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História da Música Popular Brasileira 1932 - 1934

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História da Música Popular Brasileira

1932 - 1934

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1932

AEIOU – Lamartine Babo e Noel Rosa Coisas Nossas – Noel Rosa Loura ou Morena – Vinicius de Moraes e

Haroldo Tapajós Maringá – Joubert de Carvalho Noite Cheia de Estrelas – Cândido das Neves O Teu Cabelo Não Nega - Irmãos Valença e

Lamartine Babo

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1933

Arrasta a Sandália – Aurélio Gomes e Osvaldo Vasques

Boas Festas – Assis Valente Chegou a Hora da Fogueira – Lamartine Babo Feitio de Oração – Noel Rosa e Vadico Fita Amarela – Noel Rosa Linda Morena – Lamartine Babo Maria – Ari Barroso e Luis Peixoto Moreninha da Praia – João de Barro

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1934

Agora é Cinza – Alcebíades Barcelos e Armando Marçal

Uma Andorinha Não Faz Verão – João de Barro e Lamartine Babo

Cidade Maravilhosa – André Filho Mimi – Uriel Lourival O Orvalho Vem Caindo – Noel Rosa e Kid

Pepe Tu – Ari Barroso

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Braguinha

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João de Barro (Carlos Alberto Ferreira Braga), compositor, cineasta, dublador e cantor, nasceu no Rio de Janeiro RJ (29/3/1907). Filho de um gerente da Fábrica de Tecidos Confiança, do bairro de Vila Isabel, Braguinha, como era chamado, cantava desde criança, acompanhado ao piano pela avó. Fez seus primeiros estudos em escola pública, de onde foi para o Colégio Santo Inácio, de padres jesuítas, e depois para o Colégio Batista, ali formando com os colegas um conjunto musical, o Flor do Tempo, inicialmente integrado por Violão (Henrique Brito), Alvinho (Álvaro Miranda Ribeiro) e mais dois colegas, sendo depois incluído Almirante (Henrique Foréis), que então era pandeirista e também morava em Vila Isabel. Com Henrique Brito, começou a aprender violão, instrumento que logo deixou.

Uma Andorinha não faz Verão – Mario Reis

Linda Lourinha – Silvio Caldas

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O conjunto Flor do Tempo passou a atuar em festas familiares e a realizar shows obtendo sucesso. Ao se profissionalizar, o grupo alterou sua formação e nome, surgindo o Bando de Tangarás, ao qual aderiu outro morador de Vila Isabel, o jovem Noel Rosa. Para a primeira gravação do Bando, Braguinha adotou o pseudônimo de João de Barro, com o qual se tornaria conhecido. Após realizar várias gravações com o grupo, estreou em disco como solista em 1931, interpretando duas composições de Lamartine Babo, Cor de prata e Minha cabrocha. Logo depois, desistiu da carreira de cantor, já tendo estreado como compositor, com Dona Antonha, gravada por Almirante para o Carnaval de 1930, pela Parlophon. Compunha assobiando a melodia, uma vez que não estudou música.

Trem Blindado - Almirante

Deixa a Lua Sossegada - Almirante

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A partir de 1940, passou a realizar dublagens para os filmes norte-americanos de Walt Disney, além de escrever canções para discos de histórias infantis. Ainda em 1939, compôs com Alcir Pires Vermelho as marchas Dona Rita e Dama das camélias, ambas gravadas por Francisco Alves, e a Dança do bole-bole, lançada por Carmen Barbosa, escrevendo ainda, com Alberto Ribeiro e Alcir Pires Vermelho, a marcha Quando a Violeta se casou, gravada pela mesma cantora.

Touradas em Madri - Almirante

Pastorinhas – Silvio Caldas

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Yes, Nós Temos Banana - Almirante

Dama das Camélias – Francisco Alves

Continuando a compor com Alberto Ribeiro, em 1946 seu samba Copacabana obteve grande sucesso com Dick Farney, e no ano seguinte escreveu Pirata da perna de pau, marcha gravada por Nuno Roland, e Anda Luzia, marcha interpretada em disco por Sílvio Caldas.

Copacabana – Dick Farney

Chiquita Bacana – Emilinha Borba

Faleceu aos 99 anos em 24 de dezembro de 2006, vítima de falência múltipla dos órgãos provocada por infecção generalizada.

Pirata da Perna de Pau – Nuno Roland

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Noel Rosa

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Noel de Medeiros Rosa nasceu no chalé da rua Teodoro Silva, em Vila Isabel (RJ), no dia 11 de dezembro de 1911 e lá morreu, em 4 de maio de 1937.Nasceu de um parto muito difícil, arrancado a fórceps sofreu afundamento e fratura do maxilar o que lhe causou uma paralisia parcial no lado direito do rosto, como conseqüência carregou o defeito no queixo, o qual acentuava nas suas auto-caricaturas, ao mesmo tempo que manteve-se sempre tímido em público, evitando ser visto comendo.

Eu vou pra Vila - Almirante

Gago Apaixonado

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Em 1930 surgiu seu primeiro sucesso, o samba Com que roupa? apresentado pelo autor em espetáculos do Cinema Eldorado, e que já trazia na letra a observação crítica e humorística da vida carioca que marcaria toda a sua obra. No ano seguinte, essa música entrou em diversas revistas, entre as quais Deixa esta mulher chorar (dos irmãos Quintiliano), Com que roupa? (de Luís Peixoto) e Mar de rosas (de Velho Sobrinho e Gastão Penalva). Ainda em 1931, lançou diversos sambas, entre os quais Mulata fuzarqueira, Cordiais saudações e Nunca... jamais e conheceu Marília Batista, que se tornaria sua intérprete favorita. Por essa época várias composições suas foram aproveitadas em revistas musicais: por exemplo, em Café com música, de Eratóstenes Frazão, apareceram os sambas Eu vou pra Vila, Gago apaixonado, Malandro medroso e Quem dá mais? (ou Leilão do Brasil), e a marcha Dona Araci; em Mar de rosas, de Gastão Penalva e Velho Sobrinho, os sambas Cordiais saudações, Mulata fuzarqueira e Mão no remo (com Ary Barroso).

Adeus

Uma Jura que Fiz, com Ismael Silva e Francisco Alves

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Convidado por Francisco Alves, passou a integrar, juntamente com Ismael Silva, um trio que participou de diversas gravações na Odeon, usando os nomes de Turma da Vila, Gente Boa e Bambas do Estácio. Formaram também uma tripla parceria, na qual, segundo consta, Francisco Alves teria entrado sobretudo com seu prestígio de cantor, embora seu nome apareça como co-autor, sendo as primeiras, surgidas em 1932, os sambas Adeus e Uma jura que fiz, e a marchinha Assim, sim!. Somente com Ismael Silva, lançou 11 composições, entre as quais os sambas Para me livrar do mal (1932), Ando cismado (1933) e Quem não quer sou eu (1933), gravando com ele diversas dessas composições na Odeon. O ano de 1932 marcou ainda o início de outra parceria responsável por sucessos antológicos, iniciada quando conheceu na Odeon o compositor paulista Vadico. Juntos fizeram Feitio de oração (1933), Feitiço da Vila (1934), Conversa de botequim (1935) e muitas outras, em que apareceu como letrista.

Para me Livrar do Mal

Quem Não Quer Sou Eu

Feitio de Oração

Feitiço da Vila

Conversa de botequim

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O ano de 1933 é dos mais fecundos da vida do compositor, registrando mais de 30 músicas gravadas. Além dos sucessos carnavalescos Até amanhã, Fita amarela e Vai haver barulho no chatô (com Valfrido Silva), outras produções importantes desse ano foram os sambas Onde está a honestidade?, O orvalho vem caindo (com Kid Pepe), Três apitos e Positivismo (com Orestes Barbosa). No mesmo ano teve início a polêmica com Wilson Batista, em torno da qual seriam produzidos diversos sambas famosos: Lenço no pescoço (Wilson Batista) fazia a apologia do sambista malandro, imagem que contestou com Rapaz folgado; Wilson Batista retrucou com Mocinho da Vila, encerrando a primeira fase da polêmica, que continuou depois de algum tempo com novos sambas de parte a parte.

Fita Amarela – Francisco Alves e Mario Reis

Onde Está a Honestidade?

Três Apitos

O Orvalho vem Caindo

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Em 1934 excursionou com Benedito Lacerda, Russo do Pandeiro, Canhoto e outros componentes do grupo Gente do Morro. De volta ao Rio de Janeiro, em junho de 1934 conheceu num cabaré da Lapa a dançarina Ceci (Juraci Correia de Araújo), de 16 anos (foto ao lado), a grande paixão de sua vida e a inspiradora de muitos sambas: Pra que mentir (com Vadico), O maior castigo, Só pode ser você (com Vadico), Quantos beijos (com Vadico), Quem ri melhor, Cem mil réis (com Vadico) e Dama do cabaré e Último desejo. Ainda em 1934 a marcha Linda pequena (com João de Barro) foi gravada por João Petra de Barros; a música, com a letra ligeiramente alterada por João de Barro, foi gravada depois por Sílvio Caldas com o nome de Pastorinhas, vencendo o concurso carnavalesco de 1938, promovido pela prefeitura do então Distrito Federal.

Apesar da notória paixão por Ceci, casou com Lindaura, em 1934. Essa união não alterou em nada sua vida boêmia e as noitadas na Lapa, que acabaram por comprometer sua saúde. Em janeiro de 1935, com lesão nos dois pulmões, foi obrigado a se retirar do Rio de Janeiro para tratamento, indo para Belo Horizonte MG, onde continuou a boêmia, freqüentando bares e o meio artístico da cidade, e apresentou-se na Rádio Mineira. Com a morte do pai no mesmo ano, voltou para o Rio de Janeiro.

Positivismo

Pra que Mentir

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Prosseguia a polêmica com Wilson Batista, que lançou Conversa fiada, respondendo ao seu Feitiço da Vila (com Vadico), de 1934; contra-atacou com Palpite infeliz (1935), mas não respondeu a dois outros sambas, Frankenstein da Vila e Terra de cego.Da produção de 1935 destacam-se ainda os sambas João Ninguém, Cansei de implorar (com Arnold Glückmann), Conversa de botequim (com Vadico) e a marcha Pierrô apaixonado (com Heitor dos Prazeres). Em 1936 produziu uma única composição, o samba Você vai se quiser, que gravou em dupla com Marília Batista, e que foi um de seus grandes êxitos naquele ano, ao lado de O 'x' do problema, gravado por Araci de Almeida e incluído na revista Rio follie (Jardel Jércolis, Geysa Boscoli e J. Otaviano) e De babado (com João Mina), gravado por Marília Batista. Ainda em 1936, Não resta a menor dúvida (com Hervé Cordovil) e Pierrô apaixonado foram incluídas na trilha sonora do filme Alô, alô, Carnaval, de Ademar Gonzaga.

Só Pode Ser Você

Cem Mil Reis

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Em fevereiro de 1937, viajou para Nova Friburgo RJ. Apesar da doença, apresentou-se no cinema local e freqüentava os bares da cidade. De volta ao Rio de Janeiro em março, compôs Último desejo (gravado por Araci de Almeida), e logo em seguida o samba Eu sei sofrer, sua última composição, gravada por Araci de Almeida e Benedito Lacerda exatamente no dia de sua morte.

Em abril viajou novamente, para Barra do Piraí RJ, mas voltou às pressas, em estado muito grave. A 4 de maio morreu em Vila Isabel, aos 26 anos, deixando 230 composições (mais as que vendeu).

Dama do Cabaré

Último Desejo

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Eu sei sofrer (samba, 1937) - Noel Rosa

Quem é que já sofreu mais do que eu ?Quem é que já me viu chorar ?Sofrer foi o prazer que Deus me deuEu sei sofrer sem reclamarQuem sofreu mais do que euNão nasceuCom certeza Deus já me esqueceuMesmo assim, não cansei de viverE na dor eu encontro prazerSaber sofrer é uma arteE pondo a modéstia de parteEu posso dizerQue sei sofrer

Quanta gente que nunca sofreuSem sentir, muitos prantos verteuJá fui amadoEnganadoSenti quando fui desprezadoNinguém padeceu mais do que eu