo tempo, em alta resolução.

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Tenente Jorge Almeida, à esquerda, foi um dos estagiários do Esquadrão Joker em 2015. Hoje, ele é piloto de caça. Durante um ano, ele treinou desde manobras básicas na aeronave até exercícios de tiro real. Um simu-lador de voo instalado na Base Aérea de Natal complementa a formação dos estagiários, que também realizam voos acompanhados de instrutores.

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Prontos para as fronteirasNo Esquadrão Joker, os voos acon-

tecem nos A-29 Super Tucano, o mesmo utilizado nos esquadrões de defesa aérea e ataque sediados em Boa Vista (RR), Porto Velho (RO) e Campo Grande (MS). Para chegarem lá, os 25 estagiá-rios de 2015 precisaram estar prontos para cumprirem missões como defesa aérea, ataque, escolta e reconhecimento armado.

Na fase inicial, os futuros caçadores

também fizeram instruções de forma-tura básica, com a participação de duas e quatro aeronaves, missões de voo por instrumento, voo noturno e formatura, totalizando ao final do curso mais de 100 horas de voo.

“Quando a gente chega aqui, o que a gente mais quer é terminar logo essa parte básica para começar a parte avançada, empregar armamento, fazer navegação a baixa altura. Para isso é necessário muito preparo, técnica e

dedicação”, argumenta o Tenente Renan William Murta.

De acordo com o comandante do Es-quadrão Joker, Tenente-Coronel Rômulo Coutinho Lucas, os pilotos saem prepa-rados. “Aqui eles têm contato com todas as missões que vão desempenhar nos esquadrões operacionais. E, também, desenvolvem diversas habilidades, entre elas, o autocontrole e o autoconhecimen-to. Isso eles vão aplicar durante toda sua vida operacional”, acrescenta.

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Mecânicos preparam helicóptero H-50 para missão de ataque. Além da parte bélica, o Esquadrão Gavião também ensina missões como resgate.

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Veja reportagens sobre as missões da Primeira Força Aérea

uma nova forma de voarJá aqueles escolhidos para voar o

helicóptero H-50 no Esquadrão Gavião enfrentam o desafi o de, após aprende-rem a voar em aviões T-25 Universal e T-27 Tucano na Academia da Força Aérea, passarem para as chamadas asas rotativas, como são chamados os helicópteros. “O caminho não é fácil. A mudança de uma aeronave de asa fi xa para uma asa rotativa é muito difícil”, diz o Tenente Tiago Parra.

Em 2015, 21 estagiários passaram pelo curso de nove meses de duração. Depois da fase básica, em que são aplica-das as teorias de pilotagem da aeronave, os alunos seguem para instruções específi cas, como voo por instru-mento, formatura tática, resgate no mar e emprego armado.

Uma das partes do treinamen-

to acontece em São Paulo (SP), onde há um simulador do helicóptero H-50. Ali são exercitados procedimentos de emergência, voos por instrumentos e gerenciamento de recursos de cabine.

“É a possibilidade de o piloto reco-nhecer diversas reações da aeronave que não são possíveis durante um voo. Também contribui diretamente com a segurança e com conhecimento do aviador durante a realização de um procedimento de emergência”, afi rma o comandante do Esquadrão Gavião, Te-nente-Coronel Jair Novaes de Almeida.

Mas a fase mais esperada acontece no município de Maxaranguape, na região metropolitana de Natal. É lá onde os estagiários têm a oportunidade de abri-rem fogo com metralhadoras calibre .50 e lançarem foguetes de 70mm.

Os ataque simulados exigem habi-lidade. “Tem que estar com a aeronave

literalmente na mão, já que vai estar o tempo todo focado em fazer o

emprego em cima do alvo, para ter maior quantidade de acerto. Só que ao mesmo tempo que está aproado para o objetivo,

ele está se aproximando do solo”, explica um dos instrutores, Major Leonardo Salim.

Os disparos acontecem a apro-ximadamente 33 metros de distância. No caso dos fo-guetes SBAT 70, o gatilho é apertado com o H-50 em

movimento. Já as metralhadoras .50 são utilizadas tanto em movimento quanto em voo pairado.

“A gente não tinha noção de como era fazer e, quando começamos, muitos colegas já despertaram o desejo de ir pra um esquadrão de emprego armado. Foi uma experiência muito boa”, diz o Tenente Luiz Fernando Chuaste Amaral. Em 2016, ele se apresenta no Esquadrão Pantera (5°/8° GAV), em Santa Maria (RS). E a experiência em Natal vai ajudar a dominar o H-60 Black Hawk.

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ESPAÇO AÉREO

Brasil participa de projeto para implantação de nova sistemática para a navegação global. O novo conceito vai permitir trocas de informações de voo mais ágeis, confiáveis e oportunas, além de trazer outros benefícios

De olho no futuroJOãO ELIAS

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Em abril, o Brasil será o único país da América do Sul a ter representantes na Mini Global

II, evento promovido pela Federal Aviation Administration (FAA), órgão que regulamenta a aviação civil nos Estados Unidos. Organizada na cidade de Daytona Beach, na Flórida, a Mini Global II irá reunir especialistas das Américas, Europa, Ásia e Oceania para discutir o futuro do controle de tráfego aéreo.

O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), órgão do Comando da Aeronáutica, irá levar para lá sua experiência em gerenciar diariamente uma média de 5.200 voos sobre o Brasil. Será abordado o con-ceito SWIM (System Wide Information Management), uma iniciativa para reduzir o atraso nos voos, dar maior agilidade das aeronaves nos aeropor-tos e no céu, economizar combustível

e aumentar a segurança e a eficiência do controle de tráfego.

Atualmente, durante o planeja-mento de um voo que decole do Rio de Janeiro (RJ) para Manaus (AM), por exemplo, é necessário consultar sistemas de informação aeronáutica e meteorológica separadamente e de forma pontual ao longo da rota. Mas com o tempo, isso pode se modificar. A previsão é que, no futuro, por meio de uma consulta única, o usuário terá acesso a qualquer informação que im-pacte naquele voo e, quando for o caso, até uma nova rota poderá ser sugerida por um novo sistema.

“Na atual configuração, os planos de voo precisam ser endereçados a to-dos os envolvidos e, caso ocorra alguma falha no endereçamento, algum inte-ressado pode não ter acesso ao plano lançado no sistema. No caso do SWIM, o plano é disponibilizado no Sistema e

qualquer interessado que realize pes-quisa e esteja habilitado, terá acesso às informações do plano de voo”, explica o Chefe da Seção de Planejamento de Informações Aeronáuticas do DECEA, Major Cristiano de Uzêda Pinto.

Em 2014, representantes do DECEA participaram apenas como observado-res, não tendo atuação nos cenários de simulação, onde trocas de informações de voo, aeronáuticas e meteorológicas ocorreram utilizando-se os novos protocolos do SWIM. Dessa vez, a participação será de forma efetiva. “Agora, poderemos ‘sair da teoria’ em uma espécie de laboratório. Po-deremos detectar possíveis óbices e aspectos a serem melhorados em nosso planejamento, perceberemos outros benefícios ainda não vislumbrados pela teoria e as formas de utilização que melhor atendam nosso País”, res-salta o Major Uzêda.

De olho no futuro

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Na demonstração, são utilizados cenários simulados de submissão de plano de voo, informação de posicio-namento de aeronaves, publicações de NOTAM (Aviso aos Aeronavegantes) e de boletins meteorológicos. Por exemplo, pode ser realizada uma si-mulação de uma decolagem do Brasil para os Estados Unidos, utilizando o novo conceito e todas as informações inerentes a ele.

Com o SWIM, as trocas de informa-ção se tornarão mais ágeis, confi áveis e oportunas. Todas as informações de um voo serão compiladas, interpreta-das e transformadas no conceito “fl ight object” (FO), assim, toda a coordenação de voo poderá ser realizada digital-mente por meio da automação dos Sistemas de Controle de Tráfego Aéreo (ATC), incluindo as coordenações de tráfego entre Centro de Controles de Área (ACC). Com a aplicação do FO, serão utilizadas as trajetórias 4D, que têm como referência as três dimensões espaciais somadas ao fator tempo e trarão maior agilidade e segurança nas separações de tráfego em rota.

“Além desses e muitos outros bene-fícios diretos, o Brasil se manterá con-textualizado no que é preconizado pela

Organização de Aviação Civil Internacio-nal (OACI), ou seja, estará inserido num Sistema de Gerenciamento de Tráfego Aéreo Global colaborativo, totalmente interoperável, integrado e harmonizado”, exemplifi ca o Major Uzêda.

O projeto Mini Global faz parte do programa norte-americano NextGen (Next Generation Air Transportation Sys-tem) e tem o objetivo de mostrar como diversos provedores de serviços de nave-gação aérea (ANSPs) e os profi ssionais de diversas áreas envolvidos podem com-partilhar informações comuns de forma efi ciente para melhorar seu planejamento estratégico e agilizar as operações.

Programa SIRIuSNo Brasil, os temas debatidos fazem

parte do Programa SIRIUS, que estabele-ce a estratégia de evolução do Sistema de Gerenciamento de Tráfego Aéreo (ATM) do País de forma ambientalmente susten-tável. Seus princípios são o emprego de soluções de alta tecnologia, capacitação de recursos humanos e promoção da redução dos custos operacionais.

Conduzida pelo DECEA, a imple-mentação gradual do programa garantirá ao Brasil, num horizonte de curto, médio e longo prazo, o aumento da capacidade

operacional necessária em face às deman-das provenientes do alto crescimento de tráfego aéreo previsto para as primeiras décadas do Século XXI resguardando-se, ao mesmo tempo, os níveis desejados de segurança operacional.

Destaque em segurançaA OACI atestou que o Brasil é o quar-

to no ranking de segurança operacional da aviação no mundo, atrás apenas da Coreia do Sul, Cingapura e Emirados Árabes Unidos.

A posição foi alcançada na avalia-ção chamada Universal Safety Over-sight Audit Programme (USOAP). De acordo com o resultado preliminar obtido pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), o País obteve 96,49% de conformidade com as nor-mas do programa durante a auditoria realizada entre os dias 9 e 13 de no-vembro de 2015.

Entre os pontos avaliados estão a legislação e regulamentação do setor, treinamento de pessoal, operações aéreas, investigação de acidentes e in-cidentes, serviços de navegação aérea, estrutura dos aeroportos e apoios em solo. A próxima auditoria da OACI no Brasil deve ocorrer em 2017.

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• Motor: um turbojato Atar-09C7/038• Envergadura: 8,22m• Comprimento: 15,03m• Altura: 4,25m• Peso máximo: 13.500 kg• Velocidade máxima: 2.350 Km/h• Armamento: dois canhões de 30mm

e até 1.360 kg de mísseis, foguetes e bombas

AERONAVE HISTÓRICA

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F-103EMirage IIIHá· dez anos, em 31 de dezembro de 2005, o céu do Planalto

Central deixou de ser palco dos voos do Mirage III. Desde 1973, jatos desse modelo cuidaram da defesa aérea da Capital Federal, sediados na cidade goiana de Anápolis, que recebeu uma Base Aérea para as novas aeronaves. O Mirage trouxe radares e equipamentos de bordo que modificaram completamente a forma como a FAB realizava a defesa do seu espaço aéreo. Hoje, os caças podem ser vistos em monumentos, como este, no Distrito Federal.

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“Turma do Fabinho” marca estratégia da Força Aérea para o público infantil

EmILLE CÂNDIDO

INFANTIL

FAB para crianças

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Um dos segredos da boa gestão está no planejamento a longo prazo em cultivar iniciativas

promissoras, além de direcionar recursos pensando e avaliando o futuro. Não por acaso, os modelos de sucesso estão focados no rendimento. A razão é simples: quanto maior a duração do investimento, maiores os resultados. A relação com o capital investido nas pessoas é a mesma. Alguma dúvida que investir nas crianças faz toda a diferença?

De olho nesse potencial, a Força Aérea Brasileira lançou uma nova fase da Turma do Fabinho e, com ela, um canal online com conteúdo exclusivo para divertir e ensinar as crianças. Há cinco anos os personagens aproxi-mam a FAB do público infanto-juvenil e conversam de igual para igual com quem no futuro fará parte dos qua-dros da Força Aérea. Entre Aviadores, Intendentes, Especialistas, Engenhei-ros e Astronautas, a ideia é fomentar o gosto pela aviação e construir um

relacionamento direto com quem ainda está construindo seus sonhos.

Na página, as crianças têm acesso ao primeiro vídeo original da Turma do Fabinho. O musical, seguindo as tendências dos maiores sucessos do cinema, da TV e de canais de mídias sociais, como o YouTube, transforma e anima os personagens antes apenas disponíveis nas páginas estáticas das revistinhas em quadrinhos. Outra novidade é o primeiro áudio-book das Forças Armadas, voltado espe-cialmente para as crianças mais novas. Além dos vídeos, o canal infantil ain-da traz informações sobre a Turma e material para download - para colorir, montar, colecionar.

A Tenente Anne Carolline Pieruc-cett i, pedagoga com experiência em educação infantil, explica que é por meio da brincadeira que a criança desenvolve diversos aspectos da sua personalidade. A atividade lúdica, por fazer parte de um ambiente ao mesmo tempo aconchegante e desafi a-

dor, potencializa o desenvolvimento físico, motor, emocional, cognitivo e social dos pequenos. É por meio des-se tipo de atividade que as crianças assimilam novos conhecimentos e constroem sua realidade. “O canal infantil no site da FAB está repleto de atividades que despertam e valorizam os preceitos de cidadania e amor à Pátria. Certamente, conseguiremos repassar às crianças os valores milita-res, lançando mão de uma linguagem lúdica e transformando aprendizado em algo prazeroso”, ressalta a Tenente.

Além de mostrar o trabalho da FAB para um público potencial, a equipe do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (CECOMSAER), responsável pelo desenvolvimento da Turma do Fabinho, procurou focar as aventuras dos personagens nos valores militares, como patriotismo, hierarquia, respeito e disciplina, fatores elementares para a formação do caráter e preparo das crianças no exercício da cidadania.

Conheça a turma do Fabinho:

Conheça a página da Turma do Fabinho

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ANIVERSÁRIO

Criada em meio à Segunda Guerra Mundial, instituição ampliou seu leque de atuação sem deixar de lado a defesa da soberania do espaço aéreo brasileiro

Aeronáutica completa 75 anos

Há 75 anos, em 20 de janeiro de 1941, o Ministério da Aeronáutica foi criado por meio do Decreto-Lei N° 2.961. O documento, assinado pelo então presidente Getúlio Var-gas, transferiu para a Aeronáutica militares, servidores civis, aviões e instalações da Marinha, do Exército e do Ministério da Viação e Obras Públicas.

Logo após a sua criação, a FAB necessitava de pessoal qualifi cado e, já em 1941, foram criadas a Escola de Aeronáutica e a Escola de Espe-cialistas de Aeronáutica, a partir da Escola de Aviação Militar e da Escola de Aviação Naval, até então pertencentes ao Exército e à Marinha, respectivamente.

O primeiro Ministro, Joaquim Pedro Salgado Filho, dividiu o ter-ritório nacional em Zonas Aéreas e, em 22 de maio de 1941, criou a Força Aérea Brasileira, o braço armado do Ministério da Aeronáutica.

Exatamente um ano depois, em 22 de maio de 1942, o braço armado tinha o seu batismo de fogo: um avião B-25 da FAB atacou o submarino Barbarigo, da marinha italiana. Era a Segunda Guerra Mundial e naquela época o litoral brasileiro sofria com as ameaças de embarcações inimigas. Em 18 de dezembro de 1943, seria criado o Primeiro Grupo de Aviação de Caça, unidade de combate enviada para a Itália.

Nas décadas seguintes, a Aero-náutica ampliou sua atuação em áreas como a defesa da soberania do espaço aéreo brasileiro, o controle de tráfego

aéreo, o fomento à indústria nacional, as missões de busca e salvamento em uma área de mais de 22 milhões de quilômetros quadrados sobre o Bra-sil e águas internacionais, o projeto espacial, a ciência e tecnologia, a in-vestigação e prevenção de acidentes aeronáuticos, e a integração nacional por meio da construção de pistas de pouso e dos voos de aeronaves de transporte. Em 1999, o Ministério da Aeronáutica foi transformado em Comando da Aeronáutica.

Hoje, são 75.402 brasileiros a ser-viço do Comando da Aeronáutica, sendo 12.640 mulheres.

Os tempos de paz, contudo, não devem tirar o foco da atividade--fim da FAB. “Nossa condição de

país pacífi co e sem pretensões ex-pansionistas não nos faculta ima-ginar que nunca teremos nossa integridade ameaçada˜, afirma o atual Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Nivaldo Luiz Rossato. “Devemos estar pre-parados diuturnamente para ações de pronta-resposta, ombreados com nossos irmão da Marinha do Brasil e do Exército Brasileiro”, completa.

Para o futuro, a expectativa do Comandante é investir no preparo da Força. “Na guerra moderna, é fundamental vestir o equipamento adequado, receber o treinamento em quantidade e qualidade sufi cientes para contrapor as eventuais amea-ças”, fi nalizou.para contrapor as eventuais amea-

Aeronaves e militares no Campo dos Afonsos no início da década de 40: berço da Força Aérea Brasileira

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Aeronáutica completa 75 anos

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