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INFLUÊNCIA DO TRATAMENTO TÉRMICO NAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DO AÇO ALTA RESISTÊNCIA BAIXA LIGA COM 1%CROMO-0,2%MOLIBDÊNIO SOLDADO POR HFIW. De Oliveira, M.A. 1 , De Lima, M.V. 2 , Payão Filho, J.C., 1 [email protected], bolsista da CAPES; 2 [email protected], bolsista de IC do CNPQ. *Laboratório de Soldagem, PEMM-COPPE-UFRJ, CP 68505, 21941-972, Rio de Janeiro, RJ Resumo O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de diferentes ciclos de têmpera e revenido nas propriedades mecânicas do aço alta resistência baixa liga 1%Cr e 0,2%Mo, utilizado na fabricação de tubos soldados pelo processo de alta frequência (HFIW). Foram analisadas amostras temperadas em água após serem austenitizadas a 890°C e a 1000°C, e revenidas entre 300°C a 700°C. A microestrutura foi analisada com microscopia ótica e eletrônica de varredura (MEV); as propriedades mecânicas, por ensaios de tração, dureza e Charpy V. Palavras-chave: Aço ARBL, Microestrutura, Tenacidade. Introdução Tubos com adições de 1%Cr e 0,2%Mo podem ser usados conferindo melhores propriedades após têmpera e revenido. Este trabalho foi desenvolvido com o intuito de se determinar as melhores condições de tratamento térmico para um tubo experimental de aço com 0,22%C ligado ao Cr e Mo, de forma a alcançar microestrutura e propriedades mecânicas suficientes para atendimento aos graus P110, L80 e C110 da norma API 5CT [1]. Materiais e métodos A tabela 1 apresenta a composição química do aço estudado. Tabela 1 - Composição Química COM POSIÇÃO QUÍM ICA C Mn Mo Cr P S Si 0,22 0,51 0,196 0,987 0,015 0,0033 0,201 Para realização do ensaio de tenacidade e tração foram utilizados corpos de prova conforme ASTM A370 [2], retirados na posição longitudinal do tubo. Os corpos de prova de tenacidade ao impacto Charpy V foram do tipo reduzidos (“sub size”), com 3,3 mm, ensaiados a 0°C. Foram utilizados corpos de prova de Painel PEMM 2013 – 04 e 05 de novembro de 2013

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Page 1: painelpemm.metalmat.ufrj.brpainelpemm.metalmat.ufrj.br/.../2013/SE/SE-ME-6589.docx · Web viewA norma API 5CT solicita que tubos do tipo C110 tenham um tamanho de grão da austenita

INFLUÊNCIA DO TRATAMENTO TÉRMICO NAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DO AÇO ALTA RESISTÊNCIA BAIXA LIGA COM 1%CROMO-0,2%MOLIBDÊNIO SOLDADO POR HFIW.

De Oliveira, M.A.1, De Lima, M.V.2, Payão Filho, J.C., [email protected], bolsista da CAPES; [email protected], bolsista de IC do CNPQ.

*Laboratório de Soldagem, PEMM-COPPE-UFRJ, CP 68505, 21941-972, Rio de Janeiro, RJ

ResumoO objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de diferentes ciclos de têmpera e revenido nas propriedades mecânicas do aço alta resistência baixa liga 1%Cr e 0,2%Mo, utilizado na fabricação de tubos soldados pelo processo de alta frequência (HFIW). Foram analisadas amostras temperadas em água após serem austenitizadas a 890°C e a 1000°C, e revenidas entre 300°C a 700°C. A microestrutura foi analisada com microscopia ótica e eletrônica de varredura (MEV); as propriedades mecânicas, por ensaios de tração, dureza e Charpy V.

Palavras-chave: Aço ARBL, Microestrutura, Tenacidade.

IntroduçãoTubos com adições de 1%Cr e 0,2%Mo podem ser usados conferindo melhores propriedades após têmpera e revenido. Este trabalho foi desenvolvido com o intuito de se determinar as melhores condições de tratamento térmico para um tubo experimental de aço com 0,22%C ligado ao Cr e Mo, de forma a alcançar microestrutura e propriedades mecânicas suficientes para atendimento aos graus P110, L80 e C110 da norma API 5CT [1].

Materiais e métodosA tabela 1 apresenta a composição química do aço estudado.

Tabela 1 - Composição Química

COMPOSIÇÃO QUÍMICA C Mn Mo Cr P S Si

0,22 0,51 0,196 0,987 0,015 0,0033 0,201

Para realização do ensaio de tenacidade e tração foram utilizados corpos de prova conforme ASTM A370 [2], retirados na posição longitudinal do tubo. Os corpos de prova de tenacidade ao impacto Charpy V foram do tipo reduzidos (“sub size”), com 3,3 mm, ensaiados a 0°C. Foram utilizados corpos de prova de tração de seção retangular. Os ensaios de dureza Rockwell foram realizados de acordo com a norma ISO 6508 [3]. O tamanho médio do grão da austenita prévia foi determinado conforme orienta a norma ASTM E112 [4] por contagem de interceptos,

utilizando micrografias com aumento de 500X revelado utilizando o reagente preparado com 4 gramas de ácido pícrico, 4 gramas de cloreto férrico e 200 ml de água destilada.

Resultados e discussãoA Composição química para os graus P110 e L80(1) estão de acordo com a solicitada por norma, entretanto, para o grau C110, o teor de Mo do aço investigado (0,196%), encontra-se abaixo da faixa especificada (0,25 a 1,00%).

A norma API 5CT solicita que tubos do tipo C110 tenham um tamanho de grão da austenita prévia ASTM 5 ou mais fino. Para os graus L80 e P110 não há exigências quanto ao tamanho de grão. Nas figuras 1 e 2 são apresentadas as micrografias do tamanho de grão austenítico prévio do aço produzido com têmpera a partir de 890°C com tamanho de grão ASTM 7,3 e 1000°C com tamanho de grão ASTM 4,6, respectivamente.

Figura 1 e 2 - Austenita prévia, amostras temperada a

890°C e 1000°C.

As figuras 3 e 4 mostram que a têmpera a partir de 1000°C produz uma microestrutura de ripas de

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martensita significativamente mais grosseiras do que a têmpera a partir de 890°C, um reflexo da diferença de tamanhos de grão austeníticos.

Figura 3 e 4 – Microscopia ótica, amostras temperadas a 890°C e 1000°C. Aumento de 500X.

A comparação das micrografias das amostras temperadas e revenidas permite observar a formação de pequenos precipitados, que se tornam visivelmente mais grosseiros na amostra revenida a 700°C.

Figura 5 e 6 – Microscopia eletrônica de varredura, amostra temperada a 890°C e revenida a 300°C e

700°C, respectivamente.

O ensaio de tração, mostra que apesar da diferença significativa de tamanho de grão austenítico e das ripas de martensita, as propriedades em tração foram similares, entre o grupo de amostras austentizadas a 890°C e 1000°C, conforme figura 7 e 8. A tabela 2 mostra resumidamente os requisitos da norma API 5CT [1].

Figura 7 e 8 – Limite de Escoamento e Limite de Resistência x Temperatura de revenimento.

Tabela 2 - Requisitos de tração e dureza para os aços L80, C110 e P110 da norma API 5L

As figuras 9 e 10 mostram a fractografia das amostras de Charpy, que permitem observar uma fratura com aspecto completamente dúctil.

Figura 9 e 10 – Fractografia amostra temperada a 890°C e revenida a 300°C e 700°C. Magnificação de 1000X.

ConclusõesO material temperado a partir de 1000°C, não atende ao requisito de tamanho de grão da austenita previa para o grau C110 da norma API 5CT.

O aço investigado não apresentou fragilidade do revenido, visto que sua tenacidade aumentou continuamente com o revenido no intervalo entre 300 e 700oC. A superfície de fratura adquire aspecto completamente dúctil com os revenidos a 300oC e 700oC.

A adequação das propriedades mecânicas ao grau API 5CT L80 não podem ser alcançada pelos tratamentos térmicos realizados, visto que o limite de escoamento esteve sempre acima do máximo permitido (655 MPa).

A adequação das propriedades mecânicas ao grau API 5CT C110 são atingidas através do revenido a

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600oC. Deve-se lembrar, que o grau C110 tem requisitos relacionados ao ensaio de corrosão sob tensão segundo a norma NACE 0177, que não foram abordados neste trabalho.

A adequação das propriedades mecânicas ao grau API 5CT P110 podem ser alcançadas mediante o revenido a 600oC, salientando-se que este grau não tem requisito de ensaio de corrosão sob tensão.

Referências[1] ISO, ISO FDIS 11960.2 - APICT, Petroleum and natural gas industries — Steel pipes for use as casing or tubing for wells, Ed43. [2] ASTM, ASTM A370, Standard Test Method and Definitions for Mechanical Testing of Steel Products, 2011.[3] ISO, ISO 6508-1, Metallic materials, Rockwell hardness test, 2005.[4] KRAUSS, G. Steels: Heat Treatment and Processing Principals, ASM International, pp.497, 1990.

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