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A ÁRVORE DE FALHAS (FTA) COMO
FERRAMENTA PARA O ALCANCE DA
EXCELÊNCIA NO PROCESSO DE
FORNECIMENTO DE ÁGUA QUENTE
POR AQUECEDORES SOLARES
Bruna Danielle Batista (PUC)
Glayce Kelly Gomes (PUC)
Aline Vieira Baltazar (PUC)
A árvore de falhas é uma ferramenta amplamente utilizada na
investigação e solução de problemas. Seu uso é recomendado tanto
para a área de projetos, como de processos. Contudo, observa-se uma
maior aplicação na área produtiva, deixando-se margens para o
questionamento sobre sua real eficiência quando aplicada a área de
serviços. O presente artigo apresenta a aplicação da árvore de falhas
como uma ferramenta importante e vantajosa na análise de processos,
sendo o trabalho contextualizado por um estudo de caso realizado em
uma empresa responsável pela distribuição e prestação de serviços
relacionados ao trabalho com aquecedores solares. Foi identificado as
probabilidades de falhas de cada evento até se obter a probabilidade
de falha do evento de topo. Além disso, as criticidades para cada tipo
de problema foram calculadas e analisadas, resultando para a
empresa, em um maior conhecimento do seu processo, bem como das
variáveis críticas que influenciam diretamente no bom resultado da
prestação de serviços aos clientes.
Palavras-chaves: Árvore de falhas, controle do processo, melhoria
contínua, solução de problemas, criticidades.
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
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1. Introdução
A qualidade tornou-se hoje a essência de uma empresa que busca diferencial para
competitividade no mercado. Mais do que meros documentos para se adquirir uma
certificação (ISOs), a qualidade são documentos, atitudes, ferramentas, rotinas,
pensamentos e práticas que simultaneamente aplicados resultam para as empresas em
benefícios como produtividade, diminuição de desperdícios, fortalecimento no mercado,
eliminação de problemas, etc. A garantia da qualidade é entendida como um conjunto de
ações planejadas e sistemáticas visando a gerar no cliente a confiança de que um
determinado produto ou serviço poderá satisfazer suas exigências de qualidade
(HELMAN, ANDERY, 1995).
Para auxiliar nessa constante busca pela melhoria contínua, algumas ferramentas são
aplicadas a fim de estudar o processo desejado e conseqüentemente obter informações
relevantes que proporcionem maior controle e embasamento para tomada de decisões. A
árvore de falha ou FTA (Fault Tree Analysis) é uma dessas ferramentas.
A árvore de falhas é considerada como um método de análise de produtos e processos que
permite uma avaliação sistemática e padronizada de possíveis falhas, estabelecendo suas
conseqüências e orientado a adoção de medidas preventivas ou corretivas (HELMAN,
ANDERY, 1995). Sua estrutura em formato de fluxograma permite verificar as interações
dos processos, oferecendo uma visão macro, a qual adicionada aos cálculos da
probabilidade auxilia na tomada de decisão.
O desenho da árvore de falhas parte de um evento de topo, que é a falha principal a ser
analisada. Este defeito principal é desdobrado em demais falhas (eventos básicos) que em
conjunto ou individualmente, podem causar o evento de topo e conseqüentemente
ocasionar a falha do sistema. Este tipo de procedimento, onde há o desdobramento da
falha de cima para baixo, é conhecido como top down.
A estrutura da FTA, além de identificar as interações do sistema, também é acrescida de
operadores lógicos e símbolos. Os operadores podem ser do tipo “OU” ou do tipo “E”. O
operador do tipo “OU” é utilizado, quando analisando o processo percebe-se que a
ocorrência isolada de qualquer um dos eventos básicos resulta na ocorrência do evento de
topo. O operador do tipo “E” por sua vez, é utilizado quando se percebe que a ocorrência
do evento de topo é gerada pela a ocorrência de um evento básico em concomitância com
outro evento básico ou mais eventos. Estes operadores lógicos definirão se os cálculos da
probabilidade serão baseados em um processo de união ou interseção.
Além dos operadores lógicos a característica do evento também influenciará nos cálculos.
Eventos dependentes, independentes, mutuamente independentes ou mutuamente
excludentes, definirão o tipo de equação a ser utilizada e por conseguinte o cálculo a ser
realizado.
Diversos símbolos são utilizados no desenho da árvore de falhas, desde retângulos,
diamantes, círculos e casas. Contudo, percebe-se que os símbolos mais utilizados são os
retângulos, que representam eventos que podem ser desdobrados em níveis mais baixos, e
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os círculos, que representam eventos onde não há a possibilidade de maiores
desdobramentos.
Mediante os cálculos das probabilidades dos eventos que compõe o sistema, é possível
identificar as criticidades de cada evento básico. Segundo Fogliato e Ribeiro (2005),
“matematicamente, a criticidade corresponde ao produto da probabilidade de ocorrência
da causa básica pela probabilidade condicional de ocorrência do evento de topo, dado
que a causa básica tenha ocorrido”. Ou seja, você exclui a causa básica a qual se deseja
calcular a criticidade, e efetua o cálculo normalmente, resultando em uma probabilidade
condicional para o evento de topo. Posteriormente, multiplica-se a probabilidade
condicional do evento de topo, pela probabilidade do evento inicialmente excluído. O
valor resultante trata-se da criticidade do evento.
O presente trabalho consiste em um estudo de caso que apresenta a aplicação real da
árvore de falhas. Uma empresa de pequeno porte que possui como foco o fornecimento de
aquecedores solares a vácuo, bem como os serviços provenientes e relacionados a este
fornecimento; foi visitada e informações relevantes foram coletadas como fonte de input
para o trabalho executado. Levantou-se as falhas resultantes em um período de um ano e
estas falhas foram analisadas utilizando a metodologia da árvore de falhas. Por meio da
FTA, será possível identificar a probabilidade de ocorrência do evento de topo do sistema,
bem como as probabilidades de cada falha que contribuem para a ocorrência deste evento
principal. Além disso, a criticidade de cada evento básico foi verificada.
O trabalho acrescentará informações importantes que servirão de base para decisões
gerenciais e identificações de pontos críticos, os quais poderão ser sanados a partir de
reuniões para escolhas de ações corretivas, para a melhoria contínua do processo.
2. A empresa
A ASOL é uma empresa familiar responsável pelos serviços de venda, instalação e
manutenção de aquecedores solares, atuante no mercado desde 2003.
A empresa surgiu a partir do interesse em investir em produtos inovadores voltados para a
preocupação com um ambiente sustentável, visto que a sociedade atual promove e
valoriza produtos focados nesse novo conceito. Devido a isso, ASOL optou por trabalhar
com aquecedores solares, que é um produto que visa à utilização de energia solar.
O serviço da empresa resume-se em fornecer um equipamento que disponibiliza água
quente aproveitando o máximo da radiação solar; instalar com qualidade o produto que for
adquirido, fazer a adequação estrutural na residência que não estiver preparada
arquitetonicamente para receber o sistema solar; fornecer assistência técnica, analisar o
projeto ou projetar a parte hidráulica do contratante, dentre outras.
3. O produto
O aquecedor solar a vácuo é um sistema proveniente de coletores solares compostos por
dois tubos concêntricos e unidos entre suas extremidades. Estes tubos que compõe o
sistema são fabricados em vidro borossilicato temperados que é responsável por uma
absorção de energia solar de até 96%.
Entre as paredes dos coletores, é formada uma área de vácuo, que aliada ao formato
tubular que converge os raios solares para seu interior pode fazer com que estes
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aquecedores atinjam temperaturas de até 350ºC e conseqüentemente aquecer a água à
temperatura de ebulição.
A Asol fornece ao mercado, aquecedores solares de diversos volumes, analisando o
volume necessário para suprir cada cliente.
Um aquecedor solar é composto basicamente por:
- Tubos Coletores: Que captam a energia solar;
- Reservatórios térmicos ou boiler: Fabricados normalmente em aço inoxidável, cobre ou
aço carbono e servem para armazenar e manter a água aquecida por até 72 horas;
- Kit painel (composto pela válvula solenóide, sensor de temperatura e resistência
elétrica): Controla a entrada de água fria e sua pressão, além de ativar o aquecimento
elétrico, permitindo acompanhar a temperatura e o volume;
- Nivelador de pressão: Substitui a caixa de água reduzindo a pressão da água da rua;
- Suporte do sistema: Serve para sustentar o boiler com uma inclinação mínima
especificada e acoplar os tubos a este;
- Válvula solenóide de operação de duas vias: É uma válvula solenóide que combina duas
unidades funcionais que seria composto por um pacote eletromagnético, constituído por
uma solenóide e seu correspondente de núcleo móvel, e um corpo de válvula contendo os
orifícios de entrada(s), passagem(ns) e saída(s).
Sobre os orifícios de passagem atuam obturadores tipo agulha, guilhotina de metal, discos
de vedação de elastômeros ou PTFE. Em alguns modelos, o fechamento é corrediço, com
anéis de vedação.
3.1 Características Principais
- Normalmente fechada e aberta;
- Conexões roscadas BSP ou NPT;
- Corpo de ABS, Aço inox;
- Alma do diafragma de plástico ou metal;
- Tubo de deslocamento de AISI. 304 e 316;
- Núcleo móvel e núcleo fixo de AISI. 430 F.
3.2 Aplicações
- Máquinas de lavar;
- Ar lubrificado, ar seco, ar;
- Equipamentos para solda com oxiacetileno;
- Queimadores para líquidos ou gases combustíveis;
- Sistemas de vácuo.
Especificações para o funcionamento da válvula solenóide:
Tamanho
CV
Orifício
Pressão
Mínima
Pressão Máxima
Corpo do Material C.A
(17w)
C.C
(10w)
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Tabela 1 – Níveis de pressão para operar a válvula solenoide.
Mínimo para o funcionamento da válvula solenoide: 0.1 MPA que transformando para
seria equivalente a 1 MCA.
Máximo para o funcionamento da válvula solenoide: 10 MPA que transformando para
seria equivalente a 101 MCA.
4. O processo
O aquecedor solar fornecido pela Asol é um produto de tecnologia Alemã que devido aos
custos é produzido na China.
Para o fornecimento ao cliente, inicialmente há uma visita técnica para avaliar se a
residência do cliente possui estrutura física adequada para receber o produto. Se for
verificada a necessidade de algumas alterações no layout físico da casa do consumidor,
estas necessidades são levantadas e avaliadas no escritório.
O segundo passo do trabalho é se necessário realizar as alterações físicas relevantes e
posteriormente executar a instalação do aquecedor.
5. Metodologia da pesquisa
O trabalho foi realizado a partir de um estudo de caso na empresa Asol. Os dados foram
coletados por meio de visitas a sede da empresa e conversa com os responsáveis
operacionais e administrativos. A metodologia adotada seguiu os seguintes passos:
a) Busca de referencial teórico sobre o tema: Pesquisa em livros e artigos acadêmicos,
com o intuito de conhecer a ferramenta árvore de falhas (FTA) e por conseguinte definir a
melhor forma de estruturação do trabalho;
b) Contato com a empresa: Verificar a aceitação da empresa como piloto para o trabalho
científico;
c) Definição do tema do trabalho: Escolher o tema do trabalho, definindo o objeto de
estudo e a escolha do evento de topo para a árvore de falhas;
d) Definição dos dados a serem levantados: Verificar os dados necessários para a
execução do trabalho;
e) Levantamento de dados físicos: Pesquisar no histórico da empresa, os tipos de falhas
existentes e quantificar estas no período definido de estudo;
3/8* 4,5 12 0.1 MPA 10 MPA 10 MPA
Bronze ou aço Inox.
½* 4,5 15 0.1 MPA 10 MPA 10 MPA
¾* 4,5 20 0.1 MPA 10 MPA 10 MPA
1* 4,5 25 0.1 MPA 10 MPA 10 MPA
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f) Levantamento de dados sociais: Conversar com funcionários da empresa para
identificar informações relevantes que não tenham sido adquiridas mediante o histórico
físico;
g) Agrupamento das falhas verificadas: Agrupar as falhas de mesmas características em
grupo de falhas denominadas categorias;
h) Desenhar a árvore de falhas: Desenhar a árvore de falhas de acordo com a
classificação por categorias e estabelecer as interações lógicas mediante os defeitos
verificados;
i) Efetuar cálculos: Calcular as probabilidades de falhas individuais, probabilidade de
falha do evento de topo e as criticidades do sistema;
j) Analisar os resultados: Analisar os resultados e perceber a partir de conclusões
relevantes, oportunidades de melhorias para a empresa.
6. A aplicação da árvore de falhas
6.1 Definição do evento de topo
A Asol tem por objetivo fornecer aquecedores solares para seus clientes, entretanto, mais
do que isso, a responsabilidade principal da empresa é garantir o fornecimento de água
quente aos seus clientes a partir do uso da energia solar. Sendo assim, o evento de topo
será a falha no funcionamento do aquecedor solar.
6.2 Coletas de informações
Foi realizada coleta de informações dos defeitos ocorridos no ano de 2011, sendo estes
defeitos responsáveis pela falha no funcionamento do aquecedor solar.
Uma amostra de 675 instalações foi avaliada, e observou-se que desta amosta, 129
instalações apresentaram algum tipo de problema, significando que 19,11% dos
equipamentos apresentaram alguma falha.
Dentre os problemas verificados temos os ocasionados por defeitos de fabricação, erro na
instalação, falta de eletricidade, falta de água, problemas causados por clientes e falta de
incidência solar. Problemas estes classificados neste trabalho como categorias de defeitos.
Os defeitos de fabricação são aqueles ocasionados por falhas nas matérias primas
adquiridas de determinado fornecedor e que compõe o sistema do aquecedor solar. Dentre
a amostra avaliada, percebeu-se que para esta categoria verificou-se problemas na bóia,
falha no sensor, problemas com o misturador, vazamento na válvula solenóide e
vazamento no apoio elétrico.
Os problemas que ocorrem por erro na instalação são gerados pelo fator humano. O
operador responsável por instalar o equipamento na casa do cliente, por imperícia ou
descuido, implica algum defeito ao sistema. Nesta categoria, observaram-se problemas
como vazamento na tubulação, instalação do sistema voltado para o sul, reclamações dos
clientes por outros erros de instalação não devidamente percebidos e problemas nas telhas.
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Há também problemas por falta de eletricidade, que embora não possa ser diretamente
controlado pela empresa, ocasiona transtornos para os clientes. O aquecedor solar
fornecido pela Asol possui como tecnologia o painel elétrico, que é responsável por
gerenciar todas as informações dos seus componentes, tais como o sensor, solenóide e a
resistência. Sendo assim, basta um falhar para que torne ineficiente o processo do
controlador digital; da mesma forma que se o painel falhar ele torna os demais
componentes infuncionais.
Verificaram-se também problemas por falta de água. Este problema pode ser ocasionado
por problemas gerados no controle de pressão da água da rua, pela especificação da
válvula solenóide a qual determina o uso de alta ou baixa pressão. E há ainda a falta de
água ocasionada pela falha no serviço prestado pela concessionária, sendo esta não
controlável pela empresa.
Alguns defeitos podem ser criados pelos próprios clientes. Nas amostras observadas
encontraram-se avarias no cabo do painel.
Um dos problemas totalmente incontrolável pela empresa seria a falta de incidência solar
ou períodos longos de chuva. Uma vez que a chuva forma uma película nos tubos
impedindo a absorção solar ou radiação.
6.3 A árvore de falha Mediante as informações coletadas no período de um ano, bem como o conhecimento das
interações do processo, foi desenhada a árvore de falhas, conforme pode ser visualizado
na figura 1.
Os defeitos foram organizados em categorias: Defeito de fabricação, erro de instalação,
falta de eletricidade (Painel), falta de água, falhas causadas pelos clientes (avarias) e falta
de incidência solar. Estas categorias foram desmembradas em sub defeitos, que são
responsáveis diretos para o acontecimento dos eventos denominados como categorias.
Todos estes eventos são denominados eventos básicos.
As interações são do tipo OU, uma vez que a ocorrência individual de qualquer um dos
eventos resulta na falha do sistema, ou seja, falha no funcionamento do aquecedor solar
(evento de topo).
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Figura 1- Árvores de falhas
6.4 Identificando as probabilidades de falhas Os dados referentes aos defeitos verificados no ano de 2011 possibilitaram conhecer as
probabilidades de ocorrência de cada problema, conforme pode ser visto na tabela 1.
Tipos de falhas Quantidade de falhas Probabilidades
Vazamento na tubulação (VT) 6 0,0089
Trocar bóia (TB) 3 0,0044
Falha no sensor (FS) 9 0,0133
Instalação do sistema para o sul (IS) 3 0,0044
Problemas com o misturador (PM) 19 0,0281
Retorno por erro de instalação (EI) 5 0,0074
Problemas no painel por falta de eletricidade (FE) 25 0,0370
Problemas no painel por falta de água (FA) 24 0,0356
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Falta de pressão da água da rua (FP) 13 0,0193
Vazamento na válvula solenóide (VS) 11 0,0163
Avarias causadas pelos clientes (AC) 2 0,0030
Troca de telhas (TT) 1 0,0015
Falta de incidência solar (IS) 4 0,0059
Má vedação do telhado (VT) 1 0,0015
Vazamento no apoio elétrico (VE) 3 0,0044
Total de defeitos 129 0,1911
Total sem defeitos 546 0,8088
Total Geral 675 1
Tabela 2 – Probabilidade de falhas
As probabilidades dos eventos básicos possibilitaram identificar as probabilidades de
ocorrência dos eventos básicos (categorias) e em seguida o evento de topo.
Como a interação entre os elementos é do tipo OU e o evento deste sistema é mutuamente
independente, ou seja a ocorrência de um evento não interfere na ocorrência do outro, o
cálculo será realizado a partir da relação de união entre todos os defeitos verificados para
a categoria a ser calculada. Para um sistema estabelecido desta forma, a seguinte equação
deve ser realizada:
P (A U B) = P (A ) + P (B) – P (A ∩ B)
onde P (A ∩ B) = P(A) x P(B)
Para encontrar a probabilidade do defeito de fabricação por exemplo, o cálculo abaixo foi
realizado.
P (DF) = P (TC U FS U PM U VS U VE)
A tabela 3 demonstra as etapas do cálculo executado.
Tipo de falha Probabilidades
Trocar a bóia 1 0,0044
Falha no sensor 2 0,0133 P (1 U 2) 0,0176 A
Problemas com misturador 3 0,0281 P (A U 3) 0,0452 B
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Vazamento na válvula solenóide 4 0,0163 P (B U 4) 0,0608 C
Vazamento no apoio elétrico 5 0,0044
P (C U 5) = P (DF) 0,0649
Tabela 3 – Tipo de defeito de Fabricação
O mesmo foi realizado para os demais eventos. A partir dos valores das probabilidades de
cada evento básico, chegou-se ao valor da probabilidade do evento de topo.
Tipo de falha Probabilidades
Defeito de fabricação (DF) 1 0,0649
Erro de instalação (EI) 2 0,0235
P (1 U 2) 0,0869 A
Falta de água (FA) 3 0,0542 P (A U 3) 0,1364 B
Falta de eletricidade (FE) 4 0,0370 P (B U 4) 0,1684 C
Falhas causadas por clientes (FC) 5 0,0030 P (C U 5) 0,1710 D
Falta de incidência solar 6 0,0059
Prob. (FSA) = P (D U 6) 0,1758
Tabela 4 – Tipo de falha no funcionamento do aquecedor
A probabilidade de haver falha no funcionamento do aquecedor solar foi de 17,58%.
6.5 Criticidades
A criticidade para cada tipo de problema foi calculada. A tabela 5 demonstra as etapas
para o cálculo da criticidade da falha ocasionada pela troca da boia.
O cálculo que busca o resultado da probabilidade de falha do evento de topo é feito,
desconsiderando o evento de falha por troca de bóia. Em seguida, multiplica-se o
resultado mencionado pela probabilidade de falha desconsiderada inicialmente, ou seja a
probabilidade de falha do evento ocasionado pela troca da bóia. O resultado verificado foi
de uma criticidade de 0,0008 ou 0,08%.
O mesmo raciocínio é aplicado para o cálculo das demais criticidades. A tabela 6
apresenta o resultado de todas as criticidades calculadas.
Trocar bóia (TB) 1 0,0044
Falha no sensor (FS) 2 0,0133 P(2 U 3) 0,0410 A
Problemas com o misturador (PM) 3 0,0281 P(A U 4) 0,0567 B
Vazamento na válvula solenóide (VS) 4 0,0163 P(B U 5) 0,0608 P(DF)
Vazamento no apoio elétrico (VE) 5 0,0044
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Erro na instalação (EI) 6 0,0235 P(DF U 6) 0,0829 G
Falta de água (FA) 7 0,0542 P (G U 7) 0,1326 H
Falta de eletricidade (FE) 8 0,0370 P (H U 8) 0,1647 I
Falhas causadas por clientes (FC) 9 0,0030 P (I U 9) 0,1672 J
Falta de incidência solar (FIS) 10 0,0059 P (J U 10) 0,1721 FSA/1
P(Crit 1) = P (1) x P (DF U EI U FA U FE U FC U FIS) = 0,0008
Tabela 5 – Criticidade do evento básico “trocar a bóia” (TB)
As demais criticidades foram calculadas da mesma forma.
Defeito Criticidades Criticidades (%)
Trocar a bóia (TB) 0,0008 0,08
Falha no sensor (FS) 0,0022 0,22
Problema com o misturador (PM) 0,0043 0,43
Falha na válvula solenóide (VS) 0,0026 0,26
Vazamento do apoio elétrico (VE) 0,0008 0,08
Vazamento na tubulação (VT) 0,0015 0,016
Instalação do sistema para o sul (IS) 0,0008 0,08
Retornos por erro de instalação (EI) 0,0013 0,13
Troca de telhas (TT) 0,0003 0,03
Má vedação do telhado (VT) 0,0003 0,03
Problemas no painel por falta de água (FA) 0,0052
0,52
Problemas com a pressão da água da rua (PA) 0,0031 0,31
Problemas no painel por falta de eletricidade (FE) 0,0370 3,7
Avarias causadas pelos clientes (AC) 0,0030 0,3
Falta de incidência solar (IS) 0,0310 3,1
Tabela 6 – Cálculo das criticidades
Percebe-se que as maiores criticidades verificadas foram nos eventos básicos de
problemas no painel por falta de eletricidade e problemas devido à falta de incidência
solar com criticidades no valor de e 3,7 e 3,1 % respectivamente.
7. Conclusão
A árvore de falha (FTA) apresentou-se neste trabalho como uma ótima ferramenta para a
empresa que deseja aprofundar-se no conhecimento do processo, para assim melhor
atender o cliente. O conhecimento das falhas de determinado sistema permite ao gestor
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identificar os pontos críticos de seu processo e assim, analisar e estudar correções para
evitar que os problemas ocorram ou tornem a ocorrer.
Os dados levantados mediante o histórico da empresa mostrou que no ano de 2011 foi
verificado a ocorrência de vários de tipos de falhas que se concentraram em doze tipos de
defeitos, os quais foram agrupados em seis categorias diferentes de problemas: Defeitos
de fabricação, erro de instalação, falha de eletricidade, falta de água, avarias causadas
pelos clientes e falta de incidência solar. Estes defeitos foram analisados e aplicados à
metodologia da árvore de falhas, onde observou-se uma probabilidade de falha de 17,58%
de ocorrência do evento de topo (falha no funcionamento do aquecedor solar). Este valor é
relativamente baixo, pois demonstra que o sistema é somente 82,42% confiável, tendo em
vista que considera-se um ótimo processo, aquele que apresenta no mínimo 95% de
confiança.
Percebeu-se que os maiores contribuintes para o resultado do evento de topo são as falhas
ocasionadas por falta de água (5,4 %) e falta de eletricidade (3,7%), isso ocorre muita das
vezes devido ao problema ocasionado pela válvula solenóide, uma vez que ela é
responsável em liberar o reabastecimento de água fria (em níveis seguros de pressão) e se
no momento de sua programação ocorrer alguma variação na corrente elétrica ou até
mesmo vir a faltar energia elétrica ou a água direto da rua o seu reabastecimento fica
comprometido, podendo ainda alterar a programação da mesma, ocasionando a falta de
água fria que deverá passar pelos tubos para acontecer o aquecimento, comprometendo
assim o fornecimento de água quente. Deve-se levar em consideração também o MCA
fornecido pela água fria, uma vez que é essa pressão que fará a válvula abrir nos horários
programados, se essa pressão não estiver dentro das especificações fornecidas, também irá
prejudicar o fornecimento de água quente e ainda colocar em riscos o sistema.
Nos cálculos das criticidades, percebeu-se que os eventos que mais impactam no
desempenho positivo do sistema são os problemas ocasionados devido à falta de
eletricidade (3,7 %) e falta de incidência solar (3,1 %), resultados estes que não
surpreenderam, uma vez que se percebeu que a maior contribuição para o evento de topo
parte da falha ocorrida por falta de eletricidade. Contudo quanto a criticidade ocasionada
pela falta de incidência solar, está torna-se uma variável que a empresa não possui
controle, tendo em vista que trata-se de questões ambientais.
Sendo assim, por meio dos resultados verificados, sugere-se a empresa trabalhar em cima
das falhas ocasionadas por falta de eletricidade. A busca por novas tecnologias que
ofereçam maior segurança e durabilidade em caso de intempéries no sistema seria uma
alternativa viável para a empresa. Contudo seria necessária também, uma avaliação do
custo benefício destas novas tecnologias.
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8. Referências
FARIAS.A.A; SOARES.J.F; César.C.C. Introdução à estatística. Rio de Janeiro: LTC, 2 ed, 1998.
FOGLIATTO. F. ; RIBEIRO, J. Confiabilidade e manutenção industrial. Belo Horizonte: Elsevier, 2009
Elsevier, 2009.
HELMAN, H.; ANDERY, P.R.P. Análise de falhas: aplicação dos métodos de FMEA e FTA. Belo
Horizonte: Fundação Christiano Ottoni, Escola de Engenharia da UFMG, 1 ed, 1995.
LIMA, P.F.A.; FRANZ, L.A.S.; AMARAL, F.G. Proposta de utilização do FTA como ferramenta de
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Produção, 2006.
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