a prÁtica docente na educaÇÃo ambiental: …...aos meus grandes e verdadeiros amigos, quase...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
MESTRADO EM EDUCAÇÃO
GILMAR CARAMURÚ DE SOUSA
A PRÁTICA DOCENTE NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UMA ANÁLISE
DA AÇÃO EDUCATIVA DOS PROFESSORES DE CIÊNCIAS DA REDE
MUNICIPAL DE JOÃO PESSOA
JOÃO PESSOA
2014
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GILMAR CARAMURU DE SOUSA
A PRÁTICA DOCENTE NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UMA ANÁLISE
DA AÇÃO EDUCATIVA DOS PROFESSORES DE CIÊNCIAS DA REDE
MUNICIPAL DE JOÃO PESSOA
Dissertação apresentada à banca examinadora como requisito obrigatório para obtenção do título de Mestre em Educação, do Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal da Paraíba – PPGE UFPB.
Professor Drº:Jose Antonio Novaes Da Silva Presidente da Banca
JOAO PESSOA 2014
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GILMAR CARAMURU DE SOUSA
A PRÁTICA DOCENTE NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UMA ANÁLISE
DA AÇÃO EDUCATIVA DOS PROFESSORES DE CIÊNCIAS DA REDE
MUNICIPAL DE JOÃO PESSOA
Dissertação apresentada à banca examinadora como requisito obrigatório para obtenção do título de Mestre em Educação, do Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal da Paraíba – PPGE UFPB.
Aprovado em _______/_______/_______
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________
Professor Drº Jose Antonio Novaes da Silva
Presidente da Banca
________________________________________________
Professora Drª Janine Marta Coelho Rodrigues
Avaliadora
______________________________________________________
Professora Drª Maria de Fátima Camarotti
Avaliadora externa
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Dedico esse trabalho a... A minha mãe Silvia Caramuru, por ter tido
uma dose a mais de paciência para comigo e ser sempre o sustento seguro para as
minhas lágrimas de angustias!
A minha esposa Mileide e filhos Cristopher e Yvinne, por eles sempre serem o meu pilar e
sustentáculo para que eu pudesse estar sempre seguindo em frente, mesmo com
todas as pedras que teimam em aparecer nos nossos caminhos.
Aos meus irmãos que sempre me deram força para continuar buscando os objetivos!
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AGRADECIMENTOS
Quero agradecer a todos aqueles que sempre confiaram em mim, desde sempre e que de alguma forma colaboraram na minha vida enquanto acadêmico e pessoa. .
Aos meus pais, por terem me proporcionado, com dificuldades, uma educação exemplar, terem me mostrado os reais valores de um ser humano e por me terem ensinado a trilhar os meus caminhos. A meu pai Zito (in memoriam), que conseguiu me ensinar muito na sua ausência e onde quer que esteja o fruto deste trabalho também tem a sua colaboração. À minha mãe Silvia Caramurú, amor incondicional, que me gerou e me alfabetizou, ensinando-me a ler e escrever, viu mamãe como aprendi direitinho? Agradeço por todos os puxões de orelhas que levei, sei que mereci todos e foram por causa deles que chego hoje aqui.
A minha esposa Mileide e filhos Cristopher e Yvinne pelo grande apoio que sempre me deram e pela compreensão quando da minha ausência. É por vocês e com vocês que luto pelo futuro.
A todos os meus familiares, avós (in memoriam). Aos meus irmãos Nelmary, Junior, André e Andrea, aos sobrinhos e sobrinhas, primos, primas, tios e tias em especial a tia Bá por ter feito parte da minha vida de uma forma decisiva quando mais precisei.
Aos meus grandes e verdadeiros amigos, quase irmãos Nal, Iudi Roberto e Kátia, companheiros de toda uma vida e em todos os momentos, vocês tem uma grande parcela de culpa por eu chegar a realizar esse passo tão importante na minha vida. Não poderia esquecer de amigos como Nino (Adolf) a muito fora do Brasil e Adenio, esse além de amigo cunhado.
De maneira mais do que especial, ao professor Drº. Jorge Chaves Cordeiro por ter sido a luz que eu buscava para me guiar quando eu estava perdido em meio a escuridão, pela enorme paciência, por ter me conferido apoio, dedicação e autonomia, sobretudo, nos momentos difíceis dessa caminhada, grande orientador e um mestre pra toda vida!
Aos professores doutores, Janine Marta Coelho Rodrigues, Maria de Fátima Camarotti e Jose Antonio Novaes Da Silva pela apreciação e valiosas contribuições ao trabalho na banca de qualificação e, por conseguinte, na conclusão desse trabalho, para o esse ultimo professor, agradeço em especial por ter aceitado caminhar junto na orientação do mesmo, me honrado com a sua preciosa colaboração!
Aos demais professores que foram significativos na minha vida, tanto na graduação quanto no Mestrado, pelas lições de competência, coragem e ousadia e as reflexões que juntos realizamos.
Aos meus colegas do Mestrado pela possibilidade de conviver de forma humana, fraterna e solidária com todos, aos quais não poderia citar nomes, pois cometeria injustiças.
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Às professoras do projeto Cinestésico, projeto de extensão ao qual fiz parte como bolsista da monitoria e do Prolicen, Marília Lopes de Campos e Virginia de Oliveira Silva, pois ainda que inconscientemente influenciaram de forma decisiva nos passos que me permitiram chegar até o Mestrado.
A Deus por me fazer persistir e lutar pelos meus sonhos.
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“Era uma vez um grão de onde cresceu uma árvore que foi abatida por um lenhador e cortada na serração. Um marceneiro trabalhou-a e entregou-a a um vendedor de móveis. O móvel foi decorar um apartamento e mais tarde deitaram-no fora. Foi apanhado por outras pessoas que o venderam numa feira. O móvel estava lá no adeleiro, foi comprado barato e, finalmente houve quem o partisse para fazer lenha.O móvel transformou-se em chama, fumo e cinzas. Eu quero ter o direito de refletir sobre esta história, sobre o grão que se transforma em árvore, que se torna móvel, e acaba no fogo, sem ser lenhador, marceneiro, vendedor, que não vêem senão um segmento da história”.
EDGAR MORIN
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RESUMO
Sob uma perspectiva analítica é que este trabalho tem por objetivo identificar as
concepções e práticas pedagógicas dos professores de Ciências no que se refere à
Educação Ambiental no ensino fundamental, fazendo emergir de seus respectivos
discursos as possíveis contribuições do ensino de Ciências para uma tomada de
consciência quanto às questões sócio-ambientais. Para tanto, participaram dessa
pesquisa professores de Ciências do Ensino Fundamental, do 6º ao 9º anos da rede
municipal de João Pessoa no Estado da Paraíba. Nesta perspectiva foram
resgatadas a formação profissional e prática pedagógica dos professores de
Ciências, com especial atenção para as questões ambientais. É fácil perceber que
muitos dos professores que participaram da pesquisa enfatizam o meio ambiente
como sendo a natureza, o local onde se vive e donde se extraem recursos, assim,
retrata o meio ambiente numa visão antropocêntrica, cuja origem se deu na ética
antropocêntrica humanista e no pensamento cartesiano, que situa o homem fora do
ambiente natural. Em grande parte das respostas, as concepções de Educação
Ambiental dos professores baseiam-se em conceitos ou informações que
comumente se apresentam desvinculadas de uma proposta de trabalho que
contribua para a formação de cidadãos críticos, aptos a construírem conhecimento
por meio de mudança de valores e de uma postura ética diante das questões
ambientais. A análise e interpretação dos resultados evidenciam que a Educação
Ambiental será, efetivamente tratada com a relevância que ela merece quando
atingirmos, como professores de Ciências, compreensão e consciência
constantemente renovadas das relações interdisciplinares dos vários campos do
saber. Isto requer compromisso de refletir sempre sobre nossas concepções,
atitudes e práticas pedagógicas em sala de aula.
PALAVRAS CHAVES: Formação de Professores. Educação Ambiental. Ensino
Fundamental.
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ABSTRACT
From an analytical perspective is that this study aims to identify the pedagogical
conceptions and practices of science teachers in relation to environmental education
in elementary school, bringing out their respective speeches the possible
contributions of science teaching to an awareness regarding socio-environmental
issues. For both, participated in this research Science teachers of elementary school,
6th to 9th grades of municipal Joao Pessoa in Paraiba. In this perspective, training
and pedagogical practice of science teachers, with special attention to environmental
issues were rescued. It is easy to see that many of the teachers who participated in
the survey emphasize the environment as nature, where you live and where
resources are extracted, thus portrays the environment in an anthropocentric view,
the origin of which gave the humanistic anthropocentric ethics and in Cartesian
thought, which places the man out of the natural environment. In most of the
answers, conceptions of Environmental Education teachers based on concepts or
information that commonly present themselves disconnected from a work proposal
that contributes to the formation of critical citizens, able to build knowledge through
changing values and an ethical stance on environmental issues. The analysis and
interpretation of the results showed that environmental education will be effectively
treated with the importance it deserves when we reach, as science teachers,
constantly renewed understanding and awareness of the interdisciplinary
relationships of the various fields of knowledge. This requires commitment to always
reflect on our conceptions, attitudes and teaching practices in the classroom.
KEYWORDS: Teacher Education, Environmental Education, Elementary Education
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LISTA DE SIGLAS
AGAPAN -
APA -
CETESB -
CONAMA -
CMAJP -
CNE -
CNUMAD -
DCN-
FEEMA -
EA -
IBAMA -
IBGE -
LDBEN -
MEC -
OMS -
ONGS -
ONU -
OPAS –
PCN -
PEA –
PIEA -
PNE -
PNUMA –
SEMA -
UICN –
UNESCO –
Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural
Área de Proteção Ambiental
Companhia Estadual De Tecnologia De Saneamento
Básico E Controle De Poluição Das Águas
Conselho Nacional do Meio Ambiente
Código de Meio Ambiente do Município de João
Pessoa
Conselho Nacional de Educação
Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente e Desenvolvimento
Diretrizes Curriculares Nacionais
Fundação Estadual Engenharia Meio Ambiente
Educação Ambiental
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
Ministério da Educação e Cultura
Organização Mundial de Saúde
Organizações Não-Governamentais
Organização das Nações Unidas
Organização Panamericana de Saúde
Parâmetros Curriculares Nacionais
Programa de Educação Ambiental
Programa Internacional de Educação Ambiental
Plano Nacional de Educação
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
Secretaria Especial do Meio Ambiente
União Internacional de Conservação à Natureza
Organização das Nações Unidas para a Educação, a
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UNCSD -
Ciência e a Cultura
Conferência das Nações Unidas sobre o
Desenvolvimento Sustentável
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................
1.1 JUSTIFICATIVA....................................................................................... 1.2 IDENTIFICAÇÃO DA PROBLEMÁTICA.................................................. 1.3 OBJETIVO GERAL.................................................................................. 1.3.1 Objetivos Específicos............................................................................... 2 BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO NO BRASIL............................... 2.1 PERÍODOS DE RUPTURAS E DESCONTINUIDADE COMO FONTE DE ESTAGNAÇÃO DA EDUCAÇÃO........................................ 3 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL ................................................................. 3.1 HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL ........................................... 3.2 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO MUNDO ............................................. 3.3 CONCEITOS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL FORMAL E NÃO FORMAL ................................................................................................. 3.4 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL................................................ 3.5 OS PCN, DCN E A LEI DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL........................... 3.6 OS DOMÍNIOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL ....................................... 4 A PRÁTICA DOCENTE DO PROFESSOR DE CIÊNCIAS NATURAIS PARA EA. ........................................................................... 4.1 A PRÁTICA DOCENTE DO PROFESSOR DE CIÊNCIAS PARA
EA (DESCONTINUIDADE NA FORMAÇÃO CONTINUADA)................ 4.2 TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS.............................................................. 4.3 A AÇÃO EDUCATIVA/REFLEXIVA DO PROFESSOR .......................... 4.4 RELAÇÕES DISCIPLINARES (INTERDISCIPLINARIDADE E TRANSDISCIPLINARIDADE)..................................................................
5 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO.................................................... 5.1 SUJEITOS PARTICIPANTES DA PESQUISA.......................................... 5.2 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS DA PESQUISA........................ 5.2.1 EIXO I - Conhecimento e utilização do tema EA nas práticas
pedagógicas........................................................................................... 5.2.2 EIXO II - Formação do professores para atuar com a EA no
cotidiano escolar................................................................................... 5.2.3 EIXO III - Integração Interdisciplinar significativa...............................
5.3 DISCUSSÃO............................................................................................
6 CONSIDERAÇÕES.................................................................................
7 REFERENCIAS.......................................................................................
8 APENDICE...............................................................................................
9 ANEXOS..................................................................................................
14 14 16 18 18
19
19
32 32 34
35 38 43 48
51
51 52 61
62
65 68 70
71
74 77 80
91 94
100 101
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1 INTRODUÇÃO
1.1 JUSTIFICATIVA
Na contemporaneidade, pode se compreender uma sociedade identificada
completamente com a informação, em que as ciências e a tecnologia estão
associadas à globalização, uma sociedade que se movimenta e se modifica
rapidamente provocando com isso, mudanças econômicas, sociais e culturais,
sobretudo em se tratando de profissão docente.
Para o progresso científico e tecnológico do século XX, o que se viu foi à
fragilidade do paradigma que dominou a cultura ocidental por um longo período.
Sendo possibilitados grandes saltos para a evolução das civilizações pela
democratização do conhecimento e pelo desenvolvimento científico-tecnológico. No
entanto, sua visão mecanicista e fragmentada do mundo levou o homem a alienar-se
da natureza, do trabalho, de si mesmo e dos outros (MORAES, 1997, p. 42).
Na compreensão, sobre um modelo educacional, quando ele deixa de
satisfazer as necessidades da comunidade, inicia-se um processo de mudança
conceitual, com o surgimento de uma forma de pensamento totalmente diferente e
finalmente a transição de um modelo para outro (MORAES, 1997, p. 55). Um
modelo, que já não satisfaz a uma comunidade científica, é substituído por outro que
venha atender às necessidades dessa comunidade. Este processo é lento e gera
uma crise de paradigmas.
O desafio imposto para os professores de forma geral e mais especificamente
para o de ciências naturais da contemporaneidade é superar a fragmentação, que
gerou a atual crise nos conceitos fundamentais da escola, na sua concepção do que
é ensinar e como fazê-lo, já sendo uma certeza que o modelo tradicional de
educação não atende as necessidades das atuais problemáticas educacionais.
Um dos grandes desafios para uma educação em uma perspectiva qualitativa
que venha atender as necessidades contemporâneas é reformar o pensamento, o
que, de acordo com MORIN (2001, p. 89), é:
[...] substituir um pensamento que isola e separa por um pensamento que distingue e une. É preciso substituir um pensamento disjuntivo e redutor por um pensamento do complexo, no sentido originário do termo complexus: o que é tecido junto.
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Contudo, isso só será alcançado pela reflexão, que permitirá uma
contextualização e o entrelaçamento dos saberes que ainda se apresentam
fragmentados e compartilhados.
Diante desses desafios paradigmáticos impostos à realidade dos professores
de forma geral, surge o professor de ensino ciências naturais, não obstante a sua
realidade de lidar com o presente, tendo no passado uma formação insuficiente para
preparar um aluno para o futuro, surgem novas problemáticas que proporcionam
dificuldades de magnitude cada vez mais complexa para o cotidiano escolar.
Juntamente a realidade do professor de ciências naturais, também aparece a
necessidade de se buscar alternativas para a problemática ambiental, sobre tudo no
que diz respeito a mediação no cotidiano escolar, uma vez que a mesma tem sido
pauta de discussão nos mais diversos setores da sociedade e, especialmente, no
meio acadêmico, a partir das últimas três décadas do século XX, quando se
revelaram a amplitude, a gravidade e a aceleração crescente dos problemas
relacionados a Educação Ambiental, a comunidade internacional e brasileira tem
direcionado para essa questão, como forma alternativa que pode contribuir para
minimizar a atual situação encontrada na Educação Ambiental.
Sob o contexto relacionado ao Brasil, os documentos que orientam à
Educação Ambiental partem de marcos estabelecidos em âmbito internacional, mas
abrem espaços para definições próprias de caráter nacional, regional e local, como
constam na Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) e nos Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCN).
Segundo os PCN, a perspectiva transversal nos processos educativos diz
respeito, principalmente, à dimensão didática. Essa perspectiva aponta para
adequação da prática pedagógica que deverá ser voltada à possibilidade de se
estabelecerem relações entre a aprendizagem de conhecimentos sistematizados e
as questões de vida cotidiana e sua transformação. Dessa forma, compreende-se
que para ofertar condição a execução da transversalidade na EA, as escolas
necessitam discutir sua relevância, determinar que valores e atitudes que desejam
alcançar com o trabalho escolar como um todo e proporcionar a integração entre
alunos, professores e comunidade numa dimensão sócio-ambiental.
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Diante do exposto, direciona-se tal pesquisa para uma abordagem de grande
relevância para a atual sociedade, este referente a busca de analisar os caminhos
metodológicos utilizados pelos professores de ciências naturais da rede municipal de
João Pessoa no Estado da Paraíba, quanto a sua pratica direcionada para EA.
Juntamente na busca pelo conhecimento, surgem questões a serem abordadas,
como quais procedimentos metodológicos os professores utilizam no seu cotidiano
para prática da EA? Quais correntes ideológicas esses professores estão seguindo?
Há uma reflexão direcionada para a ação de mediação da EA no seu cotidiano ?
1.2 IDENTIFICAÇÃO DA PROBLEMÁTICA
A ação do homem sobre a natureza, historicamente, trouxe consequências
para toda a humanidade, exigindo com isso, que a sociedade em geral repensasse
tal problemática a fim de estabelecer uma forma de refletir quanto as suas atitudes
perante a situação posta. Esse repensar levou à instituição do que vem a ser
conhecido hoje como uma educação ambiental, que no entanto, ainda busca se
efetivar, na maioria das vezes de forma irregular e pouco sistemática em toda e
qualquer rede de educação formal.
Sabe-se que hoje herdou-se ações historicamente tomadas, que pode-se
delimitar como momentos determinantes para o mundo ao qual se tem a
responsabilidade na contemporaneidade de fazê-lo melhor, “no entanto, a escala de
desperdício efetivado na sociedade moderna, certamente produz situações que
ameaçam a sobrevivência da humanidade, sendo necessário evitar-se esse curso de
desenvolvimento” (MAZZOTTI, 1998, p. 239).
Tal recorrência situacional, coloca a educação como aporte principal pela
reorganização do equilíbrio, tanto natural quanto sócio/comportamental, em que as
pessoas precisam compreender, que papel elas ocupam na sociedade e o que
precisa ser feito para melhorarem as suas ações comportamentais.
Junto a escola aparecerá também a representação do professor, responsável
pela mediação da situação a qual se encontrada hoje, quando se trata da educação,
terá consigo e enorme responsabilidade de levar aos seus alunos as realidades
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postas, tanto historicamente como as quais são encontradas no atual momento
histórico.
Não obstante a essa realidade, o professor de ciências naturais assumi,
perante a sociedade, o principal papel de ser aquele que deve encaminhar e
conduzir os elementos necessários para que os alunos de hoje, ocupem o seu posto
de futuros cidadãos “consciente” do amanhã. Tarefa que não será nada fácil, uma
vez que suas atribuições não se restringirão as questões voltadas para EA, sendo
este, mais um elemento didático a ser abordado na sua prática quanto ao seu
cotidiano escolar.
Tais professores, ainda, serão indagados e postos a prova quanto as suas
competências, intencionalidades e utilização reflexiva da sua prática a ser utilizada
no espaço educacional, uma vez que a grande maioria dos mesmos ainda
necessitam de uma compreensão mais clara das suas atribuições e do seu papel
quanto mediação para EA.
A deficiência que se verifica no contexto educacional, e particularmente no
ensino de Ciências quando se trabalha Educação Ambiental, se justifica, muitas
vezes, por não haver uma clareza da definição de Educação Ambiental, decorrendo
a partir dai a falta de uma prática reflexiva, consciente e direcionada para um
propósito comum.
Uma das questões de grande importância hoje no Brasil, diz respeito
diretamente a prática metodológica utilizada pelos professores de ciências naturais
voltado para EA, sendo gerado consecutivamente questões voltadas para
compreensão sobre a forma que se trabalham tais conhecimentos científicos com as
novas gerações, trazendo a tona novas questões de relevante discussão quanto as
práticas utilizadas pelos professores no seu cotidiano educacional.
Dessa forma, cumpre-nos delinear o objeto de discussão quanto analisar
quais práticas estão sendo utilizadas pelos professores de ciências naturais do
ensino fundamental II do município de João Pessoa, referente à EA e se há
intencionalidade reflexiva nessa prática para proporcionar aos seus alunos caminhos
e possibilidades a serem suplantados, quanto a EA, para além dos momentos
pontuais.
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1.3 OBJETIVO GERAL
A seguinte pesquisa pauta-se em realizar junto aos professores do ensino de
ciências naturais do fundamental II da rede municipal de João Pessoa, uma análise
quanto as suas práticas metodológicas voltadas para a EA.
1.3.1 Objetivos Específicos
Pretende-se com os objetivos específicos:
• Identificar quais conceitos de Educação Ambiental os professores do ensino
de ciências se utilizam para a sua prática.
• Identificar as formações especificas dos professores de Ciências Naturais
para atuar junto a EA.
• Realizar levantamento das metodologias dos professores, voltadas para
Educação Ambiental.
• Analisar a ação interdisciplinar dos professores junto a outras disciplinas que
compõem o ensino fundamental.
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2 BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO NO BRASIL
2.1 PERÍODOS DE RUPTURAS E DESCONTINUIDADE COMO FONTE DE
ESTAGNAÇÃO DA EDUCAÇÃO
Para se compreender que educação está sendo ofertada hoje no Brasil,
juntamente com as suas práticas previamente adotadas, é de profunda importância
que se conheça o que fora passado na história brasileira desde a sua constituição
educacional quanto pais.
A História da Educação Brasileira é constituída por rupturas marcantes e
históricas, descontinuidades ideológicas e com fortes influências políticas ao longo
da sua construção enquanto educação formal. É percebido que, através dos
períodos delineados, a educação passou desde instrumento “civilizatório” até armas
ideológicas com propósito de modificação de estado permanente a democrático.
Percebe-se isso no decorrer da trajetória educacional a qual o Brasil foi exposto
durante toda a sua história.
Período Jesuítico (1549 - 1759)
O Brasil compreendido como colônia, faz parte diretamente do contexto
da história colonizadora europeia, fruto do surgimento dos Estados nacionais e da
expansão comercial ultramarina portuguesa. Empreendimentos que inicialmente
tiveram um alto custo e foram financiados pelo Estado centralizador, tornandoo
mais forte, poderoso e ampliando seu império. Somente o Estado nacional tinha
condições de arcar com o custo deste empreendimento que envolve
segurança, construção de escolas e navios e, ainda, o apoio da Religião como um
freio para toda a população.
O sistema adotado para a colônia organizouse sobre um modo de produção
escravocrata. Primeiro sobre os índios e posteriormente, devido a deficiência em
lidar com os indígenas, a escravidão se fundamenta basicamente na mão de obra do
negro africano. O regime de escravidão como um meio cruel da exploração dos
índios e dos negros africanos revelou uma contradição entre a civilização cristã e a
realidade econômica social ditada pelos cristãos portugueses (os jesuítas se
opunham à escravidão e à mortandade em massa dos recursos naturais da
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terra). Com a implantação dos latifúndios açucareiro e posteriormente de tabaco e
algodão, intensificase o tráfico de escravos africanos para aumentar, ainda mais os
lucros do Estado e da burguesia comercial portuguesa. Neste momento, instrução
ainda não era considerada uma atividade social importante e a sua implantação teria
que ser conveniente e interessar a camada dirigente porque esta deveria
servir de articulação entre os interesses metropolitanos e as atividades coloniais.
O processo histórico referente ao início da sistematização da educação no
Brasil se dá desde 1549, essa sob a tutela e domínio por parte da Igreja católica,
sobretudo com relação a sua prática efetiva, definindo quem iria estudar, o que iriam
estudar, o modelo que seria adotado, o currículo e as metodologias utilizadas no
processo educativo. Nesse contexto visualiza-se que a história da educação
brasileira é constituída de várias histórias nas quais podese observar marcas
próprias que caracterizam a época em que foram construídas. Histórias essas, sem
dúvida, reportase a educação que estava a cargo da Companhia de Jesus – a
chamada educação jesuítica.
A ordem dos Jesuítas, fundada em 1534, por Santo Inácio de Loyola, no
reinado do Papa Paulo III, realizava operações na igreja para enfrentar as críticas
reformistas e a expansão do protestantismo. A Reforma Protestante, constituiuse
em um duro golpe aos domínios da Igreja Católica que para tanto necessitava
reagir, sob pena de perder cada vez mais seus adeptos. Assim, era necessário
atuar em duas frentes, na arregimentação dos chamados incrédulos e na
arrecadação de fundos para o combate a Reforma protestante. Desse modo, os
jesuítas, atuaram como verdadeiros “soldados” de cristo atuaram na educação e
no ensino. Na Europa ensinaram em seminários, colégios e
universidades objetivando recuperar a antiga posição da Igreja Católica Romana,
enquanto nas áreas recém – descobertas organizaram, além, do
trabalho educacional, as missões, com o intuito de conquistar e preservar para a
Igreja Católica os povos que não foram atingidos pela expansão protestante. Nesse
sentido, os jesuítas exerceram, no Brasil um destacado papel tanto na educação
como na catequese do índio e dos colonos.
Fausto (2002, p.49), ao analisar a concepção evangelizadora da Companhia
de Jesus mostra que a concepção missionária;
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Constituiu no esforço de transformar os índios, através do ensino, em “bons cristãos significava também adquirir os hábitos de trabalhos dos europeus, com o que se criaria um grupo de cultivadores indígenas flexível às necessidades da colônia.
O padrão de educação implantado no Brasil fora trazido da Europa através da
Companhia de Jesus, esses como os primeiros professores do Brasil, isso se for
compreendida que não houvera educação previa a chegada dos Portugueses, uma
vez que não fora levado em consideração o sistema aqui utilizado pelos nativos,
tendo em vista que as características não eram compatíveis com as adotadas pelos
europeus.
A estrutura curricular do ensino jesuítico era pautada em um ensino livresco,
humanista ornamental que trazia as marcas da herança “anticientífica “ do Ratio
Studiorum.
O Ratio Studiorum foi promulgada, em 1599 e previa um currículo de método
único para os estudos escolares, dividido em dois graus, supondo haver um domínio
das técnicas elementares de leitura, escrita e cálculo. Mantendo a unidade de ação
e cultivando a disciplina, a tenção e a perseverança nos estudos, os jesuítas
adaptaram ao Brasil a proposta de Ratio Studiorum.
Além de métodos pedagógicos, os jesuítas, quando da sua chegada da
Europa, trouxeram também os costumes e a religiosidade europeia. Nos 210 anos,
foi possível catequizar maciçamente os índios, educaram os filhos dos
colonos, formaram novos sacerdotes e a elite intelectual brasileira, promoveram o
controle da fé e da “moral” dos habitantes e a difusão e unificação da língua
portuguesa de Norte a Sul do país.
Período Pombalino (1760 - 1808)
Entretanto, em 1759, houve uma modificação na condução da Educação no
Brasil, essa modificação teve como protagonista Sebastião José de Carvalho e Melo,
o Marquês de Pombal (primeiro ministro de Portugal de 1750-1777), em que realizou
forte ruptura quanto ao modelo educacional adotado no país.
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O Marquês de Pombal surge como uma opção viável para contornar a então
situação econômica na qual a coroa portuguesa se encontrava naquele momento,
uma vez que o mesmo caminhava no sentido de recuperar a economia através de
uma concentração do poder real e de exposição de uma visão voltada a modernizar
a cultura portuguesa, reforçando o Pacto Colonial sendo assim definido como um
conjunto de regras, leis e normas que as metrópoles impunham às suas colônias
durante o período colonial. Essas leis tinham como objetivo principal fazer com que
as colônias só comprassem e vendessem produtos de sua metrópole. Através deste
exclusivismo econômico, as metrópoles européias garantiam seus lucros no
comércio bilateral, pois compravam matérias-primas baratas e vendiam produtos
manufaturados a preços elevados, iniciando assim, uma tentativa de transformação
no século XVII com as suas reformas.
Tais reformas foram implantadas e visavam transformar Portugal numa
metrópole capitalista, seguindo o exemplo da Inglaterra, além de adaptar sua maior
colônia, o Brasil, a fim de acomodá-la a nova ordem pretendida em Portugal.
Dentre as decisões tomada por Pombal, tanto em Portugal quanto no Brasil, a
expulsão dos Jesuítas foi a que causou mais polêmica, uma vez que de forma
imediata ocorreu uma desestruturação do modelo educacional vigente até então.
A Companhia de Jesus passou o controle da educação nas colônias para o
Estado. O primeiro passo de Pombal foi confiscar os bens e as escolas dos jesuítas.
Em seguida, foram propostas as aulas régias de Latim, Grego, Filosofia e retórica
para suprimir a carência deixada com a saída dos jesuítas.
Para o contexto histórico brasileiro, a expulsão dos jesuítas significou, entre
outras coisas, a destruição do único sistema de ensino existente no país, trazendo
uma certa desorganização para as ações educacionais realizadas, uma vez que as
mesmas não tinham um planejamento, em lugar de um sistema mais ou menos
unificado, baseado na seriação dos estudos, o ensino passou a ser disperso e
fragmentado, baseado em aulas isoladas que eram ministradas por professores
leigos e sem qualificação satisfatória.
Historicamente esse momento é compreendido como “a primeira grande e
desastrosa reforma de ensino no Brasil”. Assim colocado por Niskier;
22
A organicidade da educação jesuítica foi consagrada quando Pombal os expulsou levando o ensino brasileiro ao caos, através de suas famosas „aulas régias‟, a despeito da existência de escolas fundadas por outras ordens religiosas, como os Beneditinos, os franciscanos e os Carmelitas (NISKIER, 2001, p. 34).
Pombal conseguiu desmontar o sistema jesuítico de tal forma que qualquer
argumento que pudesse ser cogitado a retornar ao que se tinha quando da
existência dos jesuítas frente a educação brasileira, era inviável, tal resultado da
decisão de Pombal foi que, no princípio do século XIX a educação brasileira estava
reduzida e completamente desorganizada.
Período Joanino (1808 – 1821)
A Vinda da grande família real de Portugal para o Brasil marcou de forma
decisiva os destinos de sua, até então colônia além de permitir uma nova ruptura a
situação anterior. Pela primeira vez na história, um rei europeu transferia a capital de
seu governo para o continente americano. Escoltados por embarcações britânicas,
cerca de 10 mil pessoas fizeram a viagem que atravessou o oceano Atlântico.
Quando da chegada de D. João VI, ocorreu mais uma modificação no sistema
educacional do Brasil, em que o próprio D. João VI abriu Academias Militares,
Escolas de Direito e Medicina, a Biblioteca Real, o Jardim Botânico e, sua iniciativa
mais marcante em termos de mudança, a Imprensa Régia. Mesmo assim a
educação, permaneceu tendo uma importância secundária.
Quando da Proclamação da República, fora tentado reformas que pudessem
atender as novas necessidades que o momento mundial, mas a educação brasileira
não sofreu um processo de evolução que pudesse ser considerado marcante ou
significativa em termos de modelo.
Período Imperial (1822 - 1888)
Nesse período o rei D. João VI volta a Portugal em 1821 deixando o comando
do país nas mãos do seu filho D. Pedro I que assumiria em 1822 e proclamaria a
independência do Brasil em 1824, outorgando a primeira Constituição brasileira. Em
23
que o Art. 179 desta Lei Magna dizia que a "instrução primária é gratuita para todos
os cidadãos".
Em 1823, na tentativa de se suprir a falta de professores institui-se o Método
Lancaster, ou do "ensino mútuo", onde um aluno treinado (decurião) ensinava um
grupo de dez alunos (decúria) sob a rígida vigilância de um inspetor.
Em 1826 um Decreto institui quatro graus de instrução: Pedagogias (escolas
primárias), Liceus, Ginásios e Academias. Em 1827 um projeto de lei propõe a
criação de pedagogias em todas as cidades e vilas, além de prever o exame na
seleção de professores, para nomeação. Propunha ainda a abertura de escolas para
meninas.
Em 1834 o Ato Adicional à Constituição dispõe que as províncias passariam a
ser responsáveis pela administração do ensino primário e secundário. Graças a isso,
em 1835, surge a primeira Escola Normal do país, em Niterói. Se houve intenção de
bons resultados não foi o que aconteceu, já que, pelas dimensões do país, a
educação brasileira perdeu-se mais uma vez, obtendo resultados pífios.
Em 1837, onde funcionava o Seminário de São Joaquim, na cidade do Rio de
Janeiro, é criado o Colégio Pedro II, com o objetivo de se tornar um modelo
pedagógico para o curso secundário. Efetivamente o Colégio Pedro II não conseguiu
se organizar até o fim do Império para atingir tal objetivo.
Até a Proclamação da República, em 1889 praticamente nada se fez de
concreto pela educação brasileira. O Imperador D. Pedro II, quando perguntado que
profissão escolheria não fosse Imperador, afirmou que gostaria de ser "mestre-
escola". Apesar de sua afeição pessoal pela tarefa educativa, pouco foi feito, em sua
gestão, para que se criasse, no Brasil, um sistema educacional.
Período da Primeira República (1889 - 1929)
A República proclamada adotou o modelo político americano baseado no
sistema presidencialista. Na organização escolar percebe-se influência da filosofia
positivista. A Reforma de Benjamin Constant tinha como princípios orientadores a
liberdade e laicidade do ensino, como também a gratuidade da escola primária.
24
Esses princípios seguiam a orientação do que estava estipulado na Constituição
brasileira.
Uma das intenções dessa Reforma era transformar o ensino em formador de
alunos para os cursos superiores e não apenas preparador. Outra intenção era
substituir a predominância literária pela científica.
Essa Reforma foi bastante criticada pelos positivistas, já que não respeitava
os princípios pedagógicos de Comte; pelos que defendiam a predominância literária,
já que o que ocorreu foi o acréscimo de matérias científicas às tradicionais, tornando
o ensino enciclopédico.
O Código Epitácio Pessoa, de 1901, inclui a lógica entre as matérias e retira a
biologia, a sociologia e a moral, acentuando, assim, a parte literária em detrimento
da científica.
A Reforma Rivadávia Correa, de 1911, pretendeu que o curso secundário se
tornasse formador do cidadão e não como simples promotor a um nível seguinte.
Retomando a orientação positivista, prega a liberdade de ensino, entendendo-se
como a possibilidade de oferta de ensino que não seja por escolas oficiais, e de
frequência. Além disso, prega ainda a abolição do diploma em troca de um
certificado de assistência e aproveitamento e transfere os exames de admissão ao
ensino superior para as faculdades. Os resultados dessa Reforma foram
desastrosos para a educação brasileira.
Num período complexo da História do Brasil surge a Reforma João Luiz Alves
que introduz a cadeira de Moral e Cívica com a intenção de tentar combater os
protestos estudantis contra o governo do presidente Arthur Bernardes.
A década de vinte foi marcada por diversos fatos relevantes no processo de
mudança das características políticas brasileiras. Foi nessa década que ocorreu o
Movimento dos 18 do Forte (1922), a Semana de Arte Moderna (1922), a fundação
do Partido Comunista (1922), a Revolta Tenentista (1924) e a Coluna Prestes (1924
a 1927).
Além disso, no que se refere à educação, foram realizadas diversas reformas
de abrangência estadual, como as de Lourenço Filho, no Ceará, em 1923, a de
Anísio Teixeira, na Bahia, em 1925, a de Francisco Campos e Mario Casassanta, em
25
Minas, em 1927, a de Fernando de Azevedo, no Distrito Federal (atual Rio de
Janeiro), em 1928 e a de Carneiro Leão, em Pernambuco, em 1928.
Período da Segunda República (1930 - 1936)
A Revolução de 30 foi o marco referencial para a entrada do Brasil no mundo
capitalista de produção. A acumulação de capital, do período anterior, permitiu com
que o Brasil pudesse investir no mercado interno e na produção industrial. A nova
realidade brasileira passou a exigir uma mão-de-obra especializada e para tal era
preciso investir na educação. Sendo assim, em 1930, foi criado o Ministério da
Educação e Saúde Pública e, em 1931, o governo provisório sanciona decretos
organizando o ensino secundário e as universidades brasileiras ainda inexistentes.
Tais Decretos ficaram conhecidos como "Reforma Francisco Campos".
Em 1932 um grupo de educadores lança à nação o Manifesto dos Pioneiros
da Educação Nova, redigido por Fernando de Azevedo e assinado por outros
conceituados educadores da época.
Em 1934 a nova Constituição (a segunda da República) dispõe, pela primeira
vez, que a educação é direito de todos, devendo ser ministrada pela família e pelos
Poderes Públicos.
Ainda em 1934, por iniciativa do governador Armando Salles Oliveira, foi
criada a Universidade de São Paulo. A primeira a ser criada e organizada segundo
as normas do Estatuto das Universidades Brasileiras de 1931.
Em 1935 o Secretário de Educação do Distrito Federal, Anísio Teixeira, cria a
Universidade do Distrito Federal, no atual município do Rio de Janeiro, com uma
Faculdade de Educação na qual se situava o Instituto de Educação.
Período do Estado Novo (1937 - 1945)
Refletindo tendências fascistas é outorgada uma nova Constituição em 1937.
A orientação político-educacional para o mundo capitalista fica bem explícita em seu
texto sugerindo a preparação de um maior contingente de mão-de-obra para as
26
novas atividades abertas pelo mercado. Nesse sentido a nova Constituição enfatiza
o ensino pré-vocacional e profissional.
Por outro lado propõe que a arte, a ciência e o ensino sejam livres à iniciativa
individual e à associação ou pessoas coletivas públicas e particulares, tirando do
Estado o dever da educação. Mantém ainda a gratuidade e a obrigatoriedade do
ensino primário. Também dispõe como obrigatório o ensino de trabalhos manuais
em todas as escolas normais, primárias e secundárias.
No contexto político o estabelecimento do Estado Novo, segundo a
historiadora Romanelli (2010), faz com que as discussões sobre as questões da
educação, profundamente ricas no período anterior, entrem "numa espécie de
hibernação". As conquistas do movimento renovador, influenciando a Constituição
de 1934, foram enfraquecidas nessa nova Constituição de 1937. Marca uma
distinção entre o trabalho intelectual, para as classes mais favorecidas, e o trabalho
manual, enfatizando o ensino profissional para as classes mais desfavorecidas.
Em 1942, por iniciativa do Ministro Gustavo Capanema, são reformados
alguns ramos do ensino. Essas Reformas receberam o nome de Leis Orgânicas do
Ensino, e são compostas por Decretos-lei que criam o Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial – SENAI e valoriza o ensino profissionalizante.
O ensino ficou composto, neste período, por cinco anos de curso primário,
quatro de curso ginasial e três de colegial, podendo ser na modalidade clássico ou
científico. O ensino colegial perdeu o seu caráter propedêutico, de preparatório para
o ensino superior, e passou a se preocupar mais com a formação geral. Apesar
dessa divisão do ensino secundário, entre clássico e científico, a predominância
recaiu sobre o científico, reunindo cerca de 90% dos alunos do colegial.
Período da Nova República (1946 - 1963)
O fim do Estado Novo consubstanciou-se na adoção de uma nova
Constituição de cunho liberal e democrático. Essa nova Constituição, na área da
Educação, determina a obrigatoriedade de se cumprir o ensino primário e dá
competência à União para legislar sobre diretrizes e bases da educação nacional.
Além disso, a nova Constituição fez voltar o preceito de que a educação é direito de
27
todos, inspirada nos princípios proclamados pelos Pioneiros, no Manifesto dos
Pioneiros da Educação Nova, nos primeiros anos da década de 30.
Ainda em 1946 o então Ministro Raul Leitão da Cunha regulamenta o Ensino
Primário e o Ensino Normal, além de criar o Serviço Nacional de Aprendizagem
Comercial - SENAC, atendendo as mudanças exigidas pela sociedade após a
Revolução de 1930.
Baseado nas doutrinas emanadas pela Carta Magna de 1946, o Ministro
Clemente Mariani, cria uma comissão com o objetivo de elaborar um anteprojeto de
reforma geral da educação nacional. Essa comissão, presidida pelo educador
Lourenço Filho, era organizada em três subcomissões: uma para o Ensino Primário,
uma para o Ensino Médio e outra para o Ensino Superior. Em novembro de 1948
esse anteprojeto foi encaminhado à Câmara Federal, dando início a uma luta
ideológica em torno das propostas apresentadas. Num primeiro momento as
discussões estavam voltadas às interpretações contraditórias das propostas
constitucionais. Num momento posterior, após a apresentação de um substitutivo do
Deputado Carlos Lacerda, as discussões mais marcantes relacionaram-se à questão
da responsabilidade do Estado quanto à educação, inspirados nos educadores da
velha geração de 1930, e a participação das instituições privadas de ensino.
Depois de 13 anos de acirradas discussões, foi promulgada a Lei 4.024 em 20
de dezembro de 1961, que fixava as diretrizes e bases da educação nacional, mas
esse texto final sem a pujança do anteprojeto original, prevalecendo as
reivindicações da Igreja Católica e dos donos de estabelecimentos particulares de
ensino no confronto com os que defendiam o monopólio estatal para a oferta da
educação aos brasileiros.
Se as discussões sobre a Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Nacional
foi o fato marcante, por outro lado muitas iniciativas marcaram esse período como,
talvez, o mais fértil da História da Educação no Brasil: em 1950, em Salvador, no
Estado da Bahia, Anísio Teixeira inaugura o Centro Popular de Educação (Centro
Educacional Carneiro Ribeiro), dando início a sua ide ia de escola-classe e escola-
parque; em 1952, em Fortaleza, Estado do Ceará, o educador Lauro de Oliveira
Lima inicia uma didática baseada nas teorias científicas de Jean Piaget: o Método
Psicogenético; em 1953 a educação passa a ser administrada por um Ministério
28
próprio: o Ministério da Educação e Cultura; em 1961 tem início uma campanha de
alfabetização, cuja didática, criada pelo pernambucano Paulo Freire, propunha
alfabetizar em 40 horas adultos analfabetos; em 1962 é criado o Conselho Federal
de Educação, que substitui o Conselho Nacional de Educação e os Conselhos
Estaduais de Educação e, ainda em 1962 é criado o Plano Nacional de Educação e
o Programa Nacional de Alfabetização, pelo Ministério da Educação e Cultura,
inspirado no Método Paulo Freire.
Período do Regime Militar (1964 - 1985)
Em 1964, um golpe militar aborta todas as iniciativas de se revolucionar a
educação brasileira, sob o pretexto de que as propostas eram "comunizantes e
subversivas".
O Regime Militar espelhou na educação o caráter anti-democrático de sua
proposta ideológica de governo: professores foram presos e demitidos;
universidades foram invadidas; estudantes foram presos e feridos, nos confronto
com a polícia, e alguns foram mortos; os estudantes foram calados e a União
Nacional dos Estudantes proibida de funcionar; o Decreto-Lei 477 calou a boca de
alunos e professores.
Nesse período deu-se a grande expansão das universidades no Brasil. Para
acabar com os "excedentes" (aqueles que tiravam notas suficientes para serem
aprovados, mas não conseguiam vaga para estudar), foi criado o vestibular
classificatório.
Para erradicar o analfabetismo foi criado o Movimento Brasileiro de
Alfabetização – MOBRAL, aproveitando-se, em sua didática, do expurgado Método
Paulo Freire. O MOBRAL propunha erradicar o analfabetismo no Brasil... Não
conseguiu. E, entre denúncias de corrupção, acabou por ser extinto e, no seu lugar
criou-se a Fundação Educar.
É no período mais cruel da ditadura militar, onde qualquer expressão popular
contrária aos interesses do governo era abafada, muitas vezes pela violência física,
que é instituída a Lei 5.692, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em
29
1971. A característica mais marcante desta Lei era tentar dar a formação
educacional um cunho profissionalizante.
Período da Abertura Política (1986 - 2003)
No fim do Regime Militar a discussão sobre as questões educacionais já
haviam perdido o seu sentido pedagógico e assumido um caráter político. Para isso
contribuiu a participação mais ativa de pensadores de outras áreas do conhecimento
que passaram a falar de educação num sentido mais amplo do que as questões
pertinentes à escola, à sala de aula, à didática, à relação direta entre professor e
estudante e à dinâmica escolar em si mesma. Impedidos de atuarem em suas
funções, por questões políticas durante o Regime Militar, profissionais de outras
áreas, distantes do conhecimento pedagógico, passaram a assumir postos na área
da educação e a concretizar discursos em nome do saber pedagógico.
No centro da nova Constituição, um Projeto de Lei para uma nova LDBEN foi
encaminhado à Câmara Federal, pelo Deputado Octávio Elísio, em 1988. No ano
seguinte o Deputado Jorge Hage enviou à Câmara um substitutivo ao Projeto e, em
1992, o Senador Darcy Ribeiro apresenta um novo Projeto que acabou por ser
aprovado em dezembro de 1996, oito anos após o encaminhamento do Deputado
Octávio Elísio.
Nesse período, do fim do Regime Militar aos dias de hoje, a fase
politicamente marcante na educação, foi o trabalho do economista e Ministro da
Educação Paulo Renato de Souza. Logo no início de sua gestão, através de uma
Medida Provisória extinguiu o Conselho Federal de Educação e criou o Conselho
Nacional de Educação, vinculado ao Ministério da Educação e Cultura. Essa
mudança tornou o Conselho menos burocrático e mais político.
Mesmo que se possa concordar com a forma como foram executados alguns
programas, há necessidade de reconhecer que, em toda a História da Educação no
Brasil, contada a partir do descobrimento, jamais houve execução de tantos projetos
na área da educação numa só administração.
O mais contestado deles foi o Exame Nacional de Cursos e o seu "Provão",
onde os alunos das universidades têm que realizar uma prova ao fim do curso para
30
receber seus diplomas. Essa prova, em que os alunos podem simplesmente assinar
a ata de presença e se retirar sem responder nenhuma questão, é levada em
consideração como avaliação das instituições. Além do mais, entre outras questões,
o exame não diferencia as regiões do país.
Até os dias de hoje muito tem se mexido no planejamento educacional, mas a
educação continua a ter as mesmas características impostas em todos os países do
mundo, que é mais o de manter o "status quo", para aqueles que frequentam os
bancos escolares, e menos de oferecer conhecimentos básicos, para serem
aproveitados pelos estudantes em suas vidas práticas.
Por fim pode se dizer que a História da Educação Brasileira tem um princípio,
meio e fim bem demarcado e facilmente observável. Ela é feita em rupturas
marcantes, onde em cada período determinado teve características próprias.
É necessário que se diga que, apesar de toda essa evolução e rupturas
inseridas no processo, a educação brasileira não evoluiu muito no que se refere à
questão da qualidade. As avaliações, de todos os níveis, estão priorizadas na
aprendizagem dos estudantes, embora existam outros critérios.
Embora os PCN estejam sendo usados como norma de ação, nossa
educação só teve caráter nacional no período da Educação jesuítica. Após isso o
que se presenciou foi o caos e muitas propostas desencontradas que pouco
contribuíram para o desenvolvimento da qualidade da educação oferecida.
É provável que se esteja próximo de uma nova ruptura e que se espera é que
ela venha com propostas desvinculadas do modelo europeu de educação, criando
soluções novas em respeito às características brasileiras. Como fizeram os países
do bloco conhecidos como Tigres Asiáticos, que buscaram soluções para seu
desenvolvimento econômico investindo em educação. Ou como fez Cuba que, por
decisão política de governo, erradicou o analfabetismo e trouxe para a sala de aula
todos os cidadãos cubanos.
Na evolução da História da Educação brasileira a próxima ruptura precisaria
implantar um modelo que fosse único, que atenda às necessidades da população e
que seja de fato eficaz.
31
3 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL
3.1 HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Em se tratando de EA, não se pode iniciar tal tema sem falar em Meio
Ambiente, uma vez que as discussões voltadas para esse tema perpassam a historia
da humanidade, sendo encontrados relatos de situações datadas de períodos de
mais de 4 mil anos, como afirma Penna (1999) em que aponta nos registros da
historiografia humana, que há quase quatro milênios muitas cidades sumérias foram
abandonadas em decorrência da infertilidade agrícola, cuja causa foi o alagamento e
a salinização do solo, tendo a passagem pela idade média e encontrando um triste
apogeu em meio a revolução industrial, momento esse em que as torres esganavam
as cidades, deixando nuvens oblíquas, levando poluição e danos permanentes para
o meio ambiente.
Com inicio no século XVIII, a revolução industrial, iniciada na Grã-Bretanha,
fora caracterizada pela troca dos trabalhos manuais, pelos trabalhos executados
pelas máquinas nas grandes fábricas, isso com o intuito de dinamizar a produção.
Até o final do século XVIII a maioria da população europeia vivia no campo e
produzia o que consumia. De maneira artesanal o produtor dominava todo o
processo produtivo. Apesar de a produção ser predominantemente artesanal, países
como a França e a Inglaterra, possuíam manufaturas. As manufaturas eram grandes
oficinas onde diversos artesãos realizavam as tarefas manualmente, entretanto
subordinados ao proprietário da manufatura.
A Inglaterra foi precursora na Revolução Industrial devido a diversos fatores,
entre eles: possuir uma rica burguesia, o fato do país possuir a mais importante zona
de livre comércio da Europa, o êxodo rural e a localização privilegiada junto ao mar o
que facilitava a exploração dos mercados ultramarinos.
Juntamente com uma maior produção e ganhos para os empresários, vieram
consequências históricas, modificando profundamente a relação homem-meio
ambiente e causando desgastes e danos junto ao solo, a fauna e a flora. Essa nova
configuração fez com que as pessoas migrassem do campo para a cidade de forma
desorganizada, ocasionando um alto índice de concentração populacional com
32
poucas condições de infra-instrutura física para habitação e de higiene conforme
narra Gonçalves (1989, p.89)
Essa concentração industrial engendra problemas de poluição do ar e da água, gerando situações de graves riscos a saúde da população, sobretudo para as famílias mais pobres que passam a residir exatamente nos lugares mais poluídos...
A importância secundarizada que fora dada as questões do meio ambiente
nesse período, pode ser percebida de forma clara, em que, não apenas o meio
ambiente estava sendo posto a prova, mas também a população fora tomada pelas
consequências dessa despreocupação quanto as questões relacionadas aos seus
próprios comportamentos, sendo percebido isso quanto à higiene, ponto esse
percebendo na relação direta com o meio ambiente.
A harmonia previamente existente entre o ser humano e meio ambiente passa
a não mais coexistirem, havendo apenas um domínio exploratório do homem
exclusivamente para obter benefícios financeiros, sem qualquer preocupação com a
modificação que viera a ocorrer. Portanto este momento pode ser considerado como
um marco negativo para discussão do meio ambiente no mundo, trazendo questões
que até hoje são motivos para discórdia entre nações, pois cada uma continua
demonstrando menos preocupação referente às suas contribuições para o equilíbrio
ambiental, mais uma vez secundarizando o futuro da humanidade.
Mas com toda interferência negativa ocasionada por esse momento
(Revolução Industrial), ainda sim seria o pós 2ª Grande Guerra Mundial que traria
danos ainda maiores pra humanidade, segundo Duarte e Wehrmann (2002), isso
ocorrera porque os elevados índices de produção e consumo foram aumentados ao
extremo, dinamizando o crescimento populacional juntamente com a intensificação
dos processos de urbanização que concorreram para o surgimento de uma crise
ambiental de características e alcance globais.
O movimento ambientalista surge em meio a esse cenário, trazendo consigo
questões relacionadas aos maciços impactos ambientais ocasionados pela guerra e
outros aspectos inicialmente relacionados ao naturalismo. Esse movimento
contribuiu para reflexões e discussões sobre as questões ambientais de forma geral.
33
Percebe-se nesses movimentos uma grande vontade de se levantar contra as
ameaças feitas à Natureza, surgindo grupos esporádicos que aos poucos foram se
organizando e constituindo os movimentos sociais que hoje são conhecidos.
3.2 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO MUNDO
Os anos de 1970 trazem consigo o início das lutas sociais organizadas em
nível mundial, dentre as quais a luta de negros americanos em busca do
reconhecimento pela cidadania, às lutas das mulheres pela igualdade de direitos
com os homens, entre outras.
Juntamente a esses acontecimentos, tiveram início os movimentos de defesa
da ecologia e do meio ambiente. Militantes de movimentos ambientalistas e a
Organização das Nações Unidas (ONU) realizaram inúmeros eventos internacionais
que abordaram a questão da preservação e da EA.
Como o primeiro grande evento, a Conferência das Nações Unidas Sobre
Meio Ambiente ocorrida em 1972, sendo mais conhecida como Conferência de
Estocolmo, contou com a participação de cerca de 113 países. Esse evento, que
denunciou a devastação da natureza que ocorria naquela época em especifico
deliberou que o crescimento humano precisaria ser repensado imediatamente
(PEDRINI; 1998, p. 26).
No encontro, foram elaborados dois documentos: a “Declaração Sobre Meio
Ambiente Humano” e o “Plano de Ação Mundial”.
A conferência orientou que deveria existir um foco mais estreito junto as
questões referentes a educação ambiental, isso como forma de se criticar e
combater os problemas ambientais existentes na época (DIAS; 2000, p. 79).
Vale salientar que nesse evento ocorreu forte crítica dos países
subdesenvolvidos contra os países tidos como desenvolvidos, por acreditarem que
estes queriam limitar o desenvolvimento econômico dos países pobres “usando
políticas ambientais de controle da poluição como meio de inibir a competição no
mercado internacional” (DIAS; 2000, p.79).
34
Em 1975 foi realizada a Conferência de Belgrado na Yuguslávia, contando
com a participação de pesquisadores e cientistas de 65 países, tendo como
resultado a construção da carta de Belgrado, tratando pontos quanto a ética para
promover a erradicação da pobreza, do analfabetismo, da fome, da poluição, da
exploração e de todas as formas de dominação humana e diretrizes para o programa
internacional de educação ambiental, de caráter contínuo e multidisciplinar, que
levava em conta as diferenças regionais e os interesses nacionais.
Utilizando as bases conceituais, ideológicas e documentais da UNESCO, foi
criado o Programa Internacional de EA (PIEA), com expressiva atuação
internacional, objetivando publicações e divulgação dos relatos e experiências
ocorridas no mundo, experiências essas voltadas para preservação e educação
ambiental. O programa criou também uma base de dados voltados à preservação
do meio ambiente.
3.3 CONCEITOS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL FORMAL E NÃO FORMAL
No decorrer evolutivo das concepções referentes a EA, é possível identificar
as mais diversas formas de abordagens conceituais, trazendo com isso a
incorporação definitiva/permanente e transitória para os conceitos quanto a EA,
tanto de forma mais específica como de forma abrangente, com uma visão macro.
Como forma de compreensão inicial é importante citar o tratado de EA para
as sociedades sustentáveis e a responsabilidade Global, celebrado por diversas
organizações da sociedade civil, esse advindo da Conferência das Nações Unidas
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, em junho de 1992, na cidade do Rio de
Janeiro, em que reconhece que “EA para uma sustentabilidade equitativa é um
processo de aprendizagem permanente baseado no respeito a todas as formas de
vida”.
A Conferência de Tbilisi (1997), evento reconhecidamente como marco
histórico para novas discussões e posturas referentes a EA, procurou definir como
sendo:
Uma dimensão dada ao conteúdo e à prática da educação, orientada para a resolução dos problemas concretos do ambiente,
35
através de enfoques interdisciplinares e de uma participação ativa e responsável de cada indivíduo e da coletividade.
Para o IBAMA (BRASIL,1992) é definido um conceito de EA como processo
interativo relacionado ao conhecimento, crescimento e transformação, em nível
individual e social, voltado para a obtenção de melhor qualidade de vida.
Pereira (1993, p.77) define assim EA: “é a adaptação contínua do homem ao
ambiente onde vive e ao seu nicho ecológico, tentando sempre manter o equilíbrio
harmônico em suas relações com o meio e com as populações que o rodeiam”.
Pode ser percebido em Dias (1992) a EA valorizando as atitudes nas relações
previamente estabelecidas, dizendo que:
É um processo de reconhecimento de valores e clarificação de conceitos, objetivando o desenvolvimento das habilidades e modificando as atitudes em relação ao meio ambiente, para entender e apreciar as inter-relações entre os seres humanos, suas culturas e seus meios biofísicos (DIAS, 1992, p.29).
Tal conceito foi sugerido pela UICN (União Internacional de Conservação à
Natureza), percebendo que ao abordar a educação como um processo continuo, em
que as pessoas estão apreendendo o saber dentro das relações sociais e naturais,
com o objetivo de transformação comportamental e de ação para o meio aonde vive,
com a intenção de organizar e reorganizar as relações tanto com o ser humano
quanto o meio ambiente ao qual se encontra inserido.
Para Sato e Santos (1997, p.21) a EA:
É uma proposta de mudança de realidade, fundamentada na integração do ser humano com o ambiente, considerando os aspectos sociais, onde as pessoas terão que ser sensibilizadas como os problemas de caráter sócio-ambiental, com o intuito de se estabelecer uma nova lógica social, ou seja, uma sociedade sustentável, buscando o equilíbrio da humanidade com a natureza.
A EA está inter-relacionada com a prática das tomadas de decisões, das
ações, das posturas assumidas e disseminadas, além da ética que guiam para a
melhoria da qualidade de vida.
Na compreensão visão plural de Silva e Silva (1997, p.7) EA se estabelece
como “um processo contínuo de capacitação do cidadão para que, sem sacrificar a
36
necessidade do desenvolvimento, ele participe ativamente da conservação do meio
ambiente, contribuindo, portanto, para melhorar a qualidade de vida”.
Pedrini (1997, p.15) defende EA como uma das possibilidades de
reconstrução permanente, sem apegos as formas tradicionais do saber cientifico ou
popular. É defendido ainda pelo autor que a chamada EA deve ter o seu saber
construído socialmente na estrutura interdisciplinar na linguagem, e transdisciplinar
na ação.
No Brasil, mediante aos acontecimentos e transformação comportamental e a
busca de adequação das indicações dos organismos internacionais, a Primeira
Conferência Nacional de EA em Brasília (1999) é realizada e define a EA da
seguinte forma:
É um processo no qual o indivíduo assimila conceitos e interioriza atitudes, de modo a adquirir capacidades e comportamentos, que lhe permitam compreender e avaliar as relações de interdependências estabelecidas na sociedade em que vive. (BRASIL, 1999).
Para Medina (2001,p.25) a EA “é a incorporação de critérios socioambientais,
ecológicos, éticos e estéticos, nos objetivos didáticos da educação”.
Para Dias, (2003, p.100) a EA é um processo por meio do qual as pessoas
aprendem como funciona o ambiente, como dependemos dele, como o afetamos e
como promovemos a sustentabilidade.
A EA visa formar e preparar cidadãos para uma ação social corretiva ou transformadora do sistema, de forma a tornar viável o desenvolvimento integral dos seres humanos […] se coloca numa posição contrária ao modelo de desenvolvimento econômico vigente no sistema capitalista selvagem, em que valores éticos de justiça social e solidariedade não são considerados nem a cooperação é estimulada (PHILIPPI JR. A; PELICIONE. MFC, 2005, p.03).
A Política Nacional de EA, Lei 9.795/99, Art. 1º, conceitua da seguinte
maneira:
Entende-se por EA os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. (BRASIL, 1999).
37
Nessa perspectiva a EA é tratada como um processo permanente de
educação, conectando-se entre o conhecimento social e o ecológico de uma
maneira espontânea, mas intencional e livre sobre o desenvolvimento do homem
junto à natureza.
Segundo o código de Meio Ambiente do Município de João Pessoa – CMAJP,
art. 6º, inciso XI.
A EA é um processo de formação e informação orientado para o desenvolvimento de uma consciência crítica de sociedade, visando a resolução dos problemas concretos do meio ambiente por meio de enfoques interdisciplinares, assim como de atividades que levem à participação das comunidades na preservação e conservação da qualidade ambiental (JOÃO PESSOA, 2002, p.9).
De acordo com tais conceitos supra expostos, pode-se identificar que a EA se
caracteriza como processo determinante para o comportamento humano, isso com
relação a consciência e relação dos seres, afim de coabitarem os mesmos espaços
respeitando democraticamente o exercício da cidadania plena, a construção de
novos caminhos e posturas éticas, prioritárias da educação e do meio ambiente.
Compreender tais definições como processo educativo contínuo, permanente,
dinâmico, criativo, interativo, com enfoque interdisciplinar, possibilitando os
conhecimentos e interações junto ao meio em que se está inserido, valorizando as
relações, compreendendo de forma histórica e comportamental as relações do meio
macro e da vida local a que se estabelecem cotidianamente a desenvolver posturas
e habilidades comportamentais junto ao meio social.
3.4 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL
No Brasil desde a criação do Jardim Botânico no Rio de Janeiro em 1808, há
discussões referentes a preservação do meio ambiente, mas nada igual ao que
acontecerá no século seguinte, mais especificamente na década de 1970 para
realidade ambiental nacional.
O Aparecimento da EA na legislação brasileira aconteceu em 1973 enquanto
atribuição da primeira Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA) ligada à
38
Presidência da República. A secretaria foi instituída para o atendimento às
recomendações da Conferência de Estocolmo de 1972.
A SEMA tinha como atribuição, o esclarecimento e a educação da nação
brasileira para o uso adequado dos recursos naturais, levando em consideração a
conservação do meio ambiente, sendo responsável pela capacitação de recursos
humanos.
Na mesma época no Brasil, as deliberações da conferência de Belgrado,
sobretudo aquelas voltadas à EA, foram completamente ignoradas pelos órgãos
educacionais tanto nas esferas de governo federal quanto na estadual, isso pelo fato
da conjuntura política que o país se encontrava naquele momento.
. A carta de Belgrado, para Freire (2006), caracterizou-se como um dos
elementos importantíssimo para a solução da crise do meio ambiente mundial.
Antecipando a necessidade de uma nova ética de comportamento global, que
pudera ser capaz de promover a igualdade dos povos e a erradicação da pobreza,
da fome, do analfabetismo, da poluição, da exploração e da dominação humana e
censurava o desenvolvimento de uma nação às custas de outra, acentuando a
urgência de formas de desenvolvimento que beneficiassem toda a humanidade.
Já em meados dos anos 70, alguns pontuais órgãos estaduais voltados para
causa do meio ambiente, procuraram dar inicio a alguns programas de educação
ambiental, isso com parceria das Secretarias de Estado da Educação, havendo
incentivo e parceria por parte das instituições internacionais, portanto “disseminava-
se no país o ecologismo, deformação de abordagem que circunscrevia a importância
da educação ambiental à flora e a fauna, à apologia do “verde pelo verde”, sem que
nossas mazelas socioeconômicas fossem consideradas nas análises” (DIAS; 2000,
p. 81), conceito esse que não levava em consideração a crítica à pobreza, ao
analfabetismo, às injustiças sociais entre outras, estando estes pontos entre os
temas centrais da Conferência realizada em Belgrado.
Os movimentos ecológicos tiveram uma parcela de contribuição muito
elevada como condutor de críticas ao capitalismo industrial à esfera pública e
promover uma concepção organizacional de uma política do campo ambiental.
39
Esse movimento surge nos anos 1970 sendo considerada como importante
movimento ecológico no Brasil, mesmo que militantes tenham bebido nas propostas
das entidades de proteção da década de 1950, é a partir de 1974 que, apesar do
domínio do regime militar, surgem associações e movimentos ambientalistas em
cidades do Sul-Sudeste do pais.
Portanto é fato compreender que os anos de 1970 se mostraram
profundamente rico em relação ao avanço da EA, com fatos de marcante
importância, responsáveis pela conduta e postura a ser adotada na relação com o
meio ambiente, fatos esses pontuados cronologicamente da seguinte forma:
Quadro 1 – Fatos importantes quanto ao avanço da EA.
ANO
FATOS DOS ANOS 1970
1971
Cria-se no Rio Grande do Sul a associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente
Natural. AGAPAN.
1972
A Delegação Brasileira na Conferência de Estocolmo declara que o pais está
“aberto a poluição, porque o que se precisa é dólares, desenvolvimento e
empregos” . Apesar disto, contraditoriamente o Brasil lidera os países do Terceiro
Mundo para não aceitar a Teoria do Crescimento Zero proposta pelo Clube de
Roma.
1972 A Universidade Federal de Pernambuco inicia uma campanha de reintrodução do
pau brasil considerado extinto em 1920.
1973 Cria-se a Secretaria Especial do Meio Ambiente, SEMA, no âmbito do Ministério do
Interior, que entre outras atividades, começa a fazer Educação Ambiental.
1976 A SEMA e a Fundação Educacional do Distrito Federal e a Universidade de
Brasília. Realizam o primeiro curso de Extensão para professores do 1º Grau em
Ecologia.
1977
Implantação do Projeto de Educação Ambiental em Ceilândia. (1977 - 81).
1977 SEMA constitui um grupo de trabalho para elaboração de um documento de
Educação Ambiental para definir seu papel no contexto brasileiro.
1977 Seminários Encontros e debates preparatórios à Conferência de Tbilisi são
realizados pela FEEMA-RJ.
40
1977
A disciplina Ciências Ambientais passa a ser obrigatória nos cursos de Engenharia;
1978 - A Secretaria de Educação de Rio Grande do Sul desenvolve o Projeto
Natureza (1978 - 85).
1978
Criação de cursos voltados para as questões ambientais em varias universidades
brasileiras.
1978
Nos cursos de Engenharia Sanitária inserem-se as disciplinas de Saneamento
Básico e Saneamento Ambiental.
1979 O MEC e a CETESB/ SP, publicam o documento “Ecologia uma Proposta para o
Ensino de 1º e 2º Graus.
FONTE:http://www.mma.gov.br/educacao-ambiental/politica-de-educacao-ambiental/historico-
brasileiro
Esses fatos abriram o caminho para uma atuação mais contundente nos anos
subsequente e que tem na década de 1980 a implementação de leis regulatórias
para implantação da EA.
Mesmo com toda contribuição herdada dos anos 1970, a EA ainda estava em
estado embrionário nos anos 80, era necessária a criação de leis a fim de consolidar
o real propósito da EA.
No ano de 1981, quando o então presidente João Figueiredo decreta a lei nº
6938 de 31 de Agosto, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente,
tendo como principio o inciso X do Art. 2º dispondo que a educação ambiental deve
ser proferida em todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade,
objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente.
Com a edição da Lei nº 6.938/81 o país passou a ter formalmente uma
Política Nacional do Meio Ambiente, uma espécie de marco legal para todas as
políticas públicas de meio ambiente a serem desenvolvidas pelos entes federativos.
Anteriormente a isso, cada Estado ou Município tinha autonomia para eleger as suas
diretrizes políticas em relação ao meio ambiente de forma independente, embora na
prática, poucos, realmente demonstrassem interesse pela temática.
41
Por isso é compreendido que a partir desse momento é que, de fato inicia-se
uma integração voltada para políticas referentes ao Meio Ambiente, tendo como
norte os objetivos e as diretrizes estabelecidas na referida lei pela União.
A importância de uma Sistematização Nacional para o Meio Ambiente, tanto
na esfera administrativa quanto política, com o envolvimento de três níveis
federativos, foi de crucial importância para realização da Política Nacional do Meio
Ambiente.
Mas, de todas as leis implementadas no Brasil em prol do meio ambiente no
geral e, sobretudo com relação a EA, a Constituição Federal de 1988 tem a maior
representatividade, constituindo-se como carta magna da nação, onde faz parte
delas prerrogativas que direcionam e orientam, entre outros temas, o direito
ambiental, favorecendo a criação de leis federais, estaduais e municipais que
materializem suas diretrizes, uma vez que “apresenta normas programáticas, cuja
aplicação depende da edição de outras leis e normas auto aplicáveis.” (AGUIAR,
1998.p.23).
A Constituição brasileira promulgada em 1988 aponta também no inciso VI do
parágrafo primeiro do art. 225, que é dever do poder público promover a Educação
Ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a
preservação do meio ambiente como pode-se vê logo abaixo.
Art. 225. Todos têm o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à qualidade de vida, imponde-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Parágrafo primeiro – Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público [....] VI – promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização publica para a preservação do meio ambiente.
O inciso VI do Art. 255 da Constituição brasileira sem dúvida coloca a
Educação Ambiental como foco prioritário a ser tratado nas escolas, obrigando todos
os níveis a abordarem, havendo uma promoção como tentativa de assegurar a
consciência ambiental para as próximas gerações.
Com o intuito de seguir a Constituição Federal, todos os Estados da
federação estabeleceram especificações sobre o meio ambiente em suas
42
constituições, com adesão de, quase todos, quanto a EA como temas contemplados
a serem abordados.
Em 1992, por ocasião Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente e Desenvolvimento, o Ministério da Educação e Cultura (MEC) em reunião
paralela realizou um workshop do qual resultou a Carta Brasileira para a Educação
Ambiental. Este documento recomenda que o MEC, em conjunto com as instituições
de ensino superior, defina metas para a inserção articulada da dimensão ambiental
nos currículos a fim de estabelecer um marco fundamental para implantar a EA no
nível de ensino superior.
A nova Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional (LDBEN), instituída
pela Lei 9.394 de 30/11-12/96, não estabeleceu diretamente nenhuma disposição
sobre EA, apenas com muita boa vontade é que se pode atribuir ao legislador
alguma intenção de tratar esse tema ainda que de modo indireto.
Em relação ao ensino fundamental, a LDB estabelece que os currículos
devem abranger obrigatoriamente o conhecimento do mundo físico e natural e da
realidade social e política, especialmente do Brasil (Art. 23, § 1º). Entre outras
finalidades do ensino superior, está a de estimular o conhecimento do mundo
presente, em particular os nacionais e regionais (Art. 43, VI).
Já o Plano Nacional de Educação – PNE (2001-2010) aprovado pelo
Congresso Nacional (Lei 10.172/2001), além de cumprir uma determinação da
LDBEN em seu art.87, fixa diretrizes, objetivos e metas para o período de 10 anos,
garantindo coerência nas prioridades educacionais para este período. Nos objetivos
e metas para o ensino fundamental e ensino médio, o propõe “A EA, tratada como
tema transversal, será desenvolvida como uma prática educativa integrada, contínua
e permanente em conformidade com a Lei n.º 9795/99”. Este plano discutido com
todos os setores da sociedade envolvidos na educação representa um avanço da
questão ambiental no universo da educação.
A Lei 9.795 de1999, teve como objetivo dar encaminhamento ao que estava
posto nos termos legais da constituição. Definindo com isso o conceitos de que a EA
é constituída pelos processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade
constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências
43
voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo,
essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade (Art. 1º) .
Essa Lei acolheu ideias apontadas nas diversas conferências internacionais,
o que conferiu à EA um caráter sócio-ambiental decorrente das propostas de
desenvolvimento sustentável.
3.5 OS PCN, DCN E A LEI DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL.
Como estratégia de ação, foi recomendada pela Conferência de Joemtien,
cujo objetivo era estabelecer compromissos mundiais para garantir a todas as
pessoas os conhecimentos básicos necessários a uma vida digna que os governos
devessem incorporar a EA como parte do componente curricular capaz de atender
de forma qualitativa a educação socialmente útil e de caráter universal. O MEC,
nesse cenário, busca realizar uma reforma nos currículos que respeite a pluralidade
cultural e natural de cada localidade.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN
Para o contexto apresentado, em meados dos anos de 1990 uma proposta de
reforma nos currículos, os “Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN)”, em que,
segundo o MEC (1996), o processo de elaboração dos PCN teve início a partir do
estudo de propostas curriculares de estados e municípios brasileiros, da análise
realizada pela Fundação Carlos Chagas sobre os currículos oficiais e do contato
com informações relativas a experiências de outros países.
A iniciativa dos PCN vem da necessidade de oferecer à população brasileira,
o domínio de recursos culturais imprescindíveis ao exercício da cidadania
democrática. No entanto, para que o ensino fundamental atenda às reais
necessidades de formação dos alunos, não basta uma listagem de conteúdos
mínimos.
Assim, a proposição de parâmetros curriculares corresponde à necessidade
de uma orientação mais flexível no campo educacional, capaz de superar a rigidez
de uma proposta limitada a conteúdos mínimos.
44
Segundo o próprio Ministério da Educação, os objetivos dos PCN visam a
capacidade dos alunos em:
a) compreender a cidadania como exercício de direitos e deveres políticos, civis,
sociais e adotando, no dia-a-dia, atitudes de participação, solidariedade,
cooperação e repúdio às injustiças e discriminações, respeitando o outro e
exigindo para si o mesmo respeito;
b) posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes
situações sociais, respeitando a opinião e o conhecimento produzido pelo
outro, utilizando o diálogo como forma de mediar conflitos e de tomar
decisões coletivas;
c) perceber-se integrante, dependente e agente transformador do ambiente,
identificando seus elementos e as interações entre eles, contribuindo
ativamente para a melhoria do meio ambiente;
d) conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio sócio-cultural brasileiro,
posicionando-se contra qualquer discriminação baseada em diferenças
culturais, de classe social, de crenças, de sexo, de etnia ou outras
características individuais e sociais;
e) conhecer características fundamentais do Brasil nas dimensões sociais,
materiais e culturais como meio para construir progressivamente a noção de
identidade nacional e pessoal e o sentimento de pertinência ao país;
f) desenvolver o conhecimento ajustado de si mesmo e o sentimento de
confiança em suas capacidades afetiva, cognitiva, ética, estética, de inter-
relação pessoal e de inserção social, para agir com perseverança na busca
de conhecimento e no exercício da cidadania;
g) utilizar as diferentes linguagens - verbal, matemática, gráfica, plástica e
corporal - como meio para expressar e comunicar suas ideias, interpretar e
usufruir das produções da cultura;
45
h) utilizar a língua portuguesa para compreender e produzir, em contextos
públicos e privados, mensagens orais e escritas, atendendo a diferentes
intenções e contextos de comunicação;
i) questionar a realidade formulando-se problemas e tratando de resolvê-los,
utilizando para isso o pensamento lógico, a criatividade, a intuição, a
capacidade de análise crítica, selecionando procedimentos e verificando sua
adequação;
j) saber utilizar fontes de informação e recursos tecnológicos para adquirir e
construir conhecimentos;
k) e conhecer e cuidar do próprio corpo, valorizando e adotando hábitos
saudáveis como um dos aspectos básicos da qualidade de vida e agindo com
responsabilidade em relação à sua saúde e à saúde coletiva.
Os PCN foram organizados por ciclos de dois anos, isto é, o primeiro ciclo
refere-se à 1ª e à 2ª série (2º e 3º anos), e o segundo ciclo à 3ª e à 4ª série (4º e 5º
anos). O MEC acredita que os PCN devem ser vistos como materiais que
subsidiarão a escola na constituição de sua proposta educacional mais geral, num
processo de interlocução em que se compartilham e explicitam os valores e
propósitos que orientam o trabalho educacional que se quer desenvolver e o
estabelecimento do currículo capaz de atender às reais necessidades dos alunos.
As Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Ambiental – DCN
O Governo Brasileiro instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para
a Educação Ambiental, por meio da Resolução CNE/MEC n. 02, de 15/06/2012,
publicada no DOU de 18/06/2012. Seu processo de discussão durou cerca de 5
anos e meio, desde 2007, no Conselho Nacional de Educação do MEC.
A instituição das DCN para a EA coincidiu com um momento singular no Brasil
e no Mundo concernente às questões ambientais que foi a Conferência das Nações
Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável - UNCSD 2012, a chamada Rio+20.
46
As DCN relatam que a EA deve ser desenvolvida como prática educativa
integrada e interdisciplinar, contínua e permanente em todas as fases, etapas, níveis
e modalidades de ensino; respeitando-se a autonomia da dinâmica escolar e
acadêmica. Reforçam que a dimensão socioambiental deve constar dos currículos
da formação inicial e continuada dos profissionais em educação, sendo que estes
devem receber a formação complementar para atender o cumprimento dos
princípios e objetivos da EA.
Acredita-se que pessoas informadas são mais conscientes dos seus direitos e
do direito dos seus semelhantes. A EA faz despertar nos cidadãos posturas mais
coerentes e condizentes com as questões socioambientais, propiciando a
construção de habilidades importantes na consecução da sustentabilidade
ambiental.
Lei da Educação Ambiental - 9795/99.
A lei 9795/99 parte do conceito de que a EA são os processos por meio dos
quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,
habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio
ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua
sustentabilidade.
Tal conceito, sob a sua perspectiva precípua, partirá de princípios e objetivos
que buscaram materializar o conceito sob a ótica, tanto conceitual quanto de
aplicação na sua práxis, sendo os seguintes:
Os Princípios:
enfoque humanista, holístico, democrático e participativo;
concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a
interdependência entre o meio natural, o socioeconômico e o cultural, sob o
enfoque da sustentabilidade;
pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, na perspectiva da inter, multi e
transdisciplinaridade;
47
vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais;
garantia de continuidade e permanência do processo educativo;
permanente avaliação crítica do processo educativo;
abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, nacionais e
globais;
reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade individual e cultural.
Os objetivos:
o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente em suas
múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos,
legais, políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais e éticos;
a garantia de democratização das informações ambientais;
o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática
ambiental e social;
o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável, na
preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da
qualidade ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania;
o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, em níveis micro e
macrorregionais, com vistas à construção de uma sociedade ambientalmente
equilibrada, fundada nos princípios da liberdade, igualdade, solidariedade,
democracia, justiça social, responsabilidade e sustentabilidade;
o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a tecnologia;
o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e solidariedade
como fundamentos para o futuro da humanidade.
Portanto, é importante ressaltar que a lei é uma proposta de EA dialógica e
transformadora e que imaginasse que existam escolhas. Ao negar a neutralidade da
gestão ambiental e ao afirmar o caráter intrinsecamente conflituoso da sua prática,
esta concepção só deixa uma alternativa ao professor ou agente envolvida na sua
48
mediação, a de comprometer-se. O compromisso e a competência do
professor/educador são requisitos indispensáveis para passar do discurso para a
ação (QUINTAS, 2006).
3.6 OS DOMÍNIOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Internacionalmente, sobre uma perspectiva de abordagem educativa que
considere os aspectos ambientais, incorporam-se três grandes domínios, devendo
ser levando profundamente em consideração: a educação para o cognitivo,
entendido como o (SOBRE), o afetivo (NO) e o participativo (PARA) o ambiente.
· Educação sobre o ambiente: favorece a aquisição de experiências e
conhecimentos na área ambiental e seus problemas correlatos (cognitivo);
· Educação no ambiente: desperta valores e motivações que considerem um
ambiente mais adequado (afetivo); e
· Educação para o ambiente: promove a aquisição de habilidades e competências
para agir e resolver os problemas ambientais.
Cada domínio terá a sua importância e justapondo-se compreenderão elos de
conhecimento e significados, tanto para compreensão como para aplicação no
cotidiano.
Essa definição, todavia, também tem sido criticada e discutida pelos autores
internacionais, onde há uma tendência em separar tais objetivos, priorizando um ou
outro. Resumidamente, aqueles que consideram que a educação deva ser SOBRE o
ambiente defendem os conteúdos ecológicos como essenciais (HUNGERFORD e
VOLK, 1990). Aqueles que acreditam que a educação deva considerar o ambiente
imediato na construção dos conhecimentos defendem a educação NO ambiente
(VAN MATRE, 1979); e aqueles que consideram que a educação deva ser crítica,
propositiva e oportunizar a participação pensam que a educação deva ser PARA o
ambiente (FIEN, 1993). Robottom e Hart (1993), ao analisarem as perspectivas
paradigmáticas em EA, consideram que esses eixos estão relacionados com o
positivismo (conhecimento sobre o ambiente), o construtivismo (atividades no
ambiente) e a teoria crítica (ações para o ambiente) da educação.
49
Robottom e Hart (1993) consideram que os primeiros domínios (sobre e no)
são aspectos a priori necessários, mas não os objetivos finais da EA. Na concepção
desses autores, a EA não se esgota nos conhecimentos ecológicos e na construção
dos conhecimentos. A partir daí, a EA deverá despertar mecanismos que favoreçam
a participação das comunidades, possibilitando um diálogo reconstrutivista no
processo educativo para o ambiente.
Tilbury (1995) acredita que a educação seja sobre, no e para o ambiente,
promovendo as oportunidades para que a comunidade esteja ativamente envolvida
na construção de sociedades mais responsáveis, incorporando, dialeticamente, os
domínios cognitivos, afetivos e técnicos (participativo).
Ainda para Tilbury (1995) a EA é compreendida sob 6 objetivos básicos, que
iniciam-se com a sensibilização, para se obter um conhecimento sistêmico da
dinâmica ecológica inserido no processo da compreensão educativa.
Sato (1997) alerta que, observando atentamente as formas de fazer EA
“sobre”, “no” e “para” o ambiente, apresentado por diferentes autores, percebe-se a
dificuldade de unificá-las, pois são ideológica, metodológica e epistemologicamente
distintas. É importante ressaltar que, ao se falar em educação “sobre”, “no” e para” o
ambiente não se está definindo o objeto central da EA, ou seja, a rede de relações
entre as pessoas, seu grupo social e o meio ambiente.
Consequentemente, a EA também relaciona-se com o envolvimento das
pessoas, que através das responsabilidades, buscará a ação e participação para o
efetivo exercício da cidadania. Todavia, sendo ao observar atentamente as formas,
ideologias e metodologias utilizadas pelos diversos autores dentro dessas vertentes,
percebe-se a impossibilidade de unificá-las, uma vez que, epistemologicamente, elas
são distintas.
50
4 PRÁTICA DOCENTE DO PROFESSOR DE CIENCIAS NATURAIS PARA
EA.
Ao ser considerado que a EA é um processo educativo, cabe-se questionar
qual é a base pedagógica que orienta as ações dos professores no cotidiano
escolar, sobretudo os professores de ciências naturais, pois esses estão mais
diretamente correlacionados e subjetivamente incumbidos de serem os principais
mediadores no espaço educacional formal.
A análise das tendências pedagógicas no Brasil evidencia a influência dos
grandes movimentos educacionais, expressas de acordo com as especificidades
históricas nacionais e internacionais. Tendo como critérios principais, apesar de não
serem os únicos, as dimensões epistemológicas e metodológicas, a qual identifica-
se a existência de sete tendências pedagógicas, sendo elas a tradicional, tecnicista,
humanista, cognitivista, crítica, sócio-cultural e histórico-crítica.
4.1 A PRÁTICA DOCENTE DO PROFESSOR DE CIÊNCIAS PARA EA
(DESCONTINUIDADE NA FORMAÇÃO CONTINUADA)
Se o que se requer para a formação docente na atualidade já é bastante
complexa, pelo fato de se viver em uma sociedade cada vez mais orientada pela
ciência e pela tecnologia, dos professores de Ciências almeja-se ainda mais. Silva,
Carvalho e Munford (2009, s.p.), por exemplo, em revisão de literatura nacional e
estrangeira sobre o assunto, concluem que durante sua formação, “além de
aprender a formar pessoas” como qualquer aspirante a professor, aqueles que se
dirigem ao ensino das ciências naturais ainda precisam aprender a ensinar os
estudantes: “a pensar e agir como na comunidade científica”, fazendo-os
compreender, inclusive, as influências ideológicas e sócio-econômicas sobre a
pesquisa científica; “desenvolver competências comunicativas e pensamento crítico
que contribuem para estimular a cidadania, possibilitando aos estudantes conhecer
a sociedade em que vivem e capacitando-os para transformá-la”, concorrer “para
que os estudantes falem e escrevam a linguagem da ciência” e possibilitar “a
enculturação acerca da cultura científica.”
51
As expectativas atuais são de formar um professor de Ciências capaz de dar
conta das exigências introduzidas pela demanda de novos conteúdos curriculares,
mais adequados à vida quotidiana, voltadas para uma mediação adequada quanto a
EA e mais atualizados quanto às conquistas científicas e tecnológica, mais refinados
quanto às implicações culturais, mais profundos quanto aos recursos psicológicos,
mais eficientes quanto às metodologias.
4.2 TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS
As presentes tendências apresentam pontos como os mais diversos, com
pontos de vista distintos, tais pontos defenderão perspectivas diferenciadas que
ajudaram a construir as práticas que se pode compreender hoje como sendo formais
e usuais na educação e na pratica educacional. Percebe-se tal afirmativa quando
confrontado os olhares do teórico behavorista B. F. Skinner e o humanista Carl R.
Rogers (1979).
Skinner (1978) dizia que a sociedade é controlada o tempo inteiro, mesmo
sem perceber. Para ele o indivíduo se comporta de uma determinada forma para ser
aceito e respeitado em seu meio social, e quando esse comportamento não é aceito
por aqueles que o cercam, ele é rejeitado. Esse controle é visto mais claramente na
educação e no governo.
Enquanto para Rogers (1979, p.104-114), o controle do comportamento é
usado para levar os indivíduos a fins programados, para serem felizes e submissos e
não apoderados de suas vidas. Mas em meio a pontos de vista tão divergentes eles
concordam em alguns aspectos como, o esforço para compreender e influenciar o
comportamento dos indivíduos e também acreditam que a ciência do comportamento
está progredindo e que o mau uso da previsão e do controle estabelece uma séria
ameaça. Tal ciência pode ser usada para fazer indivíduos felizes e produtivos ou
para a sua liberdade e criatividade.
Rogers (1979) estava preocupado com as escolhas que envolvem várias
consequências e que geralmente são conflitantes, mas essas escolhas competem a
todos que vão errar algumas vezes, quando em caminhos difíceis e outras vezes
52
farão escolhas certas e a cada escolha um novo desafio uma superação e o
otimismo será fundamental nesta longa jornada.
A EA é uma complexa dimensão da educação, que pode ser caracterizada
por uma grande diversidade de teorias e práticas, originadas em função de
diferentes concepções de educação, de meio ambiente, de desenvolvimento
(SAUVÉ; ORELLANA, 2001).
Atualmente, não é possível entendê-la no singular (LAYRARGUES, 2002):
inúmeras são as percepções sobre a EA, permitindo deste modo que diferentes
práticas educativas, desenvolvidas em diferentes espaços, sejam identificadas como
de EA. Essas diferentes percepções carregam consigo “valores subjetivos muito
fortes, pois se inscrevem em processos históricos e contextos diferenciados que se
somam, oferecendo uma visão multicolorida” (SAUVÉ; ORELLANA, 2001, p. 275).
É através dessa visão que será apontada as ideologias sobre a prática
pedagógica em EA e identificar as teorias que, implícita e explicitamente, perpassam
as atividades docentes, descriminando as tendências mais próximas aos
procedimentos metodológicos, expondo com isso as suas concepções ideológicas.
Tendência tradicional
A pedagogia tradicional (acadêmica, formal, positivista, transmissiva) tem
caráter hegemônico, estando presente na maioria das experiências formativas.
Apresenta um reducionismo epistemológico academicista, segundo o qual o único
saber relevante é o acadêmico (saber das disciplinas relacionadas com os
conteúdos curriculares). É uma tendência pobre em fundamentação teórica explícita,
mas implicitamente apresenta concepções epistemológicas próximas ao absolutismo
racionalista (o conhecimento verdadeiro e superior está no conjunto das teorias
produzidas pela racionalidade científica) e uma concepção de aprendizagem
baseada na apropriação formal de significados (processo de assimilação de
conhecimentos historicamente acumulados).
A educação é percebida como um processo de assimilação do conhecimento
historicamente acumulado pela humanidade, priorizando os conteúdos cognitivos
que são adquiridos pelo esforço intelectual. Cabe à escola, neste sentido, o
53
processo de socialização, transmissão de informação e da cultura. A atividade de
conhecer é um processo de acumular e incorporar informações, selecionadas e
organizadas em uma sequência e estrutura que obedeça à organização pré-
estabelecida pela disciplina. Infelizmente não há preocupação em estabelecer
relações entre os conteúdos (que são repassados como verdades absolutas) e os
interesses dos educandos, nem tampouco destes com os problemas reais que
afetam a sociedade.
A EA na Escola é centrada no professor, no intelecto e no conhecimento e
fica subordinada à instrução, verbalismo e memorização. As aulas são expositivas e
demonstrativas, com ênfase na realização de exercícios de memorização por parte
do aluno, que é considerado uma “tabula rasa” (tabela em branco) e um receptor
passivo de informações.
Nessa abordagem, as diferenças entre os alunos são ignoradas, e o trabalho
é desenvolvido para uma classe homogênea. Todos são tratados igualmente:
deverão seguir o mesmo ritmo de trabalho, utilizar o mesmo livro-texto e material
didático, repetir as mesmas coisas e adquirir os mesmos conhecimentos.
Na tendência tradicional, o professor é visto como um especialista nos
conteúdos que precisa ensinar, mantendo uma relação autoritária, unilateral e
vertical com os alunos.
A avaliação visa à exatidão na reprodução do conteúdo transmitido pelo
professor, normalmente sendo realizada através de provas e exames.
Na tendência tradicional a relação do ser humano com a natureza é de
dominação: o ser humano é o dono e senhor da natureza, sendo que esta é
entendida como propriedade privada de alguns.
Tendência tecnicista
A pedagogia tecnicista, baseada nas competências/desempenhos, surge na
década de 60 e 70, estimulada pela psicologia behaviorista. A tecnologia é o centro
desta corrente, pelo qual o aluno é reduzido a um indivíduo que reage aos estímulos
de forma a dar às respostas esperadas pela escola, para ter êxito e avançar. A
educação está baseada na transmissão de conhecimentos, de comportamentos
54
éticos, práticas sociais e habilidades básicas para a manipulação e o controle do
mundo e do ambiente. Baseia-se em uma concepção absolutista e hierárquica de
conhecimento, em uma concepção de aprendizagem baseada na assimilação-
aplicação de significados, entendidos, estes, como habilidades técnicas, e em uma
concepção autoritária, centralista e tecnológica de currículo. A experiência é
considerada a base do conhecimento: o conhecimento é o resultado direto da
experiência.
As relações de ensino-aprendizagem podem ser explicadas de modo
rigoroso, sistemático e objetivo. A prática pedagógica é controlada e dirigida pelo
professor, com atividades mecânicas inseridas numa proposta educacional rígida e
passível de ser totalmente programada em detalhes. Desse modo, o
desenvolvimento prioritário é de competências e habilidades técnicas, muitas vezes
menosprezando o componente artístico da atividade docente e a singularidade
subjetiva que caracteriza os processos de ensino e aprendizagem.
A escola é uma agência educacional que não oferece condições para que o
sujeito explore conhecimentos, descubra ou investigue, direcionando o compor
tamento do aluno às finalidades de caráter social, especialmente para a preparação
dos estudantes para o futuro social e profissional, desenvolvendo informações e
habilidades para o mercado de trabalho. A supervalorização da tecnologia
programada faz com que a escola se revista de auto-suficiência, criando a falsa ideia
de que a aprendizagem não é algo natural do ser humano, mas que depende
exclusivamente das técnicas e de especialistas. Cabe ao professor apenas aplicar o
currículo fechado, anteriormente elaborado por especialistas. A tendência tecnicista
está relacionada com uma imagem de professor como uma espécie de técnico, com
predomínio da racionalidade tecnológica e científica (SHÖN, 1995) que visa à
capacidade de “aprender conhecimentos e desenvolver competências e atitudes
adequadas à sua intervenção prática, apoiando-se no conhecimento que os
cientistas básicos e aplicados elaboram (PÉREZ-GÓMEZ, 2000). Assim, torna-se
apenas um executor dos planejamentos elaborados pelos especialistas e não
interfere nas tomadas de decisões curriculares.
A prática pedagógica é controlada e dirigida pelo professor, com atividades
mecânicas inseridas numa proposta educacional rígida e passível de ser totalmente
55
programada em detalhes. A tecnologia educacional e estratégica de ensino é
utilizada para alcançar os objetivos educacionais.
Por ser entendido como um indivíduo que reage aos estímulos, o aluno
proporciona respostas a escola, para ter êxito e avançar. A avaliação está presente
em todo o processo educativo, estando diretamente relacionada com os objetivos
comportamentais pré-estabelecidos, tendo a intenção de medir o grau de
consecução dos mesmos.
Na tendência tecnicista, a relação do ser humano com a natureza é de
dominação: a natureza está a serviço do homem.
Escola tecnicista age na manutenção da ordem social, do status quo do
sistema capitalista, articulando-se diretamente com o sistema produtivo. Seu
interesse principal é, portanto, produzir indivíduos para o mercado de trabalho.
Conforme MATUI (1988), a escola tecnicista, baseada na teoria de aprendizagem vê
o aluno como depositário passivo dos conhecimentos, que devem ser acumulados
na mente através de associações. Skinner (1978) foi o expoente principal dessa
corrente psicológica, também conhecida como behaviorista.
Tendência humanista
Essa tendência, que inclui várias vertentes ligadas à Escola Nova, assume a
valorização do aluno como sujeito, ser-livre, ativo e social, e o professor como uma
espécie de artesão, um artista e profissional clínico. Coloca-se o foco na
espontaneidade, no não-diretivismo, deslocando o eixo do intelecto para o
sentimento; priorizam-se os métodos ou processos de ensino para valorizar o
interesse do aluno. Nessa teoria, o mais importante não é o ensino, mas o processo
de aprendizagem, com ênfase na aprendizagem por descoberta, em que os alunos
aprendem fundamentalmente pela experiência, pelo que descobrem por si mesmos.
Sob a perspectiva epistemológica, tal enfoque é coerente com o indutivismo
ingênuo (a teoria é mera especulação: o autêntico conhecimento se origina da
realidade e se alcança com a experiência) e com o relativismo extremo (as teorias e
as técnicas didáticas universais não servem para todos os contextos: tudo depende
de cada contexto concreto).
56
As ideias do norte-americano Carl Rogers se constituem como
direcionamento e essa visão, se tornando ele, um dos principais expoentes da teoria
humanista, sendo ela uma extensão da teoria que desenvolveu como psicólogo. Nos
dois campos sua contribuição foi muito original, opondo-se às concepções e práticas
dominantes nos consultórios e nas escolas.
De acordo com essa tendência, a atividade do professor implica no bom
domínio de um conjunto de estratégias de atuação (manter a atenção da turma,
controlar as crianças difíceis, eleger um bom livro-texto, estabelecer previsões
realistas em relação com a quantidade de conteúdos e o tempo disponível, etc.) que
não respondem às prescrições de nenhuma teoria disciplinar. O professor tenta
regularmente se apoiar em atividades experimentais que interessam aos seus
alunos, sem estabelecer com eles um intercâmbio dirigido e estável de construção
conceitual. Assim sendo, é provável que implique em uma simplificação dos
processos relacionados com o desenvolvimento dos conhecimentos, reduzindo-os
quase que exclusivamente aos interesses espontâneos dos sujeitos que aprendem.
A aprendizagem está centrada no aluno, em seus interesses e necessidades,
na criatividade, na autoconfiança e na independência do mesmo. O convívio
professor - aluno constitui-se em uma relação não autoritária, pois o mestre é um
facilitador da aprendizagem, além de ser autêntico, aberto, enfatizando a relação
pedagógica, participativa e dialógica. Uma das grandes expressões dessa tendência
é a liberdade de aprendizagem, da construção do conhecimento a partir do vivido
sem, contudo, enfatizar a reconstrução desses conhecimentos.
A avaliação está voltada à observação cotidiana, e à participação dos alunos
durante as dinâmicas propostas em classe. Outra ferramenta utilizada é a
autoavaliação.
Tendência cognitivista
A tendência cognitivista apóia-se nas teorias de Piaget, que considerava que
“o conhecimento não procede nem da experiência única dos objetos, nem de uma
programação inata pré-formada no sujeito, mas de construções sucessivas com
elaborações constantes de estruturas novas do aluno” (PIAGET, 1976).
57
Portanto, conhecer é agir sobre o mundo para descobrir os mecanismos
dessa transformação.
A escola deve ser um ambiente propício ao desenvolvimento de estruturas
cognitivas, possibilitando também o desenvolvimento de habilidades. Deve propiciar
a livre cooperação entre os alunos. Ao dar liberdade de ação, propõe trabalhos com
conceitos, em níveis operatórios, consoante ao estágio de desenvolvimento do
aluno, num processo de equilíbrio-desequilíbrio. O ambiente escolar é desafiador e
proporciona o confronto das várias interpretações e conhecimentos sobre fatos e
fenômenos.
Nessa tendência a verdadeira aprendizagem ocorre no exercício operacional
da inteligência, ou seja, no processo de construção de conhecimento pelo aluno. Ao
longo desse processo, o aluno irá desenvolver sua autonomia intelectual, social e
moral.
O professor é o mediador, um orientador do processo de construção do
conhecimento: ele procura criar situações para trabalhar os desequilíbrios e propor
desafios, de modo a orientar o aluno e conceder-lhe autonomia. Ele deve criar
situações que propiciem condições que possam estabelecer reciprocidade intelectual
e de cooperação moral e racional entre os alunos. Portanto, é imprescindível que o
professor conheça o conteúdo de sua disciplina, a sua estrutura e respeite as
características estruturais do nível de desenvolvimento intelectual em que o aluno se
encontra.
A avaliação não apresenta caráter classificatório: as soluções erradas,
incompletas ou distorcidas são fontes de informações para melhorar o processo
educativo.
Tendência Crítica
A tendência crítica concebe o ensino como uma atividade crítica, e o
professor como um profissional reflexivo e crítico que busca o desenvolvimento
autônomo e emancipatório dos envolvidos no processo educativo. Identifica-se duas
abordagens dentro desta tendência:
58
Abordagem sócio-cultural: Essa abordagem pedagógica segue as teorias
de Paulo Freire (2006). A educação é considerada um ato político, e seu objetivo
maior é a consciência da realidade e de sua própria capacidade de transformá-la. O
ser humano se constrói como sujeito na medida em que toma conhecimento de sua
historicidade; desse modo consegue transformar o mundo pela práxis e ao mesmo
tempo se transforma a si mesmo.
A escola, inserida no contexto histórico e das relações de poder vigente,
passa a ser vista como um espaço privilegiado onde é possível o crescimento mútuo
entre professores e alunos no processo de conscientização. É também nesse local
que se deve formar e criar condições para que se desenvolva uma atitude de
reflexão crítica comprometida com a ação.
A atividade escolar está baseada na discussão de temas sociais e políticos e
em ações sobre a realidade imediata. A partir da análise de problemas e de seus
fatores determinantes, é organizada uma forma de atuação que possa transformar a
realidade social e política. Educando e educador são sujeitos de um processo de
ensino-aprendizagem que deve superar a relação opressor-oprimido e, portando,
baseado em uma relação horizontal de diálogo, de cooperação e compromisso,
onde a compreensão teórica das contradições inerentes às sociedades transformam-
se nas condições de mudanças, ou seja, construir para reconstruir. Nessa
perspectiva o currículo é construído na relação educando-educador, considerando o
contexto histórico específico. Para essa construção, consideram-se: o processo de
conscientização do homem e o conhecimento como transformação.
Prioriza-se a metodologia de trabalho com temas geradores, oferecendo
oportunidade de cooperação, de união, de organização e solução em comum dos
problemas apresentados. As aulas são críticas e dialógicas, partindo da prática
social do aluno e integrando a teoria e a prática na “práxis” transformadora.
A avaliação nessa vertente descarta os processos formais e notas
classificatórias. A auto-avaliação e avaliação mútua são recomendadas no processo
educativo.
59
Na abordagem sócio-cultural a natureza é considerada como a base do
desenvolvimento da humanidade e deve ser apropriada socialmente e não de
maneira privada.
Abordagem histórico-crítica: A educação é considerada um âmbito de luta
entre as forças dominantes e as culturas emergentes. Possui um caráter político, no
sentido de se efetivar enquanto prática pedagógica que procura fornecer às
camadas dominadas instrumentos intelectuais que lhes permitam lutar pela
transformação social, bem como pelo exercício da cidadania. Porém, para ser crítica,
deve ter clara consciência de seus condicionantes históricos, sociais, econômicos e
culturais, e do poder dominante.
Nesta abordagem não existe separação entre a sociedade e a natureza: a
natureza é considerada o suporte bio-físico onde se desenvolvem as relações
sociais.
A concepção de currículo que deriva da tendência histórico-crítica é centrada
nos conteúdos como instrumentos teórico-práticos, produzidos socialmente e que
devem ser apropriados pelos alunos. Parte-se da análise crítica das realidades
sociais, comuns a professores e alunos, procurando identificar os principais
problemas oriundos da prática social, para, a partir da apropriação dos instrumentos
teóricos e práticos produzidos socialmente, promover a compreensão, em nível mais
elevado, da própria prática social dos alunos e dos professores.
Pretende desenvolver um processo educativo centrado na interação entre
educação e sociedade, visando à formação de um aluno politicamente
comprometido.
Para isso, a metodologia de trabalho incorpora as contribuições dos métodos
tradicionais e novos, estimulando a iniciativa e a atividade do aluno (sem perder de
vista a iniciativa do professor), considerando os interesses e a sistematização dos
conhecimentos. Ou seja, é uma metodologia que visa à articulação entre a educação
e a sociedade, pela prática social.
No processo avaliativo, evidencia-se o uso de múltiplas abordagens, sempre
que estas estejam adequadas aos objetivos de compreensão maior da prática social
dos alunos.
60
4.3 A AÇÃO EDUCATIVA/REFLEXIVA DO PROFESSOR
O perfil que se espera do professor na contemporaneidade, é aquela de que
não privilegie a fragmentação, que compreenda o seu papel e que tal compreensão
consequências, tanto profissional (para ele professor) quanto acadêmica (para o
aluno). Tal perfil se caracteriza por um processo de construção do sujeito
historicamente situado e que tem haver com o que surge da sociedade na
atualidade.
Ser professor então passa a ter um caráter dinâmico, reflexivo, transdisciplinar
e que requer do professor uma articulação dos saberes de forma reflexiva, primando
por uma visão de totalidade, quer em sua formação continuada, quer no
desenvolvimento de seu exercício de prática.
Pela natureza do trabalho docente concentrar-se em ensinar como
contribuição ao processo de humanização dos alunos historicamente situados, torna-
se necessário, devendo-se desenvolver nos alunos conhecimentos e habilidades
que possibilitem construir seus saberes-fazeres docentes a partir dos desafios que o
ensino como prática social lhe exige, o que lhe possibilita criar sua própria
identidade.
A escola, espaço privilegiado para promover a educação, vem recebendo
críticas quanto a efetividade desse direito. Por sua vez, o professor, vem recebendo
críticas quanto ao seu conhecimento ou saberes necessários para a realização de
uma prática docente profissional mediada por interações humanas.
A prática pedagógica, essa como objeto reflexivo, traz à luz ponderações
sobre os fazeres diários, sobre as tomadas de decisão quanto a orientação
metodológica que o grupo docente adota ou adotará, bem como indagações sobre a
eficácia ou não do trabalho pedagógico que é desenvolvido na escola.
Não se pode compreender que seja diferente tal perspectiva referente aos
professores de ciências naturais quanto as suas atribuições voltadas para a EA, uma
vez que as suas orientações metodológicas são de profunda importância ao se
tratarem de ação que terá que ter intencionalidade continua e permanente para
execução da sua prática.
61
Há necessidade, portanto, de reflexão da própria prática por meio da
experiência acadêmica profissional e dos fundamentos nesse período que foram
internalizados pelos professores para executar junto ao seu cotidiano,
compreendendo que tal procedimento se caracteriza como um processo de troca, de
escuta dos demais agentes envolvidos direta ou indiretamente, suas considerações
e encaminhamentos em com relação à operacionalização ou a ação docente
propriamente dita e passa a entender e reorientar sua própria prática. Este exercício
não se remete à busca de respostas simplesmente, mas evidencia a
responsabilidade da pergunta (LIMA, 2010).
Ainda para Lima (2010) na formação do professor reflexivo devem surgir
posicionamentos a partir de leituras da própria necessidade que o professor tenha
de rever, repensar sua prática pedagógica, questionar-se sobre as dimensões de
seu próprio conhecimento e dispor-se a aprender dia-a-dia que a realidade em sala
de aula não é uma engrenagem mecanicista e por isso mesmo demanda “olhares”
específicos sobre sua totalidade, dessa forma, solicita do professor posicionamentos
originais aos desafios que vão sendo levantados em seu contexto e tantos
posicionamentos quanto forem os desafios, não algo dado, como reposta pronta,
mas como conhecimento construído em conjunto.
4.4 RELAÇÕES DISCIPLINARES (INTERDISCIPLINARIDADE,
TRANSDISCIPLINARIDADE).
As reformas proposta pela LDBEN Lei nº 9.394/96, que a escola exerça um
novo papel, passando de um mero centro de transmissão de conhecimentos, para
um real e de fato, local que proporciona para cidadãos a capacidade de utilizar o
conhecimento científico para resolver problemas do cotidiano, nos obriga a
questionar quais relações serão adotadas para esse contexto?
É nesse sentido, que a interdisciplinaridade ganha reconhecimento ao ser
adotada como um dos fundamentos dessa proposta, com o objetivo de integrar as
diversas disciplinas, gerando novos conhecimentos na escola.
62
Embora o sistema de disciplinas científicas tenha surgido no século XVIII
(LENOIR, 1995), a disciplinaridade teve sua origem no século XVI, com Galileu
Galilei, este, ao criar a ciência ocidental, propôs substituir o estudo da realidade em
toda a sua complexidade pela adoção de perspectivas definidas que permitissem a
construção de modelos, com base na percepção racional dos aspectos materiais
observados nos fenômenos. Desse modo, em vez de levar em conta uma
quantidade enorme de variáveis de diversas naturezas, esse recorte da realidade
permitiria concentrar a atenção em aspectos mais específicos.
Essa ideia de decompor a realidade em partes menores, que poderiam
posteriormente ser reunidas, surgiu baseada numa visão mecanicista, que
considerava o mundo como uma grande máquina, que poderia ser desmontada em
partes menores, de modo a serem estudadas isoladamente, mais facilmente. Essa
visão levou à criação de muitas disciplinas, superespecializadas, que enfatizavam a
fragmentação da realidade como estratégia para melhorar sua compreensão.
Desse modo, quando se trabalha disciplinarmente, utiliza-se situações-padrão
que correspondem a modelos preestabelecidos e identifica-se aspectos da situação
estudada que permitem enquadrá-la num padrão, ao qual são aplicados os saberes
conhecidos previamente. Para tanto, é preciso conhecer os conceitos que
estruturam a disciplina, as relações entre esses conceitos (leis e teorias) e a maneira
particular de utilizar essas teorias para chegar a compreender as situações
estudadas. Assim, apesar da modelização ser um aspecto intrinsecamente ligado ao
trabalho disciplinar, ela é trabalhada apenas implicitamente, através dos problemas
apresentados nos materiais didáticos, que se referem constantemente a essas
situações-padrão.
Para uma abordagem interdisciplinar, segundo Fourez (2001), o objetivo é
construir representações de situações específicas, utilizando os conhecimentos das
diversas disciplinas, de forma articulada. Para tanto, seria necessário que
especialistas partissem da modelização de uma situação-problema, para planejar, de
forma simultânea e coletiva, as ações a serem desenvolvidas nas diversas
disciplinas. Dessa maneira, espera-se compreender a situação de um modo mais
completo.
63
É importante ressaltar que, durante o processo de modelização, o que orienta
os professores é o seu conhecimento disciplinar. Para isso, eles precisam ter
consciência dos diversos aspectos envolvidos na sua forma disciplinar de atuar,
além de um conhecimento mínimo dos conceitos fundamentais e da maneira de
recortar a realidade que é adotada pelas demais disciplinas, para que possam
interagir durante esse processo.
A abordagem interdisciplinar se apóia e se guia sob a visão de mundo que
considera que as diversas partes da realidade interagem entre si, não sendo
possível compreender um sistema complexo com base na compreensão de suas
partes isoladas.
Lembrando que para se trabalhar com representações, numa prática
interdisciplinar é preciso construir o que Fourez (2001) denomina de ilhas
interdisciplinares de racionalidade. Essas são representações de situações precisas,
construídas utilizando as diversas disciplinas, para que se possa comunicar
racionalmente sobre elas. Tais representações são construídas levando em
consideração as características da situação e permitem que se explicitem
interrelações entre aspectos que são tratados por disciplinas diferentes, conduzindo
a uma compreensão mais completa da situação.
Autores como Morin (1996) apontam a transdisciplinaridade como a saída
para lidar com as situações complexas, defendendo que uma abordagem
transdisciplinar ocorre quando utiliza-se noções, métodos, competências e
abordagens próprios de uma disciplina dentro da estrutura de uma outra e num
contexto novo. Nessa situação, essas abordagens ou esses conceitos são
chamados de transversais e podem ser considerados segundo duas perspectivas:
numa visão platônica, esses conceitos e essas abordagens existem
independentemente de contextos, devendo ser ensinados de forma geral ou
abstrata; ocorre a transferência de uma disciplina para outra, através da
modelização de um núcleo, que será transposto, e de uma adaptação posterior ao
plano do contexto.
64
5 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO
Enquanto o campo das ciências era orientado predominantemente pelo
paradigma newtoniano-cartesiano que trazia um modelo de racionalidade científica e
que utilizava a experimentação como instrumento de verificação, o campo da
pesquisa em ciências sociais e educação se orientava pelo paradigma positivista.
Segundo Triviños (1987, p. 33-41), o positivismo representou uma corrente de
pensamento que alcançou inquestionáveis avanços no desenvolvimento do
conhecimento como metodologia da ciência. Como método de pesquisa, sob
influência do paradigma newtoniano-cartesiano, apresentava características
semelhantes a esse paradigma, pois, ambos aceitavam apenas a realidade dos
fatos observados e reconheciam o princípio da verificação como demonstração da
verdade, consideravam que os fenômenos da natureza assim como os sociais eram
regidos por leis imutáveis, proclamavam como a função essencial da ciência à
capacidade de prever, consideravam a realidade como partes isoladas.
Segundo Santos Filho (2001,p. 36) “As críticas ao paradigma positivista
levaram, a partir da década de 70, à adoção de abordagens alternativas de pesquisa
nas ciências sociais e na educação”. Uma nova proposta denominada qualitativa se
apresentou como alternativa metodológica frente ao positivismo quantitativista, o
qual sofria a influência do pensamento científico moderno: “para conhecer, é preciso
quantificar; e o rigor científico é dado pelo rigor das medições” (MORAES, 1997, p.
41).
A investigação qualitativa é definida por Bogdan e Biklens (1994, p. 16) como
uma investigação em que os dados recolhidos são designados qualitativos, isto é,
ricos em pormenores descritivos relativamente a pessoas, locais e conversas. As
questões a investigar são formuladas com o objetivo de investigar os fenômenos em
toda sua complexidade e em contexto natural e privilegiam a compreensão dos
comportamentos a partir da perspectiva dos sujeitos da investigação. O investigador,
como instrumento principal da investigação, assume que o comportamento humano
é significativamente influenciado pelo contexto em que ocorre a pesquisa. A análise
dos dados levantados é realizada por meio de análise crítica e qualitativa das
contribuições dos sujeitos.
65
A opção por uma abordagem qualitativa é consequência das concepções que
foram adotadas nessa pesquisa quanto à visão de sociedade, de ciência e de
educação, assumida pelo pesquisador. Situando este momento histórico, como um
momento de construção de um paradigma que tenta superar a fragmentação e a
reprodução do conhecimento e busca conceber o mundo como um todo integrado, o
ser humano como cidadão responsável, participante e o professor como um
profissional criativo, crítico e transformador da realidade social.
Na pesquisa qualitativa, segundo Alves (1991, p. 54), a realidade é uma
construção social na qual o investigador participa, portanto os fenômenos só podem
ser compreendidos dentro de uma perspectiva subjetiva, e em uma perspectiva em
que o conhecedor e conhecimento estão sempre em interação, e a influência dos
valores é inerente ao processo de investigação.
Segundo Bogdan e Biklens (1994, p. 52), “...toda investigação se baseia
numa orientação teórica. Os bons investigadores estão conscientes dos seus
fundamentos teóricos, servindo-se deles para recolher e analisar dados”. É a teoria
que permite ao investigador dar coerência aos dados. Portanto, na fase exploratória,
foi realizado um levantamento das principais concepções de formação docente na
área de ciências naturais. Essa revisão inicial da literatura forneceu a base
conceitual para uma primeira classificação dos dados, o que permitiu estabelecer
relações significativas entre os aspectos teóricos e os dados observados e
analisados.
Para Alves (1991, p. 58), podem ser assim identificadas as etapas no estudo
qualitativo:
• Investigação Focalizada − período no qual se inicia a coleta sistemática de dados,
que pode ou não recorrer ao uso de instrumentos auxiliares.
• Análise Final e Elaboração do Relatório − momento de análise e composição dos
resultados e conclusões informais, colhidas no decorrer da pesquisa, até chegar ao
relatório final.
A escolha do problema pode ser determinado pelo envolvimento do
pesquisador, direta ou indiretamente, em uma realidade que apresenta uma situação
que precisa ser esclarecida.
66
Foi utilizada uma metodologia qualitativa para a realização da pesquisa,
optando por uma abordagem interpretativa, caracterizada pela compreensão da
ação humana como inerente e significativa, sendo a ação uma compreensão para o
pesquisador, ou seja, considerando que uma ação inclui certo conteúdo intencional
diante do qual é necessário entender seus possíveis significados (Schwandt, 2006).
Nessa pesquisa, quanto ao tema voltado para prática docente do professor de
ciências naturais para lidar com as necessidades impostas pela EA, foi determinado
por compreender a necessidade de discutir e analisar como está o percurso trilhando
por tais profissionais. O desenvolvimento da pesquisa se deu pela aplicação de
questionário semi estruturado ao qual se buscou identificar a ação do professor junto
a EA.
O problema foi definido após a priorização do professor de ciências naturais
do município de João Pessoa como profissional capaz de indicar referenciais teórico-
metodológicos necessários para utilização quanto prática no espaço escolar sob
uma perspectiva crítica e transformadora da realidade social, para enfrentar os
desafios que a atual situação sócio ambiental oferece.
Ao delimitar-se o problema da pesquisa, identifica-se também os participantes
iniciais. Foram selecionados os sujeitos da pesquisa entre docentes de ciências
naturais do 6º ao 9º anos da rede municipal de João Pessoa, com o objetivo, a
esses aos mesmos de investigar suas práticas no espaço escolar direcionadas para
EA.
Os dados foram coletados, com a utilização de questionário semi-
estruturado, e foi analisado para elaboração dos dados da pesquisa, no qual
igualmente foram identificados e analisados os dados, o que significa ter elaborado
todo o material obtido durante a pesquisa, organizá-lo e dividi-lo em partes
relacionadas, para identificar tendências e padrões relevantes, que posteriormente
serviu de material relevante para ser reavaliados. Assim, foi possível buscar relações
e inferências em um nível de abstração mais elevado utilizando-se das referencias
levantadas na construção da pesquisa.
67
5.1 SUJEITOS PARTICIPANTES DA PESQUISA
Participaram dessa pesquisa professores e professoras de Ciências naturais,
com atuação nos anos compreendidos entre o 6º e o 9º do ensino fundamental, de
diversas escolas que compõem a rede Municipal de Educação, desenvolvendo suas
atividades nos dois períodos letivos, sendo que um único professor atua no período
intermediário.
No quadro a seguir foram reunidas as características dos professores
participantes do processo, com o objetivo de facilitar a compreensão.
Quadro 2 – Perfil dos professores
Professor
Sexo
Escola em que atua
Períodos
Disciplinas
Formação Acadêmica
P – 1 F E. M. Francisca Moura Manhã 6º, 7º, 8º, 9º
Licenciatura em Pedagogia e Biologia com Especialização em Supervisão.
P – 2 F E. M. Frei Afonso Tarde 6º, 7º, 8º, 9º
Licenciatura em Ciências com Especialização em ensino de Ciências.
P - 3
M E. M. Índio Piragibe Tarde 7º, 8º, 9º Licenciatura em Biologia.
P – 4 M E. M. Frei Afonso Manhã 6º, 7º, 8º, 9º
Licenciatura em Biologia com Especialização em Ciências Ambientais.
P – 5 M E. M. Dom Helder Câmara
Tarde 6º Especialista em ensino de Ciências.
P – 6 M E. M. Tharcilla Barbosa
Tarde 6º, 7º, 8º Especialista em Educação Ambiental.
P – 7 F E. M. Aruanda Tarde 8º, 9º Mestre em Ciências Biológicas.
P – 8 F E. M. Rui Carneiro Intermediário
6º, 8º, 9º Especialista em ensino de Ciências.
P – 9 M E. M. Fenelon Câmara Tarde 6º, 7º, 8º, 9º
Especialista em Educação Ambiental.
P – 10 M E. M. Santa Ângela Manhã 6º, 7º, 8º, 9º
Licenciatura em Química
P – 11 F E. M. Cônego João de Deus
Manhã 6º, 7º, 8º, 9º
Licenciatura em Química com Especialização em Tecnologias e Mídias na Educação
P – 12 M E. M. Antenor Navarro Manhã e Tarde
6º, 7º, 8º Licenciatura e Bacharelado em Química com Especialização em Validação de Métodos Oxidativos.
P – 13 F E. M. Dr. Silvino Patrício
Manhã e Tarde
6º, 7º, 8º, 9º
Especialista em Psicopedagogia
P – 14 F E. M. Aruanda Tarde 6º, 7º Mestre em Biologia
68
Marinha
P – 15 F E. M. Pe. Pedro Serrão
Tarde 8º, 9º Licenciatura em Ciências com Especialização no Ensino de Biologia.
P – 16 M E. M. Anaíde Beiriz Tarde 6º, 7º Licenciatura em Biologia e Ciências.
P – 17 M E. M. João XXIII Manhã 6º, 7º, 8º, 9º
Licenciatura em Ciências.
P – 18 F E. M . Gal. Rodrigo Otávio
Manha 6º, 8º, 9º Licenciatura em Ciências, Bacharelado em Biologia com Especialização em Botânica.
P – 19 F E. M. Fenelon Câmara N/I N/I Licenciatura em Biologia
P - 20 F E. M. Virginius da Gama e Melo
Manhã 6º, 8º Licenciatura e Bacharelado em Ciências Biológicas.
P – 21 F E. M. Antonio dos Santos Coelho
Manhã 8º, 9º Licenciatura em Ciências Biológicas.
P – 22 F E. M. Nazinha Barbosa
Tarde 6º, 7º Especialista em Administração da Educação.
P – 23 N/I N/I Manhã N/I Licenciatura em Biologia.
P – 24 F N/I Manhã N/I Licenciatura em Ciências Biológicas.
F = Feminino / M = Masculino / N/I = Não Identificado
Do universo total de professores participante da pesquisa, com relação ao
gênero, identificou-se que nove se declararam do genero masculino, quatorze do
genero feminino e apenas um não se identificou. Identificou-se também que doze
atuam no turno da manhã, doze no turno da noite, um no horário intermediário e um
não identificou o horário que trabalhara. Não foi identificado dentre os professores
participantes, algum que atua no horário da noite. Ainda com relação ao turno
trabalhado percebeu-se que o professor P-12 e P-13 atuam pela manhã e a tarde.
As Escolas as quais os professores estão lotados compreendem todos os
pólos aos quais estão inseridos, estando às escolas situadas em praticamente todas
as regiões da cidade de João Pessoa, desde bairros periféricos até localidades mais
privilegiadas economicamente.
Quanto à identificação da atuação dos professores juntos aos anos letivos, foi
possível identificar que a grande maioria atua em todos os anos, compreendidos
entre o 6º e o 9º, sendo oito no total. Três não identificaram os anos em que atuam e
os demais se revezam entre um, dois ou três anos.
69
Do total de vinte e quatro professores, foi possível identificar também que
quatorze são licenciados e/ou bacharéis em Ciências naturais e Biológica, sete são
especialistas em ares diversificadas, mas que circundam a temática em questão e
dois Mestres em Ciências Biológicas.
Foi possível identificar também, professores com licenciaturas outras, como
Pedagogia e Química e especializações em Supervisão, Tecnologia e Mídias,
Métodos Oxidativos e Psicopedagogia.
A trajetória metodológica percorrida pela pesquisa teve o seu inicio com a
seleção do grupo que se pretendia trabalhar. Assim, participaram dessa pesquisa
vinte e quatro professores e professoras de Ciências naturais do Ensino
Fundamental. A presente pesquisa contou com a participação apenas de
professores que compõem o quadro efetivo.
5.2 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS DA PESQUISA
Para esse momento serão apresentados os dados obtidos por meio da
aplicação do instrumento de pesquisa. Os resultados são confrontados com o
referencial teórico revisitado e, na sequência, são discutidos, tendo em vista as
concepções assinaladas pelos informantes em cada uma das categorias elencadas.
Sob a ótica da presente pesquisa, pode ser percebido contribuição para um
entendimento da prática docente quanto a EA, com perspectiva e ótica voltada para
o processo de prática pedagógica dos professores de Ciências.
O conteúdo aplicado através do questionário fora organizado sob três eixos
temáticos, sendo eles, os quais traziam perguntas acerca da temática que se
desejava investigar;
Conhecimento e utilização do tema EA nas suas práticas pedagógicas;
Formação do professores para atuar com a EA no cotidiano escolar;
Integração Interdisciplinar significativa.
Tais eixos permitiram o desenvolvimento de um diálogo tranquilo e visou
70
identificar a visão dos professores participantes quanto à concepção de EA, prática
pedagógica e interdisciplinaridade em seu cotidiano escolar.
A delimitação do estudo para realização dessa pesquisa ficou estabelecida em
quatro meses, concentrados entre março e junho de 2013. Sendo que os mesmos
foram reservados momentos para socialização da pesquisa junto aos professores
participantes do curso de formação continuada da rede municipal de João Pessoa
ao qual tive a oportunidade de tê-los no ambiente físico a fim de aplicar o
questionário contendo 16 questões voltadas e direcionadas para o tema pesquisado
em questão.
Foi aplicado o questionário semi-estruturado em meio às aulas de formação
dos professores, tendo uma duração aproximada de 2 horas e que buscava obter
dos professores um detalhamento da sua prática pedagógica, seus conhecimentos,
concepções e reflexões sobre a EA e interdisciplinaridade e como associam teoria e
prática em seu fazer pedagógico. Os professores tiveram a oportunidade de refletir
sobre a importância da EA, no contexto educacional, e como ela é aborda em sala
de aula ou não.
A opção por esses eixos abaixo descriminados deve-se à síntese dos
conteúdos das entrevistas dos sujeitos, remetendo as suas experiências com os
seus saberes construídos a partir da sua formação acadêmica e continuada e a
partir de suas experiências no cotidiano educacional, proporcionando um melhor
entendimento das relações estabelecidas entre a prática dos professores do ensino
de Ciências naturais voltadas para a EA.
5.2.1 EIXO I - Conhecimento e utilização do tema EA nas práticas pedagógicas
Nessa pesquisa, as respostas referentes ao que se entende por EA não
diferem muito uma das outras, e não é difícil perceber que muitos dos professores
participantes da pesquisa não possuem um conceito claro de EA. Enfatizam que a
EA como um cuidado com a natureza, o local onde se vive e de onde se retiram os
recursos. Poucos mencionam o fato da EA compreender processos por meio dos
quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,
habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio
71
ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua
sustentabilidade.
Para esse eixo será possível perceber que as características dos relatos
apresentados logo abaixo levam em conta essencialmente os aspectos biológicos do
meio, ou seja, o meio ambiente é visto somente como o ambiente natural biológico,
que deve ser preservado, sendo possível perceber nos seguintes relatos.
É o ambiente em que nós vivemos. É tudo no nosso planeta, o
planeta é o meio ambiente porque todo lugar tem seres vivos (P-15
Licenciatura em Ciências com Especialização no Ensino de Biologia).
É a natureza por si só, as árvores, a poluição, o desmatamento, tudo influi em todo mundo. Meio ambiente pra mim é tudo, onde eu estou é o meu meio ambiente, inclusive no meio ambiente que fala de natureza (P-16 Licenciatura em Biologia e Ciências). É a conservação do Meio Ambiente. (P-1 Licenciatura em Pedagogia e Biologia com Especialização em Supervisão). É um tema relacionado a Ecologia que lida com a utilização responsável dos recursos naturais (P-4 Licenciatura em Biologia com Especialização em Ciências Ambientais). Está ligado a natureza a nível de conservação para o presente e o futuro (P-5 Especialista em ensino de Ciências). É um conjunto de conhecimentos relacionados ao meio ambiente e sua preservação (P-19 Licenciatura em Biologia).
Percebe-se uma simplificação reducionista dos processos de conscientização
quanto a EA. Não se deve e nem se pode negar a importância da sensibilização
para a preservação, mas que amplie e estimule a construção e re-construção de
conhecimentos e valores ambientais, que extrapole o respeito puro e simples à
natureza.
De acordo com relatos acima expostos, faz-se necessário se utilizar de
Gonçalves (1990) quando afirmativa que “A dicotomia cartesiana entre homem e
natureza ainda continua a impregnar o conceito de meio ambiente com a sua
redução à dimensão naturalista”. Tal dimensão leva o cidadão e professor a não
considerar os aspectos sociais, econômicos e urbanos do meio ambiente. As
dificuldades interpretativas podem, entre outras razões, estarem associadas às
influências da epistemologia cartesiana.
72
Para Carvalho (1999) é importante que ao abordar a EA, sejam considerados
fatores econômicos, políticos, sociais e culturais e, principalmente destacar a
continuidade do conhecimento científico, bem como suas possibilidades de falhas ou
erros, considerando também as influências que poderá acarretar à sociedade.
Avançando com relação ao conceito puramente voltado para conservação da
natureza.
Foi identificado também que alguns professores tiveram dificuldades para
expressar suas ideias referentes ao que entende por EA, fornecendo respostas
pouco esclarecedoras conforme relato abaixo.
Conhecer melhor o meio (P-9 Especialista em Educação Ambiental). Sempre digo que é calce da vida (P-10 Licenciatura em Química). Educação voltada para o ambiente (P-23 Licenciatura em Biologia).
Mesmo tendo um Especialista em Meio Ambiente, é preciso considerar uma
falha no embasamento teórico na formação inicial e/ou continuada dos professores
pesquisados quanto à concepção de EA. Corroborando com essa idéia, Medina
(2000) aponta que diante das dificuldades encontradas para o desenvolvimento de
um processo produtivo e transformador em EA, vale destacar as maneiras muitas
vezes simplistas de concepção e aplicação das mesmas, minimizando-a a propostas
teóricas e sem buscar a ação que poderia resultar em afirmação na atuação crítica
do professor.
No entanto para que a EA venha despertar no aluno o desejo de trabalhar no
sentido de exercer um papel ativo e indispensável na manutenção e/ou preservação
do meio ambiente, é fundamental que seja instigado por meio de questionamentos
que desafiem seu senso crítico, fazendo-o perceber que tudo que o rodeia é o meio
ambiente e que ele faz parte do mesmo. Nesse sentido, apenas dois professores
aproximam seus depoimentos de uma concepção mais abrangente e integradora de
EA, como se observa:
Quando se tem responsabilidade, se você tem ética, postura, valores, se você cumpri com os seus deveres, o seu meio ambiente,
73
o seu mundo a sua volta só tende a cresce (P-2 Licenciatura em Ciências com Especialização em ensino de Ciências). É o caminho que leva o outro a ser consciente quanto a sua conduta, postura e ação junto ao meio em que vive. P-17 Licenciatura em Ciências).
Tais referencias apontam compreensão integradora junto ao que se espera
concernentemente a EA, levando-os com isso a uma compreensão do professor,
tanto como cidadão quanto para dentro do espaço escolar na aplicação da sua
prática.
5.2.2 EIXO II - Formação dos professores para atuar com a EA no cotidiano
escolar.
O eixo II reúne algumas considerações levantadas pelos professores acerca
de sua formação. Sendo observado nas respostas que muitos deles consideraram
ter tido uma formação suficiente e abrangente. No entanto, que evidenciaram uma
formação dissociada da prática em sala de aula.
Quanto à abordagem do tema, parte deles queixaram-se da ausência
discursiva enquanto graduandos. Ademais, alguns argumentam que o tratamento
das questões ambientais pecava pelo reducionismo quando abordadas, fato este
que acarretou um desconhecimento das possibilidades de ação pedagógica com a
temática ambiental, como fora identificado no que se descreve a seguir.
Quase não se abordava a questão referente ao meio ambiente, tanto que eu tenho um dificuldade para trabalhar o tema hoje, porque na faculdade eu não vi praticamente nada de meio ambiente, não sei se porque há vinte anos atrás eles não estavam tão preocupados como estão hoje (P-1 Licenciado em Pedagogia e Biologia.). Quase não vi nada substancial sobre o tema. Era mais o livro mesmo, lia o texto e pronto, eram apenas os conteúdos (P-3 Licenciatura em Biologia). Nunca trabalhei projetos de meio ambiente quando graduando. Esse tema nunca foi prioridade em uma discussão (P-4 Licenciado em Biologia e Especialista em Ciências Ambientais).
É possível identificar nos relatos descritos de que os professores associam a
74
temática meio ambiente aos problemas ambientais e a conservação dos recursos
naturais. O Professor P-1 correlaciona sua dificuldade em se trabalhar com a
temática “meio ambiente” à formação inicial, na qual não se discutia a respeito.
Acredita-se portanto, que tal dificuldade não se relaciona apenas à ausência da
abordagem do tema durante a graduação, mas à formação permanente pela qual os
professores necessitariam passar quanto permanentes mediadores do saber. A esse
respeito, Sato (2001, p.16) escreve que: “a carência da introdução da EA nos
currículos de graduação, pós-graduação e cursos de formação continuada é
fortemente presente no cenário nacional e em muitos outros países latino-
americanos”.
Tais fatos revelam também que os professores mesmo com formação
adequada e exigida para atuar e discutir as questões voltadas para EA, ainda hoje
encontram profunda dificuldade quanto as suas práticas, isso por não terem
encontrado, quando graduandos, uma ligação entre teoria e prática para o
desenvolvimento da EA.
Nessa perspectiva, as necessidades de buscar as respostas para equacionar
tais problemas de aperfeiçoamento da formação dos profissionais em educação,
especificamente dos Professores de Ciências Naturais, é eminente e envolve novos
valores e ações dos que estão inseridos diretamente no processo, com propósito de
superar uma postura cultural tradicional existente no cotidiano escolar.
Ao analisar algumas respostas, foi possível identificar também que a
abordagem do tema meio ambiente não despertava o interesse e o
comprometimento dos professores. Mesmo quando inserida como disciplina, os
sujeitos da pesquisa apontam que as abordagens feitas pelos seus professores, na
maioria das vezes, eram de forma teórica, sem levá-los a uma contextualização do
tema.
Quando graduando cursei uma disciplina voltada para Ciência do
Ambiente responsável por tratar questões voltadas para o meio
ambiente. Era compreendida por todos na sala de aula como
desinteressante, pois não associávamos a teoria a prática. (P-5
Especialista em ensino de Ciências).
No depoimento acima, percebe-se a existência de lacunas na formação para
75
a EA, revelando que mesmo tendo um acesso direcionado para uma disciplina em
especifico, ainda sim se percebe a falta de interesse quanto ao tema, uma vez que
não assoava a teoria junto com o real.
As práticas realizadas pelos professores, as atividades de campo e o
desenvolvimento de projetos foram ressaltados como uma estratégia para o
desenvolvimento de novas práticas pedagógicas referentes as questões ambientais,
isso é evidenciado quando se percebe o que fora posto por determinado professor.
Quando aluno de licenciatura nas aulas destinadas ao meio ambiente
o que se destacava eram as aulas de campo, essas proporcionavam
mais interação com disciplina e o meio que estava sendo realizado o
trabalho, conseguia me chamar a atenção para o tema (P-9
Especialista em Educação Ambiental).
Fica claro que a importância atribuída às práticas voltadas para interação
junto ao meio é compreendida, nas falas acima, como ação positiva. É possível vê
ainda que esse tipo de atividade na graduação dos professores de Ciências Naturais
tem sido muito importante para o comprometimento com as questões ambientais. No
entanto, essa prática não pode levar ao reducionismo entendendo-se que a questão
ambiental só pode ser trabalhada fora da sala de aula. Tratar questões ambientais
em sala de aula pode ser tão interessante quanto à realização de visitas, desde que
interações e envolvimento, por parte dos professores, para com os alunos.
É importante destacar também que, ao se trabalhar a EA em forma de projeto,
a relevância destacada junto ao tema ganha maior atenção, pois a realização de um
projeto de EA requer a identificação de um problema, seja por meio de pesquisa
bibliográfica, seja pela observação direta da realidade da situação atual, como
podemos depreender nos depoimentos dos professores abaixo:
Percebo que o que se destacou nas disciplinas voltadas para Meio
Ambiente foram os projetos desenvolvidos pelos alunos junto com a
professora, entendo que naquele momento esse ponto ficou mais
marcado pra mim quanto aluno, do que outras mediação por parte da
professora (P-8 Especialista em Ensino de Ciências).
O que se trabalhava enquanto temas voltados para meio ambiente,
vejo os projetos para preservação do parque ecológico, para mim foi
o que se destacou, provocando interesse até os dias de hoje (P-14
Mestre em Biologia Marinha).
76
O que se percebe é que o P-8 valoriza o trabalho com projetos durante a sua
graduação, podendo ser destacadas nas falas de Silveira (2002) os dizeres que a
realização de projetos de intervenção em EA implica num diálogo entre pesquisa e
intervenção, o que correlatamente é destacado nas falas do Professor P-14, ao
narrar o vosso interesse até os dias atuais por tal tema discutido e estudado
enquanto graduando.
Os professores que tiveram a oportunidade de discutir as questões
ambientais no decorrer da graduação, de uma forma geral secundarizaram o tema,
entre eles pode-se citar os professores P-10, P-11, P-12, P-13, P-22. Com tais casos
pode ser dito que os mesmos necessitariam de uma formação complementar
específica para tratar as questões voltadas para EA.
5.2.3 EIXO III - Integração Interdisciplinar significativa.
Para esse eixo, foi possível identificar as opiniões dos professores com
relação à ação Interdisciplinar da EA sob uma perspectiva prática, para ser
empregada no cotidiano escolar, no entanto percebe-se que em sua grande maioria
compreendem a EA como uma disciplina específica, indo de encontro ao que está
posto nos PCN (BRASIL, 1997), em que diz que devem ser incluídas em sua
metodologia a EA de forma transversal, sistemática e geradora de um conhecimento
significativo. Contudo, os relatos mostram que esses professores não teriam
consolidada uma prática metodológica quanto as suas abordagens interdisciplinares
voltadas para EA, conforme será visto a seguir:
Gostaria de uma disciplina especifica para EA, eu acho que de agora
em diante tem que se preocupar muito. Todos nós devemos nos
preocupar, por que é tudo, é a questão da água, do ar. Porque
teríamos mais tempo pra falar sobre essas questões com nossos
alunos (P-5 Especialista em ensino de Ciências).
Criar uma disciplina seria importante para poder trabalhar temas
específicos, igual a gente falava que não tem um tema específico,
você puxa gancho do conteúdo. Se fizesse isso com eles, poderiam
ter mais consciência, poderia ajudar mais a preservar o meio
ambiente (P-14 Mestre em Biologia Marinha).
77
Uma disciplina especifica iria melhorar a vida de todo mundo, porque
quanto mais a gente vai falando mais a gente vai conscientizando (P-
10 Licenciatura em Química).
Mesmo com uma visão pouco clara da ação referente a EA no cotidiano
escolar, ainda sim percebe-se que a importância dada pelos professores demonstra
que os mesmos compreendem o significado da EA para transformação e
ressiginificação de uma consciência.
Para outros professores, dentre os pesquisados, consideram a necessidade
de ação interdisciplinar em que pudesse ampliar a ação discursiva afim de não
comprometer uma prática pedagógica significativa e integradora no que se refere a
uma EA desejada.
É um fato que nós temos que preservar, nós temos que mudar de
postura, e isso tem que estar sendo trabalhado em todas as
disciplinas coletivamente (P-2 Licenciatura em Ciências com
Especialização em ensino de Ciências).
Percebo que uma ação de todos gera responsabilidade conjunta, dar
a impressão de que é de todos (P-9 Especialista em Educação
Ambiental).
Há necessidade de haver professores de português tendo que
trabalhar EA, professores de matemática e não pode ser de uma
única disciplina. Precisaria uma ação conjunta das disciplinas (P-8
Especialista em ensino de Ciências)
Bastaria que os professores se conscientizarem e incluírem essa EA
em suas disciplinas (P-14 Mestre em Biologia Marinha).
Os professores apontam a necessidade de uma abordagem interdisciplinar
para a EA. Tal preocupação encontra respaldo até em estudos da Unesco: “a partir
de um estudo sobre Meio Ambiente e Escola realizado pela Unesco, em 1968, junto
a 79 de seus países-membros, deliberou-se que a EA não deveria constituir-se em
uma disciplina específica no currículo das escolas” (MEC apud PHILIPI JUNIOR;
PELICIONI; COIMBRA, 2002, p. 180).
Com tais depoimentos faz acreditar que a questão ambiental deve ser
trabalhada em todas as áreas como tema transversal e interdisciplinar, uma vez que
78
abrange toda a complexidade da ação humana, oferecendo aos alunos instrumentos
que os levem a compreender questões ambientais que afetam suas vidas de uma
forma geral.
Percebe-se também nos depoimentos dos professores que as práticas
realizadas pelos professores, as atividades de campo e o desenvolvimento de
projetos foram ressaltados como uma estratégia para desenvolver as questões
ambientais, como nos indica as falas dos professores abaixo:
A escola oferece materiais e possibilidades para passeios, mas são
aulas que precisam de um planejamento mais detalhado para que
possa funcionar (P-6 Especialista em Educação Ambiental).
São discutidas as possibilidades de aulas extra classe, mas faltam
pessoas para auxiliar com a turma, em geral apenas uma pessoas é
disponibilizada para auxiliar (P-9 Especialista em Educação
Ambiental).
Nas reuniões falam em aulas extra classe, nos pedem para planejar,
no entanto quando acontece, o falta transporte e para levar os alunos
e acabamos sem a aula fora da escola (P-4 Licenciatura em Biologia
com Especialização em Ciências Ambientais).
Vejo os passeios como sendo um caminho para se trabalhar a EA,
indo a locais e mostrarmos na pratica e in loco o que está
acontecendo, mas são muitos alunos que precisaríamos levar para e
não tem gente suficiente pra tomar conta (P-2 Licenciatura em
Ciências com Especialização em ensino de Ciências).
Nas declarações acima percebe-se as dificuldades que os professores
encontram com relação a execução de uma aula fora do ambiente escolar, sendo
compreendida pelos mesmos que tal ação contribuiria na construção do saber da EA
para os alunos, mesmo levando em consideração as dificuldades existentes quanto
a falta de condições para as aulas externas, ainda mostra que os professores levam
em considerações também questões voltadas para fuga do método livresco e
centrado na imagem do professor.
Mesmo com todo o posicionamento dos professores quanto as suas práticas,
não pode ser levado ao reducionismo, entendendo-se que a questão ambiental só
pode ser trabalhada fora da sala de aula. Tratar questões ambientais em sala de
79
aula pode ser tão interessante quanto à realização de aulas fora do espaço escolar,
desde que os professores articulem discussões e debates que conduzam à
aprendizagem.
5.3 DISCUSSÃO
A reflexão sobre as práticas pedagógicas seguidas das temáticas ambientais,
sobre tudo quando diz respeito a EA em uma conjuntura marcada pela deterioração
crescente do meio ambiente e de diversos ecossistemas que o compõem, abordam
uma necessária articulação dos sentidos sobre as questões que envolvam a EA
(JACOBI, 2003), em especial na prática pedagógico diária, pois segundo esse
mesmo autor;
A realidade atual exige uma reflexão cada vez menos linear, isto é se produz na inter-relação entre saberes e práticas coletivas que criam identidades e valores comuns e ações solidárias face à reapropriação da natureza, numa perspectiva que privilegie o diálogo entre os saberes.(JACOBI, p.193, 1999)
Nesse sentido, esse estudo buscou conhecer a realidade formativa dos
professores do ensino fundamental, compreendendo dos 6º ao 9º anos da rede
municipal de João Pessoa, no que tange à contemplação das suas praticas,
levando-se em consideração os seus conhecimentos voltados para EA, a formação e
a intenção significativa da sua prática.
Na reflexão sobre a concepção dos professores em relação à temática Meio
Ambiente, as quais comungam da mesma ideia de natureza, é preciso um resgate
teórico sobre esse conceito. Do ponto de vista de Sato (2003), o conceito de “Meio
ambiente” remete a uma situação dualista entre ser humano e natureza, mas
também é preciso decidir entre uma posição ou outra.
Dessa forma, percebeu-se que a maioria dos professores apontam em suas
respostas, para uma concepção de Meio Ambiente voltado à biosfera, ou seja, ao
ambiente espacial, aquele que abriga os seres vivos, “Terra-Pátria” do qual fala
Morin (1996), Sauvé (1996), Melo (2000) num local de unidade dos seres e das
coisas. Apontando, desta forma, para o centro de uma perspectiva mais global, em
80
que o ambiente apela ao desenvolvimento de competências ligadas às reflexões e
às intervenções do filosófico, do ético, do humanista, do vizinho.
Dois dos professores apresentaram, como concepção de Meio Ambiente, a
solidariedade, o respeito, a ética, valores que para eles devem estar presentes na
abordagem da questão ambiental. Um desses professores afirma que “se você tem
responsabilidade, se você tem ética, postura, valores, se você cumpri com os seus
deveres, o seu meio ambiente, o seu mundo a sua volta só tende a crescer...”. No
entanto, sua fala não evidencia a preocupação ou necessidade de inserir essa
temática nos conteúdos, mas como sua prática pedagógica não foi observada
quando da questão voltada para ação da sua pratica, portanto não se pode
considerar que tal professor utiliza ou não desse discurso.
Pode-se perceber que alguns professores demonstram que sua visão com
relação à inserção das questões ambientais na prática pedagógica é entendida de
maneira não linear e que sua introdução nesse contexto proporciona uma integração
de saberes. Porém, não deixam claro que estratégias poderiam ser utilizadas para
se alcançar tal objetivo.
Foi possível identificar nas respostas da grande maioria dos professores que
as ações que visam à inserção da temática ambiental, ou do meio ambiente, não se
dão de maneira planejada e, sim, de acordo com a circunstância da prática, de
improviso, gerando desta forma lacunas da transversalidade nas outras áreas do
saber.
Referente à conceituação de EA, identificou-se que os professores
entrevistados possuem um olhar semelhante, concebem uma EA que aborda os
recursos naturais e sua preservação, voltando-se para a definição de uma educação
ambiental crítica. Conforme Guimarães (2001), essa concepção aponta para
transformações radicais nas relações de produção, nas relações sociais, nas
relações ser humano-natureza com sua própria subjetividade, num processo de
construção coletiva de uma nova ética, uma nova cultura, novos conhecimentos
reflexivos.
No tocante ao fazer pedagógico dos professores, torna-se visível a
necessidade de compreensão de que a EA visa contribuir para formação de
81
cidadãos que sejam conscientes de suas responsabilidades, isso relacionado a EA,
que sejam aptos a decidir e atuar em seu meio socioambiental, comprometendo-se
com o bem-estar de cada um e da sociedade como um todo. Mas para que isso
aconteça, é preciso que a escola não trabalhe somente com informações e
conceitos, ou seja, só na teoria, é importante que o tema transversal seja uma
ferramenta utilizada para que o aluno possa aprender, de forma dinâmica, maneiras
para transformar a realidade em que vive. Conforme Sato (2003), a EA vem a ser um
caminho, se for permitida que ela seja política, crítica e não alienada, visando formar
cidadãos conscientes e críticos, ficando essa postura a critério da tomada de atitude
do professor.
Loureiro (2008, p.69) compartilha com esse pensamento quando define a EA
como ”uma práxis educativa e social que tem por finalidade a construção de valores,
conceitos, habilidades e atitudes que possibilitem o entendimento da realidade de
vida e a atuação lúdica e responsável de atores sociais individuais e coletivos no
ambiente”. Ainda na concepção desse autor, cabe à EA gerar um significado de
responsabilidade igualitário e planetário, desvelando as diferentes culturas e modos
de entender a ameaça à vida no planeta, problematizando as ideologias presentes
nos debates ambientalistas.
De acordo com esse estudo, percebe-se que os professores submetidos a
investigação, apresentam indicativos de não seguir as orientações, dos PCN
(BRASIL, 1997), de incluírem em sua metodologia a EA, de forma transversal/
sistemática e geradora de um conhecimento significativo.
É compreendido, portanto, que a EA, é um caminho para transformar um
quadro de crescente degradação socioambiental, sendo o professor um importante
agente de construção significativa de novos conhecimentos, devendo ser capaz de
desenvolver-se cada vez mais de maneira inovadora e adaptar-se as questões do
mundo.
Para Dias (2003, p. 158) ”...a EA pode e deve ser o agente otimizador de
novos processos educativos que conduzem as pessoas por caminhos onde se
vislumbre a possibilidade de mudança e melhoria do seu ambiente total.” Leff (2001,
p.259), defende o mesmo pensamento e mostra que “o desafio que se coloca à
pedagogia ambiental é o de formar o ser humano, com um espírito crítico e
82
construtivo, estimulando-o antes, sua criatividade do que o submetendo aos
desígnios de um mundo automatizado...”. Ressalta-se que a EA, na prática
pedagógica desses professores, deve apresentar um enfoque ético de
transformação de comportamentos da sociedade, vislumbrando uma mudança nos
propósitos do processo civilizatório. Nesse sentido, o enfoque crítico e o espírito
criativo são de grande importância para o processo de tomada de consciência
acerca do respeito do meio ambiente e seus problemas conexos aflorando uma ação
quanto a EA.
No entanto, não foi descrita, quanto as suas práticas pedagógicas, uma
demonstração de comprometimento no desenvolvimento de atividades previamente
elaboradas. Nesse sentido, alguns questionamentos são elaborados a fim de
identificar se a escola oferece aos professores condições mínimas para o
desempenho pedagógico e que provoque os professores diversificar a sua prática no
dia a dia dentro da escola.
Percebe-se que os professores, com relação à concepção de prática
pedagógica, buscaram elencar momentos considerados de superação da prática
linear, porém, os resultados obtidos mostram que os mesmos trazem na concepção
da prática pedagógica, com inserção de questões ambientais, tudo que é feito e
remetido a um momento de reflexão, não necessariamente precisando estar
contemplado em uma ação sistemática. Isso se confirma na fala da professora
quando afirmou que “a abordagem da temática ambiental vai surgindo, de acordo
com o momento presente e as questões evidenciadas a nível global.” A afirmativa da
professora nos leva a compreender que as questões ambientais estão presentes em
sua prática pedagógica, mas não são o ponto articulador e, sim, um tema
desmembrado dos conteúdos.
Nesse sentido, é remetido à ideia de Rodrigues (2008), que em relação à
prática pedagógica, mostra a necessidade de uma revisão da postura do profissional
da educação, por meio de um rompimento com a prática tradicional, possibilitando a
construção de um trabalho pedagógico capaz de integrar diferentes percepções
educativas, sociais, históricas e culturais. Assim, na abordagem das temáticas
ambientais na prática pedagógica é preciso muito mais que um momento de
evidência global. É preciso que o professor busque inserir em cada conteúdo uma
83
significância que estabeleça relação com sua vida cotidiana e a questão ambiental.
É claro que nessa perspectiva, o professor deve ser capaz de inovar sua prática,
buscar novas metodologias e, ainda, ancorar-se no desenvolvimento de atividades
capazes de inserir no seu dia a dia a temática ambiental de forma transversal.
Pode se identificar então que a inserção da EA como tema transversal na
prática pedagógica é, sem dúvida, um desafio na forma de conceber a EA de forma
transversal nas escolas, levando a significativa ideia de que não se deve vinculá-la
apenas a uma disciplina ou quem sabe até as disciplinas consideradas de maior
aderência às questões ambientais.
De acordo com os PCN (BRASIL, 1997) a EA está longe de ser uma atividade
tranquilamente aceita e desenvolvida, por que ela implica mudanças profundas e
nada inócuas. No contexto da EA, é importante rever a metodologia adotada, tanto
pela escola como pelos professores, como referência para o desenvolvimento das
práticas pedagógicas, na busca de inserir as questões ambientais de forma
significativa na sala de aula, pois de acordo com Luckesi (1996, p.163), "A didática,
como direcionamento imediato da prática do ensino e da aprendizagem, servirá de
elemento articulador entre as proposições teóricas e a prática escolar, em que as
ações pedagógicas devem ser capazes de instigar o aprender e a ensinar o próprio
conhecimento”. O processo de ensino aprendizagem contemporâneo necessita de
um profissional com postura, que saiba trabalhar com a equipe, com um
comportamento voltado aos interesses dos (as) alunos (as) e da sociedade como um
todo. Demo (2002) também percebe que a metodologia é uma questão que
comporta discutibilidade no lado formal e político em torno da construção científica
para que a ciência contemple as necessidades sociais.
Para Reigota (1994) a questão da EA apresentar-se intimamente ligada à
prática interdisciplinar, salientando que sua atuação surge de diversas formas, em
especial quando professores realizam atividades comuns sobre um mesmo tema.
Não necessariamente evidenciando a atividade como um projeto, como já
desenvolvido na escola estudada, mas buscando dar início a um processo de
construções mútuas, em que diferentes áreas se unem a fim de proporcionar a
construção do conhecimento por meio de uma atividade comum, inserindo assim a
temática ambiental. Dessa forma, descreve-se a ideia acima, por meio de um relato
84
de um professor de ciências trabalhando com a colega de português, em que entre
as diversas atividades elencadas, foram realizados debates entre os alunos,
confecção e apresentação de um jornal tendo como ponto de partida as reportagens
veiculadas no jornal local sobre meio ambiente, atividades de sensibilização e
exposição oral, representações teatrais, entre outros. As professoras que
desenvolveram essa atividade, mesmo proporcionando a integração dos conteúdos
buscaram permanecer dentro da atividade, a professora de ciências, buscando
direcionar a verificação dos aspectos mais científicos dos problemas e, a professora
de português responsável pela interpretação dos textos.
É possível identificar que a realidade atual exige um fazer pedagógico cada
vez menos linear, numa perspectiva que privilegie o diálogo entre os saberes de
forma planejada. Nessa perspectiva, torna-se necessário um “olhar” para aquele
que ensina: os professores, para sua prática pedagógica e os saberes que a
fundamentam e, de modo preciso, como estes refletem sua prática, isto é, que
mecanismos dentre os saberes utilizados na prática permitem refletir sua forma de
ensinar e todo o seu contexto circunstancial (LEFF, 2001). Desse modo é importante
que se perceba a necessidade de criar propostas que venham transformar as ideias
em práticas, criando espaços de dedicação, tempo e recursos por parte da escola.
Dessa forma, visualiza-se dar início a um processo capaz de colaborar com o
procedimento de inserção efetivo das questões ambientais na prática pedagógica.
Na abordagem da concepção de interdisciplinaridade, percebe-se que entre
os professores que participaram da pesquisa, com relação à concepção de
interdisciplinaridade, buscam esclarecer que seu conceito está ligado ao não
fracionamento dos conteúdos no currículo, porém no tópico anterior, práticas
pedagógicas, deixam evidente que suas atividades desenvolvidas em sala de aula
não objetivam essa unificação dos conteúdos, que visa a abordagem das temáticas
ambientais de maneira transversal, o que demonstra uma contradição entre o
discurso e a prática. Tal contradição tanto pode ser reflexo de um momento de
transição vivenciado pelos professores, que conhecem esses conceitos e suas
definições e que já participaram de cursos de capacitação dessa natureza, bem
como pode sugerir que os mesmos estavam dizendo aquilo que parecia esperado,
uma vez que suspeitavam dos objetivos do estudo.
85
Ficou evidente nas respostas dos professores que consideram relevante o
trabalho interdisciplinar, mas deixam claro que, as dificuldades em estabelecer uma
prática pedagógica interdisciplinar não se restringem ao corpo docente, visto que a
família muito contribui para que a mesma não se aplique. As adversidades
enfrentadas na prática pedagógica, em que se visualiza desenvolver atividades que
permitam a interligação dos conteúdos, perpassam não só pela necessidade de
maior capacitação do corpo docente, mas pela sensibilização por parte das famílias,
a fim de aceitar uma nova proposta educativa.
Um professor afirmou que seu trabalho é “interdisciplinar”, pois ele busca
estabelecer vínculos entre os diferentes conteúdos, sempre por meio da relação com
a vida cotidiana. A fala do professor revela também que a escola, ou o processo em
que está inserido, segue uma normatização, em que os anos proporcionam aos
alunos uma aprendizagem mais voltada para a integração dos saberes. O professor,
acima citado, revela ainda uma quebra dentro da própria escola com relação à
prática pedagógica, onde os modelos se fazem presentes, mas um vigora pleno e
absoluto, o linear. Dessa forma, sua fala ilustra considerações já percebidas por
Fazenda (2009) em que a interdisciplinaridade é apresentada aos educadores e sem
que tenham estabelecido uma relação de aplicabilidade, se encontram perdidos e
perplexos com a possibilidade de utilizá-la na sua prática pedagógica, incidindo em
tentativas de projetos a fim de configurar um fazer interdisciplinar.
Abordar a interdisciplinaridade dentro da prática pedagógica, com objetivo de
construir atividades não lineares com a presença de temas ambientais transversais,
exige do professor bem mais que atitude, como afirma Fazenda (2009, p.18) “o que
caracteriza a atitude interdisciplinar é a ousadia da busca, da pesquisa: é a
transformação da insegurança num exercício do pensar, num construir”.
O entendimento entre professores e pesquisadores que abordam a questão
da EA com relação à interdisciplinaridade, é vista como atitude imprescindível para o
êxito das práticas de EA, sendo comum na esfera formal e não formal, mas não
demonstram estar preparados para tal. Essa afirmação se embasa nas reflexões
sobre os dados obtidos nessa pesquisa e, mais ainda, quando Rodrigues (2008,
p.107) em sua pesquisa, revela, por meio da fala de uma professora, que o
afastamento da equipe docente é evidenciado como um entrave à prática
86
interdisciplinar, pois os professores tendem a agir de forma individualista,
considerando-se pertencente apenas a sua área de formação, não por idealismo,
mas em virtude da própria formação, evidenciando assim dificuldades no partilhar
conhecimentos e metodologias que configurem aglutinação de conteúdos.
Pensar em adentrar o caminho da interdisciplinaridade, leva a repensar e
apontar novos meios, capazes de proporcionar a construção de atividades que
vislumbrem razão e finalidade numa mesma direção, voltados ao ensino significativo
que seja capaz de identificar a profundidade das relações ser humano e meio.
“No projeto interdisciplinar não se ensina, nem se aprende: vive-se, exerce-
se. A responsabilidade individual é a marca do projeto interdisciplinar...”(FAZENDA,
2009 p.17), ou seja, o professor deve estar envolvido no desenvolvimento das
atividades propostas no projeto, tendo bem definido o seu objetivo a alcançar. A
interdisciplinaridade vai bem mais além do que o desenvolver de um projeto escolar,
que busca uma junção de diversos escritos de vários autores. É a unificação de um
objetivo comum, que de alguma maneira deve ser levado para sala de aula e
enredado no desenvolvimento dos conteúdos do currículo, uma vez que o espaço
disciplinar nasce do encontro de diversos campos do saber.
Nesse sentido pode-se recorrer a Reigota (1994) que alerta para a utilização
da Pedagogia de Projeto, como um método capaz de envolver toda a escola,
inclusive os pais dos alunos, no estudo de um tema específico, permitindo assim,
que cada disciplina desenvolva o tema proposto sob a sua ótica e especificidade.
Nesse sentido entende-se que a aprendizagem baseada em projetos que se
integrem às disciplinas, deva contribuir com a significância da construção da
aprendizagem para o estudante, criando significados, desenvolvendo
comportamentos e valores em busca de uma maior compreensão de mundo.
Com o avançar dos anos, amplia ainda mais o papel da educação no
desenvolvimento dos seres e suas sociedades. Isso estabelece a necessidade
emergente a busca e a construção de professores com formação adequada para
serem os protagonistas na mediação de cidadãos críticos, conscientes capazes de
se comprometerem na busca de novos rumos para a educação. Rumos estes que
levem os temas transversais a ocupar um patamar de importância semelhante ao
das disciplinas do currículo. Foi possível perceber na pesquisa, que a dificuldade na
87
abordagem das questões ambientais de forma interdisciplinar não é citada
explicitamente, mas colocam algumas insatisfações resultantes de frustrações
vivenciadas na busca de desenvolver uma determinada atividade.
É notório e claro em determinados relatos da pesquisa que o uso dos
recursos em sala estão além do quadro de giz, porém percebe-se também que tais
recursos sem a dita criatividade dos professores, de nada adiantarão. A própria aula,
por si só, é considerada de acordo com Reigota (1994) como um importante recurso
didático, sempre que buscar relacionar os problemas ambientais vividos
cotidianamente pelos alunos e o conhecimento científico existente entre os mesmos,
como exposto por uma professora, que afirma vivenciar a EA na prática, por meio de
exemplos e cobranças. Na resposta de uma professora, bastante subjetiva, a qual
remete mais uma vez ao pensamento de Reigota (1994), em que relaciona o
alcançar dos objetivos propostos numa abordagem interdisciplinar à utilização de
recursos didáticos mais artísticos e criativos, pois são mais adequados à perspectiva
inovadora da EA.
A utilização dos recursos didático-pedagógicos na prática do professor
desvela, de certa forma, suas características pedagógicas e ilustra sua vontade de
desenvolver atividades capazes de gerar para os alunos uma dinâmica no processo
de construção do conhecimento. Os professores relatam que a saída a campo
muitas vezes não acontece em virtude de vários obstáculos que surgem, como por
exemplo, o transporte, a dificuldade de apenas uma pessoa ser disponibilizada para
acompanhar muitos alunos, entre outros. Apesar dos professores apontarem
dificuldades nas aulas externas à sala de aula, compreendem que o trabalho prático
no campo é importante, percebe-se que esse processo pode ser viabilizado dentro
do contexto sócio-ambiental, desde que a equipe docente planeje com antecedência
uma aula de campo, utilizando como recurso didático principal as áreas naturais
presentes no seu entorno, ou nas proximidades da própria escola, (praça) caso
tenham dificuldades na locomoção dos alunos. Para essa segunda opção faz-se
necessário uma complementação nos recursos didático-pedagógicos, como
ilustrações de outros ambientes para que possam fazer uma reflexão sobre as
modificações ali identificadas, ou de acordo com a atividade proposta. Caso seja
inviável a saída de campo, sugere-se trazer para dentro da escola, mais
88
precisamente da prática pedagógica na sala de aula, parceiros (estudantes,
moradores, funcionários) capazes de ilustrar com mais propriedade um conteúdo,
trazendo para as reflexões também as questões ambientais locais pertinentes e de
seu conhecimento. De acordo com Reigota (1994), para o desenvolvimento de
atividades que envolvam as questões de EA, têm-se vários recursos didáticos a
serem empregados, podendo classificá-los como muito sofisticados ou
absolutamente simples, porém independente de sua característica, a sua boa
aplicação dependerá da criatividade do professor.
Rodrigues (2008), em sua pesquisa, ilustra como dificuldade mencionada pelo
professores por ela observados, a rigidez curricular disciplinar encontrada no
desenvolvimento das práticas, ideia que vai ao encontro da dificuldade esboçada por
uma professora, que afirma sentir a falta de um treinamento da própria secretaria de
educação, que proporcione o conhecimento de atividades a serem desenvolvidas na
prática pedagógica diária com a abordagem das temáticas de EA nos conteúdos do
currículo, visando desmistificar a dificuldade de trabalhar junto com as outras
disciplinas.
Na prática pedagógica diária, percebe-se no papel do ser professor, uma
grande parcela de responsabilidade no processo de formação de seus alunos. Sua
prática pedagógica, voltada à abordagem da temática ambiental, pode ser uma
possibilidade para que o corpo docente desenvolva atividades capazes de levar os
alunos a se perceberem como seres humanos dotados de responsabilidades pelo
mundo que habitam e junto a eles o próprio professor.
Nesse sentido, os professores apontam alguns valores que consideram
importantes, como solidariedade e ética e, certamente, buscam desenvolvê-los em
sua prática pedagógica por uma questão cultural, de maneira pontual e esporádica,
pois não explicitaram em nenhum momento uma capacitação voltada para a
abordagem de valores em sala.
Percebe-se emergir essa necessidade, uma vez que de acordo com Pato
(2004), os valores são centrais na cultura e influenciam a formação de crenças,
atitudes e comportamentos ecológicos. Desse modo, uma EA desenvolvida na
prática pedagógica, deve considerar essa preocupação, como inclusive, está nos
textos oficiais e nos principais autores de EA. Os valores apontados pelos
89
professores são compatíveis com uma ação mais sustentável e ecologicamente
responsável.
Reigotta (1994) considera que a EA deve buscar incentivar o indivíduo a
participar ativamente da resolução dos problemas no seu contexto de realidade,
sendo constituída por meio de um processo contínuo, em que os envolvidos
aprendem os conhecimentos, os valores, as habilidades, que os permitirão agir,
individual e coletivamente, na resolução dos problemas ambientais presentes e
futuros. Assim, esse processo de formação do indivíduo apresenta-se com uma
importância significativa e a prática pedagógica bem articulada com os temas
ambientais, nesse momento apresenta-se como o caminho para o processo de
construção desses valores necessários à vida.
Pode ser percebido, na resposta dos professores pesquisados, a necessidade
de mais conhecimento acerca das práticas pedagógicas em EA, que visam à
inserção dos temas ambientais, de forma transversal, nas diferentes áreas do
conhecimento presentes no currículo.
Nesse cenário, propõe-se a promoção de momentos de interação, para que
se possa estabelecer uma clareza na metodologia das atividades e, até mais, um
intercâmbio de ações planejadas, gerando desta forma segurança em alcançar os
objetivos propostos na promoção de novas atividades que permeiem a
transversalidade real da temática ambiental, nos conteúdos e na coletividade,
deixando de vigorar, assim, a cultura do trabalho individualizado. A atitude como
educador e cidadão, portanto, deverá ter como princípio o aprofundamento nas
reflexões diárias, sugerindo assim uma transformação interna que nos possibilite
ampliar a visão da fragmentação e ampliar o caminho à interdisciplinaridade ou para
uma visão globalizante e complexa da construção do conhecimento.
90
6 CONSIDERAÇÕES
Na análise das práticas pedagógicas realizadas nesse estudo, foi possível
perceber lacunas na inserção da temática ambiental como tema transversal presente
nos conteúdos das diferentes áreas do conhecimento. Resultado esse que, de certa
forma é surpreendente, pois a escola é considerada uma unidade que busca
envolver-se com as questões ambientais, por isso esperava-se que na prática
pedagógica a preocupação fosse semelhante, porém ficou claro que seu
envolvimento se dá apenas de forma pontual.
É evidente na contemporaneidade, que os interesses sociais, econômicos e
políticos das populações, são conflitantes. Mas a própria história brasileira de
degradação da natureza, que teve início nos anos de 1500, mostra que as relações
de poder entre grupos humanos, apropriando-se dos recursos naturais, sobrepõem
os interesses econômicos aos ecológicos e sociais. Aspecto que reforça a
necessidade e responsabilidade da abordagem das temáticas ambientais na prática
pedagógica para viabilizar a formação do estudante, no sentido de que eles
aprendam a conviver com o mundo em profundas transformações, refletir sobre as
causas dessas mudanças e posicionar-se diante delas, compreendendo sua
corresponsabilidade nesse processo.
Neste sentido, as análises dos instrumentos utilizados na pesquisa, nos
permitiram evidenciar que a EA não está de fato inserida nos conteúdos ou
distribuída nas diferentes áreas do conhecimento e, sim, que surge como um tema
que se esgota na atividade desenvolvida.
A falta de uma formação direcionada aos professores sobre como utilizar os
problemas locais ou como inserir as questões ambientais nos diferentes conteúdos
distribuídos no currículo, dificultam ainda mais a efetivação da EA como uma
atividade presente na prática pedagógica de forma transversal.
A pesquisa permitiu compreender que é latente a necessidade de um
planejamento conjunto para o desenvolvimento das atividades direcionadas às
práticas pedagógicas cotidianas, a fim de inserir, de modo claro e objetivo, as
questões ambientais às práticas pedagógicas, delineando critérios e formas de
abordagem dessa temática, vinculadas a uma efetiva elaboração dos planos de
91
aula.
Os professores evidenciam em suas falas conhecer a necessidade e a
importância de inserir na prática pedagógica as questões ambientais, o conceito de
transversalidade e interdisciplinaridade, mas na prática o fazem de forma casual.
Esse fato leva a ser compreender que, ainda se encontra enraizado na prática
pedagógica tradicional, explorando em momentos esporádicos atividades que
abordem de uma forma superficial as questões ambientais na prática pedagógica
diária, apesar de as considerarem inovadoras e voltadas à realidade do aluno.
Desse modo, a gestão da escola poderia contribuir para a superação dessa prática,
promovendo discussões e momentos de formações dos seus professores, além de
envolvê-los no planejamento das atividades de forma conjunta e articulada, pois
percebeu-se que a falta de um planejamento mais detalhado e direcionado emerge
como uma dificuldade fundamental para uma abordagem transversal e
interdisciplinar.
A partir dos dados coletados nessa pesquisa, percebe-se a necessidade de
proporcionar a esses professores momentos de formação continuada, em que tal
formação seja significativa para os mesmos, voltando-os à inserção da temática
ambiental na prática pedagógica, uma vez que essa é declarada pelos documentos
oficiais da educação como prioridade. Porém, a mudança efetiva na prática
pedagógica desses professores, está vinculada a um maior comprometimento da
equipe gestora e do sistema municipal de educação, na busca de um resgate
teórico-prático eficaz, gerador de momentos de aprendizagem significativas.
A preocupação em relacionar a educação com a vida do aluno, seu meio, sua
comunidade, não é novidade. Para tanto é necessário muito mais que uma
comemoração do dia da água, que uma gincana para redução do lixo ou da simples
lembrança de apagar uma lâmpada ao sair da sala, relatos postos pelos professores
como ação pedagógica. No contexto educacional, local onde se constrói pouco a
pouco o conhecimento, o aluno precisa estar envolvido no momento da abordagem
do conteúdo com tais questões, uma vez que elas se apresentam de maneira direta
e constante em suas vidas. A abordagem esporádica da temática ambiental não
proporciona a construção de um conhecimento reflexivo.
Os conteúdos apresentados nas diferentes áreas do conhecimento são
92
aplicáveis a diferentes realidades, mas a sua tradução em práticas concretas exige
adequação e detalhamento para a realidade de cada local. Os professores buscam,
sem dúvida, inserir as questões ambientais, mas isso não configura uma prática
pedagógica interdisciplinar ou transversalidade, mas encaixe de temas de acordo
com a sua disponibilidade.
Compreende-se, portanto que o objetivo principal, analisar as práticas
metodológicas voltadas para a EA, foi alcançado e que esse estudo dará a sua
contribuição para inserção de uma prática interdisciplinar em relação à EA.
É sabido que existem outras estratégias de análise que sob outros olhares
poderão colaborar com a inserção da EA na prática pedagógica.
Neste sentido, considera-se importante que novos estudos procurem
aprofundar a investigação do tema, incluindo docentes de outras disciplina, bem
como de redes de ensino, a fim de se adquirir uma compreensão mais aprofundada
dessa realidade que abrange a prática pedagógica voltada para EA.
93
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101
APENDICE A - Apresentação do questionário
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
MESTRADO EM EDUCAÇÃO
APRESENTAÇÃO
O presente questionário tem a intenção de abordar, junto aos professores do ensino
de ciências do 6º aos 9º anos da rede municipal de João Pessoa, com questões
voltadas para Educação Ambiental, a mesma tem o intuito de buscar respostas a
questões previamente postas e direcionadas as praticas pedagógicas utilizadas
pelos professores no espaço educacional, a formação acadêmica em que se
encontram, condições físicas dos ambientes em que trabalham, de equipamentos e
as condições de trabalho de ma forma geral. Essas questões subsidiaram a analise
da presente pesquisa referente a prática docente que o professor está
desenvolvendo no seu cotidiano educacional, direcionada para Educação Ambiental.
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QUESTIONÁRIO
A PRÁTICA DOCENTE NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UMA ANÁLISE DA AÇÃO EDUCATIVA DOS PROFESSORES DE CIÊNCIAS DA REDE
MUNICIPAL DE JOÃO PESSOA
GILMAR CARAMURÚ DE SOUSA
GENERO:
SEXO: M ( ) F ( )
Escola em que é lotado:
Período em que atua:
Disciplinas: 6º ( ) 7º ( ) 8º ( ) 9º ( )
EIXO – I
1 – O que você entende por Educação Ambiental?
2 – Você se utiliza de alguma leitura cientifica em especifico que trate a questão da Educação Ambiental?
3 – Em sua opinião, há algum evento histórico que mereça ser destacado, quando o tema tratado é Educação Ambiental?
( ) Sim
( ) Não
( ) Caso a resposta seja sim, descreva qual:
4 – Você considera importante trabalhar os temas voltados para Educação Ambiental na escola?
( ) Sim
( ) Não
( ) Outra resposta. Qual?
5- Em sua concepção, a abordagem da Educação no Ambiente formal é de responsabilidade apenas do professor?
6 – O que você consideraria importante trabalhar em sala quanto ao tema Educação Ambiental?
103
EIXO – II
7 - Quanto a sua formação, qual graduação você cursou e qual nível você se encontra hoje com relação a Especialização, Mestrado e/ou Doutorado
8 - Em algum momento, enquanto graduando, aconteceu(ram) abordagem(ns) especifica(s) voltadas para os procedimentos metodológicos a serem trabalhadas em sala de aula junto aos alunos, essas direcionadas para Educação Ambiental?
9 – Você se sente seguro nas abordagens de temas voltados para Educação Ambiental?
10 – Indique Alternativas que consideram como necessárias para aperfeiçoar/aprofundar os conhecimentos referentes à Educação Ambiental.
11 – Destaque práticas, se houveram, vivenciadas enquanto graduando voltadas para Educação Ambiental.
EIXO III
12 – Existe, as sua parte, clareza quanto ao que venha a ser Interdisciplinaridade?
13 – Você considera importante haver integração entre as disciplinas? Justifique.
14 – Há integração da sua disciplina com outra(s)? Quais e como se dá tal integração?
15 - Na sua opinião houve êxito na ação interdisciplinar?
16 – Em sua opinião, quais procedimentos interdisciplinares deveriam ser utilizados nas escolas quando o tema tratado for educação ambiental? Descreva os procedimentos.
.
104
APRENDICE B - Declaração
DECLARAÇÃO
Eu ________________________________________ de CPF _____________
e RG _____________ declaro para todos os fins e a quem possa interessar que
participei da pesquisa referente as práticas pedagógicas utilizadas pelos professores
no espaço educacional intitulada “A PRÁTICA DOCENTE NA EDUCAÇÃO
AMBIENTAL: UMA ANÁLISE DA AÇÃO EDUCATIVA DOS PROFESSORES DE
CIÊNCIAS DA REDE MUNICIPAL DE JOÃO PESSOA” e autorizo a divulgação das
informações por mim fornecidas no questionário semi-estruturando aplicado pelo
mestrando Gilmar Caramurú de Sousa.
João Pessoa ___________de ______________ de 2014
_________________________________
Assinatura
105
S725p Sousa, Gilmar Caramurú de.
A prática docente na educação ambiental: uma análise da ação
educativa dos professores de ciências da rede municipal de João
Pessoa / Gilmar Caramurú de Sousa.- João Pessoa, 2014.
101f.
Orientador: José Antonio Novaes da Silva
Dissertação (Mestrado) – UFPB/CE
1. Educação ambiental. 2. Formação de professores. 3.Ensino
fundamental. 4. Práticas pedagógicas – professores de ciências –
educação ambiental.
UFPB/BC CDU: 37:504(043)
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