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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE FURG Instituto de Oceanografia Laboratório de Oceanografia Geológica Programa de Recursos Humanos nº 27 ANP A CONTRIBUIÇÃO DOS BIOMARCADORES NA GEOQUÍMICA MARINHA Monografia apresentada à Fundação Universidade Federal de Rio Grande, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Formação em Oceanologia. Acadêmica: Évellin Keith Da Collina Orientador: Paulo Roberto M. Baisch Co-orientadora: Maria Isabel Machado Rio Grande, dezembro de 2011.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE – FURG

Instituto de Oceanografia

Laboratório de Oceanografia Geológica

Programa de Recursos Humanos nº 27 ANP

A CONTRIBUIÇÃO DOS BIOMARCADORES NA GEOQUÍMICA MARINHA

Monografia apresentada à

Fundação Universidade Federal de

Rio Grande, como parte dos

requisitos para a obtenção do título

de Formação em Oceanologia.

Acadêmica: Évellin Keith Da Collina

Orientador: Paulo Roberto M. Baisch

Co-orientadora: Maria Isabel Machado

Rio Grande, dezembro de 2011.

Sumário RESUMO ......................................................................................................................... 1

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 2

1.1 Matéria orgânica ..................................................................................................... 2

1.2 Biomarcadores geoquímicos .................................................................................. 3

1.3 Principais biomarcadores e suas relações ............................................................... 6

1.4 Cone do Rio Grande ............................................................................................. 10

1.5 Laboratório de Oceanografia Geológica – LOG/FURG....................................... 11

1.6 Justificativa ........................................................................................................... 12

2 OBJETIVOS ................................................................................................................ 13

3 METODOLOGIA ........................................................................................................ 14

3.1 Sedimentos do Cone do Rio Grande .................................................................... 14

3.1.1 Área de estudo ............................................................................................... 14

3.1.2 Amostragem .................................................................................................. 15

3.1.3 Coleta de sub-amostra ................................................................................... 16

3.1.4 Analise granulométrica .................................................................................. 17

3.1.5 Analise dos biomarcadores ............................................................................ 17

3.2 Analise do óleo ..................................................................................................... 23

3.3 Elaboração do guia ............................................................................................... 23

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................................... 24

4.1 Implementação da analise ..................................................................................... 24

4.1.1 Comparação das Rampas ............................................................................... 24

4.1.2 Quantidade extraída ....................................................................................... 25

4.1.3 Tipo de extração ............................................................................................ 26

4.2 Cone do Rio Grande ............................................................................................. 27

4.2.1 Coloração dos sedimentos ............................................................................. 27

4.2.2 Granulometria ................................................................................................ 28

4.2.3 Interpretação dos cromatogramas .................................................................. 29

4.3 Análise do óleo ..................................................................................................... 31

4.3.1 Centrifugação................................................................................................. 31

4.3.2 Diluição ......................................................................................................... 31

4.3.2 Interpretação dos cromatogramas obtidos ..................................................... 32

5 GUIA ....................................................................................................................... 34

Maturação ............................................................................................................... 35

Condições Paleoambientais .................................................................................... 38

Origem .................................................................................................................... 38

Contaminação por óleo ........................................................................................... 41

6 CONCLUSÃO ............................................................................................................. 43

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 44

Lista de Figuras

Figura 1: Fase da evolução da matéria orgânica sedimentada. Fonte: Tissot & Welte

(1984), apud Silva (2007). ................................................................................................ 2

Figura 2: Isopreno, unidade estrutural básica dos biomarcadores. ................................... 4

Figura 3: Transformação diagenética do percursor Colesterol no biomarcador Colestano,

um esterano de 27 carbonos. Fonte: Silva, 2007. ............................................................. 9

Figura 4: Diagrama de proporções de HC saturados, aromáticos e heterocompostos

(NSO), para inferência da evolução térmica da MO. Fonte: Silva (2007). .................... 10

Figura 5: Indicação de uma feição característica de escape de gás, encontrada no Cone

do Rio Grande. Fonte: Rosa et al. (2006). ...................................................................... 11

Figura 6: Extensão da Bacia de Pelotas com seus limites, e localização do Cone do Rio

Grande. Fonte: Rosa et al., 2006. ................................................................................... 14

Figura 7: Testemunhos selecionados para análise. Fonte: Google Earth, acesso em

10/10/2011 ...................................................................................................................... 15

Figura 8: Testemunho aberto e amostra em placa de petri. ............................................ 16

Figura 9: Extração por ultra-som (A); extração em soxhlet (B); amostra em rotavapor

(C). .................................................................................................................................. 19

Figura 10: Coluna de cromatografia líquida, para separação das frações F1 e F2. ........ 20

Figura 11: Rampa de temperatura para analise dos compostos alifáticos. ..................... 21

Figura 12: Rampa 1 para analise da fração F2. .............................................................. 21

Figura 13: Rampa 2 para analise de F2. ......................................................................... 21

Figura 14: Esquema de um terpano pentacíclico mostrando região mais frágil da

molécula, que irá gerar os íons lidos no espectro de massa. Fonte: Hunt (1995), apud

Silva (2007). ................................................................................................................... 22

Figura 15: Cromatogramas gerados pelas diferentes rampas. Rampa 1 à esquerda e

rampa 2 à direita. ............................................................................................................ 24

Figura 16: Coloração comum aos testemunhos analisados, olive-gray na porção central

e light olive-gray nas margens. ....................................................................................... 27

Figura 17: Diagrama de Shepard para as amostras U1, U2, U3 e U4 acima, e para as

amostras S1, S2 e S3, abaixo. ......................................................................................... 28

Figura 18: A composição sedimentar fina do Cone do Rio Grande e a proximidade com

grãos de areia que podem ter originado os grânulos encontrados nos testemunhos.

Fonte: Martins et al. (2003). ........................................................................................... 29

Figura 19: Cromatograma m/z 85 da amostra S1. .......................................................... 29

Figura 20: Cromatograma m/z 217 da fração F1, da amostra S3, o pico refere-se ao

padrão interno (5-β-colano). ........................................................................................... 30

Figura 21: Cromatograma da fração F2, m/z 231 da amostra U4, o pico indicado é

referente ao padrão o-terfenil. ........................................................................................ 30

Figura 22: Cromatogramas do óleo sem diluição (A) e diluído 5 (B), 10 (C) e 50 (D)

vezes. .............................................................................................................................. 31

Figura 23: Distribuição dos n-alcanos, no m/z 85 da fração F1 do óleo. ....................... 32

Figura 24: Comparação do cromatograma m/z 191 do óleo com óleo venezuelano

identificado. .................................................................................................................... 33

Figura 25: Correlação dos parâmetros de origem pristano, fitano e n-alcanos de 17 e 18

carbonos. Adaptado de Regato (2008). .......................................................................... 37

Figura 26: Diagrama ternário dos esteranos regulares, indicando possível fonte de

matéria orgânica. Fonte: Adaptado de Peters et al. (2005). ........................................... 40

1

RESUMO

Os biomarcadores geoquímicos, ou marcadores moleculares, são moléculas orgânicas

presentes em rochas, sedimentos e óleos, que guardam semelhança com sua molécula

precursora, sintetizada por organismos vivos. Seu estudo na geoquímica orgânica tem sido

amplamente utilizado, por serem capazes de gerar informações que auxiliam no estudo da

origem e da maturação da matéria orgânica. Sua presença pode ser determinada por meio de

cromatografia gasosa acoplada a espectometria de massas – GC/MS. O Cone do Rio Grande

(uma feição geomorfológica localizada ao sul da Bacia de Pelotas), apesar de apresentar

condições para formação e acumulo de gás, despertando o interesse da indústria do petróleo,

apresenta poucos estudos relacionados à geoquímica orgânica de seus sedimentos. O

Laboratório de Oceanografia Geológica (LOG) da Universidade Federal do Rio Grande –

FURG realiza diversas pesquisas no ramo da geoquímica ambiental, entretanto, nunca realizou

pesquisas relacionadas à biomarcadores, apesar de apresentar estrutura para tanto. Portanto,

devido à necessidade da implementação da análise de biomarcadores no LOG, tendo em vista

todas as potencialidades que esse tipo de análise permite aos estudos dos hidrocarbonetos e do

meio ambiente, somada a escassez do conhecimento geoquímico no Cone do Rio Grande,

realizou-se o presente trabalho. Os procedimentos da analise de biomarcadores foram

considerados satisfatórios, uma vez que conseguiu-se identificar a presença de alguns

biomarcadores em amostras de um óleo pesado. No entanto, não foram identificados

biomarcadores nas amostras de sedimentos superficiais do Cone do Rio Grande.

Palavras chave: Biomarcadores geoquímicos, Cone do Rio Grande, cromatografia gasosa

aplicada a esctrometria de massas.

2

1 INTRODUÇÃO

1.1 Matéria orgânica

A matéria orgânica (MO) é a matéria-prima geradora de combustíveis fósseis. A busca

por esses combustíveis em ambiente oceânico faz-se cada vez mais presente, uma vez que a

demanda é alta e reservas terrestres são escassas no Brasil.

A principal fonte de MO nos sedimentos marinhos são os organismos vivos

autotróficos, que através da fotossíntese transformam o carbono inorgânico em orgânico,

disponibilizando-o para os demais níveis tróficos. A contribuição dos organismos eutotróficos

no incremento da MO se dá por meio do crescimento e reprodução (Killops & Killops, 2005).

Após a morte, parte da biomassa dos organismos (normalmente menos de 0,1%) é

sedimentada (Holser et al., 1988, apud Killops & Killops, 2005) e passa a sofrer alterações

causada por fatores físicos, químicos e biológicos (ação bacteriana). Dependendo das condições

de sedimentação a MO pode ser totalmente oxidada na forma de gás carbônico (CO2), ou ser

enterrada e preservada, o que corresponde a uma pequena porção (Hedges & Keil, 1995). Essa

MO preservada nos sedimentos fica submetida a variações de pressão e temperatura, devido ao

aumento gradual do pacote sedimentar e estará sujeita a diversas transformações, que podem ser

conceitualmente separadas em três estágios evolutivos, diagênese, catagênese e metagênese

(Figura 1).

Figura 1: Fase da evolução da matéria orgânica sedimentada. Fonte: Tissot & Welte (1984), apud Silva (2007).

A diagênese corresponde, principalmente, à atividade microbiana sobre a matéria

orgânica em sedimentos recém depositados (temperaturas normalmente inferiores a 65°C). As

3

proteínas e carboidratos são quebrados em aminoácidos e açucares, os lipídeos em glicerois e os

ácidos graxos e ligninas em fenóis e ácidos aromáticos. Além disso, as mudanças químicas mais

presentes nessa fase consistem na perda de grupos funcionais e polimerização, que aumentam a

condensação e insolubilização da matéria orgânica, formando o querogênio e o betume (Killops

& Killops, 2005). É nessa fase em que há produção significativa de metano (CH4).

A catagênese inicia-se quando há aumento significativo da temperatura (até

aproximadamente 120°C), relacionado ao grau geotérmico, o qual consiste no aumento da

pressão devido à deposição sedimentar. Nessa etapa o querogênio perde suas cadeias alifáticas e

é transformado em hidrocarbonetos líquidos, óleo (“janela do óleo”), condensado e gás úmido

(“janela do gás”).

O crescente aumento da temperatura (a partir de 210°C) ocasiona a fase de metagênese,

início do metamorfismo, onde a matéria orgânica se restringe a gás seco e resíduo carbonoso,

que corresponde à facie xisto-verde (Tissot & Welte, 1984).

Os fatores mais favoráveis à preservação e acúmulo de MO nos sedimentos são: um alto

aporte de matéria orgânica (a qual pode ser tanto alóctone como autóctone – geradas distantes

ou no próprio local de deposição, respectivamente), pouco oxigênio dissolvido na coluna de

água e nos sedimentos, baixa hidrodinâmica local, granulometria fina e alta taxa de

sedimentação (Meyers, 1997; Demaison & Moore, 1980).

O estudo da MO em sedimentos, tanto a identificação de sua fonte como o estágio de

maturação térmica em que se encontra, pode ser feito pelo ramo da geoquímica orgânica que

estuda os biomarcadores geoquímicos.

1.2 Biomarcadores geoquímicos

Biomarcadores geoquímicos (também denominados marcadores moleculares ou fósseis

geoquímicos) são moléculas orgânicas complexas e estáveis, presentes em rochas, óleos e

sedimentos, que podem ser analisadas (identificadas e até quantificadas) em cromatógrafos

gasosos com espectômetro de massas acoplado (CG-MS). São derivados de moléculas da

membrana plasmática dos organismos vivos (procarióticos ou eucarióticos), chamadas de

precursoras e que apresentam alto grau de especificidade (Brocks & Summons, 2003). A

unidade estrutural básica da maioria dos biomarcadores é o isopreno ou metilbutadieno (Figura

2). Os grupos de biomarcadores mais estudados podem ser divididos em acíclicos (n-alcanos,

4

com destaque aos isoprenóides - pristano e fitano), cíclicos (esteranos e terpanos) e aromáticos

(esteranos aromáticos e fenantrenos).

Figura 2: Isopreno, unidade estrutural básica dos biomarcadores.

A semelhança entre os biomarcadores e suas moléculas precursoras (sintetizadas pelos

organismos vivos) e a relação entre os diversos biomarcadores fornecem subsídios para

inferência de informações, como origem da MO, características paleoambientais, grau de

evolução térmica, identificação de óleos (fingerprint) e relação rocha-óleo. Entretanto, as

informações separadas não são absolutamente confiáveis, necessitando o maior número de

relações possíveis para se obter uma boa interpretação. Abaixo será descrito as inferência

possíveis de serem obtidas através dos biomarcadores.

Origem da matéria orgânica:

A origem da MO pode ser inferida devido ao fato que organismos distintos sintetizam

moléculas semelhantes em função, mas com estrutura ligeiramente diferente. Isto é, apesar de

todos os organismos sintetizarem esteróis, o número de carbonos na cadeia principal é variável

conforme o habitat. Pode-se inferir, basicamente, se a MO é oriunda de organismos terrestres,

marinhos ou lacustres (Peters et al., 2005; Brocks & Summons, 2003).

Características Paleoambientais:

Dependendo das características ambientais no momento de deposição, as moléculas

podem sofrer alterações diferenciadas (Peters et al., 2005; Cmiel & Fabianska, 2004; Brocks &

Summons, 2003; Holba et al., 2003), como no caso dos isoprenóides que fornecem informações

acerca do pH no ambiente durante sua deposição. As alquenonas são sintetisadas por

organismos com mais insaturações quanto menor a temperatura, gerando informações para

inferência da palotemperatura local (Lourenço, 2007).

5

Ainda, a evolução das espécies indica que os diferentes grupos de organismos (algas,

vegetais superiores, bactérias e fitoplancton) ocuparam determinado ambiente ao longo do

tempo geológico. Consequentemente, muitos biomarcadores são característicos de determinado

tempo cronológico e podem ser utilizados como ferramenta geocronológica (Lima, 2005).

Grau de evolução térmica (maturação):

Com o aumento da temperatura causado pelo grau geotérmico, os biomarcadores sofrem

alterações estruturais (isomerização e aromatização dos compostos) e degradação térmica

(compostos menos estáveis desaparecem – se quebram em moléculas menores sem identificação

– e os mais estáveis se sobrepujam). Assim, o monitoramento dessas alterações e a relação de

compostos estáveis e instáveis permitem estabelecer o grau de maturação térmica da MO em

óleos, sedimentos e rochas (Killops & Killops, 2005; Brocks et al., 2003; Miles, 1989).

Entretanto, a maturação pode variar conforme a litologia da rocha fonte, por exemplo os

minerais de argila apresentam sítios ativos que podem catalisar algumas reações de

isomerização, assim, relações que utilizam isômeros em sua interpretação acusarão uma MO

mais madura do que a realidade, isso ressalta a importância de se utilizar o máximo de

biomarcadores e suas relações quanto for possível, assim como, sua integração com informações

adicionais a cerca do ambiente de estudo, possibilitando uma interpretação mais real.

Identificação de óleos (fingerprint):

A composição dos óleos, principalmente, referente aos biomarcadores, é muito

particular, gerando cromatogramas específicos para cada rocha-fonte, e seu óleo gerado. Essa

caracterização é chamada de fingerprint, exatamente por ser um tipo de impressão digital. O que

pode ser aplicado no caso de identificar responsável por derrames.

Relação rocha-óleo:

O óleo apresentará composição semelhante a seu sítio gerador. Assim, amostras de óleo

podem fornecer informações acerca da rocha geradora, e o oposto também ocorre, quando pode-

se inferir a qualidade do óleo a ser extraído com analise geoquímica do sítio de exploração.

Existem ainda os biomarcadores indicadores de migração, os quais em conjunto com o

conhecimento geológico da bacia permitem conhecer as vias de migração, chegando-se a sua

rocha geradora (Lima, 2005).

6

Grau de degradação:

A degradação de orgânicos, tanto em óleos como em rochas e sedimentos altera a

concentração e composição dos biomarcadores. Ortiz e Gallego (2003) aplicam terpanos e

esteranos como forma de acompanhar a recuperação ambiental, por emprego de

microorganismos aplicados na degradação de óleo, em ambientes contaminados. Lima (2005)

destaca a importância de se identificar em uma bacia, a região menos passível de biodegradação,

aumentando as chances de localizar óleo em melhores condições de exploração.

1.3 Principais biomarcadores e suas relações

Assim, para obtenção das informações supracitadas necessita-se identificar e quantificar

moléculas chave, ou grupos de moléculas e estabelecer relações entre elas. A descrição dos

diversos grupos de biomarcadores, a forma de aplicá-los e interpretá-los seguem abaixo:

1.3.1 Acíclicos

- n-alcanos

Os n-alcanos em geral constituem um grupo de hidrocarbonetos de cadeia aberta.

Podem ser originários, principalmente, de fito e zooplancton, algas, plantas superiores ou

bactérias.

Os n-alcanos de baixa massa molecular (de 12 a 20 carbonos) apontam uma origem

marinha da MO, e os de alta massa molecular, com predominância par (C24 a C32) são

derivados de ceras vegetais de plantas superiores, apontando uma origem continental. Os n-

alcanos leves e ímpares são de origem algálica (Cmiel et al., 2004; Fabianka et al., 2003;

Simons et al., 2003; Peters & Moldowan, 1993; Brassell et al., 1978; Cranwell, 1978;),

entretanto em material mais maduro essa interpretação deve ser mais cautelosa, uma vez que

moléculas mais pesadas podem ser craqueadas (Tissot & Welt, 1984).

O índice preferencial de carbonos (IPC, ou CPI em inglês) aplicados aos n-alcanos é a

razão entre moléculas com quantidade ímpar de carbono sobre as pares, na faixa de 22 a 34

átomos. Este índice fornece o grau de transformação da MO e pode ser utilizado como um

7

indicativo de maturação (Han & Calvin, 1969). Pode ser obtido de três formas distintas (Bray &

Evans, 1961; Philippi, 1965):

Equação 1: Índice preferencial de carbono.

Com o aumento da maturação a concentração de n-alcanos pares tende a aumentar, em

detrimento das ímpares. Portanto, razões de IPC maiores que 1 acusam MO imatura, e tendem a

unidade, conforme se aumenta a maturidade (Killops & Killops, 2005; Bray & Evans, 1961).

Bourbonniere e Meyers (1996) propuseram o índice TAR (razão entre material terrígeno

e aquático) para averiguação da fonte da MO. Em que valores mais altos apontam contribuição

terrígena.

Equação 2: Razão TAR.

- isoprenóides

Os isoprenóindes são alcanos ramificados, dentre os quais, os mais utilizados como

biomarcadores são o pristano (1, 6, 10, 14 – tetrametil-pentadecano) e o fitano (2, 6, 10, 14 –

tetrametil-hexadecano). Estas moléculas se originam da clorofila A de organismos

fotossintéticos. Podem fornecer subsídio para investigação de condições paleoambientais, uma

vez que a cadeia lateral da clorofila é clivada e origina o fitol, o qual em condições anóxicas ou

sub-óxicas (isto é, com pouco oxigênio disponível) é reduzido à diidrofitol e então em fitano,

mas em condições oxidantes é oxidado à ácido fitênico, descarboxilado a pristeno e então

reduzido a pristano (Peters et al., 2005; Regato, 2008; Brooks, 1969).

Temos assim que, altos valores (próximos a 3) da razão pristano/fitano acusam um

ambiente deposicional óxico, característico de matéria orgânica terrestre, enquanto que para

ambientes anóxicos, comumente hipersalinos ou carbonáticos, a razão pristano/fitano é menor

que 0,8 (Peters et al., 2005).

Existe ainda, relação entre os isoprenóides e n-alcanos de 17 e 18 carbonos, capazes de

sugerir origem, grau de biodegradação e maturação da MO. Em que, pristano/n-C17 e fitano/n-

C18 > 1 sugerem MO imatura; ainda, altos valores de P/n-C17 indicam matéria orgânica de

8

origem terrestre, enquanto que os altos valores para F/n-C18 acusam MO de origem marinha

(Peters & Moldowan, 1993).

1.3.2 Alifáticos Cíclicos

Os biomarcadores cíclicos mais conhecidos e aplicados são os grupos dos terpanos e

esteranos. Dentre os terpanos os mais utilizados em estudos geoquímicos são os tricíclicos e os

pentacíclicos, neste último inclui-se o importante grupo dos hopanos e oleananos.

- terpanos tricíclicos

Os terpanos tricíclicos contém, como o nome indica, 3 anéis e apresentam de 19 até 54

(de Grande et al., 1993) átomos de carbono, sendo mais comum os de 25 átomos, ou menos.

Sua origem se dá a partir de membranas procarióticas de bactérias distintas das que originam os

pentacíclicos. São mais resistentes que os pentacíclicos, assim a razão entre os mesmos pode

ser um indicativo da maturidade da MO (Silva, 2007).

Logo, a razão terpanos tricíclicos/hopanos pode ser utilizada como um parâmetro de

correlação, e apresenta maiores valores em função do aumento da maturação térmica (Peters &

Moldowan, 1993; Seifert & Moldowan, 1981)

- terpanos pentacíclicos

São moléculas de 29 a 35 carbonos, distribuídos em 4 anéis de seis e um de cinco

carbonos. São derivados de reações de redução e desidratação (durante a diagenese) do

bacteriohopanotetrol, presente nas membranas celulares dos organismos procarióticos (como

por exemplo, bactéria e cianobactérias) (Waples & Michihara, 1991).

Os hopanos mais utilizados são o 17α(H)-Trisnorhopano (Tm) e seu isômero 18α(H)-

Trisnornehopano (Ts), esse último apresenta configuração mais estável, sendo mais abundante

em MO mais madura. Logo a razão Ts/(Ts+Tm) apresentará maiores valores quanto maior a

maturação da MO, entretanto, essa relação sofre grande influência do tipo de rocha geradora

(carbonática e siliciclástica) e do ambiente deposicional (óxico, anóxico ou hipersalino),

exigindo cautela em sua aplicação (Peters & Moldowan, 1993).

Dentre os oleananos tem-se que o composto 18α(H)-oleanano, apresenta seu precursor

oriundo de plantas superiores terrestres da família das Angiospermas, assim sua presença além

9

de indicar uma origem terrestre da MO, indica que a deposição só pode ter ocorrido no final do

cretáceo, quando surgiram as primeiras angiospermas (Waggoner, 2001; Philip, 1985).

- esteranos

Os esteranos são derivados dos colesteróis (Figura 3), presentes na membrana

plasmática de todos os organismos eucariontes (Killops & Killops, 2005).

Figura 3: Transformação diagenética do percursor Colesterol no biomarcador Colestano, um esterano. Fonte: Silva, 2007.

O número preferencial de carbono na cadeia principal é variável, conforme a origem do

organismo que os sintetizou. Os organismos planctônicos sintetizam esteróis de 27 e 28

carbonos, com destaque ao colesterol (Figura 3), os dinoflagelados são os únicos capazes de

sintetizar o dinosterol (Kooke et al., 1982; Boon et al., 1979), entre os esteróis que compõe as

plantas superiores os mais representativos são o β-sitosterol e o estigmasterol, ambos de 29

carbonos (Saliot et al., 1991; Volkman, 1986; Huang & Meinschein, 1979). Com base nesse

conhecimento, Waples & Michihara (1991) elaboraram um diagrama ternário muito aplicado no

estudo da origem da MO.

A razão colesterol/β-sitosterol, utilizada por Mudge & Lintern (1999), indica MO de

origem terrestre quando apresentar valores próximos a zero, ou planctônica para valores maiores

que 1.

1.3.3 Aromáticos

A utilização de razões relativas de compostos homólogos não substituídos e alquilados,

ou entre homólogos de mesmo peso molecular, pode fornecer informações adicionais sobre a

origem dos HPAs no meio marinho, por poluição com óleo (Lourenço, 2003).

A razão entre a soma da concentração dos metil-fenantrenos e de fenatreno (∑m-

fenantreno/fenantreno) indica origem petrogênica ou de óleos derivados quando apresenta

valores entre 2 e 6, ao passo que valores próximos a 1, acusam origem pirolítica (Medeiros,

10

2000). O mesmo se segue com a razão entre a soma da concentração metil-naftalenos por

naftaleno (∑m-naftaleno/naftaleno) (Martins, 2001). Outras relações empregadas são a razão

benzo[a]antraceno/criseno que, fornecendo valores entre 0,06 e 0,40 indica contaminação por

petróleo, e a razão fluoranteno/pireno, que quando resulta valores entre 0,60 e 1,40 também é

indicativo de poluição (Medeiros, 2000). Além da aplicação dos HPAs em sedimentos

contaminados, a relação entre fenantrenos e seus metilados (MPI) pode ser utilizada em óleos, a

fim de investigar sua maturação e até sua origem (Budzinski et al., 1995). Óleos com

predominância de 9-metilfenantrenos sugerem origem marinha, enquanto o 1-metilfenantreno

predomina em óleos oriundos de rocha continental (Alexander et al., 1987; apud Budzinski et

al., 1995).

Ainda, pode-se traçar uma relação entre hidrocarbonetos aromáticos, saturados e

compostos polares (heterocompostos, ou NSO), através de um diagrama ternário (Figura 4) para

obter-se informações relevantes a evolução térmica da MO em estudo.

Figura 4: Diagrama de proporções de HC saturados, aromáticos e heterocompostos (NSO), para inferência da evolução

térmica da MO. Fonte: Silva (2007).

1.4 Cone do Rio Grande

Apesar da formação da Bacia de Pelotas, como um todo, não ter apresentado uma fase

evaporítica, que favoreceria a geração de petróleo, a região chamada Cone do Rio Grande

contou em sua formação, no terciário com uma fase de intenso aporte sedimentar, propiciando a

preservação da MO e a formação de gás biogênico, que pode ter originado uma reserva de

hidratos de gás (Oliveira et al., 2010; Bizzi et al., 2003; Sad et al, 1998; Sad et al 1997; Fontana

& Mussumeci, 1994). Rosa et al. (2006) identificaram, em estudos geofísicos, feições

características de escape de gás (Figura 5) na região estudada. Segundo Martins e colaboradores

11

(2005) a formação do cone está associada a um antigo delta do Rio da Prata, quando o nível do

mar se encontrava abaixo do presente.

Tendo em vista esse potencial, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e

biocombustíveis – ANP realizou rodadas de licitação para exploração no local, e ainda, coletou

diversos testemunhos ao longo de toda Bacia. Entretanto, estudos geoquímicos na região são

escassos, o pioneiro foi realizado por Correia (2009), buscando uma caracterização geoquímicas

dos sedimentos, mas não contempla os biomarcadores geoquímicos.

Figura 5: Indicação de uma feição característica de escape de gás, encontrada no Cone do Rio Grande. Fonte: Rosa et al.

(2006).

1.5 Laboratório de Oceanografia Geológica – LOG/FURG

O Laboratório de Oceanografia Geológica da FURG – LOG está capacitado para

realizar diversas análises geoquímicas. Adquiriu em 2009 um cromatógrafo gasoso com

espectrômetro de massas acoplado, modelo clarus 600 da PerkinElmer, ocorrendo sua

instalação, em maio desse mesmo ano, sendo realizadas algumas análises de hidrocarbonetos

policíclicos aromáticos (HPAs). No entanto, as analises de biomarcadores, apesar de muito

difundidas e importantes em estudos geoquímicos, são ainda inéditas nesse laboratório.

Em 2008, a ANP contratou a Fugro Brasil – Serviços Submarinos e Levantamentos

LTDA para coleta de testemunhos de toda Bacia de Pelotas. De cada testemunho, a agência

utilizou apenas 20 cm do topo e 20 cm da porção central, doando o restante ao LOG, onde

ficaram armazenados em container refrigerado.

12

1.6 Justificativa

A ANP, por meio do Programa de Recursos Humanos (PRH), capacita acadêmicos de

diversas universidades para atuarem na indústria petrolífera, por meio da concessão de bolsas,

taxa de bancada, participação em congressos, entre outros. O presente trabalho está dentro da

linha de pesquisa do programa PRH-27, denominado “Estudos ambientais em áreas de atuação

da indústria do petróleo”.

O Cone do Rio Grande, como já elucidado anteriormente, possui pouquíssimos estudos

referentes à sua geoquímica orgânica, causando insegurança quanto ao seu potencial como

gerador de óleo ou gás. O conhecimento da sua composição quanto aos biomarcadores podem

gerar informações cruciais na interpretação de sua porção orgânica. Esse conhecimento, anterior

ao início de atividades humanas é fundamental para o acompanhamento da qualidade ambiental.

O estudo de biomarcadores pode ser aplicado para diversas áreas, não apenas correlatas

à óleo e gás. Podem indicar poluição por esgoto, ou hidrocarbonetos, variação de temperatura ao

longo dos anos e condições paleoceanográficas. Assim, a implantação dessa análise no LOG

será fundamental para ampliar a gama de pesquisa oferecida pelo laboratório, a fim de aumentar

o conhecimento geoquímico sedimentar da região, que conta com diversos corpos hídricos em

seu entorno.

Portanto, a carência de conhecimento da região, dada sua potencial importância

econômica, unida a enorme gama de informação que pode ser extraída a partir de estudos de

biomarcadores, foram cruciais para realização do presente trabalho.

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2 OBJETIVOS

O principal objetivo do presente trabalho é implementar a analise de biomarcadores

geoquímicos orgânicos, em sedimentos recentes, no LOG.

Os objetivos secundários são:

- avaliar a adequação da metodologia nos sedimentos do Cone do Rio Grande;

- testar a metodologia de análise de biomarcadores em um óleo pesado;

- elaborar um guia de procedimentos para interpretação ambiental por meio da analise

de biomarcadores;

14

3 METODOLOGIA

3.1 Sedimentos do Cone do Rio Grande

3.1.1 Área de estudo

A Bacia de Pelotas encontra-se no extremo sul do Brasil, sendo seu limite ao norte no

Alto de Florianópolis, e ao sul o Cabo de Polônio (Figura 6). Esses limites foram estipulados

com base nas características estratigráficas e geológicas, para o limite norte e por questões

geopolíticas ao sul, pois, essas mesmas características se seguem até o Alto embasamento de La

Coronilla, no Uruguai, onde, essa porção da bacia é denominada Bacia do Leste. Sua formação

está relacionada à abertura do oceano Atlântico, a partir do jurássico. Durante esse processo,

houve inicialmente a formação de um proto-mar (fase de formação megassequência pós-rifte)

em que a constante sedimentação proporcionou a configuração atual, de uma bacia extensa com

baixa declividade.

Figura 6: Extensão da Bacia de Pelotas com seus limites, e localização do Cone do Rio Grande. Fonte: Rosa et al., 2006.

O Cone do Rio Grande está localizado na porção sul da Bacia de Pelotas, entre as

latitudes 31° e 34° sul e longitudes 48° e 51° oeste. Gerando uma área de aproximadamente,

28.900 km² com volume sedimentar de 5x10¹² m³ (Lopéz, 2009). Correia (2009) identificou

para essa região sedimentos compostos, predominantemente, de silte argiloso, encontrando

15

ainda, maiores valores de carbono orgânico total para amostras oriundas da porção sul do cone.

Segundo os estudos realizados por Santos (2011) a formação do Cone do Rio Grande remonta

ao Holoceno Médio, e apesar de sua composição ser francamente marinha este apresenta

influências de correntes (paleocanais ou paleorios), que proporcionaram aporte continental à

feição.

3.1.2 Amostragem

A coleta dos testemunhos foi realizada entre os meses de janeiro e fevereiro de 2008,

com testemunhador do tipo piston-core. Os testemunhos foram armazenados em container

refrigerado até sua abertura em janeiro de 2011. Apesar de se tratar de moléculas orgânicas, os

biomarcadores são moléculas extremamente resistentes e estáveis, entretanto, o longo tempo de

estocagem pode ter alterado algumas características do sedimento.

Os testemunhos utilizados para analise foram selecionados de forma aleatória,

buscando-se contemplar toda área do Cone. Inicialmente, foram selecionados 4 testemunhos, os

nomeados com a letra “U”, que foram extraídos por ultra-som, e posteriormente, mais 3, os que

apresentam a letra “S” e que foram extraídos por soxhlet (Figura 7).

Figura 7: Testemunhos selecionados para análise. Fonte: Google Earth, acesso em 10/10/2011

16

3.1.3 Coleta de sub-amostra

Por se tratar da análise de compostos traço, tem-se a necessidade de realizar rigorosa

limpeza na vidraria e demais material utilizados, a fim de se diminuir uma possível

contaminação, e ainda, por ser analise de moléculas orgânicas, materiais plásticos foram

evitados ao máximo. Todo material utilizado foi colocado de molho no extran, por 24 horas,

enxaguado com água em abundância e depois com água destilada. Em seguida o material foi

seco em estufa a 105°C (exceto o material volumétrico), e enxaguado, com auxílio de pipeta

Pasteur, com acetona e n-hexano, por 3 vezes.

Os testemunhos foram abertos com auxílio de mesa apropriada, com serra acoplada.

Imediatamente identificou-se a cor do sedimento, com auxílio da tabela Damuth (1984) e

analise com agulha histológica. Separou-se, uma porção dos sedimentos para análise

granulométrica armazenando-os em sacos plásticos identificados. As amostras para analises

geoquímicas foram retiradas da parte central do testemunho, a Tabela 1 indica a profundidade

da coluna d’água e a porção sedimentar acima de onde retirou-se a amostra.

Amostra Lâmina d'água (m) Camada sedimentar (cm)

U4 2197 128

U3 313 192

U2 1598 185

U1 1192 104

S3 1600 66

S2 1020 125

S1 1340 108 Tabela 1: Profundidade da lâmina de água e da camada sedimentar de onde foram retirada as amostras.

As amostras foram distribuídas em placas de Petri (Figura 8), as quais foram

imediatamente postas na estufa (60°C) até que estivessem totalmente secas, o que demorou em

torno de uma semana. Esse sedimento seco foi então desagregado com almofariz de cerâmica e

armazenado em potes de vidro.

Figura 8: Testemunho aberto e amostra em placa de petri.

17

3.1.4 Analise granulométrica

Para obtenção dos dados granulométricos seguiu-se métodos tradicionais de

peneiragem/pipetagem descritos por Suguio (1973). Aproximadamente 500 gramas de

sedimento foram lavados, para retirar todo sal, sendo em seguida secos em estufa a 60°C e

separados em quatro partes iguais (quarteados). Os sedimentos grosseiros (>0,063 mm) foram

peneirados e os finos (<0,063 mm) separados por decantação e pipetagem. Com o auxílio do

programa Sysgram montou-se o digrama de Shepard.

3.1.5 Analise dos biomarcadores

A analise geoquímica pode ser dividida em três etapas principais: extração, separação e

cromatografia gasosa (injeção e interpretação dos cromatogramas).

3.1.5.1 Extração

Durante os procedimentos laboratoriais pode haver perda dos analitos, portanto

necessita-se quantificar essa perda para que os valores finais não sejam subestimados. Assim,

ainda no sedimento adiciona-se os padrões internos (PI), com concentração conhecida e

comportamento semelhante às moléculas de interesse. O cálculo de recuperação pode ser feito

por meio da seguinte equação:

Equação 3 : Cálculo de recuperação por padrão.

Em que R(PI) representa a recuperação do padrão interno e deve estar entre 40% e

120%, CobPI é a concentração obtida do PI, ao final de todo procedimento e CrPI a

concentração real do PI.

A extração consiste na retirada da porção orgânica do sedimento. Para tanto, podem ser

utilizadas duas técnicas distintas, soxhlet ou ultra-som. Inicialmente, utilizou-se ultra-som, para

10g de sedimento. Entretanto, não se pode identificar os biomarcadores satisfatoriamente.

Portanto, testou-se em maiores quantidades, e aplicou-se a metodologia soxhlet em novas

amostras (Tabela 2).

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Amostra Massa Extração

U1 10g Ultra-som

U2 10g Ultra-som

U3 10g Ultra-som

U4a 10g Ultra-som

U4b 100g Ultra-som

S1 100g Soxhlet

S2 100g Soxhlet

S3 100g Soxhlet

Tabela 2: Massa de cada amostra e a técnica de extração utilizada.

Para ambas as técnicas, o sedimento foi pesado em filtro de papel, previamente extraído.

Adicionou-se os padrões, 400 µL do 5-β-colano (da Chiron, de modo a obtemos concentração

final de 1,2 ppm) para os alifáticos e 100 µL do o-terfenil (Supelco, para obtenção final de 0,4

ppm). Um intervalo de 4 horas foi realizado antes de iniciar a extração. Os procedimentos de

extração foram realizados conforme descritos nos métodos da EPA 3550C e 3540C, para as

extrações por ultra-som e soxhlet, respectivamente.

No procedimento em ultra-som (Figura 9-A) os filtros com os sedimentos pesados

foram postos em béquer e completados com aproximadamente 40 mL de solvente

(diclorometano e n-hexano 1:1), ficando em ultra-som por 15 minutos, em seguida retirou-se o

extrato e repetiu por duas vezes o procedimento. Por fim, os extratos foram filtrados (com filtro

extraído) em balão de fundo chato. Esse extrato final foi então, rotaevaporado à 1 mL (Figura 9-

C).

A extração por soxhlet (Figura 9-B) foi feita com os mesmos solventes supracitados,

sendo necessário um volume de aproximadamente 250 mL, e teve duração de 12 horas (tempo

para que se complete aproximadamente 50 refluxos). Como nas amostras de ultra-som, os

extratos foram rotaevaporados à 1 mL.

19

Figura 9: Extração por ultra-som (A); extração em soxhlet (B); amostra em rotavapor (C).

3.1.5.2 Cleanup

O cleanup, refere-se a separação do extrato em duas fases: alifáticos e aromáticos. Para

tanto, utilizou-se a cromatografia líquida por gravidade (Figura 10), adaptada do método 3611B

da EPA. O adsorvente, ou fase estacionária é composto por 3,2 g de sílica e 1,8 g de alumina,

calcinadas e ativadas. A calcinação foi feita em forno de mufla à 500° C por 4 horas e posterior

reserva em dessecador por 2 horas, e, por fim, a ativação se deu com a adição, de 5% do peso do

material, de água livre de orgânicos, agitados por 2 horas em mesa agitadora própria para esse

fim.

A coluna foi inicialmente lavada com n-hexano, colocou-se em seguida a sílica diluída

em n-hexano, lentamente e batendo com um artefato de borracha de forma a compactá-la bem

de modo que não haja formação de bolhas (visando evitar o surgimento de caminhos

preferenciais, pelos quais a amostra pudesse escoar sem ser adsorvida). O mesmo procedimento

foi realizado com a alumina, tomando-se o cuidado de não deixá-la em contato com o ar, e por

fim, foi posta uma camada de aproximadamente 1 cm de sulfato de sódio, para garantir que a

alumina não entrasse em contato com o ar. Lavou-se novamente a coluna com n-hexano.

20

Figura 10: Coluna de cromatografia líquida, para separação das frações F1 e F2.

O extrato foi colocado na coluna em seguida eluido com 10 mL de n-hexano, para

remoção dos alifáticos (F1), seguido de 10 mL de n-hexano/diclorometano (1:1), para obtenção

da fração aromática (F2). Os solventes são variáveis na bibliografia, o importante é o fato de a

polaridade do solvente F1 ser semelhante a das moléculas orgânicas alifáticas, e o do F2 às

moléculas aromáticas, para que essas sejam eluidas, ou fiquem adsorvidas conforme o interesse.

Para estudo de resinas e asfaltenos em óleo ou ambientes contaminados faz-se uma terceira

eluição, com solvente ainda mais polar, tal como tolueno ou metanol, obtendo-se uma terceira

fração (F3). No presente estudo por se tratar de sedimento recente, e de local possivelmente

livre de contaminação optou-se por não analisar essa fração.

3.1.5.3 Cromatografia Gasosa

Injeção

A rampa de temperatura para injeção dos alifáticos no cromatógrafo iniciou-se a 80°C,

após 4 minutos aumentou numa taxa de 2°C/min até 200°C, que foram mantidos por 10

minutos, sendo recomeçado o aumento a 1°C/min até que se atingisse 300°C, mantidos por 20

minutos (Figura 11).

As rampas apresentam a variação de temperatura, em graus celsius no eixo das

coordenadas e a variação do tempo, em minutos no eixo das abscissas.

21

Figura 11: Rampa de temperatura para analise dos compostos alifáticos.

Para analise dos aromáticos, testou-se duas rampas diferentes:

Rampa 1 – Aromáticos (Figura 12)

Figura 12: Rampa 1 para analise da fração F2.

Na rampa 1, a temperatura inicial de 50°C foi mantida por 1 minuto, a partir do qual

houve aumento de 20°C/min até 190°C, passando à taxa de 1°C/min até 250°C, seguindo com

aumento de 2°C/min até 300°C, mantidos por 12 minutos.

Rampa 2 – Aromáticos (Figura 13).

Figura 13: Rampa 2 para analise de F2.

Temperatura inicial de 50°C foi mantida por 1 minuto, seguida de aumento gradual de

3°C/min até o limite de 310°C, que foi mantido por 10 minutos.

22

Interpretação dos cromatogramas gerados

Para quantificação exata das moléculas, necessita-se injetar uma curva de calibração

com os compostos que se pretende quantificar, em diferentes e conhecidas concentrações. No

LOG existe padrões para curva de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA), composta por

um mix com os 16 compostos prioritários da EPA. No entanto, os trabalhos envolvendo

biomarcadores, normalmente, não utilizam quantificação pois os padrões são muito caros, sendo

as relações baseadas apenas na área dos picos. A quantificação é utilizada apenas para o cálculo

de recuperação através dos padrões internos.

Os cromatogramas foram gerados no modo full scan para que se pudesse obter um

panorama geral de todos os compostos presentes. Entretanto, dentro desse cromatograma geral o

programa Turbo Mass é capaz de gerar um cromatograma específico com as moléculas de

interesse. Para tanto, se faz necessário o conhecimento da relação massa-carga (m/z) das

moléculas buscadas, isso porque a identificação de moléculas se dá pela quebra da mesma em

diversos íons, ou fragmentos de molécula que irão gerar um espectro de massa particular a cada

composto. A relação m/z é obtida através da relação da massa molecular pela carga elétrica do

íon.

A identificação dos picos encontrados é feita pela espectrometria de massa (Medeiros &

Simoneit, 2007). Um espectrômetro de massa (MS, do inglês) é um instrumento utilizado para

medir valores de m/z e a abundância relativa dos íons de uma molécula (IUPAC), como cada

molécula possui seu espectro de massa particular, pode-se identificá-las.

Por exemplo, os terpanos pentacíclicos se quebram em dois fragmentos identificáveis,

correspondentes ao m/z 191 e 148 (Figura 14), sendo que em seu espectro poderá haver outro

fragmento, correspondente a sua cadeia lateral, que é variável (Silva referencia 22).

Figura 14: Esquema de um terpano pentacíclico mostrando região mais frágil da molécula, que irá gerar os íons lidos no

espectro de massa. Fonte: Hunt (1995), apud Silva (2007).

23

3.2 Analise do óleo

É comum utilizar cromatogramas de óleos conhecidos para identificação de compostos

que não apresentem padrão disponível. Há ainda a possibilidade de utilizar-se do óleo como

matriz de estudo. Portanto, faz-se necessário analisar biomarcadores, também em óleo.

Devido a natureza do óleo é necessário que seja feira uma centrifugação. Sendo assim,

adicionou-se 10 mL de metanol a 10 mL de óleo deixando em centrífuga média por cerca de 10

minutos. Retirou-se o extrato e repetiu-se o procedimento por mais duas vezes.

Foram testadas 3 diluições do óleo, de 5, 10 e 50 vezes, para melhorar a resolução dos

cromatogramas gerados. As diluições foram feitas em metanol. O restante da analise seguiu o

exposto acima.

3.3 Elaboração do guia

O guia foi montado a partir dos diversos trabalhos consultados, objetivando concentrar e

resumir as informações básicas para dinamizar e facilitar a analise de MO por meio dos

biomarcadores. Para tanto, separou-se em tópicos de aplicação, isto é, a informação que se

pretende obter como “Maturação”, “Condições Paleoambientais”, “Origem” e “Contaminação

por óleos”. A partir daí, inseriu-se as relações mais utilizadas, denominando as moléculas

relacionadas e a relação massa/carga (m/z) utilizada para sua identificação.

24

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 Implementação da analise

4.1.1 Comparação das Rampas

Os testes para implementação da analise foram realizados com um óleo pesado em

processo de degradação. A aplicação de um eficiente programa de temperatura garante a boa

separação dos compostos da amostra a ser analisada, e consequentemente uma boa visualização

no cromatograma. As duas rampas de temperatura testadas no óleo estão referidas na

metodologia e os respectivos cromatogramas, referentes a fração F2 (compostos aromáticos)

encontram-se abaixo (Figura 15):

Figura 15: Cromatogramas gerados pelas diferentes rampas. Rampa 1 à esquerda e rampa 2 à direita.

A temperatura se relaciona com a pressão de vapor do analito, o aumento brusco na

temperatura acarreta o aumento da pressão de vapor, causando diminuição no tempo de

retenção, isto é, o composto passa menos tempo na fase estacionária e se volatiliza mais

rapidamente (Urias, 2002). Assim, quanto maior for a taxa de aumento (maior inclinação na

rampa de temperatura) mais rápida se dará a analise, e menor será a diferença entre os tempos

de retenção, dificultando a analise do cromatograma.

A rampa 2 apresenta inicialmente uma menor inclinação, a taxa de aumento da

temperatura é menor, o que permite aos inúmeros compostos presentes no óleo uma

volatilização mais gradual, consequentemente os tempos de retenção apresentaram um intervalo

mais amplo. A resolução do cromatograma gerado pela 2ª rampa foi melhor e os picos se

apresentam melhor resolução. Sendo assim, essa rampa de temperatura foi a escolhida para

analise dos biomarcadores.

25

4.1.2 Quantidade extraída

A quantificação de hidrocarbonetos aromáticos é uma analise já implementada no LOG,

na qual é realizada inicialmente a construção de uma curva de calibração, através da injeção de

um mix desses compostos de concentração conhecida, pode-se quantificar esses compostos. A

Tabela 3, abaixo, apresenta a concentração dos compostos passíveis de serem quantificadas, em

ppb, referentes a amostra U4. Ambas foram extraídas por ultra-som, porém com massas

diferentes.

Composto U4 (10g) U4 (100g)

Naftaleno 7,9 6,35

1 metilnaftaleno 44,66 40,29

2 metilnaftaleno 24,54 21,75

Bifenil 15,88 16,89

2,6 dimetilnaftaleno 56,03 33,17

Acenaftileno N.D. N.D.

Acenafteno 5,34 6,63

Fluoreno 13,53 15,91

Dibenzothiophene N.D. N.D.

Fenantreno 30,88 35,71

Antraceno N.D. N.D.

Fluoranteno 14,75 20,12

Pireno 32,82 25,76

Benzo(a)antraceno N.D. N.D.

Criseno N.D. 69,79

Benzo(b)fluoranteno N.D. N.D.

Benzo(k)fluoranteno N.D. 20,55

Benzo(a)pireno N.D. N.D.

Perileno N.D. N.D.

Benzo(e)pireno 299,37 2316,83

Indeno(1,2,3-cd)pireno N.D. N.D.

Dibenzo(a,h)antraceno N.D. N.D.

Benzo(g.h.i)perileno 52,53 86,01

Tabela 3: Quantificação (em ppb) de compostos aromáticos de uma mesma amostra, extraída por ultra-som, com massas

diferentes. N.D. indica que não houve a detecção do composto.

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O aumento na massa de amostra extraída deve apresentar concentração semelhante, uma

vez que se trata da mesma amostra, entretanto, como as análises prévias de carbono orgânico

total efetuadas nessas amostras foram baixas, indicando se tratar de material pobre em matéria

orgânica, optou-se por aplicar a metodologia para maiores quantidades de amostra, com a

expectativa de que a quantia de composto disponível para analise seja maior, acarretando maior

sucesso na leitura do cromatograma.

De modo geral os compostos apresentaram concentração semelhante, nota-se que alguns

compostos apresentaram concentrações ligeiramente maiores na primeira amostra, o que pode

ser explicado baseado na recuperação, calculada com base no o-terfenil, que foi 8,17% menor

na segunda analise (Tabela 4).

Os hidrocarbonetos mais pesados se caracterizam por compostos de difícil detecção. A

amostra com maior massa extraída forneceu uma quantificação mais satisfatória desses

compostos, em especial o benzo(e)pireno, mostrando para esses casos mais indicado o uso de

maior massa. No entanto para sedimentos, ou fragmentos de rocha com alto teor de MO,

acredita-se que 10 g sejam suficientes para análise.

4.1.3 Tipo de extração

A recuperação das amostras encontra-se na Tabela 4, a seguir, na qual a sigla “Cob” se

refere à concentração obtida:

Amostra Cob o-terfenil Recuperação %

U1 211,2 52,80

U2 262,7 65,68

U3 166,1 41,53

U4 (10g) 185,85 46,46

U4 (100g) 153,16 38,29

S1 408,46 102,12

S2 329,38 82,35

S3 183,03 45,76

Tabela 4: Concentração obtida (Cob) do o-terfenil e a recuperação para cada amostra.

Segundo Ribani e colaboradores (2004) os intervalos aceitáveis de recuperação estão

entre 70 e 120%, com precisão de até ± 20%. Porém, dependendo da complexidade analítica e

da amostra, este valor pode ser de 50 a 120%, com precisão de até ± 15%. Por se tratar de uma

análise consideravelmente complexa, os níveis de recuperação se mostram satisfatórios. Nota-se

27

que de modo geral, a extração por soxhlet obteve melhores recuperações, apresentando uma

média de 76,74% contra 48,95% das amostras extraídas por ultra-som.

Entretanto, a extração por ultra-som chega a ser até oito vezes mais rápida do que a

extração por soxhlet, e o gasto com solvente também é sensivelmente menor (menos da

metade), o que além de tornar o processo mais barato o torna menos prejudicial ao meio

ambiente. Ademais, Emídio e Dórea (2010) concluíram em seus estudos que a extração via

ultra-som apresenta eficiência comparável à via soxhlet. Como esse foi um teste preliminar,

recomenda-se aplicá-lo a maior numero de amostras da mesma região e com repetição.

4.2 Cone do Rio Grande

4.2.1 Coloração dos sedimentos

Os testemunhos mostraram-se muito semelhantes entre si e homogêneos, apresentando

predominantemente a cor olive-gray na porção central e light olive-gray nas margens (Figura

16), esse padrão sugere uma possível interação entre o plástico do testemunho e o sedimento. A

coloração olive-gray é comumente encontrada em argilas marinhas, e indica que sua geração

pode estar relacionada à ambientes redutores de baixa energia (Sanders et al., 1970).

Figura 16: Coloração comum aos testemunhos analisados, olive-gray na porção central e light olive-gray nas margens.

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4.2.2 Granulometria

A análise granulométrica indicou predominância de argila síltica e silte argiloso (Figura

17), que representam sedimentos com granulometria fina. Esse resultado vem de encontro ao

relatado por Martins e colaboradores (2003), elucidado na Figura 18. Segundo esses autores a

origem do corpo lamoso que compõe o Cone do Rio Grande está relacionada a uma

contribuição pretéria do Rio da Prata e das Terras Altas do Rio Grande do Sul que depositavam

ali sua carga sedimentar quando o nível do mar econtrava-se abaixo do atual. Os sedimentos

finos são extremamente sucetíveis a transportes, assim, os ambientes que premitem sua

deposição são, necessariamente, caracterizados por baixa energia. A hogeneidade dos

testemunhos pode ser explicada pelo significativo retrabalhamento e boa seleção dos sedimentos

terrígenos que chegam ao talude, pela bacia de drenagem.

Figura 17: Diagrama de Shepard para as amostras U1, U2, U3 e U4 acima, e para as amostras S1, S2 e S3, abaixo.

Com auxílio de agulha histológica pôde-se identificar em alguns testemunhos, pequenos

grumos de areia, que podem ter sido carreados por fluxos gravitacionais, trazem sedimentos

mais grosseiros (que compõe a porção mais interna da plataforma) para regiões mais distais.

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Figura 18: A composição sedimentar fina do Cone do Rio Grande e a proximidade com grãos de areia que podem ter

originado os grânulos encontrados nos testemunhos. Fonte: Martins et al. (2003).

4.2.3 Interpretação dos cromatogramas

Hidrocarbonetos Alifáticos

Os cromatogramas gerados a partir da fração F1 das amostras, não exibiram os

compostos procurados (n-alcanos, isprenóides, esteranos e terpanos alifáticos). Abaixo se

encontra o cromatograma correspondente ao m/z 85 (Figura 18) da amostra S1. O padrão de

distribuição dos n-alcanos em sedimento, não é tão característico quanto em óleos, dificultando

sua identificação por comparação com a bibliografia.

Figura 19: Cromatograma m/z 85 da amostra S1.

30

As amostras foram analisadas por cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de

massa (GC-MS), entretanto, os n-alcanos, apresentam melhor resolução quando analisados com

detector de ionização em chama (FID), em que não há quebra de moléculas, sendo mais

indicado para compostos que apresentem fragmentos com baixo peso molecular (Peters et al.,

2005).

O cromatograma referente ao m/z 217, que corresponde aos esteranos alifáticos, exibe

apenas o pico referente ao padrão injetado, o 5-β-colano (Figura 20), o que indica a ausência

destes compostos.

Figura 20: Cromatograma m/z 217 da fração F1, da amostra S3, o pico refere-se ao padrão interno (5-β-colano).

Hidrocarbonetos Aromáticos

Quanto a fração F2, também não se conseguiu identificar a presença de esteranos ou

terpanos aromáticos, correspondentes ao m/z 231 e 253, apenas o padrão o-terfenil (Figura 21).

Figura 21: Cromatograma da fração F2, m/z 231 da amostra U4, o pico indicado é referente ao padrão o-terfenil.

31

4.3 Análise do óleo

4.3.1 Centrifugação

O óleo contém uma grande proporção de compostos orgânicos. Entretanto, os

compostos mais pesados devem ser separados, pois sua injeção causaria danos a coluna do

cromatógrafo. Assim, considerou-se a necessidade de realizar a centrifugação do óleo. A

principio realizou-se a centrifugação apenas uma vez por dez minutos, mas o extrato final,

correspondente a fração F2 (obtido após o clean up) apresentou coloração demasiadamente

escura. Então, realizou-se a centrifugação por três vezes, obtendo por fim o extrato final mais

claro, permitindo mais segurança para sua injeção no cromatógrafo.

4.3.2 Diluição

Foi injetado 1 µL do extrato do óleo, mas o cromatograma obtido apresentou baixa

resolução (Figura 22-A). Sendo assim diluiu-se o extrato a diversas concentrações, com

metanol, obtendo os cromatogramas exibidos na Figura 22, abaixo:

Figura 22: Cromatogramas do óleo sem diluição (A) e diluído 5 (B), 10 (C) e 50 (D) vezes.

Nota-se que o cromatograma referente ao extrato sem diluição (Figura 22-A) não

resolve satisfatoriamente os compostos analisados. Sendo o cromatograma que permite melhor

32

analise e comparação com cromatogramas da literatura o correspondente ao do óleo diluído 50

vezes (Figura 22-D).

4.3.2 Interpretação dos cromatogramas obtidos

Hidrocarbonetos Alifáticos

O cromatograma abaixo (Figura 23) é referente ao m/z 85 da fração F1 do óleo, nele foi

possível identificar, através da biblioteca do equipamento alguns biomarcadores da família dos

n-alcanos e o pristano.

Figura 23: Distribuição dos n-alcanos, no m/z 85 da fração F1 do óleo.

A correta identificação dos demais picos, através da biblioteca do aparelho, não foi

possível. Demonstrando a necessidade de injeção de padrões conhecidos. Entretanto, pelo

padrão de distribuição esperado pelo aumento do tempo de retenção conforme o tamanho da

molécula, pode-se inferir os demais picos.

33

Hidrocarbonetos Aromáticos

O cromatograma referente ao m/z 191, apresentou alguma semelhança com o de óleo

venezuelano (Figura 24), gentilmente cedido pela professora Liliana López da Universidad

Central de Venezulela, Faculdad de Ciencias – Instituto de Ciencias de la Tierra. Tal

cromatograma, traz identificado compostos de interesse.

Figura 24: Comparação do cromatograma m/z 191 do óleo com óleo venezuelano identificado.

Apesar dos picos não apresentarem áreas idênticas, a semelhança entre eles pode

auxiliar na identificação de compostos.

34

5 GUIA

O guia foi elaborado pela necessidade de se compilar as diversas relações de

biomarcadores utilizadas nos diversos trabalhos consultados, de forma a facilitar e agilizar a

consulta das mesmas. Pode haver a descoberta de novas relações, exigindo uma atualização

constante do guia. As relações são feitas com base na área do pico dos compostos indicados. A

utilização das relações deve ser feita com cautela, necessitando-se o maior numero de relações

possíveis casadas a outros conhecimentos (como geologia) do material de estudo buscando a

melhor interpretação possível.

35

Guia para Interpretação de Biomarcadores

Maturação

- Razão de isomerização dos homohopanos 22S/(22S+22R):

Interpretação: O hopano produzido biologicamente possui a configuração 22R, sendo

convertido gradualmente à mistura dos diastereisômeros 22R e 22S. As amostras cuja razão se

encontra na faixa de 0,50 a 0,54, mal entraram na faixa de geração de óleo, enquanto razões

entre 0,57-0,62 indicam que a fase principal de geração foi alcançada;

Moléculas: Pode ser realizada com quaisquer par de epímeros de homopanos (que são

caracterizados por apresentarem a configuração 17α(H),21β(H)-hopano), de 31 à 35 carbonos,

normalmente utiliza-se as moléculas com 31 ou 32 carbonos.

m/z: 191.

-Razão Moretanos/Hopanos:

Interpretação: Decresce com a maturação térmica de aproximadamente 0,8 em betumes

imaturos para menos que 0,15 em rochas maturas e óleos, até um mínimo de 0,05;

Moléculas: 17β, 21α(H)-29-homohopano e soma dos hopanos.

m/z: 191.

- Ts/Tm

Interpretação: aumenta a relação proporcionalmente ao aumento da maturidade.

Moléculas: 18α(H)-22,29,30-trisnorneohopano, 17α(H)-22,29,30-trisnorhopano.

m/z: 191, entretanto, por haver a possibilidade de co-eluição com terpanos tri e

tetracíclicos, pode-se utilizar o cromatograma de massas m/z 370, que corresponde ao íon

molecular de ambos os compostos.

- C29Ts/ (C29 hopano+C29Ts)

Interpretação: Aumentam com o aumento da maturação térmica (Hughes et al., 1985;

Sofer et al., 1986).

Moléculas: C29 18α(H)-22,29,30-trisnorneohopano, 18α-30-norneohopano, C29 17α-

hopano.

m/z: 191.

- Razão de isomerização dos C29 ββ/(ββ +αα) esteranos,

36

Interpretação: A razão aumenta com o progressivo aumento da maturação. A plotagem

conjunta desta razão e da razão 20S/(20S+20R) para os C29 esteranos é uma das formas mais

usadas na descrição da maturação térmica de rochas geradoras e óleos;

Moléculas: 5α,14α,17α - Estignastano 20S e 20R; 5α,14β,17β - Estigmastano 20S e

20R.

m/z: 217.

- Índice Preferencial de Carbono (IPC)

Interpretação: Maturação: apresenta índices maiores quanto menor o grau de maturação;

Origem: ambientes lacustres favorecem a formação de n-alcanos ímpares, IPC>1, óleos

marinhos apresentam predominância de n-parafinas pares, logo IPC<1, entretanto essa relação

tende a desaparecer com o aumento da maturação (Peters & Moldowan, 1993; Mello et al.,

1988).

Moléculas: n-alcanos de 22 à 34 carbonos

m/z: 85

Equações:

- Gráfico pristano/n-C17 por fitano/n-C18

Interpretação: A relação entre n-alcanos de 17 e 18 carbonos e pristano e fitano, onde

pristano/n-C17 e fitano/n-C18 > 1 indicam MO imatura; ainda, altos valores de P/n-C17

indicam matéria orgânica de origem terrestre, enquanto que os altos valores para F/n-C18

acusam MO de origem marinha. Pode-se ainda plotar essas equações em gráfico.

Moléculas: n-alcanos de 17 e 18 carbonos e 1, 6, 10, 14 – tetrametil-pentadecano; 2, 6,

10, 14 – tetrametil-hexadecano.

m/z: 85, 99 ou 113.

Gráfico:

37

Figura 25: Correlação dos parâmetros de origem pristano, fitano e n-alcanos de 17 e 18 carbonos. Adaptado de Regato

(2008).

- Razão terpanos tricíclicos/pentacíclicos

Interpretação: Aumenta com a maturação (Seifert & Moldowan, 1981).

Moléculas: Soma dos terpanos tricíclicos; soma dos hopanos (terpanos pentacíclicos).

m/z: 191.

- MNR (2-metilnaftaleno/1-metilnaftaleno)

Interpretação: Com o aumento da maturação há uma mudança da metila da posição -α

para a posição –β dos naftalenos que é termicamente mais estável (Milligan et al, 1956). Assim,

essa relação será maior quanto mais matura a MO (Radke et al, 1984).

Moléculas: 1 e 2-metilnaftaleno.

m/z: 142

- DNR

Interpretação: Aumenta com o aumento do maturidade.

Moléculas: 1,5; 2,6 e 2,7 -dimetilnaftalenos

m/z: 156

Fórmula:

- DPR

Interpretação: Os isômeros β-substituídos são menos estericamente impedidos que os

isômeros α-substituídos com o aumento da maturação.

Moléculas: 1,6; 2,6; 2,7; 2,10 dimetilfenantreno

m/z:156.

Fórmula:

38

Condições Paleoambientais

- relação pristano/fitano

Interpretação: Altos valores acusam um ambiente deposicional óxido, os valores desta

razão normalmente se encontram na faixa entre 0,8 e 3,0, sendo que para ambientes óxicos

característicos de matéria orgânica terrestre a razão pristano/fitano é maior que 3,0, enquanto

que para ambientes anóxicos, comumente hipersalinos ou carbonáticos, a razão pristano/fitano é

menor que 0,8 (Peters et al., 2005). Em geral, valores menores que 1 podem indicar condições

anóxicas sugerindo uma origem marinha para MO, enquanto valores maiores que 1 indicam

condições óxicas, relacionada a origem terrestre da MO (Mello et al., 1988; Maxwell, 1990).

Moléculas: 1, 6, 10, 14 – tetrametil-pentadecano; 2, 6, 10, 14 – tetrametil-hexadecano

m/z: 99 ou 113

- Relação Ts/(Tm+Ts)

Interpretação: Baixos valores indicam ambiente óxidos, provavelmente oriundo de

rochas carbonáticas, enquanto que valores mais altos estão relacionados a ambientes anóxidos

onde a deposição ocorreu em condições hipersalinas.

Moléculas: 17α(H)-22, 29, 30-trisnorhopano; 18α(H)-22, 29, 30 -trisnorneohopano.

m/z: 191 ou 370.

Origem

- colesterol/β-sitosterol

Interpretação: Indica MO de origem terrestre quando apresentar valores próximos a

zero, ou planctônica para valores maiores que 1 (Mudge & Lintern, 1999).

Moléculas: colesterol e β-sitosterol

m/z: 217

39

- Razão diasteranos/esteranos

Interpretação: Baixos valores indicam matéria orgânica anóxica pobre em material

argiloso, como rochas carbonáticas ou hipersalinas. Já altos valores, são típicos de rochas

geradoras ricas em argila como por exemplo, ambientes lacustres e marinho deltáico

Moléculas: 13β,17α(H)-Diacolestano 20R e 20S; soma dos esteranos.

m/z: 217

- Razão hopano/esteranos

Interpretação: Em geral, altas concentrações de esteranos e baixos valores de razão

hopano/esteranos (menor ou igual a 4) indicam deposição de matéria orgânica marinha com

maior contribuição de organismos planctônicos e/ou algas. Diferentemente, baixas

concentrações de esteranos e altos valores de razão hopano/esteranos (maior que 7) indicam

deposição de matéria orgânica terrestre e/ou microbialmente retrabalhada.

Moléculas: 17α(H), 21β(H)-hopano; 5α(H), 14α(H), 17α(H)-colestano 20S e 20R

m/z: 191 e 217

- 18 α(H)-oleanano

Interpretação: Por ser oriundo de vegetais superiores da família das angiospermas, sua

presença indica origem vegetal da MO, com idade do final do cretácio.

Moléculas: 18 α(H)-oleanano

m/z: 191.

- Relação Esteranos Regulares C29-C28-C27

Interpretação: A predominância dos C29 esteranos indica contribuição terrestre

enquanto a predominância dos C27 esteranos maior contribuição de plâncton marinho, os C28

esteranos, quando em maior proporção, indicam maior contribuição de algas lacustres

(Moldowan et al., 1985).

Moléculas: Colestano, Ergostano e Sitotano.

m/z: 217

Gráfico:

40

Figura 26: Diagrama ternário dos esteranos regulares, indicando possível fonte de matéria orgânica. Fonte: Adaptado de

Peters et al. (2005).

- TAR

Interpretação: A relação de n-alcanos TAR será maior quanto maior for a influência

terrestre na MO (Bourbonniere e Meyers, 1996).

Moléculas: n-alcanos de 15 à 31 carbonos

m/z: 99 ou 113

Fórmula:

- Tr/17α-hop

Interpretação: Razões altas sugerem origem de ambientes lacustres salinos e marinhos

carbonáticos (Regato, 2008).

Moléculas: Soma dos terpanos tricíclicos; soma dos hopanos com configuração 17α(H),

de 19 a 33 carbonos.

m/z: 191.

- Tet24/17α-hop

Interpretação: Altos valores estão relacionados a uma origem terrestre (Aquino Neto,

1983)

Moléculas: Soma dos terpanos tetracíclicos de 24 carbonos; soma dos 17α(H) hopanos

de 19 a 33 carbonos.

m/z: 191.

- C34/C35-hop

41

Interpretação: Altos valores estão relacionados a ambientes lacustres, enquanto valores

menores acusam ambiente marinho para formação da MO (Mello, 1988)

Moléculas: Soma dos hopanos de 34 carbonos e dos de 35, de mesma configuração.

m/z: 191.

- TPP/Dia27

Interpretação: Altos valores sugerem óleo de origem lacustre, enquanto valores menores

indicam uma origem marinha (Holba, 2000).

Moléculas: soma dos tetracíclicos polipernóides; diasterano de 27 carbonos.

m/z: 217

- Dibenzotiofeno/Fenantreno

Interpretação: Indicam a litogia da rocha geradora. Valores maiores que um indicam

ambientes carbonáticos, enquanto valores menores que um, xisto.

Moléculas: Dibenzotiofeno e fenantreno.

m/z: 178 e 195.

Contaminação por óleo

-25-NH/17α-Hop

Interpretação: Maior será o valor da razão quanto mais biodegradado estiver o óleo.

Moléculas: 25-norhopano; 17α(H)-hopanos.

m/z: 191.

- ∑m-fenantrenos/fenantrenos e ∑m-naftalenos/naftalenos

Interpretação: Valores entre 2 e 6 indicam origem petrogênica ou de óleos derivados,

enquanto que valores próximos a 1 possível origem pirolítica ou óleos (Martins, 2001;

Medeiros, 2000).

Moléculas: Fenantrenos, naftalenos e seus metilados.

m/z: 142 e 192.

- Benzo[a]antraceno/criseno

Interpretação: Indica poluição por petróleo na faixa entre 0,06 e 0,4 (Medeiros, 2000)

Moléculas: benzo(a)antraceno e criseno

m/z: 228.

42

- Fluoranteno/perileno

Interpretação: Indica poluição por petróleo na faixa entre 0,6 e 1,4 (Medeiros, 2000)

Moléculas: Fluoranteno e perileno.

m/z: 202 e 252.

43

6 CONCLUSÃO

O presente trabalho veio como uma proposta de iniciar uma linha de pesquisa no LOG,

bem como contribuir na investigação dos sedimentos do Cone do Rio Grande por meio dos

biomarcadores.

A identificação da presença de biomarcadores no óleo sugerem que a implantação do

método no LOG foi satisfatória, identificando a necessidade da obtenção de padrões e material

certificado para a melhor identificação dos mesmos.

Nos cromatogramas das amostras do Cone do Rio Grande não foi possível identificar a

presença dos biomarcadores buscados, impossibilitando a aplicação das relações apontadas no

guia. Tal fator pode ser devido ao baixo teor de matéria orgânica no sedimento, ou ao longo

tempo de estocagem que pode ter alterado as condições naturais. Recomenda-se a utilização de

técnicas mais sensíveis para essa investigação, tal como MS/MS, bem como coleta de novas

amostras.

As analises de granulometria e coloração sugerem um ambiente deposicional estável de

baixa energia, de acordo com os resultados elucidados na literatura consultada.

44

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