a busca da água no sertão a busca da água no sertão

86
CONVIVENDO COM O SEMI-ÁRIDO cmyk A BUSCA DA ÁGUA NO SERTÃO A BUSCA DA ÁGUA NO SERTÃO cmyk

Upload: dinhkhanh

Post on 08-Jan-2017

219 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

CONVIVENDO COM O SEMI-ÁRIDO

cmyk

A BUSCA DA ÁGUANO SERTÃO

A BUSCA DA ÁGUANO SERTÃO

cm

yk

Page 2: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

CO

MO

SU

RG

IU E

STA

AP

OS

TIL

A?

Nos

curs

os

com

lavr

adora

s e la

vradore

s usa

mos

sem

pre

cart

aze

s gra

ndes

e c

olo

ridos,

para

trata

r de c

ada a

ssunto

. As

pess

oas,

ao reto

rnare

m à

s su

as

com

unid

ades,

queriam

repa

ssar os

ass

unto

s para

a c

om

panheirada e

sentia

m fa

lta d

o m

ate

rial v

isual.

Daí

part

imos

para

faze

r có

pia

s dos

cart

aze

s, fo

toco

pia

dos

e c

olo

ridos

à m

ão, p

ara

faci

litar a c

ontin

uid

ade d

ess

as

dis

cuss

ões.

Com

o

cresc

imento

do n

úm

ero

dos

curs

os,

pro

cura

mos

saíd

as,

até

opta

mos,

no f

inal,

por

alg

o m

ais

com

ple

to:

um

a a

post

ila,

com

m

ate

rial v

isual,

resu

mos

dos

ass

unto

s e tr

ech

os

da

Bíb

lia, q

ue fu

ndam

enta

m n

oss

as

refle

xões.

Ass

im, e

sta a

post

ila é

um

lem

bre

te s

inte

tizado e

vis

ualiz

ado d

os

noss

os

curs

os

e n

ão repre

senta

um

trata

do c

om

ple

to s

obre

os

ass

unto

s dis

cutid

os.

ES

TA

AP

OS

TIL

A D

ES

TIN

A-S

E A

OS

LA

VR

AD

OR

AS

E L

AV

RA

DO

RE

S Q

UE

PA

RT

ICIP

AM

DO

S C

UR

SO

S S

OB

RE

A B

US

CA

DA

Á

GU

A N

O S

ER

O.

Nom

e:

Com

unid

ade:

Munic

ípio

:

G571b

CD

D-3

63.3

49209813

Gn

ad

lin

ger,

Jo

ão

. A

Bu

sca d

a Á

gu

a n

o S

ert

ão

: C

on

viv

en

do

co

m o

Sem

i-Á

rid

o / J

oão

Gn

ad

lin

ger.

- J

uaze

iro

, B

A:

IRP

AA

, 2001

84 p

. ;

32 il. ;

21,5

x 3

2,5

cm

. IS

BN

85-8

8104-0

3-2

In

clu

i b

iblio

gra

fia

1

. R

ec

urs

os

híd

ric

os

- B

ras

il,

No

rde

ste

; 2

. C

hu

va

s -

B

ras

il,

No

rde

ste

. 3

. Á

gu

a -

Us

o -

Bra

sil

, N

ord

es

te.

I. T

ítu

lo

cm

yk

Page 3: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

a.4 Edição, ampliada e revisada - 2001

1ª Reimpressão, com pequenas alterações - 2003

Texto, mapas e gráficos: João Gnadlinger.

Desenhos: Ivomar de Sá Pereira

Diagramação: Dio Fonseca

IRPAA

Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada

Avenida das Nações, 04 - Bairro Castelo Branco

Caixa Postal 21, 48900-000 Juazeiro - BA

Tel: (0XX74)611-6481

Fax: (0XX74)611-5385

www.irpaa.org.br / e-mail: [email protected]

Coordenação do IRPAA: José Moacir dos Santos, Cícero Félix dos Santos e Ana Maria Ferreira Dias

O conteúdo desta cartilha pode ser reproduzido, desde que seja citada a fonte. Pedimos também a remessa de um exemplar da reprodução para o endereço acima.

Apoio:

CARITAS ALEMÃCaritas Internacional

cm

yk

Page 4: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

Assunto

Apresentando a quarta edição Introdução Como usar esta cartilha na comunidade? Salmo 104: Louvor a Deus, o Criador A origem da chuva Porque chove mais no litoral do que no Sertão A distribuição da chuva no Nordeste

Medindo a chuva A distribuição mensal da chuva em Juazeiro - BA

A chuva anual em Juazeiro - BA A quantidade de chuva que cai no Semi-Árido durante um ano

Cada região do Brasil tem um clima diferente

Outras regiões do mundo com um clima como no Sertão

-A necessidade de captar água de chuva no Semi Árido

Canto: A triste partida

A convivência com o Semi-Árido

As secas são previsíveis

Mudanças do tempo durante “El Niño”

Mudanças do tempo durante “La Niña”

A perda de água por causa da evaporação

Necessidades de água para o consumo

De quanta água precisa uma família durante a época da seca

A colheita de água de chuva em cisternas

A água no subsolo de rocha cristalina

A água no subsolo de arenito

A água no subsolo de calcário

A água embaixo da terra no Nordeste

Como cuidar de uma cacimba

A água filtrada evita doenças

As quatro linhas de luta pela água

Levantamento dos recursos de água

Canto: Água de chuva

Página

0304050608101214161820222426283032343638404244464850525456

6158

636566687072727476

818078

82

A terra do povo de DeusGênesis 26, 15-22: A luta pela águaNúmeros 20, 1-13: Deus dá água até no deserto1 Reis 17, 1-16: Elias e a viuva ensinam a conviver com a secaCanto: ProcissãoJeremias 38, 1-13: Jeremias orienta o povo num tempo difícilJoão 4, 1-15: Jesus e a samaritana Númeroe 13, 1-33: Coragem para tomar posse de uma terra rica e grandiosa

Conviver com o Semi-Árido - A vida no Sertão é viável BibliografiaOnde fica a água no nosso planeta?Canto: Planeta Água

O abastecimento de água de um município

84

Page 5: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

APRESENTANDO A QUARTA EDIÇÃO

A BUSCA DA ÁGUA NO SERTÃO

Em janeiro 1996 o saudoso D. Mário Zanetta apresentou amplamente a 3ª edição desta cartilha.Neste primeiro ano do 3º milênio, quando o IRPAA celebra 10 anos de caminhada, sai a 4ª edição: "A Busca da Água no Sertão" continua! No sentido mais amplo do riquíssimo conteúdo da cartilha e aprofundado pelas experiências nestes anos de caminhada!

Sobre o momento atual do País podemos citar a Declaração da CNBB, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, na sua Assembléia Geral em Itaici de 12 a 21 de julho de 2001, "Brasil: Apreensões e Esperanças".

"A exemplo do profeta Jeremias, denunciamos a violência e a fome, no campo e nas cidades (Jr 14,18), solidários com nosso povo em seus sofrimentos e esperanças, sobretudo na região semi-árida que sofre na atualidade o impacto de mais uma grande seca, associada ao descaso dos governantes e à falta de vontade política para ações estruturadoras. Outro sinal de esperança nos vem do semi-árido, pela constituição e fortalecimento de associações comunitárias e pela articulação de outras numerosas entidades que atuam no programa de construção de um milhão de cisternas, provando a viabilidade de projetos comunitários no enfrentamento da seca e mostrando a possibilidade de convivência com o clima."

A fé que vem de Deus Criador, os dons da natureza e da vida e que Ele confia à humanidade os cuidados da terra e da água, primeiras necessidades da vida, e a convicção que o Nordeste é a Terra Prometida para os Nordestinos e que o semi-árido é viável, continuam como fundamento e inspiração.

A força da mulher e do homem, da criança e do jovem sertanejos, sua coragem e insistência garantem a perseverança nas dificuldades e o avanço nas lutas para mais condições e dignidade de vida.

O trabalho comunitário, a solidariedade e a organização popular são o caminho eficaz para enfrentar as dificuldades e conquistar políticas públicas indispensáveis.

A cartilha entra em tudo isto como instrumento valioso, numa espiral crescente de consciência profissional e cidadã, que se ganha e partilha no dia-a-dia do trabalho e nas oportunidades de estudo e educação popular.Bom proveito e boa partilha!

Ruy Barbosa - BA, 30 de agosto de 2001

+ André De WitteBispo de Ruy Barbosa - BA e Presidente do IRPAA

03

cm

yk

Page 6: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

Esta cartilha é resultado de convivência com a realidade e o povo do Nordeste, de modo especial de “Encontros sobre a Busca da Água no Sertão” em vários lugares do sertão da Bahia (Pilão Arcado, Campo Alegre de Lourdes, Cícero Dantas e Baixa Grande) durante o ano de 1991.

Aí se mostrou necessário ter "Agentes da Água" nas comunidades, para discutir a questão da água, do clima, da seca e descobrir, juntos com a comunidade, maneiras próprias de resolver o problema da água no sertão.

Esta cartilha deve ser uma ferramenta nas mãos de “agentes da água” que ajudam o povo na Busca da Água no Sertão.

Ao mesmo tempo o povo toma consciência das propriedades do clima e das condições do Nordeste para a criação de animais e para a lavoura do sequeiro.

Assim, temos a esperança que o povo nordestino, um dia, possa defender uma política da água que leve à convivência com o clima e à superação da seca, substituindo assim uma politicagem da seca como está sendo feita até hoje.

Juazeiro - BA, 24 de Janeiro de 1992

Passaram-se quase dez anos desde a primeira edição da apostila “A Busca da Água no Sertão”. Mudou muita coisa no semi-árido deste tempo para cá, e mudou para

a. melhor. Quando a gente falou na introdução para a 1 edição em convivência com o clima, isso era novidade, hoje com o slogan “Convivência com o Semi-Árido” resume-se toda a visão e programa para o futuro sustentável desta região: ninguém mais fala em “combater a seca”, falamos em conviver com o nosso clima, como as plantas e animais na caatinga nos ensinam. Dez anos atrás o STR de Campo Alegre de Lourdes começou a construir as primeiras cisternas, hoje são mais de 2500 neste município e existe todo um programa de construir um milhão de cisternas no semi-árido com dinheiro do governo (que é do povo) para resolver o problema da água de beber. É o sinal de uma transformação mais profunda que está acontecendo. Para nós do IRPAA, é uma satisfação poder ter contribuído para esta visão e mudança positiva do Sertão. Hoje não são mais somente os (as) lavradores(as) que querem conhecer melhor o semi-árido, mas também professores(as), políticos(as), crianças e jovens, pessoas da cidade.

Nesta nova edição ficou o conteúdo básico. Introduzimos uma visão libertadora do gênero. Atualizamos em parte os desenhos e acrescentamos alguns temas novos, mas não mudamos a explicação simples e o método didático prático, visto que as pessoas que criam e plantam no Sertão continuam sendo as primeiras destinatárias.

Juazeiro - BA, 04 de outubro de 2001500 anos do “Descobrimento” do Rio São Francisco

A eternidade do Rio Opara

04

INTRODUÇÃO PARA A 1º EDIÇÃO

INTRODUÇÃO PARA A 4º EDIÇÃO

cm

yk

Page 7: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

05

COMO USAR ESTA CARTILHA NA

COMUNIDADE?

As pessoas que são agentes da água já devem ter participado, com outras pessoas da comunidade, de um encontro sobre a Busca da Água no Sertão. A partir disso, elas têm condições de transmitir as experiências à companheirada, na comunidade. Nas reuniões, esta cartilha ajuda a passar o assunto às demais pessoas.

Cada assunto tem duas páginas:

1. A página a transmitir, que deve ser mostrada ao grupo reunido.

2. A página com o texto, que ajuda a pessoa coordenadora a explicar o processo, a explicar o desenho, aí ela deve fazer sempre estas três perguntas:

O que a gente está vendo? - O que significa isso? - O que a gente aprende disso?

Os textos bíblicos podem ser refletidos no começo e no final da reunião. Eles ligam a luta pela água do povo do Sertão com a luta pela água do povo de Deus.

De antemão agradecemos por todas as indicações que possam ajudar a melhorar esta cartilha.

Um bom trabalho.

João Gnadlinger

Dário Nunes dos Santos

Maria Oberhofer

José Carlos Santos Neri

AGRADECIMENTOS

Esta apostilha foi preparada num mutirão. Agradecemos a valiosa contribuição dos autores que citamos na bibliografia. Recebemos muitas idéias das experiências dos (das) participantes dos cursos que demos nestes anos sobre "A Busca da Água no Sertão".Aprendemos muito nas visitas nas comunidades pelo Semi-Árido.Agradecemos aos (às) colegas do IRPAA por valiosas sugestões.Agradecemos a Haroldo Schistek, Maria Sueli Rodrigues e Ivânia Paula Freitas de Souza pela revisão.

cm

yk

Page 8: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

Oração para dar início ou encerrarum Encontro sobre a Água,

a Natureza e o Sertão.

O Salmo 104 é uma oração que o povo de Deus e Jesus rezavam. O texto é um louvor a

Deus Criador, mostra como Deus criou o mundo bem feito, tudo no seu lugar: a água, o

ar, as montanhas, o mato, os passarinhos e os animais.

Cabe ao homem e à mulher conviverem com a natureza e não a destruir. Assim a gente

contribui para fazer a criação de Deus ainda mais bonita.

Observação 1:Pode-se rezar esta oração em voz alta, dois grupos ou duas pessoas se revezando. Num cochicho, pode-se conversar sobre as perguntas. Finalmente, quem quiser, pode louvar a Deus pela água e pela natureza ou pedir perdão pela destruição da natureza.

Observação 2:Durante o curso descobriremos que a terra do povo da Bíblia se assemelha em muito ao Sertão. Trazemos nas apostilas as experiências do povo de Israel no que se refere à luta pela terra, à providência de água para o tempo da seca, à criação de cabras e ovelhas, à lavoura de sequeiro. Assim o Sertão, a terra onde vivemos, torna-se para nós também "uma terra onde corre leite e mel" que por um lado recebemos de Deus como presente, mas que deve ser conquistada, trabalhada e cuidada em cada momento.

06

cm

yk

Page 9: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

Refrão: O Senhor Deus tomou o homem e a mulher e os colocou no sertão para que o cultivassem e guardassem (Gn 2,15)

1 - Ó minha alma, louve ao Senhor!2 - Ó Senhor meu Deus, como és grande!

1 - Estás vestido de majestade e de glória, e te cobres de luz como num manto.

2 - Estendes os céus como se fossem uma barraca, e constróis a tua casa sobre as águas de lá de cima.

1 - Usas as nuvens como teu carro de guerra, e voas nas asas do vento.

2 - Fazes dos ventos os teus mensageiros, e dos relâmpagos os teus servos.

1 - Tu puseste a terra bem firme sobre seus alicerces, assim ela nunca será abalada.

2 - Cobriste a terra com o mar, como se ele fosse uma roupa, e as águas ficaram acima das montanhas.

1 - Porém, quando repreendeste as águas, elas fugiram; quando ouviram teu grito de comando, saíram correndo.

2 - As águas correram pelos montes e desceram os vales, indo para o lugar que preparaste para elas.

1- Tu puseste um limite para as águas não passarem, para não cobrirem de novo a terra.

2 -Tu fazes surgirem nascentes, nos vales, e fazes a água dos rios correr entre os montes.

1 - Dessa água bebem todos os bichos do mato, e com ela os jumentos matam a sede.

2 - Nas margens dos rios, os pássaros fazem os seus ninhos, e cantam entre os galhos das árvores.

1 - Dos céus tu envias chuvas para os montes, e a terra fica cheia das tuas bênçãos.

2 - Fazes crescer capim para o gado, e verduras e legumes para o uso do homem, e assim ele tira da terra o seu alimento.

1 - Fazes a terra produzir o vinho, que deixa a gente feliz, o azeite que alegra e o pão que dá forças.

2 - Muita chuva cai sobre as árvores de Deus, sobre os cedros do Líbano, que ele plantou.

1 - Ali os pássaros fazem os seus ninhos, e as aves constróem as suas casas no seu topo.

2 - As cabras vivem no alto das montanhas, e os coelhos do mato se escondem nas grutas.

1 - Que os pecadores desapareçam da terra, e os injustos nunca mais existam.Refrão: O senhor Deus tomou o homem e a mulher

e os colocou no sertão para que o cultivassem e guardassem.

Perguntas:1 - Como está descrito o sertão neste salmo?2 - O que fala esta oração sobre a água?

07

SALMO 104LOUVOR A DEUS, O CRIADOR

cm

yk

Page 10: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

A O

RIG

EM

DA

CH

UV

AO

qu

e a

ge

nte

es

tá v

en

do

no

ca

rtaz?

A g

en

te e

stá

ve

nd

o u

ma

pa

isa

ge

m c

om

mo

nta

nh

as, u

m rio

, árv

ore

s, o

ma

r, o s

ol e

nu

ve

ns. A

ge

nte

tam

m v

ária

s fle

ch

as q

ue

m

ostra

m u

m m

ovim

en

to, u

m c

am

inh

o.

O q

ue

sig

nific

a is

so

?O

ca

rtaz q

ue

r exp

lica

r de

on

de

ve

m a

ch

uva

. A c

hu

va

ve

m, n

a s

ua

ma

ior p

arte

, do

ma

r. Pe

lo c

alo

r do

so

l e p

ela

forç

a d

o v

en

to, a

ág

ua

vira

va

po

r qu

e s

ob

e p

ara

o a

lto. N

um

a c

erta

altu

ra o

va

po

r esfria

e s

e tra

nsfo

rma

em

pe

qu

en

as g

ota

s q

ue

tod

as ju

nta

s fo

rma

m a

s

nu

ve

ns. P

ela

açã

o d

o v

en

to, e

sta

s n

uve

ns s

ão

leva

da

s p

ara

a te

rra firm

e. Q

ua

nd

o a

tem

pe

ratu

ra d

imin

ui b

asta

nte

, as n

uve

ns s

olta

m a

ch

uva

. A c

hu

va

ca

i na

terra

. Um

a p

arte

da

ch

uva

co

rre p

ara

os rio

s e

vo

lta a

ssim

pa

ra o

ma

r. A m

aio

r pa

rte v

ira v

ap

or q

ue

so

be

de

no

vo

a e

va

po

raçã

o). O

utra

pa

rte é

be

bid

a p

ela

s p

lan

tas q

ue

de

po

is tra

nsp

iram

(su

am

) a á

gu

a p

ara

o a

r de

no

vo

(é a

tran

sp

iraçã

o). U

ma

p

eq

ue

na

pa

rte d

a á

gu

a d

a c

hu

va

en

tra n

o s

olo

(é a

infiltra

çã

o). S

e a

s g

ota

s d

'ág

ua

ca

írem

em

terra

nu

a, e

las le

va

m a

terra

em

bo

ra

(ca

usa

m e

rosã

o), s

e e

las c

aíre

m e

m te

rra c

ob

erta

co

m v

eg

eta

çã

o, e

las s

ão

ap

rove

itad

as o

u p

ela

s p

lan

tas o

u p

od

em

infiltra

r no

so

lo.

As fle

ch

as m

ostra

m e

ste

giro

da

ág

ua

em

no

ssa

terra

.

O q

ue

a g

en

te a

pre

nd

e d

iss

o?

To

da

a á

gu

a q

ue

en

co

ntra

mo

s n

o s

ertã

o, s

eja

no

s ta

nq

ue

s, n

os p

oço

s, n

os ria

ch

os, n

o R

io S

ão

Fra

ncis

co

, ca

iu d

o c

éu

, qu

er d

ize

r qu

e

ve

m d

a c

hu

va

. E a

ch

uva

ve

m d

as n

uve

ns e

as n

uve

ns v

êm

do

ma

r. A c

hu

va

é a

fon

te d

e to

da

a á

gu

a n

o s

ertã

o.

Ob

serva

ção

No

. 1: V

ocê p

od

e mo

strar às pesso

as qu

e particip

am d

a reun

ião co

mo

a águ

a vira v

apo

r e dep

ois se

transfo

rma em

go

tas, se vo

cê tira, na co

zinh

a, a tamp

a de u

ma p

anela co

m ág

ua esq

uen

tada. E

mb

aixo

, a tamp

a está cheia

de g

otas d

'águ

a.

Ob

serva

ção

No

. 2: V

ocê p

od

e fazer um

a brin

cadeira co

m as crian

ças, imitan

do

com

gesto

s com

as mão

s e son

s o cam

inh

o

e o m

ov

imen

to q

ue a ág

ua faz d

o m

ar (imitar o

baru

lho

das o

nd

as e fazer gesto

s com

as mão

s, imitan

do

as on

das),

evap

oração

(em silên

cio, co

m as m

ãos fazen

do

gesto

s de su

bir,) n

uv

ens e v

ento

(imitan

do

o so

pro

do

ven

to), ch

uv

a (im

itar o b

arulh

o d

a chu

va, b

atend

o u

m d

edo

na p

alma d

a ou

tra mão

), rio (fazen

do

o b

arulh

o d

a águ

a de u

m riach

o e

imitan

do

com

as mão

s a corren

teza da ág

ua).

08

cm

yk

Page 11: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

TR

AN

SP

IRA

ÇÃ

OE

VA

PO

RA

ÇÃ

OC

HU

VA

NU

VE

NS

RIO

MA

R

EV

AP

OR

ÃO

SO

L

09

A O

RIG

EM

DA

CH

UV

A

cm

yk

Desenho: Ivomar de Sá Pereira

Page 12: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

O q

ue a

gen

te e

stá

ven

do

?

Aqui a

gente

está

vendo u

ma p

aisa

gem

, com

o m

ar, m

onta

nhas, n

uve

ns e

chuva

. Na p

aisa

gem

há p

arte

s verd

es ch

uvo

sas e

marro

ns

seca

s.

O q

ue s

ign

ifica is

so

?

O d

ese

nho q

uer e

xplica

r esta

chuva

no N

ord

este

que ca

i dura

nte

os m

ese

s de m

aio

a a

go

sto e

porq

ue n

este

s me

ses ch

ove

mais n

o

Lito

ral d

o q

ue n

o S

ertã

o. A

causa

é e

sta: O

s vento

s traze

m o

ar ú

mid

o d

o m

ar p

ara

a te

rra firm

e. L

ogo

no L

itora

l chove

por ca

usa

da

mudança

da te

mpera

tura

que fica

mais fria

. O a

r não co

nse

gue m

ais ca

rregar ta

nta

um

ida

de

e p

or isso

chove

. O m

esm

o a

conte

ce

quando o

s vento

s em

purra

m o

ar p

ara

a Z

ona d

a M

ata

e p

ara

cima d

as m

onta

nhas d

a C

hapada D

iam

antin

a n

a B

ahia

ou

da S

erra

de

Ara

ripe e

m P

ern

am

buco

. Em

todas e

stas re

giõ

es ch

ove

. Quando o

s vento

s leva

m e

ste a

r para

o S

ertã

o, e

le só

tem

pouca

um

idade.

Assim

no S

ertã

o ch

ove

menos d

o q

ue e

m o

utra

s parte

s do B

rasil e

do N

ord

este

.

O q

ue a

gen

te a

pre

nd

e d

isso

?

O clim

a d

o S

ertã

o é

dife

rente

de o

utra

s regiõ

es d

o B

rasil (co

mo n

a A

mazô

nia

, em

Goiá

s, em

São P

aulo

ou n

o R

io G

rande d

o S

ul).

Cada re

giã

o te

m se

u clim

a e

specia

l. Por isso

cada re

giã

o d

eve

ter u

ma a

gro

pecu

ária

e la

voura

adequada a

ela

. Por isso

nós, q

ue

vive

mos n

o se

rtão, d

eve

mos lu

tar p

ela

s coisa

s pró

pria

s do n

osso

clima m

ais se

co.

Ob

servação: O

s ventos alísios: são aqueles ventos que sopram

na maior parte do ano sobre o N

ordeste, vindos do sudeste. Eles causam

chuvas no litoral e nas m

ontanhas durante a época mais fria do ano (de m

aio a agosto)A

s chu

vas orográficas: são chamadas tam

bém chuvas das m

ontanhas e acontecem do lado das m

ontanhas para onde os ventos trazem

o ar úmido. O

outro lado da montanha fica na “som

bra da chuva”, onde chove menos.

10

PO

RQ

UE

CH

OV

E M

AIS

NO

LIT

OR

AL D

O

QU

E N

O S

ER

O?

cm

yk

Page 13: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

Ven

to s

eco

Ven

to ú

mid

o

Mar

Eva

pora

ção

Chu

va

Lito

ral

Zon

a da

Mat

a

Cha

pada

Dia

man

tina

Ser

tão

PO

RQ

UE

CH

OV

E M

AIS

NO

LIT

OR

AL D

O Q

UE

NO

SE

RT

ÃO

11

Page 14: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

quais os meses mais chuvosos e de que lado do céu vem a chuva

O que a gente está vendo?

Aqui a gente está vendo um mapa do Nordeste, com os nove Estados (Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia) mais o Norte de Minas Gerais. Ao mesmo tempo a gente vê três manchas de cores diferentes: marrom, laranja e verde. Embaixo, a gente vê uma estrela, indicando as quatro direções ou lados do céu: Norte, Poente, Sul e Nascente.

O que significa isso?

As três cores significam os três regimes diferentes de chuva que existem no Nordeste. 1. A cor verde significa a chuva de dezembro até fevereiro que vem do Sul em forma de trovoadas (ocorrendo nos estados da Bahia, Sul do Maranhão e Sul do Piauí). (Chuva das frentes frias)2. A cor laranja indica a chuva de março e abril que vem do Norte (ocorrendo em partes dos estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraiba, Pernambuco e Norte da Bahia). (Chuva da convergência intertropical)3. A cor marrom significa a chuva de maio a agosto que acontece do litoral até 200 quilômetros no interior e onde há serras. Esta chuva vem do Sul-Nascente e ocorre em partes dos Estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia. (Chuva dos ventos alísios)Em algumas regiões do Nordeste, ocorre a influência de vários regimes de chuva durante o ano.

O que a gente aprende disso?

O Nordeste recebe a chuva de várias direções. Isso é uma vantagem. A dificuldade é que nenhum desses três regimes de chuva vem na época certa e na quantidade esperada. E mais, a chuva é diferente em cada região do Nordeste.Disso a gente aprende que a lavoura é sempre arriscada, porque pode faltar a chuva quando se dela precisa.Tudo isso deve ser discutido com os mais diversos segmentos da sociedade: poder público, associações, sindicatos, cooperativas, partidos políticos para traçar uma luta política que corresponda a esta realidade do Nordeste.

Observações:

1. Discutir, também, de que lado do céu vem a chuva na sua região e quais são os meses que chove e que não chove.

2. a - Frente fria: é uma massa de ar que sai do Pólo Sul e, subindo o Continente da América do Sul, causa chuva quando encontra ar mais quente.b - Ventos alísios: veja explicação no desenho anterior!c - Zona de convergência intertropical: é o encontro dos ventos alísios vindos da direção Sudeste com aqueles vindos da direção Nordeste. Onde eles se encontram causam chuva.

3. Três pessoas diferentes podem apresentar os três tipos de chuva, vindas de vários lados.

12

A DISTRIBUIÇÃO DA CHUVA NO NORDESTE:

cm

yk

Page 15: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

A DISTRIBUIÇÃO DA CHUVA

NO NORDESTE

MinasGerais

DE SUL A NORTE

DE POENTEA NASCENTE

DE NASCENTEA POENTE

DE NORTE A SUL

O

CI

TN

ÂL

TA

O

NA

EC

O

MARÇO - ABRIL

MAIO - AGOSTO

DEZEMBRO - FEVEREIRO

OS MESES MAIS CHUVOSOS:

Ceará

Bahia

Maranhão

Piauí

Rio Grande do Norte

Alagoas

Sergipe

Pernambuco

Paraíba

13

cm

yk

Desenho: Gnadlinger, segundo Antunes

Page 16: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

O q

ue a

gen

te e

stá

ven

do

?A

gente

está

vendo u

m p

au fin

cado n

o ch

ão co

m u

ma la

ta a

marra

da. H

á ta

mbém

qu

atro

pe

ssoa

s com

um

a ré

gua. E

stão

medin

do

o

que e

stá d

entro

da la

ta. A

o la

do, h

á u

ma fo

lha o

nde se

podem

faze

r anota

ções.

O q

ue s

ign

ifica is

so

?O

que a

gente

quer m

ostra

r aqui é

um

med

ido

r de c

hu

va q

ue é

cham

ado ta

mbém

de p

luv

iôm

etro

. A

gente

deve

finca

r um

pau d

e m

ais o

u m

enos u

m m

etro

de co

mprim

ento

no ch

ão, n

o ro

çado

ou u

ns m

etro

s dista

nte

da ca

sa e

am

arra

r, em

cima, u

ma la

ta d

e ó

leo o

u d

e le

ite co

m u

m b

arb

ante

. A ch

uva

cai d

entro

desta

lata

. Deve

-se tira

r a b

ord

a q

ue se

gura

a ta

mpa d

a la

ta

para

que a

larg

ura

da b

oca

e d

a b

ase

fiquem

iguais. P

recisa

tam

bém

de u

ma ré

gua q

ue co

mece

no p

onto

zero

. Dep

ois d

e ca

da ch

uva

co

loque a

régua d

entro

da la

ta. R

etire

a ré

gua e

obse

rve a

marca

da á

gua n

a ré

gua. O

núm

ero

que

a á

gua

marco

u sig

nifica

a

quantid

ade d

e m

ilímetro

s que ch

ove

u n

o lo

cal. A

note

este

núm

ero

na ta

bela

ao la

do

, no m

ês e

dia

certo

s. Depois d

e m

edir, vo

cê d

eve

jo

gar a

água d

a la

ta fo

ra.

Ao fin

al d

o m

ês, fa

ça a

som

a e

você

saberá

quanto

chove

u n

a su

a ro

ça o

u n

a su

a ca

sa. N

o fin

al d

a e

staçã

o ch

uvo

sa, vo

cê so

ma

a

quantid

ade d

a ch

uva

dos m

ese

s ante

riore

s e te

rá a

chuva

do a

no in

teiro

.

O q

ue a

gen

te a

pre

nd

e d

isso

?M

edir a

chuva

é p

ossíve

l tam

bém

para

lavra

dore

s(as) e

esco

las, n

ão só

para

um

a e

staçã

o d

e m

ete

oro

logia

. Ca

da m

ilímetro

de á

gu

a

sig

nific

a u

m litro

de á

gu

a e

m c

ad

a m

etro

qu

ad

rad

o d

a ro

ça o

u n

o te

lhad

o d

a c

as

a. S

abe

nd

o o

qua

nto

qu

e ch

ove

, a g

ente

co

nhece

melh

or o

clima e

desco

bre

possib

ilidades d

e se

adapta

r melh

or a

ele

. P

odem

os a

té ca

lcula

r quanta

água ca

i em

cima d

o te

lhado d

a n

ossa

casa

. Se vo

cê p

or e

xem

plo

tiver u

ma

casa

de 4

2 m

etro

s quadra

dos e

no ú

ltimo in

vern

o ch

ove

u 5

00 m

ilímetro

s, você

pode co

lher 2

1.0

00 litro

s de á

gua

para

um

a ciste

rna

. 2

Um

outro

exe

mplo

: Se vo

cê te

m u

ma ta

refa

de ro

ça q

ue sã

o 3

.300 m

, com

chuva

s de

500 m

ilímetro

s por a

no

, cae

m 1

.650

.000 litro

s de

água n

ela

. Esta

água é

igual a

165 ca

rros-p

ipa. E

ain

da te

m g

ente

que d

iz que n

o N

ord

este

não ch

ove

. Deve

mos a

char u

m je

ito co

mo

segura

r essa

água p

ara

a ro

ça, p

ara

os a

nim

ais e

para

a ca

sa.

Ob

servação:V

ocê pode fazer este medidor de chuva sim

ples, medir a chuva no lugar onde m

ora e anotar num xerox que tirou da folha ao lado.

O ano na folha com

eça com o m

ês de novembro porque a estação chuvosa com

eça neste mês em

Juazeiro-BA

. Na sua região

talvez comece em

outro mês. A

ssim deve adaptar a folha para sua região.

14

cm

yk

Page 17: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

ME

DIN

DO

A C

HU

VA

Pa

ra s

ab

er

a q

ua

ntid

ad

e d

a c

hu

vad

o a

no

to

do

, vo

cê p

reci

sa s

om

ar

os

12

me

ses.

A

qu

an

tida

de

da

ch

uva

do

an

o2

0_

__

_ é

de

__

__

__

milí

me

tro

s.

s/D

iaN

ov.

De

z.Ja

n.

Fe

v.M

ar.

A

br.

Ma

i.Ju

n.

Jul.

Ag

o.

Se

t.O

ut.

01

02

03

04

05

06

07

08

09

10 11 12

13

14

15

16

17

18

19

20 21

22

23

24

25

26

27

28

29

30 31

Ch

uv

a/M

ês

15

cm

yk

Page 18: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

O q

ue a

gen

te e

stá

ven

do

?

A g

ente

vê n

ove

dese

nhos d

ifere

nte

s. Cada d

ese

nho e

stá d

ividid

o e

m 1

2 le

tras. E

m cim

a d

e ca

da le

tra, h

á u

ma co

luna co

m u

m

núm

ero

. Esse

s dese

nhos p

are

cem

um

as ta

bela

s.

O q

ue s

ign

ifica is

so

?

Os d

ese

nhos m

ostra

m a

chuva

de ca

da m

ês d

ura

nte

nove

anos: d

e 1

992/1

993 a

té 2

00

0/2

001. A

s letra

s em

cada d

ese

nho in

dica

m o

s m

ese

s (de n

ove

mbro

a o

utu

bro

). A co

luna e

m cim

a d

e ca

da m

ês in

dica

quanto

s milím

etro

s chove

u e

ste m

ês. O

s mese

s sem

colu

na

são m

ese

s sem

chuva

.Q

uando a

gente

com

para

a ch

uva

entre

este

s anos, e

ntã

o se

desco

bre

que e

m ca

da a

no

a ch

uva

mensa

l muda.

Por e

xem

plo

: N

o m

ês d

e m

arço

de 1

997 ch

ove

u 4

22 m

ilímetro

s, o q

ue é

muito

, enquanto

que, e

m 1

998, n

o m

esm

o m

ês d

e m

arço

, cho

veu

som

ente

14 m

ilímetro

s.O

utro

exe

mplo

: N

o m

ês d

e ja

neiro

de 2

002, ch

ove

u 2

58 m

ilímetro

s, enquanto

em

janeiro

de 2

001, ch

ove

u só

2,9

milím

etro

s. E

sta irre

gula

ridade d

a ch

uva

é m

uito

gra

nde e

vale

para

o S

ertã

o to

do.

Mais u

m e

xem

plo

:A

s chuva

s nos a

nos 1

999/2

000 e

2000/2

001 u

ltrapassa

ram

500 m

m, q

uer d

izer fo

ram

acim

a d

a m

édia

: mas 1

999/2

00

0 e

ra u

m a

no

bom

para

a la

voura

e 2

000/2

001 e

ra ru

im. Isso

porq

ue a

distrib

uiçã

o d

as ch

uva

s em

1999/2

000

era

regu

lar, e

nq

ua

nto

em

2000/2

00

1

não ch

ove

u n

ada n

o m

ês d

e ja

neiro

2001. E

m 2

001 h

ouve

pouca

colh

eita

na ro

ça, m

as n

ão fa

ltava

águ

a n

as ciste

rna

s.

O q

ue a

gen

te a

pre

nd

e d

isso

?

Não se

pode p

reve

r a q

uantid

ade d

e ch

uva

para

um

mês. P

or isto

é a

rriscado p

lanta

r cultu

ras q

ue p

recisa

m d

e ch

uva

consta

nte

com

o

o m

ilho. E

m Ju

aze

iro - B

A, só

um

a ve

z em

dez a

nos a

safra

do m

ilho é

satisfa

tória

. Deve

mos p

lanta

r cultu

ras re

sisten

tes à

seca

.O

pasto

, poré

m, se

nte

menos co

m a

irregula

ridade d

a ch

uva

.To

dos e

todas d

eve

m te

r criató

rio. D

a m

esm

a m

aneira

, a lu

ta d

o p

ovo

deve

exig

ir recu

rsos e

pro

jeto

s pa

ra o

de

sen

volvim

ento

de

pasta

gens e

do cria

tório

.N

as e

scola

s, deve

mos e

xplica

r tudo isto

às cria

nça

s e à

juve

ntu

de e

nas re

uniõ

es à

com

pan

he

irada.

16

A D

IST

RIB

UIÇ

ÃO

ME

NS

AL D

A C

HU

VA

EM

JU

AZ

EIR

O - B

A

cm

yk

Page 19: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

17

A D

IST

RIB

UIÇ

ÃO

ME

NS

AL D

A C

HU

VA

EM

JU

AZ

EIR

O - B

A

021

,6

93

192

201,

8 19,1

29,4

0,3

103

00

0

100

200

300

400

ND

JF

MA

MJ

JA

SO

An

o d

e 19

94/9

5

570,

2 m

m

M

ês

47

,3

12

5,4

2,8

27

,2

110

,4

50

,81

34

,80

,46

,20

00

10

0

20

0

30

0

40

0

ND

JF

MA

MJ

JA

SO

An

o d

e 1

99

5/1

99

6

38

8,3

mm

M

ês

10

3,7

19

,83

9,2

30

,6

42

2,3

84

,1

17

,17

,82

,40

011

,8

0

10

0

20

0

30

0

40

0

ND

JF

MA

MJ

JA

SO

An

o d

e 1

99

6/1

99

7

73

8,8

mm

M

ês

39,5

43,9

115,

3 27,7

14,9

0,3

01,

20

00

00

100

200

300

400

ND

JF

MA

MJ

JA

SO

An

o d

e 19

97/1

998

242,

8 m

m

M

ês

71

,22

0,3

66

,25

8,4

110

,5

07

,52

,60

9,7

30

,41

8,1

0

100

200

300

400

ND

JF

MA

MJ

JA

SO

An

o d

e 1

99

8/1

99

9

39

4,9

mm

M

ês

70

,3

12

5,51

52

,9

78

,85

0,1

91

9,5

2,8

2,1

0,5

3,7

7

0

10

0

20

0

30

0

40

0

ND

JF

MA

MJ

JA

SO

An

o d

e 1

99

9/2

00

0

59

4,2

mm

M

ês

13

7,51

74

,2

2,9

55

,18

0

14

,311

,93

6,9

3,1

0

10

0

20

0

30

0

40

0

ND

JF

MA

MJ

JA

SO

An

o d

e 2

00

0/2

00

1

51

2,8

mm

M

ês

0

118

,1

25

8,1

83

4,3

19

,31

6,4

1,4

0,4

0,1

0,7

00

10

0

20

0

30

0

40

0

ND

JF

MA

MJ

JA

SO

An

o d

e 2

00

1/2

00

2

45

6,8

mm

M

ês

2,5

97

,3

17

3,2

5

79

,7

21

,20

,80

5,2

0

10

0

20

0

30

0

40

0

ND

JF

MA

MJ

JA

SO

An

o d

e 2

00

2/2

00

3

38

4,9

mm

M

ês

Da

do

s fo

rne

cid

os

pe

la E

MB

RA

PA

S

em

i-Á

rid

o

cm

yk

Page 20: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

O q

ue a

gen

te e

stá

ven

do

?

Aqui a

gente

vê vá

rias co

lunas a

zuis d

e ta

manho d

ifere

nte

. Tam

bém

há a

nota

ções d

e n

úm

ero

s em

baixo

e n

o la

do

esq

uerd

o.

O q

ue s

ign

ifica is

so

?

As co

lunas m

ostra

m a

quantid

ade d

e ch

uva

que ca

iu d

ura

nte

20 a

nos e

m Ju

aze

iro - B

A. O

s dados sã

o d

e 1

98

2 a

té 2

001. A

qua

ntid

ad

e

de ch

uva

muda b

asta

nte

de a

no e

m a

no: P

or e

xem

plo

em

1985, u

m a

no m

uito

chuvo

so, ch

ove

u 8

09 m

ilímetro

s e e

m 1

99

3, u

m a

no d

e

seca

, chove

u 1

85 m

ilímetro

s.

O q

ue a

gen

te a

pre

nd

e d

isso

?

A g

ente

apre

nde co

m e

sse d

ese

nho q

ue ca

da a

no ch

ove

no S

ertã

o, m

as a

quantid

ade d

e ch

uva

varia

mu

ito. D

eve

-se co

lher a

chuva

que ca

i; quer d

izer d

eve

-se a

pro

veita

r a ch

uva

que ca

i no te

lhado o

u n

o ch

ão e

para

isso, fa

zer ciste

rnas o

u ta

nques e

cava

r e lim

par

barre

iros e

caxio

s.D

eve

-se p

lanta

r em

curva

s de n

ível, u

sar co

bertu

ra se

ca, e

vitar q

ueim

adas.

Deve

-se p

lanta

r sorg

o, q

ue se

conte

nta

com

pouca

chuva

, pla

nta

r pasto

de ca

pim

-búfa

lo, le

uce

na, e

tc.D

eve

mos ca

pta

r água d

e ch

uva

e g

uard

ar e

m ta

nques, im

itando a

s pla

nta

s da ca

atin

ga co

mo o

um

buze

iro, o

mandacu

ru, a

cabeça

de

fra

de e

outro

s que co

nse

guem

convive

r com

esta

dife

rença

de ch

uva

a ca

da a

no, re

serva

ndo

água n

as ra

ízes o

u n

o tro

nco

.N

ão d

eve

mos d

ar o

uvid

o à

quela

s pesso

as q

ue d

ecla

ram

o se

rtão co

mo re

giã

o d

e ca

lam

idade e

de g

ran

de

s seca

s. Essa

s pesso

as

quere

m q

ue a

gente

fique se

lam

enta

ndo e

pedin

do, e

m ve

z de e

xigirm

os p

olítica

s pró

pria

s para

o se

rtão

.

18

A C

HU

VA

AN

UA

L E

M J

UA

ZE

IRO

- BA

cm

yk

Page 21: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

234

388

641

809

416

467

624

525

609

444

584

185

487

570

388

738

242

394

594

512

456

385

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

82

83

84

85

86

87

88

89

90

91

92

93

94

95

96

97

98

99

00.

01.

02.

03.

A C

HU

VA

AN

UA

L E

M J

UA

ZE

IRO

- B

A (e

m m

m p

or

ano)

Milímetrosporano

Máxi

mo: 809 m

m (

1985).

Mín

imo: 185 m

m (

1993)

Ano

IRPA

A,

da

do

s d

a E

MBRA

PA S

em

i-Á

rido

19

cm

yk

Page 22: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

O que a gente está vendo?Aqui a gente está vendo um desenho com quatro cores diferentes: verde, laranja, vermelho e azul.

O que significa isso?O desenho representa um mapa do Nordeste e parte do Sudeste do Brasil. O Nordeste abrange os seguintes estados: Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia. Vemos também a área do Norte de Minas Gerais, que já pertence ao Sudeste.Esta região está cortada por um grande rio: o Rio São Francisco. A cor azul indica o mar que é o Oceano Atlântico, no lado norte e leste.As cores diferentes se referem a quantidade de chuva que cai.A faixa verde significa os lugares onde chove mais do que um metro por ano. É a parte do Litoral e a parte Oeste (ou Poente) do Nordeste. A faixa cor de laranja significa que chove entre 700 milímetros e um metro por ano. Esta faixa abrange grandes partes de todos os Estados do Nordeste e o Norte de Minas Gerais, menos o Maranhão. A faixa vermelha indica os lugares onde chove menos do que 700 milímetros por ano.A faixa de cor laranja e a faixa vermelha cobrem esta parte que nós chamamos de Sertão e os cientistas chamam de Semi-Árido Brasileiro. O semi-árido brasileiro coincide mais ou menos com o Polígono da Seca. O tipo de vegetação predominante nesta região é a Caatinga.

O que a gente aprende disso?A chuva que cai não é igual. No Nordeste, há regiões onde não se conhece seca (cor verde). Há outras regiões com uma seca de pelo menos seis meses por ano (cor de laranja). Nestas regiões, a plantação de roça não é segura. Há ainda outras regiões, com seca de pelo menos oito meses por ano (cor vermelha). Aí a atividade segura para viver á a criação de cabras e ovelhas.A natureza, as plantas e os animais se adaptaram muito bem à este clima: muitas plantas armazenam água na época da chuva nas raízes ou troncos, para ter água na seca, como o umbuzeiro, o mandacaru. Nós que vivemos neste clima devemos aprender a conviver com o nosso clima, como a natureza nos mostra. Damos à esta atitude de vida o nome de Convivência com o Semi-Árido.Assim, como o Nordeste é diferente das demais regiões do Brasil, há diferenças também dentro do próprio Nordeste, o que deve ser levado em conta nos diversos planos e projetos

Observação 1: um palmo é 220 milímetros, por isso 700 milímetros são um pouco mais de 3 palmos; 1000 milímetros são mais ou menos 4 palmos e meio.

2Observação 2: A área do polígono da seca (com 936.993 km ) foi definida em 1936 através da Lei Nº 175 e revisado em 1951. Ela abrange a área da atuação do DNOCS - Departamento Nacional de Obras contra as Secas. Desde á época do Brasil Império, esta área foi mudada pelo menos 10 vezes. Ainda hoje tem tentativas de mudar o tamanho da área. Isso porque as regiões dentro do polígono da seca recebem subsídios financeiros e políticos. A definição da área é uma questão política.A extinta SUDENE - Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste - atuava numa área de 1.641.000

2, km que abrangia todos os estados do Nordeste mais a parte semi-árida do norte de Minas Gerais.

20

A QUANTIDADE DE CHUVA QUE CAI NO SEMI- ÁRIDO DURANTE O ANO

cm

yk

Page 23: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

Aqui chove mais que 1000 mm por ano

O

CI

TN

ÂL

TA

O

NA

EC

O

Ceará

Bahia

Maranhão

Piauí

Rio Grande do Norte

Alagoas

Sergipe

Pernambuco

Paraíba

Aqui chove entre 700 mm e 1000 mm por ano

Aqui chove menos que 700 mm por ano

MinasGerais

Juazeiro

Petrolina

21

A QUANTIDADE DE CHUVA QUE CAI NOSEMI-ÁRIDO DURANTE O ANO

cm

yk

Desenho: Gnadlinger, segundo dados da ARIDAS

Page 24: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

O que a gente está vendo?

Este desenho tem os contornos do Brasil. O Brasil está dividido em várias manchas

com cores diferentes.

O que significa isso?

Cada mancha, neste mapa do Brasil significa uma região com um clima próprio. A mancha azul no Norte é o clima úmido da Amazônia; a mancha amarela é o clima semi-úmido do Brasil central; a mancha marrom significa o clima semi-árido; a mancha verde significa o clima úmido do Litoral do Brasil; a mancha cinza significa o clima semi-úmido de alturas no Interior de Minas Gerais e São Paulo e a mancha rosa significa o clima temperado do Sul do Brasil. No clima úmido da Amazônia, a maneira apropriada de viver é tirar a borracha e os frutos da floresta como a castanha-do-Pará como propunha Chico Mendes. A região, com o clima úmido do litoral, é chamada a Zona da Mata, onde tinha antigamente a Mata Atlântica que hoje está quase totalmente devastada. Era a região dos engenhos de açúcar. No clima semi-úmido, com uma seca de apenas 4 meses, do Brasil central, pode-se criar gado e plantar soja e milho. O clima semi-úmido das alturas serve para plantar café. O clima moderado do Sul parece com o clima da Europa que tem quatro estações. E o clima semi-árido brasileiro com somente duas estações (inverno e verão) e com 6 a 8 meses de estiagem serve melhor para criar cabras e ovelhas e plantar culturas adaptadas a um clima mais seco.

O que a gente aprende disso?

Cada clima tem uma chuva diferente. A natureza de cada região é igualmente diferente. Desta maneira, existe também uma agropecuária e atividade produtiva apropriadas para cada região. No semi-árido brasileiro, não devemos imitar outras regiões do Brasil em nosso trabalho, mas procurar um caminho próprio para a criação e a lavoura.

22

CADA REGIÃO DO BRASIL TEM UM

CLIMA DIFERENTE!

cm

yk

Page 25: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

TIPOS DE CLIMA NO BRASIL

Úmido da Amazônia

Semi-árido brasileiro

Semi-úmido do Brasil Central

Úmido da Zona da Mata

Temperado do sul

Semi-úmido das alturas

N

S

LO

23

Tipo de Clima:

Desenho: Gnadlinger, segundo Antunes

Page 26: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

O q

ue a

gen

te e

stá

ven

do

?

A g

ente

vê, n

este

dese

nho, q

ue re

pre

senta

o m

apa d

o m

undo, vá

rias m

anch

as d

e co

res. Q

uando se

olh

a m

ais d

e p

erto

, a g

ente

desco

bre

que o

dese

nho é

o

mapa d

o m

undo, o

nde se

desta

cam

os m

are

s (com

cor a

zul) e

os co

ntin

ente

s África

, Euro

pa, Á

sia, A

ustrá

lia e

Am

érica

(com

cor a

mare

lo e

verm

elh

o). N

a

Am

érica

do S

ul d

esco

brim

os ta

mbém

o n

om

e d

o B

rasil.

O q

ue s

ign

ifica is

so

?

Com

este

mapa, a

gente

quer e

xplica

r que e

xistem

outro

s lugare

s no m

undo q

ue te

m u

m clim

a se

melh

ante

ao S

em

i-Árid

o B

rasile

iro.

Este

mapa m

ostra

a te

rra e

m d

uas co

res: ve

rmelh

o e

am

are

la. A

cor ve

rmelh

a in

dica

todos o

s lugare

s que te

m u

m clim

a se

mi-á

rido q

uente

, sem

elh

ante

ao

nosso

sertã

o:

Na A

mérica

, este

clima, e

nco

ntra

-se e

m p

arte

s do M

éxico

, da B

olívia

, do P

eru

, da V

enezu

ela

e n

o N

ord

este

do B

rasil.

Na Á

frica, e

ste clim

a, e

stá p

rese

nte

, em

paíse

s com

o o

Senegal, o

Sudão, o

Quênia

, a Ta

nzâ

nia

e a

Nam

íbia

, entre

outro

s.N

a Á

sia, o

clima se

mi-á

rido e

nco

ntra

mos n

a A

rábia

Saudita

, na Ín

dia

, na B

irmânia

, na Ta

ilândia

entre

outro

s.A

inda h

á g

randes p

arte

s da A

ustrá

lia co

m e

ste tip

o d

e clim

a.

O q

ue a

gen

te a

pre

nd

e d

isso

?

Nós n

ão e

stam

os so

zinhos n

o m

undo, e

m re

laçã

o a

o n

osso

clima. E

m m

uito

s outro

s paíse

s do m

undo e

xiste o

clima q

uente

sem

i-árid

o ta

mbém

. Isso q

uer

dize

r que to

dos e

stes lu

gare

s têm

um

a e

staçã

o d

e se

ca d

e 6

a 1

0 m

ese

s, chuva

s irregula

res, se

cas g

randes e

um

a e

vapora

ção m

uito

alta

. Neste

s paíse

s, vive

m p

ovo

s com

um

a e

xperiê

ncia

muito

gra

nde d

e co

mo co

nvive

r com

este

clima. P

or isso

, nós n

o N

ord

este

deve

mos co

nhece

r este

s lugare

s e e

stes p

ovo

s para

apre

nder m

elh

or co

mo co

nvive

r com

o n

osso

clima d

o S

ertã

o.

Ob

serv

ação

:

No m

apa fo

ram

dese

nhadas a

s regiõ

es d

o m

undo q

ue tê

m u

m clim

a se

mi-á

rido q

uente

. Esta

s são a

s regiõ

es q

ue tê

m

de 6

a 1

0 m

ese

s seco

s (em

que a

eva

pora

ção é

maio

r do q

ue a

chuva

) e o

nde a

tem

pera

tura

média

do m

ês m

ais frio

não é

menos d

o q

ue 1

8 g

raus.

Existe

m re

giõ

es n

o m

undo o

nde ch

ove

bem

menos q

ue n

o se

rtão, q

ue sã

o o

s dese

rtos. O

s dese

rtos n

ão fo

ram

dese

nhados n

o m

apa. S

e n

o n

osso

sem

i-árid

o a

pare

ce u

m “d

ese

rto”, é

conse

qüência

da m

á in

fluência

hum

ana

(queim

adas, e

rosã

o, so

bre

-pasto

reio

, salin

izaçã

o), q

ue te

m o

nom

e d

e d

ese

rto a

rtificial o

u d

ese

rtificaçã

o.

Existe

m a

inda o

utra

s regiõ

es d

o m

undo q

ue tê

m u

m clim

a se

mi-á

rido, q

ue ta

mbém

não fo

ram

dese

nhadas n

o m

apa,

com

o e

m Isra

el o

u n

a C

hin

a. A

dife

rença

é q

ue n

ão é

tão q

uente

com

o o

clima n

osso

, este

clima é

cham

ado clim

a se

mi-

árid

o m

odera

do. E

ste clim

a te

m a

mesm

a irre

gula

ridade d

a ch

uva

, mas u

ma e

vapora

ção m

enor.

“Se n

ão d

isperd

içarm

os a

nossa

riqueza

e e

nerg

ia, o

nosso

clima e

os n

osso

s recu

rsos n

atu

rais sã

o tã

o fa

vorá

veis q

ue

podem

o-n

os to

rnar o

povo

mais fe

liz do m

undo.” (M

ahatm

a G

andhi so

bre

a Ín

dia

que é

um

país co

m clim

a se

mi-á

rido)

24

OU

TR

AS

RE

GIÕ

ES

DO

MU

ND

O C

OM

UM

CLIM

A

CO

MO

NO

SE

RT

ÃO

Dados: dtv-Atlas zur Ökologie

Page 27: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

OU

TR

AS

RE

GIÕ

ES

DO

MU

ND

O C

OM

UM

CLIM

A C

OM

O N

O S

ER

O

Am

éric

ado

Nor

te

l u S o d aci r é mAÁ

frica

Eur

opa

Ási

a

Mar

Regiõ

es

com

um

clim

a c

om

o n

o S

ert

ão

Terr

a

Aus

trália

Bra

sil

25

cm

yk

Desenho: Gnadlinger, segundo dtv-Atlas zur Ölologie

Page 28: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

O que a gente está vendo?

A gente está vendo um desenho com muitas manchas de cores. Parece com um dos mapas que já vimos antes, mas as cores são diferentes.

O que significa isso?

Este é um mapa do Nordeste e uma parte de Minas Gerais. As cores são realmente diferentes dos outros mapas, elas representam aqui os vários graus de necessidade de captar água de chuva no Semi Árido Brasileiro. As cores roxo e lilás (5 e 4)representam as regiões onde o meio mais seguro para ter água, seja para o consumo humano, seja para a produção é a captação de água de chuva.Nos lugares onde encontramos a cor abóbara existe uma prioridade média (3) para a captação de água de chuva e nas regiões de cor amarela e verde (2 e 1), é muito bom captar a água da chuva, para ter a água de graça e perto da casa, mas existem outras fontes acessíveis, como água da superfície e água subterrânea.

O que a gente aprende disso?

Exitem três maneiras para abastecimento de água: através da captação água de chuva, através de água de superfície (fontes e rios permanentes) e através da água subterrânea (poços). Na maior parte do Semi-Árido Brasileiro, muitas vezes, a única solução para ter água, é a captação de água da chuva, pois não existe água de superfície permanente e embaixo do solo também não tem água. E se encontrar, é muito pouca ou tão salobra que não dá para beber.Isto é muito importante saber, quando queremos fazer uma planejamento de abastecimento de água para comunidades ou para um município inteiro. Não adianta apelar para empreses de perfuração de poços, ou comprar até uma perfuratriz própria. A solução indicada é, fazer um planejamento perfeito, como de aproveitar ao máximo a água da chuva que Deus nos manda todo ano.

26

A NECESSIDADE DE CAPTAR ÁGUA

DE CHUVA NO NORDESTE

Observação: O mapa ao lado é baseado na quantidade de chuva que cai por ano (veja página 21) e a água embaixo da terra (veja página 53).

cm

yk

Page 29: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

Ceará

Bahia

Maranhão

Piauí

Rio Grande do Norte

Alagoas

Sergipe

Pernambuco

Paraíba

MinasGerais

O

CI

TN

ÂL

TA

O

NA

EC

OBaixa

Média

Alta

1

2

3

4

5

Necessidade de captarágua de chuva

Juazeiro

Petrolina

27

A NECESSIDADE DE CAPTARÁGUA DE CHUVA NO NORDESTE

cm

yk

Desenho: Gnadlinger

Page 30: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

O te

xto d

este

poem

a é

de P

ata

tiva d

e A

ssaré

e a

música

de L

uiz G

onza

ga. A

mbos co

mo

nord

estin

os fica

ram

imp

ressio

nados p

ela

seca

do se

rtão u

ns trin

ta a

nos a

trás. N

aquela

época

, um

a sa

ída p

ara

a p

roble

mática

da se

ca, e

ra ir p

ara

São

Pau

lo. F

oi o

tem

po e

m

que ch

egou a

indústria

auto

mobilística

para

o B

rasil e

quando e

ra a

inda m

ais fá

cil de

ach

ar e

mpre

go

. Mas o

canto

no

s fala

do

sofrim

ento

de m

uita

s pesso

as, co

nte

rrâneas n

ossa

s, que fo

ram

obrig

adas a

sair d

a su

a te

rra.

Hoje

em

dia

, a se

ca n

o N

ord

este

contin

ua, m

as n

ós n

ord

estin

os já

reagim

os d

ifere

nte

, nós já

esta

mo

s desco

brin

do co

mo co

nvive

r com

o n

osso

clima e

com

o n

os p

reve

nir, p

ara

enfre

nta

r até

um

a se

ca g

rande.

É m

elh

or p

rimeiro

ouvir a

música

num

a fita

, canta

r ou le

r.

Depois p

ode-se

faze

r as s

eg

uin

tes p

erg

un

tas:

1. Q

uem

de vo

cês já

teve

que sa

ir para

São P

aulo

ou o

utra

cidade g

rande? - C

onte

-nos a

sua e

xperiê

ncia

!

2. S

erá

que p

ara

nós, a

melh

or so

luçã

o é

mesm

o sa

ir da n

ossa

terra

? - Ju

stifique a

sua re

sposta

!

3. Q

uais sã

o o

s cam

inhos h

oje

para

enfre

nta

r a se

ca?

28

A T

RIS

TE

PA

RT

IDA

cm

yk

Page 31: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

A T

RIS

TE

PA

RT

IDA

Texto

de P

ata

tiva d

e A

ssaré

e m

úsic

a d

e L

uiz

Gonza

ga

1. S

ete

mbro

pass

ou

5. A

pela

para

març

o9. E

m u

m c

am

inhão

13. E

a li

nda p

equena

17. S

e a

rgum

a n

otíci

aC

um

oitu

bro

e n

ove

mbro

Que é

mês

pre

ferido

Ele

joga a

fam

íaT

rem

endo d

e m

edo

Das

bandas

do N

ort

eJá

tam

o e

m d

eze

mbro

Do s

anto

querido

Chegô o

trist

e d

iaM

am

ãe m

eu b

rinquedo

Tem

ele

por

sort

eM

eu D

eus,

qui é

de n

ós

Sin

hô S

ão J

osé

Já v

ai v

iajá

Meu p

é d

e fulô

O g

ost

o d

e o

uvi

Ass

im fala

o p

obre

Mais

nada d

e c

huva

A s

eca

é terr

ive

Meu p

é d

e r

ose

ira

Lhe b

ate

no p

eito

Do s

eco

Nord

est

eTa

tudo s

em

jeito

Qui t

udo d

evo

raC

oita

do, ele

seca

Saudade d

e m

óio

Cum

medo d

a p

est

eLhe foge d

o p

eito

Lhe b

ota

pra

fora

E a

min

ha b

oneca

E a

água n

os

óio

Da fom

e fero

z.O

rest

o d

a fé.

Da terr

a n

atá

.Ta

mbém

lá fic

ô.

Com

eça

a c

aí.

2. A

tre

ze d

o m

ês

6. A

gora

pensa

ndo

10. O

carr

o já

corr

e14. E

ass

im v

ão d

eix

ando

18. D

o m

undo a

fast

ado

Ele

fez

exp

eriença

Ele

segue o

utr

a tria

No topo d

a s

err

aC

om

choro

e g

em

ido

Ali

vive

pre

soP

erd

eu s

ua c

rença

Cham

ando a

fam

iaO

iando p

ra terr

aD

o b

erç

o q

uerido

Sofr

endo o

desp

rezo

Nas

pedra

s de s

áC

um

eça

a d

izê

Seu b

erç

o, se

u lá

O c

éu li

ndo e

azu

Deve

ndo a

o p

atr

ão

Mas

noutr

a e

spera

nça

Eu v

endo m

eu b

urr

oA

quele

nort

ista

O p

ai p

esa

roso

O tem

po r

ola

ndo

Com

gost

o s

e a

garr

aM

eu je

gue e

o c

ava

loP

art

ido d

e p

ena

Nos

fio p

ensa

ndo

Vai d

ia e

vem

dia

Pensa

ndo n

a b

arr

aN

óis

vam

o a

São P

alo

De lo

nge in

da a

cena

E o

carr

o r

ola

ndo

E a

quela

fam

íaD

o a

legre

Natá

.V

ivê o

u m

orr

ê.

Adeus,

meu lu

gá.

Na e

stra

da d

o S

u.

Num

vort

a m

ais

não.

3. R

om

peu-s

e o

Natá

7. N

óis

vam

o a

São P

alo

11. N

o d

ia s

eguin

te15. C

hegou e

m S

ão P

alo

19. D

ista

nte

da terr

aP

oré

m a

barr

a n

um

vêio

Qui a

cois

a tá feia

Já tudo in

fadado

Sem

cobre

, quebra

do

Tão s

eca

mais

boa

O s

ol b

em

verm

êio

Por

terr

as

alê

iaO

carr

o im

bala

do

E o

pobre

aca

nhado

Exp

ost

o à

garo

aN

asc

eu m

uito

alé

mN

óis

vam

o v

agá

Velo

z a c

orr

êP

rocu

ra u

m p

atr

ão

À la

ma e

ao p

Na c

opa d

a m

ata

Se o

noss

o d

est

ino

Tão trist

e, co

itado

Só v

ê c

ara

est

ranha

Faz

pen

a o

no

rtis

taB

uzi

na a

cig

arr

aN

um

fô tão m

esq

uin

ho

Fala

ndo s

audoso

De e

stra

nha g

ente

Tão

fo

rte e

tão

bra

vo

Nin

guém

vê a

barr

aP

ro m

esm

o c

antin

ho

Um

seu fio

choro

soT

udo é

dife

rente

Viv

ê c

um

o e

scra

vo

Pois

barr

a n

um

tem

.N

óis

torn

a a

vort

á.

Cum

eça

a d

izê.

Do c

aro

torr

ão.

No

No

rte e

no

Su

.

4. S

em

chuva

na terr

a8. E

vende s

eu b

urr

o12. D

e p

ena e

sard

ade

16. T

rabaia

dois

ano

Desc

am

ba ja

neiro

O ju

mento

e o

cava

loP

apai s

ei q

ue m

orr

oT

rêis

ano m

ais

ano

Depois

feve

reiro

Inté

mesm

o o

galo

Meu p

obre

cach

orr

oE

sem

pre

nos

pra

no

E o

mesm

o v

erã

oV

endera

m tam

bém

Quem

dá d

e c

om

êD

e u

m d

ia v

ort

áE

nto

nce

o n

ort

ista

Pois

logo a

pare

ceJá

outr

o p

erg

unta

Mais

nunca

ele

pode

Pensa

ndo c

onsi

go

Feliz

faze

ndêro

Mãiz

inha e

meu g

ato

Só v

ive d

eve

ndo

Diz

isso

é c

ast

igo

Por

pôco

din

heiro

Cum

fom

e s

em

tra

toE

ass

im v

ai s

ofr

endo

Num

chove

mais

não.

Lhe c

om

pra

o q

ue tem

.M

imi v

ai m

orr

êÉ

sofr

ê s

em

pará

.

29

cm

yk

Page 32: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

A CONVIVÊNCIA COM O SEMI-ÁRIDO

O que a gente está vendo?

A gente está vendo a fotografia de uma árvore na caatinga. A caatinga está totalmente seca, mas a árvore já está brotando folhas e flores. Estamos também vendo as raízes descobertas desta árvore, que normalmente ficam embaixo da terra.

O que significa isso?

A árvore é o umbuzeiro. Ainda antes da chuva ele bota as folhas e começa a florar. Isso porque tem raízes-batatas que depositam água e alimento na época da chuva para passar toda a época da seca. As batatas de um umbuzeiro adulto pesavam até 2500 kg. Isso quer dizer que cada umbuzeiro é um grande depósito de água de chuva. As batatas servem de cisternas. O umbuzeiro está prevenido, não lhe falta água na seca. Além disso, ele alimenta o bode, o porco e o ser humano. Dele se aproveita tudo. Sem adubar, ele produz gratuitamente 200 quilos de frutas durante 200 anos. Hoje em dia não se tira mais as raízes-batatas para fazer doce, porque isso enfraquece a árvore na resistência contra a seca.

O que a gente aprende disso?

Para poder viver bem no semi-árido, é necessário se adaptar ao clima e à seca. O umbuzeiro com suas batatas-cisternas pode ser o símbolo da convivência com o semi-árido. Euclides da Cunha chamou-o de “árvore sagrada do sertão”. Cada planta achou seu jeito de convivência. O mandacaru, o xique-xique e a coroa-de-frade depositam a água no tronco. O juazeiro e o aroeira procuram a água do subsolo nas fendas da rocha cristalina. Nós homens e mulheres que vivemos no semi-árido precisamos aprender da natureza esta convivência: providenciar água para a seca, plantar culturas apropriadas ao clima, criar animais que estão acostumados com a seca como cabras e ovelhas. A caatinga é a melhor expressão da vida do semi-árido e nós homens e mulheres podemos viver bem se a respeitamos e dela zelamos. Existem pessoas que nos ensinaram na história esta convivência como Antônio Conselheiro, Pe. Ibiapina, Padre Cícero, Lampião e Maria Bonita entre outros.

30

cm

yk

Page 33: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

A CONVIVÊNCIA COM O SEMI-ÁRIDO

31

Foto: João Gnadlinger / João Paulo Pereira dos Santos

cm

yk

Page 34: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

AS

SE

CA

S S

ÃO

PR

EV

ISÍV

EIS

O q

ue a

gen

te e

stá

ven

do

?

Aqui a

gente

vê d

uas lin

has e

um

boca

do d

e n

úm

ero

s. Um

a d

as lin

has é

reta

e a

outra

é cu

rva, tip

o co

bra

. Na p

arte

superio

r, há d

ese

nhos d

e so

l e n

uve

ns

com

chuva

.

O q

ue s

ign

ifica is

so

?

Este

carta

z é u

ma co

ntin

uaçã

o d

o ca

rtaz q

ue m

ostra

va a

quantid

ade d

e ch

uva

em

Juaze

iro - B

A. S

ó q

ue e

ste ca

rtaz a

gora

vale

para

todo o

Nord

este

e m

ostra

a ch

uva

entre

os a

nos 1

850 e

2010.

A lin

ha re

ta é

a lin

ha d

os a

nos: e

la in

dica

o d

eco

rrer d

os a

nos d

e 1

850 a

té 2

010.

A lin

ha tip

o co

bra

é a

linha d

a ch

uva

no N

ord

este

. Esta

linha p

assa

ndo p

ara

cima, sig

nifica

anos d

e ch

uva

e e

la p

assa

ndo p

ara

baixo

, significa

anos d

e se

ca.

Os d

ese

nhos d

e so

l e n

uve

ns n

o ca

rtaz in

dica

m a

alte

rnância

entre

anos se

cos e

anos m

ais ch

uvo

sos..

Os a

nos d

e se

ca q

ue a

tingem

o N

ord

este

todo vo

ltam

num

ritmo d

e 2

6 e

m 2

6 a

nos. A

nos d

e se

ca h

ouve

assim

de 1

849 a

1855, d

e 1

875 a

1881, d

e 1

901 a

1907, d

e 1

927 a

1933, d

e 1

953 a

1959, d

e 1

979 a

1985 e

vai te

r um

a se

ca g

rande n

ova

mente

de 2

005 a

2011

. Aqui d

entro

caem

as g

randes se

cas co

mo d

e

1877 (q

uando o

Impera

dor D

. Pedro

II pro

mete

u o

fere

cer a

s pedra

s pre

ciosa

s da su

a co

roa p

ara

o p

ovo

do N

ord

este

), 1906 (q

uando fo

i fundada a

institu

ição

que p

rece

deu o

DN

OC

S), 1

932 (q

uando m

igra

ram

povo

ados in

teiro

s do S

em

i-Árid

o p

ara

regiõ

es m

ais ch

uvo

sas), 1

958 (q

uando fo

i fundada a

SU

DE

NE

) e

1982 (a

prim

eira

seca

que fo

i pre

vista p

or cie

ntista

s, sem

o g

ove

rno d

epois to

mar p

rovid

ência

s) . O

bse

rvaçã

o: N

o m

eio

desta

s seca

s gra

ndes d

e 2

6 a

nos, p

odem

oco

rrer se

cas m

enore

s e m

ais lo

caliza

das.

O q

ue a

gen

te a

pre

nd

e d

isso

?

A g

ente

apre

nde d

isso q

ue a

s seca

s no N

ord

este

volta

m n

um

ritmo d

e a

pro

ximadam

ente

26 a

nos. A

ssim é

possíve

l ver co

m a

nte

cedência

as se

cas g

randes

no fu

turo

. A p

róxim

a se

ca g

rande se

rá e

ntre

2005 e

2011

. D

eve

mos e

nfre

nta

r esta

seca

já a

partir d

e a

gora

. Com

o? - C

onstru

indo ciste

rnas p

ara

cada ca

sa, a

pre

nder co

mo p

lanta

r a ro

ça co

m p

ouca

chuva

, criar o

s anim

ais a

dapta

dos a

o se

mi-á

rido e

melh

ora

ndo a

s aguadas; o

s sindica

tos, o

s municíp

ios, a

s com

unid

ades, e

studando a

situaçã

o d

a á

gua e

sobre

tudo o

povo

se o

rganiza

ndo p

ara

poder e

xigir d

o g

ove

rno o

dire

ito p

ara

ter á

gua.

O g

ove

rno d

eve

usa

r o d

inheiro

para

reso

lver o

pro

ble

ma d

a á

gua n

o N

ord

este

(faze

ndo a

çudes, ta

nques, p

oço

s), em

vez d

e g

asta

r com

carro

pip

a e

ca

mpanha p

olítica

. Não d

eve

mos d

eixa

r o g

ove

rno co

nstru

ir açu

des e

poço

s para

os fa

zendeiro

s porq

ue a

água n

ão p

ode se

r de d

om

ínio

particu

lar. A

água é

um

bem

-com

um

com

o o

ar q

ue re

spira

mos.

Ob

servação: S

urge a pergunta, se hoje em dia tem

mais secas do que antigam

ente. O clim

a do semi-árido existe há pelo m

enos 9 000 anos, com as secas

periódicas. A natureza aprendeu a conviver com

elas. Se nós sentim

os mais a seca do que os nossos pais, é porque as terras m

elhores do semi-

árido hoje estão nas mãos dos fazendeiros, e tam

bém porque já m

altratamos bastante as terras do sem

i-árido (por queimadas, m

ono-cultura, plantio m

orro a baixo, plantio de culturas não apropriadas, sobre-pastoreio, não captamos a água de chuva quando cai). E

ste tipo de seca não existe pela natureza, m

as por nossa causa.

32

cm

yk

Page 35: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

AS

SE

CA

S S

ÃO

PR

EV

ISÍV

EIS

!

Milím

etr

os d

e

ch

uva p

or

an

o

1000

750

500

250 0

1849 -

1855

1875 -

1881

1901 -

1907

1927 -

1933

1953 -

1959

1979 -

1985

2005 -

2011

1850

1860

1870

1880

1890

1900

1910

1920

1930

1940

1950

1960

1970

1980

1990

2000

2010

SE

CA

S G

RA

ND

ES

34

33

cm

yk

Desenho: Gnadlinger

Page 36: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

MU

DA

AS

DO

TE

MP

O D

UR

AN

TE

"EL N

IÑO

”O

qu

e a

gen

te e

stá

ven

do

?

A g

ente

vê n

este

dese

nho vá

rias m

anch

as d

e co

res. Q

uando se

olh

a m

ais d

e p

erto

, a g

ente

desco

bre

que o

dese

nho é

o m

apa d

o m

undo, o

nde se

desta

cam

os m

are

s e o

s contin

ente

s (África

, Euro

pa, Á

sia, A

ustrá

lia e

as A

mérica

s). Na A

mérica

do S

ul a

gente

desco

bre

tam

bém

o n

om

e d

o B

rasil.

O q

ue s

ign

ifica is

so

?

Com

este

mapa, a

gente

quer e

xplica

r um

a co

isa q

ue in

fluencia

o clim

a d

o m

undo in

teiro

, em

dete

rmin

ados a

nos, ta

mbém

o clim

a n

o N

ord

este

.O

s pesca

dore

s do P

eru

, um

país d

a A

mérica

do S

ul, d

esco

brira

m q

ue à

s veze

s há a

nos e

m q

ue o

mar n

a co

sta d

o P

eru

esq

uenta

va m

ais d

o q

ue e

m o

utro

s e

por isso

é q

ue d

imin

ui a

pesca

do m

ar. O

s pesca

dore

s dera

m a

este

fenôm

eno e

xtraord

inário

o n

om

e d

e "E

l Niñ

o", q

uer d

izer "M

enin

o Je

sus", p

or co

stum

ar

apare

cer a

nte

s da fe

sta d

e N

ata

l. A

gora

veja

no d

ese

nho o

nde fica

o P

eru

e o

nde a

pare

ce "E

l Niñ

o"!

Um

tem

po a

trás d

esco

briu

-se u

ma co

isa im

porta

nte

: nos a

nos e

m q

ue a

pare

ce "E

l Niñ

o", o

clima e

m vá

rias p

arte

s do m

undo m

uda. A

s manch

as co

lorid

as

do d

ese

nho m

ostra

m isso

.A

s manch

as v

erm

elh

as m

ostra

m o

s lugare

s do m

undo q

ue fica

m m

ais q

uente

s, com

o a

Coré

ia e

o Ja

pão, n

a Á

sia, e

parte

s da A

lasca

e d

o C

anadá, n

a

Am

érica

do N

orte

.A

s manch

as v

erd

es m

ostra

m o

s lugare

s que fica

m m

ais ch

uvo

sos, co

mo a

África

Centra

l e o

Sul d

a Ín

dia

, na Á

sia, e

parte

s dos E

stados U

nid

os, o

Peru

e o

S

ul d

o B

rasil, n

as A

mérica

s.A

s manch

as m

arro

ns m

ostra

m o

s lugare

s que fica

m m

ais se

cos, co

mo M

oça

mbiq

ue e

Madagasca

r, na Á

frica, o

Norte

da Ín

dia

, a In

donésia

e o

Sul d

as

Filip

inas, n

a Á

sia, a

Nova

Guin

é, a

Austrá

lia e

o N

ord

este

no B

rasil.

O q

ue a

gen

te a

pre

nd

e d

isso

?

A g

ente

apre

nde d

isso q

ue o

s vário

s climas d

o m

undo e

stão lig

ados e

ntre

si e se

influ

encia

m u

m a

o o

utro

. Um

a co

isa q

ue a

conte

ce lo

nge d

o B

rasil, e

m fre

nte

a co

sta d

o P

eru

, influ

encia

o clim

a d

o B

rasil, ca

usa

ench

ente

no S

ul e

seca

no N

ord

este

. Os a

nos d

e 1

982/8

3, q

uando h

ouve

um

a g

rande se

ca n

o N

ord

este

e

ench

ente

s no S

ul d

o B

rasil, e

ram

anos d

e "E

l Niñ

o". Ta

mbém

se d

esco

briu

que e

m to

dos o

s anos e

m q

ue h

ouve

"El N

iño

" no m

ês d

e d

eze

mbro

, chove

u

pouco

no N

ord

este

nos m

ese

s de fe

vere

iro e

março

seguin

tes. H

oje

em

dia

, é p

ossíve

l faze

r a p

revisã

o d

e u

ma se

ca n

o N

ord

este

: ela

apare

ce q

uando su

rge

Ob

servação:O

Serviço N

acional de Meteorologia dos E

stados Unidos elabora m

ensalmente a previsão de “E

l Niño”. A

sua entidade pode dar o nom

e e endereço para receber uma tradução desta previsão em

português pelo IRPA

A.

34

cm

yk

Page 37: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

MU

DA

AS

DO

TE

MP

O D

UR

AN

TE

“E

L N

IÑO

Am

éric

ado

Nor

te

l u S od aci r é mAÁ

frica

Eur

opa

Ási

a

Aus

trália

Bra

sil

Mar

Chuva

Terr

aC

alo

rS

eca

Peru

“El N

iño”

o n a e cO

o ci f í c a P

oci t nâl t A onaec O

Oce

ano

Índi

coN

or-

dest

e

35

cm

yk

Desenho: Gnadlinger, segundo NOAA

Page 38: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

MU

DA

AS

DO

TE

MP

O D

UR

AN

TE

"LA

NIÑ

A”

O q

ue a

gen

te e

stá

ven

do

?

A g

ente

vê n

este

dese

nho o

mapa d

o m

undo, se

melh

ante

ao d

ese

nho a

nte

rior.

O q

ue s

ign

ifica is

so

?

Com

este

mapa, a

gente

quer e

xplica

r mais u

m fe

nôm

eno q

ue in

fluencia

o clim

a d

o m

undo in

teiro

, em

dete

rmin

ados a

nos, ta

mbém

o clim

a se

mi-á

rido

bra

sileiro

.H

á a

nos e

m q

ue o

mar n

o lito

ral d

o P

eru

esfria

mais d

o q

ue e

m o

utro

s. A e

ste a

conte

cimento

extra

ord

inário

deu-se

o n

om

e d

e “L

a N

iña”, q

uer d

izer "M

enin

a"

em

portu

guês.

Agora

veja

no d

ese

nho o

nde fica

o P

eru

e o

nde a

pare

ce “L

a N

iña”!

Nos a

nos e

m q

ue a

pare

ce “L

a N

iña”, o

tem

po e

m vá

rias p

arte

s do m

undo m

uda, m

as d

e m

aneira

dife

rente

dos a

nos e

m q

ue h

á “E

l Niñ

o”. A

s manch

as

colo

ridas d

o d

ese

nho m

ostra

m isso

.A

s manch

as v

erd

es m

ostra

m o

s lugare

s do m

undo q

ue fica

m m

ais ch

uvo

sos, co

mo a

parte

sudeste

da Á

frica, a

Indonésia

, um

as p

arte

s dos E

stados U

nid

os,

um

a p

arte

da A

ustrá

lia e

a p

arte

Norte

e N

ord

este

do B

rasil, o

nde fica

tam

bém

o se

mi-á

rido b

rasile

iro.

As m

anch

as d

e a

zul lilá

s m

ostra

m o

s lugare

s que fica

m m

ais frio

s, com

o o

Japão, a

parte

oeste

dos E

stados U

nid

os e

o C

anadá, a

parte

oeste

da Á

frica e

a

parte

sul d

o B

rasil.

A m

anch

as m

arro

ns m

ostra

m lu

gare

s que fica

m m

ais se

cos, n

o ce

ntro

da Á

frica, n

o P

eru

, em

um

a p

arte

do O

ceano P

acífico

e n

o S

ul d

os E

stados U

nid

os e

no n

orte

do M

éxico

.

O q

ue a

gen

te a

pre

nd

e d

isso

?

A g

ente

apre

nde d

isso q

ue o

s vário

s climas d

o m

undo e

stão lig

ados e

ntre

si e se

influ

encia

m u

m a

o o

utro

. Um

a co

isa q

ue a

conte

ce lo

nge d

o B

rasil, e

m fre

nte

a co

sta d

o P

eru

, influ

encia

o clim

a d

o B

rasil, ca

usa

chuva

no n

orte

e n

ord

este

e frio

no su

l do B

rasil. O

s anos d

e 1

999/2

000 co

m m

ais ch

uva

do q

ue n

orm

al

era

m a

nos d

e “L

a N

iña”. H

oje

em

dia

, com

o é

possíve

l faze

r a p

revisã

o d

e u

ma se

ca n

o n

ord

este

do B

rasil é

possíve

l pre

ver ta

mbém

quando va

i chove

r mais

do q

ue o

norm

al. M

as a

tençã

o, m

ais ch

uva

não q

uer d

izer q

ue a

chuva

é m

ais re

gula

r.

Ob

serv

ação

:E

m a

nos d

e “L

a N

iña” d

eve

m te

r os se

guin

tes cu

idados:

- Apro

veite

m a

s chuva

s para

pla

nta

r pasto

com

o le

uce

na, a

lgaro

ba, p

alm

a e

capim

-búfa

lo! P

lante

m g

uandu, so

rgo e

fe

ijão d

a Ín

dia

!- G

uard

em

forra

gem

, feno e

silagem

, pois p

ode vir u

m a

no m

ais se

co d

epois!

- Ela

bore

m u

m p

lano d

e á

gua n

a su

a co

munid

ade e

no m

unicíp

io!

- Não e

squeça

m d

e co

nstru

ir cistern

as e

arru

mar a

s aguadas p

ara

colh

er a

água q

ue ca

i do cé

u!

36

cm

yk

Page 39: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

MU

DA

A D

E T

EM

PO

DU

RA

NT

E “

LA

NIÑ

A”

l u S o d aci r é mA

Áfri

ca

Eur

opa

Ási

a

Aus

trália

Bra

sil

Mar

Chuva

Terr

aF

rio

Seca

oci t n âl t A o n a ec O

Oce

ano

Índi

co

o n a e cO

o ci f í c a P

Am

éric

ado

Nor

te

La N

iña

37

cm

yk

Desenho: Gnadlinger, segundo NOAA

Page 40: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

A P

ER

DA

DE

ÁG

UA

PO

R C

AU

SA

DA

EV

AP

OR

ÃO

O q

ue a

gen

te e

stá

ven

do

?

A g

ente

vê trê

s dese

nhos d

ifere

nte

s: um

barre

iro o

u ta

nque se

m á

gua, u

m ca

xio ch

eio

até

mais d

a m

eta

de

e d

ua

s cistern

as co

berta

s que p

egam

água d

e ch

uva

do te

lhado.

O q

ue s

ign

ifica is

so

?

Os trê

s dese

nhos re

pre

senta

m trê

s tipos d

e ta

nques. E

m ca

da u

m ca

be o

mesm

o ta

nto

de á

gua

que

devia

ser b

asta

nte

para

passa

r o

perío

do d

a se

ca. V

am

os im

agin

ar q

ue u

ma fa

mília

quer p

rovid

encia

r a á

gua p

ara

dez p

esso

as d

ura

nte

oito

me

ses. E

ntã

o e

la p

recisa

de 1

0 ve

zes 3

.360 litro

s que d

á 3

3.6

00 litro

s de á

gua. A

rmaze

nando a

água d

a ch

uva

, ela

conse

gue 3

5.0

00 litro

s de

água.

Mas, se

for co

loca

da e

ssa á

gua n

um

barre

iro ra

so, d

epois d

e q

uatro

mese

s esta

água to

da viro

u va

por e

aca

bou

a á

gua

pa

ra a

fam

ília.

No ca

xio, q

ue é

mais fu

ndo e

mais e

streito

, sobra

m, d

epois d

e q

uatro

mese

s, ain

da 2

2.5

00 litro

s, qu

er d

izer q

ue e

vaporo

u u

ma p

arte

. S

e e

le co

brir o

caxio

com

um

telh

ado o

u co

nstru

ir cistern

as, a

eva

pora

ção va

i ser m

ínim

a. A

sua fa

mília

terá

os 3

3.6

00

litros d

e á

gu

a

para

beber, p

ara

cozin

har e

para

banhar o

rosto

.

O q

ue a

gen

te a

pre

nd

e d

isso

?

A g

ente

apre

nde d

isso q

ue q

uan

to m

aio

r a la

rgu

ra d

e u

ma a

gu

ad

a, m

aio

r a e

va

po

ração

e q

ua

nto

ma

is fu

nd

o u

ma a

gu

ad

a,

men

or a

evap

ora

ção

. Quando u

ma a

guada e

stá co

berta

, a e

vapora

ção é

mín

ima.

É im

porta

nte

faze

r barre

iros fu

ndos, co

m b

oca

estre

ita. N

a é

poca

da p

olítica

, há m

uito

trato

r cava

ndo

aguadas e

tanques. Q

uanta

gente

já n

ão d

eu se

u vo

to e

m tro

ca d

e u

ma a

guada ra

sa q

ue n

ão se

gura

a á

gua.

Se o

trato

r vem

, a e

scava

ção d

eve

ser fe

ita b

em

pro

funda, d

e q

uatro

metro

s, em

form

a d

e va

leta

e n

ão d

e p

rato

38

Ob

serv

ação

:A

eva

pora

ção e

leva

da é

um

a p

roprie

dade d

o clim

a se

mi-á

rido q

uente

. Segundo d

ados d

a E

MB

RA

PA

Sem

i-Árid

o, a

eva

pora

ção p

ote

ncia

l de u

ma su

perfície

aberta

de á

gua é

de m

ais d

e 3

000 m

m p

or a

no. Isso

são q

uase

10 m

m p

or d

ia.

cm

yk

Page 41: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

Em

oit

o m

eses, d

ez

pe

sso

as p

recis

am

de 3

3.6

00 lit

ros d

e á

gu

a.

No

barr

eir

o, n

o c

axio

e n

as d

uas c

iste

rnas c

ab

em

35.0

00 lit

ros

de á

gu

a.

De

po

is d

e q

ua

tro

me

se

s s

ob

ram

:-

No

ba

rre

iro

ra

so

fe

ito

pe

lo t

rato

r: n

ad

a,

se

co

u t

ota

lme

nte

- N

o c

ax

io;

22

.50

0 l

itro

s-

Na

s c

iste

rna

s:

33

.60

0 l

itro

s

A P

ER

DA

DE

ÁG

UA

PO

R C

AU

SA

DA

EV

AP

OR

ÃO

39

Perd

a to

tal

Pe

rda

pe

que

na

Se

m p

erd

a

cm

yk

Page 42: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

O que a gente está vendo?

A gente está vendo uma tabela com desenhos de bichos: vaca, jumento, cabra, galinha e uma família. Também se vê um bocado de números. E embaixo vem dois cálculos.

O que significa isso?

Esta tabela mostra a quantidade de água que os animais e as pessoas consomem por dia.Uma vaca bebe, por dia, 53 litros de água, isso são 12.720 litros em oito meses de seca.Cabras e ovelhas bebem menos: seis litros por dia, isso são 1.440 litros em oito meses de seca. Uma vaca precisa beber quase nove vezes mais água do que uma cabra.Uma pessoa precisa de 14 litros de água por dia (incluindo água para beber, cozinhar e lavar o rosto, menos a água para lavar roupa e tomar banho). Assim uma pessoa gasta em oito meses 3.360 litros de água.

O que a gente aprende disso?

Com esta tabela, a gente pode calcular a necessidade de água para seres humanos e animais. É muito importante fazer este cálculo em nosso clima, que passa vários meses por ano sem chover. Por exemplo, uma família de dez pessoas, quanta água precisa em oito meses?O cálculo apode ser feito assim: uma pessoa em oito meses precisa de 3.360 litros. Este valor vezes 10 dá 33.600 litros. Dez pessoas gastam em oito meses, no mínimo, 33.600 litros de água.Se esta quantidade de água cai no telhado da casa desta família em forma de chuva, pode-se colher esta água em duas cisternas com 16.800 litros cada um. Assim as dez pessoas têm a água garantida para passar uma seca de oito meses.

Observação 1: Para descobrir o consumo de água de cada família da comunidade, use o texto: De quanta água precisa uma família durante a época da seca, nas páginas seguintes.Observação 2: A tabela de consumo de água (valor mínimo) foi elaborada pela EMBRAPA Semi-Árido, Petrolina - PE.Observação 3: Se houver uma cisterna na escola da sua comunidade, precisa calcular pelo menos 2 litros de água para beber por criança por turno. Assim 50 crianças em 180 dias letivos precisam de 18 000 litros de água (ainda não contando a água para preparar a merenda).

40

NECESSIDADES DE ÁGUA PARA

O CONSUMO

cm

yk

Page 43: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

NECESSIDADE MÍNIMA DE ÁGUA

PARA O CONSUMO

GADO

Litrospor dia

Litrospor mês

Litros por8 meses

53 1.590

1.230 9.840

180

12.720

1.440

41

6

60,2

14 420 3.360

48

CABRA

OVELHA

PORCO

GALINHA

CRIANÇA

HOMEM

MULHER

CAVALO

JUMENTO

Exemplo 1: Qual é a necessidade de água para suprir durante oito meses uma casa com oito pessoas, mais um rebanho com vinte cabras, dez ovelhas, um burro e quinze galinhas?

Oito pessoas precisam, em oito meses..................... 8 x 3.360 =............26.880 litrosVinte cabras precisam, em oito meses.....................20 x 1.440 =............28.800 litrosDez ovelhas precisam, em oito meses..................... 10 x 1.440 =...........14.400 litrosUm burro precisa, em oito meses...............................1 x 9.840 =..............9.840 litrosQuinze galinhas, precisam em oito meses................... 15 x 48 =.................720 litros

___________________ A família mais o rebanho precisam em oito meses 80.640 litros ==========

Exemplo 2: Quantos litros de água uma famíilia de dez pessoas precisa, no mínimo, em oito meses? - Dez pessoas precisam de 10 x 3.360 litros, o que dá 33.600 litros de água.

41

cm

yk

Page 44: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

Antes de fazer uma cisterna, você precisa fazer os cálculos de quanta água sua família precisa.

1. Qual é a necessidade de água que uma pessoa precisa por dia? - As pesquisas dizem que são aproximadamente 14 litros por pessoa (incluindo a água de beber, de cozinhar, de lavar o rosto e as mãos).

14 litros

2. Quanto tempo dura a seca na sua região? - Na região de Juazeiro - BA, ela é de mais ou menos 8 meses (ou 8 vezes 30 = 240 dias). Assim deve multiplicar 240 vezes 14 que dá 3.360 litros de água por pessoa (Se na sua região por exemplo a seca dura mais ou menos 6 meses: 6 vezes 30 = 180 dias; você deve multiplicar 14 litros por 180 dias que dá 2.520 litros por pessoa). Agora você sabe quanta água uma pessoa precisa durante a seca.

8 x 30 = 240 240 x 14 = 3.360

3. Para saber de quanta água precisa sua família toda, você deve multiplicar o resultado anterior com o número das pessoas que vivem na sua casa. Suponhamos que na sua casa vivem 5 pessoas. Então o cálculo é: 3.360 vezes 5, que dá 16.800 litros. Uma família de cinco pessoas em Juazeiro - BA precisa de aproximadamente 16.800 litros de água por seca.

3.360 x 5 = 16.800

4. Depois de saber de quanta água precisa para sua família na seca, deve descobrir se esta quantidade de chuva cai realmente no telhado de sua casa. Para isso, você deve saber quanto chove normalmente na sua região. Em Juazeiro - BA a chuva dá uma média de 500 milímetros por ano (Em outras regiões esta média pode ser diferente). Isso quer dizer que em Juazeiro - BA em cada metro quadrado chove 500 milímetros ou 500 litros por ano.

500 mm ou 500 litros por metro quadrado

5. Agora você vai tomar as medidas de sua casa para saber a área da casa. Vamos supor que a metragem da casa são 9 metros de comprimento por 5 metros de largura, o que dá 9 vezes 5 igual 45 metros quadrados.

9 x 5 = 45

6. Para saber quanta água de chuva cai na sua casa, você deve multiplicar o tamanho da casa vezes os litros de chuva por metro quadrado. Isso, neste caso, é 45 vezes 500 que dá 22.500 litros.

45 x 500 = 22.500

7. Para saber se á água que cai na sua casa, dá realmente para a sua família, você deve tirar da quantidade de chuva na sua casa a quantidade de água que sua família precisa. Em nosso caso deve tirar de 22.500 litros que caem na sua casa como chuva os 16.800 litros que sua família precisa para beber. Nesse caso, a água de chuva enche um tanque de 16.800 litros e vão sobrar 5.700 litros, quer dizer o telhado de sua casa produz água de sobra. 22.500 - 16.800 = 5.700

42

DE QUANTA ÁGUA PRECISA UMA FAMÍLIA DURANTE A ÉPOCA

DA SECA?

cm

yk

Page 45: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

1. Já sabemos que são 14 litros de que uma pessoa precisa por dia.

2. Agora você multiplica os meses de seca na sua região vezes 30, depois multiplica com 14! O resultado indica a necessidade de água para uma pessoa durante a seca toda.

3. Para saber a necessidade de água não só de uma pessoa, mas da sua família toda, multiplique o resultado pelo número das pessoas de sua casa.

O resultado agora é a quantidade da água de que sua família precisa durante a seca

4. Para saber se o telhado de sua casa produz esta quantidade necessária para sua família passar a estação seca, você deve procurar primeiro a média da chuva que cai na sua região por ano.

5. Agora tome as medidas ou a metragem de sua casa e multiplique o comprimento com a largura para receber a área.

6. Para saber a quantidade da chuva que cai na sua casa multiplique o resultado de número 4 com o resultado de número 5.

7. Para terminar, tire do resultado de número 6 (a água que a sua casa produz) o resultado de número 3 (a água de que sua família precisa). O resultado é a água de sobra que sua família tem. Se o saldo for negativo, a sua casa não produz bastante água.

AGORA FAÇA SEU CÁLCULO:

QUANTA ÁGUA

PRECISA SUA FAMÍLIA?

43

cm

yk

Page 46: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

O q

ue a

gen

te e

stá

ven

do

?

A g

ente

está

vendo u

ma ca

sa, é

um

a ca

sa d

a ro

ça. H

á u

ma ce

rca, vá

rias á

rvore

s, pa

lma, u

mas ca

bra

s e u

m h

om

em

e u

ma m

ulh

er

cuid

ando d

e a

nim

ais. A

o la

do d

a ca

sa, h

á u

m ta

nque d

e á

gua q

ue ca

pta

a á

gua d

a ch

uva

.

O q

ue s

ign

ifica is

so

?

A fa

mília

que m

ora

nesta

casa

está

pre

venid

a co

ntra

a se

ca. E

sta fa

mília

constru

iu u

m ta

nq

ue

ou

cistern

a q

ue

cap

ta a

águ

a d

a ch

uva

. N

a é

poca

do in

vern

o, ch

ove

. Se a

água fo

r colh

ida d

o te

lhado p

or ca

lhas e

bica

s e g

uard

ada n

o ta

nque, n

ão fa

lta á

gua d

e b

eber p

ara

esta

fam

ília n

a se

ca. A

s pesso

as n

ão p

recisa

m b

usca

r a á

gua d

e lo

nge, n

em

apela

r para

o ca

rro-p

ipa e

m tro

ca d

e vo

tos.

O q

ue a

gen

te a

pre

nd

e d

isso

?

Cada fa

mília

deve

reso

lver o

pro

ble

ma d

a su

a á

gua d

e b

eber. U

ma m

aneira

segura

é co

nstru

ir um

a ciste

rna. E

la é

um

inve

stimento

que re

solve

o p

roble

ma d

a á

gua d

e b

eber d

e m

aneira

segura

para

o fu

turo

.A

s cistern

as sã

o re

dondas, p

orq

ue a

ssim sã

o m

ais re

sistente

s contra

rach

adura

s. As ciste

rnas m

ais d

ifun

did

as n

o se

mi-á

rido

bra

sileiro

são a

s seguin

tes:

Cis

tern

a d

e tijo

los, c

imen

to e

cal: a

í se u

sa p

rincip

alm

ente

tijolo

s, massa

de ca

l e cim

en

to; e

ste tip

o d

e ciste

rna e

xige b

asta

nte

tra

balh

o, m

as é

a m

aneira

mais sim

ple

s e m

ais b

ara

ta d

e fa

zer u

ma ciste

rna.

Cis

tern

a d

e p

lacas d

e c

imen

to: e

sta ciste

rna é

com

posta

de p

laca

s de cim

ento

, ara

me

de fe

rro e

reboco

de cim

en

to; e

ste tip

o d

e

cistern

a já

foi b

asta

nte

divu

lgado.

Cis

tern

a d

e te

la-c

imen

to (a

cis

tern

a d

esen

had

a n

o d

esen

ho

): para

este

tipo, u

sa-se

um

a fo

rma p

ara

mo

nta

r a te

la d

e a

ram

e e

o

reboco

de cim

ento

; esta

cistern

a é

a m

aneira

mais rá

pid

a p

ara

constru

ir e h

oje

está

send

o o

tipo m

ais d

ivulg

ado n

o m

undo p

or ca

usa

de su

a g

rande re

sistência

contra

rach

adura

s.

44

A C

OLH

EIT

A D

A Á

GU

A D

A C

HU

VA

EM

CIS

TE

RN

AS

Ob

serva

ções:

- A co

nstru

ção d

e cisternas ex

ige certo

s con

hecim

ento

s e cuid

ado

s. O IR

PAA

disp

õe d

e apo

stilas com

ind

icações p

ara a co

nstru

ção.

- A cistern

a dev

e ficar ligad

a com

o telh

ado

com

calhas e a b

ica para cap

tar a águ

a das ch

uv

as.- A

águ

a da p

rimeira ch

uv

a dev

e ser desv

iada p

ara evitar q

ue lix

o e su

jeira entrem

para a cistern

a.- A

tamp

a dev

e fechar b

em, n

a bica d

eve ter u

m co

ado

r e no

sang

rado

r dev

e ter um

a tela para ev

itar a entrad

a de b

icho

s.- A

luz d

o so

l não

dev

e entrar n

a cisterna p

ara evitar o

desen

vo

lvim

ento

de b

actérias.- U

ma m

anu

tenção

e limp

eza da cistern

a dev

e ser feita a cada an

o.

- A ág

ua d

a cisterna d

eve ser filtrad

a ou

tratada an

tes do

con

sum

o.

cm

yk

Page 47: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

A C

OLH

EIT

A D

A Á

GU

A D

A C

HU

VA

EM

CIS

TE

RN

AS

45

cm

yk

Desenho: Ivomar de Sá Pereira

Page 48: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

A Á

GU

A N

O S

UB

SO

LO

DE

RO

CH

A C

RIS

TA

LIN

A

O q

ue a

gen

te e

stá

ven

do

?

A g

ente

está

vendo á

rvore

s pequenas e

m cim

a e

depois m

anch

as d

e vá

rias co

res e

m b

aixo

. Pare

ce q

ue a

gente

está

vendo ta

mbém

uns p

oço

s e ca

cimbas, u

ns co

m á

gua, o

utro

s sem

água. N

o ca

nto

em

baixo

à d

ireita

se vê

um

a p

esso

a co

m d

uas va

rinhas n

a m

ão.

O q

ue s

ign

ifica is

so

?

Neste

dese

nho, a

cor a

mare

lo-e

scuro

mostra

a ro

cha d

e g

ranito

em

baixo

da te

rra, q

ue se

enco

ntra

em

parte

s dos E

stad

os d

a B

ahia

, P

ern

am

buco

, Para

íba, R

io G

rande d

o N

orte

, Ceará

, Serg

ipe e

Ala

goas. E

sta ro

cha n

ão d

eixa

a á

gu

a p

assa

r, por isso

o te

m á

gua

em

baixo

onde te

m ro

cha d

e g

ranito

, a n

ão se

r que e

sta ro

cha te

nha fe

ndas, e

nch

idas d

e a

reia

e p

edra

, on

de

a á

gu

a fica

de

po

sitada.

Muita

s veze

s, esta

água é

salo

bra

. As fe

ndas te

m o

nom

e p

opula

r de ve

ios. P

esso

as q

ue

possu

em

a se

nsib

ilidade d

ete

ctam

esta

ág

ua

atra

vés va

ra in

dica

dora

. A á

gua p

ode-se

apro

veita

r atra

vés d

e ca

cimbas o

nde é

mais ra

sa, m

as e

stas ca

cimba

s podem

seca

r na

seca

. N

os lu

gare

s mais fu

ndos, a

água é

apro

veita

da a

travé

s de p

oço

s perfu

rados. É

importa

nte

perfu

rar e

xata

mente

em

cima d

o ve

io, co

m

cuid

ado p

ara

a p

erfu

raçã

o n

ão sa

ir do p

rum

o; só

assim

conse

gue-se

água n

a ro

cha crista

lina.

O q

ue a

gen

te a

pre

nd

e d

isso

?

É im

porta

nte

saber co

mo é

o su

bso

lo o

nde a

gente

mora

, para

saber se

tem

água e

mbaixo

da

terra

ou n

ão, e

com

o e

sta á

gu

a p

ode se

r apro

veita

da.

Ante

s de p

erfu

rar u

m p

oço

, deve

-se e

studar o

subso

lo, a

qualid

ade d

a á

gua q

ue p

ode-se

esp

era

r e ta

mbé

m o

s custo

s, manute

nçã

o e

o co

nse

rto d

o p

oço

. Quem

paga o

com

bustíve

l e q

ual é

a p

esso

a q

ue cu

ida d

o p

oço

.P

oço

s “arte

sianos” p

odem

ser u

ma b

oa o

pçã

o p

ara

se p

reve

nir d

e a

nos d

e se

cas g

randes.

46

Ob

serv

ação

:P

ara

loca

lizar a

fenda o

u o

veio

certo

com

água d

oce

, evita

ndo ca

vaçõ

es e

perfu

raçõ

es se

cas o

u co

m á

gua sa

lobra

, existe

um

méto

do

que se

cham

a h

idro

este

sia

. Atra

vés d

a h

idro

este

sia, p

esso

as se

nsíve

is, cham

das b

usca

dore

s/as d

e á

gau, p

odem

loca

r fendas co

m

água d

oce

e e

m q

uantid

ade o

nde va

le a

pena fa

zer in

vestim

ento

s para

a ca

vaçã

o d

e ca

cimbas o

u a

perfu

raçã

o d

e p

oço

s. O IR

PA

A te

m

exp

eriê

ncia

em

dete

ctar, p

repara

r e a

com

panhar b

usca

dore

s/as d

e á

gua. U

m/a

busca

dor/a

com

sensib

ilidade e

bem

trein

ada fa

z um

gra

nde b

enefício

para

as co

munid

ades n

o se

mi-á

rido. N

ão a

conse

lham

os lo

car p

oço

s ou ca

cimbas se

m te

r sensib

ilidade p

ara

isso e

se

m te

r rece

bid

o a

devid

a o

rienta

ção.

cm

yk

Page 49: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

A Á

GU

A N

O S

UB

SO

LO

DE

RO

CH

A C

RIS

TA

LIN

A

47

Ca

cim

ba

seca

Po

ço a

rte

sia

no

em

cim

a d

eve

io fo

rte

Ca

cim

ba

com

ág

ua

tem

po

rária

Po

ço

se

m á

gu

a

Ro

ch

a C

ris

tali

na

0 m

10 m

20 m

30 m

40 m

50 m

60 m

cm

yk

Desenho: Gnadlinger

Page 50: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

A Á

GU

A N

O S

UB

SO

LO

DE

AR

EN

ITO

O q

ue a

gen

te e

stá

ven

do

?

A g

ente

está

vendo n

ova

mente

árvo

res e

m cim

a e

manch

as d

e vá

rias co

res e

m b

aixo

. É u

ma á

rea d

e te

rra co

m trê

s poço

s de

pro

fundid

ade d

ifere

nte

, dois co

m á

gua e

um

sem

água.

O q

ue s

ign

ifica is

so

?

Este

dese

nho m

ostra

o su

bso

lo d

e u

ma g

rande p

arte

do P

iauí, d

o M

ara

nhão e

da B

ahia

(por e

xem

plo

Cíce

ro D

anta

s ou

Barre

iras).

Este

subso

lo é

de a

renito

(que é

are

ia p

etrifica

da). N

o d

ese

nho e

le te

m a

cor cin

za e

verd

e, p

ontilh

ada d

e a

zul. E

xitem

dois tip

os d

e

are

nito

: aquele

que n

ão d

eixa

passa

r água (c

or c

inza

) e o

que d

eixa

passa

r e d

eposita

a á

gua

(co

r verd

e, p

on

tilhad

a d

e a

zul).

Em

baixo

de tu

do te

m a

roch

a crista

lina (c

or a

mare

la). A

água d

e ch

uva

infiltra

e p

assa

até

ach

ar u

ma ca

mada im

pe

rmeá

vel, co

mo o

are

nito

imperm

eáve

l. Esta

água p

ode se

r apro

veita

da a

travé

s de ca

cimbas e

bate

-esta

cas. E

mb

aixo

pode te

r ma

is um

a o

utra

cam

ada

que d

eixa

a á

gua p

assa

r até

enco

ntra

r a ro

cha crista

lina. A

í se ju

nta

água e

m g

rande q

uan

tida

de

, qu

e p

ode se

r apro

veita

da

atra

vés d

e

poço

s tubula

res e

arte

sianos, à

s veze

s de g

rande p

rofu

ndid

ade. E

sta á

gua é

norm

alm

en

te d

e b

oa q

ualid

ade. U

ma p

esso

a co

m

sensib

ilidade p

ode m

arca

r um

poço

.

O q

ue a

gen

te a

pre

nd

e d

isso

?

É im

porta

nte

saber co

mo é

o su

bso

lo o

nde a

gente

mora

, para

saber se

tem

água e

mbaixo

da

terra

ou n

ão e

com

o e

sta á

gua p

ode se

r apro

veita

da.

As p

esso

as q

ue p

rocu

ram

água p

odem

indica

r lugare

s para

poço

s nas co

munid

ade

s. Se sa

bem

os o

lug

ar o

nde

tem

água, te

mos

tam

bém

mais fo

rça d

e e

xigir d

o g

ove

rno, q

ue p

erfu

re p

oço

s para

o p

ovo

e n

ão p

ara

faze

nd

eiro

s ou p

olítico

s.

48

cm

yk

Page 51: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

Roc

ha C

rist

alin

a

Are

nito

Im

perm

eáve

l

Are

nito

com

Águ

a

Sol

o49

A Á

GU

A N

O S

UB

SO

LO

DE

AR

EN

ITO

0POÇO TUBULARSECO

POÇO TUBULARCOM ÁGUA

LEITO DE RIO SECO

POÇO BATE-ESTACACOM ÁGUA

50

0

10

00

15

00

20

00

Ro

ch

a c

ris

tali

naA

ren

ito

cm

yk Desenho: Gnadlinger

Page 52: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

Ob

serv

ação

:M

uita

s veze

s, os p

oço

s no ca

lcário

estã

o in

terlig

ados p

or ca

nais su

bte

rrâneos. A

ssim

cada p

erfu

raçã

o d

e u

m p

oço

novo

dim

inui a

quantid

ade d

e á

gua n

os o

utro

s poço

s. Para

evita

r super-e

xplo

raçã

o, d

eve

ter u

m p

laneja

mento

da á

rea to

da so

bre

o n

úm

ero

de

poço

s a p

erfu

rar.

A Á

GU

A N

O S

UB

SO

LO

DE

CA

LC

ÁR

IO

O q

ue a

gen

te e

stá

ven

do

?

A g

ente

está

vendo n

ova

mente

árvo

res e

m cim

a, ro

chas e

água e

m b

aixo

. É u

ma á

rea d

e te

rra co

m u

m p

oço

de p

rofu

ndid

ade e

com

água.

O q

ue s

ign

ifica is

so

?

Este

dese

nho m

ostra

o su

bso

lo d

e u

ma p

arte

do se

mi-á

rido so

bre

tudo d

a B

ahia

(com

o C

hapada D

iam

antin

a, B

om

Jesu

s da L

apa,

etc.). E

ste su

bso

lo é

de ca

lcário

. No d

ese

nho e

le te

m a

cor ro

sa. E

mbaixo

há g

ruta

s com

dente

s de ca

l em

cima e

canais o

nde p

assa

água. A

água d

e ch

uva

passa

pelo

s bura

cos m

aio

res n

o so

lo, fica

em

baixo

nos ca

nais e

lagoas. E

mbaixo

do ca

lcário

e d

as g

ruta

s é a

roch

a crista

lina. A

água n

o ca

lcário

pode se

r apro

veita

da a

travé

s de p

oço

s tubula

res. E

sta á

gua, n

orm

alm

ente

, é d

ura

e n

ão é

de tã

o

boa q

ualid

ade. O

calcá

rio n

ão filtra

tão b

em

com

o o

are

nito

, por isso

esta

água é

mais se

nsíve

l à p

olu

ição.

O q

ue a

gen

te a

pre

nd

e d

isso

?

É im

porta

nte

saber co

mo é

o su

bso

lo o

nde a

gente

mora

, para

saber se

tem

água e

mbaixo

da te

rra o

u n

ão e

com

o e

sta á

gua p

ode se

r

apro

veita

da. V

imos q

ue e

m ca

da tip

o d

e su

bso

lo, a

água se

com

porta

de m

aneira

dife

rente

.

Esta

água p

ode-se

dete

ctar a

travé

s da h

idro

este

sia. A

s pesso

as se

nsíve

is que p

rocu

ram

água p

odem

indica

r lugare

s para

poço

s nas

com

unid

ades.

50

cm

yk

Page 53: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

A Á

GU

A N

O S

UB

SO

LO

DE

CA

LC

ÁR

IO

Rio

Su

bte

rrâ

ne

oG

ruta R

oc

ha

Cri

sta

lin

a

La

go

a

POÇO COM ÁGUA

51

cm

yk

Desenho: Gnadlinger

Page 54: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

52

A ÁGUA EMBAIXO DA TERRA

NO SEMI-ÁRIDO

O que a gente está vendo?

A gente vê novamente um mapa do Nordeste do Brasil e parte do Sudeste, dividido nos

nove estados (Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco,

Alagoas, Sergipe, Bahia), mais a parte semi-árida de Minas Gerais. O mapa está

dividido em manchas de quatro cores diferentes.

O que significa isso?

Este mapa mostra a água no subsolo do Nordeste, quer dizer a água debaixo do chão.

A cor amarelo indica um subsolo cristalino que não deixa a água passar. Nas fendas

que estão cheias de pedras e areia, pode ter água, mas que muitas vezes é salobra. O

povo chama as fendas também de veios d'água. O subsolo de rocha serve para fazer

tanques e açudes.

A cor verde oliva indica um subsolo de arenito (que é areia endurecida). O arenito

absorve a água como uma esponja. Neste terreno pode-se perfurar poços artesianos e

poços bate-estaca. Não serve para fazer açudes, tanques e caxios.

A cor laranja indica um subsolo de areia onde pode-se cavar cacimbas. Areia existe

também perto dos rios e riachos (que se chama aluvião) onde podem ser cavadas

cacimbas de areia.

A cor rosa indica subsolo de cal com grutas embaixo da terra onde circula água que

depois nasce em olhos d'água. Este terreno não serve para fazer açudes e tanques.

O que a gente aprende disso?

A gente precisa conhecer o tipo do subsolo da região onde vive. Assim sabe-se melhor

se é possível haver água debaixo do chão, de que tipo esta água é, e como pode ser

aproveitada.

Esse assunto deve ser do conhecimento também das comunidades, sindicatos,

municípios para poder lutar por uma política de água adequada para cada região.

cm

yk

Page 55: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

A ÁGUA EMBAIXO DA TERRA NO SEMI-ÁRIDO

MinasGerais

Ceará

Bahia

Maranhão

Piauí

Rio Grande do Norte

Alagoas

Sergipe

Paraíba

200 km

O

CI

TN

ÂL

TA

O

NA

EC

OJuazeiro

Petrolina

ARENITO COM ÁGUAEM GRANDES PROFUNDIDADES

ALUVIÃO E AREIACOM ÁGUA EMBAIXO

CALCÁRIO COM GRUTAS SUBTERRÂNEOSPOR ONDE CORRE ÁGUA

ROCHA DE GRANITO,COM ÁGUASOMENTE EM FENDAS

53

Pernambuco

cm

yk

Desenho: Gnadlinger, conforme dados da SUDENE

Page 56: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

COMO CUIDAR DE UMA CACIMBA

O que a gente está vendo?

Neste desenho a gente vê uma cacimba ou um poço raso. Um menino está tirando água com um balde num carretel de bogó. Uma menina dá água aos animais, botando num bebedouro. O poço está cercado para que os bichos fiquem fora.

O que significa isso?

A cacimba é uma fonte de água importante no Semi-Árido brasileiro para ter água de beber (se a água não for salobra) e para os animais. A cacimba precisa ser bem construída e protegida para poder fornecer sempre água limpa e saudável.

O que se aprende disso?

Veja os cuidados que precisamos ter:- Manter a distância mínima de 15 metros das fossas e construir acima destas, para que a água não seja contaminada por fezes.- Precisa estar longe de chiqueiros, galinheiros ou estábulos e em lugar que não seja atingida por enxurradas e enchentes.- Precisa ter revestimento. O revestimento protege as paredes em toda a volta do buraco e isso evita a contaminação da água por micróbios que vivem na terra. Para revestir uma cacimba podem ser usados madeira, tijolos ou manilhas (anéis feitos de cimento).- É importante que a cacimba seja coberta para evitar que caia sujeira, ratos e outros animais que podem contaminar a água. É importante também fazer um piso cimentado em torno da cacimba.- A melhor maneira de retirar a água é através de bomba manual. Assim, o poço ficará sempre coberto e não haverá necessidade de corda e balde.- Caso não haja bomba, observe sempre se o balde usado para retirar a água está limpo e não deixe que seja colocado na terra, antes de entrar na cacimba. Um balde sujo pode contaminar a água.- A área da cacimba deve ser cercada para evitar que animais cheguem perto da água e sujem ou contaminem a água com as fezes. Para que os animais possam beber água, é preciso fazer um bebedouro, fora da cerca.

O texto é tirado do livro: Maria Oberhofer, Cada gota é importante

Observação:Existem várias maneiras de tirar manualmente água de um poço raso:bogó, sonda para poço bate-estaca, bomba Volanta, bomba-flex, bomba papa-água.

54

cm

yk

Page 57: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

COMO CUIDAR DE UMA CACIMBA

55

cm

yk

Desenho: Ivomar de Sá Pereira

Page 58: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

A ÁGUA FILTRADA EVITA

DOENÇAS

O que a gente está vendo?

A gente está vendo um pote cheio de vários tipos de material.

O que significa isso?

Este pote representa um filtro de água caseiro que cada um de nós pode fazer. A

vantagem disso é que você consegue água limpa e saudável para a sua família beber.

O filtro de água caseiro pode ser feito de várias maneiras, uma é esta:

Você toma um pote de barro grande comum e fura um buraco embaixo para a água

poder sair.

Dentro, arruma cascalho, carvão pisado em pó, areia fina e areia grossa nesta ordem:

!Uma camada de dez centímetros de seixos ou cascalho (de tamanho de dois

centímetros).

!Uma camada de dois centímetros de areia grossa para segurar o carvão.

!Uma camada de carvão vegetal pisado em pó, igualmente de 10 centímetros. O

carvão retira da água os micróbios que causam doenças.

!Um camada de dez centímetros de areia fina. A areia fina tira da água os ovos dos

vermes e o barro.

!Por fim, uma camada de dez centímetros de areia grossa e umas pedrinhas em

cima.

Mantenha o filtro tampado e renove pelo menos de três em três meses as camadas.

O que a gente aprende disso?

Não basta somente ter água, é necessário tomar água de boa qualidade. Todas as

pessoas devem beber somente água fervida ou filtrada. Quem usa água de cisterna

para beber, o filtro de vela é suficiente. Quem usa água de aguadas abertas, deve usar

o filtro de carvão e de areia. A água sem filtrar traz doenças como vermes, diarréia,

infeção intestinal, cólera, tifo, febre e outras.

Se você ainda não tem filtro em casa, faça um para ter mais saúde na sua família.

O uso de filtro faz parte da Saúde Preventiva e deve ser preocupação especial de todas

as famílias, como também da Pastoral da Criança.

Leia mais sobre o assunto no livro de: Dário Nunes dos Santos, Tratamento da Água

56

Jesus disse (Mt 10,42):”Quem der um copo de água limpa a um destes pequeninos, eu garanto a vocês: não perderá sua recompensa.”

cm

yk

Page 59: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

A ÁGUA FILTRADA EVITA DOENÇAS

ÁGUA

AREIA GROSSA10 cm

AREIA FINA10 cm

AREIA 2 cm

SEIXOS OU CASCALHO

CARVÃO VEGETALPISADO A PÓ

10 cm

57

cm

yk Desenho: IRPAA, seg. Almanaque do Pequeno Produtor

Page 60: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

Como o povo devese preparar para

Conviver com a seca?

Bem, a primeira coisa a providenciar é água.Existem quatro linhas de luta pela água:Nós distinguimos a luta pela água para cada família. Cada família deve providenciar água boa para o seu consumo.Depois tem a luta pela água da comunidade; em cada comunidade deve ter barreiro, cacimba, barragem ou poço para os animais terem onde beber, para o pessoal tomar banho e lavar roupa.Tem mais a luta pela água na lavoura; devemos preparar e plantar a roça de tal maneira a assegurar a água para as plantas.E há ainda a luta pela água de emergência, que são obras maiores como um açude ou um poço artesiano para segurar a água numa seca grande.

1. Fale mais sobre aágua para cada família!

A água boa para beber deve ser orgulho de cada família.Deve-se captar a água da chuva que cai no telhado da casa.Não existe casa em que não caiam vinte mil litros de água de chuva num ano. Captando esta água por calhas e levando-a por uma bica a um tanque ou cisterna, a gente consegue bastante água para seis pessoas, ter água para beber, cozinhar, lavar o rosto e dar banho em bebés durante um ano. Em outros lugares, pode-se cavar caxios que pegam a água de chuva que corre pelo chão. Já em outros lugares, há a possibilidade de perfurar poços bate-estaca que fornecem a água para as necessidades da casa.Para melhorar a qualidade da água, devemos filtrá-la em filtros de areia e carvão, usando um pote grande. Assim melhora também a saúde das famílias. Tudo isso só tem sentido se cada casa da comunidade providencia a sua própria água. Assim a água não vai faltar para ninguém na seca e as pessoas no Nordeste vão ficar livres do carro-pipa e da exploração dos coronéis.

2. E como é a águada comunidade?

Certo, além da água para beber e cozinhar, precisa-se ainda da água para tomar banho e para lavar a louça; também para os animais.Para isso, a comunidade deve providenciar a sua água comunitária. Esta água pode ser fornecida por tanques, barreiros, cacimbas ou poços, dependendo de cada local. Este tipo de água só é conquistado numa comunidade organizada e unida, visto que precisa de cuidados coletivos: cercar para proteger dos animais, limpar os tanques uma vez por ano ou cavar barreiro novo. Isso só é possível com a participação de todas as pessoas da comunidade. Pode até ser preciso defender a água da comunidade da grilagem da água. Existem tantos açudes no Nordeste, feitos com o suor do povo nas frentes de trabalho, que agora só servem a fazendeiros

58

AS QUATRO LINHAS DE LUTA PELA ÁGUA

cm

yk

Page 61: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

4

25

9

AS

QU

AT

RO

LIN

HA

S D

E L

UTA

PE

LA

ÁG

UA

cm

yk

Desenho: Ivomar de Sá Pereira

Page 62: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

3. E como é a águada lavoura?

Bem, sobre isso você vai ouvir muito na apostila da roça no sequeiro. Você guarda a umidade da terra e a aumenta, quando evita queimadas, usando cobertura seca e composto. Muitas plantas da caatinga como o umbuzeiro ou o mandacaru captam a água da chuva e a retém a nas raízes-batatas ou no tronco.

Um exemplo para ter água para o plantio é a barragem subterrânea que é uma barragem enterrada que não deixa a água escoar por baixo do chão. Uma barragem subterrânea em um suave declive produz tudo que a família precisa para comer.

O barreiro de salvação armazena a água numa pequena barragem para fazer uma irrigação rápida nos dias de estiagem entre uma chuva e outra.

Barragens subterrâneas e barreiros de salvação podem ser construídos em muitas partes do Semi-Árido, onde há subsolo cristalino, mas não em cima de arenito ou calcário.

Uma outra opção é arar a terra em sulcos nivelados que seguram a água da chuva e fazem inflitrar no chão.

Outros exemplos são o uso do esterco na roça e de plantas com raízes fortes que conseguem puxar a água de maior profundidade.

4. Falta ainda falarsobre a água

de emergência!

Você tem razão. Outras secas virão pela frente. Está prevista já uma seca grande entre os anos 2005 até 2011. Hoje em dia, é possível prever estas secas e por isso temos a obrigação de nos preparar e nos defender delas com antecedência. Aqui, faz-se necessário um levantamento e a elaboração de um plano de água para o município, a partir da organização das comunidades a nível dos municípios que inclui também o sindicato, as escolas, os políticos e as igrejas, o que chamamos de sociedade civil.Assim todos e todas podem descobrir onde é necessária a construção de um açude, de uma barragem ou a perfuração de um poço artesiano ou poço tubular que seguram a água numa seca grande para o povo não passar sede. Depois devem ser envolvidas também entidades estaduais e federais e exigir do governo os meios financeiros. Quando vem por exemplo uma frente de trabalho, o povo da região já sabe onde e como fazer uma barragem porque o problema da água já foi discutido antes por ele.

Se lutarmos pela água no Nordeste nestas quatro linhas, a seca não vai mais nos assustar.

60

cm

yk

Page 63: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

LEVANTAMENTO DOS RECURSOS DE ÁGUA

MUNICÍPIO:__________________________________________________

COMUNIDADE:_______________________________________________

1 - Pessoal:

a - A comunidade é formada de quantas famílias? ______b - Quantas pessoas moram na comunidade? ______

2 - Animais:

Quantos animais tem na sua comunidade?

Burros Vacas PorcosJumentos Cabras AvesCavalos Ovelhas

3. - Fruteiras:

Que tipo de fruteiras existem na sua comunidade? Quantas de cada espécie?______________________________________________________________________________________________________________________________________

4. Água:

a. - Que tipos de aguadas existem na sua comunidade para juntar água? Quantas?

Poço comum

Poço Amazonas

Poço bate-estaca

Poço artesiano

Cacimba comum

Cacimba de areia

Barreiro raso

Barreiro fundo

Caxio

Caldeirão

Tanque de tijolos e cal

Tanque de placas e cimento

Tanque de tijolos e cimento

Tanque de telacimento

Barragem

Outra aguada

61

cm

yk

Page 64: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

b. - Na seca, onde é que a comunidade -consegue água para asfruteiras, para os animais e para as pessoas?____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

c. - A que distância procura água?____________________________________________________________________

d. - O que deverá ser feito na sua comunidade para que não falteágua na seca?________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

E. - A comunidade tem terreno comunitário?____________________________________________________________________

Caso não tenha, ela tem condições de conseguir um local que seja doado à comunidade para nele construir a obra comunitária (p. ex. barragem, poço, horta, etc.)?________________________________________________________________________________________________________________________________________

Observações:____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

____________________________Local e data

Assinatura dos/das representantes da comunidade:___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

Observação:Este levantamento deve ser feito em todas as comunidades de um município. O resultado ajuda a conhecer a situação da água do munícipio e elaborar um “plano de água” para o município.

62

cm

yk

Page 65: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

Água de ChuvaRoberto Malvezzi - Gogó

Refrão:Colher a água Reter a água

Guardar a água Quando a chuva cai do céu

Guardar em casaTambém no chão

E ter a águaSe vier a precisão.

1. No pé da casa você faz sua cisternaE guarda a água que o céu lhe enviouÉ dom de Deus, é água limpa, é coisa lindaTodo idoso, o menino e a meninaPodem beber que é água pura e cristalina.

2. Você ainda vai lembrar dos passarinhosE dos bichinhos que precisam de beberSão dons de Deus, nossos irmãos, nossos vizinhosFazendo isso honrará a S. FranciscoA Ibiapina, Conselheiro e Pe. Cícero.

3. Você ainda vai lembrar que a seca voltaE vai lembrar do velho dito popular"É bem melhor se prevenir que remediar!"Zele os barreiros, os açudes e as aguadasNão desperdice nem sequer uma gota d'água!

Perguntas:1. O que lhe chamou atenção neste canto?2. O que este canto fala sobre a chuva, a cisterna e a água?3. Como contribuíram Pe. Ibiapina, Antônio Conselheiro e Pe. Cícero para uma Convivência com o Semi-Árido?4. Como resolvem as plantas e os animais da Caatinga o problema da água?

63

Observação :Ao lado estamos vendo duas marcas de entidades que se preocupam com a captação de água de chuva: A IRCSA - Associação Internacional de Sistemas de Captação de Água de Chuva - promove a captação de água de chuva no mundo inteiro.www.irsca.org ; www.irsca.org.brA ABCMAC - Associação Brasileira de Captação e Manejo de Água de chuva - reune pesquisadores, universitários, técnicos nacionais e internacionais, dirigentes, lideranças comunitárias, políticos, homens e mulheres comprometidos com o semi-árido brasileiro e a captação de água de chuva no Brasil. www.abcmac.com.br

cm

yk

Page 66: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

64

O ABASTECIMENTO DE ÁGUA

DE UM MUNICÍPIO O que a gente está vendo?

Aqui a gente está vendo o mapa de um município. Vemos a sede do município, os nomes de todas as comunidades, as estradas e as divisas com os municípios vizinhos. As partes coloridas representam açudes, poços e cisternas que se encontram no município.

O que significa isso?

O desenho mostra o mapa do Município Coronel José Dias, no Piauí, e o abastecimento dos recursos hídricos do município, em 2001. Foi possível elaborar este mapa porque foi feito um levantamento de água nas comunidades do município: a identificação, a localização e potencial de barragens, poços e cisternas e a população humana e os animais a serem atendidos. Depois disso, foi elaborado um plano de abastecimento de água de todo o município (área rural e cidade) com a participação das lideranças comunitárias e do poder público. Muitas ações concretas já foram realizadas para a melhorar o abastecimento de água: 400 cisternas foram construídas pelo poder público e 60 pela Cáritas, além de outras obras, barragens foram limpadas e poços instalados.O plano inclui entre outras coisas o seguinte:!Realizar um diagnóstico antes das ações, envolvendo toda a população!Dar prioridade à construção de cisternas familiares - Cáritas e Prefeitura!Perfurar e instalar dois poços tubulares - Prefeitura!Capacitar professores(as) para fazer tratamento de água nas escolas -

Comunidade e Secretaria de Educação!Cercar, limpar e cuidar das aguadas - Comunidade!Cuidar do lixo - Comunidade, Escolas e Prefeitura!Limpar e ampliar seis açudes e barragens - Prefeitura e Comunidade!A Prefeitura se compromete ainda mais: para captar recursos para

construir duas adutoras, perfurar poços, fazer estação de tratamento, construir chafariz em comunidade rural, construir 150 cisternas, estudar a viabilidade de barragens.

O que a gente aprende disso?

Cada município do Semi-Árido Brasileiro pode e deve fazer primeiro um levantamento da situação de abastecimento de água e a partir desta realidade elaborar um plano de água do município, com a participação das comunidades, do sindicato, das escolas, dos políticos, as igrejas, das organizações não-governamentais, toda a sociedade civil. Assim vamos resolver o problema da água nas quatro linhas de luta pela água para toda a população e não só para um grupo privilegiado. O abastecimento de água é uma parte integrante dentro de um programa permanente de convivência com o semi-árido para conseguir um desenvolvimento sustentável do município.

cm

yk

Page 67: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

MUNICÍPIO DE CORONEL JOSÉ DIAS - PI

LEGENDA

ÁÇUDES PÚBLICOS - Água Permanente

ÁÇUDES PÚBLICOS - Água Temporária

ÁÇUDES PARTICULARES - Água Permanente

ÁÇUDES PARTICULARES - Água Temporária

POÇOS TUBULARES PÚBLICOS

POÇOS TUBULARES PARTICULARES

POÇO CACIMBÃO

CISTERNAS/PREFEITURA-PCPR-OUTROS

CISTERNAS/CÁRITAS BRASILEIRA

CISTERNAS/BNB

BAHIA

DIRCEU ARCOVERDECARNAÍBA

BARRO VERMELHO

CURRAL DE RAMOS

FRADEMAXIXEIRO

MINADOR

SALININHASALITRE

UMBURANACARAÍBA

LAJEDÃO

RIACHO DA JUREMALAJESLAJES DE PEDRA

LAGOA DO BENEDITO

BAIXÃO DO EFIGÊNIO

CARNAUBEIRA

SANTA BARBARA

BARRA DO CAMPESTREMOURA

VOLTA DO BOISOBRADO

VEREDA

SANTA TEREZA

MORRO IISÃO JOSÉ

CACIMBA DE BARRO

SÃO L

OUREN

ÇO

CAMPESTRE

ESTREITO

GARRANCHO

RI O PIAUÍRI O PIAUÍ

SÃO RAIMUNDO NONATO

MDO

INOCÊN

CIO

LETREIROPOÇO DANTEGOIABEIRA

MELOSACOROATÁ

LAGOINHA

CASA NOVA SANTA LUZIA ALMAS

MALHADINHASOBRADOSÃO MIGUEL

LAGOA DO CANTORIO PIAUÍ

GROTA FUNDAPOÇO DO ANGICO

BARREIRINHOSANTO ANTONIO

BARRA DO ANTONHÃOBORDA

BAIXÃO DA QUEDA

MAQUINE

MARAVILHASACO

MANDACARU

TRAPIARVENEZA

CAIXA D`ÁGUAFIÁPOS

ZABELÊ

LIMOEIRO

BAIRRO SÃO PEDRO

BARREIRO GRANDEBARREIRINHO

SÍTIO DOMOCÓ

SEDE DO MUNICÍPIO

R0

0

B -

2

BR -020

BR - 020

JOÃO COSTA

POPULAÇÃO: 4.416 habitantes

ÁREA: 1.789 km²

BAIXÃO DA UMBURANA

O ABASTECIMENTO DE ÁGUADE UM MUNICÍPIO

65

Fonte: Prefeitura de Cel. José Dias - PI

cm

yk

Page 68: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

O que a gente esta vendo?

A gente vê um desenho com uns nomes conhecidos da Bíblia como Rio Jordão, Lago de Genezaré, Mar Morto, Jerusalém, Nazaré.

O que significa isso?

O desenho é um mapa da terra do povo de Deus e de Jesus que se chama Israel.Esta terra é cortada do Norte ao Sul pelo Vale do Rio Jordão onde se destacam o Lago de Genezaré e o Mar Morto.No Norte (no alto) há as Montanhas da Galiléia com a cidade de Nazaré e no Sul (embaixo) as Montanhas de Judá com a cidade de Jerusalém. O tempo de chuva é de novembro a março. O resto do ano é seco. No Norte chove mais do que no Sul. Em Jerusalém chove na média 630 milímetros por ano. Perto do Mar Morto, há até lugares em que só chove uma vez em dez anos. Nas montanhas, existem olhos d'água; em outros lugares há água no subsolo: por exemplo, o poço de Jacó tem 32 metros de profundidade; na cidade de Jerusalém havia centenas de cisternas de tijolo e cal que abasteciam a cidade com a água de chuva.

O que a gente aprende disso?

A terra do povo de Deus, em muitos aspectos, é como o Nordeste: Quando a gente coloca um mapa do Nordeste ao lado de um mapa de Israel, a gente descobre o seguinte: os dois são cortados por um rio grande, as duas regiões têm uma estação de chuva e outra de seca. Até o regime das chuvas é semelhante.Nas duas regiões, deve ser providenciada água para os períodos de estiagem (poços e cisternas).Nos dois lugares, há criação de cabras e plantam-se fruteiras.Por isso, quando a gente escuta uma história da Bíblia, a gente entende, porque a nossa vida é como a vida do povo de Deus.

66

A TERRA DO POVO DE DEUS

cm

yk

Page 69: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

Pa

íi

do

ln

ce

se

íci

sF

no

Montanhasda Galiléia

Nazaré

Monte Carmelo

Lago deGenezaré

Poço de Jacó

Va

le d

o R

io J

ord

ão

Brejo de Jericó

Belém

Montanhasde Judá

Massada

Tra

s

Feus

er

do

ilist

Mar

Medite

rrâneo

A TERRA DO POVO DE DEUS

“Eu lhes darei uma terra onde corre leite e mel” (Ex 3,8)

Aqui chove mais que800 milímetros por ano

Aqui chove entre 800 e600 milímetros por ano

Aqui chove entre 600 e150 milímetros por ano

Aqui chove menos que150 milímetros por ano (deserto)

Montanhas com fontes (olhos d’água),poços (cacimbas) e cisternas (caldeirões)

Chuvas de inverno (de novembroa março), vindas do poente

Ventos secos do verão,vindos do sudeste

Ma

r M

ort

o

Jerusalém

Deserto Árabe

67

cm

yk

Desenho: Gnadlinger

Page 70: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

Os patriarcas Abraão, Isaac e Jacó viveram num país com um clima semelhante

ao Nordeste. Por isso tinham que providenciar água para a seca. Eles achavam água,

cavando poços manuais. Assim Jacó cavou um poço com trinta e dois metros de

profundidade na região de Samaria, de onde muitos séculos depois Jesus tomou água

ainda.

Os patriarcas com suas famílias também cavaram cacimbas de areia nos riachos

secos. As aguadas eram poucas e assim houve brigas entre a vizinhança como

acontece ainda hoje em dia. Quantos fazendeiros já roubaram a água das mãos do

povo?

Isaac resolveu o problema da água para a sua comunidade, defendendo-a, e

assim ele é exemplo para todos nós.

Observação:Depois de ler e refletir sobre este texto, podemos fazer uma dramatização e responder às perguntas. Onde tiver muita gente, pode-se dividir o pessoal em vários grupos.

68

A LUTA PELA ÁGUA

cm

yk

Page 71: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

A LUTA PELA ÁGUA(Gênesis 26,15-22)

Os filisteus haviam entulhado e coberto de terra todos os poços que os servidores de

Abraão, pai de Isaac, haviam cavado no tempo de Abraão. Abimelec disse a Isaac:

“Vá embora daqui, porque você ficou mais poderoso do que nós."

Isaac foi embora dali, acampou no Vale de Gerara, e aí se estabeleceu. Cavou de novo

os poços que os servos de seu pai Abraão haviam cavado e que os filisteus tinham

entulhado depois da morte de Abraão, e lhes deu os mesmos nomes que seu pai lhes

havia dado.

Os servos de Isaac cavaram no vale e encontraram aí uma fonte. Mas os pastores de

Gerara brigaram com os pastores de Isaac, dizendo:

"Essa água é nossa!"

Isaac então chamou esse poço de Desafio, pois brigavam por causa dele. Cavaram

outro poço, e também acabaram brigando por causa dele. A este Isaac deu o nome de

Rivalidade. Então partiu daí e cavou outro poço; e, como não havia briga por causa

deste, deu-lhe o nome de Campo Livre, dizendo:

"Agora Javé nos deu o campo livre para que prosperemos na terra.”

Perguntas:

1. O que foi que Isaac fez para ter água na seca?

2. Por que surgiram as brigas pela água?

3. O que é que nós fazemos para ter água?

4. Em nosso caso, quem fica com inveja quando lavradores e lavradoras c

onseguem algo que melhora suas vidas?

69

cm

yk

Page 72: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

DEUS DÁ ÁGUA ATÉ NO

DESERTO

Este trecho da Bíblia fala de um tempo em que o povo de Deus ainda estava

caminhando no deserto. Deus tinha libertado seu povo da escravidão no Egito,mas

ainda estava no deserto, esperando a entrada na terra prometida. Um dia faltou água e

o povo começou a se rebelar contra Deus, Moisés e Aarão. Deus mandou tirar água da

rocha com uma vara. Ainda hoje em dia, pessoas sensíveis à água conseguem

detectar água no subsolo. Se falta água no Nordeste, nós não devemos culpar a Deus,

mas usar a nossa inteligência e nossos instrumentos para descobrir e captar esta

água.

Observação:Depois de ler e refletir sobre este texto, podemos fazer uma dramatização e responder às perguntas. Onde tiver muita gente, pode-se dividir o pessoal em vários grupos.

70

cm

yk

Page 73: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

DEUS DÁ ÁGUA ATÉ NO DESERTO(Números 20,1-13)

A comunidade inteira dos filhos de Israel chegou no primeiro mês no deserto do

Sin. E o povo acampou em Cades. Faltava água para a comunidade e as pessoas se

amotinaram contra Moisés e Aarão. O povo brigava com Moisés, dizendo:"Quem dera tivéssemos morrido quando nossos irmãos morreram diante

de Javé! Porque você trouxe a comunidade de Javé a este deserto, para

morrermos aqui junto com nossos animais? Porque você nos fez sair do Egito,

para nos trazer a este lugar deserto, onde não se pode semear, sem figueiras,

vinhas e romãzeiras, e até sem água para beber?"Moisés e Aarão se afastaram da comunidade, foram para a entrada da tenda da

reunião e se prostraram diante dela, com o rosto por terra. Então a glória de Javé

apareceu a eles. E Javé disse a Moisés:"Pegue a vara, junto com seu irmão Aarão, e reúna a comunidade. Em

seguida, na presença deles, ordene que a rocha dê água. Você tirará água da

rocha para dar de beber à comunidade e aos animais."Moisés pegou a vara que estava na presença de Javé, conforme este lhe tinha

ordenado. Moisés e Aarão reuniram a comunidade diante da rocha. Então Moisés lhes

falou:"Ouçam rebeldes! Vocês acreditam que poderemos tirar água desta

rocha?"Moisés levantou a mão e bateu na rocha duas vezes com a vara: a água jorrou

em abundância, e a comunidade e os animais puderam beber.Então Javé disse a Moisés e Aarão:"Já que vocês não acreditaram em mim e não reconheceram a minha

santidade na presença dos filhos de Israel, vocês não farão esta comunidade

entrar na terra que eu vou dar a eles."Essa é a Fonte da Discussão, onde os filhos de Israel discutiram com Javé. E ele

manifestou a sua santidade para eles.

Perguntas:

1. Existem problemas ou brigas a respeito da água em nossa comunidade

também?

2. Como devemo-nos organizar para ter água no lugar onde nós vivemos?

3. Será que embaixo da terra, onde moramos, tem água?

71

cm

yk

Page 74: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

ELIAS E A VIUVA ENSINAM A CONVIVER COM A SECA

Elias é um dos grandes profetas do Antigo Testamento. Ele viveu no tempo

do rei Acab. Este rei queria ser como os grandes reis daquela época. Por

isso imitava os costumes dos povos estrangeiros, vivia no luxo e esqueceu-

se de Deus e do povo. O povo estava sofrendo uma seca grande e o rei

nem estava aí.

Elias ao contrário, sofre com o povo e procura uma saída da seca. Mas

quem tem uma saída é a viuva de Sarepta que partilha o que ela tem.

No Brasil, se o governo realmente se interessasse pelo semi-árido,

encontraria saídas para o problema da seca. E nós podemos achar saídas

também, se seguirmos o exemplo do profeta Elias e da viúva de Sarepta.

Observação:Depois de ler e refletir sobre este texto, podemos fazer uma dramatização e responder às perguntas. Onde tiver muita gente, pode-se dividir o pessoal em vários grupos.

PROCISSÃO Gilberto Gil

Meu divino São José aqui estou aos vossos pés Dai-nos chuva com abundância Meu Jesus de Nazaré

Olha lá vai passando a procissão Se arrastando que nem cobra pelo chão As pessoas que nela vão passando Acreditam nas coisas lá do céu As mulheres cantando tiram versos Os homens escutando tiram o chapéu Eles vivem penando aqui na terra Esperando o que Jesus prometeu E Jesus prometeu vida melhor Pra quem vive nesse mundo sem amor Só depois de entregar o corpo ao chão Só depois de morrer neste sertão Eu também tô do lado de Jesus Só que acho que ele se esqueceu De dizer que na terra a gente tem De arranjar um jeitinho pra viver Muita gente se arvora a ser Deus E promete tanta coisa pro sertão Que vai dar um vestido pra Maria E promete um roçado pro João Entra ano, sai ano, e nada vem Meu sertão continua ao deus-dará Mas se existe Jesus no firmamento Cá na terra isto tem que se acabar

72

cm

yk

Page 75: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

ELIAS E A VIUVA ENSINAM A CONVIVER COM A SECA

(1 Reis 17,1-16)

Elias, o tesbita de Tesbi de Galaad, disse ao rei Acab:"Pela vida de Javé, o Deus de Israel, a quem sirvo: Nestes anos não haverá

orvalho nem chuva, a não ser quando eu mandar."Javé dirigiu a palavra a Elias:"Saia daqui, dirija-se para o Oriente e esconda-se junto ao córrego Carit,

que fica a Leste do Jordão. Você poderá beber água do córrego. Eu ordenei aos corvos que levem comida para você."

Então Elias partiu e fez como Javé tinha mandado: foi morar junto ao córrego Carit, a Leste do Jordão. Os corvos lhe levavam pão de manhã e carne à tarde. E ele bebia água do córrego.

Algum tempo depois, o córrego secou, porque não tinha chovido na região. Então Javé dirigiu a palavra a Elias:

"Levante-se, vá para Sarepta, que pertence à região da Sidônia, e fique morando aí. Porque eu ordenei a uma viúva que dê comida para você."

Elias se levantou e foi para Sarepta. Chegando à porta da cidade, encontrou uma viúva que estava recolhendo lenha.

Elias a chamou e disse:"Por favor, traga-me um pouco de água no seu balde para beber."Quando a mulher já estava indo buscar água, Elias gritou para ela:"Traga-me também um pedaço de pão."Ela respondeu:"Pela vida de Javé, o seu Deus, não tenho nenhum pão feito; tenho apenas

um pouco de farinha numa vasilha e um pouco de azeite na jarra. Estou ajuntando uns gravetos para preparar esse resto para mim e meu filho. Depois, vamos comer e ficar esperando a morte."

Mas Elias disse:"Não tenha medo! Vá e faça o que está dizendo. Mas primeiro prepare um

pãozinho com o que você tem e traga para mim. Só depois você prepara um pão para você e seu filho. Pois assim diz Javé, Deus de Israel: A Vasilha de farinha não ficará vazia e a jarra de azeite não se esgotará até o dia em que Javé mandar chuva sobre a terra."

A mulher foi fazer o que Elias tinha mandado. E comeram, tanto ele como também ela e o filho, durante muito tempo. A vasilha de farinha não se esvaziou e a jarra de azeite não se esgotou, como Javé tinha anunciado por meio de Elias.

Perguntas:

1. O que sabemos sobre o clima em Israel?2. Como foi a vida dos homens e das mulheres no tempo do profeta Elias?3. A leitura nos mostra que os homens e as mulheres se comportam de

maneira diferente diante de uma seca. - A mesma coisa acontece também hoje?

4. Para enfrentar uma situação difícil, Elias e a viúva ensinavam a partilhar. - O que fazemos nós para conviver com o clima semi-árido?

73

cm

yk

Page 76: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

74

JEREMIAS ORIENTA O POVO NUM TEMPO DIFÍCIL

O profeta Jeremias viveu numa época difícil do povo de Deus.

O exército do rei da Babilônia ameaçava de destruir a cidade de Jerusalém. O rei

dos israelitas, Sedecias, estava desnorteado; ele não sabia, se era bom resistir aos

babilônios ou não.

Jeremias disse que era melhor o povo se entregar aos babilônios do que morrer

pela espada, pela fome ou pela peste. Por causa disso, várias pessoas denunciaram

Jeremias como inimigo da pátria e o rei mandou jogá-lo na cisterna da cadeia.

Mas este tanque estava vazio e por isso o profeta não morreu. Como cada casa

em Jerusalém, até a cadeia tinha uma cisterna, para pegar a água de chuva.

Jeremias fala em outro lugar de reservatórios para a água da chuva, quando ele

compara o povo no caminho errado com "cisternas rachadas" (veja capítulo 2,

versículo 13).

Observação 1:A cisterna de que se fala na leitura é um tanque de pedra e cal. A maioria das casas de Jerusalém tinha cisternas que captavam a água ou do telhado ou do pátio.

Observação 2:Depois de ler e refletir sobre este texto, podemos fazer uma dramatização e responder às perguntas. Onde tiver muita gente, pode-se dividir o pessoal em vários grupos.

cm

yk

Page 77: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

75

JEREMIAS ORIENTA O POVO NUM TEMPO DIFÍCIL

(Jeremias 38,1-13)

Safatias, Gedalias, Jucal e Fassur ouviram o que Jeremias disse a todo o povo:"Assim diz Javé: Quem ficar nesta cidade morrerá pela espada, pela fome e

pela peste; quem passar para os caldeus, será tomado como despojo, mas conservará a vida. Assim diz Javé: Esta cidade será entregue nas mãos do exército do rei da Babilônia, para que a conquiste."

Então os altos funcionários disseram ao rei:"Mande matar esse homem, pois ele, falando assim, está desencorajando

os soldados que ainda restam nesta cidade e também todo o povo. Este homem não busca o bem do povo e sim a desgraça!"

O rei Sedecias respondeu:"Ele está nas mãos de vocês, pois o rei não tem força nenhuma contra

vocês."Então eles pegaram Jeremias e, com uma corda, o puseram dentro da cisterna

do príncipe real Melquias, no pátio da prisão. Como na cisterna não havia água, mas só barro, Jeremias ficou atolado no barro.

O etíope Ebed-Melec, que era eunuco e servia no palácio do rei, ouviu falar que eles tinham colocado Jeremias na cisterna. Enquanto o rei estava sentado junto à porta de Benjamim, Ebed-Melec saiu do palácio e disse ao rei:

"Majestade, esses homens agiram mal contra o profeta Jeremias, jogando-o na cisterna: Ali ele vai morrer de fome, pois não existe mais pão na cidade."

Então o rei ordenou a Ebed-Melec, o etíope:"Leve com você três homens e tirem o profeta Jeremias da cisterna, antes

que ele morra."Ebed-Melec levou os homens, entraram no palácio, foram até o porão, onde

pegaram uns trapos e uns panos velhos. Depois, jogaram esses trapos na ponta de uma corda para Jeremias.

Ebed-Melec, o etíope, disse a Jeremias:"Coloque esses panos velhos debaixo do braço, onde vai passar a corda."Assim fez Jeremias. Então puxaram Jeremias pela corda, tirando-o da cisterna.

E Jeremias ficou no pátio da prisão.

Perguntas:

1. Como se resolveu o problema da água em Jerusalém?

2. Existem cisternas ou tanques vazios em nossa comunidade também. Porque estão vazios?

3. Os profetas e as profetas em nosso meio são aceitos ou rejeitados?

cm

yk

Page 78: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

JESUS E A SAMARITANA

Quando Jesus viajou com seus discípulos da Judéia para a Galiléia, ele tinha que

passar pela Samaria. Samaritanos e judeus não falavam entre si. Um homem também

não conversava com uma mulher em público. Mas, apesar disso, Jesus pediu a uma

mulher samaritana para dar-lhe de beber.

Nesta história, a água é um meio para criar entendimento e compreensão entre

as pessoas.

O poço cavado pelo patriarca Jacó serviu séculos depois a Jesus e serve ainda

hoje ao povo de Samaria. E para combater a relação de opressão da mulher pelo

homem.

Para nós resolvermos o problema da água em nossas comunidades, a gente

deve fazer primeiro um esforço grande (cavando um poço ou construindo cisterna),

depois a vida melhora, não só para a gente, mas também para gerações futuras.

Observação 1: Depois de ler e refletir sobre este texto, podemos fazer uma dramatização e responder às perguntas. Onde tiver muita gente, pode-se dividir o pessoal em vários grupos.

Observação 2: Na época da Bíblia eram também as mulheres que carregavam água. Mas no final do encontro entre Jesus e a samaritana (no versículo 29) a mulher deixou o balde de lado e foi para a cidade falando do encontro libertador que teve com Jesus. Se as mulheres do semi-árido não precisam mais carregar água, terão mais tempo livre ou a disposição para fazer outras coisas.

76

cm

yk

Page 79: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

JESUS E A SAMARITANA(João 4,1-15)

Os fariseus ficaram sabendo que Jesus atraía discípulos e batizava mais do que João. Ao saber disso, Jesus deixou a Judéia e foi para a Galiléia. Jesus tinha que atravessar a Samaria. Chegou então a uma cidade da Samaria chamada Sicar, perto do campo que Jacó tinha dado ao seu filho José. Aí ficava o poço de Jacó. Cansado da viagem, Jesus sentou-se junto ao poço. Era quase meio-dia.

Então chegou uma mulher da Samaria para tirar água. Jesus lhe pediu:"Dê-me de beber!"(Os discípulos tinham ida à cidade para comprar mantimentos). A samaritana

perguntou:"Como é que tu, sendo judeu, pedes de beber a mim, que sou samaritana?"(De fato os judeus não se dão bem com os samaritanos). Jesus respondeu:"Se você conhecesse o dom de Deus, e quem lhe está pedindo de beber,

você é que lhe pediria. E ele daria a você água viva."A mulher disse a Jesus:"Senhor, não tens um balde, e o poço é fundo. De onde vais tirar a água

viva? Certamente não pretendes ser maior do que o nosso pai Jacó, que nos deu este poço, e do qual ele bebeu junto com seus filhos e seus animais!"

Jesus respondeu:"Quem bebe desta água vai ter sede de novo. Mas aquele que beber a água

que eu vou dar, este nunca mais terá sede. E a água que eu lhe darei, vai se tornar dentro dele uma fonte da água viva que jorra para a vida eterna."

A mulher disse a Jesus:"Senhor dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede, nem precise

vir aqui para tirar."

Perguntas:

1. O que fez Jacó para resolver o problema da água para sua família?

2. Será que em nossa comunidade tem também esta água, da qual bebemos juntos com nossos filhos/as e animais?

3. A situação da água em nossa comunidade é sinal de vida ou sinal de morte?

4. Quem carrega água em nossas comunidades para abastecer nossas casas? Por que?

5. Como é o relacionamento entre Jesus e a samaritana nesta historia? Existe um relacionamento de respeito e de libertação entre homens e mulheres em nossas comunidades?

77

cm

yk

Page 80: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

CORAGEM PARA TOMAR POSSE DE

UMA TERRA RICA E GRANDIOSA

Deus prometeu a seu povo uma terra boa, uma terra onde corre leite e mel. Mas

ele não quis entregar esta terra a seu povo como esmola, de mão beijada. Os israelitas

deviam conquistar e lutar por esta terra. Moisés mandou doze representantes das

comunidades para conhecer esta terra. De volta, dez deles falam das dificuldades: dos

inimigos que moram lá. Somente dois representantes: Josué e Caleb acreditam que é

uma terra boa, que dá cachos de uvas tão grandes que precisava de dois homens para

carregá-los. "Temos que tomar posse desta terra; nós podemos fazer isso.”

Também a nós, nordestinos e nordestinas, Deus deu uma terra boa e fértil, mas

muitas pessoas não acreditam nisso. Por isso fazem tão pouco para conquistar ou

melhorar esta terra.

Perguntas:1. a. Que tipo de terra Deus deu ao povo de Israel? b. Que tipo de terra Deus deu a nós no Nordeste do Brasil?2. a. Para conseguir esta terra, quais as dificuldades que as pessoas representantes das comunidades do Povo de Deus levantaram? b. Quais as dificuldades que levantamos em nossas comunidades sobre a vida no Nordeste?3. a. Qual é o comportamento de Caleb e de Josué? b. Como deve ser o nosso comportamento como representantes de

nossas comunidades?

Observação:Este texto é bom para encerrar um encontro maior e deve renovar ou acender nossa fé na terra que temos. Pode-se fazer uma dramatização de doze pessoas que falam de vários exemplos de fé ou descrença no Nordeste. Somente pessoas que lutam, que têm coragem, vão conquistar uma terra onde corre leite e mel.

78

cm

yk

Terra Prometida

Miroval Ribeiro Marques

Doce lar, meu aconchego,ó, belo sertãoNatureza que inspirao poema e a cançãoNa bravura e resistência,teu povo fielGrata Terra Prometidaonde correm o leite e o mel

A pobreza e a indigênciacortam o coração da genteAções preconceituosasque degradam o ambienteFaltam abrigo e comida,saúde e educaçãoFalta água pra bebere molhar a plantação

Povo humilde e abandonadoFruto da escravidãoA elite é atrasada,de um poder sem compaixãoSertanejo nordestinoquer viver e ter direitoDe poder fazer históriae quebrar o preconceito

E assim poder sentirAo som de um violãoA quixabeira, o reisado,São Gonçalo e São JoãoDo sertão ao pé da serra,do serrado à beira marSer parte da mesa fartado almoço ao jantar

A seca não é problemaIsso ouvi de um viajanteÉ da cerca e o sistemaque fazem os retirantesHastear nossa bandeirae expor sem desatinoO Nordeste é a TerraPrometida aos nordestinos

Page 81: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

CORAGEM PARA TOMAR POSSE DE

UMA TERRA RICA E GRANDIOSA

(Números 13,1-33)

Javé falou a Moisés:"Mande gente para conhecer o país de Canaã, que vou dar aos filhos de

Israel. Mande um de cada tribo, e que todos sejam chefes."Segundo a ordem de Javé, Moisés os enviou do deserto de Farã. Todos eram

chefes dos filhos de Israel, e seus nomes são os seguintes: Samua, da tribo de Rúben,

Safat, da tribo de Simeão,Caleb, da tribo de Judá,Igal, da tribo de Issacar,Oséias, da tribo de Efraim,Falti, da tribo de Benjamim,Gedil, da tribo de Zabulon,Gadi, da tribo de Manassés,Amiel, da tribo de Dã,Setur, da tribo de Aser,Naabi, da tribo de Neftali,Güel, da tribo de Gad.

Moisés mandou que eles fossem conhecer o país de Canaã, e lhes falou:"Subam pelo deserto de Negueb até chegar à montanha. Observem como é

o país e seus habitantes, se são fortes ou fracos, poucos ou numerosos. Vejam se a terra é boa ou ruim, se tem árvores ou não, sejam corajosos e tragam frutos da terra."

Era o tempo em que a uva começava a amadurecer. Eles subiram e chegaram a conhecer o país de norte a sul. Chegando ao Vale do Cacho, cortaram um ramo de videira com um cacho de uvas, e o penduraram numa vara transportada por dois homens; colheram também romãs e figos.

Quarenta dias depois, voltaram e se apresentaram diante de Moisés, Aarão e toda a comunidade de Israel, no Deserto de Farã, em Cades. Diante deles e da comunidade fizeram seu relatório e mostraram os frutos da terra. O relatório deles foi o seguinte:

"Entramos na terra aonde você nos enviou. É uma terra onde corre leite e mel e aqui vocês podem ver os frutos dela. Mas o povo que mora no país é poderoso, e as cidades são grandes e fortificadas."

Então Caleb fez o povo ficar em silêncio diante de Moisés, e falou:"Temos que subir e tomar posse desta terra; nós podemos fazer isso."Mas os homens que haviam acompanhado Caleb replicaram:"Não podemos atacar esse povo, porque ele é mais forte do que nós."

E diante dos filhos de Israel começaram a pôr defeitos na terra que haviam conhecido.

79

cm

yk

Page 82: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

CONVIVER COM O SEMI-ÁRIDO -A VIDA NO SERTÃO É VIÁVEL!

1- Toda a água no semi-árido brasileiro vem da chuva.

2- A quantidade da chuva vai diminuindo do Litoral para o Interior do Nordeste.

3- O comportamento da chuva é diferente em cada ano, seja na quantidade, seja na distribuição.

4-A maior parte da chuva que cai, evapora.

5- As secas grandes voltam de tempo em tempo previsto e por isso as esperamos sem medo e preparados.

6- Nem por isso o semi-árido brasileiro fica sem solução, ele é viável!

7- Devemos colher e armazenar a água da chuva em caxios, caldeirões, cisternas, tanques, barragens e açudes, para garantir a água para as famílias e as comunidades.

8- Devemos lutar por obras maiores como açudes ou poços para providenciar água para as secas grandes.

9- Sobretudo nas áreas de arenito do Nordeste existe água embaixo da terra, que pode ser aproveitada através de poços rasos ou profundos.

10- Por pessoas sensíveis, podem ser detectados pela hidroestesia os lugares para poços, onde a água é bastante e de boa qualidade.

11- O comportamento irregular da chuva nos leva a confiar mais na criação de animais do que na lavoura.

12- A lavoura sempre fica arriscada, a não ser que escolhamos culturas adaptadas a um clima seco como sorgo, guandu, mamona, capim búfalo, leucena, etc.

13- Devemos rejeitar a "politicagem da seca" com que os grandes enganam o povo, distribuindo esmolas ou construindo obras inviáveis.

14. Vamos fazer um levantamento de água e elaborar um “plano de água” para um abastecimento completo do município, mesmo em anos de seca.

15- Em nossas comunidades, escolas, sindicatos e municípios vamos nos engajar por uma "política da água" que busca conviver com o clima do Semi-Árido e resolver as necessidades do povo.

16- Em tudo isso, o povo nordestino recebe uma grande força pela experiência do povo de Deus na Bíblia, que conseguiu resolver o problema da água num país com uma natureza, clima, criação, lavoura e problemas semelhantes ao Nordeste.

17- Assim não precisamos ver o sertão como inimigo do povo que obriga a gente sair da terra natal, mas um lugar onde homens e mulheres, crianças, jovens e velhos(as), constróem uma vida feliz, porque aprendem a conviver com o semi-árido.

18- Acreditamos que o Nordeste é uma "terra prometida onde corre leite e mel" que nós nordestinos e nordestinas até agora nem conquistamos.

É mesmo, compadre, se a gente faz tudo isso e vive assim prevenido, o nordestino pode agüentar até três secas, uma seguindo a outra, como disse o nosso Padim Cícero.

80

cm

yk

Page 83: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

Livros e artigos que ajudam a conhecer melhor o semi-árido brasileiro (*) ou que foram usados na elaboração desta apostila:

Amorim Neto, M. da S., Boletim Agrometeorológico, 1980-82,1983,1984, Embrapa Semi-Árido, Petrolina-PE.

* Andrade, M. C. de, A Terra e o Homem no Nordeste, Ed. Brasiliense, São Paulo, 1973.a.Antunes, C., Geografia do Brasil, Ed. Scipione, São Paulo-SP, 1991, 3 ed.

Betz, H.-D., Unconventional Water Detection, Fieldtest of the Dowsing Technique in Dry Zones, GTZ-a. Eschborn, Alemanha, 1993, 2 ed.

Bernat, C., Courcier, R. e Sabourin, E., A Cisterna de Placas, Técnicas de Construção, Ed. Massangana, Recife-PE, 1993.

Bloch, D., Água Direito à Vida, Recife-PE, 2001 (www.ircsa.org.br).Born, A. van den, Dicionário Enciclopédico da Bíblia, Ed. Vozes, Petrópolis-RJ, 1973.Caritas, Água de Chuva, O segredo da convivência com o Semi-árido brasileiro,Ed. Paulinas, São Paulo-SP,

2001* CNBB, Nordeste, Desafio à Missão da Igreja no Brasil, Doc. da CNBB 31, Ed. Paulinas, São Paulo-SP,

1985.a.* Cunha, E. da, Os Sertões, Ed. Francisco Alves, Rio de Janeiro-RJ, 1991, 35 ed.

Coelho, J., As Secas do Nordeste e a Indústria das Secas, Ed. Vozes, Petrópolis-RJ, 1985.Daker, Alberto, Captação, elevação e melhoramento da água, Liv. Freitas Bastos, Rio de Janeiro-RJ, 1987,

a.7 ed.Evenari, M., Shanan, L. & Tadmor, N., The Negev: the Challenge of a Desert, Harvard University Press,

a.Cambridge, Inglaterra, 1982, 2 ed.Ferreira, J. de J., Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, Ed. Áttica, São Paulo-SP, 1986, pg. 123s.Fonseca, A. L. B. da & Azevedo, L. M. P., Climatologia, em: Projeto Radam Brasil, vol. 30, pgs. 812-839, Rio

de Janeiro-RJ, 1983.Girardi, C. & Teixeira, L., Prognóstico de Tempo a Longo Prazo, Relatório Técnico, ECA-06/78. CTA/IAE,

São José dos Campos-SP, 1978.Guia Rural Abril 1986, pgs. 110-131: É preciso conviver com a Seca (O Nordeste Semi-árido), Ed. Abril,

São Paulo-SP, 1986.Gnadlinger, J., Buscando Água no Sertão com a Vara Indicadora. Uma Introdução à Hidroestesia,

Juazeiro- BA, 2001.ºGnadlinger J., Colheita de Água de Chuva em Áreas Rurais, Palestra no 2 Fórum Mundial da Água em Haia,

Juazeiro-BA, 2000.Gnadlinger, J., Redescobrindo a Cal para construir Cisternas, Paulo Afonso-BA, 1999.Gnadlinger, J. (Editor), A Captação de Água de Chuva: A Base para a Viabilização do Semi-Árido

Brasileiro, Anais do 1º Simpósio sobre Sistemas de Captação de Água de Chuva, Petrolina-PE, 1999 (www.ircsa.org.br).

Gnadlinger, J. (Editor), A Captação de Água de Chuva: uma Resposta à Escassez de Água no próximo Milênio, Anais da 9ª Conferência Internacional sobre Sistemas de Captação de Água de Chuva, Petrolina-PE, 1999 (www.ircsa.org.br).

Gnadlinger, J. (Editor), Captação de Água de Chuva e Cultivos Apropriados ao Semi-Árido, Anais do 3º Simpósio sobre Sistemas de Captação de Água de Chuva, Campina Grande-PB, 2001 (www.abcmac.com.br).

a.Heinrich, D. & Hergt, M., dtv-Atlas zur Ökologie, Munique, Alemanha, 1991, 2 ed.a.Linhares, S. & Gewandsnajder,F., Ecologia, Ed. Áttica, São Paulo-SP, 1989, 8 ed.

* Mendes, B. V., Alternativas tecnológicas para a Agropecuária do Semi-árido, Livraria Nobel, São Paulo-SP, 1985.

* Molle, F. e Cadier, E., Manual do Pequeno Açude, SUDENE/ORSTOM,TAPI, Recife-PE, 1992.o.Molion, L. C. B., Enos e o Clima no Brasil, em: Ciência Hoje, vol. 10, N 58, outubro 1989, pgs. 22-29.

Oberhofer, M., Cada gota é importante, Juazeiro-BA, 2000.PATAC, Almanaque do Pequeno Produtor , ano 1987, pg. 62s, e ano 1991, pg. 64s, Aparecida-SP.*Rebouças, Aldo (Editor): Águas Doces no Brasil, São Paulo-SP, 1999. * Santos, D. N. dos, Tratamento da Água na Área Rural, Juazeiro-BA, em prelo.Schistek, H., A Construção de Cisternas de Tela e Arame, Paulo Afonso-BA, 1998* Schistek, H., A Água no Semi-Árido, e-book (www.irpaa.org.br).* Silva, A. de S., Brito, L. T. de L. & Rocha, H. M., Captação e Conservação de Água de Chuva no Semi-árido

Brasileiro, Cisternas Rurais II, Água para o Consumo Humano, Embrapa Semi-Árido, Petrolina-PE, 1988.

* Silva, Fernando Barreto Rodrigues e outros, Zoneamento Agroecológico do Nordeste. Diagnóstico do quadro natural e agrosocioeconômico, 2 volumes e 1 mapa, Embrapa Semi-Árido, Petrolina-PE, 1993.

Stamford, W. J. P. e outros, Potencial dos Recursos Hídricos, em: Projeto Radam Brasil, vol. 30, pgs. 252-351, Rio de Janeiro-RJ, 1983.

SUDENE, Plano de Aproveitamento Integrado dos Recursos Hídricos do Nordeste, vários volumes, Recife-PE, 1980ss.

World Water Forum, Final Report, Haia, Holanda, 2000.

81

cm

yk

Page 84: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

Ob

servação:D

esde 1992, em todo o m

undo dedica-se um dia especial à água: é o D

IA M

UN

DIA

L D

A Á

GU

A, com

emorado

sempre no dia 22 de m

arço. Você pode tam

bém com

emorar este dia na sua escola ou com

unidade; no IRPA

A você

consegue uma apostila que dá dicas de com

o celebrá-lo.

O q

ue a

gen

te e

stá

ven

do

?

A g

ente

olh

a o

s dois ú

ltimos d

ese

nhos d

esta

apostilh

a. N

a co

ntra

capa se

vê u

ma b

ola

gra

nd

e q

ue é

a n

ossa

terra

, vista d

e u

m sa

télite

. A

í se d

esta

cam

vária

s core

s: azu

l, bra

nco

, marro

m e

verd

e. N

o d

ese

nho a

o la

do se

vê re

cipie

nte

s de vá

rios ta

ma

nh

os.

O q

ue s

ign

ifica is

so

?

O n

osso

pla

neta

terra

visto d

e lo

nge p

are

ce u

ma b

ola

que ch

am

am

os d

e g

lobo. A

cor m

ais p

rese

nte

é o

azu

l qu

e sig

nifica

ág

ua

: dois

terço

s da su

perfície

de n

osso

pla

neta

são co

berto

s por o

ceanos, m

are

s, lagos e

rios. A

outra

cor é

o m

arro

m q

ue

significa

a te

rra firm

e.

Aí se

desta

ca a

África

no ce

ntro

e a

Euro

pa n

o N

orte

. Ao la

do e

squerd

o se

vê u

ma p

arte

da A

rica d

o S

ul, q

ue é

exa

tam

ente

o n

osso

N

ord

este

. Um

as re

giõ

es n

a te

rra firm

e sã

o ve

rdes q

ue in

dica

m re

giõ

es o

nde ch

ove

basta

nte

(clima ú

mid

o) co

mo o

centro

da Á

frica o

u

o lito

ral d

o B

rasil. A

cor m

arro

m m

ostra

regiõ

es m

ais se

cas (clim

a á

rido e

sem

i-árid

o).

O b

ranco

é á

gua, e

m fo

rma d

e g

elo

no P

ólo

Sul, e

em

form

a d

e n

uve

ns n

o re

sto d

a te

rra. P

odem

os ve

r p. e

x. um

a fre

nte

fria n

a co

sta e

em

cima d

o B

rasil. O

utra

frente

fria e

stá e

m cim

a d

o O

ceano A

tlântico

. No m

eio

do

glo

bo ve

mos ta

mbém

a zo

na d

e co

nve

rgência

in

tertro

pica

l que p

ode le

var a

chuva

para

a p

arte

Norte

do N

ord

este

.

O q

ue a

gen

te a

pre

nd

e d

isso

?

O q

ue, visto

de lo

nge, h

á e

m a

bundância

no n

osso

"Pla

neta

Terra

" é a

água, p

or isso

tam

bém

ela

é ch

am

ado

de "P

lane

ta Á

gua" o

u

"Pla

neta

Azu

l". M

as ve

ja a

distrib

uiçã

o d

e á

gua to

tal n

a te

rra:

97,2

% d

o vo

lum

e to

tal d

e á

gua d

a te

rra fo

rmam

a á

gua sa

lgada n

os o

ceanos e

nos m

are

s,2,1

5 %

é á

gua g

ela

da q

ue se

enco

ntra

no P

ólo

Norte

e n

o P

ólo

Sul e

nas g

ele

iras d

e m

onta

nha

s alta

s.D

o re

stante

de 0

,63 %

, a m

aio

r parte

se e

nco

ntra

em

baixo

da te

rra co

mo á

gua su

bte

rrânea, co

m u

ma m

inúscu

la p

arte

nos rio

s e

lagos, n

a u

mid

ade d

o so

lo, n

a a

tmosfe

ra co

mo va

por e

nuve

ns e

nos se

res vivo

s. 3

Para

a h

um

anid

ade so

mente

esta

últim

a p

arte

pequena é

disp

oníve

l. Ain

da a

ssim é

muita

águ

a: n

o S

em

i-Árid

o B

rasile

iro sã

o 4

00

0 m

3

/ ano p

ara

cada p

esso

a. E

m fa

lta d

e á

gua p

ode-se

fala

r som

ente

quando su

a d

isponib

ilidade ca

i para

me

no

s de 1

00

0 m

/ ano.

PLA

NE

TA

ÁG

UA

ON

DE

FIC

A A

ÁG

UA

NO

NO

SS

O P

LA

NE

TA

?

82

cm

yk

Page 85: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

Ocean

os e

Mare

s(9

7,2

%)

Calo

tas G

lacia

is(2

,15 %

) Lag

oas e

Rio

s(0

,009 %

)

Atm

osfe

ra(0

,001 %

)

Um

idad

e d

o

So

lo(0

,00

1 %

)

Ág

ua

s S

ub

terr

ân

ea

s(0

,62

5 %

)

ON

DE

FIC

A A

ÁG

UA

NO

NO

SS

O P

LA

NE

TA

?

83

cm

yk

Desenho: IRPAA, segundo dtv-atlas zur Ökologie

Page 86: a busca da água no sertão a busca da água no sertão

Á

gua

dos

iga

rap

és O

nd

e Ia

ra, M

ãe-d

'águ

a, é

m

iste

rios

a

can

ção.

Águ

a q

ue

o so

l ev

apor

a,

Pró

céu

vai

em

bor

a vi

ra

nu

ven

s

de

algo

dão

.

Á

gua

qu

e n

asce

na

fon

te

sere

na

do

mu

nd

o

E q

ue

abre

Um

pro

fun

do

grot

ão...

Á

gua

qu

e fa

z in

ocen

te

riac

ho

E

des

águ

a n

a co

rren

te d

o ri

bei

rão.

Águ

as e

scu

ras

dos

rio

s

Qu

e le

vam

a f

erti

lid

ade

ao

sert

ão,

Águ

as q

ue

ban

ham

al

dei

as

E m

atam

a s

ede

da

pop

ula

ção

Águ

as q

ue

caem

das

p

edra

s

No

véu

das

cas

cata

s,

ron

co d

o tr

ovão

E d

epoi

s d

orm

em

tran

ilas

No

leit

o d

os

Lag

os...

Foto: Meteosat

G

otas

de

águ

a d

a ch

uva

,A

legr

e ar

co-í

ris

sob

re a

pla

nta

ção.

Got

as d

e ág

ua

da

chu

va,

Tão

tri

stes

, são

lág

rim

as

da

inu

nd

ação

.

Águ

as q

ue

mov

em

moi

nh

os

São

as

mes

mas

águ

as q

ue

ench

arca

m o

ch

ão,

E s

emp

re v

olta

m,

hu

mil

des

,

Pro

fu

nd

o d

a te

rra.

..

(Gu

ilh

erm

e A

ran

tes)

Ter

ra, p

lan

eta

águ

a...

ISB

N 8

5-8

81

04

-03

-2

97

88

58

81

04

03

7